Prezado Aluno,
Abaixo estão algumas dicas preciosas para você que enfrentará amanhã o Concurso
para Agente e Escrivão da Polícia Federal. Elaborei este material com o objetivo de
esclarecer possíveis dúvidas e sedimentar o seu conteúdo. Boa sorte!
Abraços, Prof. Eduardo Sabbag.
SOBRE A REDAÇÃO
Das ideias para o Texto
Enquanto para alguns o ato de redigir é fácil e natural, para outros representa um esforço hercúleo.
Não é incomum escutarmos algumas pessoas dizerem que têm várias ideias, mas que não conseguem
colocá-las no papel. Uma das razões para isso é que o pensamento humano é mais rápido do que a nossa
capacidade para redigir. Além disso, muitas vezes, as nossas ideias ainda não estão maduras o suficiente,
talvez por falta de reflexão, ou ainda não possuímos todas as informações necessárias para que seja
formado um raciocínio coerente.
Por essa razão, é indispensável que tenhamos um sistema capaz de nortear a transformação dessas
ideias esparsas em nossa mente para uma folha em branco. E é justamente nas modalidades redacionais
aqui estudadas que você encontrará as normas para a elaboração de um bom texto, claro e coerente.
Linguagem, Terminologia e Adequação
A linguagem é consequência de uma ação intencional do seu autor. Porém, por mais clara que o
autor acredite que a mensagem seja, devemos ter a consciência que o processo de comunicação envolve
mais de uma pessoa, e o destinatário da mensagem precisa entender exatamente a mensagem que foi
direcionada a ele para que o processo comunicativo se complete. É preciso que quem leia consiga
apreender a mensagem que o autor quis passar. Não há nenhuma utilidade em uma mensagem que esteja
clara e objetiva para o autor, mas que esteja confusa e obscura para aquele que a lê.
Qualquer modalidade de texto, do memorando à dissertação, deve sempre ter por referência a
necessidade de comunicação efetiva com os seus destinatários. Mas existem vários níveis de linguagem
entre o formal e o informal. Não falamos da mesma maneira, por exemplo, com um amigo próximo e com
um professor. A forma de tratamento e o vocabulário mudam conforme a situação exige. O veículo
também determina o nível da linguagem. No dia a dia, notamos que o discurso oral contém elementos
diferentes dos que caracterizam o discurso escrito. Por tudo isso, o ideal é que tenhamos conhecimento de
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quem é o nosso leitor ou destinatário da informação, para que possamos elaborar o conteúdo de forma
mais adequada à transmissão correta da mensagem.
Tipos e Vozes do Discurso
É importante que você saiba algumas classificações do Discurso. São dois os tipos discursivos: o
direto e o indireto. O discurso é direto quando são os personagens que se expressam de forma direta. O
narrador, durante a narrativa dá voz aos personagens, cedendo-lhes espaço, como em “(...) Creio que
trazia também colete, um colete de seda escura, roto a espaços, e desabotoado. – Aposto que não me
conhece, Sr. Dr. Cubas? disse ele.” Já o discurso indireto é aquele no qual não há diálogos e o narrador fala
como um intérprete dos personagens. Há discurso indireto, por exemplo, na modalidade discursiva
chamada Narração, como em “No dia seguinte, Quincas Borba acordou com a resolução de ir ao Rio de
Janeiro, tinha certos negócios...”. É também discurso indireto quando existe a intenção do autor de apenas
apresentar e transmitir as suas próprias ideias, de forma lógica e expositiva, como é o caso da modalidade
discursiva chamada Dissertação.
Quanto às vozes verbais do discurso, temos a voz ativa e a voz passiva. A voz ativa é aquela na qual
o sujeito pratica ou participa da ação denotada pelo verbo. Exemplos: João jogou futebol. Maria brincou de
boneca. Voz passiva é aquela na qual a ação expressa pelo verbo é recebida pelo sujeito. Exemplos:
Alugam-se casas. Os apartamentos são alugados pelos corretores.
