artigo técnico Filtros de ar: normalização, tendências e panorama geral Autor: Eng°. José Augusto S. Senatore José Augusto S. Senatore Engenheiro, membro do CEE–138 e gerente de projetos da Atmen Contato: [email protected] Introdução (à época como GT-52), o CEE-138 conseguiu reunir os principais fabricantes de filtros de ar, projetistas, usuários, certificadores e instaladores para discutir a elabo- O ano de 2011 será certamente um ano muito importante para o mercado brasileiro de filtros de ar, pois pela ração da norma brasileira de ensaios e classificação de filtros de ar. primeira vez o país poderá se consolidar não só como Paralelamente a isso, a consolidação do CEE-138 mercado consumidor, mas também como gerador de permitiu ao Brasil ascender à categoria de membro P tecnologia. (permanente) do ISO TC-142 (comitê técnico da ISO que O objetivo deste artigo está em apresentar de maneira abrangente as normas técnicas que classificam os trata da elaboração de normas internacionais referentes a equipamentos de ar limpo, entre eles, filtros). filtros de ar, suas recentes atualizações, tendências para Tal condição permitiu ao país pleitear a realização o futuro próximo, além dos trabalhos realizados pelo da reunião plenária mundial de especialistas, que será CEE-138 (Comissão de Estudos Especiais No. 138 da realizada em São Paulo, em setembro de 2011. Desta ABNT), que tem como missão discutir e elaborar normas maneira, pela primeira vez, as maiores autoridades mun- brasileiras para os filtros de ar de uso geral, além de re- diais em tecnologia de filtragem do ar estarão reunidas presentar o Brasil junto aos grupos de discussão da ISO. em território brasileiro, discutindo e compartilhando conhecimento com as empresas locais. Filtros de ar – normas brasileiras Panorama geral das normas Uma questão peculiar do mercado brasileiro é que, até o momento, não está disponível uma norma brasileira Ainda existe uma série de normas internacionais que que trata exclusivamente de ensaios de classificação e mencionam os ensaios e classificação dos filtros de ar desempenho de filtros de ar para aplicação em ar condi- e, o grande desafio do grupo ISO TC-142 é discutir e cionado/ventilação geral. alinhar os conceitos em uma única norma. Desde as normas NB-10, NBR 6401, NBR 7256 e mais recentemente a NBR 16401-3, o assunto classificação de filtros foi mencionado como um apêndice em seus Normas de referência no Brasil conteúdos e os graus de eficiência eram determinados por ensaios realizados conforme procedimentos de normas internacionais sejam ASHRAE, EN ou MIL STD. As normas internacionais EN (europeias) e ASHRAE (norte-americanas) são ainda usadas como referências para a classificação e selecionamento de filtros de ar. Já O cee-138 e o iso tc-142 o trabalho do CEE-138 está pautado nas normas europeias porque elas são mencionadas nas normas brasileiras NBR 16401 e NBR 7256, o que facilita a integração Iniciado em meados de 2009 por iniciativa da SBCC 38 entre elas. A importância das normas de ensaio de filtros de ar Um dos primeiros alertas presentes nas normas de ensaios de filtros de ar menciona que os resultados obDivulgação: Atmen tidos no laboratório não podem ser considerados como previsões de comportamento dos filtros em campo. Isto é, eles não podem ser tomados como verdadeiros para prever a eficiência, acumulação de pó ou vida útil durante sua operação normal em uma instalação. Isto posto, é válido questionar: - afinal, porque se deve ensaiar os filtros de acordo com procedimentos de Foto 1: Filtro grosso sintético norma? A resposta para a pergunta está na função principal dos ensaios que é comparar em