ISSN: 1981 - 3031
UMA REFLEXÃO SOBRE O TRABALHO DO COORDENADOR PEDAGOGICO:
O Significado da Identidade Profissional
Laize Alves dosSantos
[email protected]
Fernanda Lays da Silva Santos
[email protected]
RESUMO
Este trabalho discute o papel e a identidade do coordenador pedagógico, bem como, busca mostrar o
contraste da função e das praticas cotidianas de seu trabalho na escola pública. Por meio do Projeto
PIBID, pudemos observar como os desafios das praticas de atuações se distanciam da função do
coordenador pedagógico. Apresentamos a reflexão da importância desse profissional que é
indispensável na escola, pois seu trabalho busca favorecer os professores nas formações
continuadas e nas elaborações de ações pedagógicas reflexivas que favorecem ao aprendizado.
Para tanto, estudando autores como Freire (1996), Lima (2007), Santana (2011), dentre outros que
destacam o cotidiano escolar de alguns coordenadores, problematizando sua perca de identidade, o
autoritarismo que lhes são imposto, e a importância de seu papel com viés de transformação social
baseada numa gestão democrática. Desse modo, este artigo busca contribuir na discussão do ser
coordenador pedagógico perante os desafios enfrentados na escola pública. Refletindo sobre
importantes temas em que analisa a função do coordenador na escola, o papel que desempenha,
como sua atuação revela a sua identidade profissional e por que o referido profissional não atua
corretamente na escola pública. Pode-se constatar através deste estudo que a função de
coordenador pedagógico, é muitas vezes desvalorizada pela comunidade escolar, tendo que assumir
outros papeis, perdendo assim sua identidade profissional.
.
PALAVRAS-CHAVE: Coordenador Pedagógico. Identidade. Atuação profissional.
1 INTRODUÇÃO
Este artigo busca responder a questões referentes ao trabalho e a identidade
do coordenador pedagógico, visto que, através de observações e contatos com as
vivências e as experiências do mesmo em uma escola pública de Maceió, onde
tivemos contato direto com as praticas e atividades do coordenador, através do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBIB), da Universidade
Federal de Alagoas, onde pudemos destacar que o coordenador pouco tem
realizado seu papel, e consequentemente, vem perdendo a sua identidade na escola
pública. E buscando dar sentido a tais praticas discutiremos as relações do
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coordenador com os demais membros da comunidade escolar, destacando sua
função, o trabalho e sua atuação e como o papel do coordenador pode resgatar a
sua identidade profissional.
Para tanto, buscamos através dos pressupostos da pesquisa bibliográfica e
observações das vivencias com esse profissional da educação, descrever sobre a
função e o papel do coordenador e o desenvolvimento da sua identidade, para isso,
estudamos temas referentes ao que se propõe discutir, tais estudos discutem como
os coordenadores tem perdido tempo, dedicando-se a resolver os problemas do
cotidiano escolar e o principal papel de contribuir com a formação dos professores,
também a gestão dos projetos políticos pedagógicos da escola tem ficado em
segundo plano quando ate mesmo não são realizados.
Por isso, nesta pesquisa objetivamos problematizar o que essa disfunção do
papel do coordenador tem trazido como prejuízos a escola e ao próprio
coordenador, que não tem desenvolvido sua identidade e nem verdadeiramente tem
contribuído com a escola para que o trabalho pedagógico dos professores seja
continuamente aperfeiçoado. Tendo em vista que a principal função do coordenador
é contribuir com a formação continuada, trazendo a reflexão onde a mesma começa
na própria sala de aula, lugar onde todas as ações pedagógicas encerra sentido.
Ao estudarmos sobre a identidade, função e atuação do coordenador
pedagógico, destacamos que o mesmo ocupa um papel de fundamental importância
para a escola, no entanto, essa função na maioria dos casos não é valorizada pelos
demais componentes do corpo escolar, pois esse profissional na escola publica tem
sido apenas um que pode tapar os buracos, ficando em sala quando a falta de
professor, que resolve os problemas corriqueiros do dia-a-dia escolar, que serve se
conselheiro e ate psicólogo de alunos problemáticos, enfim, favorecendo ainda mais
o distanciamento da sua identidade profissional.
2 A FUNÇÃO DO COORDENADOR PEDAGOGICO.
A função do coordenador pedagógico surgiu baseada no autoritarismo e na
vigilância do trabalho docente. Pois, a função de coordenador Pedagógico era
exercida pelo supervisor e pelo orientador na escolar, que respectivamente
trabalhava direto com o professor e que lidava com problemas relativos aos alunos.
