COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
II. Elementos que influenciam a compra
1. Condicionantes internos explicativos do comportamento do
consumidor
1.1 Necessidades, motivações e desejos
1.1.1 A carência
1.1.2 A necessidade
1.1.3 As motivações
1.1.4 Os desejos
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
II. Elementos que influenciam a compra
Quando realizamos uma compra, dependendo do produto que queremos adquirir,
podemos desenvolver diferentes mecanismos de decisão. No entanto, existe um
factor comum a todos os mecanismos de decisão: a influência que exercem sobre
esse processo variáveis internas ou externas. A sua influência é tanto maior quanto
mais complexa é a tomada de decisão de compra.
As variáveis internas e externas poderão ser de vária ordem:
Estruturas internas do consumidor
Estruturas externas do consumidor
Carência
Economia
Necessidade
Demografia
Motivação
Cultura
Desejos
Classes sociais
Percepção
Grupos sociais
Atitude
Grupos de referência
Aprendizagem
Família
Personalidade
Líderes de opinião
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1. Condicionantes internos explicativos do comportamento do consumidor
Qualquer um de nós pode fazer uma lista de objectos desejados e pelos quais
estaríamos dispostos a fazer sacrifícios. Diz-se que a pessoa que está nesta
situação está motivada. No campo das Ciências Sociais, encontramos vários termos
como necessidades, desejos, impulsos, instintos, motivações... Para o mesmo
estado de espírito. No entanto, nem todos os termos são sinónimos, mas todos se
aplicam a uma força interna que influencia o comportamento do indivíduo com o
objectivo de procurar um qualquer tipo de satisfação. O ponto de vista do estudo do
comportamento do consumidor consiste em identificar as forças e mecanismos
subjacentes a estas forças.
Os investigadores propuseram uma visão homeostática do ser humano: em estado
de repouso, o indivíduo encontra-se em equilíbrio e não orienta o seu
comportamento para nenhuma acção em particular. Mas o equilíbrio pode quebrarse devido a um estímulo, interno ou externo. Neste caso, o indivíduo dá origem a
um conjunto de comportamentos susceptíveis de satisfazer essa necessidade
emergente. Uma vez cumprido esse objectivo, a tensão desaparece e volta ao
estado de equilíbrio.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1. Condicionantes internos explicativos do comportamento do consumidor
Apesar de todos os investigadores estarem de acordo no que se refere à
existência de forças internas que interferem no comportamento do
indivíduo, divergem quando se trata de identificar a natureza e dinâmica
destes processos.
Divergem também quanto à utilização de conceitos: carências,
necessidades, motivações, desejos e implicações... Apesar daqueles
conceitos terem significados sinónimos, não não iguais. Podemos agrupar
todas as teorias seguintes num grande grupo teórico, que estuda as forças
internas que influem no comportamento do consumidor – as teorias da
motivação.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1 Necessidades, motivações e desejos
Todos nós, em diferentes momentos ao longo da vida sentimos
carências... Sentimos que precisamos de preencher um vazio ou
insuficiência. A partir desse momento temos uma necessidade, que
tentaremos satisfazer da forma mais rápida e eficiente possível. Quando a
exigência de satisfação é muito elevada procuramos toda a informação
que for preciso para alcançar o nosso objectivo, de maneira que aparece
em nós uma motivação. Após aquela fase, a nossa necessidade adquire
um nome, ou seja, percebemos que a nossa carência só pode ser satisfeita
com um determinado produto concreto, aqui já estamos perante os
desejos.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.1 A carência
A carência pode definir-se como uma deficiência fisiológica sentida de forma
irracional que se não for satisfeita pode pôr em perigo a vida do indivíduo.
Em muitas ocasiões confunde-se o conceito de carência com o de necessidade,
o que conduz a muitos erros em termos de marketing. Pois, o que em algumas
sociedades pode parecer uma necessidade básica, noutras não será encarada
como tal, não se considerando que aquela necessidade é essencial à
sobrevivência.
A carência afecta o nível mais básico da vida do indivíduo, está ligada à
componente mais irracional e animal que existe em nós. Assim podemos
distinguir vários tipos de carência:
Movimento
Alimentos
Líquidos
Ar puro
Descanso
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.2 As necessidades
Quando se chega a um determinado grau de carência, quando esta é muito
intensa, transforma-se numa necessidade.
