EDIÇÃO
INFORMATIVA
DA CNT
CNT
ANO XX
NÚMERO 230
NOVEMBRO 2014
T R A N S P O R T E
AT UA L
Alerta nas
rodovias
Pesquisa CNT mostra que 62,1% das rodovias apresentam
deficiência no pavimento, na sinalização ou na geometria da via
TO
AC
SP
4
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
REPORTAGEM DE CAPA
A 18ª Pesquisa CNT de Rodovias aponta que mais de 60%
dos trechos avaliados apresentam algum problema no
pavimento, na sinalização ou na geometria da via; número
de pontos críticos passou de 250 para 289 em um ano
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CNT
TRANSPORTE ATUAL
ANO XX | NÚMERO 230 | NOVEMBRO 2014
ENTREVISTA
Paulo Gordilho fala
sobre portos secos
e integração modal
PÁGINA
8
EMISSÕES • Inventário elaborado pela
Anac apresenta os poluentes emitidos pelo
transporte aéreo nos últimos anos
PÁGINA
CAPA SERGIO ALBERTO/CNT
32
AQUAVIÁRIO
Instalação de
terminal privado
ganha fôlego
EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT
CONSELHO EDITORIAL
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Etevaldo Dias
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EDITOR
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Tiragem: 40 mil exemplares
Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual
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TECNOLOGIA
Comodidade e
mais segurança
na direção
PÁGINA
44
36
www.
cnt.org.br
Pesquisa CNT de Rodovias em detalhes
A Confederação Nacional do Transporte preparou uma página
destinada exclusivamente à Pesquisa CNT de Rodovias 2014.
No endereço http://pesquisarodovias.cnt.org.br/ é possível
acessar o relatório geral da 18ª edição do levantamento, as informações por Estado, os principais dados, o ranking dos melhores e piores trechos, mapas interativos, além de fotos, que
documentam as condições de rodovias por todo o país. Edições anteriores da pesquisa também estão no portal. O conteúdo completo está disponível para download.
MEIO AMBIENTE • Oficinas mecânicas
investem no descarte correto de resíduos
gerados em suas atividades
PÁGINA
48
MOBILIDADE
Especialistas alertam
para a necessidade
de mudar hábitos
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54
FERROVIÁRIO
Seções
Opinião
6
Duke
7
Mais Transporte
12
Tema do mês
78
Boletins
72
Alexandre Garcia
81
Cartas
82
Feira em Berlim
atrai interesse
para o Brasil
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60
OUTUBRO ROSA
Sest Senat realiza
ações contra o
câncer de mama
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64
6
CNT TRANSPORTE ATUAL
Duke
NOVEMBRO 2014
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
7
“Os números da última Pesquisa CNT de Rodovias são preocupantes
e apontam problemas em mais de 60% dos trechos avaliados”
CLÉSIO ANDRADE
OPINIÃO
O transporte
como prioridade
A
s rodovias do Brasil apresentam uma grave situação que aumenta os custos logísticos e os
riscos a toda a população. Milhares de pessoas
perdem a vida nas estradas brasileiras. Só em
2013, nas rodovias federais, foram mais de
8.000 mortes em mais de 180 mil acidentes. Os
números da última Pesquisa CNT de Rodovias são
preocupantes e apontam problemas em mais de
60% dos trechos avaliados. Para reverter esse
quadro, são necessárias medidas, como aumentar o volume de investimentos, conseguir investir
os valores autorizados, priorizar obras essenciais e ter visão sistêmica sobre o setor.
Em 2015, começa uma nova fase no país, com
mudanças no Executivo e no Legislativo. No dia em
que foi reeleita, a presidente Dilma Rousseff firmou
o compromisso de abrir o diálogo e instituir mudanças no Brasil. É isso que o setor de transporte espera. Que a presidente, em seu novo mandato, esteja
aberta a ouvir o setor sobre quais são as demandas
para as rodovias e os outros modais (ferroviário,
aquaviário e aéreo). Que o transporte possa ser visto como prioridade em seus planos de ação.
Recentemente, a CNT divulgou o documento
“O que o Brasil precisa em transporte e logística”, contendo as propostas da confederação para os candidatos à Presidência. O documento é
baseado em estudos da CNT, com destaque para
o Plano CNT de Transporte e Logística 2014, que
indica a necessidade de quase R$ 1 trilhão para
melhorar a infraestrutura de transporte no país.
Nesse documento, estão as recomendações para
que ocorra inovação, transformação e dinamização do transporte e da logística. É necessário e
urgente adequar e expandir a infraestrutura e
tomar medidas importantes para haver redução
de burocracia e de custos.
De acordo com a Pesquisa CNT de Rodovias
2014, há diversas situações preocupantes, como
aumento no número de pontos críticos (quedas
de barreiras, buracos grandes e outros), curvas
perigosas sem sinalização, pavimento destruído
em alguns trechos. Ampliar investimentos e conseguir aplicar de fato os recursos disponíveis são
grandes desafios. É preciso reinventar a forma
de gerenciar. O Plano CNT de Transporte e Logística 2014 indica a necessidade de mais de R$ 290
bilhões somente para as rodovias. Nos últimos
anos, o governo tem conseguido investir cerca
de R$ 8 bilhões por ano em rodovias.
O modal corresponde a mais de 60% do transporte de cargas e a mais de 90% do transporte de
passageiros. A CNT identificou a necessidade de
mais de 600 intervenções, entre construção, adequação, duplicação, pavimentação e recuperação
do pavimento. Obras de duplicação da BR-262, BR251, BR-116 e BR-135 estão entre as de destaque. Rodovias em bom estado de conservação são fundamentais para o desenvolvimento do país, para a redução de acidentes e para a sustentabilidade.
“Os portos secos ou Clia têm como principal função servir como
logística para as operações de comércio exterior, principalmente
ENTREVISTA
PAULO CATHARINO GORDILHO - PRESIDENTE DA ABEPRA
Elo de inte
POR
undamentais para o
desenvolvimento da
logística nacional, os
chamados portos secos contribuem para aproximar as zonas alfandegadas
dos mercados de consumo, liberando áreas próximas aos
portos e aeroportos e reduzindo o tempo de atendimento na retirada da mercadoria,
bem como na redução dos
custos de transporte e de armazenagem.
Porém, no Brasil, a falta de
infraestrutura de transporte
e da integração modal ainda
impede que as operações
nesses recintos sejam realizadas de maneira adequada,
afetando a competitividade
F
LIVIA CEREZOLI
dos produtos brasileiros. De
acordo com Paulo Catharino
Gordilho, presidente da Abepra (Associação Brasileira
das Empresas Operadoras de
Regimes Aduaneiros), os portos secos são um importante
elo de uma cadeia maior em
que a multimodalidade desempenha papel importante.
“A falta de integração modal
afeta o desempenho global
do comércio exterior brasileiro”, ressalta ele nesta entrevista concedida à CNT
Transporte Atual.
Segundo a Receita Federal, portos secos são recintos
alfandegados de uso público,
situados em zonas secundárias de fronteira – as zonas
primárias são basicamente
os portos marítimos e os
aeroportos, por onde chegam
ou saem as mercadorias do
país. Nos portos secos são
executadas operações de
movimentação, armazenagem e despacho de mercadorias e de bagagem, sob controle aduaneiro.
Atualmente, o Brasil conta
com 63 portos secos, dos
quais 59 são operados pela
iniciativa privada, por meio
de concessões, de acordo
com informações da Abepra.
Dados da associação apontam que a movimentação
nesses recintos alfandegados chega a 850 mil unidades
de contêineres de importa-
ção por ano. Isso representa,
aproximadamente, 20% de
toda a movimentação de contêineres desembarcados em
portos brasileiros.
Gordilho também destaca
na entrevista a seguir a diferença na operação dos portos secos, dos marítimos ou
dos aeroportuários e questões relacionadas à legislação que rege o setor. Acompanhe mais detalhes.
Qual a principal função
de um porto seco?
Os recintos alfandegados
de área secundária, chamados
portos secos ou Clias (Centros
Logísticos e Industriais Aduaneiros), têm como principal
ELO DE INTEGRAÇÃO
plataforma
nas importações”
gração
função servir como plataforma logística para as operações de comércio exterior,
principalmente nas importações, além de poder operar
todos os regimes aduaneiros
em vigor, o que lhes confere
agilidade incomparável em
operações logísticas de comércio internacional.
Quais operações são realizadas nesses terminais?
Nesses recintos são realizados o trânsito aduaneiro de
contêineres e mercadorias soltas; a separação e o içamento
de cargas especiais; a pesagem, o cintamento e a contagem de mercadorias; a movimentação e a armazenagem de
mercadorias desunitizadas (retiradas do contêiner) ou na
mesma unidade de carga em
que for transportada; a expedição de mercadorias importadas após desembaraço aduaneiro; a pesagem de veículos,
contêineres e volumes; a admissão de mercadorias e bagagem desacompanhada sob regime de trânsito aduaneiro,
procedente de portos, aeroportos ou fronteiras; o atendimento completo à importação
por meio dos regimes aduaneiros especiais; a gestão de estoques nacionalizados ou sob regime aduaneiro; o posicionamento de componentes em linhas de montagem externas; a
admissão de mercadorias, am-
paradas em nota fiscal, para
serem exportadas; a admissão
de contêineres vazios para utilização de cargas; a movimentação e a armazenagem de
mercadorias para unitização
de cargas (colocação no contêiner); a pesagem de veículos,
contêineres e volumes; e a expedição das mercadorias para
exportação após o desembaraço aduaneiro.
Qual a diferença entre a
atuação dos portos secos e
dos portos marítimos ou
hidroviários?
Os recintos alfandegados
instalados em zonas secundárias são estações aduaneiras voltadas para as necessidades logísticas da indústria,
do comércio e do mercado
consumidor. Esses locais têm
mais mobilidade pela capacidade de operar com desenvoltura os diversos regimes
aduaneiros. Além disso, a peculiaridade de estarem localizados em regiões mais próximas dos mercados consumidores confere aos portos
secos mais competitividade,
se considerarmos o conjunto
das operações aduaneiras e
logísticas realizadas no país.
Qual o volume de carga
movimentada no último ano
nos portos secos do país?
Quais os principais produtos?
De forma geral, os setores que
mais operam em recintos alfandegados de zona secundária são o
automobilístico, o fármaco, o eletroeletrônico, o de informática e o
de projetos industriais. Consequentemente, os principais produtos movimentados nesses locais
estão ligados a esses setores. Estima-se que trafeguem pelos portos secos ou Clias, de todo o Brasil, cerca de 850 mil unidades de
contêineres de importação. Esse
volume representa, aproximadamente, 20% do movimento de
contêineres desembarcados em
portos brasileiros.
O país conta hoje com 63
portos secos. Esse número
é suficiente para atender à
demanda de carga?
Desse total, a iniciativa privada
opera 59 unidades instaladas no
Brasil. Atendemos à demanda atual
e estamos preparados para atender
o crescimento do país nos próximos
20 anos. Temos disponíveis cerca de
6 milhões de metros quadrados alfandegados, onde foram realizados
investimentos em segurança, confiabilidade e eficiência, exigidos pelos diversos intervenientes.
Qual a importância dos
portos secos para a logística nacional?
Esses recintos são plata-
formas operacionais que podem fazer de tudo em relação à logística de comércio
exterior. Seja na área fiscal,
com a operação de regimes
aduaneiros controlados pela
aduana, seja como Centro de
Distribuição Alfandegado ou
não Alfandegado, com condições de fornecer uma enorme gama de serviços de
guarda, controle e manutenção dos estoques de mercadorias, bem como sua colocação em linhas de montagem
externas.
Muito se fala do esgotamento do setor portuário
brasileiro. Essa é uma realidade dos portos secos
também?