Gêneros da Redação
Segundo o dicionário “Houaiss”, Redação é a ação ou o efeito de redigir, de escrever com ordem e
método. Ou seja, é praticamente tudo o que se escreve. No nosso cotidiano, temos contato
permanentemente com o ato de redigir, seja elaborando um e-mail, um bilhete, uma carta, um projeto,
entre outros. Em todas essas situações, utilizamos as chamadas “modalidades redacionais”, ou “categorias
de composição”. São três as principais: a Descrição, a Narração e a Dissertação. Basicamente, a Narração é
caracterizada pela temporalidade nos argumentos, a Dissertação pela racionalidade e a Descrição pela
espacialidade. Temos ainda uma quarta modalidade, que é a Carta. Porém, a Carta caracteriza-se por ter
uma forma mais livre, podendo haver em seu conteúdo os três gêneros principais de Redação
conjuntamente. O importante é termos consciência de que, na maioria das vezes, o texto redigido acaba
contendo todas as modalidades de redação. Daí a importância de dominarmos as principais modalidades
redacionais. Exemplificando: quando argumentamos sobre um ponto de vista e utilizamos exemplos para
dar força aos argumentos, valemo-nos da estrutura dissertativa no raciocínio e da estrutura descritiva nos
exemplos, sempre com o objetivo maior de convencer o interlocutor. Vamos nos ater à DISSERTAÇÃO,
modalidade que será cobrada na sua prova de amanhã.
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Dissertação
Dissertar é expor, de forma lógica, um raciocínio fundamentado por bons argumentos. É tratar de
um determinado assunto analisando-o objetivamente, por meio de um encadeamento lógico de ideias e
pela coerência na sua exposição. Podemos dizer, então, que a Dissertação expõe conceitos e raciocínios,
coloca-os em debate e os analisa com juízos de valor. Exige, para tanto, muita reflexão e raciocínio lógico.
Tem como estrutura mais comum o esquema introdução-desenvolvimento-conclusão, com 4 parágrafos,
sendo o primeiro parágrafo a introdução, o último a conclusão e os dois intermediários reservados para o
desenvolvimento dos argumentos. Mas essa divisão não é, de nenhum modo, cristalizada. Admite-se o uso
de quantos parágrafos forem necessários, desde que se obedeça a uma ordem de começo, meio e fim.
Vamos a algumas considerações:
Introdução: é a apresentação do tema. Geralmente, ocupa somente um parágrafo. Tem como
característica principal a apresentação da ideia central, por meio de uma sentença ou uma citação, que
deverá ser discutida e sustentada por argumentos nos parágrafos seguintes.
Desenvolvimento: é o corpo da redação. É neste trecho que aparecem as ideias e os argumentos do autor.
Pode ocupar vários parágrafos, nos quais são expostos raciocínios, exemplos e justificativas que dão
sustento à ideia central proposta na introdução, ou seja, à tese.
Conclusão: é a parte final da redação, na qual se resume o conteúdo desenvolvido, reafirmando-se os
argumentos expostos anteriormente, lançando uma perspectiva sobre o assunto. É, necessariamente, a
retomada da tese.
TÉCNICAS DE DISSERTAÇÃO
São técnicas consagradas que tornarão mais fácil a tarefa de escrever uma boa redação. Vamos a elas:
Interpretação da Proposta
A interpretação da proposta é um dos momentos mais importantes da sua redação. No momento
da redação, a primeira característica exigida do candidato é a capacidade de leitura e interpretação. E é a
capacidade de fazer uma boa leitura e uma interpretação coerente da proposta que dá ao candidato
condições de elaborar raciocínios alinhados aos que a banca examinadora deseja do pretendente. Sendo as
falhas e lacunas na interpretação da proposta uma das maiores causas de mau desempenho nas provas de
redação pelo país. Uma interpretação errônea pode colocar toda a sua preparação por água abaixo.
Portanto, vou dizer a você o que eu sempre digo em sala de aula: “Leia a proposta vinte vezes!”. E digo
mais: “Se você tem certeza de que entendeu qual é a proposta da banca, leia a proposta uma vez mais!”.
Nossa... Como isso é importante! A prova de redação não é, exclusivamente, uma prova de escrita. É,
também, uma prova de leitura. E fique certo de que o tempo gasto na análise correta da proposta
representará tempo ganho na elaboração da redação.
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A interpretação é um difícil exercício para o qual o candidato precisa estar bem preparado, inclusive
quanto ao aspecto psicológico. Muitas vezes, numa primeira leitura, tem-se a impressão de que o assunto
é complicadíssimo, e o desafio proposto pela banca é intransponível. Ideia essa que, certamente, será
desconstruída conforme se prossegue lendo e relendo calmamente os enunciados. De uma maneira geral,
as bancas são bem felizes na escolha dos temas, sempre atuais e razoavelmente polêmicos, necessários
para o desenvolvimento de uma boa redação. Mas há também as propostas ruins, e o candidato precisa
estar preparado para mais esse obstáculo, procurando extrair do enunciado a real intenção da banca.
