ANTIBIOTICOTERAPIA E SUAAUTOMEDICAÇÃO: PRÁTICA
COMUM ENTRE ESTUDANTES DO CURSO DE BIOMEDICINA DE
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR
ROSSI, Isabella Leone. Biomédica. E-mail: [email protected].
SANTOS, Michelle Caroline dos. Biomédica.
CRISCI, Ana Rosa. Mestre. Centro Universitário Barão de Mauá, Ribeirão Preto-SP Rua: Ramos de
Azevedo, 425, Jardim Paulista. CEP 14090-180, Ribeirão Preto-SP.
RESUMO
O hábito da automedicação de antibióticos contribui para o mecanismo de resistência bacteriana, sendo
um problema de saúde pública mundial que deve ser prevenido. O universitário, como futuro profissional
da saúde, é cobrado no sentido de orientar uma conduta e informar quanto ao uso de antimicrobianos no
que se refere ao agente causal, ao sítio de infecção e à gravidade da doença. Neste estudo, verificou-se,
através de um questionário, o perfil dos acadêmicos ingressantes e concluintes do curso de biomedicina
de uma instituição de nível superior, comparando-se os resultados obtidos. Trata-se de um estudo descritivo
com abordagem quantitativa dos dados (frequência relativa – %) através de questionário autoaplicável, e
contendo 13 questões de múltipla escolha armazenadas no banco de dados no programa Excel. A amostra
foi composta por 132 alunos de graduação do curso de Biomedicina desse centro universitário. Dentre os
acadêmicos ingressantes, a compra do antibiótico é influenciada principalmente pela experiência própria
com o fármaco, o que não se repete com concluintes, que preferem procurar e seguir orientação médica.
Assim, 91,8% dos concluintes acreditam que a automedicação pode trazer danos à saúde. Em relação ao
consumo de anti-inflamatórios, analgésicos e antitérmicos antes do uso do antibiótico, 67% dos iniciantes
disseram que fazem a utilização destes medicamentos, contra 70% dos concluintes que também a fazem.
Portanto, conclui-se que informações sobre os perigos da automedicação são fornecidos nas disciplinas
de microbiologia e farmacologia, disciplinas estas ainda não cursadas pelos ingressantes e desconhecidas
pela população em geral, que recorre à automedicação devido à falta de conhecimento. Para reverter este
quadro, é necessária uma maior exposição na mídia sobre práticas educativas, riscos, benefícios, e
explicações sobre bactérias multirresistentes.
PALAVRAS-CHAVE: Automedicação; Antibioticoprofilaxia; Acadêmicos.
ANTIBIOTICTHERAPY AND SELF MEDICATION: A COMMON PRACTICE AMONG STUDENTS OF A BIOMEDICINE COURSE
IN A HIGHER EDUCATION INSTITUTION
ABSTRACT
Self-medication habit of antibiotics contributes to the bacterial resistance mechanism, which is a global
public health problem that must be prevented. The university student, as a future health professional, is
summoned to guide a conduct and report on the use of antimicrobials regarding the casual agent, the site of
infection and the severity of the disease. In this study, it has been verified, through a questionnaire, the profile
of freshmen and academic students who are majoring in Biomedical Science in an institution of higher education,
comparing the results obtained. It is a descriptive study with quantitative data approach (relative frequency –
%) through a self-administered questionnaire, and containing 13 multiple choice questions stored in the database
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in Excel. The sample consisted of 132 undergraduate
students from the Biomedical Science course from
this University Center. Among the freshmen, the
purchase of antibiotic is mainly influenced by previous
experiences with the drug, what is not repeated by
the students that are graduating and prefer to seek
and follow medical advice. Thus, 91.8% of trainees
believe that self-medication may be harmful to health.