condições normalizadas (e que podem ser reproduzidas em qualquer parte do planeta), dois ou mais filtros de ar, permitindo avaliar o desempenho de filtros produzidos por fabricantes distintos, com tecnologias e materiais diferentes, sempre apoiado nas mesmas bases de comparação, isto é, em Divulgação: Aeroglass condições descritas nas normas. Norma en 779 A norma EN779 descreve os ensaios para a classificação de filtros grossos, médios e finos. Foto 2: Filtro manta plissada Ela, ao longo dos últimos anos, evoluiu significativamente de modo que o ensaio descrito pode ser conside- do ASHRAE, através de um sistema alimentador de pó. rado confiável e representativo do desempenho do filtro. Assim o filtro em teste é pesado para determinar o per- Sua última revisão, recentemente aprovada, será a centual de retenção em massa no filtro em comparação base da norma brasileira em discussão no CEE-138. ao volume total de pó alimentado. A arrestância média do filtro (ou eficiência gravimétri- Método de ensaio ca) é determinada pela média das eficiências verificadas nas etapas de carregamentos de pó até a perda de pressão (termo utilizado no CEE-138 para perda de carga) Filtros grossos atingir 250Pa. O ensaio é realizado para a determinação de eficiên- É importante mencionar que no relatório do ensaio cia e classificação dos filtros grossos em: G-1, G-2, G-3 deverá ser desenhado um gráfico com a evolução da e G-4. Trata-se do ensaio de arrestância (termo utilizado acumulação de pó no filtro (em gramas), bem como a pelo CEE-138), isto é, antigo ensaio gravimétrico. respectiva perda de pressão verificada em cada etapa O método visa determinar eficiência do filtro ensaia- de carregamento. do em relação à sua capacidade de retenção (em massa) Também deve estar descrita no relatório a eficiência do pó admitido no túnel de ensaio. Desta maneira, o média verificada até a perda de pressão de 150Pa, além filtro é submetido às cargas sucessivas de pó normaliza- dos 250Pa normalizados. 39 Divulgação: Aeroglass Divulgação: Trox artigo técnico Foto 3: Filtro Fino plissado em V Filtros médios e finos Foto 4: Filtros finos tipo Bolsa Nele são utilizados o aerossol de ensaio e também A recente atualização (já aprovada e com publicação prevista para o início de 2012) da norma EN 779 intro- o pó de carregamento, cada um com uma função específica. duziu a figura dos filtros de média eficiência, classe M. O DEHS (DiEtilHexilSebacato), cujo aerossol é ca- Estes filtros apresentam eficiência intermediária entre os paz de gerar partículas em concentrações apropriadas filtros grossos e finos, sendo dispensados de cumprir o e faixas de diâmetros predominantemente entre 0,2µm critério de eficiência mínima que descrevo mais a frente. e 3µm, tem como função determinar a eficiência do filtro. Já o pó de carregamento permanece o pó ASHRAE Método de ensaio do filtro completo utilizado no ensaio de arrestância. Neste caso, sua função é acelerar a saturação do filtro, visando atingir a perda de pressão final do ensaio de maneira mais rápida. O procedimento de ensaio é realizado no mesmo O método básico de ensaio para filtros médios e finos é o mesmo. túnel do ensaio de arrestância. Nele é montado o filtro a ser ensaiado e, inicialmente injetado o aerossol de DEHS ainda com o filtro limpo. Através de um contador de partículas discretas (CPD) com o Filtro HEPA Exaustor Aerossol DEHS número de canais de leitura apropriado, é feita a leitura do número de partículas à mon- Filtro Ensaiado tante e à jusante do filtro respectivamente. A relação entre estas leituras médias fornece a eficiência inicial do filtro. Após a verificação de eficiência, ocorre