Há um pequeno roteiro que pode auxiliá-lo neste momento da interpretação da proposta. Em
primeiro lugar, sublinhe as palavras mais importantes, as mais significativas do enunciado. Em seguida,
procure nos textos uma ou mais perspectivas sobre o tema – isso irá ajudá-lo a determinar uma linha de
raciocínio que você poderá adotar. Feito isso, tire os olhos do texto e reflita sobre a questão. Procure
trazer à tona todo o seu conhecimento a respeito do tema. Faça, então, uma lista em tópicos com as
principais ideias sobre o assunto. Isso tornará o trabalho de esquematização do texto muito mais fácil.
É importante que você saiba que o corretor sempre se utilizará como fundamento para a correção de
elementos que o possibilitem verificar se o candidato, efetivamente, leu e entendeu a proposta. Nessa
medida, é altamente recomendável utilizar dados oferecidos nos textos de apoio, utilizando-os na
argumentação, o que comprovará a sua leitura. Trabalhe com os elementos fornecidos e use-os de
maneira inteligente.
Organização de Ideias
Para uma boa redação, é fundamental que o candidato lance mão de um esquema, uma anotação,
um plano. Elaborar um plano é estabelecer uma ordem de desenvolvimento da exposição, já que este
esquema nada mais é do que uma previsão do texto. O plano é o mapa do texto, e deve estabelecer os
seus limites inicial e final. Neste plano, também serão definidos e delimitados os argumentos, as ideias e as
teses do texto. Por meio dele, o candidato tem acesso a uma visão panorâmica do seu texto, podendo
adaptá-lo e alterá-lo com mais facilidade, caso seja necessário.
Por vezes, durante a prova de redação, quando já estamos transcrevendo o texto, percebemos que
a nossa tese não tem argumentos suficientemente fortes que a sustentem. Mas, como já estamos no meio
do caminho, não há muito que ser feito a não ser terminá-la conforme o inicialmente planejado. Mudar a
tese no meio da redação pode trazer prejuízos ainda maiores. Daí a importância de se elaborar um roteiro
para a redação, que possibilite ajustes antes do início da transcrição. O plano ou roteiro pode ser uma lista
desorganizada de ideias, que só o seu autor decifra, ou pode ser um resumo bem organizado, seguindo
moldes consagrados. O importante aqui é que o esboço apresente raciocínio coerente.
Para facilitar a elaboração do plano, utilize-se de frases que sintetizam o raciocínio, por meio de
tópicos. Um esquema de redação bem elaborado deve prever, obrigatoriamente:
As partes do texto: introdução, desenvolvimento e conclusão;
As ideias centrais de cada parágrafo, delimitando o número de parágrafos para cada parte;
Possíveis desenvolvimentos das ideias utilizadas;
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Indicação de pesos para cada ideia, a fim de definir quais são as principais e quais são as secundárias.
Por fim, há dois cuidados fundamentais aos quais o candidato precisa ficar atento durante a
organização do texto e a definição das teses. Um primeiro diz respeito à Fuga do Tema. O outro se refere à
Abordagem de Teses Polêmicas. Vamos analisá-los:
Fuga do Tema
A Fuga do Tema é um dos maiores receios dos candidatos na provas de redação. Na ânsia de
surpreender, mostrar personalidade, expor argumentos com autoridade e se destacar em meio a centenas
de pretendentes, muitos candidatos acabam ultrapassando os tênues limites permitidos na argumentação,
adentrando em um terreno perigoso, já que a fuga do tema é severamente punida pelos corretores. Em
regra, textos nos quais é identificada a fuga do tema sequer são considerados para correção, recebendo
nota zero.
Porém, também existem limites mínimos para o desenvolvimento do tema. Se o candidato não
mostrar domínio das técnicas redacionais, utilizar-se exclusivamente dos argumentos fornecidos nos textos
de apoio e não adicionar conceitos próprios, deixando de associar ideias, corre o risco de receber uma nota
baixa, pois não demonstrou a desenvoltura intelectual esperada pela banca.