Regarding the use of anti-inflammatory, analgesic and
antipyretic before the use of antibiotics, 67% of the
entering st udents said that they take t hese
medications, against 70% of the senior students that
also do it. Therefore, we may conclude that
information on the danger of self-medication is
provided in the disciplines of microbiology and
pharmacology, which have not been studied by the
freshmen and is unknown by the general population,
that appeals to self-medication due to the lack of
knowledge. To reverse this situation, it is necessary a
greater media exposure on educational practices
regarding the risks, the benefits, and elucidation about
multi-resistant bacteria.
KEYWORDS: Automedication; Antibiotic-prophylaxis;
Undergraduate students.
INTRODUÇÃO
A facilidade do acesso a medicamentos devido
ao número elevado de farmácias e drogarias, a
propaganda que muitas vezes induz e incentiva o
consumo de determinado medicamento, que nem
sempre é o indicado para aquela necessidade, e o
acúmulo de medicamentos nas residências são fatores
de risco para a prática da automedicação (BRASIL,
2001).
Segundo Nicolini (2012), os dados da Organização
Mundial da Saúde demonstram que as infecções
causam 25% das mortes em todo o mundo e 45%,
nos países menos desenvolvidos. O uso de antibióticos
para essas situações pode ser calculado como: Mais
de 50% das prescrições se mostram inapropriadas;
2/3 dos antibióticos são usados sem prescrição médica
em muitos países; Mais de 50% do orçamento com



98
medicamentos são destinados aos antimicrobianos;
50% dos consumidores compram o medicamento para
1 dia e 90% compram-no para período igual ou inferior
a 3 dias.
Esses dados fazem referência à automedicação, que
é definida como o uso de medicamentos sem a
prescrição, orientação e/ou acompanhamento do
médico ou dentista, assim, esta prática pode não
resultar na cura da patologia, mascarando apenas os
sintomas, além de poder provocar intoxicação
farmacológica e dependência física ou psíquica
(OLIVEIRA, 2004).
Em 2002, segundo dados da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, havia 15.831 medicamentos em
comercialização no Brasil, com um volume total de
unidades de medicamentos comercializados no
mercado varejista de 1.277.336.635. Esse excesso
de consumo eleva o número de intoxicações e efeitos
adversos; afinal, é sabido que todo medicamento
apresenta um potencial de risco. A automedicação,
assim como a medicação leiga feita pelos familiares
sem orientação médica, constituem circunstâncias
intencionais, e não deveriam ser consideradas como
acidentais (LESSA e BOCHNER, 2008).
Fica evidente que o hábito da automedicação de
antibióticos pode ter como consequência efeitos
indesejáveis, enfermidades iatrogênicas e
mascaramento de doenças evolutivas, representando,
portanto, problema a ser prevenido. O seu uso de forma
inadequada tem contribuído maciçamente para o
mecanismo de resistência bacteriana em todo o mundo,
sendo, portanto, um problema de saúde pública mundial
(AQUINO et al., 2010).
Sabe-se que a administração desorientada e
consecutiva dos antibióticos leva à seleção natural de
bactérias de todo o organismo, pois agem em diferentes
sítios; assim, há o surgimento de bactérias mutantes/
resistentes (ESTEVAM, 2013). Além disso, a
resistência gerada é uma característica genética,
relacionada principalmente aos plasmídeos ou por
mutação durante o processo de crescimento que
resultam em erros na sequência de base do DNA
cromossômico (CUNHA, 2011).

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Antibioticoterapia e sua automedicação...
Sendo assim, estudos mostram um elevado índice
de automedicação entre acadêmicos dos cursos de
saúde, que é o resultado de um conhecimento teóricoprático considerado satisfatório sobre medicamentos,
que o aluno adquire durante o curso de graduação. O
estudo de Pinto et al. (2008) revela quais são os
medicamentos mais utilizados pelos acadêmicos, sendo
os antibióticos (48,8%) e anti-inflamatórios (41,6%)
usados com mais frequência no primeiro período e os
ansiolíticos (48,8%) e antidepressivos (5,2%) pelos
acadêmicos do último período; fato relevante também
observado foi que a maioria dos acadêmicos do
primeiro período (64,7%) e do último período (60,8%)
afirmou ter obtido receita médica desses medicamentos
nos últimos 12 meses.
