COMPORTAMENTO MOTOR EM CRIANÇAS NA FAIXA ETÁRIA
DE 04 ANOS DE IDADE.
Erika Pereira Machado*
Nelci Adriana C. F. Rocha (co)**
Eloísa Tudella (o)***
RESUMO
O objetivo da pesquisa foi verificar as coordenações motoras e o equilíbrio de crianças de 04
anos de idade. O estudo desenvolveu-se a partir da observação de cinco crianças do sexo
masculino e cinco do sexo feminino com idade média de 52,5 meses (±2,06), consideradas
saudáveis. Foram recrutadas e avaliadas na Escola “Escadinha do Futuro” (Rio Verde-GO), após
o consentimento dos pais. A avaliação foi realizada uma única vez, utilizando-se o Protocolo de
Avaliação das Coordenações e Equilíbrio, baseado na Bateria Psicomotora (BPM) de Vitor da
Fonseca (1975); dividida em 03 etapas: 1) Roteiro de Anamnese, com informações referentes aos
dados pessoais da criança e pais; história e intercorrências pré, peri e pós-natal. 2) 06 tarefas de
Coordenação Motora Grossa e 04 de Motora Fina, quantificadas em tempo; a Óculo Manual e
Óculo Pedal com 01 tarefa, quantificada em número de acertos de cada hemilado. 3) 04 tarefas de
Equilíbrio Estático e 01 de Equilíbrio Dinâmico, quantificadas em tempo. Aplicando-se o teste
“t”, constatou-se diferença estatisticamente significativa (p<0,05) nas Coordenações motora
grossa, fina e óculo manual e Equilíbrio dinâmico, em que o sexo feminino apresentou maiores
habilidades de manuseio e manipulação. Com referência à Coordenação óculo pedal e Equilíbrio
estático constatou-se diferença estatisticamente significativa (p<0,05), entretanto, o sexo
masculino apresentou maiores pontuações. Pode-se concluir que aos 04 anos de idade, crianças
do sexo feminino apresentam melhor desempenho nas Coordenações, exceto na óculo pedal e no
Equilíbrio dinâmico. Tais resultados podem ser atribuídos às influências ambientais determinadas
pelas atividades de vida diária.
Palavras-Chave: Comportamento Motor aos 04 anos, Coordenação Motora, Equilíbrio.
__________________________________________________________
*Fisioterapeuta, mestre em Ciências da Saúde (UnB/DF), especialista em Psicomotricidade
(FUNEC-FISA/SP) e Metodologia e Didática do Ensino Superior (FAR/GO).**Fisioterapeuta
(FUNEC-FISA/SP), mestre em Fisioterapia (UFSCar/SP) e doutora em Fisioterapia
(UFSCar/SP).***Fisioterapeuta (UFSCar/SP), doutora em Educação Especial (UFSCar/SP).
ABSTRACT: This study verified motor control and balance of 04 years old children. Five male
and five female children with in the mean age of 52,5 months (±2,06), considered healthy were
studied. It were called and evaluated at “Escadinha do Futuro” school (Rio Verde-GO), after the
parents’ agreement. The evaluation was performed only once, using the Controls and Balances
Evaluation Protocol, based on Vitor da Fonseca (1975) Psicomotor Battery (BPM); divided in 3
stages: 1) Anamnese guide, with information about children and parents’ personal date, history
and interoccurrences before, inter and after birth; 2) 06 activities to gross motor control and 04
activities to light motor control, with were counted to time; the manual optic and pedal optic with
01 activities with were counted to numbers of the right ones to the body’s half. 3) 04 activities on
static balance and 01 activity on dynamic balance, which were counted to time. Appling test “t”,
it was found difference statistician significant (p<0,05) that on Gross Motor Controls, Light and
Manual Optic and Dynamic Balance the sex female are cliver and have higher abilteis of
management and handling. Regarding Pedal Optic Control and Static Balance it was found
difference statistician significant (p<0,05) the sex male was presented higher punctuation. Of 04
years old children the female sex found better performance at controls, except at Pedal Optic and
Dynamic Balance. Such results can be attributed the influences adapt determines at day by day
activities.
Key-Words: Motor behavior 04 years, Motor Control, Balance.