Sendo assim, nesta questão, o melhor mesmo é permanecer em um espaço intermediário entre o
linguajar muito simples e o linguajar extremamente sofisticado, entre o raciocínio pobre e o
demasiadamente complexo. O ideal é ficar no meio-termo, sem excessos, conforme ensinavam os gregos.
Ou, ainda, “nem 8, nem 80”, numa linguagem mais popular. Raciocínios muito simples não são adequados,
da mesma forma que argumentação erudita, porém deslocada do contexto, igualmente não o é.
É importante destacarmos que não se exige, nas redações de concursos, tratados enciclopédicos,
nem que surjam novos grandes poetas ou ilustres romancistas. É suficiente para um bom desempenho
uma redação coerente com a proposta, que contenha raciocínios lógicos, adequada à norma culta e que
seja dividida em começo, meio e fim.
Teses Polêmicas
Os concursos não têm exigido a elaboração de textos acerca de temas extremamente polêmicos,
como aborto, religião, descriminalização das drogas ou pena de morte. Mas, mesmo assim, o candidato
precisa estar preparado para essa esses temas, pois é exatamente a capacidade de defender um ponto de
vista com bons argumentos que a banca examinadora espera do autor da redação, seja qual for a sua
posição ideológica.
Não há problemas em defender a tese de que devamos ter uma única religião no Brasil, ou que o
Aborto vá contra as leis da natureza, mas desde que, de modo coerente e sensato, o candidato considere e
reflita também sobre os argumentos contrários e opostos aos seus. A argumentação por meio de dogmas,
como sendo verdades incontestáveis, não convence. O exigido aqui é o conhecimento dos pontos de vista
opostos, importando pouco para o examinador qual deles é adotado pelo autor do texto.
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Porém, isso não significa que não há limites para o que se escreve em uma redação. Deve-se
sempre levar em conta que o leitor da redação tem como base intelectual o senso comum, e não há
espaço para teses que, por exemplo, ofendam os direitos humanos. Nessa esteira, Racismo e Homofobia
são considerados inaceitáveis pelas bancas examinadoras e, certamente, receberão notas mínimas. Há que
se respeitar limites éticos e sociais em uma redação.
Do Rascunho ao Texto Final
Antes de iniciar a transcrição da sua redação, é necessário que já tenha em um rascunho, conforme
orientação anterior, o plano ou esquema da sua redação, ou seja, como você irá desenvolver a sua tese.
Com os tópicos em sequência lógica e coerente, e com todos os argumentos que servirão de sustento para
a sua tese, você já pode partir para a próxima etapa.
Há, aqui, uma bifurcação para você, meu caro amigo concurseiro. Dois são os caminhos à sua
frente, e somente a sua experiência como autor de textos, a sua condição psicológica e o seu domínio do
tema podem definir qual caminho tomar. Muitos me perguntam se é necessário fazer um rascunho do
texto integral da redação antes de transcrevê-lo para papel oficial. Tenho aqui duas respostas para você,
que dependem de alguns elementos. Caso você tenha o hábito da escrita, domine o tema da redação e se
sinta confortável e tranquilo no momento da prova, não é necessária a elaboração de um rascunho integral
do texto. Somente com o esquema por tópicos, ensinado anteriormente, você poderá se sair muitíssimo
bem na redação.
Mas, atenção!!! Você só deve escolher esse caminho se já tem amplo domínio da palavra escrita.
Um argumento sem conexão com o texto ou erros de gramática podem tirar valiosos pontos na hora da
correção, já que, mesmo que você perceba o erro, já não há possibilidade de grandes alterações após a
transcrição do texto no papel oficial. Ah... esse método também é indicado quando o candidato já não
dispõe de muito tempo para elaboração da Redação, pois deixou a redação para o final e alongou-se na
resolução do restante da prova.
Por outro lado, se você é mais cauteloso, tem tempo disponível na prova e não tem o hábito da
escrita, use o rascunho integral!!! É nele que você encontrará os erros estilísticos, gramaticais e lógicos do
texto, podendo corrigi-los antes de transportar o conteúdo para o espaço oficial, fazendo com que a sua
redação seja tão boa quanto àquela do indivíduo que tem amplo domínio da palavra escrita.
Revisão
Chegamos ao último estágio da Redação: a Revisão. Neste momento, a maior parte do trabalho já
foi feita e resta a você, candidato, buscar eventuais falhas no texto. A revisão terá mais eficácia para o
candidato que se utiliza do rascunho integral, já que aquele que faz a redação diretamente no papel oficial
não pode se dar ao luxo de grandes alterações no texto.
