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Iniciação Científica
PUCRS
A INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS NA ESCOLA
REGULAR: UMA INCLUSÃO ÉTICA?
Deise Maria Szulczewski1, Lucian da Silva Poeta2, Pedro Henrique Witchs3, Maura Corcini Lopes4
(orientadora)
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS
Introdução
“A Educação dos Surdos no Rio Grande do Sul” é o título da pesquisa sob a qual
várias investigações estão sendo realizadas. Entre tais investigações apresentamos neste
trabalho os dados referentes às escolas públicas e particulares, localizadas na região do Vale
do Rio dos Sinos e Serra Gaúcha, escolas estas que possuem alunos surdos matriculados. A
Inclusão de alunos surdos na Escola Regular: uma inclusão ética?É o título do nosso recorte,
para uma investigação mais detalhada. São muitas as motivações que norteiam a nossa
pesquisa, porém focaremos principalmente os seguintes objetivos: conhecer as condições
pedagógicas oferecidas aos alunos surdos matriculados nestas escolas; saber se os alunos e os
professores utilizam a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) na sala de aula; verificar se
existem intérpretes nas salas de aula. Utilizaremos como base para o referencial teórico os
Estudos Surdos em Educação. Autores como: Chiella (2007), Dal’Igna (2007), Garcia (1999),
Lopes (2005/6/7/8), Perlin (2007), Stumpf (2008) entre outros, foram utilizados para este
recorte da pesquisa.
1
Bolsista de Iniciação Científica (FAPERGS).Graduanda do curso de Licenciatura em Pedagogia:
Magistério da Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental – Habilitação em
Educação Especial – UNISINOS.
2
Bolsista de Iniciação Científica (CNPq). Graduando do curso de Licenciatura em Educação Física –
UNISINOS.
3
Bolsista de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq). Graduando do curso de Licenciatura em Ciências
Biológicas – UNISINOS.
4
Doutora e Mestre em Educação (UFRGS). Especialista e graduada em Educação Especial (UFSM). Professora
do Programa de Pós-Graduação em Educação e do curso de Pedagogia da Universidade do Vale do Rio dos
Sinos – UNISINOS.
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Metodologia
Para este artigo propomos trabalhar com dados produzidos na primeira fase da pesquisa.
São dados referentes a sete escolas, quatro delas localizadas na região do Vale do Rio dos
Sinos e três escolas localizadas na Serra Gaúcha, totalizando seis municípios. Para a produção
desses dados foram encaminhas planilhas para as Secretarias Municipais de Educação,
Coordenadorias Regionais de Educação do Estado do RS e Escolas. Cada planilha solicitava
as seguintes informações:
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Pesquisador(a) responsável pela coleta de dados;
Período de realização da coleta;
Região de abrangência ou Coordenadoria (se for o caso);
Cidade;
Nome da Escola e endereço;
Âmbito: Estadual – Municipal – Federal – Particular;
Modalidade: Escola de surdos – Classe Especial – Inclusão;
Número de alunos: Educação Infantil – Ensino Fundamental – Ensino Médio – EJA;
Professores: Ouvintes: Quantos? – Surdos: Quantos?
Intérpretes;
Outras informações.
Com o retorno das planilhas catalogamos, analisamos e confrontamos as informações
e a partir daí partimos para a 2ª fase da pesquisa, onde elaboramos questionários que
foram aplicados nas escolas. Com os gestores, com os alunos e com os professores.
Resultados (ou Resultados e Discussão)
Foram pesquisados seis municípios, para este recorte, totalizando sete escolas: quatro
são da esfera municipal e três da esfera estadual. Três escolas são regulares com alunos
surdos incluídos, duas são escolas específicas para surdos e duas são escolas regulares
com classe especial para alunos surdos. Totalizando 250 alunos surdos matriculados
nessas sete escolas. Porém, a nossa investigação nesse primeiro momento se deterá mais
especificamente nas escolas regulares com alunos surdos incluídos.
Das três escolas regulares pesquisadas, o número de alunos surdos matriculados é três,
ou seja, um aluno por escola. Nenhuma delas possui professores surdos e nem professores
ouvintes que utilizem a LIBRAS. Não existem intérpretes por motivos óbvios. Os serviços
de apoio ou extra-curriculares são restritos, das três escolas regulares pesquisadas duas
possuem o NAPPI (Núcleo de Apoio e Pesquisa ao Processo de Inclusão). A terceira
escola regular não possui nenhum tipo de apoio pedagógico. Duas escolas não possuem
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projetos para aquisição da LIBRAS para os alunos que chegam à escola e uma das escolas
realizou um projeto sob a coordenação da então professora regente da turma.
Conclusão
Ao analisarmos as planilhas percebemos o longo caminho que é necessário trilhar para
podermos pensar que a inclusão ética realmente aconteça na escola, segundo Stumpf:
[...] a inclusão acontece a partir de dois movimentos: da construção social de
toda a sociedade que entende e acolhe, e dos surdos, que vão participar porque
se sentem acolhidos [...] Este movimento da sociedade implica em
responsabilidade social como prática constante no agir das pessoas e das
instituições a partir de uma posição ética, uma posição em que a liberdade
individual é posta em segundo plano a fim de que a justiça assuma primazia
nas relações intersubjetivas. (STUMPF, 2008, p.27)
A inclusão ética pressupõe que a mesma aconteça com responsabilidade, seriedade e
principalmente respeito à diferença, não foi o que os dados nos apontaram. Os alunos surdos
matriculados nas escolas regulares não têm as mínimas condições pedagógicas e linguísticas
atendidas. Esses alunos estão fisicamente presentes, porém acreditamos que isso não seja
garantia da sua permanência e principalmente da sua aprendizagem na escola. Partindo da
idéia de que a principal função da escola seja a aprendizagem e não somente a socialização.
Referências
CHIELLA, Vânia Elizabeth – Inclusão do aluno surdo mudança na forma de olhar os surdos.
In: Lopes, Maura Corcini e Dal’Igna, Maria Cláudia (Orgs.) – In/Exclusão: nas tramas da
escola – Canoas, Ed. ULBRA, 2007.
DAL’IGNA, Maria Cláudia – Currículo, conhecimento e processos de in/exclusão na escola.
In: Lopes, Maura Corcini e Dal’Igna, Maria Cláudia (Orgs.) – In/Exclusão: nas tramas da
escola – Canoas, Ed. ULBRA, 2007.
GARCIA, Barbara Gerner de – O Multiculturalismo na Educação dos Surdos: A resistência e
relevância da diversidade para a Educação dos Surdos. In. Skliar, Carlos (Org.) – Atualidade
da Educação Bilíngüe para surdos – Porto Alegre, Mediação, 1999.
LOPES, Maura Corcini – Surdez & Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p. 23.
PERLIN, Gládis. Prefácio. In: QUADROS, Ronice & PERLIN, Gladis. Estudos surdos II.
Rio de Janeiro: Arara Azul, 2007.
STUMPF, Mariane Rossi. Mudanças estruturais para uma inclusão ética. In:
QUADROS, Ronice. Estudos Surdos III. Petrópolis, RJ: Arara Azul, 2008. p.14-29.
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