1 INTRODUÇÃO
O Sistema Psicomotor Humano baseia-se em estruturas simétricas do sistema nervoso,
compreendendo o tronco cerebral, o cerebelo, o mesencéfalo e o diencéfalo, que constituem a
integração e a organização, fundamentando na tonicidade, equilíbrio e lateralidade; e também
estruturas assimétricas, compreendendo os dois hemisférios cerebrais, assegurando a noção do
corpo, espaço-temporal e da praxia fina e global.
Fonseca (1992) considera-se que há zonas no cérebro que participaram do movimento
voluntário. Zona pós-central, ocupa do feedback sensorial
tátil - quinestésico precedente dos
músculos. Zona parieto-occipital, orientação espacial do movimento. Zona pré-motora,
seqüencialização do comportamento motor. Zona frontal, programação dos movimentos.
O Sistema Psicomotor Humano é um sistema aberto, composto de um conjunto de
fatores psicomotores com propriedades e atributos que se inter-relacionam com o meio
envolvente para formar um todo único - perfil psicomotor intra-individual; portanto, a privação
sensorial no ser humano pode levar a regressões no comportamento e a alucinações de várias
ordens (FONSECA, 1992).
Sem integração sensorial, a ativação tônica cortical não é observada e o cérebro ficará
naturalmente coibido de realizar funções psicológicas superiores.
As sensações advindas do mundo envolvente são energias que estimulam ou ativam as
células nervosas, iniciando os processos neurológicos básicos, ou seja, o cérebro organiza fontes
de informação sensorial num todo integral, que reflete a própria experiência (BRANDÃO, 1984).
A adaptação e a superação de situações inesperadas requerem uma grande mobilidade
energética, que está intrincada na elaboração de respostas adaptativas, que para serem
desenvolvidas, necessitam do suporte da modulação tônica, atividade mental e atividade corporal.
A preparação da ação ou de qualquer resposta adaptativa exige a mobilização de uma
tensão ideal, quer ao nível da atividade neurológica mental e igualmente ao nível da atividade
motora ou postural. A construção dos movimentos exige uma preparação de componentes
pósturo-motores e tônico-posturais que devem ser incorporados a programas de ação. A
coordenação de movimentos é uma organização de ações motoras em função de um objetivo
antecipado, o que pressupõe uma inter-relação consciência-ação.
O cérebro como um sistema funcional complexo é um conjunto dialético de outras
complexidades, é uma complexidade que resulta de outras complexidades, como funções
englobantes interagindo não como centros isolados ou limitados, mas como uma “assembléia de
centros” coordenados em função de necessidades e intenções auto-reguladoras (KANDEL, 1997).
A recepção da informação, que é parte de músculos, fusos musculares, tendões e
articulações, recebida no cérebro, depois de ser subprocessada no cerebelo, e que atinge as zonas
parietais, é crucial à planificação do movimento. Caso essas zonas estejam lesadas, se verifica
perda da sensibilidade da noção e posição do corpo (somatognosia), como também alteram os
fatores de precisão e perfeição do movimento.
Portanto, para que haja movimentos voluntários e conscientizados, ainda é necessária a
cooperação do córtex pré-motor, que está conectado com as estruturas subcorticais, que é capaz
de fornecer a ligação de um movimento a outro, assegurando um plano sucessivo de movimentos
que se integram num padrão motor. Com disfunções ou lesões é difícil obter uma coordenação de
movimentos, surgindo fragmentos motores isolados e desintegrados.
A seqüencialização do movimento é subordinada a um programa correspondente, que
regula a ordem dos atos motores, impedindo a intrusão de outros atos. A formulação e o
armazenamento do programa e sua intrínseca ligação com os efeitos são funções do córtex
frontal. Sua lesão altera as intenções e os planos de auto-regulação, surgindo ações acidentais e
movimentos sem significação psicológica (LEVIN, 1995).
Em função dessa perspectiva, analisa-se a estruturação dos processos psicomotores, a
partir de seus fatores e composição interna dos processos psicomotores na criança; recorrendo
para o efeito, a uma Bateria Psicomotora (BPM) de Vitor da Fonseca, 1976 e 1981; resultante de
uma experiencialização psicopedagógica e clínica, composta por sete fatores psicomotores.
