VÍDEOAULAS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Dêivid Rodrigo, Luana Letícia, Weslla Albuquerque
A acessibilidade a tecnologias como smartphones, desktops, notebooks e tablets vem
possibilitando uma nova configuração no processo educacional: o uso de vídeoaulas como
material didático. A gama de canais do site YouTube voltada às vídeoaulas revela que esta
configuração é uma realidade que cresce rapidamente. Os temas são diversos: matemática,
física, química, biologia, história, geografia, português, inglês, etc. Os níveis das vídeoaulas
também variam do ensino básico ao superior.
Grande parte das vídeoaulas é de natureza expositiva, contudo com algumas
diferenças. A primeira está na possibilidade de se rever o vídeo várias vezes. Como cada
pessoa tem seu ritmo de aprendizagem, trata-se de algo muito útil. Outra diferença vem do
fato de que é comum um estudante gostar da metodologia de certos professores, e de outros
não. O estudante tem então a liberdade de procurar vários professores que ensinem o mesmo
assunto e escolher qual tem a metodologia de sua preferência.
Observamos em alguns materiais didáticos que a linguagem que os autores usam é
complexa ou inadequada para um primeiro contado do estudante com o tema. Nesse quesito
as vídeoaulas também possuem uma grande utilidade. Como quem faz o vídeo geralmente
produz o material para um público específico, a linguagem utilizada pelo professor é
direcionada, na tentativa de maximizar a compreensão de quem assiste. Isso é bem mais
difícil em aulas presenciais, dada a heterogeneidade da turma.
Há quem acredite que num futuro próximo essa possibilidade de estudo à distância
possa enfraquecer o papel do professor em sala. Para os mais ousados, será ainda uma
maneira de substituí-lo. Pelo contrário, a atuação docente se faz ainda mais necessária nesse
caso. Por mais completa que seja uma vídeoaula, os alunos sempre terão dúvidas a esclarecer
– dúvidas que poderão comprometer sua compreensão em assuntos posteriores, e nesse ponto
a intervenção do professor é essencial. Além do mais, muitos desses conteúdos dispostos na
internet não são de boa qualidade, e um aluno sem a orientação do professor poderá fazer uso
desse material e aprender erroneamente.
As vídeoaulas deverão se tornar fortes aliadas para o professor. O docente pode utilizar
esse material em abordagens distintas. Não é nossa intenção determinar, de maneira única e
limitada, como o professor deverá fazer uso desse material em suas turmas. As propostas que
serão apresentadas a seguir são apenas possibilidades que podem ser modificadas de acordo
com a necessidade de cada docente. E esse é o grande trunfo do uso dessas tecnologias: por
serem dinâmicas elas admitem muitas modelagens e práticas. Então queremos deixar claro,
desde já, que as vídeoaulas podem ser utilizadas pelo docente como um poderoso meio para
atingir a meta real da escola: o entendimento dos conteúdos.
Sugerimos ao professor que, por meio de uma seleção criteriosa, ele possa indicar aos
seus alunos algumas vídeoaulas de qualidade, mas deixando que eles escolham quais irão
assistir na íntegra. Veja que esta configuração não torna o professor o controlador do que o
aluno deve, ou não, assistir. Para que a proposta aqui defendida da flexibilidade das
vídeoaulas continue sendo válida nesta concepção, o professor deve dedicar um bom tempo
procurando materiais em diferentes fontes, com diferentes metodologias. Em casa, os
estudantes poderão assistir a essas aulas. Mas há um problema: e se uma parcela dos
estudantes (por menor que seja) não tiver acesso às tecnologias propícias para a utilização
deste material? Uma forma de tentar contornar isso seria a distribuição desse material em
DVDs pela escola, pois é mais comum haver DVD players que computadores nas residências
dos alunos. A instituição poderia também disponibilizar um espaço, tal como uma sala de
informática, para que os alunos pudessem ter acesso a esse conteúdo com a ajuda de um
monitor, evitando assim qualquer desvio da proposta.
Há outro problema: não raro os autores das vídeoaulas usam notações diferentes para
certos símbolos matemáticos, para letras que representam grandezas físicas, etc. Logo, o
professor que está utilizando as vídeoaulas como material didático deverá elaborar suas
avaliações buscando não se prender a uma notação específica.
Se os alunos assistem às vídeoaulas em casa, ou no laboratório de informática da
escola, no contra-turno, a aula presencial pode deixar de ter um cunho expositivo para se
tornar um momento para discussões e problematizações do conteúdo. Defendemos que isso
poderá tornar o ambiente escolar bem mais proveitoso.
Além de tudo isso, o professor pode elaborar suas próprias vídeoaulas – não só com o
conteúdo padrão, mas também com tópicos complementares que não teriam como ser
trabalhados no tempo limitado da sala de aula. Outro ponto positivo dessa possibilidade é que
o professor, ao elaborar uma lista de exercícios, poderia gravar vídeos apresentando alguns
métodos de solução das questões.
Nós classificamos as vídeoaulas como tradicionais filmadas, não tradicionais
filmadas, apresentações em slides e lousa virtual. As vídeoaulas tradicionais filmadas
correspondem à captura direta de uma aula - seja uma aula expositiva na lousa tradicional ou
a apresentação de um experimento pelo professor. Neste tipo, a edição geralmente é mínima e
os materiais básicos necessários usualmente são uma filmadora e um computador.
