SERVIÇO CONSUMO RESPONSÁVEL
Bebês
sustentáveis
A preocupação com o planeta pode aumentar com a chegada de um
novo membro à família. Veja a seguir algumas medidas que podem
ser adotadas não só pela “saúde” da Terra, mas também do bebê
30 • Julho 2013 • REVISTA DO IDEC
Fotos Shutterstock
A
alimentação orgânica, o uso de fraldas de
pano e a abolição do uso de mamadeira estão entre as prioridades de
pais que desejam causar menos impacto
ambiental e, ao mesmo tempo, garantir
a saúde do bebê, segundo Ana Paula
Silva, uma das responsáveis pela ong
Morada da Floresta.
Além dessas, várias outras medidas
podem ser adotadas (algumas são simples,
outras mais complicadas), como pintar o
quarto da criança com tinta à base de água; usar menos
sabão na hora de lavar as roupinhas; ou, simplesmente,
consumir menos. “Para seu sustento, sua saúde e seu
conforto, os bebês não necessitam de toda a parafernália que é comercializada”, opina a pediatra Ana Júlia
Colameo, conselheira em amamentação da Organização
Mundial de Saúde (OMS) e membro da Rede Internacional
em Defesa do Direito de Amamentar (Ibfan).
Confira algumas dicas a seguir:
Berço
O
móvel mais sustentável para o bebê dormir é
um berço de segunda mão. Vale apelar para
familiares, amigos ou brechós. Caso não seja
possível ou você faça questão de um novinho
em folha, procure um que vire cama. Dessa
forma, ele terá vida útil maior.
Se o berço for de madeira, peça o Documento de Origem Florestal (DOF) ou o equivalente
estadual, que comprova que o produto é legal. Segundo Geraldo José Zenid, diretor do Centro de Tecnologia de Recursos Florestais do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT), isso é o mínimo que se deve exigir.
O ideal seria que o berço tivesse o selo do Conselho
de Manejo Florestal (FSC) ou do Cerflor, que é capitaneado pelo Instituto Nacional de Metrologia Qualidade
e Tecnologia (Inmetro). Esses selos garantem a produção sustentável da matéria-prima, no entanto, não são
fáceis de encontrar e os produtos que o apresentam
custam mais caro.
Se o berço for encomendado a um marceneiro, procure um fornecedor que use madeira certificada.
V
Roupas
ocê pode pedir a parentes e amigos
as roupinhas que não servem mais nos
filhos deles (ou aproveitar as de seus filhos mais velhos) ou ainda organizar um
bazar de trocas (as mamães levam as roupas —
e também sapatos, brinquedos etc. — que seus
filhos não usam mais e as trocam entre si).
O site Descolaaí oferece aluguel e troca de
objetos diversos, entre eles artigos para bebês.
Outra ideia é fazer compras em brechós. No site
da Ecotece, ong que atua pelo “vestir consciente”, há indicação de lojas em São Paulo (SP),
no Rio de Janeiro (RJ), em Brasília (DF), Porto
Alegre (RS) e Salvador (BA).
Algodão orgânico
U
ma opção para roupinhas e artigos como
babadores, lençóis e toalhas são os feitos de
algodão orgânico, que não leva agrotóxicos
na sua produção. Já é possível encontrá-los em alguns estabelecimentos físicos e virtuais no
Brasil. O problema são os preços. Enquanto uma toalha
de banho de algodão convencional custa cerca de
R$ 35, uma de algodão orgânico chega a custar R$ 90.
S
egundo várias mamães consultadas para esta reportagem,
uma criança necessita, até os dois anos de idade, de mais de
três mil fraldas descartáveis. Dá para visualizar a montanha de
lixo, não é? Contudo, muitas mulheres não conseguem nem
pensar em substituir as fraldas descartáveis pelas de pano, que podem
ser lavadas e usadas centenas de vezes. “Dá muito trabalho!”, dizem.