Segundo Fonseca (1992), a partir dela procura-se captar a personalidade psicomotora da
criança, tentando atingir uma compreensão aproximada do modo como trabalha o cérebro e os
mecanismos que constituem a base dos processos mentais da psicomotricidade. Em todos os
fatores e subfatores, o nível de realização das tarefas na BPM é medido da seguinte forma:
a) Cotação 1 ponto ( apraxia ): ausência
incompleta,
inadequada e
descoordenada
de
resposta,
realização imperfeita,
( muito fraco e fraco; disfunções
evidentes
e
óbvias, objetivando dificuldades de aprendizagem significativas );
b)Cotação 2 pontos ( dispraxia ): realização fraca com dificuldade de controle
sinaisdesviantes
( fraco, insatisfatório;
disfunções
e
ligeiras , objetivando dificuldades de
aprendizagem);
c)Cotação 3 pontos ( eupraxia ): realização completa
adequada e controlada ( bom;
disfunções indiscerníveis, não objetivando dificuldade de aprendizagem );
d)Cotação 4 pontos
facilidade de
( hiperpraxia ): realização perfeita, precisa, econômica e com
controle ( excelente, ótimo;
objetivando facilidades de aprendizagem ).
Cada subfator é conseqüentemente cotado, sendo assim cotada a média arredondada e
posteriormente transferida para o perfil psicomotor. A qualidade do perfil psicomotor da criança
está associada ao seu potencial de aprendizagem, quer em termos de integridade ou dificuldade.
A BPM não é um teste no sentido tradicional, é uma bateria de observação que permite
observar componentes do comportamento psicomotor da criança de uma forma estruturada e não
estereotipada.
As tarefas dão oportunidade suficiente para identificar o grau de maturidade
psicomotora da criança e detectar sinais desviantes. Podem-se observar as estruturas tônicomusculares das articulações proximais e distais, o controle vestibular e proprioceptivo postural, a
segurança gravitacional, o domínio do equilíbrio estático e dinâmico, a dominância manual e
telerreceptiva, a somatognosia e o grau de organização tátil-quinestésica do corpo, a orientação e
a organização espacial, a recepção e a memorização do ritmo, a dissociação, a planificação e a
seqüencialização dos movimentos e a proficiência da motricidade fina.
A BPM dá oportunidade para observar as desordens da atenção, as aquisições de
processamento da informação visual e auditiva, a competência lingüística, a orientação espacial e
temporal, a estrutura cognitiva da criança e o comportamento emocional; é útil para identificação
e ratificação de dificuldades de aprendizagem e psicomotricidade; mas não identifica ou
classifica um déficit neurológico ou mesmo diagnostica uma disfunção ou lesão cerebral.
Portanto, o principal objetivo é verificar o comportamento motor de crianças na faixa
etária de 4 anos de idade e comparar os resultados, entre os sexos masculino e feminino.
2 CASUÍSTICA E MÉTODOS
Participaram do estudo 10 crianças consideradas saudáveis, cursando o Jardim de Infância
II, sendo 50% do sexo masculino e 50% do sexo feminino, com idade mínima de 50 meses e
máxima de 55 meses (média=52,5; DP=2,06). Podem-se observar as características dos sujeitos
avaliados na Tabela 1.
_______________________
INSERIR TABELA 1
------------------------------------
Critérios de Inclusão: as crianças deveriam ser saudáveis, nascidas a termo (38 a 40
semanas gestacionais), com peso superior a 2,500g ao nascimento, não apresentar alterações
neurológicas, sensoriais e síndromes, sem história de complicações durante gestação e parto, e os
pais (ou responsável) assinarem o termo de consentimento.
Critérios de Exclusão: foram excluídas do estudo crianças que apresentassem déficit de
atenção e/ou hiperatividade, alterações sensoriais (visual, auditivo, gustativo, olfativo, tátil),
problemas ortopédicos (pé torto congênito, eqüinovaro, deformidade da coluna vertebral, luxação
congênita de quadril), alterações neurológicas (tremores, distonias, distrofia muscular), síndromes
(Down e West) e as que os pais não dessem o consentimento por escrito.
O Termo de Consentimento foi entregue para que os pais assinassem a autorização da
participação de seus filhos no estudo; e um Protocolo de Avaliação das Coordenações e
Equilíbrio foi elaborado contendo inicialmente um roteiro de Anamnese com a história
gestacional, do parto e do desenvolvimento; e seqüencialmente a folha de registro das tarefas,
sendo estas, baseadas na Bateria Psicomotora (BPM) de Vitor da Fonseca (1992).
