IRACEMA
José de Alencar
Profª. Karen Neves Olivan
PROSA ROMÂNTICA
Os romances românticos brasileiros tiveram grande
aceitação pelo público burguês à época.
CARACTERÍSTICAS
• Estrutura folhetinesca
• Maniqueísmo: o triunfo do bem e a punição do mal,
com intenção moralizante.
• Literatura de cor local, que procurava detalhar os
costumes da época.
• Comunhão entre a natureza e os sentimentos dos
personagens.
CARACTERÍSTICAS
• Personagens lineares (comportamento previsível) Os
protagonistas normalmente são dotados de todas as
virtudes físicas e morais, e os antagonistas são
claramente caracterizados como tais.
• Obediência à seguinte dinâmica do amor:
homem

intrigas
separação

Casal reconciliado
mulher
• Normalmente, as histórias apresentam Happy End ou
um final trágico.
PROSA ROMÂNTICA
Podemos dividir os romances românticos em:
Urbanos
(citadinos ou de costumes)
A ação retrata a vida na corte
(cidade do RJ) ou adjacências
Regionalistas
A ação retrata a vida rural
Indianistas
O índio aparece como
protagonista, em seu estado
primitivo
Históricos
A ação se ambienta num
passado remoto
IRACEMA -
José de Alencar
• Inovador;
• rebelde à tradição portuguesa;
• precursor da revolução modernista de 1922.
MARCAS DE SUA OBRA
• Sentimento brasileiro:
- o índio em sua obra é a personificação de seu
entranhado nacionalismo;
- as paisagens têm as cores de nossa exuberante
vegetação tropical.
• Machado de Assis disse que: "nenhum escritor teve em
mais alto grau a alma brasileira".
• Dominava o Português e a Gramática, mas quis criar um
estilo brasileiro, que refletisse nossos modismos
sintáticos e vocabulares, um linguajar brasileiro.
IRACEMA -
José de Alencar
AUTOR E OBRAS
Consolidador do Romance brasileiro.
• Valorizava a pátria.
• Escreveu em todas as modalidades da prosa romântica.
• Carrega suas obras de adjetivos e de descrições
pitorescas.
• Enredos fáceis, cenas previsíveis, final feliz, trunfo do
amor.
IRACEMA -
José de Alencar
AUTOR E OBRAS
• Romances urbanos: Diva, Lucíola, Senhora.
• Romances indianistas: O Guarani, Ubirajara, Iracema.
• Romances regionalistas: O tronco do Ipê, O sertanejo, O
gaúcho.
• Romances históricos: A guerra dos Mascates, As minas de
prata.
• Romance de 1865.
• Conforme Machado de Assis, poema em prosa, devido ao
trabalho com a linguagem.
• Obra disposta em capítulos curtos que sobrepõe
imagens e comparações, para sugerir o nascimento de
um novo mundo.
Durante uma caçada, o português Martim
perdeu-se de seu amigo Poti, que era da tribo
Pitiguara, e ficou vagando na mata por três
dias.
Martim acaba entrando nas terras da tribo
Tabajara.
Iracema, ao se deparar com
Martim,
assusta-se e dispara contra ele.
Quando se deu conta de que atirara em um
inocente, Iracema ajuda-o e leva-o à casa do
pajé – e seu pai – Araquém.
Nesta noite, Irapuã, chefe dos guerreiros
tabajaras, retorna para comandar a luta contra
os Pitiguaras.
Martim fica com medo e foge.
Irapuã é apaixonado por Iracema.
Ao adentrar na mata, foi surpreendido por
Iracema, que sugeriu que ele retornasse,
passasse a noite na casa de Araquém, para, na
manhã seguinte, com a volta de seu irmão
Caubi, ele pudesse ir embora em segurança.
Conforme previsto, ao amanhecer, Martim, com
a proteção de Caubi, foi embora.
Pouco tempo depois, Irapuã e seus guerreiros
encontraram Martim e Caubi e os cercaram.
De repente, porém, ouviu-se o som de guerra dos
pitiguaras.
Como a guerra não aconteceu, Irapuã
desconfiou de que era uma armação de Iracema,
para distraí-los.
Por se sentir traído, Irapuã retornou à cabana
de Araquém para enfrentar Martim.
Araquém o protegeu.
Preocupado com a possibilidade de luta entre as
tribos, Martim decide encontrar Poti e fugir com
ele, pois assim haveria uma chance de evitar
uma guerra.
Nesta noite, Martim bebeu o licor de Iracema
para ter bons sonhos.
Ele sonhou que tinha Iracema em seus braços.
Ao despertar, Iracema se diz sua esposa.
Não fora apenas um sonho.