a primeira Alimentador de pó Contador de partículas discretas - CPD etapa de carregamento de pó (geralmente de 30gr), com o pó ASHRAE. Novamente se 40 Figura 1: Esquema do túnel de ensaio conforme EN779 Gustavsson 2003 verifica a eficiência para o ae- rossol de DEHS (em 0,4µm), medindo a quantidade de partículas conforme procedimento anterior. Estas etapas de carregamento de pó e medição da eficiência para o aerossol de DEHS são repetidas sucessivamente até que o filtro atinja a perda de pressão final do ensaio que é de 450Pa. de pó até a perda de pressão final de 450Pa. Assim como no relatório dos filtros grossos, deve ser desenhado um gráfico com a evolução da acumulação de pó no filtro (em gramas), bem como a respectiva perda Divulgação: Trox A eficiência para fins de classificação será a média das eficiências obtidas em cada etapa de carregamento Foto 5: Túnel de ensaio conforme EN 779 na Alemanha de pressão verificada em cada etapa de carregamento. Também devem estar descritas no relatório as eficiências médias verificadas até as perdas de pressão de 250Pa, 350Pa além dos 450Pa normalizados. Ensaio de meio filtrante sem tratamento Para a classificação dos filtros nas classes de eficiência média, M-5 e M-6, o ensaio acima descrito é su- A versão anterior da norma EN 779 já descrevia o ficiente. Já para a classificação dos filtros finos em F-7, procedimento de remoção da carga eletrostática nos fil- F-8 e F-9, o ensaio do meio filtrante sem carga eletrostá- tros, no entanto, este ensaio não tinha papel decisivo na tica deve tornar-se obrigatório. sua classificação. artigo técnico A discussão do acréscimo de eficiência através da remoção da carga eletrostática com Isopropanol, que carga estática aplicada aos meios filtrantes, geralmente deve ser efetuado em amostras do meio filtrante idêntico sintéticos, já é antiga. ao filtro ensaiado. Através de ensaios de campo realizados nos últimos Após a comprovada descarga eletrostática das amostras, elas são submetidas ao ensaio com aerossol de (%) Eficiency 0.4 mm 100 DEHS, sem o carregamento de pó, para determinar a eficiência inicial do material. Os 80 resultados são comparados aos obtidos no ensaio do filtro 60 Filter 1 40 inteiro (conforme procedimento descrito anteriormente) e, a menor eficiência verificada em qualquer uma das etapas do 20 Filter 2 0 0 500 1000 1500 2000 ensaio, incluindo esta última com as amostras, é considera- 3000 da a eficiência mínima do filtro. Running time (hours) revisão, para que um filtro seja 2500 Filter 1 – filtro originalmente sem carga eletrostática nas suas fibras Sendo assim, a partir desta classificado como fino ele deve Filter 2 – filtro originalmente com carga eletrostática nas suas fibras atender duas condições: a) a Gráfico 1: Comparativo de eficiência entre dois filtros ao longo do tempo. Gustavsson 1999 eficiência média verificada até a perda de pressão de 450Pa maior ou igual a 80% (primeira 15 anos, pode ficar evidente que ao longo do tempo, os etapa do ensaio); e b) a eficiência mínima em qualquer efeitos da carga estática aplicada aos meios filtrantes etapa do ensaio ser superior a 35%, sempre para partí- eram reduzidos, o que resultava na significativa queda culas de 0,4µm (tabela 1). de eficiência de determinados filtros quando comparados aos resultados obtidos no laboratório durante o ensaio. Relatório do ensaio Ficou comprovado que, condições como: poluição por fumaça de combustíveis fósseis, umidade, alguns aerossóis presentes no ar, entre outras; colaboram para O relatório do ensaio apresenta diversas informa- a remoção da carga estática presente nos filtros origi- ções importantes aos