Para o desenvolvimento do estudo, as tarefas foram realizadas no pátio recreativo da
Escola “Escadinha do Futuro” (Rio Verde-GO). Como equipamentos foram utilizados:
cronômetro (Sport Timer) para quantificar o tempo de cada tarefa; balança (Tech Line 28x26cm) para verificar peso; fita métrica simples com 150cm para verificar comprimento;
máquina fotográfica (Kodak modelo Star 735 ) para registro das tarefas.
Como materiais foram utilizados: faixa de papel cartão cor laranja (03 metros de
comprimento x 08cm de largura); fita adesiva simples para demarcar no chão uma circunferência
de 55cm de diâmetro; colchonete D26 (01 metro de comprimento x 80cm de largura); 05
miçangas tamanho médio nas cores amarelo, vermelho, azul, verde e laranja; fio de naylon de
espessura grossa (30cm); boneca de tecido; camisa tamanho infantil com 02 botões tamanho
médio; suporte de encaixes (55,5x17cm) com 10 pinos, contendo 04 modelos de formas
geométricas: 04 pinos para encaixar o quadrado (14x14cm), 03 pinos para encaixar o triângulo
(14x14x14cm), 02 pinos para encaixar o retângulo (14x07cm) e 01 pino para encaixar o círculo
(14cm de diâmetro), em 04 cores (azul, vermelho, amarelo e verde); 05 prendedores de madeira
tamanho normal; suporte de madeira modelo varal (30,5x 42cm) com 05 fios cromados de
alumínio (28cm), sendo uma distância de 07cm entre cada um; bola de tênis cor amarela
(Wilson nº04); placa de compensado com formato de palhaço (59,5x40,5cm); bola de borracha
tamanho médio; gol de metal (59x34x32cm) cor preta com tela entrelaçada de linha cor
vermelha ; barra de madeira clara (03metros x 05cm de altura x 08cm de largura).
Após a análise e aprovação do Comitê de Ética, deu-se início ao presente estudo.
Primeiramente a direção da Escola “Escadinha do Futuro” foi contactada e esclarecida sobre o
estudo; com aprovação, a própria escola responsabilizou-se pela seleção dos sujeitos, segundo os
critérios estabelecidos. Foram, então, selecionadas 12 crianças do sexo feminino e 10 do sexo
masculino, dentre estas, a partir de um sorteio aleatório, foram selecionadas apenas 05 crianças
de ambos os sexos. Realizada a seleção, os pais foram solicitados para uma reunião e informados
da natureza e objetivo do estudo. Caso concordassem assinavam o Termo de Consentimento. A
pesquisa foi realizada na própria escola, nos fins de semana, em horário adequado para os pais e
crianças. Na data determinada, as mães foram entrevistadas, com intuito de se coletarem dados
gestacionais e do desenvolvimento da criança. A seguir foram realizadas as tarefas de
Coordenação Motora Grossa, Motora Fina, Óculo Manual, Óculo Pedal, e o Equilíbrio Estático e
Dinâmico.
Cada criança foi avaliada uma única vez. O tempo para a aplicação das tarefas foi de
aproximadamente 30 minutos. Após a execução das tarefas os pais recebiam um relatório sobre a
performance da criança e, caso necessário, orientações.
3 RESULTADOS
Para a análise dos dados, objetivando verificar o comportamento motor de crianças na
faixa etária de 04 anos de idade, a partir dos grupos – masculino e feminino. Foi utilizado o
Programa Statistic versão 5.0 e teste “t” (Student), através da comparação de médias, pois as
variáveis são quantitativas e os grupos são independentes, e apresentados através de gráficos.
Conforme proposto no objetivo deste estudo, pretendeu-se verificar o comportamento
motor de crianças na faixa etária de 04 anos de idade. Para assim proceder, fazia-se também
importante mostrar que os sujeitos dos dois grupos em estudo – masculino e feminino – eram
semelhantes em relação aos critérios estabelecidos no início do trabalho (peso superior a 2,500g
ao nascimento e ausência de problemas neurológicos e sensoriais), como também a outros fatores
(idade mínima de 50 meses e máxima de 55 meses, nascidos a termo, sem história de
complicações gestacionais e parto). Os dados obtidos, em relação às tarefas, foram tratados
estatisticamente, buscando-se verificar se, efetivamente, as diferenças encontradas poderiam, ou
não, ser atribuídas à condição experimental.
