Cultura, Língua e Comunicação 6
TEMA 2 : Ruralidade
e Urbanidade
Irina Duarte, 2009
Conteúdos…
• Conceitos e implicações do Urbanismo e da Mobilidade
• A valorização do património urbano e rural:
Turismo urbano
Turismo de rural
Turismo de habitação
Turismo cultural
Turismo de aventura
Conceito de URBANISMO
• Deriva do termo latino urbis, que significa cidade
• Corresponde a uma actividade relacionada com o estudo,
regulação, controlo e planeamento da cidade (no seu sentido
mais amplo) e da urbanização.
• A definição de urbanismo varia, contudo, de acordo com a
época e o espaço.
• O conceito de urbanismo está associado
à ideia de que as cidades são objectos a
serem alvo de estudo, mais do que
simplesmente construídas.
Conceito histórico de URBANISMO
• O Urbanismo nasceu entre o final do século XIX e o início do século XX,
como prática das transformações necessárias decorrentes da revolução
industrial, mas a sua maturidade teórica só foi alcançada no nosso século.
• O termo urbanismo surgiu com o seu actual significado em 1868 quando
Ildefonso Cerdá escreveu a Teoria General de la Urbanización. O seu
surgimento aconteceu em 1910 no Congresso de Londres, onde se
reuniram todos os pioneiros do urbanismo. Foi nesse ano que se utilizou
pela primeira vez a palavra “Urbanismo”.
• Em 1933, no Congresso Internacional da Arquitectura Moderna, em Atenas,
estabeleceram-se os princípios do novo urbanismo, surgindo pouco depois
a Carta de Atenas. (A Carta trata da chamada Cidade Funcional, defende
a separação das áreas residenciais, de lazer e de trabalho e propõe
uma cidade-jardim, na qual os edifícios se localizam em áreas verdes
pouco densas.)
Conceito de URBANISMO
•
Assume desde logo um carácter multidisciplinar, porque ao estar
inserido no contexto próprio de uma sociedade em processo e em
constante crescimento demográfico, há necessidade de responder a
uma forte pressão de civilização e urbanidade, enfrentando os
problemas que são próprios de uma cidade.
•
Numa perspectiva simplista, o urbanismo corresponde à acção de
projectar e ordenar as cidades. No entanto, sob um ponto de vista mais
amplo, o urbanismo pode ser entendido como um conjunto de práticas
ou de ideias a aplicar na urbe.
•
Consiste num estudo e actividade multidisciplinar e complexa que
relaciona principalmente a arquitectura (no seu sentido mais comum),
com a arquitectura paisagística, com o design e a política.
•
O urbanismo necessita ainda da contribuição de várias áreas do
conhecimento, nomeadamente da ecologia, geologia, ciências sociais
geografia e outras ciências.
Conceito de URBANISMO
+
ECOLOGIA
ARQUITECTURA
ARQUITECTURA
PAISAGÍSTICA
GEOLOGIA
URBANISMO
CIÊNCIAS
SOCIAIS
DESIGN
POLÍTICA
GEOGRAFIA
+
Actividade
Análise crítica do tipo de urbanismo existe
no concelho da Lourinhã:
» características
» estruturas
» arquitectura
» saneamento
» planeamento
» ordenação
»…
Conceito de URBANIZAÇÃO
• Urbanização é um conceito geográfico que representa o
desenvolvimento das cidades. Neste processo, ocorre a construção
de casas, prédios, redes de esgoto, ruas, avenidas, escolas,
hospitais, rede eléctrica…
• A urbanização é uma das responsáveis pelo êxodo rural (saída das
pessoas do meio rural para as grandes cidades), porque implica o
deslocamento de um grande contingente de pessoas que se
movimentam da área rural para os centros urbanos (as cidades).
• Para que um país seja considerado urbanizado, a quantidade de
pessoas que vivem nas cidades deve ser maior a quantidade de
pessoas que vive do campo.
• A disciplina destinada ao estudo da urbanização
chama-se urbanismo.