Os investimentos realizados garantem que os portos
secos existentes ainda atenderão por muitos anos à demanda. O sistema, atualmente em funcionamento, com
ajuste à lei em vigor no prazo dos contratos, poderia
trazer importantes ganhos
com consequentes reflexos
na redução das tarifas dos
serviços prestados. No entanto, admitimos a necessidade de expansão do sistema
em regiões pontuais. Nesse
sentido, destacaria a licitação feita recentemente em
Suape, Pernambuco, para a
instalação de um novo porto
seco, que já está funcionan-
PARTICIPAÇÃO Recintos alfandegados
“Os
investimentos
que se tem
realizado
garantem que
os portos secos
existentes
ainda
atenderão por
muitos anos
à demanda”
do desde o início de outubro.
A Receita Federal ajustou com
o TCU (Tribunal de Contas da
União) um modelo exemplar
de edital de licitação da qual
participaram cinco empresas
que já operam recintos alfandegados em outras regiões.
Todo o processo durou aproximadamente 18 meses, e a
empresa vencedora já tem a
unidade funcionando plenamente.
De que maneira o excesso de processos burocráticos atrapalha as operações
realizadas nesses locais?
De forma geral, não se sente excesso de processos buro-
ABEPRA/DIVULGAÇÃO
respeitando rigorosamente a
legislação aduaneira.
“Os portos
secos são um elo
de uma cadeia
em que a
multimodalidade
desempenha
papel
importante”
movimentam 20% das cargas conteineirizadas que chegam aos portos do país
cráticos nas operações realizadas nos terminais. Além
disso, não se pode encarar o
processo aduaneiro apenas
na área dos portos secos. Ele
é um conjunto de medidas
que atinge a todos os recintos alfandegados em operação no país. Se olharmos para
o conjunto das operações, podemos ver que os processos
aduaneiros estão se descomplicando cada vez mais. Contudo, não se pode nunca esquecer que fundamentalmente têm de ser mantidas a segurança e a confiabilidade
das operações. Podemos destacar que o nosso sistema
conta com todos os órgãos
federais anuentes em um só
lugar, facilitando e agilizando
a liberação das cargas.
Quais alterações a chamada Lei dos Portos (lei nº
12.815/13) trouxe para o
funcionamento dos portos
secos?
Essa nova lei nada mudou
em termos da organização e
da operação do nosso setor,
pelo fato de tratar basicamente de questões relacionadas com a zona primária
das operações (porto marítimo e retroporto), dentro da
poligonal traçada nos diversos portos organizados. Os
recintos alfandegados de zo-
na secundária estão localizados em áreas privadas, fora
da poligonal dos portos organizados.
Em 2013, a MP nº 612,
que estabelecia mudanças
para a instalação de portos secos no Brasil, perdeu
o prazo e não foi votada.
Qual o impacto disso no
setor?
Estruturalmente, esse fato
produziu pouco impacto. O
setor continua com a mesma
dimensão e funcionando normalmente, como vem fazendo ao longo do tempo, atendendo às demandas do mercado de comércio externo e
Um dos principais problemas do escoamento da
produção nacional, principalmente a agrícola, é a falta de armazéns no Brasil.
Como os portos secos podem auxiliar nesse sentido?
Recintos alfandegados de
zona secundária trabalham
basicamente com importação
de mercadorias conteinerizadas, cargas de projetos, veículos ou de dimensões que
excedem a capacidade física
dos contêineres. Na área do
granel em grão ou sólido, os
portos secos pouco podem
fazer devido às peculiaridades da operação.
De que maneira a deficiência da infraestrutura de
transporte e a falta de integração modal afetam o desempenho dos portos secos?
Esses gargalos afetam a
competitividade dos produtos brasileiros, especialmente no exterior. Os portos secos ou Clias, como prestadores de serviços, são um elo
de uma cadeia maior em que
a multimodalidade desempenha papel importante. O que
fica afetado é o desempenho
global do comércio exterior
brasileiro, e não apenas de
algum elo da cadeia logística
isoladamente.
l
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CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
MAIS TRANSPORTE
VIRACOPOS
Novo terminal em operação
Aeroporto Internacional de Viracopos, em
Campinas (SP), iniciou,
em outubro, a transferência
operacional para o novo terminal de passageiros. As primeiras operações contam
com cinco voos nacionais
diários da Azul. O antigo terminal de passageiros ocupa-
O
va uma área total de 28 mil
metros quadrados, já o novo
tem área de 178 mil metros
quadrados.
De acordo com a assessoria do aeroporto, as transferências dos voos do atual terminal para o novo vão prosseguir até o fim de março de
2015, quando a desativação
do antigo terminal de passageiros deverá ser concluída. Ainda conforme a assessoria de Viracopos, o aeroporto conta com oito pontes
de embarque e capacidade
para movimentar 1.550 passageiros domésticos por
hora de pico, o que representa quase 14 milhões de
passageiros ao ano. O volume é 40% superior ao que o
atual terminal de passageiros deve movimentar até o
fim deste ano: aproximadamente 10 milhões de passageiros. A concessionária
Aeroportos Brasil Viracopos
investiu R$ 3 bilhões no aeroporto entre 2012 e 2014.
AEROPORTOS BRASIL VIRACOPOS/DIVULGAÇÃO
MUDANÇA Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, iniciou, em outubro, a transferência operacional para o novo terminal de passageiros
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
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ALL/DIVULGAÇÃO
Transporte
de celulose
A ALL (América Latina Logística) e a
produtora de papéis para embalagem Klabin
firmaram acordo para o transporte da
celulose que será produzida em Ortigueira
(PR). Chamado de Projeto Puma, a fábrica,
ainda em construção, tem previsão para
entrar em operação em 2016, com
capacidade de produção estimada em 1,5
milhão de toneladas de celulose por ano.
De acordo com a ALL, aproximadamente 900
mil toneladas serão destinadas à exportação
e vão ser transportadas via ferrovia, por 450
km, até o porto de Paranaguá (PR). O contrato
entre as companhias foi fechado até 2027 e
prevê a construção, pela Klabin, de um ramal
ferroviário de 25 km, dedicado exclusivamente
à movimentação de celulose, que vai ligar a
fábrica à ferrovia em Mojinho (PR). Também
está prevista a aquisição de sete novas
locomotivas e 306 vagões, desenvolvidos
especialmente para o transporte do
produto, com capacidade de carregamento
de 64 toneladas cada um.
AZUL/DIVULGAÇÃO
Mercado internacional
A Azul Cargo estreia no
mercado internacional de
cargas aéreas em dezembro
deste ano. A companhia vai
aproveitar os porões dos
Airbus 330-200 e 350-900, com
capacidade de até 18 toneladas,
para transportar contêineres e
cargas paletizadas. A rota de
importação e exportação de
cargas contempla os voos
comerciais diários da Azul que
partem do aeroporto de
Viracopos, em Campinas (SP),
para os Estados Unidos. A Azul
recebeu seu primeiro Airbus
330-200, dos sete arrendados
do modelo, em junho passado.
De acordo com a companhia, a
princípio, a aeronave deve
operar rotas nacionais com
transporte de cargas e de
clientes. Além dos seis A330200, a empresa vai incorporar à
frota cinco modelos A350-900
a partir de março de 2017.
CARGAS AÉREAS Azul vai transportar contêineres e cargas paletizadas
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CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
MAIS TRANSPORTE
TAM/DIVULGAÇÃO
Aviões retornam a museu
As réplicas dos aviões utilizados pela TAM na campanha “Bagagem Histórica”, em outubro, voltaram ao museu da companhia, em São Carlos
(SP). Os modelos transformaram os carrinhos de bagagem do Aeroporto Internacional de Guarulhos em pequenas aeronaves para homenagear
as crianças. Os passageiros-mirins “pilotaram” os aviõezinhos enquanto ouviam, por fone de ouvido, a história da aeronave de cada carrinho.
Novo pacote de serviços
Criado há dois anos para suprir
as necessidades do mercado de
reposição de autopeças no Brasil,
o Canal da Peça criou um pacote
de serviços, destinado aos
fabricantes de autopeças, para
estimular a demanda e expor
as marcas aos novos canais de
mídia on-line. Segundo Fernando
Cymrot, um dos fundadores do
canal, as novas ferramentas
ampliam a exposição dos
produtos na web, resultando
em novos clientes para os
fabricantes. Os serviços garantem
às marcas que seus produtos
estejam presentes em buscadores
como Google, Bing Yahoo e
outros, e também nos ambientes
de compra e venda de peças.
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
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AUSTRÁLIA
Centro de realidade virtual
Ford inaugurou em
Melbourne, na Austrália, o FiVE – laboratório
de realidade virtual de ultradefinição para o desenvolvimento de veículos. O FiVE já
opera em Dearborn, nos EUA.
Os laboratórios são ligados
aos centros de desenvolvi-
A
mento da companhia na Alemanha, Brasil, China, Índia e
México. Ambos receberam um
novo software de realidade
virtual de altíssima definição,
chamado VRED (quatro vezes
superior à resolução HD),
além de um sistema avançado
de detecção de movimentos,
similar aos usados na indústria de animação e games.
Segundo a assessoria da
Ford, a tecnologia já foi usada este ano para verificar mais de 150
mil detalhes em mais de 200 protótipos de veículos virtuais
construídos no FiVE norte-americano. O sistema permite que en-
genheiros e designers de todo o
mundo avaliem diferentes propostas de design virtual antes da
construção do protótipo físico
do automóvel. As ferramentas
servem, entre outras alternativas, para verificar o melhor posicionamento dos controles para o
motorista na cabine.
FORD/DIVULGAÇÃO
TECNOLOGIA A Ford inaugurou, em Melbourne, o laboratório de realidade virtual de ultradefinição para o desenvolvimento de veículos
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CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
MAIS TRANSPORTE
SUSTENTABILIDADE
Projeto inédito permite emissão de crédito de carbono
ECOFROTAS/DIVULGAÇÃO
primeiro modelo total flex lançado comercialmente
no
Brasil foi o Gol Power, em
março de 2003. Antes disso,
a possibilidade de abastecer um mesmo veículo com
álcool ou gasolina parecia
distante. Atualmente, quase
a metade dos veículos em
circulação no país pode ser
abastecida com etanol ou
gasolina. A tendência é que
a frota flex continue crescendo. Somente em 2013,
88,5% dos veículos novos
vendidos foram dessa categoria, de acordo com a Anfavea (Associação Nacional
dos Fabricantes de Veículos
Automotores).
Diante desse cenário e
do fortalecimento do debate acerca dos impactos ambientais decorrentes da utilização de combustíveis fósseis, um novo passo foi dado no país: possibilitar a
emissão de crédito de carbono a partir da substituição de gasolina por etanol
no abastecimento de veículos flex. A iniciativa – inédita
no mundo – faz parte de um
programa voltado a frotas
corporativas de veículos no
Brasil. Cada crédito equivale
a uma tonelada evitada de
emissão de CO 2.
O
MEIO AMBIENTE Medida desenvolvida pela empresa Ecofrotas visa a redução das emissões veiculares
A metodologia foi desenvolvida
pela Ecofrotas – responsável pela
gestão de 750 mil veículos e a primeira no mundo a tratar especificamente da geração de créditos
de carbono provenientes da substituição de combustível fóssil por
renovável em veículos flex. “Nós
ficamos de 2009 a 2012 desenvolvendo e validando essa metodologia com o VCS (Verified Carbon
Standard). Uma vez validada, essa
metodologia é única no mundo”,
disse o gerente de Inovação e Sustentabilidade da Ecofrotas, Rodrigo Somogyi.
tecimento que tinha para o
etanol. Na metodologia do projeto, existe a exigência de que
o volume de etanol abastecido
nesses veículos seja de, no mínimo, 95% ao longo do ano. O
sistema de controle de abastecimento de combustíveis da
empresa garante que as premissas do projeto sejam respeitadas na prática. Se a empresa não cumpre, ela perde
os créditos daqueles veículos
que não atingiram a meta,
mesmo que tenha ocorrido
uma redução de volume.