Os resultados obtidos estão representados nas Figuras 1 a 6, através de gráficos. Para que
se pudesse optar pelo uso da análise paramétrica, foi verificado se as variáveis TMLR (Tempo de
Marcha na Linha Reta), TSPJ (Tempo de Saltos com Pés Juntos), TSPD (Tempo de Saltos com
Pé Direito), TSPE (Tempo de Saltos com Pé Esquerdo), TMRL (Tempo de Marcha de Ré na
Linha) e TCT (Tempo Cambalhota) tinham distribuição igual ou diferente para os grupos –
feminino e masculino; através do teste “t”. Foi verificado que houve distribuição diferente das
variáveis para os grupos – feminino e masculino, em nível estatístico, conforme mostra a Figura
1. Os resultados indicam que os dois grupos – feminino e masculino – podem ser considerados
diferentes no que diz respeito as variáveis TMLR, TSPJ, TSPD, TSPE, TMRL e TCT,
sobressaindo o sexo feminino nas variáveis de Coordenação Motora Grossa (CMG).
_______________________
INSERIR FIGURA 1
-----------------------------------Em relação à Coordenação Motora Fina (CMF) os dois grupos – feminino e masculino,
mostraram diferenças nas variáveis analisadas, TMFN (Tempo de Miçangas no Fio de Naylon),
TBC (Tempo de Botões na Camisa), TJE (Tempo de Jogo de Encaixes) e TVP (Tempo de Varal
de Prendedores).
O sexo feminino sobressaiu-se em relação ao masculino, contudo, constatou-se diferença
significante apenas na variável TVP, em que se destacou o sexo masculino, conforme Figura 2.
Tal diferença não é estatisticamente significante ao comparar os sexos, permanecendo o sexo
feminino em destaque na Coordenação Motora Fina.
_______________________
INSERIR FIGURA 2
-----------------------------------Ao analisar a Coordenação Óculo Manual (COM) dos grupos – feminino e masculino na
variável AMD (Arremesso com Mão Direita) constatou-se diferença estatística pelo teste “t”,
com destaque do sexo feminino. Na variável AME (Arremesso com Mão Esquerda) não houve
diferença estatística nos dados, conforme mostra a Figura 3.
_______________________
INSERIR FIGURA 3
-----------------------------------No entanto, na Coordenação Óculo Pedal (COP), em ambas as variáveis GPD (Gol com
Pé Direito) e GPE (Gol com Pé Esquerdo), o sexo masculino sobressaiu, ao analisar
estatisticamente as variáveis pelo teste “t”, conforme mostra Figura 4.
_______________________
INSERIR FIGURA 4
-----------------------------------Em relação ao Equilíbrio Estático (EE), as amostras demonstram que nas variáveis
TPCD (Tempo Parado dentro do Círculo com pé Direito), TPCE (Tempo Parado dentro do
Círculo com pé Esquerdo), TPL (Tempo Parado sobre a Linha) e TPP (Tempo Ponta do Pé) foi
encontrada diferença estatisticamente significante entre os grupos ao comparar os sexos,
permanecendo o sexo masculino em destaque em todas as variáveis, conforme Figura 5.
_______________________
INSERIR FIGURA 5
-----------------------------------No Equilíbrio Dinâmico (ED), com apenas uma variável, TMB (Tempo de Marcha sobre
a Barra), foi verificado que houve diferença estatística pelo teste “t” entre os grupos – feminino e
masculino permanecendo em destaque o sexo feminino em relação ao sexo masculino, como
mostra Figura 6.
_______________________
INSERIR FIGURA 6
-----------------------------------4 DISCUSSÃO
O propósito deste estudo foi verificar o comportamento motor de crianças na faixa etária
de 04 anos de idade. Especificamente objetivou-se comparar os sexos masculino e feminino nas
Coordenações Motoras e Equilíbrio na faixa etária de 04 anos de idade.