A carência transformar-se-á em necessidade dependendo da resistência de cada
indivíduo e das suas experiências no que respeita à satisfação de determinadas
necessidades.
As necessidades têm uma raiz biológica, mas podem estar condicionadas pelo
meio social. O que é considerado necessário num país, pode não ter
importância nenhuma noutro.
O marketing actua sobre as necessidades criando produtos para satisfazê-las,
portanto deve estar dependente do mercado para detectar as novas
necessidades que possam surgir.
Por outro lado, as necessidades constituem a base do posicionamento do
produto. Serão as necessidades os factores orientadores dos objectivos da
publicidade e da comunicação da empresa.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.2 As necessidades
Freud foi, provavelmente o primeiro investigador a ressalvar a
importância da não-racionalidade do homem dando conta das
motivações inconscientes não directamente observáveis mas
dedutíveis através de análise que podem influenciar o comportamento
humano.
Segundo Freud a criança vem ao mundo movida por desejos
instintivos os quais se esforça por satisfazer através de diferentes
meios, como gritos ou mímica. A criança dá-se conta rapidamente que
não pode obter uma satisfação imediata das suas necessidades. O
estado de frustração leva-a a pôr em acção mecanismos mais subtis de
gratificação. À medida que cresce, o seu funcionamento psíquico
complexifica-se. Uma parte do seu ser psíquico continua a ser o lugar
das motivações e impulsos internos, Outra parte, o “eu” constitui-se
como centro da busca de “saídas” que podem levar à satisfação das
suas necessidades. Uma terceira parte, o “super eu” canaliza os
instintos em manifestações socialmente aceitáveis, com o objectivo de
evitar sentimentos de culpabilidade ou de vergonha.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.2 As necessidades
A culpabilidade e a vergonha que um indivíduo experimenta em relação
aos seus desejos, e particularmente aos desejos sexuais, provoca a
repressão daqueles .
Os desejos são, então negados ou expressos através de processos da
projecção, que consiste em querer ser como as pessoas pelas quais
temos admiração. Podem ser também expressos em processos de
sublimação que consistem em deslocar uma descarga de energia num
terreno aceite socialmente.
A influência da perspectiva freudiana no marketing e na publicidade
tem sido considerável, ao nível das ideias e dos métodos. No terreno
comercial, o mérito das teorias deste autor foi o de tornar relevante a
dimensão simbólica e não só funcional do consumo.
As pessoas não compram os produtos apenas pelas suas prestações
mas também pelo que significam socialmente pela sua forma, cor,
nome/marca...
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.2 As necessidades
Muitos dos discípulos de Freud conservaram a noção das motivações
inconscientes (necessidades) mas centraram-se em instintos
diferentes dos apontados pelo autor, nomeadamente os sexuais.
Adler, por exemplo ressalvou a importância do complexo de
inferioridade, nascido do estado de dependência que caracteriza a
primeira infância.
Horney assinalou o papel importante que desempenha a ansiedade.
Estes estudos motivacionais trouxeram ao comportamento do
consumidor informações importantes. Estudos revelaram que a
compra de automóveis desportivos esconde um complexo de
inferioridade, ou que compramos produtos de marcas conhecidas para
diminuir o risco de compra.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.2 As necessidades
Nos finais dos anos 30, o psicólogo Henry Murray propôs uma lista de
28 necessidades fundamentais, das quais as mais importantes são:
1.
Necessidade de adquirir: desejo de possuir produtos ou serviços;
2.
Necessidade de realização: de superar obstáculos, de exercer
responsabilidades, de lutar para conseguir algo a longo prazo...
3.
Necessidade de exibição: desejo de atrair a atenção dos outros, de
emocionar, de surpreender...
4.
Necessidade de dominar: influenciar ou controlar os outros, persuadir,
proibir, dirigir, de organizar a vida em grupo...
5.
Necessidade de afiliação: necessidade de fazer amigos, de pertencer a
grupos...
6.
Necessidade de brincar/divertir: evitar tensões através do divertimento;
7.
Necessidade de ordem: necessidade de organizar, de ser limpo, de ser
preciso e escrupuloso...