Funcionamento
Quando a empresa adere,
ela assina um aditivo se comprometendo a migrar o abas-
Compensação
A metodologia já viabilizou a
geração de 2.195 créditos de carbono. Segundo a Ecofrotas, os
créditos gerados podem ser
vendidos em mercados voluntários de carbono ou usados
internamente para compensar
outras emissões. “É um processo muito parecido com o
mercado de ações. Existem os
projetos de crédito de carbono, de diversas empresas, de
diversas naturezas, e os créditos gerados podem ser negociados. Por exemplo, a Ecofrotas tem um volume de crédito
e outra empresa tem uma
emissão de CO2 que ela quer
compensar. Ela pode comprar
e, com isso, adquirir o direito
daquele crédito para fazer a
compensação das emissões”,
afirmou Somogyi.
(Viviane Cruz)
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
17
WILSON SONS/DIVULGAÇÃO
Rebocador entra
em operação
O operador logístico e portuário Wilson Sons
incorporou à sua frota o rebocador WS
Pegasus. Esta é a quarta embarcação da
companhia a entrar em operação este ano. O
novo rebocador é parte de um montante de
12 rebocadores, com investimento total de
US$ 140,7 milhões. O WS Pegasus possui 73
toneladas de tração estática. Está equipado
com sistema de combate a incêndio, motor
Caterpillar e propulsores Schottel. A Wilson
Sons afirma que, até o fim de 2014, mais
uma embarcação com especificações
semelhantes deve entrar em operação.
HAMBURG SÜD/DIVULGAÇÃO
Batismo em Le Havre
PORTA-CONTÊINER Embarcação vai atuar entre Europa e América do Sul
A Hamburg Süd batizou
o porta-contêineres
“Cap San Antonio” no
Porto de Le Havre, na
França. A embarcação é
um dos novos navios de
uma série de seis idênticos,
todos construídos no
estaleiro Hyundai Heavy
Industries, em Ulsan, Coreia
do Sul. O “Cap San Antonio”
tem capacidade para 9.600
TEUs e vai entrar no
serviço entre Europa e a
Costa Leste da América do
Sul. Com 2.100 tomadas para
contêineres reefer, os sete
porta-contêineres da série
oferecem a maior capacidade
do mercado para cargas
refrigeradas. O transporte
desse tipo de produto é
uma das especialidades
da Hamburg Süd.
18
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
MAIS TRANSPORTE
JEEP/DIVULGAÇÃO
SUV em mais de cem países
O Renegade, primeiro SUV
compacto da Jeep a ser
vendido em mais de cem
países, ganhou três novas
versões. A montadora
confirmou que o veículo vai
ser produzido no Brasil em
2015. Comercializado
atualmente na Europa, Oriente
Médio e África, o Renegade
tem versões diferentes para
cada um desses mercados,
com quatro variações: Sport,
Longitude, Limited e Trailhawk.
No design, o veículo apresenta
faróis redondos e grade de
sete aberturas. O Renegade
tem dois tetos solares, de
acordo com a versão, sendo
uma delas uma grande peça
deslizante de vidro, e a outra,
o “My Sky”, com painéis
removíveis que podem ser
guardados no porta-malas. Os
dois novos sistemas 4x4 Jeep
Active, Drive e Drive Low são
equipados com o exclusivo
recurso de desconexão
do eixo traseiro. Assim,
a passagem da tração
dianteira para a integral
é fluida, com redução de
perdas energéticas quando
o modo 4x4 é desnecessário,
melhorando a economia de
combustível do veículo.
Novo armazém de carga geral
Sistema de controle de jornada
A Asia Shipping, empresa de
agenciamento marítimo de
contêineres e de cargas por
meio de consolidação própria,
inaugurou, em outubro, um
armazém de carga geral em
Hortolândia, a 110 km de São
Paulo (SP). A planta, que levou
dois anos para ser erguida, foi
construída em cooperação com
uma transportadora parceira da
companhia. O local vai servir para
A AngelLira lançou no mercado o
AngelLira FOX, destinado para o
controle da jornada do motorista,
gestão de equipe externa e
gestão para operações logísticas.
O produto é um aparelho móvel
que integra um software exclusivo
e é resistente à água, poeira e
queda. A função “controle de
jornada” do sistema transfere as
informações automaticamente
para a central da empresa, em
coleta, armazenagem e distribuição
de mercadorias em todo o Estado
de São Paulo. Na exportação, o
armazém vai funcionar como um
hub (centro logístico) dedicado
à consolidação de cargas com
saídas diárias para o porto de
Santos. Na importação, será
possível receber os contêineres
diretamente de Santos, efetuar
a descarga e devolvê-los
vazios ao operador.
tempo real, como um cartão de
ponto eletrônico. O AngelLira FOX
possibilita a utilização de dois
chips de comunicação, como
telefone celular. O aparelho conta
com serviços para o envio de
mensagens; registro e envio de
fotografias, com hora, data e
coordenada de onde a imagem
foi tirada; além da possibilidade
de gravar e enviar vídeos às
centrais das companhias.
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
19
ABRAMUNDO/DIVULGAÇÃO
Resíduos viram pneus
CUSTO Empresa economiza até 20%
A Goodyear anunciou que vai
utilizar as cinzas da sobra da
queima da casca de arroz (que
antes eram enviadas para aterros)
para produzir eletricidade, como
fonte ecológica de sílica para uso
em seus pneus. De acordo com a
assessoria da companhia, nos
últimos dois anos, foram
realizados testes com a sílica
derivada da cinza de casca de
arroz, no Centro de Inovação
da Goodyear, em Akron, Ohio
(EUA). Os pesquisadores
descobriram que o impacto do
derivado sobre o desempenho
dos pneus é igual ao das fontes
tradicionais. A empresa está
em processo de negociação
com fornecedores para
comprar a cinza de arroz
para uso em seus pneus.
GOODYEAR/DIVULGAÇÃO
Kits educativos via cabotagem
A Abramundo, empresa
com atuação no setor
educacional, passou a
utilizar a cabotagem
(navegação entre portos
de um mesmo país) em
duas operações de
distribuição dos kits do
programa Ciência e
Tecnologia com
Criatividade. O material
vem sendo transportado,
via cabotagem, para
Manaus (AM) e Fortaleza (CE)
pela Aliança Navegação e
Logística. A economia da
empresa com o modal
chega a 20%, se
comparada ao transporte
por rodovia.
Escola da Renault faz um ano
A Escola de Economia de Energia
da Renault, instalada no
Complexo Ayrton Senna (onde
estão as três fábricas da marca
no país), em São José dos Pinhais
(PR), completou um ano em
outubro. A entidade celebra
conquistas em eficiência
energética e nas reduções de
desperdícios e dos impactos
ambientais da atividade por
meio do uso correto dos
recursos naturais. De acordo
com a montadora, além de
administrar o consumo de
recursos naturais envolvidos em
todos os processos, os resíduos
gerados na produção (metais,
plásticos, borra de tinta, entre
outros) são reciclados. Em 2013,
o volume de reciclagem atingiu
quase 70 mil toneladas. A escola
formou 950 colaboradores e
contribui para que a unidade
brasileira continue sendo
uma referência em
conservação de energia
dentro do Grupo Renault.
INOVAÇÃO Goodyear quer reduzir impacto
Expectativa de crescimento
A alemã Knauf está instalando
uma fábrica em Camaçari (BA)
para a produção de sistemas de
construção a seco (drywall). O
investimento criou expectativas
para o Tecon Salvador (Terminal
de Contêineres de Salvador). O
Tecon pretende operar os
embarques de chapas de gesso
(usadas na construção civil) que
serão produzidas na nova fábrica
da Knauf, que possui outra planta
em Queimados (RJ). Segundo o
Tecon Salvador, até o fim deste
ano, quando a capacidade plena
deverá ser atingida, a unidade vai
movimentar até 40 contêineres
por mês, via cabotagem, para
atender os mercados do Nordeste
e Norte do Brasil. O terminal já
operou com a empresa, quando
recebeu, aproximadamente, 250
contêineres com equipamentos
importados para a construção
da fábrica em Camaçari. A
operação totalizou 11 embarques
e cerca de 6.500 toneladas de
equipamentos.
20
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
MAIS TRANSPORTE
MAIS CLIENTES
Transporte rodoviário investe em conforto e tecnologia
SCANIA/DIVULGAÇÃO
egurança, conforto, praticidade e tecnologia de
ponta. Esses são alguns
dos diferenciais que empresas
de transporte rodoviário de
passageiros têm buscado com
o objetivo de atrair clientes.
Nos últimos anos, muitas delas
afirmam ter perdido passageiros que migraram para as companhias aéreas. Havia também
uma dúvida sobre as regras do
setor, que se tornaram mais
claras este ano, com a definição do regime de autorização
das linhas interestaduais. Agora, muitas dessas empresas
querem aumentar os investimentos e renovar a frota.
Nesse cenário, o Grupo JCA
anunciou, nessa segunda-feira,
27 de outubro, em São Paulo,
investimento de R$ 70 milhões
na compra de 73 novos ônibus
topo de linha. O grupo atua no
transporte rodoviário de passageiros há mais de 65 anos.
São 2.878 ônibus em operação,
sendo 2.391 rodoviários. Entre
2012 e 2014, o grupo comprou
aproximadamente 1.500 novas
unidades. Este ano, foram mais
de R$ 130 milhões em investimentos. A medida faz parte da
meta da empresa de chegar a
uma frota com idade média de
três anos em 2015.
De acordo com o diretor
executivo da Viação Cometa,
S
CLIENTES Modelos com chassis Scania e carroceria Marcopolo têm alto desempenho
Fernando Guimarães, uma das
empresas do grupo, o investimento vai ao encontro da mudança
anunciada em junho deste ano pela ANTT (Agência Nacional de
Transportes Terrestres) em relação ao regime de autorização das
linhas interestaduais. “A partir do
momento em que há a definição, e
as regras se tornam claras, os empresários voltam a investir no ritmo que vinham fazendo no passado. O mercado está represado
com a indefinição que houve entre 2013 e 2014”, disse Guimarães.
A criação de aplicativo que
possibilita a compra de passagens com maior facilidade está
entre as inovações apresentadas.
Além disso, ao chegar ao terminal rodoviário, o cliente pode efe-
tuar a retirada do bilhete por
meio da Sala Net e nos totens de
autoatendimento. O grupo também investiu em Salas Vips, que
oferece ar-condicionado, café,
água, televisão, espaço para leitura e acesso à internet.
Uma das novidades da nova
frota DD é o chamado camarote,
situado no primeiro piso dos ônibus, que possui poltronas com inclinação de 180 graus e revestimento de couro. Os passageiros
também vão contar com DVD, arcondicionado, Wi-Fi e tomadas para recarga. "É como se fosse a primeira classe de um avião”, disse
André Oliveira, consultor de marketing da Marcopolo. No andar superior, haverá poltronas confortáveis e anatômicas, com descanso
de pernas para longas viagens,
banheiro e bar com geladeira.
Os ônibus adquiridos pelo
Grupo JCA vão operar em São
Paulo, Rio de Janeiro, Santa
Catarina, Paraná e São José
do Rio Preto. Os modelos têm
chassis Scania e carrocerias
Marcopolo. "Alto desempenho,
baixo custo e maior economia
de combustível. Essa é a melhor combinação de carroceria e chassi na categoria Double Decker do mercado", destacou Ciro Pastore, responsável por vendas de chassis rodoviários da Scania no Brasil.