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Na Bahia foi com a lei estadual nº 7.023, de 23/01/1997, regulamentada pelo
Decreto nº 6.471 de 01/06/1997, houve a extinção dos cargos de supervisor escolar
e orientador educacional e a criação do coordenador pedagógico que passa a
assumir as atribuições dos cargos extintos e assim todos os outros estados também
regulamentaram a função do coordenador pedagógico.
Par tanto, percebemos que o Coordenador Pedagógico na escola, já era
presente ha muito tempo, porém como supervisor ou orientador escolar. Partindo do
pressuposto que o termo coordenador pedagógico constituiu um atenuante para a
conotação negativa do termo “supervisor pedagógico”, função que na década de 80
foi fortemente criticada como sendo, uma atividade controladora da prática
pedagógica dos professores, relegada à condição de executores. Também passou a
ser usado como uma forma de aglutinar, na prática, as funções dos especialistas
(supervisor e orientador educacional) formados nos cursos de Pedagogia antes das
atuais Diretrizes Curriculares Nacionais (BRASIL, 2005).
É, portanto designado ao coordenador pedagógico o papel de gerir o projeto
político pedagógico em parceria com os professores, alunos, pais e a equipe
administrativa, criando situações de debates e ações, mostrando a importância da
colaboração de todos para o bom desempenho desse projeto, também a
participação em reuniões pedagógicas e de planejamentos. Atuar como coordenador
pedagógico implica em,
criar e estimular oportunidade de organização comum e de integração do
trabalho em todas as suas etapas. […] O qualitativo pedagógico tem, como
significante o estudo da prática educativa (RANGEL, 2008, p.77 apud
SANTANA, 2011, p. 3).
Apoiando-se nas ideias de Vasconcelos (2007), apud SANTANA, (2011) que
enfatizam o papel articulador do coordenador pedagógico na construção do projeto
político pedagógico (PPP) da escola:
A coordenação pedagógica é a articuladora do Projeto Político Pedagógico
da instituição no campo pedagógico, organizando a reflexão, a participação
e os meios para a concretização do mesmo de tal forma que a escola possa
cumprir sua tarefa de propiciar que todos os alunos aprendam e se
desenvolvam como seres humanos plenos, partindo do pressuposto de que
todos têm direito e são capazes de aprender (VASCONCELLOS, 2007,
p.87apud SANTANA, 2011, p. 4).
Podemos destacar também como funções do coordenador atuante na escola
o dever de preparar e acompanhar os processos em atitude de colaboração com o
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professor, além de organizar e desenvolver o currículo em parceria com a
comunidade escolar; prestar assistência aos professores na elaboração dos
planejamentos e práticas de avaliação; diagnosticar problemas de ensino e
aprendizagem, e adotar medidas preventivas, adequando conteúdos, metodologias
e avaliações, além de coordenar atividades de formação continuada.
Ainda é atribuído ao coordenador pedagógico atender às demandas
burocráticas que são estabelecidas pela secretaria de educação; às demandas
administrativas em parceria com a direção; e às demandas formativas e
pedagógicas junto ao professor, ao aluno e à família.
Ao vivenciar o trabalho dos coordenadores da escola que atuamos com o
projeto (PIBID), pudemos claramente observar, que os mandos para ajudar e dar
apoio a atividades extras, como: ficar em sala de aula quando á falta de professores,
buscar alunos que estão nos corredores, resolver pequenos conflitos entre alunos na
sala de aula e etc, tem contribuído com a disfunção deste profissional e fazendo com
que suas atribuições sejam acrescidas sobrecarregando seu trabalho e desfocandose de seu real papel.
Neste raciocínio, Santana (2011), afirma que o coordenador deve buscar
estratégias que possibilitem uma relação de companheirismo, estímulo, desafios e
parceria com os docentes, proporcionando aos mesmos, condições desejáveis para
o bom desempenho do trabalho, para que, dessa maneira, se desenvolva na escola
um ambiente propício à aprendizagem.
Dessa maneira, podemos perceber o grande desafio na busca de estratégias,
onde o coordenador pedagógico venha contribuir com a escola sem perder o foco de
sua função. O mesmo precisará desenvolver ações planejadas que possibilitem a
participação, colaboração, e as opiniões, assim sendo imprescindível favorecer um
espaço em que todos possam ter vez e voz.
