Matéria: literatura
Assunto: semana da arte moderna - movimento cultural
Prof. IBIRÁ
Literatura
A SEMANA DA ARTE MODERNA
Finalmente, em fevereiro de 1922, realiza-se em São Paulo, a Semana da Arte Moderna. O
objetivo dos organizadores não era apenas a destruição das velhas formas artísticas na
literatura, música e artes plásticas: tentava-se, por outro lado, afirmar os princípios práticos e
técnicos da arte moderna.
As três noites da Semana foram inesquecíveis noites de escândalos e vaias. Desde a conferência
equivocada de Graça Aranha: A Emoção Estética na Arte Moderna, ilustrada com poesia de
Ronald de Carvalho e Guilherme de Almeida, até o frenesi, a histeria coletiva ocasionada pela
leitura do poema Os sapos, de Manuel Bandeira. Sátira aos parnasianos, o poema de Bandeira
foi lido por Ronald de Carvalho:
O sapo-tanoeiro
Parnasiano aguado
Diz: - Meu cancioneiro
É bem martelado. (...)
Brada de um assomo
O sapo-tanoeiro
“A grande arte é como lavor
do joalheiro
Urra o sapo boi:
- Meu pai foi rei – Foi!
- Não foi ! – Foi! – Não foi
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Literatura – Prof. Ibirá Costa
Este movimento artístico propunha uma renovação da visão social e, portanto, também é
considerado como uma manifestação política. Neste período a detenção do poder e da riqueza
estava nas mãos das oligarquias rurais, substancialmente por causa da produção cafeeira. As
cidades brasileiras, por outro lado, passavam por uma rápida transformação urbana, decorrente
do processo de industrialização que começou com a I Guerra Mundial em meados do começo
do século XX. Em paralelo, os imigrantes europeus estavam substituindo a mão-de-obra
escrava, logo após o advento da abolição. De outro lado, a massa operária estava sentindo-se
injustiçada pelos baixos salários e carga horária elevada. O Brasil estava dividido entre o lado
rural e o urbano. Na literatura, em meio a esse turbilhão de acontecimentos sociais, a Semana
da Arte Moderna surgiu como marco cultural de um novo movimento literário: o Modernismo. Os objetivos da Semana eram de trazer, primeiramente, a homogeneidade dos movimentos
artísticos, bem como o de: ter o direito à pesquisa estética, reagir em desfavor do “helenismo”
de Coelho Neto e do purismo de Rui Barbosa e da ruptura com o passado de natureza acadêmica,
liberdade na escrita e expressão linguística, sem pudores de linguagem culta e de métricas
rígidas. Após essa Semana, houve mudanças claras nas produções literárias: um rompimento
com o academicismo literário e com a gramática normativa e a incorporação na poesia e na
prosa da liberdade na expressão de ideias e nas formas (versos livres), da pontuação subjetiva
ou ausência da mesma, da linguagem vulgar, do coloquialismo.
Importância estética da Semana de Arte Moderna
Se a semana é realizada por jovens inexperientes sob o domínio de doutrinas europeias mal
assimiladas, como acentuam certos críticos, ela é também o atestado de óbito da arte oficial,
que a partir de então se esboroa inteiramente.
Ao introduzir o modernismo entre nós, a Semana nos legou certas conquistas fundamentais. O
líder do movimento, Mário de Andrade sintetizou a importância do mesmo:
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A destruição da arte acadêmica;
A consciência criadora nacional, preocupada em expressar a realidade brasileira;
A atualização intelectual com as vanguardas europeias;
O direito permanente de pesquisa criação estética.
Principais Participantes da Semana:
Literatura: Mário de Andrade – Oswald de Andrade – Graça Aranha – Ronald de Carvalho –
Menotti del Picchia – Guilherme de Almeida – Sérgio Millietti.
Música e artes plásticas: Anita Malfatti – Di Cavalcanti – Villa Lobos – Guiomar Novaes.
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Bibliografia de Literatura
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