Conceitos-chave de URBANIZAÇÃO
•
Municípios: são as divisões político-administrativas, sendo que o município
possui um governo próprio na sua área de actuação, compreendendo a parte
urbana e rural pertencente ao mesmo.
•
Cidade: é a sede do município. As actividades económicas nas cidades diferem
das do campo. As actividades do campo são normalmente centralizadas no
sector primário, enquanto nas cidades prevalece o sector terciário (envolve a
comercialização de produtos e a oferta de serviços) .
•
Regiões metropolitanas: É a união de dois ou mais municípios formando uma
grande malha urbana. É comum nas capitais ou grandes cidades dos países.
•
Verticalização: é a transformação arquitectónica de uma cidade, ou seja, a
mudança da forma horizontal das construções (casas), para a verticalização
(construção de prédios).
•
Segregação espacial: é o foco do poder público nas áreas onde a parcela da
população possui melhor poder de aquisição, e desinteresse pelas regiões
periféricas desprovidas dos serviços públicos.
•
Cidades formais: são cidades planeadas, que comportam rede de saneamento
básico e ruas orientadas para o suporte ao trânsito.
•
Cidades informais: são compostas pelas regiões periféricas onde não existem
infra-estruturas suficientes.
Actividade
Comente as seguintes máximas:
“A cidade não é a solidão porque a cidade aniquila tudo o
que povoa a solidão. A cidade é o vazio”
(La Rochelle)
“Os sentimentos mais genuinamente humanos logo se
desumanizam na cidade”
(Eça Queiróz)
“O valor das cidades modernas está em incentivarem em
nós o desejo de felicidade dos que sabemos que nelas
viveram e que sobre elas sentiram e amaram”
(Eduardo Prado Coelho)
Conceito de MOBILIDADE
• De forma sintética a mobilidade, nas ciências sociais, designa formas
de movimento de homens, bens ou ideias, sendo estes deslocamentos
influenciados pelas suas motivações, possibilidades e
constrangimentos.
• Esta mobilidade de circulação está então relacionada com
determinações individuais: vontades, motivações, esperanças,
limitações, imposições...
• A execução da mobilidade implica um conjunto de determinações,
nomeadamente possibilidades reais e virtuais apresentadas pela
sociedade e pelo espaço, ou seja, tem em consideração a organização
do espaço, as condições económicas, sociais e políticas, os modos de
vida, o contexto simbólico, as características de acessibilidade, o
desenvolvimento tecnológico, entre outros.
• A Mobilidade Urbana é então o resultado da interacção dos
deslocamentos de pessoas e bens entre si e com a própria cidade.
Conceito de PATRIMÓNIO
• A noção de Património nasceu na Revolução Francesa, com a tomada
de consciência de que as antigas possessões, mobiliárias e
imobiliárias, do poder real, da Igreja e da Nobreza não deveriam ser
destruídas, por serem símbolos do Antigo Regime, devendo antes
tornar-se bens da Nação e ser conservadas como tal.
• A noção de património foi por isso inicialmente aplicada ao monumento
histórico. O monumento é o elemento simbólico que traz em si a
memória de uma comunidade e encarna a sua história e os seus
valores de referência. Por definição, o monumento é excepcional e
precioso, exigindo uma atenção e um tratamento que preservem o seu
valor e o seu significado histórico.
• Contudo, apesar de seus aspectos positivos, a ampliação constante da
noção de património pode surtir três efeitos perversos:
a banalização
a exploração turística excessiva
a mumificação/ inutilização
Património Rural e Urbano
• O PATRIMÓNIO RURAL está
vinculado a imagens e modos
de vida peculiares.
• O Património Rural é uma
importante fonte da cultura
material e imaterial.
• Trata-se normalmente de
património não monumental,
relacionado com o trabalho
manual e com as valores das
sociedades tradicionais.
• Por isso mesmo, a sua
identificação e interpretação é
complexa, uma vez que está
caracterizada pela sua
singularidade.