Com base nos resultados estatísticos constatou-se que o comportamento motor é
diferenciado em ambos os sexos – masculino e feminino, no decorrer dos 04 anos de idade.
Segundo o teste “t”, com a comparação de médias, verificou-se que as variáveis analisadas são
quantitativas, mas não dependem dos grupos etários, ambos os grupos podem ser interpretados
separadamente. Esses achados suportam a hipótese de que a organização do comportamento
motor da criança pode refletir a capacidade inata da criança de regular o despertar, onde o estado
comportamental é que determina o tônus muscular, o movimento espontâneo e a resposta a
estímulos. Assim, crianças pouco estimuladas demonstram incapacidades de interagir, e
hiperestimuladas mostram sinais de instabilidade autônoma. Portanto, a necessidade de equilibrar
a responsabilidade ao mundo externo contra a instabilidade interna é o principal desafio do
comportamento da criança. Tal hipótese está baseada nos estudos de VELASCO (1997). A
diferenciação de tempos de execução das variáveis pode ser causada pela mudança de postura e
movimento, cujo resultado é considerado notável; uma vez que o comportamento motor na idade
de 04 anos é mais efetivo por existir um maior domínio motor, adquirido à custa da co-contração
tônica dos músculos da profundidade e ação de suporte, em que os fusos neuromusculares atuam
tonicamente como mecanismos de feedback sensorial em comunicação com o Sistema Nervoso
Central (FONSECA,1992).
De acordo com a visão do desenvolvimento e organização psicomotora, enfocada por
vários autores, observa-se que sua resultante é a integração de dados proprioceptivos e
exteroceptivos. Assim constatou-se que nas tarefas de Coordenação Motora Grossa (CMG),
aumenta significantemente o desempenho no grupo etário do sexo feminino, fato que se faz
importante, devendo ressaltar que, conseqüentemente, o grupo etário apresenta maiores recepções
de informações sensoriais, táteis, quinestésicas, vestibulares e visuais; havendo uma maior
integridade proprioceptiva, conferindo ao grupo melhores condições de estabilidade postural. Tal
hipótese refere-se aos estudos propostos por FONSECA (1992); ECKERT (1993).
Ao ser analisada a Coordenação Motora Fina (CMF), comprovaram-se variáveis
consideráveis na execução das tarefas, destacando o sexo feminino; no entanto, apenas na tarefa 4
(VP) constatou-se diferença significante para o sexo masculino. Tal resultante pode ser devido à
informação proprioceptiva, conforme FONSECA (1992). Os achados estudados corroboram as
teses de BRANDÃO (1984), ao afirmar que os sistemas de movimentos adquiridos são
resultantes das coordenações reflexas elevadas a um nível superior de integração. Para Brandão,
estes sistemas de movimentos são movimentos coordenados em função de um resultado.
Comparando os dados das Figuras 3 e 4, verifica-se que o destaque significativo na Coordenação
Óculo Manual (COM) ocorreu no grupo etário do sexo feminino, enquanto o destaque
significativo na Coordenação Óculo Pedal (COP) ocorreu no grupo etário do sexo masculino.
Tais constatações indicam que o sexo feminino possui melhores capacidades de coordenar
movimentos manuais com referências perceptivo-visuais, avaliação da distância e precisão de
lançamentos com efetiva dinâmica de planejamento motor. No entanto, o sexo masculino
apresenta melhores capacidades de coordenar movimentos pedais com referências perceptivovisuais. Tais comprovações envolvem explicações de FONSECA (1992).
Com base nos resultados estatísticos, ao serem comparadas as Figuras 5 e 6, é possível
verificar que, no Equilíbrio Estático (EE), o grupo etário masculino se destacou, enquanto no
Equilíbrio Dinâmico (ED) se destacou o grupo etário feminino. Tal diferenciação constata
experimentalmente que o sexo masculino possui maior domínio de capacidades de imobilidade, e
já o sexo feminino demonstra melhor orientação controlada do corpo em situações de
deslocamento no espaço. Esses achados sustentam a hipótese de que atingir segurança
gravitacional é sinônimo de desenvolvimento da atenção seletiva e de manutenção da função
primordial do cérebro, em que os exteroceptores se abrem ao mundo envolvente, a fim de
organizar as funções psíquicas superiores, corroborando as afirmações de FONSECA (1992).