usuários e, por este motivo, deve nalmente carregados, resultado em rendimentos bem ser considerado como uma ferramenta fundamental para inferiores ao longo de sua vida útil. o selecionamento adequado dos filtros de ar. No gráfico 1, apresenta-se uma comparação de efi- Além das informações como: modelo, dimensões ciência de um filtro de ar originalmente com carga ele- do filtro ensaiado, classe de filtragem, eficiência média, trostática e outro sem a carga, ao longo do tempo, em entre outras; ele apresenta os gráficos de acumulação serviço. de pó em peso e a eficiência em função da perda de Por todos estes argumentos, a recente versão da pressão do filtro. Esta última é fundamental para, com- norma EN 779 considera o ensaio do meio filtrante, após parativamente, prever a redução de eficiência do filtro o procedimento de remoção da carga eletrostática, fun- quando sua troca é feita antes da perda de pressão final damental para a real classificação do filtro na categoria do ensaio. F – filtros finos. Ela descreve em detalhes um procedimento para a 42 Na página 44, a figura 2 é um exemplo do relatório de ensaio. Grupo Classe Perda de pressão final (Pa) Grossos G1 250 50 # Ea , 65 – – G2 250 65 # Ea , 80 – – G3 250 80 # Ea , 90 – – G4 250 90 # Ea – – M5 450 – 40 # Ef , 60 – M6 450 – 60 # Ef , 80 – F7 450 – 80 # Ef , 90 35 F8 450 – 90 # Ef , 95 55 F9 450 – 95 # Ef 70 Médios Finos Arrestância média (Ea) (%) Eficiência média (Ef) para partículas de 0,4 μm (%) Eficiência mínima 2) para partículas de 0,4 μm (%) NOTAS: • As características da poeira atmosférica variam amplamente em comparação com o pó de carregamento usado nos ensaios. Em razão disso, os resultados dos ensaios não provém uma base para prever tanto o desempenho operacional quanto a vida útil. A redução da carga estática do meio filtrante ou o desprendimento de partículas ou fibras podem também afetar negativamente a eficiência. • A Eficiência Mínima @ 0,4 μm é a menor eficiência verificada no decorrer de qualquer uma das etapas do procedimento de ensaio (eficiência inicial do filtro e/ou da amostra de meio filtrante, eficiência do meio filtrante carregado ou descarregado eletrostaticamente). Tabela 1: Classificação de filtros grossos, médios e finos conforme futura EN779 e CEE-138 anuncio_revista_solepoxy.pdf 1 28/01/2011 15:58:08 A Solepoxy possui uma completa linha de revestimentos epóxi, PU e uretano para a indústria farmacêutica, cosmética e veterinária. C M Y CM MY CY CMY K - Alta resistência a riscos - Alta resistência a compressão, à abrasão e química - Rodapé integrado ao piso (sem emendas) - Espessura variada de 2,5 a 6 mm - Monocromático ou policromático - Acabamento brilhante ou acetinado R. (4) Athos Astolfi, 82 - Jd. Manchester - Sumaré/SP - CEP 13178-443 Tel/Fax.: (19) 3211-5050 - [email protected] - www.solepoxy.com.br artigo técnico RESULTADO DE ENSAIO DE FILTRO DE AR Organização de ensaio: Superlab Inc Relatório nr.: 00720XX GERAL Ensaio N°.: 12345 Data do ensaio: 02 01 20XX Supervisor: T. Master Ensaio requerido por: World Best Filtro Inc. Data de recebimento da amostra: 26-01-20 11 Amostra enviada por: World Best Filtro Inc. AMOSTRA ENSAIADA Modelo: WBF Leader 100 Fabricante: World Best Filtro Inc. Tipo do meio filtrante: Fibra de vidro WBF Mix G & F Fabricante: World Best Filtro Inc. Área de filtragem efetiva: 19 m2 Construção: Filtro rígido plissado em “V”, com 4 “V´s” Dimensões do Filtro (Largura × Altura × Profundidade): 592 mm × 592 mm × 292 mm DADOS DO ENSAIO Vazão de ar do ensaio: 0,944 m³/s Temperatura do ar no ensaio: 24ºC Umidade relativa do ar no ensaio: 50% Aerosol de ensaio: DEHS Pó de carregamento: ASHRAE