A esse respeito Garrido (2006) afirma que mudar práticas significa
reconhecer limites e deficiências no próprio trabalho. Significa lançar olhares
questionadores e de estranhamento para práticas que nos são tão familiares que
parecem verdadeiras, evidentes ou impossíveis de serem modificadas. Desse modo,
implica o enfrentamento inevitável e delicado de conflitos entre os participantes
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(professores, alunos, pais e a hierarquia do sistema escolar), originados de
diferentes visões de mundo, valores, expectativas e interesses diferentes.
Nesta função o coordenador tem desafios constantes na instituição escolar:
Segundo Placco (2003), "refletir sobre esse cotidiano, questioná-lo e equacioná-lo
podem ser importantes movimentos para que o coordenador pedagógico o
transforme e faça avançar sua ação e a dos demais educadores da escola" (p.47).
Diante do que foi exposto acima, pode-se perceber a grande responsabilidade
do coordenador pedagógico na escola, pois seu trabalho, para ser bem
desenvolvido, não depende unicamente dele, mas sim de todos os educadores e
gestores que participam ativamente do cotidiano escolar. Dessa forma, Ele deverá
gerir, propor, transformar e implementar idéias com sua equipe, tentando alcançar
objetivos superando barreiras como por exemplo, no que se refere as relações
interpessoais entre todos.
De acordo com (Placco, 2003), é imprescindível que o coordenador
pedagógico educacional comprometa os educadores da escola, professores e
funcionários nos processos de análise e diagnóstico da realidade escolar. Assim
como no planejamento e na proposição de projetos para atender ás necessidades
diagnosticadas e aos objetivos da escola, de modo que o objetivo políticopedagógico proponha ações de importância em torno das quais todos se
empenhem.
Para tanto, o coordenador precisa ter um bom relacionamento com sua equipe,
e ao mesmo tempo fazer com que todos o ajudem a colocar em prática suas ideias,
projetos e propostas, observando, estimulando e capacitando todos os educadores
da instituição. Tendo em vista toda essa discussão, podemos verificar a importância
de ter um coordenador pedagógico qualificado nas escolas públicas. Ele deve
ser visto como um aliado, um apoio e um auxílio importantíssimo na luta por uma
educação de qualidade. É com ele também, que se pode refletir sobre a prática
pedagógica docente, sobre as dificuldades no dia a dia em sala de aula, buscar
ajuda, ideais alternativas para se tentar superar essas dificuldades.
Toda a equipe gerida pelo coordenador deverá ter oportunidade e momentos
de trocas, de comunicação para buscar "parcerias e solidariedade entre os
profissionais, no caminho de reflexões que gerem soluções mais aprofundadas e
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criativas quanto aos obstáculos e problemas emergentes no caminho do cotidiano..."
(PLACCO, 2003, p.52).
No entanto alguns coordenadores ainda trazem traços do supervisor, pois se
percebe que algumas escolas vêm sendo gerenciadas como uma empresa,
propondo formar sujeitos que prontamente atenda a sociedade globalizada e
formandos que siga a risca um ensino e a aprendizagem que atenda o mercado de
trabalho, para tanto, o coordenador pedagógico deve contrariar para contribuir com a
escola procurando atuar como sujeito reflexivo e que promova participação, tendo
em vista que o mesmo contribua com o ensino e a aprendizagem de qualidade.
Sá e outros (2001) em estudo sobre Coordenação Pedagógica e Processo
Ensino Aprendizagem afirmam que na gênese da Coordenação Pedagógica, o
supervisor era o “fiscal”, o chefe que gerenciava a produção, assim como ocorria na
indústria, no entanto, hoje em dia, almeja-se que este se configure como o que
auxilia e contribui para a melhoria do processo ensino-aprendizagem, objetivando
uma educação de qualidade. É neste raciocínio, por tanto, que podemos afirmar que
o cargo Coordenação Pedagógica é necessário no ambiente escolar.
Ao coordenador pedagógico fica a responsabilidade de buscar meios que
proporcionem aos atores da escola uma consciência coletiva, que surge, muitas
vezes, em resposta a uma problemática que só pode ser conduzida com a
participação de todos, por suas interações e decisões coletivas.
Nestas atribuições vemos alguns eixos definidos de trabalho no qual o
coordenador pedagógico é diretamente responsável pela organização e articulação
do projeto político-pedagógico, desempenho escolar, organização da escola e
gerência das informações referentes à organização pedagógica da escola.