(Viviane Cruz)
A repórter viajou a São
Paulo a convite da Scania
REPORTAGEM DE CAPA
Mais pontos críticos
e metade do pavimento
com problemas
FOTOS PESQUISA CNT DE RODOVIAS 2014
18ª Pesquisa CNT de Rodovias aponta
que 62,1% dos trechos têm alguma
deficiência, aumentando o risco de
acidentes e os custos do transporte
24
CNT TRANSPORTE ATUAL
POR
NOVEMBRO 2014
CYNTHIA CASTRO
raticamente a metade (49,9%) do pavimento das rodovias
brasileiras avaliadas
apresenta algum tipo de deficiência, sendo classificado pela Pesquisa CNT de Rodovias
2014 como regular, ruim ou
péssimo por apresentar buracos, trincas, afundamentos,
ondulações, entre outros problemas. Em relação ao estado
geral, 62,1% das rodovias
apresentam alguma deficiência no pavimento, na sinalização ou na geometria da via. A
18ª edição do estudo da CNT,
divulgada em meados de outubro, avaliou 98.475 km, que
correspondem a toda a malha
federal pavimentada e aos
trechos estaduais mais relevantes para o transporte de
cargas e de passageiros.
Nesse último ano, aumentou
em 15,6% o número de pontos
críticos, passando de 250 (em
2013) para 289 (em 2014). Quedas de barreira, pontes caídas,
erosões na pista e buracos
grandes são considerados pontos críticos. “A situação do sis-
P
INSEGURANÇA Pontos críticos - como erosões, buracos
“É cada vez
maior o
número de
mortes e de
acidentes”
CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT
tema rodoviário brasileiro continua grave, comprometendo a
segurança das pessoas, tanto
de motoristas, como de passageiros e pedestres. É cada vez
maior o número de mortes e de
acidentes. Essa situação também compromete a logística,
devido ao elevado custo do
transporte, tornando o país
menos competitivo”, afirma o
presidente da CNT, Clésio Andrade. De 2011 para 2014, houve
um aumento de 32% no número de pontos críticos, que passaram de 219 para 289.
Em 2013, morreram mais de
8.500 pessoas em cerca de
186 mil acidentes nas rodovias
federais do país. As condições
ruins aumentam a insegurança, e muitas vidas poderiam
ser poupadas, caso fosse oferecida melhor infraestrutura.
Além do risco à vida das pessoas, conforme informações
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
25
BUROCRACIA
Pouco recurso e má aplicação
grandes, quedas de barreiras e de pontes - passaram de 250 para 289
da pesquisa, todos esses acidentes, em 2013, geraram prejuízos financeiros em torno de
R$ 17,7 bilhões. Esse valor inclui perdas de vidas, danos
aos patrimônios público e particular, gastos no sistema de
saúde e previdenciário e ainda
prejuízos ambientais.
Os problemas nas rodovias
afetam tanto o transporte de
cargas como o de passageiros.
Segundo o estudo, o acréscimo
médio do custo operacional,
devido à qualidade do pavimento das rodovias brasileiras,
é de 26%. Se considerar a região Norte, onde há ainda
maiores deficiências na malha,
esse índice sobe para 37,6%.
A Pesquisa CNT de Rodovias
2014 também aponta problemas
na sinalização e na geometria das
vias. Ao se considerar que 87,1%
dos trechos avaliados são formados por pistas simples de mão du-
A situação de precariedade encontrada em muitos
trechos reflete a escassez
dos recursos destinados ao
transporte no Brasil. Além de
ser insuficiente para melhorar a qualidade das rodovias,
o valor autorizado não chega
a ser investido devido a problemas de gestão e excesso
de burocracia.
O Plano CNT de Transporte e Logística, divulgado
pela CNT neste ano, indica a
necessidade de R$ 293,88
bilhões somente para o modal rodoviário. Em 2014, o
investimento público federal autorizado para as rodovias é de apenas R$ 11,93 bilhões. Ainda assim, até o
dia 16 de outubro, somente
R$ 7,57 bilhões (63,45%) tinham sido pagos.
O diretor executivo da
Mais de
8.500
pessoas
morreram
nas rodovias
federais
em 2013
CNT, Bruno Batista, comenta que seriam necessárias
algumas décadas para sanar os problemas, caso os
investimentos continuem
ocorrendo no ritmo de hoje. A CNT considera que é
preciso duplicar cerca de 14
mil quilômetros de rodovias no Brasil. Outros 8.700
quilômetros precisam ser
construídos.
“Em média, o governo federal tem conseguido investir cerca de R$ 8 bilhões por
ano. Demoraríamos, então,
mais de 30 anos para que a
infraestrutura rodoviária
brasileira passasse a oferecer boas condições operacionais e de segurança. É
um período muito longo para um país que quer dar um
salto e quer ser competitivo”, afirma Bruno Batista.
pla, torna-se ainda mais grave a
constatação de que 39,9% não
têm acostamento. E, em 49,7% da
extensão com ocorrências de curvas perigosas, não há placas de
advertência nem defensas completas. Em 57,4% dos trechos foi
encontrado algum tipo de problema na sinalização, sendo que em
26,4% não há placas de limite de
velocidade e em 47,6% a pintura
da faixa central está desgastada
ou é inexistente.
CLASSIFICAÇÃO
Resultados das características avaliadas
EXTENSÃO TOTAL
GESTÃO PÚBLICA
GESTÃO CONCEDIDA
GEOMETRIA A maior parte dos trechos
EXTENSÃO FEDERAL
“As faixas centrais são linhas
de divisão de fluxo, separam as
duas mãos de direção. O desgaste dessas faixas pode gerar graves problemas. Quando o motorista trafega à noite, sob neblina
ou em dias de chuva, por exemplo, a visibilidade da faixa faz
grande diferença em relação ao
nível de segurança”, diz o diretor
executivo da CNT, Bruno Batista.
Demanda
As condições do pavimento
são ruins, falta melhor sinali-
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
27
MALHA RODOVIÁRIA
Brasil tem volume muito baixo de rodovias pavimentadas
Extensão da malha rodoviária brasileira
Densidade da malha rodoviária pavimentada por país (valores em km/1.000 km2)
analisados (87,1%) é formada por rodovias simples e de mão dupla
zação, e a geometria de muitas vias também oferece riscos. Soma-se ainda o aumento
da demanda nos últimos anos,
devido ao crescimento da frota brasileira. Em 2004, o Brasil
tinha 37,9 milhões de veículos.
Em 2014, o número passou para 84,1 milhões, de acordo com
dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).
Bruno Batista lembra que o
transporte rodoviário é um
agente indutor de desenvolvimento e de integração. A matriz
rodoviária tem uma alta demanda no Brasil, e o sistema carece de ampliação, adequação,
construção e melhoria da infraestrutura. “Há um histórico no
país de baixos investimentos e
também uma grande dificuldade no planejamento e na execução”, afirma. Atualmente, cerca
de 60% do transporte de cargas e mais de 90% dos deslocamentos de passageiros ocorrem pelas rodovias.
Na comparação entre países
de grande dimensão no mundo,
“No país, há
uma grande
dificuldade no
planejamento
e na execução
de projetos”
BRUNO BATISTA, DIRETOR EXECUTIVO DA CNT
tanto desenvolvidos quanto em
desenvolvimento, o Brasil possui a
menor densidade de malha rodoviária pavimentada, conforme
aponta o estudo da CNT. São
203.599 km de trechos com pavimento, correspondendo a 12% da
extensão total no país. Além de terem maior densidade rodoviária,
países como China, Rússia e Índia
ainda investem mais em infraestrutura de transporte. “Com isso,
o Brasil perde muito em competitividade”, diz Bruno Batista.
De acordo com o índice de
28
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
INDICAÇÕES
Outros resultados da pesquisa, em sua extensão total
Condição da superfície do pavimento
Acostamento
Condição da faixa central
Tipo de rodovia
SÃO PAULO Estado onde se concentram rodovias
Condição das curvas perigosas
competitividade global do Fórum
Econômico Mundial, divulgado
em setembro de 2014, a qualidade das rodovias brasileiras encontra-se na 122ª posição de 144
países analisados, atrás do Chile
(31ª), do Suriname (70ª), do Uruguai (90ª), da Bolívia (95ª), do Peru (102ª) e da Argentina (110ª), todos situados na América do Sul.
“O governo
precisa da
parceria
da iniciativa
privada”
Concessionadas
Com a dificuldade do gover-
CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT
PONTOS CRÍTICOS
Foram registrados 289 em 2014
RANKING
As melhores e as piores entre as 109 ligações rodoviárias avaliadas
10 melhores
10 piores
concedidas também tem o maior percentual de trechos bem conservados
no em executar os projetos, a
participação da iniciativa privada torna-se fundamental para promover melhorias na infraestrutura de transporte. “O
governo precisa da parceria da
iniciativa privada, e as concessões são um importante caminho para melhorar as condições das rodovias e contribuir
para o crescimento do país. A
situação das rodovias sob gestão pública está muito pior em
relação às concessionadas”,
afirma Clésio Andrade.
As rodovias também são
classificadas considerando as
situações viárias por tipo de
gestão (pública ou concedida), por Estado e regiões geográficas, por corredores rodoviários e por jurisdição (federais ou estaduais). Conforme
a Pesquisa CNT de Rodovias,
74,1% das rodovias concedidas tiveram classificação óti-
Entre as
rodovias
concedidas,
74,1%
tiveram
classificação
ótimo ou bom
mo ou bom. Nos trechos sob
gestão pública, esse percentual é de 29,3%.
Na pesquisa, há ainda um ranking com 109 ligações rodoviárias.
São trechos formados por uma ou
mais rodovias federais ou estaduais,
com grande importância socioeconômica e volume significativo de
veículos de cargas e/ou passageiros, interligando territórios de uma
ou mais Unidades da Federação. Ao
considerar o estado geral dessas li-
30
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
CUSTOS
Aumento do custo operacional dos caminhões conforme o estado do pavimento - Brasil (%)
ACIDENTES
Números das ocorrências registradas nas rodovias federais policiadas em 2013
RISCO Segundo a pesquisa, 62,1% dos tre
gações, as dez melhores estão no
Estado de São Paulo e são todas
concedidas à iniciativa privada. Uma
das melhores passa também por
Uberaba, em Minas Gerais. A pior
classificada está localizada nos Estados de Tocantins e Bahia e é formada pelas seguintes rodovias: BA460, BR-242, TO-040 e TO-280.
Combustível e meio ambiente
O fato de 49,9% das rodovias possuírem pavimen-
No Brasil,
apenas
12%
da malha é
pavimentada
to regular, ruim ou péssimo
representa um aumento do
consumo de combustível
dos veículos, tendo reflexos diretos nos custos das
viagens e nas emissões de
poluentes.
Se o pavimento de todas as
rodovias pesquisadas tivesse
classificação bom ou ótimo, em
2014, seria possível uma economia de até 5% no consumo de
combustível, o que representa
737 milhões de litros de óleo
diesel, ou seja, R$ 1,79 bilhão e
uma redução da emissão de
1,96 megatonelada de CO2, principal gás de efeito estufa.
Importância
A Pesquisa CNT de Rodovias
é importante para que o transportador rodoviário - seja ele
operador de alguma linha de
ônibus, autônomo ou motorista de empresa – e também pa-
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
31
RECURSOS
Investimentos públicos autorizados e não realizados em rodovias – Brasil/ 2013 (%)
Investimento necessário em infraestrutura rodoviária,
conforme o Plano CNT de Transporte e Logística 2014
chos apresentam alguma deficiência no pavimento, na sinalização ou na geometria da via
ra que os usuários possam planejar e estimar os custos de
suas viagens. O estudo também orienta políticas públicas
e se torna fonte de informação
para a sociedade em geral. Entre as propostas está a divulgação de dados relevantes da
malha rodoviária brasileira
que podem subsidiar estudos
que promovam o desenvolvimento do transporte rodoviário de cargas e de passageiros.