Mas é crescente o número de mães e pais que têm se disposto a
fazer um pouco de esforço a fim de gerar menos lixo e garantir mais
conforto para o filhote, já que as fraldas de algodão irritam menos
a pele do bebê. “O uso de fraldas de pano fez com que finalmente
as alergias do meu filho passassem”, conta a jornalista Luíza Diener,
A blogueira Luíza Diener com o marido, Hilan,
e o filho Benjamin: fraldas de pano contra alergia
autora do blog Potencial Gestante. A blogueira orienta os papais de
primeira viagem a retirar o sólido da fralda com a mangueirinha do
chuveiro, no vaso sanitário, e deixá-la de molho até o fim do dia, quando pode ser lavada na máquina.
Contudo, as fraldas sujas de xixi não devem ficar de molho, pois o cheiro ruim impregna nelas.
Quem tiver dificuldade em encarar o desafio, pode alternar entre fraldas descartáveis e de tecido. Quando for viajar ou visitar a casa da vovó, por exemplo, pode ser mais prático usar somente as descartáveis.
REVISTA DO IDEC •
Julho 2013 • 31
Ana Paula Batista
Fraldas
SERVIÇO CONSUMO RESPONSÁVEL
Mamadeira e chupeta
A
OMS e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomendam que as crianças
não usem nem mamadeira nem chupeta,
pois ambas prejudicam a amamentação
e interferem na dentição, na respiração e na fala.
“Os bebês que tomam líquido em mamadeiras e
usam chupetas treinam erradamente a musculatura da boca, e quando vão mamar no peito ‘mascam’ a mama, tornando a amamentação bastante
dolorosa para a mãe, além de não conseguirem retirar o leite”, afirma a pediatra Ana Júlia, da Ibfan.
Além disso, a mamadeira pode conter bisfenol-A (BPA), uma substância tóxica que pode afetar os órgãos sexuais, o comportamento e a memória. Apesar de a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) ter proibido, desde 2011, a venda
de mamadeiras com BPA no país, vale a pena ficar
atento. Ao comprar o produto, observe se o plás-
tico utilizado é o de número 5, que não contém
bisfenol-A (os de número 3 e 7 contêm); ou procure um que contenha a mensagem “livre de BPA”.
Para Ana Júlia, o ideal seria substituir a mamadeira
por copo ou xícara, pois são mais fáceis de lavar e
esterilizar com água fervente.
Papinha orgânica
Amamentação
preocupação com a alimentação dos bebês faz com
que muitas famílias sejam grandes consumidoras
de alimentos orgânicos. Isso porque, segundo Sônia
Stertz, pesquisadora em ciência e tecnologia de
alimentos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), os efeitos
dos agrotóxicos nas crianças são até 10 vezes mais intensos do
que nos adultos.
Como manter uma horta em casa é um pouco trabalhoso,
principalmente quando se tem que cuidar de um bebê, o mais
prático é comprar alimentos orgânicos em feiras especializadas
(veja onde encontrá-las no Mapa de Feiras Orgânicas elaborado
pelo Idec www.feirasorganicas.org.br).
Outra opção é comprar papinha orgânica pronta. Encontramos apenas duas marcas no mercado: o Empório da Papinha,
com lojas na capital paulista, em Alphaville (SP), Curitiba (PR),
Piracicaba (SP), Porto Alegre (RS), Ribeirão Preto (SP), Rio
deJaneiro (RS), Salvador (BA) e Santo André (SP); e a papinha
orgânica industrializada Jasmine, vendida em lojas que
trabalham com alimentos orgânicos, como o Pão de Açúcar
e o Mundo Verde.
mamentar a criança (exclusivamente até os seis meses e junto
com outros alimentos até os dois
anos) é importante, porque além de ser a opção
mais saudável, o leite materno é também mais sustentável, já que não
precisa de água e
energia para ser
fabricado, de
embalagem e
de transporte.
A
A
SAIBA MAIS
l Morada da Floresta
<www.moradadafloresta.org.br>
Blog Potencial Gestante
<potencialgestante.com.br>
l
l
Site Descolaaí <www.descolaai.com>
l
Ong Ecotece <http://goo.gl/VGbya>
Empório da Papinha
<emporiodapapinha.com.br>
l
32 • Julho 2013 • REVISTA DO IDEC
Download

em pdf