De acordo com Libâneo (2004), as funções do coordenador pedagógico podem
ser assim resumidas:
Planejar, coordenar, gerir, acompanhar e avaliar todas as atividades
pedagógico-didáticas e curriculares da escola e da sala de aula, visando
atingir níveis satisfatórios de qualidade cognitiva e operativa das
aprendizagens dos alunos, onde se requer formação profissional específica
distinta da exercida pelos professores (p. 221- 224).
Por tanto podemos assim disser que a função do coordenador é muito
importante para a escola e percebe que a atuação deste profissional é indispensável
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quando a mesma é exercida com fim de realizar um trabalho significativo. Também
destacamos que o reconhecimento da identidade e do papel coordenador
pedagógico, fará com que esse educador, realize suas funções e as pratique com
sucesso,
sendo
um
profissional
compromissado
com
seu
trabalho
e
consequentemente emancipado e critico tudo isso será fundamental para que o
coordenador realize bom trabalho, desempenhando o fazer educativo na escola em
que o mesmo atue.
A ATUAÇÃO E O TRABALHO DO COORDENADOR PEDAGOGICO
O
cotidiano
do
coordenador pedagógico
atuante
da
escola
estadual
constantemente tem contribuído para desviar do eixo da sua real função, isso
acontece devido as múltiplas tarefas que surgem no dia-a-dia do trabalho na escola.
Essas ações proporcionam um afastamento da sua identidade, pois são as
principais atribuições do coordenador, listadas em quatro dimensões como aponta
Piletti (1998, p.125):
a)acompanhar o professor em suas atividades de planejamento, docência e
avaliação.
b) fornecer subsídios que permitam aos professores atualizarem-se e
aperfeiçoarem-se constantemente em relação ao exercício profissional;
c) promover reuniões, discussões e debates com a população escolar e a
comunidade no sentido de melhorar sempre mais o processo educativo;
d) estimular os professores a desenvolverem com entusiasmo suas
atividades, procurando auxiliá-los na prevenção e na solução dos problemas
que aparecem.
Mas mesmo com as especificidades do trabalho do coordenador pedagógico no
cotidiano escolar surgem atividades extras que sufocam o seu trabalho, e para
administrar os projetos das escolas e os projetos trazidos da secretaria da
educação, ao final fica claro que os projetos postos em pratica não são bem
elaborados e são desenvolvidos rapidamente, somente para cumprir um currículo
preestabelecido.
Na escola acima citada, onde observamos e também exercemos algumas
praticas das atividades do coordenador, percebemos que os projetos pedagógicos
da escola e os projetos sugeridos pela secretaria da educação, eram na maioria das
vezes feitos pela escola somente para cumprir com a programação sugerida pela
secretaria, ou então a escola não receberia os benefícios designados a escola.
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Percebe-se então a falta de articulações e planejamentos antecipados, em parceria
com a equipe de professores para que os projetos venham atender as demandas e
as necessidades da escola.
Por isso Placco (2003) propõe um ajuste pedagógico das ações do
coordenador, também Matus (1991) descreve um trabalho com quatro conceitos
para fundamentar a organização e o planejamento do trabalho do coordenador
pedagógico. E são esses: das ações dos projetos pedagógicos, das ações do
cotidiano (ou seja) do dia-a-dia, das ações para resolver problemas e das de
atendimento aos pais e alunos e professores e gestores.
Nesse aspecto percebe-se que com um trabalho planejado podem surgir as
situações emergenciais, mas tais atividades serão bem administradas e será dado
tempo e a devida e a importância para resolver cada situação, fazendo com que o
coordenador contribua com o melhor funcionamento da escola, sem deixar de lado
suas principais funções.
Das ações e atividades citadas acima destacamos que principal objetivo do
trabalho do coordenador pedagógico consiste em atuar junto com os professores
desenvolvendo um trabalho de apoio das ações pedagógicas, bem como a formação
continuada, o acompanhamento pedagógico, orientação curricular e avaliação da
aprendizagem e resultados. Pois para Bruno (2000) e Batista (2001), no conjunto
das funções do coordenador pedagógico a principal e fundamental é acompanhar o
trabalho pedagógico dos professores e a formação dos mesmos.