A primeira Pesquisa CNT de
Rodovias foi realizada em 1995,
com a análise de 15.710 km, e
em 2014, foram 98.475 km. São
mais de 20 características analisadas pelos pesquisadores em
30 dias de coleta em campo.
São percorridas todas as regiões do país, contemplando os
principais corredores de movimentação de cargas e de passageiros. O estudo também coleta as infraestruturas de apoio
Esta é a
18ª
edição da
Pesquisa
CNT de
Rodovias
ao longo das rodovias, como
postos de abastecimento, borracharias, concessionárias, oficinas mecânicas de caminhão e
de ônibus, restaurantes, Corpo
de Bombeiros, posto policial e
posto fiscal. Em 2014, o trabalho de campo ocorreu entre 19
de maio e 17 de junho.
l
Confira a pesquisa na íntegra e outras informações
no site www.cnt.org.br
32
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
AÉREO
Emissões
atmosféricas
Inventário elaborado pela Anac apresenta
os poluentes emitidos por esse meio de
transporte nos últimos anos no Brasil
POR
om taxas que batem
recordes anuais, o
transporte aéreo no
Brasil cresce de maneira ambientalmente responsável. Enquanto o número
de movimentos (pousos e decolagens) da aviação cresceu
75%, entre 2005 e 2013, a
emissão de CO (monóxido de
carbono), um dos gases emiti-
C
LIVIA CEREZOLI
dos durante as operações das
aeronaves, cresceu 35%. O
volume passou de 5.000 toneladas para 6.600 toneladas no
mesmo período.
Os dados fazem parte do
primeiro Inventário Nacional
de Emissões Atmosféricas da
Aviação Civil. O documento,
elaborado pela Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) em
parceria com o Iema (Instituto
de Energia e Meio Ambiente
de São Paulo), detalha a evolução das emissões de poluentes atmosféricos e gases
de efeito estufa ao longo dos
últimos nove anos no Brasil.
Entre os fatores apresentados pela Anac que justificam
o crescimento das emissões
em volume inferior à alta do
setor estão a melhora na infraestrutura dos aeroportos,
que desafoga o tráfego, e as
inovações tecnológicas. “A indústria e as companhias aéreas buscam colocar em operação aeronaves cada vez
mais eficientes. O crescimento e a renovação da frota nos
últimos anos mostra isso”,
disse Marcelo Guaranys, diretor-presidente da Anac. Em
2013, a frota das empresas
brasileiras atingiu 563 aviões,
um acréscimo de 8,7% em relação a 2012.
O inventário apresenta informações do consumo de
combustível e das emissões
por tipo (doméstico e internacional) e por fases de voo (taxiamento, decolagem, voo em
cruzeiro e pouso), durante as
operações em solo (embarque
e desembarque), por modelo
de aeronaves e por aeroporto.
Para os cálculos, foram considerados os voos comerciais,
de fretamento ou da aviação
geral. Não fazem parte do escopo do material as emissões
originárias da operação de
helicópteros, aeronaves mili-
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
33
INFRAMERICA/DIVULGAÇÃO
tares e de aeronaves agrícolas movidas a etanol.
Segundo o diretor da agência, o inventário servirá de
base para estudos de monitoramento de emissão de gases,
além de fomentar programas
ambientais e de eficiência
energética no setor de transporte no Brasil. “A ideia é juntar esse material ao que está
sendo elaborado pela ANTT
(Agência Nacional de Transportes Terrestres) e, em um
futuro próximo, elaborar um
inventário nacional de emissões do transporte”, informou
Guaranys, durante a apresentação do material, em outubro, em Brasília (DF).
Os resultados do inventário
mostram que, nos voos domés-
ticos e internacionais, o maior
consumo de combustível é registrado durante a fase de cruzeiro, quando as aeronaves
atingem mais de 3.000 pés de
altitude. Os índices, em 2013, foram de 79% e 95%, respectivamente. Durante o ciclo LTO (taxiamentos de partida e de chegada, decolagem, subida e aproximação/pouso), o consumo nos
voos domésticos foi de 18%, enquanto nos voos internacionais,
de 4%. “O gasto de combustível
é maior quando a aeronave
atinge a altitude de cruzeiro
porque é o maior período do
voo”, afirmou Guaranys.
Durante o uso das APUs (turbinas utilizadas nas operações de
solo, como embarque e desembarque), o consumo registrado é
34
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
BALANÇO
Número de passageiros cresce
A Anac também apresentou o balanço do setor aéreo brasileiro nos últimos
dez anos. O crescimento no
número de passageiros, entre 2004 e 2013, foi de
203%. O índice médio é de
13,1% ao ano.
Em 2013, a quantidade
de passageiros pagos
transportados atingiu o
maior número da história
da aviação brasileira. Foram 109,2 milhões de passageiros. Desses, 90 milhões
foram transportados em
voos domésticos e 19,2 milhões em voos internacionais. Quando considerados
todos os passageiros transportados (incluindo as gratuidades), o número sobe
para 111 milhões.
De acordo com o ministro
da SAC (Secretaria de Aviação Civil), Moreira Franco, os
dados do anuário são expressivos e mostram que há
crescimento e uma mudança
de patamar no setor. “Esse
crescimento mostra que o
esforço em tornar a aviação
como uma ferramenta de integração do país está dando
resultados.”
Entre os 20 aeroportos
do Brasil que registraram o
maior número de decolagens (79,61%) em 2013, oito
estão na região Sudeste,
quatro no Nordeste, três no
Centro-Oeste, três na re-
gião Sul e dois no Norte.
Somente os aeroportos de
Guarulhos e Congonhas registraram 18,55% das descolagens no país.
Os dados do anuário
também mostram que a
TAM permanece na liderança do mercado, com 39,6%
de participação na demanda. Em segundo lugar está a
Gol, que detém 35,3% da
demanda. Já Avianca e Azul
foram as companhias que
mais cresceram no último
ano em volume de passageiros, com taxas de 35% e
32%, respectivamente.
Cargas
O volume de cargas transportadas pelo setor aéreo
também cresceu nos últimos
dez anos. A alta foi de 50%
entre 2004 e 2013. No último
ano, o volume transportado
no mercado doméstico foi de
408 mil toneladas de produtos. Embora o número corresponda a apenas 0,48% do
total de cargas movimentadas no país, em valores, os
produtos transportados correspondem a 10,7% do total.
No mercado internacional
(com origem ou destino no
Brasil), a alta nos últimos
dez anos foi de 69%, e o volume transportado chegou a
777,7 mil toneladas em 2013.
Na comparação com 2012, a
alta foi de 7,2%.
ÍNDICE Emissões podem ser reduzidas se aeronaves utilizarem a geração de
de 3% nos voos domésticos e de
apenas 1% nos internacionais.
Quando consideradas as etapas
de voo abaixo de 3.000 pés, o
consumo durante o ciclo LTO é de
85% do total, enquanto no funcionamento das APUs é de 15%.
Esses percentuais correspondem, por exemplo, a uma
emissão de 90% de CO (monóxido de carbono), de 91% de COV
(compostos orgânicos voláteis)
e de 92% de NOx (óxidos de ni-
trogênio) durante o ciclo LTO, e
de 10%, 8,96% e 7,45% dos mesmos poluentes durante o funcionamento das APUs. Alexandre Rodrigues Filizola, gerente
técnico de análise ambiental da
Anac, explica que em operações
de até 3.000 pés é possível afirmar que as emissões influenciam na poluição local onde os
aeroportos estão instalados.
De acordo com ele, é difícil reduzir as emissões durante o ci-
POLUENTES ATMOSFÉRICOS
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL
Por fase de voo (%)
INFRAMERICA/DIVULGAÇÃO
APU (turbina ligada no momento do embarque e desembarque)
LTO (ciclo de taxiamento, decolagem e pouso)
Cruzeiro (voo acima de 3.000 pés)
Voos domésticos
3
18
79
Voos internacionais
1
4
95
Por atividade - abaixo de 3.000 pés (%)
Taxi out (taxiamento para decolar)
Take off (decolagem)
Climb (subida até 3.000 pés)
Approach (aproximação/pouso)
Taxi in (taxiamento pouso)
APU (turbina ligada no momento do embarque e desembarque)
EMISSÃO DE POLUENTES
Por atividade (%)
Atividade
CO
Taxi out
51,6
Take off
0,7
Climb
2,1
Approach
5,7
Taxi in
24,4
APU
10,0
COV
52,8
0,8
2,3
3,1
25,1
8,9
NOx
6,4
22,7
46,5
13,2
3,0
7,4
Por aeroporto (10 maiores movimentos em 2013 – em toneladas)
Aeroporto
Movimentos
CO
Guarulhos
135.511
1.081
Congonhas
95.565
479
Brasília
82.339
570
Galeão
69.475
551
Viracopos-Campinas
62.032
485
Santos Dumont
57.197
302
Confins-BH
54.127
349
Salvador
46.682
236
Curitiba
40.555
216
Porto Alegre
39.674
206
19,16
10,87
28,28
18,01
9,10
15,07
SO2
22,0
12,5
32,5
20,7
10,4
não medido
COV
2.149
938
853
965
458
536
514
459
380
357
Material particulado
47,0
3,0
9,0
16,0
22,0
não medido
NOx
123
54
57
62
61
34
38
25
24
23
SO2
97
50
50
48
28
29
29
24
20
19
Fonte: Anac
energia dos aeroportos nas operações de solo
clo LTO, mas é possível durante
as operações em solo. “As APUs
são utilizadas para gerar energia
e manter os motores ligados durante os embarques e os desembarques. Se fosse utilizada a geração de energia dos aeroportos
e não das aeronaves, conseguiríamos baixar esses índices e reduzir ainda mais o volume de
emissão de poluentes.” O tempo
médio de parada das aeronaves
nos aeroportos do Brasil é esti-
mado em 75 minutos, considerando aeronaves da aviação regular, geral e cargueiros.
Aeroportos
O inventário também permitiu
quantificar as emissões de cada
um dos poluentes nos aeroportos
que registraram o maior movimento de pousos e decolagens
nos últimos anos no Brasil. Guarulhos (SP) teve o maior número de
movimentos (135.511) em 2013 e,
consequentemente, o maior volume de emissões. Foram 1.081 toneladas de CO, 2.149 de NOx, 123 de
COV e 97 de SO2 (enxofre), considerando apenas o ciclo LTO e as
operações de solo.
Congonhas, também em São
Paulo, registrou a segunda maior
movimentação (95.565), mas é o
quinto colocado em emissões de
CO (479 toneladas), atrás do aeroporto de Brasília, do Galeão (RJ) e
de Viracopos, respectivamente o
terceiro, o quarto e o quinto em
número de pousos e decolagens.
De acordo com a Anac, isso acontece devido ao tempo médio de taxiamento em cada um dos terminais. “Brasília e Galeão têm os
maiores tempos de taxiamento
antes da decolagem, o que justifica o maior volume de emissões.
Quanto maior o tempo com os motores em funcionamento, maior o
consumo de combustível e maior
a poluição”, explica Filizola.
l
36
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
AQUAVIÁRIO
Situações
opostas
Enquanto o arrendamento nos portos públicos não avança,
a construção de terminais privados ganha fôlego no país
POR
VIVIANE CRUZ
setor portuário responde por
mais de 90% das exportações do
país. Em 2013, foram movimentados 931 milhões de toneladas de
carga. Os TUPs (Terminais de Uso Privado)
responderam por 64% dessa movimentação, um total de 593 milhões de toneladas,
segundo a SEP (Secretaria de Portos da
Presidência da República). A instalação de
novos terminais privados ganha força no
país. Enquanto isso, o arrendamento de
áreas nos portos públicos pouco avança.
Hoje, o Brasil tem em operação 37 portos
públicos – 34 marítimos e três fluviais – e
129 terminais privados.