Este artigo teve como objetivo verificar, através da
aplicação de um questionário, a prática da
automedicação de antibióticos nos acadêmicos do
Curso de Biomedicina de uma instituição de ensino
superior privado do interior de São Paulo.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi autorizado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa do Centro Universitário Barão de
Mauá, registrado com o número de protocolo
271.319, divulgado em 14 de maio de 2013.
Os pré-requisitos necessários para a participação
da pesquisa foram apontados como: (1) os alunos
estarem presentes em sala de aula no dia da coleta de
dados; (2) assinarem o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido; (3) estarem cursando os 1.°, 3.°, 5.° e
7.° semestres do curso de biomedicina.
Para a coleta de dados foi utilizado um questionário
autoaplicável, contendo 13 questões de múltipla
escolha, que se encontra abaixo. Segundo Lakatos e
Marconi (2001), questionário é um instrumento de
coleta de dados, constituído por uma série ordenada
de perguntas que devem ser respondidas por escrito e
sem a presença do entrevistador. Foi enviada uma carta
junto ao questionário, explicando o tipo da pesquisa e
sua importância, tentando despertar o interesse do
recebedor. Os dados obtidos na entrevista foram
armazenados em um banco de dados no programa
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Excel, sendo utilizada para a análise dos resultados a
estatística descritiva (frequência relativa – %).
QUESTIONÁRIO:
DATA:________
CURS O : ___ ________
ANO/PERÍODO:_________
1 – Qual a sua:
Idade ____ Sexo: M( ) F( )
2 – Situação Conjugal:
( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado ( )
Amasiado ( ) Outros
3 – Você utiliza antibióticos com que frequência?
( ) Sempre
( ) Quando acho que preciso
( ) Quando tenho infecção no Sistema
Respiratório Superior (dor de garganta, sinusite,
etc.)
( ) Quando preciso e vou ao médico e ele
prescreve.
4 – a) Já tomou antibiótico nos últimos 12 meses:
( ) Sim. ( ) Não.
b) O Antibiótico foi prescrito por algum médico
nos últimos 12 meses:
( ) Sim. ( ) Não, fiz automedicação.
c) Quantas vezes tomou antibiótico, no período
de um ano?
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) Mais de 4 vezes ( )
Não sei dizer
5 – Você utiliza antibiótico sob orientação de:
( ) Própria
( ) Mãe e Pai
( ) Médicos e Enfermeiros
( ) Farmacêuticos
( ) Balconistas de farmácias
( ) Amigos
( ) Outros
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6 – Se a orientação for própria, em que se baseia
para utilizá-los:
( ) Costume, uso crônico. Consultou uma vez,
resolveu o problema e continuou o uso.
( ) Acredito ter conhecimento teórico para me
automedicar.
( ) Todos meus familiares usam e sei que resolve
meu problema.
7 – Você usa antes do antibiótico outra medicação
como: anti-inflamatórios, analgésicos, antitérmicos.
( ) Sim. ( ) Não.
8 – Você utiliza sempre os mesmos antiinflamatórios, analgésicos e/ou antitérmicos
quando apresenta os mesmos sintomas:
( ) Sim.
( ) Não. ( ) Uso o que estiver
disponível em casa.
9 – O remédio (antibiótico) utilizado sempre está
disponível em sua casa:
( ) Sim, procuro sempre tê-los em casa.
( ) Não, mas compro quando preciso, porque
sei que ele resolve meu problema.
( ) Não, procuro uma unidade de saúde/médico
particular para consultar e pegar receita.
10 – Você acha que a automedicação pode trazer
algum dano a sua saúde:
( ) Sim. ( ) Não.
11 – Você acredita que obterá informações que
possam ajudá-lo na automedicação, durante o curso?
( ) Sim. ( ) Não.
12 – Quando você faz uso de antibióticos:
( ) Você faz o tratamento até o final (7 dias).
( ) Interrompe o tratamento quando não possui
mais sintomas.