Uma vez que a redação esteja na folha oficial, resta ao candidato verificar se há pequenos erros
gramaticais, se a pontuação está nítida e correta e se uma ou outra palavra não está adequada ao
contexto. E só! Embora uma rasura isolada não configure um erro no texto, o excesso de rasuras trará um
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desequilíbrio estético à redação, desequilíbrio esse que certamente será, de forma negativa, levado em
consideração pelo corretor na hora da nota.
Já para o aluno que tem por hábito fazer o rascunho integral da redação antes da transcrição final
do texto, a revisão tem muito mais funções, já que pode servir para identificar e corrigir, além dos casos já
descritos anteriormente, inconsistências quanto à clareza e à fluidez do texto. Pode-se, ainda, retirar
palavras ou frases irrelevantes, acrescentando outras mais adequadas. E, se for o caso, estabelecer nova
disposição de argumentos, caso o candidato conclua que tal sentença gere mais efeito em outro ponto do
texto. Enfim, neste caso a revisão proporcionará mais possibilidades de mudanças.
A seguir, comentarei alguns temas, além apresentar-lhes um texto elaborado por mim,
recentemente, em sala de aula, para exemplificar-lhes a organização de um texto dissertativo.
PRÁTICA DA REDAÇÃO
REDAÇÃO COMENTADA:
A partir das ideias contidas no texto destacado abaixo, componha um texto argumentativo sobre os temas:
O conceito de liberdade é tão vago e subjetivo quanto o de felicidade ou propriedade, o que
torna essa discussão interminável. Não vale a pena, então, enfrentá-la e podemos admitir que
liberdade, felicidade e propriedade são indefiníveis. Todos sabem que existem e almejam encontrálas quando sentem que lhes faltam. Portanto, ao falarmos de liberdade, propriedade e, talvez,
felicidade, todos sabem do que estaremos falando. Sem discutir o conceito, portanto, vamos entrar
no coração dessa liberdade e procurar saber, em primeiro lugar, da liberdade de quem estão
falando a modernidade, o Estado e o Direito.
Os animais que viviam livres nos pastos, nas matas ou nos prados, e as plantas que
disputavam o lugar ao sol ou à sombra com a liberdade que suas raízes lhe proporcionam, viram
com horror a chegada do machado de ferro, do arado e dos sucedâneos químicos que transformara
a agricultura em espaço territorial proibido às plantas e animais livres. Assim, esta liberdade é
humana, em detrimento da liberdade de todos os outros seres. A natureza, para a modernidade,
deixou de ser livre?
TEMA 01:
1º ENFOQUE: “A liberdade do cidadão: utopia no mundo contemporâneo?”
(Jornal do Brasil - Idéias? - 16-09-2000)
2º ENFOQUE: “Inventou-se o Estado para ser o guardião da liberdade. Mas de que liberdade,
exatamente?”
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Comentário - Resolução:
O tema exigiu do candidato que se posicionasse, enfocando a liberdade do cidadão como utopia ou
como realidade no mundo contemporâneo, através de um texto dissertativo.
Caso optasse pelo primeiro enfoque, deveria o candidato buscar dados significativos na sociedade
em que vive a fim de fundamentar o seu ponto de vista. A título de sugestão, eis alguns dados:
Num mundo globalizado, em que a lei do mercado se sobrepõe às demais, os direitos individuais,
educação, saúde, moradia etc., subordinam-se aos interesses econômicos. O individuo perde, cada vez
mais, a sua liberdade de escolha, já que, no mundo contemporâneo os produtos de consumo, inclusive os
culturais, são impostos através de mecanismos persuasivos muito eficazes. O avanço tecnológico tem
possibilitado a invasão da privacidade dos indivíduos, tanto no plano socioeconômico quanto no íntimo,
familiar. Assim, a vida privada das pessoas facilmente torna-se pública.
Enfocando o tema da liberdade como uma realidade no mundo contemporâneo, o candidato
poderia apresentar os seguintes dados:
As facilidades da vida moderna permitem ao homem um amplo exercício da sua liberdadefacilidade de deslocamento, conhecimento de outras culturas, diversidade de informações e,
consequentemente, maior possibilidade de escolhas. A predominância de regimes democráticos no mundo
contemporâneo proporciona a um número maior de indivíduos a conquista da liberdade de ação.