“Imagine se não existissem os TUPs. Como poderíamos escoar o agronegócio, a
O
nossa soja, o nosso minério? Os portos públicos não teriam condições de exportar e
movimentar 64% desses 931 milhões de
carga. E essas empresas não teriam condições de crescer. Os Terminais de Uso Privado são o grande instrumento de desenvolvimento da economia do setor produtivo
de qualquer país”, diz o presidente da
ABTP (Associação Brasileira de Terminais
Portuários), Wilen Manteli.
O diretor da Antaq (Agência Nacional de
Transportes Aquaviários) Fernando Fonseca
reforça a importância desses terminais e cita, como exemplo, a instalação de TUPs para melhorar o escoamento da produção na
região Norte, processo que muitas vezes
ocorre por meio dos portos do Sudeste.
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
37
ESTALEIRO JURONG ARACRUZ/DIVULGAÇÃO
TERMINAL PRIVADO
Estaleiro Jurong Aracruz
foi o primeiro no Espírito
Santo a ser habilitado
PORTOS PÚBLICOS
Etapa de arrendamento não avança
Os arrendamentos de portos
públicos são uma das três etapas previstas no PIL – Portos
(Programa de Investimentos
em Logística – Portos). A medida visa possibilitar o melhor
aproveitamento dos espaços
portuários e o aumento da capacidade de armazenamento. O
cronograma das licitações envolve a elaboração de estudos
de viabilidade técnica, econômica e ambiental, a análise dos
estudos por parte de uma Comissão Mista composta pela
SEP e pela Antaq, a realização
de consultas e audiências públicas, o envio dos estudos e documentos para análise e aprovação do TCU (Tribunal de Contas da União) e, por fim, a publicação do edital para a promoção dos leilões.
A expectativa era que a primeira etapa fosse finalizada no
primeiro semestre deste ano,
mas as ações realizadas pelo
governo nesse sentido pouco
avançaram. A licitação das
áreas foi dividida em quatro
blocos, incluindo 23 portos públicos. No entanto, somente o
“Hoje, a gente está tendo uma série de investimentos de TUPs que
o poder concedente vem autorizando para essa região porque a
demanda é muito forte para o escoamento de produção”, afirma.
Para o pesquisador em história
portuária Cezar Honorato, professor do Observatório de Políticas
Públicas da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), os portos públicos já estão operando
próximo ao limite, sendo fundamental a implantação de terminais
privados. “Esses empreendimen-
bloco 1 – composto pelos portos
de Santos (SP) e dos paraenses
de Belém, Miramar, Outeiro, Vila
do Conde e Santarém – avançou, mas também logo estacionou. Os demais nem chegaram
a ser avaliados.
Os estudos realizados pela
Antaq estão parados no TCU,
desde 2013, após a determinação de que 19 condições sejam
sanadas para que seja autorizada a continuação do certame.
De acordo com a Corte, o estudo
deixou de apontar dados importantes para se evitar incertezas
relativas a novos investimentos.
Entre as falhas, o TCU aponta:
previsão de tarifa teto para alguns terminais. A assessoria da
SEP destacou que o órgão respondeu 15 das 19 condicionantes
e recorreram a outras quatro. O
processo, no entanto, aguarda
decisão do Tribunal, pois o ministro Raimundo Carreiro pediu
vistas em julho de 2014.
Para Manteli, da ABTP, os
problemas foram causados pelo
açodamento, que levou a erros
técnicos e a medidas que vão de
encontro à própria lei. “A pressa
tos possibilitam a especialização
da movimentação portuária e dá
autonomia às empresas. Os TUPs
são fundamentais para o Brasil
raiar mais os portos, isto é, desconcentrar e desafogar os grandes
portos. Em quanto mais regiões
houver terminais melhor, pois possibilita mais condição de operação
e logística e o consequente desenvolvimento econômico.”
Após a aprovação do novo
marco regulatório, em junho de
2013, o governo federal autorizou
29 novos terminais privados, que
fez com que se publicassem editais que foram para audiências
públicas com imperfeições técnicas e legais que a própria Antaq detectou. Foram mais de
5.000 sugestões do setor privado, de entidades e demais interessados, mas não deram a
atenção devida e mandaram para o TCU. As áreas de Paranaguá,
São Sebastião e Salvador terão
de começar do zero. E as de
Santos e do Pará eu acredito
que, este ano, o TCU não vai liberar. É lamentável, porque atrasa
o processo todo”, aponta.
Cezar Honorato, professor
do Observatório de Políticas
Públicas da UERJ, reforça essa
visão e cita outros países. “A Espanha, por exemplo, tem uma
autoridade portuária extremamente eficaz. O Brasil ainda
precisa melhorar o sistema de
autoridade portuária, de controle, sem que isso seja um obstáculo ao desenvolvimento dos
terminais. Ao mesmo tempo facilitar e fiscalizar. Não é só no
sentido de punir, mas de controlar, evitar os abusos e ao
mesmo tempo facilitar.”
“Os TUPs
são o grande
instrumento de
desenvolvimento
da economia”
WILEN MANTELI, PRESIDENTE DA ABTP
somam R$ 7,8 bilhões em investimentos, e duas expansões de empreendimentos já existentes, que
envolvem mais R$ 2,3 bilhões. Os
novos empreendimentos aprovados deverão movimentar juntos
mais de 125 milhões de toneladas.
O Estaleiro Jurong Aracruz
foi o primeiro terminal privado a
ser habilitado no Espírito Santo
após a aprovação do marco. A
autorização ocorreu em 21 de janeiro deste ano, e o processo de
implantação está em fase final.
Estão sendo encaminhados à
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39
ANTAQ/DIVULGAÇÃO
dente de Transporte Aquaviário da
CNT, Meton Soares, a burocratização do processo de autorização é
ainda um problema a ser resolvido. “É preciso que haja uma aceleração nesses procedimentos burocráticos, principalmente dentro da
Secretaria de Portos. A documentação que você apresenta para o
TUP tem prazo. A comprovação de
impostos pagos, de toda a tributação, tem um prazo de vigência. Se
você não fizer o exame dentro
desse período, vence a certidão e
você é obrigado a tirar novamente
a documentação. São 15 dias para
examinar, mas nem sempre esse
prazo é obedecido”, diz.
MARCO REGULATÓRIO A lei nº 12.815/2013 trouxe mudanças expressivas para o setor aquaviário
Antaq os documentos necessários para atendimento às exigências legais e normativas para a obtenção da licença de operação. Para a diretora institucional do estaleiro, Luciana Sandri,
a implementação dos TUPS
“proporciona maior segurança
jurídica, o que garante os investimentos privados fora do Porto
Organizado, atraindo crescimento para o setor portuário”.
De acordo com a assessoria
da SEP, a entrada em operação
dos terminais em processo de au-
torização vai possibilitar um aumento estimado de aproximadamente 18% na movimentação relativa aos TUPs. Esse crescimento
será distribuído da seguinte forma: 57,1 milhões de toneladas/ano
para cargas gerais, 109,4 milhões
de toneladas/ano para granel sólido, 25,3 metros cúbicos/ano para granel líquido e 500 mil/ano
para passageiros.
O desafio a ser enfrentado, no
entanto, é garantir que os investimentos do setor privado possam
sair do papel. Para o vice-presi-
“É preciso
que haja uma
aceleração
nesses
procedimentos
burocráticos”
METON SOARES, VICE-PRESIDENTE DA CNT
Legislação
A lei nº 12.815/2013 trouxe
mudanças para o setor aquaviário. Em relação aos TUPs, os
termos de autorização anteriormente celebrados diretamente pela Antaq passaram a
ser de competência exclusiva
do poder concedente, a Secretaria de Portos.
“Pelo novo marco regulatório,
está muito claro que a competência relativa ao planejamento setorial ficou a cargo exclusivo da SEP.
Com base em estudos de planejamento relativo ao setor, ela analisa
a viabilidade locacional desses empreendimentos, inclusive se eventualmente possa gerar conflito ou
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CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
SEP/DIVULGAÇÃO
interferência com alguma instalação portuária localizada nas adjacências”, afirma o diretor da Antaq.
De acordo com a lei, os interessados em obter autorização
podem solicitar participação à
agência a qualquer tempo. A
partir do requerimento, a Antaq
promove anúncio público para
identificar a existência de outros interessados na instalação
portuária na mesma região e
com características semelhantes. Cabe à SEP a análise acerca
da permissão para instalação do
empreendimento. As autorizações possuem prazo de até 25
anos. O portador da autorização
deve respeitar, no entanto, a manutenção da atividade portuária
e a realização de investimentos
para a expansão e a modernização dos terminais.
Outra mudança trazida pelo
novo marco regulatório se refere
à movimentação de cargas de
terceiros. Quando a Lei dos Portos foi aprovada, a autorização
dos TUPs foi objeto de polêmica
devido ao tipo de carga que poderiam movimentar. Inicialmente,
eles eram apenas autorizados a
movimentar cargas próprias, mas
a lei determinou que eles também poderiam movimentar cargas de terceiros.
A proibição era um fator que
influía negativamente na atratividade relativa à construção de novas instalações. Assim, a medida
DEMANDA Novas instalações portuárias visam o melhor escoamento da produção
O prazo é de
25
anos para as
autorizações
ameniza a insegurança jurídica
que existia acerca do tema, à medida que houve uma série de processos que levaram à judicialização questões ligadas à restrição.
Estudos realizados pela Antaq e
pela Secretaria de Portos apontavam uma crescente demanda por
novas instalações portuárias para
permitir o melhor escoamento da
produção. “Um dos planos de fundo do novo marco regulatório foi
sem dúvida eliminar essa barreira
para justamente incentivar e aumentar a atratividade por parte da
iniciativa privada em relação à
constituição desse tipo de instalação portuária, principalmente ten-
do em vista a realidade de algumas
regiões no país”, afirma Fonseca.
Manteli também aponta a importância dessa medida e destaca que a maioria dos terminais
movimenta carga própria e de
terceiros atualmente. “A medida
desafoga os portos públicos e estabelece uma sadia competição.
Isso é muito importante para o
sistema portuário, pois possibilita ao exportador optar. A permissão estabelece uma competição
que possibilita melhorar a qualidade dos serviços e de preços”.
Luciana Sandri, do Estaleiro
Jurong Aracruz, concorda com
essa visão. Para ela, a medida
CNT TRANSPORTE ATUAL
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41
ANTAQ/DIVULGAÇÃO
“O Brasil
ainda precisa
melhorar o
sistema de
autoridade
portuária”
PORTOS Setor responde por mais de 90% das exportações do país
possibilita desafogar os portos
públicos. Sobre a carga a ser movimentada pelo Estaleiro, ela destaca que, inicialmente, a empresa
vai operar cargas do projeto para
a construção do estaleiro, dos sete navios-sonda contratados pela
Sete Brasil, empresa proprietária
de sondas de exploração para
águas ultraprofundas, e dos dois
FPSOs (navios-plataformas) contratados pela Petrobras.
Entraves
Apesar de destacar que o novo marco regulatório trouxe
avanços positivos em relação aos
terminais privados, a Associação
Brasileira de Terminais Portuários alerta para medidas que dificultam a expansão dos terminais
já existentes. “A Secretaria de
Portos baixou uma portaria proibindo o terminal privado, dentro
da área do porto, de ampliar as
suas instalações, o que é um absurdo. Uma portaria não pode alterar o objetivo principal da lei nº
12.815. A portaria é um ato infralegal que não pode dispor de forma
contrária à lei. Essa medida está
causando uma insegurança no
setor portuário”, alerta o presidente da entidade. Para ele, a
portaria vai de encontro ao que a
lei propõe. Procurada, a Secreta-
ria de Portos não se manifestou
até o fechamento da edição.
A Antaq reconhece as dificuldades trazidas pela medida e
aponta que o mercado questiona
essa amarra. Por outro lado, a
agência reguladora destaca que
a medida se restringe a empreendimentos localizados dentro de
Portos Organizados (portos públicos), que representam a minoria.