13 – Você sabe as consequências do uso incorreto
de antibióticos:
( ) Sim. ( ) Não.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
O presente estudo mostra um dado significativo
onde ficou comprovado que 91,8% dos concluintes
acreditam que a automedicação pode trazer danos à
saúde (Figura 2). Os resultados (Figura 1) mostraram
que, dentre os acadêmicos ingressantes, a compra do
antibiótico é influenciada principalmente na experiência
própria com o fármaco, o que não se repete entre os
concluintes, que preferem procurar e seguir orientação
médica, ou seja, quando questionados em que se
baseiam para exercer a automedicação, 47% dos
ingressantes do curso disseram que é costume, que
consultaram uma vez, houve a prescrição, resolveu-se
o problema e, assim, usam sempre que acha ser
necessário, e 11% disseram que sabem que todos os
familiares usaram e que resolverá o seu problema.
Apenas 2% disseram que acreditam ter conhecimento
teórico para saber fazer a automedicação. Entre
aqueles alunos que cursam o último período, 91%
alegaram que seguem a orientação de um médico,
10,8% disseram que é costume, que consultaram uma
vez, houve a prescrição, resolveu-se o problema e,
assim, usam sempre que acha ser necessário, e 5%
disseram que sabem que todos os familiares usaram e
que resolverá o seu problema. Com isso, 26% dos
ingressantes disseram sofrer influência do pai/mãe,
contra 13,5% dos concluintes. Também há influência
dos farmacêuticos, correspondendo a 15,7% dos
ingressantes e a 10,8% dos concluintes. Em relação
ao consumo de anti-inflamatórios, analgésicos e
antitérmicos antes do uso do antibiótico, 67% dos
ingressantes disseram que fazem a utilização desses
medicamentos, contra 70% dos concluintes que
também a fazem. Quando há o surgimento dos mesmos
sintomas de doença, 43,1% dos ingressantes disseram
que usam o anti-inflamatórios/analgésicos/antitérmicos
de costume; ou seja, sempre consomem o mesmo
medicamento, o que correspondendo aos 43,2% dos
concluintes que também usam o de costume. Porém,
na ausência deste, 9,4% dos ingressantes usam
qualquer outro que tenha o mesmo princípio e, assim,
apenas 10% dos concluintes confirmam o mesmo.
Ressalta-se que a automedicação também ocorre para
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as demais classes de medicamentos que não o
antibiótico, sendo equivalente entre ingressantes que
ainda não possuem a base da farmacêutica,
microbiológica e imunológica, tanto para os concluintes
que obtiveram esses conhecimentos durante as aulas
ministradas, demonstrando, ainda assim, o descaso
com os perigos da automedicação para outro tipo de
princípio ativo.
Figura 1 – Comparação sobre o tipo de influência exercida na compra do antibiótico.
Fonte: Próprio Autor.
Figura 2 – Comparação das respostas sobre os danos da automedicação.
Fonte: Próprio Autor.
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Quando indagados sobre a orientação que seguem
para comprar o antibiótico, 38,9% dos 95 alunos
ingressantes disseram que o antibiótico usado nos
últimos 12 meses foi prescrito pelo médico, e 35%
não obtiveram prescrição pelo profissional, mas fizeram
o uso, o que demonstra uma mínima diferença entre o
prescrito e não prescrito (Figura 3). Este dado pode
justificar o fato de 31,5% dos ingressantes alegarem
que fazem a automedicação quando apresentam
infecção no trato respiratório superior (Figura 4).
Figura 3 – Comparação sobre a prescrição por médicos.
Fonte: Próprio Autor.
Estabeleceu-se comparação entre ingressantes e
concluintes sobre a frequência do uso de antibióticos
(Figura 4), tendo entre os ingressantes 1%
respondendo que sempre faz seu uso; 31,5% usam
quando tem infecção no trato respiratório superior,
como dor de garganta e sinusite; 47% quando vão ao
102
médico e este prescreve; e 20% quando acham que
precisam. Já entre os concluintes, 16% disseram que
usam quando têm infecção no trato respiratório
superior, como dor de garganta e sinusite; 72,9%
quando vão ao médico e este prescreve; e 10% quando
acham que precisam utilizar.