Não tratado / Descarregado Eficiência do meio filtrante (0,4 μm): 71,6% / 70,6% RESULTADOS Perda de pressão inicial: 99 Pa Arrestância inicial: 98% Eficiência inicial: (0,4 μm): 72% Carga de pó no ensaio: 254 g / 369 g / 461 g Perdas de pressão finais do ensaio: 250 Pa / 350 Pa /450 Pa Arrestância média: 99% Eficiência Média (0,4 μm): 93% / 95% / 96% Classe de filtragem (450 Pa): F9 100 100 80 100 80 80 60 80 60 60 40 60 40 40 20 40 20 20 0 20 0 0 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 0 Arrestância, % Eficiência (0.4 μm), % 100 Comentários: Curva 4 Arrestância em função da carga de pó na vazão de ensaio Curva 3 Eficiência (0,4 μm) em pó na vazão de ensaio Carga de pó Perda de Pressão, Pa 500 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 500 400 400 300 300 200 200 100 100 0 0 0,0 0,1 0,2 0,0 0,1 de ar, 0,2 Vazão NOTA 0,3 m /s 3 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3 Os resultados de desempenho são válidos apenas para os itens testados e não podem ser quantitativamente aplicados para predizer a desempenho do filtro em serviço. Figura 2: Exemplo de relatório de ensaio conforme EN 779 traduzido pelo CEE-138. 44 Curva 2 Perda de pressão em função da carga de pó na vazão de ensaio Curva1 Perda de pressão em função da vazão de ensaio. (Amostra limpa) Norma ashrae 52.2:2007 NORMA EN 1822:2009 A norma Ashrae 52.2 é frequentemente utilizada Desde a publicação da norma NBR 16401, ficou uma por fabricantes de filtros e equipamentos norte-america- lacuna no que diz respeito à classificação dos filtros ab- nos. Também ela é referência nos documentos voltados solutos/HEPA no Brasil. Isto porque a antiga norma NBR a certificação LEED. Sua base reside no conceito de 6401 que classificava os filtros em A-1, A-2 e A-3 deixou menor eficiência verificada para três faixas de tamanhos de ser aplicada. de partículas durante o ensaio (0,3 – 1,0µm; 1,0 – 3,0µm; 3,0 – 10µm) (tabela 2). Como saída para este problema, o mercado vem se acomodando em torno da norma européia EN 1822 que, Esta norma traz algumas inovações importantes como a eficiência por faixas de partículas (algo de mais além de ser bastante completa, também está em constante evolução. fácil compreensão aos usuários), além de quatro faixas A norma EN 1822 foi atualizada no final de 2009. de perdas de pressão final para o ensaio, em função da Ela trata do método de ensaio e classificação dos filtros eficiência do filtro (75, 150, 250 e 350Pa). EPA, HEPA e ULPA. Entretanto, como seu método e aerossol de ensaio Em relação à sua versão anterior, a inclusão da são diferentes dos utilizados na norma EN 779 (KCL x categoria de filtros EPA (efficient air filters) subdividiu a DEHS), não existe uma conexão direta entre as duas antiga categoria de filtros HEPA (high efficiency particu- normas, o que exige cautela na comparação entre filtros late air filters). A classificação dos filtros ULPA (ultra low ensaiados em uma e na outra norma. penetration air filters) permaneceu inalterada. MERV 3,0 to 10,0 μm 1,0 to 3,0 μm 0,3 to 1,0 μm Arrestância (arrestance) Perda de pressão final (Pa) 1 E3 < 20% – – <65% 75 2 E3 < 20% – – 65 - 70% 75 3 E3 < 20% – – 70 - 75% 75 4 E3 < 20% – – ≥75% 75 5 20≤ E3 <35% – – – 150 6 35≤ E3 <50% – – – 150 7 50≤ E3 <70% – – – 150 8 70% ≤ E3 – – – 150 9 85% ≤ E3 E2<50% – – 250 10 85% ≤ E3 50≤ E2 <65% – – 250 11 85% ≤ E3 65≤ E2 <80% – – 250 12 90% ≤ E3 80% ≤ E2 – – 250 13 90% ≤ E3 90% ≤ E2 E1< 75% – 350 14 90% ≤ E3 90% ≤ E2 75≤ E1 <85% – 350 15 90% ≤ E3 90% ≤ E2 85≤ E1 <95% – 350 16 95% ≤ E3 95% ≤ E2 95% ≤ E1 – 350 Tabela 2: Valores de eficiência mínima reportados MERV (Minimum Efficiency Reporting Values) conforme ASHRAE 52.2:2007. 