“Essa questão em relação à ampliação fica restrita aos terminais
de uso privado instalados ao longo do tempo dentro dos Portos
Organizados. Já em relação à expansão dos terminais de uso privado fora dos Portos Organizados
CEZAR HONORATO,
PESQUISADOR EM HISTÓRIA PORTUÁRIA
não há problema”, diz o diretor
Fernando Fonseca.
De acordo com a agência reguladora, a expansão de menor
porte não demanda anúncio público, mas podem acontecer algumas expansões de terminais que
na prática correspondem quase
que a um novo terminal. “E até
por uma questão isonômica em
relação aos outros que se submetem ao anúncio público, e de viabilidade locacional em nível de
planejamento setorial, esses terminais precisam passar por
anúncios públicos, mas é um procedimento extremamente simples”, afirma Fonseca.
l
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CNT TRANSPORTE ATUAL
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TECNOLOGIA
Comodidade e
segurança à mão
Aplicativos têm informações que favorecem o cotidiano dos
usuários do transporte e de motoristas profissionais ou não
POR LETICIA
s tecnologias disponíveis
para facilitar o cotidiano
do motorista, profissional
ou não, e do usuário do
transporte aumentam a cada dia. A
diversidade dos serviços propicia
comodidade e oferece segurança
para quem trafega nas rodovias e
nos centros urbanos. Especialistas
confirmam que o cenário é uma tendência que promete ainda mais evoluções e possibilidades.
A transmissão via satélite, utilizada com o GPS ou com localizadores e mapas, por exemplo, está disponível a custo muito baixo ou gratuitamente. A tecnologia se tornou
uma prática comum nas vias urbanas e nas estradas.
A
SIMÕES
O governo do Paraná, por meio
da Seil (Secretaria de Estado de
Infraestrutura e Logística), reformulou o mapa geopolítico rodoviário do Estado para oferecer um
conteúdo o mais próximo possível
da realidade, tendo como referência o mapa rodoviário do DER-PR
(Departamento de Estradas de
Rodagem do Paraná).
Segundo o engenheiro da Seil,
Ricardo Vilela Thielen, a secretaria
utilizou uma base de dados georreferenciada que oferece a mesma
precisão do Google Maps, serviço de
pesquisa e visualização de mapas e
imagens de satélite oferecido pelo
Google. “A equipe percorreu todas
as rodovias do Estado com um GPS.
Os dados foram convergidos para o
mapa atual com traçados corretos e
mais precisos.”
Thielen afirma que a Seil vem
trabalhando no projeto desde
abril deste ano. “Foram incluídas
obras em execução nas rodovias,
todas as estradas federais, estaduais e municipais que cortam o
Paraná, além de informações, como localização de postos policiais e praças de pedágio.”
O mapa oferece ainda dados
atualizados do sistema de transportes paranaense como localização de
aeroportos, portos e hidrovias. O
conteúdo está disponível para visualização no site da Seil e pode ser
impresso também.
O Ministério das Cidades, por
meio do Denatran (Departamento
Nacional de Trânsito), também lançou mão da tecnologia para proporcionar comodidade e segurança aos
usuários do transporte. A autarquia
criou três Apps (aplicativos) com essas finalidades, que podem ser
acessados por dispositivos móveis
ou por computadores.
O Rotas das Cidades reúne
serviços, como previsão do tempo e informações sobre preço
dos combustíveis, localização de
postos do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e das
condições de trafegabilidade das
rodovias federais.
O Mãos ao Volante bloqueia as
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SAFETY SIGHT/DIVULGAÇÃO
chamadas de celular recebidas pelo
motorista enquanto ele dirige. O
condutor aciona o App antes de dar
a partida no veículo.
Já o Motorista da Parada realiza
um sorteio virtual para selecionar
quem será o condutor da vez. A
ideia é incentivar uma condução segura para quem vai se divertir com
os amigos e se desloca de carro.
Os dois últimos estão disponíveis no site da campanha Parada
pela Vida e fazem parte do acordo
feito por diversos países com a
ONU (Organização das Nações Unidas) para a redução de acidentes
em todo o mundo.
Conforme a assessoria de comunicação do Ministério das Cidades,
os Apps somam juntos 53.302 downloads. Quanto ao Rotas das Cidades,
criado em 2011, a autarquia afirma
que a base de dados está sendo
atualizada e, por isso, não é possível
afirmar o número de acessos.
O mestre em sociologia Eduardo
Biavati, especialista em educação e
segurança no trânsito, ressalta que
a conectividade ganhou espaço na
vida das pessoas, incluindo a vivência no transporte. “Esse panorama
vem evoluindo há 15 anos. No último século, o cotidiano da condução
de veículos era solitário. Não havia
outra informação a não ser a percepção do próprio motorista. A universalização das tecnologias tem
esse lado positivo de orientar e fa-
cilitar o dia a dia do condutor e do
usuário do transporte.”
Apesar das vantagens, Biavati
alerta sobre os perigos do mau uso
dessas ferramentas. “O acesso equivocado aos Apps gera distração,
pois demanda a operação manual
dos aparelhos. Isso é muito perigoso, já que o motorista tem de digitar
a rota ou acionar o programa que
deseja pesquisar. O condutor deve
ter o bom senso de verificar as informações que deseja antes da partida ou encostar o veículo para então acessá-las.”
O especialista acredita que a indústria deve ampliar a gama de
possibilidades de acesso aos Apps
de trânsito, excluindo gradualmen-
te o processo manual. “É um método inevitável, e a indústria automobilística depende dessa integração.
A tendência é que os comandos de
voz, por exemplo, sejam cada vez
mais expandidos.”
Trafegabilidade
A EcoRodovias lançou, em março, um App que fornece informações de trafegabilidade de todas as
rodovias controladas pelo grupo. A
empresa é responsável por seis
concessões rodoviárias nas regiões
Sul e Sudeste, por onde passam,
aproximadamente, 170 milhões de
veículos por ano, conforme dados
da companhia, representando 44%
de toda a carga movimentada para
PRINCIPAIS APLICATIVOS
PARA O MOTORISTA
Google Maps
Como um GPS, mostra as opções de caminhos
para chegar ao local desejado
MapLink
Localizador de rotas urbanas e rodoviárias,
de endereços e locais específicos
Rotas das Cidades
Fornece as melhores rotas, distâncias e
condições das rodovias federais com
informações adicionais, como previsão
do tempo e condições de trafegabilidade
importação e exportação no país.
Além de acompanhar o fluxo nas
estradas por meio das câmeras e
das atualizações enviadas diretamente dos CCOs (Centros de Controle Operacionais) de cada concessionária do grupo, a plataforma disponibiliza informações sobre os valores das tarifas de pedágio, sobre a
companhia, localização dos postos
policiais e os serviços oferecidos na
rodovia, como balanças e bases de
atendimento ao usuário.
O app, inicialmente disponível
apenas para a versão iOS (aparelhos
da Apple), ganhou uma versão para
Android e incluiu a rodovia BR-101,
no trecho que vai de Mucuri (BA) até
a divisa do Espírito Santo com o Rio
de Janeiro, aos serviços. De acordo
com a assessoria de imprensa da
EcoRodovias, o aplicativo contabilizava 4.500 usuários até agosto.
O engenheiro eletricista Rodrigo
Filev Maia, professor do Departamento de Ciência da Computação
da FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), afirma que a precisão dos
mapas melhorou com o passar do
tempo, o que pode ter motivado o
investimento de muitas empresas e
entidades nessas ferramentas de
localização e informação.
“No âmbito do transporte, essas
tecnologias proporcionam melhor
planejamento para as empresas.
Por meio dos dispositivos é possível
calcular rotas mais interessantes,
Mãos ao Volante
Bloqueia as chamadas de celular do condutor
quando ele está ao volante
Motorista da Parada
Seleciona, por meio de um sorteio, a pessoa
que não vai ingerir bebida alcoólica para
dirigir para a turma de amigos
EcoRodovias
Fornece informações de trafegabilidade de
todas as rodovias controladas pelo grupo.
A concessionária atua nas regiões Sul e Sudeste
Safety Sight
Monitora através da câmera do smartphone o que ocorre em frente
ao carro, emitindo um alerta de aproximação. O App também
acompanha a velocidade de veículos na direção frontal, reproduzindo
o sinal sonoro sempre que necessário
FACILIDADE Aplicativos
com respostas em tempo real e prover serviços melhores, diminuindo
custos”, diz Maia.
O App MapLink, ferramenta
que permite traçar rotas urbanas e rodoviárias, além da busca
de endereços e de locais específicos, foi desenvolvido com tecnologia 100% nacional e está
disponível desde 2008.
Frederico Hohagen, diretor comercial e sócio da MapLink, afirma que os principais dados fornecidos pelo App são os de trânsito
em tempo real. “Não existe me-
lhor aparelho para acessar essas
informações do que os celulares.
Ele está sempre à mão.”
A MapLink utiliza uma plataforma própria, integrada aos seus dados de trânsito exclusivos para poder garantir a melhor rota entre
dois pontos dentro de cidades ou
entre cidades. “Hoje é possível consultar rotas entre todas as localidades do Brasil”, afirma Hohagen.
Segundo ele, o aplicativo registra 2 milhões de usuários por mês
em seu website e, aproximadamente, 800 mil pessoas por meio de
aplicativos móveis. “Apesar de o
serviço estar disponível para todo o
país, as cidades com maiores problemas de trânsito, como São Paulo,
Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília, lideram em número de usuários.”
Corporações
A empresa também oferece serviços corporativos. De acordo com
Hohagen, o acesso à exclusiva plataforma de trânsito do App é uma
das alternativas comerciais disponíveis. “Dentro das ofertas estão in-
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MAPLINK/DIVULGAÇÃO
auxiliam motoristas no trânsito com localizadores e mapas via satélite
formações de trânsito em tempo
real e dados históricos de trânsito,
que são muito usados para estudos
de viabilidade de obras ou nas análises detalhadas de determinadas
vias, bairros ou regiões.”
O diretor afirma que a ferramenta contribui para o planejamento logístico de empresas de
transporte. “Com ela, é possível
otimizar custos de deslocamento
e aproveitar as possibilidades de
integração com sistemas de valepedágio e de cálculo de frete fornecidos pela MapLink. É uma for-
ma mais eficiente de planejar as
operações.”
Ele ressalta que a empresa está
investindo no aprimoramento do algoritmo de trânsito e em ferramentas para atender com excelência o
mercado de logística. “A companhia
está em fase final de avaliação de
uma ferramenta de roteirização integrada ao trânsito e a outras tecnologias, diferente das disponíveis no
mercado. Alguns clientes estão testando e ajudando a empresa a validar o sistema, que deve ser lançado,
oficialmente, nos próximos meses.”
Para o engenheiro e especialista em trânsito Ronaldo Guimarães Gouvêa, professor da UFMG
(Universidade Federal de Minas
Gerais), as tecnologias com foco
no trânsito e na segurança de tráfego “vieram para ficar”. “A tendência é que as possibilidades se
ampliem. Comodidade e segurança são foco tanto da indústria como do usuário de transporte.”
Gouvêa também aponta que a
tendência deve caminhar para soluções audíveis, que dispensem o
toque manual para os comandos.
“As ferramentas via satélite e os
aplicativos estão ao alcance de
todos cotidianamente. Dados audíveis são ainda mais seguros, e
as tecnologias futuras devem
convergir para esse modo.”
Com o objetivo de evitar acidentes, a Yasuda Seguros, em parceria com a Marítima Seguros, lançou o aplicativo Safety Sight, gratuito para celulares Android (a partir da versão 4.0) e iOS (a partir da
versão 5.0). O App, de tecnologia
japonesa, está disponível para
qualquer pessoa, segurados ou
não das companhias.