A troca rápida de informações no mundo globalizado gera indivíduos mais seguros de seus direitos e aptos
a exercer a sua liberdade de escolha. Seria possível, também, abordar o tema, considerando, sob alguns
aspectos, a liberdade como utopia e, sob outros aspectos, como realidade no mundo contemporâneo. O
importante seria o candidato se apoiar em argumentos convincentes e em dados concretos do mundo
enfocado.
PRESTE ATENÇÃO A ESTE PALPITE SOBRE PROPOSTA DE TEMA!
Agora um palpite acerca do tema a ser cobrado na sua prova amanhã. Todos nós temos acompanhado a
agitação do cenário político e econômico em nosso país por conta da exploração do petróleo no
denominado PRÉ-SAL. Representará um enorme desenvolvimento ao País, sobretudo aos Municípios a que
pertencem as zonas de exploração. Refletindo sobre a questão chego a uma indagação, que penso eu ser
um potencial tema da sua prova: Desenvolvimento traz Prosperidade?
Veja duas propostas de redação da Universidade de Londrina, acerca do tema:
TEMA 1
Pagam o preço do progresso aqueles que menos desfrutam dele.
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TEMA 2
“A preguiça é a mãe do progresso; se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a
roda.” (A frase é do escritor Mário Quintana. Trata-se apenas de um pensamento bem-humorado ou de
uma antiga verdade, que a tecnologia moderna vem confirmando?)
Como reforço da tese ventilada, observe abaixo a redação comentada:
Leia os trechos abaixo e elabore uma dissertação:
(Caulos, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1978)
Conter a destruição das florestas se tornou uma prioridade mundial, e não apenas um
problema brasileiro. (...) Restam hoje, em todo o planeta, apenas 22% da cobertura florestal
original. A Europa Ocidental perdeu 99,7% de suas florestas primárias; a Ásia, 94%; a África, 92%; a
Oceania, 78%; a América do Norte, 66%; e a América do Sul, 54%. Cerca de 45% das florestas
tropicais, que cobriam originalmente 14 milhões de km quadrados (1,4 bilhão de hectares),
desapareceram nas últimas décadas. No caso da Amazônia Brasileira, o desmatamento da região,
que até 1970 era de apenas 1%, saltou para quase 15% em 1999. Uma área do tamanho da França
desmatada em apenas 30 anos. Chega. (Paulo Adário, Coordenador da Campanha da Amazônia do
Greenpeace)
Embora os países do Hemisfério Norte possuam apenas um quinto da população do planeta,
eles detêm quatro quintos dos rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% dos metais
e 85% da produção de madeira mundial.(...) Conta-se que Mahatma Gandhi, ao ser perguntado se,
depois da independência, a Índia perseguiria o estilo de vida britânico, teria respondido: "(...) a GrãBretanha precisou de metade dos recursos do planeta para alcançar sua prosperidade; quantos
planetas não seriam necessários para que um país como a Índia alcançasse o mesmo patamar?" A
sabedoria de Gandhi indicava que os modelos de desenvolvimento precisam mudar. O planeta é um
problema pessoal. – (Desenvolvimento Sustentável)
De uma coisa temos certeza: a terra não pertence ao homem branco; o homem branco é que
pertence à terra. Disso temos certeza. Todas as coisas estão relacionadas como o sangue que une
uma família. Tudo está associado. O que fere a terra, fere também os filhos da terra. O homem não
tece a teia da vida; é antes um de seus fios. O que quer que faça a essa teia, faz a si próprio. (Trecho
de uma das várias versões de carta atribuída ao chefe Seattle, da tribo Suquamish. A carta teria
sido endereçada ao presidente norte-americano, Franklin Pierce, em 1854, a propósito de uma
oferta de compra do território da tribo feita pelo governo dos Estados Unidos). PINSKY, Jaime e
outros (Org.). História da América através de textos. 3ª ed. São Paulo: Contexto, 1991.
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Estou indignado com a frase do presidente dos Estados Unidos, George Bush.
“Somos os maiores poluidores do mundo, mas se for preciso poluiremos mais para evitar uma
recessão na economia americana”. R. K., Ourinhos, SP. (Carta enviada à seção Correio da Revista
Galileu. Ano 10, junho de 2001).
Com base na leitura dos textos, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema:
Desenvolvimento e preservação ambiental: como conciliar os interesses em conflito?
Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao
longo de sua formação. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e opiniões para defender o seu
ponto de vista, elaborando propostas para a solução do problema discutido em seu texto. Suas propostas
devem demonstrar respeito aos direitos humanos.
Comentário - Resolução:
A proposta para a redação é muito interessante. Antes de elaboração do texto são apresentados ao
aluno vários textos de outros autores visando à contextualização e motivação para depois partir para a
elaboração do texto. Escrever partindo do nada é muito difícil mesmo já conhecendo sobre o assunto. A
questão é bem objetiva e esclarecedora quanto ao que é esperado do texto produzido pelo aluno. Ela trata
de um tema muito popular, a questão ambiental. Porém, a partir desse tema bastante amplo, opta-se por
uma questão bastante específica, o desenvolvimento sustentável.
Após identificar o caminho pelo qual deve ser desenvolvida a dissertação, é necessário observar as
especificações da proposta: não utilizar forma poética ou narrativa, elaborar propostas para o problema
discutido no texto (que devem levar em conta os direitos humanos) e defendê-las com argumentos. Ou
seja, para cada ideia a ser desenvolvida, você deve encontrar elementos que a comprovem. Lembre-se,
então, de limitar seu texto. Encontre um caminho para discutir ou um tópico para abordar e desenvolva-o
com profundidade.
A partir da delimitação do tópico, você deve escolher argumentos que possam ser comprovados.
Isso significa que o texto não deve apresentar aquelas frases de senso comum, ou chavões. Lembre-se:
argumentar é um caminho para convencer alguém, por isso encontre dados que comprovem a sua ideia.
Alguns dados podem ser encontrados nos textos de apoio; utilize-os. Depois de levantar o problema e
demonstrar os riscos disso e daquilo, elabore uma proposta. Claro que elaborar uma proposta para um
problema que envolve o mundo inteiro não é nada fácil, mas, ao longo de sua vida, você ouviu ou leu
muita coisa sobre preservação ambiental. Essa experiência, com certeza, fez com que você formasse sua
própria opinião; defenda-a. A solução desse tipo de problema fatalmente recai sobre a questão do próprio
conceito de desenvolvimento que se tem hoje. Então, qual seria esse novo conceito? Essa é uma boa
alternativa para abordagem.
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Finalmente, lembre-se de que seu texto vai ser lido por alguém que não necessariamente concorda
com você, portanto seja convincente. Para isso, você deve ser realista e levar em conta as diferenças.
Sempre que você conversa com alguém e tenta convencê-lo de algo, leva em conta a posição desse
indivíduo. Se você lembrar que está falando para um outro, sua redação, naturalmente, vai se encaixar
numa das exigências da proposta: respeito aos direitos humanos.
Mais um palpite...
Outro tema que pode transitar na prova discursiva é aquele ligado à honestidade e ao comportamento.
Veja a proposta de redação abaixo:
(ITA-SP) Redija uma dissertação (em prosa, de aproximadamente 25 linhas) sobre o tema: A ocasião faz o
ladrão?
Para elaborar sua redação, você poderá valer-se, total ou parcialmente, dos argumentos contidos nos
excertos abaixo, refutando-os ou concordando com os mesmos. Não os copie. (Dê um título ao seu texto.
A redação final deve ser feita com caneta azul ou preta.)
1) (...) muito se reclama no Brasil da corrupção pública, que vai do guardinha de trânsito ao deputado
federal. A corrupção privada, no entanto, é igualmente difusa e danosa, embora ninguém pareça
escandalizar-se demais com ela. Quando vou ao Brasil, freqüento jornalistas, cineastas, publicitários, e é
impressionante a quantidade de histórias de corrupção privada que eles têm a contar. Na maior parte dos
casos, são atravessadores que faturam uma bonificação para cada transação comercial que executam.
Acredito que em outros campos de trabalho se verifiquem fatos análogos. Se, em vez de jornalistas,
cineastas e publicitários, eu freqüentasse fabricantes de parafusos ou importadores de máquinas agrícolas,
acho que acabaria ouvindo o mesmo número de histórias de corrupção. (Diogo Mainardi. Veja, 5/7/2000.)
2) No Brasil uma pessoa já é considerada honesta apenas porque é medíocre em sua desonestidade.
(Millôr Fernandes. Folha de S. Paulo, 30/7/2000.)