• De modo geral, a noção de
PATRIMÓNIO URBANO
constitui-se contra o processo
de urbanização dominante,
numa relação de contínua
reinterpretação do que seria a
cidade antiga, em junção com a
cidade nova.
• A cidade antiga e as suas
ruínas, visitadas e
reclassificadas, permitem
unificar a história com a
actualidade, assim como
integram a arquitectura clássica
com a contemporânea num
todo unificado.
Actividade…
Eu Sou do Tamanho do que Vejo
Da minha aldeia veio quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de
todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos
nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema VII"
Conceito de Turismo
Actualmente, o turismo é uma das actividades em maior crescimento no
mundo. O avanço tecnológico dos meios de transporte, o aumento do poder
de compra, a acessibilidade de custos para viajar, como também a diminuição
do horário de trabalho e o aumento das horas de lazer são apenas alguns dos
factores que explicam o extraordinário crescimento das actividades turísticas
no mundo.
Embora não haja uma definição única do que seja Turismo, as
Recomendações da Organização Mundial de Turismo/Nações Unidas, definem
o de turismo como: "as actividades que as pessoas realizam durante as suas
viagens e permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de
tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros.”
Como tal, designa-se por “turista” o visitante que se desloca voluntariamente
por período de tempo igual ou superior a 24 horas para um local diferente da
sua residência e do seu trabalho, sem que tenha por motivação a obtenção de
lucro.
Entre 1950 e 1973 ocorreu o “boom” turístico
Conceito de TURISMO
O conceito de turismo está cada vez mais vasto,
abrangendo novas e diferentes áreas de atenção e
fruição. Entre estas destacam-se:
Turismo urbano
Turismo de rural
Turismo de habitação
Turismo cultural
Turismo de aventura
Turismo Urbano
• O turismo urbano caracteriza-se por corresponder ao turismo
efectuado em cidades ou noutros espaços urbanos.
• É sempre orientado para o contacto com as vivências nesses
espaços urbanizados e, em particular, para o seu património
histórico, cultural e artístico.
• Pode ser definido como a aglomeração de diversas actividades que
uma cidade tem para oferecer e que resulta de um afluxo de turistas.
• O turista urbano inclui vários tipos de turistas, como participantes em
congressos e eventos profissionais, culturais e desportistas,
apreciadores de edifícios históricos, viajantes a negócios, assim
como pessoas que visitam familiares/amigos.
Turismo rural
• É uma modalidade do turismo cujo objectivo é apresentar como
atracções fundamentais as plantações e culturas, nomeadamente
nas áreas do agronegócio.
• Pode também implicar o comprometimento com as actividades
agropecuárias, com a valorização do património cultural e natural,
bem como outros elementos da oferta turística no meio rural. Assim,
este turismo deve contemplar com a maior autenticidade possível os
produtos e práticas regionais (como o folclore, os trabalhos
manuais, a gastronomia…), e primar pela conservação do ambiente
natural.
• As actividades turísticas no meio rural incluem serviços como:
hospedagem
alimentação
recepção e visita às propriedades rurais
recreação, entretenimento e actividades pedagógicas vinculadas ao contexto
rural
outras actividades complementares, desde que praticadas no meio rural, que
existam em função do turismo ou que se constituam como motivo da visita.
Turismo de Habitação
• Corresponde a um serviço de alojamento prestado em casas antigas
particulares que, pelo seu valor arquitectónico, histórico ou artístico
são representativas de uma determinada época, sendo exploradas
pelos proprietários do imóvel e nele residentes. O elemento
significativo deste tipo de turismo é que as famílias ainda vivem nas
casas, dando ao turista uma visão mais profunda dos costumes e
modos de vida locais.
• Apresenta como conceito geral preservar as casas, a tradição, a
cultura, a arquitectura (quer clássica, quer rústica) e os modos de
vida tradicionais.
• As casas devem integrar-se nos estilos arquitectónicos típicos locais,
e os proprietários devem estar disponíveis para contar a história
local, bem como a história da casa; e dar informações sobre a
gastronomia local, festas, artesanato, tradições e locais de interesse
próximos.