Naquela manhã, fugiram, mas foram
encontrados por Irapuã e seus guerreiros, que,
em seguida, foram surpreendidos pelos
guerreiros pitiguaras.
O combate foi inevitável.
Os pitiguaras venceram.
Iracema e Martim foram morar num local
afastado.
Iracema estava grávida.
De seu novo lar, o casal avistou a chegada de um
grande navio, e Martim soube que deveria lutar
ao lado de Poti.
Martim luta.
Iracema pari Moacir, mas não tem leite, pois se
preocupou demais com Martim.
Quando retornam, Martim e Poti encontram
Iracema sem forças.
Ela pede para ser enterrada em um local
especial.
Iracema morre.
Moacir, filho da dor, tornou-se o
primeiro cearense fruto da relação de
um português e de uma índia.
GÊNERO LITERÁRIO
- épico: presença de um narrador,
observação e visão do mundo exterior.
- lírico: poesia da linguagem (ritmo e sonoridade),
subjetivismo, revelado por metáforas.
NARRATIVA
- terceira pessoa, que revela a colonização do Brasil,
- narrador onipresente e onisciente, isto é, sabe tudo
que se passa ao seu redor.
LINGUAGEM
Poética, nos faz imaginar as belezas, os deslumbres
da mata virgem, da natureza.
PARTES DA OBRA
1ª - o encontro de Iracema e Martim e o incontrolável
amor que surge entre eles.
2ª - a fuga de Iracema, que abandona suas origens - lar,
família e irmãos - para viver com Martim numa
cabana distante, no litoral, vivendo aí a sua gravidez
e uma profunda saudade e angústia.
3ª - o sofrimento de Iracema ao perceber que Martim não
é feliz. Sofre calada até que a morte a chama.
CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO NA OBRA
Estilo indianista, uma das formas mais significativas
assumidas pelo nacionalismo romântico.
• Culto e exaltação da natureza;
• idealização de índio como um ser nobre, valoroso, fiel e
cavalheiro;
• sublimação do amor (desviar a energia da libido);
• idealização da mulher;
• sentimentalismo amoroso configurado na temática amor
e morte;
• concepção amorosa a partir dos sentimentos puros e
castos.
COMPOSIÇÃO DA OBRA
• 33 Capítulos curtos;
• Prólogo, sem muitas delongas, mas com sugestões:
“O livro é cearense. Foi imaginado aí, na limpidez desse
céu cristalino azul, e depois vazado no coração cheio das
recordações vivaces de uma imaginação virgem. Escrevio para ser lido lá, na varanda da casa rústica ou na fresca
sombra do pomar, ao doce embalo da rede, entre os
múrmuros do vento que crepita na areia, ou farfalha nas
palmas dos coqueiros.”
• Carta "ao Dr. Jaguaribe", em que Alencar expõe os
motivos patrióticos e sentimentais que o levaram a
escrever o livro.
EXTRA
• Espaço: Ceará.
• Tempo: início do século XVII.
• Fatos: históricos verdadeiros. Martim, o protagonista
masculino da história, é Martim Soares Moreno, que
deixou o seu nome inscrito na colonização do Brasil. Sua
amizade a Poti e Jacaúna, chefe dos índios do litoral, foi
decisiva para a conquista da região, que viria a ser o
Ceará.
PERSONAGENS
• Iracema – corajosa e sensível, revelou-se amiga,
companheira, amorosa, amante, submissa e
confiante. Renunciou tudo por seu amor.
– Representa bem o elemento indígena que casa
com branco dando origem ao brasileiro.
•“Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os
cabelos mais negros que a asas da graúna, e mais longos
que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era mais doce
que seu sorriso, nem a baunilha rescendia no bosque
como se hálito perfumado.”
PERSONAGENS
• Martim – "filho de guerreiro". Português , veio ao Brasil
numa expedição, fez amizade com Jacaúna,
chefe dos pitiguaras, que lhe deu o nome de
Coatiabo - "guerreiro pintado".
– Tinha nas faces o branco das areias que bordam
o mar, nos olhos o azul triste das águas
profundas, os cabelos do sol.
– Corajoso, valente, audaz, representa bem o
branco conquistador, que se impôs aos índios na
colonização do Brasil.
• Araquém – pai de Iracema, pajé da tribo tabajara, tinha os
olhos cavos e rugas profundas, cabelos
longos e raros. Grande conselheiro, tinha o
dom da sabedoria e da liderança.
PERSONAGENS
• Caubi – irmão de Iracema. Tinha o ouvido sensível,
pressentia a boicininga (cascavel) e outros sons
da mata. Tinha o olhar que melhor vê nas trevas.