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Antibioticoterapia e sua automedicação...
Figura 4 – Comparação sobre a frequência de uso do antibiótico.
Fonte: Próprio Autor.
Entretanto, 75% do total dos entrevistados alegaram
que fizeram seu uso nos últimos 12 meses. Com isso,
desses 75%, 38,9% dos ingressantes disseram que o
medicamento foi prescrito por um médico e 56,7%
dos concluintes alegaram que houve prescrição médica,
o que corresponde, em sua totalidade, que 37,8%
usaram mais que 4 vezes em um período de 12 meses;
conforme representado na Figura 5 e Figura 6.
Figura 5 – Comparação sobre o uso do antibiótico nos últimos 12 meses.
Fonte: Próprio Autor.
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Figura 6 – Comparação sobre a quem prescreveu o uso do antibiótico nos últimos 12 meses.
Fonte: Próprio Autor.
O Quadro 1 demonstra a porcentagem de indivíduos ingressantes e concluintes que mantêm o antibiótico em
casa para consumo.
Antibiótico Disponível \ Alunos
Ingressantes (%)
Concluintes (%)
Sim, sempre tem em casa.
38%
24%
Não, mas compro quando acho que
preciso.
22%
24%
Vou ao médico e compro o prescrito.
38%
51%
Quadro 1 – Comparação entre disposição do antibiótico na própria residência.
Fonte: Próprio Autor
Para os ingressantes do curso, através desses
dados, percebe-se que há equivalência entre a procura
do profissional adequado para prescrição do
medicamento como também sempre mantê-lo na sua
residência. De modo contrário, mais da metade dos
concluintes demonstram procurar e sempre seguir a
orientação do médico, não fazendo referência,
novamente, ao trabalho de Pinto et al., 2008; que diz
o conhecimento teórico-prático influencia na
automedicação. Não se confirma esta teoria devido
ao maior número de ingressantes no curso de
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biomedicina alegarem que fazem o autoconsumo,
enquanto para os concluintes este número tem-se
mostrado decadente. Entretanto, 86% dos ingressantes
e 91,8% dos concluintes disseram saber os perigos da
automedicação, sendo contraditório ao número de
indivíduos que a praticam. Um dado de grande
relevância se mostra na questão 11, na qual 88% dos
alunos esperam obter conhecimento que ajude na
prát ica da automedicação; assim, 89% dos
ingressantes alegaram que acreditam obter informações
durante a graduação que irá auxiliá-los na autoescolha.
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Isso se repete entre os concluintes, que corresponderam
a 86%. Essa informação se torna importante devido à
sinceridade apresentada pelos concluintes, que até então
demonstraram uma certa aversão à esta prática; porém,
não se pode afirmar que, por mais interessados que
estejam na farmacologia, imunologia e microbiologia,
que são apresentadas mais complexamente no último
período, utilizarão essas informações sem consultar o
profissional capacitado; assim, poderá ser de grande
valia para exercer um diálogo médico-paciente adequado
para a escolha do melhor medicamento para o quadro
clínico apresentado.
Conclui-se que os perigos da automedicação são
fornecidos nas disciplinas de microbiologia e
farmacologia, disciplinas estas ainda não cursadas pelos
ingressantes e desconhecidas pela população em geral,
que faz a automedicação pela falta de conhecimento.
Nesta amostra populacional, visualizou-se as influências
que levam à essa prática, ou seja, os familiares,
farmacêuticos ou funcionários da farmácia e de
prescrições antigas que representam todas as formas
de coerção que a população de modo geral pode
sofrer. Para reverter esse quadro, é necessária uma
maior exposição na mídia sobre práticas educativas
quanto aos riscos, benefícios, além de explicações
sobre bactérias multirresistentes.
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REVISTA UNIARA, v.17, n.2, dezembro 2014
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