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.2 As necessidades
Nos finais dos anos 30, o psicólogo Henry Murray propôs uma lista de
28 necessidades fundamentais, das quais as mais importantes são:
8. Necessidade de reconhecimento: necessidade de suscitar favores,
de ressaltar os seus valores, de procurar distinção...
9. Necessidade de deferência: necessidade de admirar e seguir por
vontade própria um superior, de cooperar com um líder, de servir;
10. Necessidade de autonomia: desejo de resistir a influências ou
coacções, de desafiar a autoridade e de procurar a liberdade;
11. Necessidade de agressão: atacar e injuriar, de provocar dano, de
acusar, de castigar...
Este tipo de listas são bastante úteis. Propõem pistas explicativas do
consumo de produtos, ou também para analisar a estrutura de um
mercado.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.2 As necessidades
Das múltiplas classificações que se realizaram sobre as necessidades, a mais
simples e conhecida é a de Abraham Maslow. O autor procurava explicar
porque certas necessidades impulsionam o ser humano num momento
determinado. Este facto levou-o a estabelecer uma hierarquia entre elas.
As necessidades segundo Maslow, aparecem de forma sucessiva, começando
pelas mais elementares ou inferiores, de tipo fisiológico. À medida que se vão
satisfazendo em determinado grau, vão aparecendo outras de nível superior, de
natureza mais psicológica. O acesso dos indivíduos às necessidades de nível
superior depende do seu nível de bem-estar. Todas as pessoas têm
necessidades básicas, no entanto, não significa que cheguem a ter
necessidades de auto-realização.
Por outro lado, a ordem que Maslow estabelece não é totalmente rigorosa, já
que pode dar-se o caso de haver indivíduos que preferem sacrificar a satisfação
de necessidades básicas por outras de ordem superior.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.2 As necessidades
A teoria de Maslow baseia-se em três hipóteses:
1.
O indivíduo tem numerosas necessidades. Estas são de importância
diferente e podem ser hierarquizadas.
2.
O indivíduo procura em primeiro lugar a satisfação da necessidade que lhe
parece mais importante.
3.
Uma necessidades deixa de existir (pelo menos durante algum tempo)
depois da sua satisfação e o indivíduo procura, neste caso, a satisfação da
necessidade seguinte.
O autor propõe a seguinte classificação das necessidades:
1.
Necessidades fisiológicas
2.
Necessidades de segurança
3.
Necessidades de pertença
4.
Necessidades de estima
5.
Necessidades de auto-realização.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.2 As necessidades
Maslow distingue cinco tipos de necessidades:
Hierarquia das necessidades segundo Maslow
AUTO-REALIZAÇÃO
Necessidades para a realização
pessoal
ESTIMA
Necessidades para auto-respeito, reputação e
prestígio
PERTENÇA E AMOR
Necessidades de afecto, pertença a um grupo e
aceitação
SEGURANÇA
Necessidades de protecção, ordem
FISIOLÓGICAS
Necessidades de alimentação, movimento, descanso
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.2 As necessidades
Necessidades fisiológicas
São as primeiras que aparecem no ser humano. A sua satisfação é fundamental
para a sobrevivência do indivíduo. Muitas delas são ignoradas porque são
quotidianas, porém, são a base de muitas actividades económicas, e não se
podem satisfazer põem em perigo a vida do indivíduo. Têm uma
correspondência com as carências e são as seguintes:
Necessidade de movimento: é básica para a sobrevivência tanto na sua
dimensão inconsciente como consciente.
Necessidade de ar puro: a satisfação da necessidade de respirar é feita de
forma inconsciente, porém não é menos importante.
Necessidade de alimentação: é uma das necessidades mais evidentes.
Necessidade de temperatura adequada: é a necessidade de abrigo para certas
zonas mais frias ou de ventilação nas zonas mais quentes.
Necessidade de descanso: esta função permite ao organismo recuperar as
energias que gastou durante o dia e descansar tanto física como mentalmente.
Necessidade sexo: apesar de não ser uma necessidade básica para a
sobrevivência do indivíduo é-o para a sobrevivência social pois determina a
sobrevivência da espécie. Assumiu uma grande importância para a publicidade.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.2 As necessidades
Necessidades de segurança
Estas necessidades aparecem quando as anteriores estão satisfeitas.