3) Não há povos mais ou menos predispostos à desonestidade. Há sim, sistemas mais permissivos, mais
frouxos, mais corruptos, nos quais ela encontra terreno fértil para plantar suas raízes profundas — o que
estaria ocorrendo no Brasil. (IstoÉ, 20/5/1992.)
4) Os excertos abaixo foram extraídos da matéria “O bloco dos honestos”, publicada em IstoÉ de
20/5/1992, e adaptados. (A moeda na época era o Cruzeiro.)
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G. B. P. — Funcionária do Metrô de São Paulo
– Salário mensal de Cr$ 640 mil; entre suas funções recolhe roupas doadas para os pobres.
– Trabalhando solitariamente numa sala, encontrou US$ 400* no bolso de um casaco que lhe foi
entregue.
– Passou o dinheiro a seu chefe, que aguarda o verdadeiro dono.
(*)US$ 400 correspondia a um pouco mais que o dobro do salário da funcionária, na época.
C. A. — Camareira de hotel
– Ganha mensalmente Cr$ 390 mil, trabalhando 10 horas por dia.
– Entrega à gerência dólares, relógios e jóias esquecidos pelos hóspedes.
– Sua receita para a honestidade é “não dar chance à tentação”.
H. H. F. — Fiscal Aduaneiro
– Cr$ 3 milhões de salário mensal, fiscalizando a fronteira Brasil-Paraguai.
– Por suas mãos passam diariamente US$ 10 milhões em guias de exportação.
– Irredutível, declara: “A corrupção não compensa, tampouco constrói”.
J. A. S. — Engenheiro
– Salário de Cr$ 2 milhões por mês, examinando loteamentos fora da lei.
– Já interditou mais de 60 empreendimentos imobiliários irregulares.
– Diz que o menor diálogo com “a pilantragem termina em corrupção”.
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INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS PARA UMA LEITURA POSTERIOR:
1. GRAMÁTICA E DICIONÁRIOS
- Uma Gramática da Língua Portuguesa;
(A escolher: Cegalla; Celso Cunha; Evanildo Bechara; Faraco &Moura)
- DICIONÁRIOS: AURÉLIO ou HOUAISS (grandes)
- VOLP – Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa - 5ª edição/2009 (www.academia.org.br)
- "Dicionário de Dificuldades";
Sugestão: DICIONÁRIO DE DIFICULDADES DA LÍNGUA PORTUGUESA, Domingos Paschoal Cegalla, Edição de Bolso,
Editora L&PM Pocket.
2. LIVROS ESPECÍFICOS PARA REDAÇÃO EM CONCURSOS E VESTIBULARES:
- REDAÇÃO LINHA A LINHA, Thaís Nicoleti de Camargo, Editora Publifolha;
- TÉCNICA DE REDAÇÃO - O que é preciso saber para escrever bem, Lucília H. do Carmo Garcez, Editora
Martins Fontes;
- CURSO DE REDAÇÃO, Antônio Suárez Abreu, Editora Ática;
- ENCICLOPÉDIA DO ESTUDANTE, vendida pelo jornal “Estado de São Paulo”. VOLUME 8 - REDAÇÃO E
COMUNICAÇÃO.
- A ARTE DE ESCREVER BEM - Um guia para jornalistas e profissionais do texto - Dad Squarisi e Arlete
Salvador. Editora Contexto.
- ESCREVER É FÁCIL – Um método infalível para melhorar a sua redação – Alexandre Raposo – Editora
Record
- Revista Língua Portuguesa Especial - REDAÇÃO - O seu futuro em 30 linhas. Editora Segmento.
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3. BIBLIOGRAFIA AVANÇADA (APRIMORAMENTO DA ESCRITA):
COMUNICAÇÃO EM PROSA MODERNA. Othon M. Garcia. Editora FGV.
4. LIVROS DO PROFESSOR SABBAG
- “Redação Forense e Elementos da Gramática”
Editora Premier Maxima
3ª edição
- Audiolivro - “Redação para Concursos e Vestibulares”
Editora Saraiva
Previsão de lançamento: NOVEMBRO / 09
- A Redação para Concursos e Vestibulares – Técnica e Treino
Editora Saraiva
Previsão de Lançamento: INÍCIO de 2010
 AGUARDEM ESTE GRANDE LANÇAMENTO!!!
5. CONTATO COM O PROFESSOR SABBAG
Material de Apoio (artigos, dicas, instruções extras...)
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Prezado Aluno, - Professor Eduardo Sabbag