As vídeoaulas não tradicionais filmadas podem constituir uma gravação de uma peça
que encena um acontecimento histórico, uma gravação de conhecedores de uma determinada
área discutindo fatos etc. De maneira geral trata-se da gravação de algum debate, apresentação
ou entrevista sobre algum tema a ser estudado. Este tipo necessita de mais recursos que a
tradicional filmada. Geralmente exige uma equipe, e são necessárias mais edições para se
produzir um material de qualidade.
As vídeoaulas do tipo apresentação em slides são geralmente uma exposição textual,
acompanhada de figuras e áudio, reproduzida em quadros sequenciais.
As vídeoaulas classificadas como lousa virtual são usualmente aulas expositivas em
que se faz uso de mesas digitalizadoras, como na Figura 1. Um programa é usado para gravar
o que está sendo escrito ou desenhado na tela, e também o que está sendo dito pelo professor,
além da possibilidade de se gravar outros sons gerados pelo computador (uma música ou
algum efeito sonoro, por exemplo). Outra possibilidade, ainda muito em moda, é a filmagem
do que o professor escreve em uma folha de papel. É feita a filmagem apenas da área em que
o conteúdo é apresentado. A Figura 2 apresenta um exemplo disso. Naturalmente, o nome
“lousa virtual” não é muito adequado nesse caso, mas, pela semelhança dessas aulas com
aquelas produzidas com mesas digitalizadoras, as mantivemos nesse mesmo grupo.
Acreditamos que há uma tendência de migração cada vez maior do uso de papel para o uso da
mesa digitalizadora.
Figura 1: homem usando uma mesa digitalizadora.
Figura 2: vídeo do canal Me Salva!, do site YouTube. Neste vídeo o professor apresenta o
conteúdo diretamente no papel.
No PIBID, estamos trabalhando na elaboração de vídeoaulas de matemática no intuito
de preparar os alunos do nono ano do Ensino Fundamental para o estudo de física no Ensino
Médio. Como a física utiliza a matemática para modelar a natureza, torna-se evidente que a
ausência de competências matemáticas implicará em um baixo rendimento na física escolar
atual. Então as vídeoaulas por nós produzidas não abordam todos os tópicos fundamentais da
álgebra e da geométrica. Focamo-nos no que será utilizado pelo estudante.
Em suma, desempenhamos nossas atividades em dois momentos: na escola e em casa.
Na escola trabalhamos com os estudantes no contra-turno. Nesses momentos sugerimos aos
alunos que utilizem nossas vídeoaulas como material de estudo. No intuito de tornar nosso
material mais acessível, criamos sites onde qualquer um que o acesse tenha a oportunidade de
assistir às nossas aulas e de baixar nossas listas de exercício (acompanhadas de um manual de
soluções). As Figuras 3, 4 e 5 apresentam páginas de nossos sites, desenvolvidos para o
PIBID.
Figura 3: página do site do bolsista Dêivid Rodrigo.
Figura 4: página do site da bolsista Luana Letícia.
Figura 5: página do site da bolsista Weslla Albuquerque.
A preparação de vídeoaulas demanda tempo e empenho. Um material, por mais curto
que seja, demanda um longo período de preparação. Definimos as partes relevantes do
conteúdo que iremos exibir, gravamos várias tomadas na tentativa de expor o tema o melhor
possível etc. Cada um dos dez bolsistas criou sua própria página e gravou seus próprios
vídeos para ofertar ao estudante uma gama maior de possibilidades, e também para que cada
um tivesse seu próprio treinamento. Este processo está longe do fim. Em todas as nossas
reuniões semanais discutimos como melhorar nosso material. Estamos apenas no inicio!
Desenvolvemos e debatemos muito no intuito de contribuir para uma mudança
positiva na educação. Como estamos cercados pela tecnologia, querer ficar a par disso é o
mesmo que escolher ser inerte no tempo. É de extrema importância que um professor, diante
desta modernidade, esteja apto a trabalhar com ela. Uma opção de adaptação é que ele
contribua para a produção de um material digital, como as vídeoaulas. O ensino com auxílio
de vídeoaulas como material didático é uma opção barata, embora demande tempo se o
professor quiser produzir seus próprios vídeos. Essa tecnologia também favorece um
aproveitamento melhor das aulas presenciais, já que este momento seria de aprofundamento,
discussão e realização de atividades extras. Compreendendo que cada estudante tem seu ritmo
e que ele deve ser respeitado, as vídeoaulas constituem um interessante material didático. Ao
assistir a uma vídeoaula, o aluno que necessita de uma repetição a terá apenas com o clicar de
um botão. Materiais adicionais como listas de exercícios acompanhadas de um manual de
soluções são de grande importância para que o estudante possa chegar à sala de aula tendo
obtido um máximo de progresso.
Estamos convencidos de que esse modelo educacional privilegia a compreensão e o
domínio dos conteúdos, que na verdade deveria ser o real objetivo da escola. Todos merecem
aprender!
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VÍDEOAULAS NO PROCESSO DE ENSINO