Não procuram a satisfação imediata, mas centram a sua satisfação no
futuro. Têm a ver com o facto de o ser humano procurar, de todas as
formas, preservar a sua integridade física e psicológica.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.2 As necessidades
Necessidades de pertença e amor
Uma vez satisfeitas, em certa medida as necessidades fisiológicas e de
segurança, surgem as afectivas. Estas necessidades levam o indivíduo
a relacionar-se com os outros membros da sociedade, procurando
afecto ou algum tipo de relacionamento com o outro.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.2 As necessidades
Necessidades de estima
Como afirma Maslow, todas as pessoas normais sentem a necessidade
ou desejo de uma avaliação estável, firmemente baseada e alta da sua
personalidade, necessitam de auto-respeito e de apreço dos outros.
Estas necessidades levam, por um lado, a um desejo de força,
realização,
suficiência,
domínio,
competência,
confiança,
independência e liberdade; e por outro, a um desejo de prestígio,
reconhecimento, importância ou apreço.
Maslow argumenta que a satisfação destas necessidades conduz a
sentimentos de auto-confiança, de ser útil e necessário. Mas a
frustração das mesmas produz sentimentos de inferioridade,
debilidade que, por sua vez, dão lugar a reacções desanimadoras e
inclusivamente neuróticas.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.2 As necessidades
Necessidades de auto-realização
É o nível mais alto das necessidades que só será atingido, segundo o
autor, depois das necessidades fisiológicas, de segurança, de pertença
e de estima, encontrarem, de certa forma uma satisfação aceitável.
Supõe a realização integral do potencial próprio. Pode manifestar-se
tanto em aspectos de desenvolvimento físico, como psicológico ou
social.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.3 As motivações
Em muitas ocasiões, através dos esforços de marketing, uma
necessidade que não tinha sido ainda reconhecida pelo indivíduo de
forma consciente, pode tornar-se latente. O marketing pode sugerir ao
indivíduo que o produto ou serviço que lhe oferece vai resolver os seus
problemas e satisfazer a suas necessidades.
Conhecer qual é o motivo que move o consumidor é vital para
desenhar as estratégias de comunicação que vão tornar consciente
essa necessidade.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.3 As motivações
As motivações associam-se muitas vezes às necessidades e desejos,
no entanto, existem diferenças substanciais. A necessidade convertese num motivo quando alcança um nível adequado de intensidade.
Pode definir-se a motivação como a busca de satisfação da
necessidade, que diminui a tensão ocasionada por ela.
Também as motivações estão muito ligadas às necessidades, uma
mesma necessidade pode dar lugar a distintas motivações e viceversa. Por exemplo, uma necessidade fisiológica, como a de alimentarse, pode originar uma motivação fisiológica, ou passar a uma
motivação de estima, quando a sua satisfação é feita num restaurante
de luxo e não num restaurante vulgar.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.3 As motivações
O comportamento motivado provem, normalmente, de uma
necessidade não satisfeita e obtém-se através de diversos incentivos
que podem estar representados por produtos, serviços ou pessoas. Os
incentivos que motivam os consumidores face à acção podem ser
positivos ou negativos: os consumidores movem-se face aos positivos
e tentam evitar os negativos.
O estudo da motivação tenta responder à questão: o que é que leva
realmente o consumidor a inclinar-se pela compra de tal produto? O
papel do marketing aqui é muito importante, pois pode não criar
necessidades, mas pode detectar as motivações e orientar o seu
processo de busca da satisfação da necessidade face a determinados
produtos.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.3 As motivações
Existem diversas classificações das motivações, uma delas é a de
Maslow. A classificação para as motivações coincide com a
classificação do mesmo autor para as necessidades, ou seja:
-Motivações fisiológicas;
-Motivações de segurança;
-Motivações de pertença e amor;
-Motivações de estima;
-Motivações de auto-realização.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.3 As motivações
Existem outras classificações baseadas em binómios contrários:
-Motivações fisiológicas ou psicológicas: os motivos fisiológicos
orientam-se para a satisfação de necessidades biológicas ou corporais,
tais como a fome ou a sede. As motivações psicológicas centram-se na
satisfação de necessidades anímicas, como o saber, a amizade, etc.