Turismo de Habitação
São características fundamentais para o exercício do turismo
de habitação:
O estilo arquitectónico do edifício e a sua localização;
Decoração interior, mobiliário e preservação;
Valor histórico da casa;
Infra-estruturas/facilidades, ex.: piscinas, courts de ténis,
golfe, pesca, etc.
Proprietários afáveis: conhecimentos locais, de línguas…
Atmosfera, hospitalidade, tranquilidade;
Serviço: pessoal bem treinado;
Qualidade: refeições bem apresentadas, mudança diária de
lençóis, toalhas...
Turismo Cultural
• Está centrado na apreciação do património histórico-cultural e artístico
de uma determinada região e inclui áreas muito diversas, tais como,
arte, arqueologia, etnologia, património monumental e edificado,
gastronomia, festas, usos e costumes, património natural e agrícola,
cultura oral….
• têm sido desenvolvidas localmente pelo poder político novas ofertas
de lazer que passam, na sua maioria, pela criação de pequenos
núcleos museológicos e/ou museus, pela abertura de galerias de
exposições temporárias e pela valorização do património arqueológico
e etnográfico (com o restauro e de sítios arqueológicos e etnográficos,
tais como, moinhos, lagares, forjas e olarias...)
• Na implementação de um turismo cultural as visitas a museus,
exposições temporárias, sítios arqueológicos e unidades etnográficas
devem ser um complemento ao contacto directo com o meio
envolvente e com a população local, que é a principal detentora dos
usos, costumes e tradições.
Turismo Cultural
•
A Convenção para a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural,
aprovada pela UNESCO em 1972, estabeleceu um sistema de protecção
mundial do património cultural e natural de valor universal excepcional.
•
Actualmente esta Lista conta com 630 bens inscritos, entre os quais 11
bens portugueses: o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha; o
Convento de Cristo, em Tomar; o Mosteiro de Alcobaça; o Mosteiro dos
Jerónimos e a Torre de São Vicente de Belém, em Lisboa; os centros
históricos de Évora, do Porto e de Angra do Heroísmo; a paisagem cultural
de Sintra; os sítios de arte rupestre do Côa e a Floresta de Laurissilva, na
Ilha da Madeira.
•
Vantagens de preservação do património arquitectónico:
• Ajudar a encontrar novos usos para os edifícios do passado;
• Gerar um ambiente de tolerância e compreensão entre os povos pois, ao permitir
aos visitantes a descoberta de novas culturas e religiões, favorece o respeito por
essas realidades;
• A criação, nas comunidades de acolhimento, de um sentimento de orgulho pelo
seu património, o qual espelha a sua identidade;
• A valorização económica dos locais de visita, através da dinamização do
comércio e dos serviços, criando emprego e riqueza.
Turismo de aventura
• A palavra aventura — do latim adventurus ("o que advirá") remete para algo diferente, para o desafio, e para um certo
risco capaz de proporcionar a sensação de prazer, liberdade e
superação pessoal, que varia de acordo com a expectativa de
cada pessoa e com o nível de dificuldade de cada actividade.
• O Turismo de aventura compreende então o movimento de
turistas para a prática de actividades de aventura de carácter
recreativo, podendo ocorrer em qualquer espaço: natural,
construído, rural, urbano, estabelecido como área protegida ou
não.
• Algumas actividades relacionadas:
– Rafting, rapel, mountain bike, montanhismo, mergulho
autónomo, mergulho de apneia, moto4, arborismo,
exploração de cavernas, entre outras actividades.
Conclusão
O crescimento da demografia e das cidades
levou à urgência do surgimento do Urbanismo.
Por seu turno, foi a explosão urbanística que
provocou a mobilidade dos cidadãos, que se
deslocaram e deslocam ora da urbe para a
ruralidade, ora vice-versa, criando assim novas
formas de trabalho e potenciando o turismo, quer
urbano, quer em ambientes rurais.