45 artigo técnico Ela é subdivida em 5 partes como dispostas abaixo: EN 1822-1 – contém classificação, dados de desempenho e identificação de filtros EPA, HEPA e ULPA; EN 1822-2 – descreve os equipamentos de medição e os geradores de aerossol utilizados no ensaio dos filtros; tícula de máxima penetração em amostra do meio filtrante (flat sheet); EN 1822-4 – com aerossol apropriado, descreve o ensaio para verificação de vazamentos no filtro, através do método de escaneamento. Permite o cálculo da Divulgação: Aeroglass EN 1822-3 – descreve o ensaio de eficiência e par- Foto 6: Filtros HEPA planos eficiência global do filtro ensaiado, além de apresentar valores de penetração local, por ponto escaneado; minação de eficiência em filtros que não podem ser escaneados conforme EN 1822-4. Divulgação: Trox EN 1822-5 – descreve técnicas de ensaio para deter- A introdução dos filtros epa Como apresentado anteriormente, a norma EN1822 versão 2009 introduziu o conceito dos filtros EPA (effi- cient air filters) que, para alguns são considerados subFoto 7: Filtro HEPA em V -absolutos, inferiores aos filtros HEPA. A grande diferença entre os filtros EPA e os filtros HEPA (high efficiency particulate air filters) está, não só na eficiência global, mas também no critério de eficiência local, ponto a ponto na estrutura de sustentação onde o filtro é montado. do filtro, durante o escaneamento. Este critério aumenta Entretanto é fundamental considerar que, os ensaios o rigor na classificação dos filtros HEPA já que eles de- em campo não são capazes de determinar a eficiência vem atender aos dois requisitos (tabela 3). do filtro no que diz respeito à partícula de máxima pe- Outra questão a ser considerada é que, conforme netração (MPPS), uma vez que durante sua realização norma, os filtros HEPA devem ser ensaiados individual- não são atendidos alguns critérios exigidos no ensaio mente após a sua fabricação antes de serem entregues. de laboratório, entre eles, características do fluxo do Já os filtros EPA têm um critério mais livre de inspeção, ar ao qual o filtro está submetido e a concentração e podendo ser despachados pelo fabricante após ensaios faixa de distribuição do aerossol à montante do filtro, representativos do lote. por exemplo. No caso dos filtros grossos e finos, o desafio é ainda Ensaios de filtros em campo maior, pois não existem dispositivos normalizados para a realização dos ensaios. Uma alternativa que vem sendo discutida é o uso do 46 Os filtros absolutos/HEPA e ULPA são geralmente contador de partículas discretas – CPD – para a verifi- ensaiados em campo através da verificação com fotô- cação da capacidade de filtragem do sistema filtrante metro ou com contador de partículas discretas (CPD). instalado (entenda-se: os filtros, vedações, estruturas Estes ensaios buscam detectar vazamentos no meio de sustentação, entre outros) em comparação à um filtrante, na selagem do filtro, na gaxeta de vedação ou filtro de referência. Filtro Classe conforme EN 1822:2009 Valores Globais Valores Locais Eficiência % Penetração máxima % Eficiência % Penetração máxima % EPA E10 85 15 – – EPA E11 95 5 – – EPA E12 99,5 0,5 – – HEPA H13 99,95 0,05 99,75 0,25 HEPA H14 99,995 0,005 99,975 0,025 ULPA U15 99,9995 0,0005 99,9975 0,0025 ULPA U16 99,99995 0,00005 99,99975 0,00025 ULPA U17 99,999995 0,000005 99,999975 0,000025 Tabela 3: Classificação dos filtros absolutos conforme EN 1822:2009 Neste sentido, o ar admitido em ambos os sistemas Consumo energético é praticamente o mesmo e, com o filtro referência previamente ensaiado em laboratório, é possível estudar o comportamento do sistema filtrante