-Motivações racionais ou emocionais: os motivos racionais associamse, geralmente, com características observáveis ou objectivas do
produto, tais como o tamanho, o consumo, a duração, o preço, etc. Os
emocionais relacionam-se com sensações subjectivas, como o prazer
ou o prestígio que se espera que derivem do bem ou serviço adquirido.
Assim, por exemplo, a compra de um automóvel define-se tanto com
critérios objectivos (preço, potência...) como subjectivos (comodidade,
modernidade...).
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.3 As motivações
-Motivações Primárias ou selectivas: os motivos primários dirigem o
comportamento de compra face a produtos genéricos, tais como um
televisor, comida, etc. Os selectivos contemplam os anteriores e guiam
a eleição entre marcas e modelos dos produtos genéricos ou entre
estabelecimentos que os vendem.
-Motivações Conscientes ou Inconscientes: Os motivos conscientes
são os que o consumidor percebe que influenciam na sua decisão de
compra, enquanto que os inconscientes são os que influenciam na
decisão sem que o comprador se aperceba disso. O comprador pode
não ser consciente de alguns motivos porque não quer admitir a
verdadeira razão da sua escolha. Assim por exemplo, o comprador de
um automóvel Mercedes ou BMW não admite que o comprou por
motivos de prestígio mas porque precisava de um carro potente e
rápido. Noutros casos, pode mesmo não haver uma consciência dos
motivos das escolhas, por exemplo não sabemos explicar porque
gostamos mais de determinadas cores do que de outras.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.3 As motivações
-Motivações positivas ou negativas: Os motivos positivos levam o
consumidor à consecução dos objectivos desejados, enquanto que os
negativos levam-no comprar para evitar as consequências não
desejadas. Os motivos positivos exercem um domínio nas decisões de
compra, mas em alguns casos, os motivos negativos são os que mais
influenciam. Um exemplo, de força negativa é o temor, que tem um
papel decisivo na aquisição de seguros, para prevenir as
consequências de incêndios, roubos ou a perda da própria vida.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.3 As motivações - conflitos
Uma mesma necessidade pode dar lugar a motivações diferentes, e
diferentes motivações podem tentar satisfazer necessidades
diferentes.
Por outro lado, o indivíduo experimenta, em cada momento, numerosos
desejos e necessidades de natureza contraditória ou cuja satisfação
simultânea é impossível.
Daí que muitos investigadores tenham centrado o seu estudo nos
mecanismos que o indivíduo utiliza para resolver estas situações,
nomeadamente a mudança de atitude, a agressão ou a resolução de
conflitos.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.3 As motivações - conflitos
Se os desejos de um indivíduo não podem ser satisfeitos
imediatamente, observa-se normalmente uma mudança ou adaptação
das convicções daquele indivíduo para compatibilizar as suas acções
com os seus desejos. Por exemplo, alguns estudos demonstraram que
os fumadores viciados são mais cépticos na crença de que fumar pode
provocar cancro do pulmão do que um não fumador.
Para facilitar a compreensão destes processos, os psicólogos da
motivação distinguiram três classes de conflitos:
1.
O conflito que opõe
mutuamente exclusivos;
pelo
menos
dois
desejos
positivos
2.
A ambivalência de uma situação que apresenta ao mesmo tempo
factores de atracção e de repulsa;
3.
A eleição entre duas ou mais situações negativas.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.4 Os desejos/implicação
Quando a busca da satisfação das necessidades se dirige face a um
produto ou serviço específico, estamos a falar de desejo. O desejo é
uma motivação com nome próprio.
Alguns autores preferem o termo implicação que pode ser definida da
seguinte forma: “A implicação é um estado não observável de
motivação, de excitação ou interesse. É criada por um objecto ou uma
situação específica e pressupõe comportamentos: certas formas de
busca do produto, de tratamento da informação e da tomada de
decisão.
O desejo/implicação pode afectar só ao nível do produto genérico (por
exemplo, o desejo de umas batatas fritas), dirigir-se a uma marca em
concreto, ou indicar um lugar específico de consumo.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.4 Os desejos/implicação
As necessidades pré-existem à oferta do mercado, no entanto, os
desejos podem ser produto do mercado. O objectivo do marketing é
criar desejos nos indivíduos, tornar os produtos atraentes e
disponíveis para o consumidor.