Em se tratando da formação continuada, deve-se destacar que o coordenador
deve dar a devida importância ao espaço escolar principalmente a sala de aula
como principal espaço de formação e troca de experiências, pois tendemos a
esperar pelos órgãos educacionais estaduais como sendo o único veiculo para a
formação, quando a própria unidade escolar pode proporcionar ricas formações de
modo micro mas realmente positivas.
Ainda falando da formação continuada pode-se perceber que há diversas
possibilidades para ser realizada na escola, como nos afirma Placco e Silva (2000 p.
31),
Essas alternativas podem-se concretizar em oficinas e/ou workshops de
problematização da prática docente – favorecendo a reflexão do próprio
docente sobre seu fazer, seu sucessos e suas dificuldades no trabalho
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pedagógico, bem como a possibilidade de refletir com os colegas num
ambiente de produção coletiva –; em projetos de investigação sobre
práticas docentes – nos quais o professor tome seu cotidiano docente como
objeto de pesquisa e sobre ele produza conhecimento –; em projetos de
inovações curriculares e metodológicas na sala de aula, desenvolvendo a
postura avaliativa como uma dimensão fundamental do formar-se professor.
Todas essas alternativas e dinâmicas que favorece trabalho dos professores os
tornando reflexivos e que partilham suas praticas entre os colegas, deve ser
conduzida pelo coordenador, fazendo com que a escolas seja um ambiente de
trocas educativas que só tende a favorecer o sucesso do processo de ensino e
aprendizagem, bem como acrescer a formação continuada.
Na realidade é notório perceber em nossas escolas que muitos profissionais
despreparados têm assumido esta função que considero de fundamental
importância, por isso, a escola tem sofrido com esse despreparo. Muitos exercem a
função simplesmente por ser bons administradores, como se a escola fosse uma
empresa e ao assumir a função de Coordenador Pedagógico, muitos problemas
acontecem por que os mesmos nem sequer tiveram experiência docente.
Deste modo, defendo o posicionamento de freire (1982) para quem o
coordenador antes de tudo precisa ter prática docente, assim, o coordenador
pedagógico é, primeiramente, um educador e como tal deve estar atento ao caráter
pedagógico das relações de aprendizagem no interior da escola. Ele deve levar os
professores a ressignificarem suas práticas, resgatando a autonomia sobre o seu
trabalho sem, no entanto, se distanciar do trabalho coletivo da escola.
Por tanto, podemos dizer que o trabalho do coordenador deverá propor a
escola primeiramente uma parceria que traga a esse ambiente o desejo de
ressignificar praticas pedagógicas favorecendo a toda a comunidade escolar. Para
tanto, o coordenador deverá primeiramente se identificar como um profissional, onde
suas ações e as especificidades do seu trabalho preservem a sua identidade dando
sentido a sua atuação.
O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO: DANDO SIGNIFICADO A SUA
IDENTIDADE
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O papel do coordenador pedagógico na escola tem sido discutido por muitos
autores, pois as diversas ações do coordenador, mas o identificam como um
inspetor escolar. Mas para redefinir esse papel o coordenador precisa deixar de ser
apenas um fiscal das praticas educativas, e exercer o trabalho pedagógico de
contribuir com a formação continuada a dos professores e gerir os projetos políticos
pedagógicos da escola.
No cotidiano escolar do coordenador pedagógico, ele se depara com muitas
situações que levam a uma atuação rápida, imediatista e desfocada da sua real
função. Nesse sentido, percebe-se que o coordenador é somente uma pessoa
designada para apagar incêndios, ou seja, fiscalizar o professor, ser garoto de
recado do diretor, tapa buraco e quebra-galhos, “caçador de alunos” pelos
corredores da escola e outros. E ao contrário de tudo isso, o coordenador deve ser
um agente de transformação no cotidiano escolar, responsável pela construção e
reconstrução da ação pedagógica, com vistas a construção e articulação coletiva do
Projeto Político Pedagógico.
Atualmente destacamos que a principal função do coordenador pedagógico é o
de mobilizar os diferentes saberes dos profissionais que atuam na escola para levar
os alunos ao aprendizado. Essa é a visão que Freire (1982) defende ao descrever
que o coordenador pedagógico é, primeiramente, um educador e como tal deve
estar atento ao caráter pedagógico das relações de aprendizagem no interior da
escola. Ele encaminha os professores a dar sentido as suas práticas, porém sem
tomar a autonomia docente e nem desvinculá-lo do trabalho coletivo.