como um todo. Na figura 3 temos um desenho esquemático proposto para o ensaio de filtros finos em campo. Vale notar que, nesta configuração, o maior desafio é obter uma quantidade de partículas estatisticamenterepresentativa à montante do sistema, principalmente Outra questão que vem sendo frequentemente debatida entre fabricantes e usuários de filtros de ar é a influência dos filtros para o aumento ou redução do consumo energético de sistemas de ar condicionado e ventilação geral. O que atualmente ninguém discute é a tendência de aumento das tarifas de energia ao longo dos próximos na faixa de diâmetro de 0,4μm. anos. Por este motivo, a racionalização dos sistemas passa, sem dúvida, pelo uso de filtros de ar capazes de garantir seu desempenho de eficiência, com o mínimo de consumo energético associado. Diversos especialistas têm debatido conceitos em busca uma metodologia uniforme capaz de permitir a comparação e classificação dos filtros tanto pelo critério de eficiência como pelo critério de consumo energético. Esta discussão é uma tendência mundial e que merece toda atenção do mercado brasileiro, uma vez que o impacto de um sistema filtrante mal dimensionado no Sistema filtrante ensaiado em campo consumo energético de uma instalação pode ser significativo. Critérios para selecionamento de filtros de ar Filtro de referência previamente ensaiado em laboratório Contador de partículas discretas - CPD Figura 3: Esquema de ensaio de filtros finos em campo REHVA Guidebook Atualmente o mercado de filtros de ar apresenta uma grande variedade de tipos, modelos e fabricantes. Por este motivo, o selecionamento do filtro mais adequado não deve ser feito somente pela classe de filtragem pre- 47 artigo técnico Divulgação: Atmen Aplicação típica Classe Supermercado, mall de centros comerciais, agências bancárias e de correios, lojas comerciais e de serviço G4 Escritórios, salas de runião, CPD, sala de digitação, call center, consultórios F5 Aeroporto – saguão, salas de embarque F5 Aeroporto – torre de controle G3 + F6 Biblioteca, museu – áreas do público Foto 8: Tipos de filtros de ar f5 Biblioteca, museu – exposições e depósito de obras sensíveis sente na sua etiqueta ou carimbo de identificação. Os fabricantes têm desenvolvido novos meios filtrantes e formatos construtivos que associam benefícios como: maior vida útil, menor desprendimento de partículas, melhor desempenho energético, entre outros. Por isso, é fundamental que os usuários, selecionadores e projetistas tenham clareza das necessidades técnicas da instalação e recebam dos fabricantes as informações objetivas de desempenho dos filtros. A norma NBR 16401-3 em sua tabela 5 (neste artigo tabela 4) apresenta alguns critérios mínimos de Hotéis 3 estrelas ou mais, apartamentos, lobby, salas de estar, salas de convenções F5 Hotéis – outros, motéis – apartamentos G4 Teatro, cinema, auditório, locais de culto, sala de aula F5 Lanchonete, cafeteria G4 Restaurante, bar, salão de coquetel, discoteca, danceteria, salão de jogos F5 Ginásio (áreas do público), fitness center, boliche, jogos eletrónicos G4 eficiência de filtragem recomendados para cada tipo de Centrais telefônicas de computação ambiente. Residências Já a norma Européia EN 13779 estabelece a classe G3 + F8 G3 + F6 G3 Sala de controle – ambiente eletrônico sensível G3 + F6 a qualidade do ar externo ao ambiente e a qualidade do Impressão – litografia, offset G3 + F7 ar interno desejado. Os níveis ODA (outdoor air quality) Impressão – processamento de filmes G3 + F8 de filtragem necessária ao sistema pela co-relação entre e IDA (indoor air quality) são válidos para instalações de Tabela 4: tabela extraída da NBR 16401-3 (tabela 5) com as aplicações típicas e classes de filtragem recomendadas conforto e estão dispostos na tabela 5. De acordo com o nível ODA e IDA da instalação, Qualidade desejada no ar interior (IDA - Indoor Air Quality) Qualidade do ar exterior (ODA - Outdoor Air Quality) ODA 1 (ar com baixo nível de poeira - puro) ODA 2 (ar com poeira moderada) ODA 3 (ar com concentrações altas de poeira ou gases) IDA 1 (alta) IDA 2 (média) IDA 3 (moderada) IDA 4 (baixa) F-9 F-8 F-7 F-5 (M-5) F-7 + F-9 F-6 (M-6) + F-8 F-5 (M-5) + F-7 F-5 (M-5) + F-6 (M-6) F-7 + Filtro para gases + F-9 F-7 + Filtro para gases + F-9 F-5 (M-5) + F-7 F-5 (M-5) + F-6 (M-6) Tabela 5: Uso de filtros de ar conforme recomendações da norma européia EN 13779 48 Estrutura de sustentação Suporte do filtro (Dimensões nominais) Dimensões da face do filtro (Dimensões reais) Largura (mm) Altura (mm) Largura (mm) Altura (mm) 610 610 592 592 508 610 490 592 305 610 287 592 610 305 592 287 508 305 490 287 305 305 287 287 Tabela 6: Dimensões de face dos filtros de ar conforme EN 15805 os procedimentos de manutenção, higienização dos sistemas e trocas dos filtros deverão também ser mais Bibliografia rigorosos. Além do selecionamento do filtro com baixo consumo ABNT NBR 16401-3 – Instalações de ar condicionado – energético, o uso de filtros em dimensionais padroniza- Sistemas centrais e unitários. Parte 3: Qualidade do dos pode ser capaz de reduzir os custos de manutenção ar interior – 2008. e níveis de estoque necessários, uma vez que são produzidos pela maioria dos fabricantes. Na tabela 6 são apresentadas as dimensões de face de filtros grossos e finos padronizadas pela norma EN GUSTAVSSON, J. – Finally a new test method for air fil- ters – EN 779:2002 – 34th R³ - Nordic Contamination Control Symposium – 2003. GUSTAVSSON, J. – Air filter for ventilating systems – laboratory and In Situ testing – International Nonwo- 15805. vens Journal – Volume 8 N° 2 – 1999. Tendências para o futuro PrEN 779:2011 – Particulate air filters for general ven- tilation – Determination of the filtration performance – CEN / TC-195 – 2011. Os maiores investimentos dos fabricantes de meios GUSTAVSSON, J; GINESTET, A; TRONVILLE, P; HYT- filtrantes e de filtros de ar estão voltados à sustentabili- TINEN, M. – Air filtration in HVAC Systems – REHVA dade das instalações. Guidebook – N° 11 – REHVA – 2010. Este conceito passa pelo desenvolvimento de produ- EN 13779:2007 – Ventilation for non-residential builidin- tos com materiais de fácil descarte e que não agridam o gs – Performance requirements for ventilation and meio ambiente; materiais com menor perda de pressão roomconditioning systems – CEN – 2007. inicial e, por consequência, menor consumo energético; e filtros com melhor rendimento econômico, alinhando quesitos como preço unitário, ciclo de manutenção e custos acessórios. Por fim, ressalto que somente através da elaboração de normas brasileiras e do debate entre fabricantes, usuários e acadêmicos, o Brasil poderá se transformar EN 1822:2009 – Part 1-5. High efficiency air filters (EPA, HEPA and ULPA) – CEN – 2009. ANSI / ASHRAE 52.2:2007 – Method of testing general ventilation air-cleaning devices for removal efficiency by particle size – ASHRAE – 2007. EN 15805:2009 – Particulate air filters for general ventila- tion – Standardized dimensions – CEN – 2009. em um agente ainda mais importante no mercado inter- ABNT NBR 7256 – Tratamento de ar em estabelecimen- nacional, tanto como consumidor como também desen- tos assistenciais de saúde (EAS) – Requisitos para volvedor de tecnologia. projeto e execução das instalações – ABNT – 2005. 49