Esta é a ideia que subjaz à criação de uma marca de prestígio, no
cuidado com as embalagens dos produtos, a decoração do ponto de
venda, etc.
Os desejos diferenciam-se das necessidades genéricas que são
estáveis e limitadas em número, pelo contrário aqueles são múltiplos,
alteráveis e continuamente influenciados pelas forças sociais.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
1.1.4 Os desejos/implicação
A implicação/desejos de um indivíduo afecta directamente o seu
comportamento em todo o processo de compra. Por exemplo, um
consumidor implicado informa-se de antemão e avalia de maneira mais
crítica as informações postas à sua disposição, tal como é mais
exigente na escolha do local de compra e no relacionamento com o
pessoal de vendas. Inclusivamente, a sua insatisfação gerada em
relação às expectativas comporta um grau de descontentamento maior
do que o do cliente menos motivado, portanto menos informado.
Todos estes elementos podem naturalmente ser utilizados de forma
proveitosa para as empresas. No plano estratégico, uma empresa
utilizará a noção de implicação para segmentar o seu mercado e
posicionar os seus produtos.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
As necessidades são carências sentidas pelo indivíduo. Existem
algumas necessidades consideradas básicas: as fisiológicas. À medida
que se vão satisfazendo estas necessidades, surgem outras de
carácter mais elevado.
As necessidades convertem-se em motivação quando se tornam
conscientes e impulsionam o indivíduo para a acção. As necessidades
pré-existem no indivíduo e não são criadas pelo marketing, as
motivações, pelo contrário, podem receber a sua influência e conduzir
o indivíduo à satisfação da necessidade.
Quando a motivação tem nome próprio e é dirigida a um bem
específico, falamos de de desejo.
A este nível a publicidade e as acções promocionais têm um papel
importante, pois canalizam as necessidades dos indivíduos face a certa
marca.
A hierarquia das necessidades é útil para efeitos de marketing porque
permite centrar os esforços publicitários ao nível da necessidade e
facilita o posicionamento dos produtos.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
Existem algumas técnicas utilizadas pelos marketeers para estudar a
motivação. As mais conhecidas são as seguintes:
TÉCNICAS DE ASSOCIAÇÃO: pode subdividir-se em duas técnicas:
Associação de palavras: Os indivíduos associam uma palavra a um
grupo de palavras.
Associação sucessiva de palavras: os consumidores respondem a uma
lista de palavras associando cada uma com a primeira que lhes vem à
cabeça.
As respostas são analisadas para ver se existem associações positivas
ou negativas. Quando se mede também o tempo de resposta (latência
da resposta) averigua-se também a emoção na resposta. Estas técnicas
abordam a memória semântica, mais do que as motivações e utilizamse para provas de nomes de marca e publicidade.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
Existem algumas técnicas utilizadas pelos marketeers para estudar a
motivação. As mais conhecidas são as seguintes:
TÉCNICAS DE TERMINAÇÃO: existem aqui também duas técnicas
distintas.
Terminação de uma frase: dá-se um início de uma frase para que a
pessoa complete. Por exemplo “As pessoas que compram um
Mercedes ........”
Terminação de uma história: funciona da mesma forma que a primeira.
As respostas são analisadas para determinar quais os temas e
conceitos chave que são associados a determinado produto ou
serviço.
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
Existem algumas técnicas utilizadas pelos marketeers para estudar a
motivação. As mais conhecidas são as seguintes:
TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO: aqui temos 3 testes possíveis:
Técnica de desenhos animados: os consumidores preenchem o espaço
dedicado às palavras e pensamentos de um personagem de desenhos
animados.
Técnica da terceira pessoa: os consumidores respondem porque é que
“a maioria das pessoas”, “a maior parte das mulheres”, “todos os
jovens” compram determinado produto.
Técnica de resposta à imagem: Os consumidores constroem uma
história acerca de uma imagem onde está uma pessoa a comprar ou
utilizar determinado produto.
A análise tem como objectivo os mesmos que os das técnicas de
terminação.
Download

1.1. Necessidades, motivações e desejos