– Bom caçador, corajoso, guerreiro destemido, fiel
e compreensivo à irmã.
• Irapuã – chefe dos tabajaras, manhoso, traiçoeiro,
ciumento, corajoso, valente, grande guerreiro.
– Queria preservar as tradições indígenas, por isso
insistia em Iracema se conservar virgem, pois ela
guardava o segredo de Jurema.
• Poti – guerreiro destemido, irmão do chefe dos pitiguaras.
– Prudente, valente, audaz, livre, ligeiro e muito vivo.
– Amigo de Martim, a quem considerava irmão.
PERSONAGENS
• Andira – irmão do pajé Araquém. Viu muitos combates na
vida, escapelou muitos pitiguaras. Nunca temeu
o inimigo. Seu nome significa "morcego".
• Jacaúna – chefe dos pitiguaras, senhor das praias do
mar. O seu colar de guerra, com os dentes dos
inimigos vencidos, era um brasão e troféu de
valentia. Corajoso, bom guerreiro, forte.
• Batuireté – avô de Poti. Careca e cheio de rugas.
• Jatobá – pai de Poti. Conduziu os pitiguaras a muitas
vitórias. Robusto e valente.
• Moacir – o "filho da dor". É, na alegoria de Alencar, o
primeiro brasileiro fruto da união do branco com
o índio. Mal nasceu, já exilava da terra que o
gerou.
Estaria nisso a predestinação errante da gente nordestina?
LINGUAGEM
• Apesar do uso da norma culta, a linguagem de Iracema
apresenta um tom bem brasileiro, tanto pelo vocabulário
indígena quanto pela diversidade de construções
sintáticas.
• Comparações com elementos do mundo: “O guerreiro
pitiguara é a ema que voa sobre a terra”.
• Descritivismo revelado pela adjetivação fértil e colorida.
LINGUAGEM
Poema em prosa devido ao ritmo e à cadência:
Verdes mares bravios (6 sílabas)
de minha terra natal, (7)
onde canta a jandaia(6)
nas frondes da carnaúba; (7)
Verdes mares que brilhais (7)
como líquida esmeralda (7)
aos rios do sol nascente, (7)
perlongando as alvas praias (7)
ensombradas de coqueiros; (7)
Serenai, verdes mares, (6)
e alisai docemente (6)
a vaga impetuosa, (6)
para que o barco aventureiro (8)
manso resvale à flor das águas.” (8)
ASPECTOS TEMÁTICOS MARCANTES
• Iracema mostra como se deu a formação do Ceará, o
estado natal de Alencar. Ceará significa a terra onde
“canta a jandaia”. Ao pé da letra, Ceará é nome composto
de cemo - cantar forte, calmar, e ara - pequena arara ou
periquito.
• Moacir, filho do cruzamento do branco com o índio, é o
“primeiro cearense”. A conquista da terra pelo branco, no
início do século XVII, deu-se por meio de lutas sangrentas
em que os portugueses contaram com a ajuda dos índios
pitiguaras, que habitavam o litoral.
• Alencar tenta dar uma visão da realidade a partir da ótica
do índio: as imagens, as comparações, a forma de
exprimir mostram o índio integrado no seu “habitat”
natural e como que sugerem o nascimento de um mundo
novo.
ASPECTOS TEMÁTICOS MARCANTES
• Iracema identifica o Brasil e, por extensão, da América,
aliás Iracema é anagrama da América. Assim, a morte da
índia pode representar a aniquilação da cultura nativa
pela invasora que conquista domina a terra.
• Martim vai perturbar a harmonia do índio no seu habitat
natural. Seus silêncios encobriam a palavra domínio. Para
ele, a adesão à terra não podia ser senão momentânea.
Seu objetivo era subjugá-la, pela sedução ou pela
violência. Ele era o primeiro agente de um processo de
corrosão lento e insinuante, violento às vezes, que se
chamou, sucessivamente, catequese, progresso,
desenvolvimento.
ASPECTOS TEMÁTICOS MARCANTES
• Irapuã, ao resistir à presença de Martim não quer
defender o amor que sentia por Iracema, mas sim
preservar a cultura indígena e o “segredo de Jurema”.
Embora pareça o vilão, opondo-se a Martim, Irapuã age
com nobreza e grandeza.
• Iracema e Poti se aliam ao conquistador branco, sendo
passíveis de condenação. Iracema morre, desfigurada
pela dor e pelo estrangulamento cultural. Poti,
descaracterizado e tornado cristão, recebe o batismo de
gente civilizada e passa a se chamar Antônio Felipe
Camarão.
IRACEMA
José de Alencar
Profª. Karen Neves Olivan
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