Dessa forma, o presente estudo confirma que, para um harmônico desempenho e
desenvolvimento da criança, surge a necessidade principal de uma constante estabilidade
postural, e conseqüentemente ocorrerá melhor eficiência motora, cognitiva, intelectual e mental.
5 CONCLUSÃO
Conclui-se com este estudo que o sexo feminino obteve maior aproveitamento entre os
diferentes testes aplicados: MLR, SPJ, SPD, SPE, MRL, CT; MFN, BC, JE; AMD, AME; TMB,
em relação ao sexo masculino: VP; GPD, GPE; PCD, PCE, PL, PP.Tais resultados podem ser
influenciados por estímulos ou restrições ambientais quanto às Atividades de Vida Diária (AVD).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRANDÃO, Juércio Samarão. Desenvolvimento Psicomotor da Mão. Rio de Janeiro:
Enelivros, 1984. 453p.
ECKERT, Helen M. Desenvolvimento Motor. 3ed. São Paulo: Manole, 1993. 490p.
FONSECA, Vitor da. Manual de Observação Psicomotora. Porto Alegre: Artes Médicas,
1992. 371p.
KANDEL, Eric R. et al. Fundamentos da Neurociência e do Comportamento. Rio de Janeiro:
Pretince Hall do Brasil, 1997. 591p.
LEVIN, Esteban. A Clínica Psicomotora: o corpo na linguagem. Petrópolis: Vozes, 1995.
341p.
VELASCO, Cacilda Gonçalves. Natação Segundo a Psicomotricidade. 2ed. Rio de Janeiro:
Sprint, 1997. 266p.
ANEXOS
Sujeitos
TABELA 1. Caracterização dos sujeitos do estudo quanto à idade em meses, sexo (F=feminino e
M= masculino), idade gestacional (IG), peso ao nascimento (PN), comprimento ao nascimento
(CN).
Sujeito
Idade
(meses)
Sexo
IG
PN
CN
(semanas)
(g)
(cm)
1
55
F
40
3,235
49
2
53
F
40
3,250
49
3
54
F
40
2,740
49
4
50
F
39
3,050
47
5
51
F
39
2,560
45
6
50
M
40
4,350
53
7
55
M
38
3,100
48
8
55
M
40
3,330
51
9
52
M
40
3,580
51
10
50
M
40
3,150
50
M
52,5
39,6
3,234
49,2
DP
2,06
0,66
0,46
2,13
Resultados Coordenação Motora Grossa
30
25
20
Feminino
Masculino
15
10
5
0
TMLR TSPJ TSPD TSPE TMRL TCT
FIGURA 1. Comparação entre a média do tempo de execução das tarefas de Coordenação
Motora Grossa entre os sujeitos dos grupos – masculino e feminino.
Resultados Coordenação Motora Fina
140
120
100
80
60
40
20
0
Feminino
Masculino
TMEN
TBC
TJE
TVP
FIGURA 2. Comparação entre a média do tempo de execução das tarefas de Coordenação
Motora Fina entre os sujeitos dos grupos – masculino e feminino.
Resultados Coordenação Óculo Manual
2
1,5
Feminino
Masculino
1
0,5
0
AMD
AME
FIGURA 3. Comparação entre a média do número de arremessos dos segmentos superiores,
referentes à Coordenação Óculo Manual entre os sujeitos dos grupos – masculino e feminino.
Resultados Coordenação Óculo Pedal
2
1,5
Feminino
Masculino
1
0,5
0
GPD
GPE
FIGURA 4. Comparação entre a média do número de gols dos segmentos inferiores, referentes à
Coordenação Óculo Pedal entre os sujeitos dos grupos - masculino e feminino.
Resultados Equilíbrio Estático
35
30
25
20
15
10
5
0
Feminino
Masculino
TPCD
TPCE
TPL
TPP
FIGURA 5. Comparação entre a média do tempo de execução das tarefas de Equilíbrio Estático
entre os sujeitos dos grupos – masculino e feminino.
Resultados Equilíbrio Dinâmico
15
10
Feminino
Masculino
5
0
TMB
FIGURA 6. Comparação entre a média do tempo de execução das tarefas de Equilíbrio Dinâmico
entre os sujeitos dos grupos – masculino e feminino.
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