Então como sintetizado por Pires:
A função primeira do coordenador pedagógico é planejar e acompanhar a
execução de todo o processo didático-pedagógico da instituição, tarefa de
importância primordial e de inegável responsabilidade e que encerra todas
as possibilidades como também os limites da atuação desse profissional.
Quanto mais esse profissional se voltar para as ações que justificam e
configuram a sua especificidade, maior também será o seu espaço de
atuação. Em contrapartida, o distanciamento dessas atribuições seja por
qual motivo for, irá aumentar a discordância e desconhecimento quanto às
suas funções e ao seu papel na instituição escolar (PIRES, 2004, p. 182).
Podemos então dizer que o papel, a função e a atuação do coordenador
pedagógico é de transformar praticas pedagógicas e porém, esse trabalho poderá
ou não revelar sua identidade profissional, dependendo das atitudes e das decisões
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tomadas no dia-a-dia todo seu trabalho o mesmo poderá dar significado a sua
identidade.
No que referir-se a identidade profissional, Moita (1999, p.115-116) afirma que
existem a identidade pessoal e a identidade profissional. A identidade pessoal é um
sistema de múltiplas identidades organizadas na diversidade. Ela se refere também
à identidade social como constituinte da identidade pessoal. A autora trata a
identidade profissional como uma construção que tem uma dimensão espaçotemporal iniciada no momento em que o coordenador assume a função até a sua
exoneração. A identidade profissional, na visão de Moita, é uma construção
constante a partir do conhecimento formal das atribuições da função exercida como
também nas relações existentes no universo profissional.
O termo identidade significa “o conjunto de características próprias de um
indivíduo, durante o exercício de determinada função” (HOUAISS; VILLAR, 2001 p.
1565). Poderia dizer que estas características identificam-se entre si formando uma
unidade profissional.
Nóvoa (1996) afirma que o processo “identitário” dos coordenadores é
composto por três princípios: a adesão que implica na adoção de valores e
investimentos no seu objeto de trabalho; a ação que implica em escolhas pelos
métodos de trabalho, em que sucessos e insucessos acabam definindo a postura e
a autoconsciência que decide o processo reflexivo do docente diante das mudanças
da profissão.
A identidade do coordenador é construída a partir da sua identidade docente.
O coordenador pedagógico é, antes de tudo, um professor. Ele passa por todos os
processos de construção de identidade docente antes de se identificar como
coordenador. O coordenador pedagógico constitui-se como um professor, mas, ao
assumir a função de coordenador pedagógico, ele não se sente mais como colega
dos professores, mas, como parte da equipe gestora da escola. É possível afirmar
que a identidade do coordenador pedagógico estará em constante construção.
Sobre os assuntos que identificarão o papel do coordenador pedagógico na
escola publica alagoana, estudando a identidade, a função e a atuação do mesmo e
fazendo uma analise da identidade e do papel do coordenador, bem como, o que
suas ações favorecem no processo de democratização e fortalecimento da escola
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publica, percebermos que a atuação e a valorização da ação do coordenador na
escola, poderá nos ajudar a reconhecer as outras funções que são atribuídas ao
pedagogo, vindo a acrescer a importância da atuação deste profissional na escola
publica alagoana.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
À luz do exposto, percebemos que a construção da identidade profissional do
coordenador pedagógico só terá significado quando seu trabalho esteja em parceria
e com o apoio da escola. A identidade do coordenador é também construída no diaa-dia e no desenvolver das ações e das praticas pedagógicas, tudo isso dará sentido
a um trabalho sustentado nas trocas e nas aprendizagens comuns, respeitando-se a
diversidade de posicionamentos.
É por tanto reconhecida à importância da atuação, do trabalho e da execução
do papel do coordenador pedagógico na escola, pois quando o mesmo exerce sua
função com responsabilidade, autonomia e reflexão é percebido o sucesso em todas
as esferas do ensino e da aprendizagem. Caberá ao coordenador pedagógico,
posicionar-se em realizar um trabalho que de sentido e significado a sua identidade
profissional e para tanto, o mesmo precisa desenvolver objetivos, métodos e
planejamentos que favoreça a construção de sua identidade, pois tal função é de
suma importância na cooperação de um ensino e aprendizagem significativos.
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[Artigo] SANTANA, Sabrina da Silva, GOMES, Roseli da Silva, BARBOSA, Joelma
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Disponível
em:
www.celsovasconcellos.com.br/index_arquivos/Page4256.htm
Acesso em 03 jan 2013.
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uma reflexão sobre o trabalho do coordenador pedagogico