A ferramenta depende de um
suporte apropriado para celular,
que deve ser anexado no painel do
veículo. O Safety Sight faz o monitoramento, por meio da câmera do
telefone, do que acontece à frente
do carro, emitindo um alerta de
aproximação. Ele também monitora a velocidade de veículos na direção frontal e emite o sinal sempre que necessário.
“O app ainda oferece outras funcionalidades ao motorista, como a
exibição do percurso e dos locais de
manobras bruscas. Permite a gravação automática do cenário em caso
de acidente e acesso aos contatos
emergenciais em situações de acidentes ou falhas”, afirma o diretor
vice-presidente da Yasuda, Luiz Macoto Sakamoto.
O App também faz a gravação da
condução ao detectar impacto por
causa de frenagem brusca ou de colisão. Ele permite que sejam feitas
gravações manuais, além de exibir o
histórico do percurso e os locais de
manobras bruscas no mapa.
O Safety Sight mostra as rotas
e as velocidades do percurso,
pontos de frenagens e acelerações ou trechos com distância insuficiente entre veículos. As informações são armazenadas e
exibidas no mapa do App.
Hohagen, da MapLink, acredita
que os aplicativos com dados de
trânsito e que foquem na segurança de trafegabilidade serão
cada vez mais populares. “O problema da mobilidade e o grande
tempo gasto dentro do carro para
ir de um ponto ao outro estimulam os usuários a aderirem às ferramentas disponíveis.”
l
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CNT TRANSPORTE ATUAL
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MEIO AMBIENTE
Responsabilidade
e eficiência
Mesmo não incluídas na Política Nacional de
Resíduos Sólidos, oficinas mecânicas investem no descarte
correto dos resíduos gerados pela atividade
POR
busca por uma atividade eficiente e ambientalmente sustentável tem sido a meta
de diversos setores. Com as oficinas mecânicas brasileiras não
é diferente. Apesar de não haver normatização em nível federal para o setor, os estabelecimentos seguem regras definidas em âmbito estadual e municipal e, a cada dia, investem
mais para que os resíduos gera-
A
LETÍCIA SIMÕES
dos pela atividade tenham a
destinação correta.
O Ministério do Meio Ambiente, por meio de sua assessoria de
imprensa, afirma que a pasta não
acompanha nem possui levantamento dos resíduos gerados pelas oficinas mecânicas. O ministério diz ainda que setor não é
tratado na PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos).
Criada em 2010, a lei que institui os critérios da PNRS prevê a
prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto
de instrumentos para propiciar o
aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos
(materiais que têm valor econômico e podem ser reciclados ou
reaproveitados) e a destinação
ambientalmente adequada dos
rejeitos (aquilo que não pode ser
reciclado ou reutilizado).
Preconiza ainda a responsabilidade compartilhada dos
geradores de resíduos: dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o
cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos
sólidos urbanos na logística
reversa dos resíduos e embalagens pós-consumo.
O Ministério do Meio Ambiente não explicou o porquê de os
resíduos produzidos pelas ofici-
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
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CENTRO AUTOMOTIVO TORIGOE/DIVULGAÇÃO
nas mecânicas não serem tratados pela PNRS.
Na capital paulista, por
exemplo, existem várias leis relacionadas ao meio ambiente
que interferem na abertura e
no funcionamento das oficinas
mecânicas, de acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras da cidade.
Entre os regulamentos municipais estão as leis nº 14.802, de
2008, que versa sobre o controle
de destino de óleos lubrificantes
servidos, e a nº 13.725, de 2004,
que estabelece o Código Sanitário
do município.
Segundo a secretaria, a fiscalização das oficinas é realizada pelas subprefeituras paulistanas. O
funcionamento dos estabelecimentos deve obedecer às regras
contidas no Plano Diretor Regional da cidade.
A autarquia não possui o nú-
mero de oficinas mecânicas instaladas em São Paulo. Sobre as autuações de inconformidade, a secretaria informa que os dados
compilados não distinguem o tipo
de comércio, não sendo possível
destacar as penalidades aplicadas
às oficinas mecânicas irregulares
dos demais estabelecimentos autuados pelas subprefeituras.
O Centro de Diagnóstico Automotivo Torigoe, localizado na capital paulista, passou por diver-
sas adequações até se tornar
uma referência do setor no tratamento de resíduos e demais
ações sustentáveis.
A sócia-proprietária do estabelecimento, Vanessa Martins,
afirma que as diversas multas e
autuações as quais a Torigoe
foi submetida poderiam ser evitadas se as informações sobre
as diretrizes quanto ao descarte correto de resíduos fossem
melhor disseminadas.
BOAS CONDUTAS
Veja algumas das atitudes
a serem adotadas
• Consultar sindicatos e
associações para se atualizar
sobre a legislação vigente
• Envolver os colaboradores
nas ações ambientais e
conscientizá-los da importância
de suas aplicações no cotidiano
da atividade
• Investir na separação do lixo
reciclável e do lixo contaminado.
Pode ser feito em tambores ou
em outros reservatórios
apropriados
• Dar destinação correta aos
resíduos produzidos e repassar
o lixo contaminado a empresas
certificadas para realizar o
descarte adequado do produto
• Verificar com os fabricantes de
produtos se há mecanismos para
a devolução das embalagens
vazias
• Buscar alternativas de reúso
de materiais, como panos de
limpeza
• Buscar alternativas de reúso da
água, como captação da água de
chuva
• Adequar o ambiente interno da
oficina para economizar energia
elétrica, instalando telhas
translúcidas, por exemplo
“A empresa acreditava estar
100% dentro da lei e com todos
os documentos necessários para a atividade. Mas, com o passar do tempo, as normatizações
mudaram muito.”
Segundo Vanessa, a oficina
foi autuada, mesmo já possuindo alguns itens de sustentabilidade. “Hoje, contamos também
com o Cadri (Certificado de Movimentação de Resíduos de Interesse Ambiental), expedido pela
Cetesb (Companhia Ambiental
do Estado de São Paulo).”
Conforme a assessoria de imprensa da Cetesb, o Cadri é solicitado pelo comerciante para que o
AR-CONDICIONADO Máquina
“O respeito
pela saúde e
pela segurança
e o uso racional
dos recursos
são princípios
básicos do
negócio”
VANESSA MARTINS,
CENTRO AUTOMOTIVO TORIGOE
estabelecimento tenha direito a
descartar os resíduos gerados no
aterro sanitário adequado.
De acordo com a companhia, o
documento não é uma exigência,
mas as oficinas o solicitam para
que tenham um local de destinação legalizado para o descarte.
Com 15 anos de mercado, a Torigoe se adequou às exigências e
investiu R$ 56 mil para chegar aos
padrões atuais de sustentabilidade, o que valeu também para a sede própria do estabelecimento.
“Foi contratada uma empresa
credenciada pela Cetesb para recolher, a cada dois meses, o resíduo sólido contaminado. O resí-
duo líquido é vendido para uma
empresa especializada em rerrefino (tratamento) do produto, o que
gera receita para oficina. Já as sucatas de baterias são vendidas
para o próprio fabricante.”
De acordo com Vanessa, a responsabilidade e a sustentabilidade são metas tão importantes
quanto a qualidade dos serviços
prestados. “O respeito pela saúde
e pela segurança e o uso racional
dos recursos são princípios básicos do negócio.”
A empresária afirma que diversas ações ambientais fazem
parte do cotidiano na oficina.
“Para o sistema de decantação
WEJ/DIVULGAÇÃO
CNT TRANSPORTE ATUAL
permite a reutilização do gás; processo evita contaminação ao meio ambiente
(caixa separadora de água, areia
e óleo), foi feita uma cisterna de
captação de água da chuva com
capacidade para 30 mil litros de
água. Ela é diretamente ligada
aos banheiros com sanitários automatizados. Essa água é utilizada também para a lavagem do piso, das peças e do telhado, que
tem pé-direito alto para evitar
problemas de circulação de ar.”
Essa circulação, diz Vanessa,
influi no consumo de energia
elétrica já que não há necessidade de ventiladores no interior
do estabelecimento.
A Torigoe também investiu em
arandelas para que a fumaça emi-
“O consumidor
gosta e exige
organização,
desde o visual
até todo o
processo dos
serviços
prestados”
WILSON JOSÉ SIMAS,
WEJ CENTRO AUTOMOTIVO
tida pelos veículos suba e se dissipe com mais facilidade; em um kit
emergencial para contenção de
derramamento de sujidades de
óleo; na iluminação natural com
telhas translúcidas e no ainda
pouco conhecido pelo setor: o sistema de biorremediação para lavagem de peças.
Segundo a empresária, esse
mecanismo utiliza micro-organismos vivos que absorvem toda a
graxa, ferrugem e outras sujeiras,
transformando a água contaminada em água de reúso. “O investimento teve o objetivo de transformar a oficina em uma empresa
100% ecológica. Os frutos são colhidos todos os dias porque a economia com menos gastos de água
e energia elétrica são reais.”
De acordo com ela, o cliente
repara nessas práticas e valoriza ainda mais o trabalho do estabelecimento.
A WEJ Centro Automotivo também investiu em práticas corretas
de descarte para os resíduos gerados. A oficina, aberta há cinco
anos em Curitiba (PR), contratou
uma empresa certificada para recolher o óleo descartado.
O sócio-gestor Wilson José Simas afirma que outras iniciativas
sustentáveis fazem parte da rotina
da empresa. “Os panos de limpeza
são alugados. O fornecedor que faz
as locações recolhe os panos sujos, realiza a limpeza e os devolve
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para a oficina. A reutilização evita
o descarte desnecessário do item
e aumenta sua vida útil.”
Simas também cita o sistema de compra do óleo utilizado
pela WEJ. “O óleo lubrificante é
comprado a granel, o que elimina a necessidade de dar destino às embalagens normalmente utilizadas. A iniciativa representa um item de resíduo a menos na atividade.”
O empresário acredita que essa postura ambientalmente correta dos centros de reparação automotiva atrai os clientes. “O consumidor gosta e exige organização,
desde o visual até todo o processo dos serviços prestados.”
Ele destaca que a WEJ sempre
busca novas soluções ambientais.
“Toda e qualquer novidade com
foco na sustentabilidade é avaliada pela oficina. Se for uma alternativa viável para a empresa, será
agregada à atividade.”
A Codipave Auto Mecânica,
sediada em Canoinhas, no interior catarinense, desde sua
inauguração, há 18 anos, busca
melhorar seus processos e o posicionamento da oficina no mercado automotivo da região. A
empresa incluiu nessa meta alternativas ambientais.
Marcos Thiem, sócio-diretor
da Codipave, afirma que a oficina sempre investiu na separação do lixo reciclável e do lixo
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CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
RECONHECIMENTO
Entidades incentivam práticas sustentáveis
Para estimular os empresários do setor de reparação automotiva a tornar a atividade
mais sustentável, com práticas ambientais adequadas e
pertinentes à legislação, associações e entidades criaram
certificações para instigar de
modo mais rápido a adequação das oficinas.
Sérgio Ricardo Fabiano, gerente de Certificação de Serviços do IQA (Instituto da Qualidade Automotiva), afirma que
as oficinas são geradoras de diversos materiais nocivos ao
ambiente. “Não existe um que
seja mais prejudicial, pois depende da área de atuação do
estabelecimento.”
Para incentivar as boas práticas dentro das oficinas mecânicas, o IQA criou, em 2009, a certificação Selo Verde. De acordo
com Fabiano, o conceito de uma
atividade ambientalmente correta vem crescendo ao longo dos
últimos dez anos dentro das oficinas mecânicas.
“Os requisitos da certificação abordam documentação
obrigatória e legislação aplicável, ajudando as empresas a se
adequar ao presente, preparando-as para mudanças, além de
incentivá-las a mostrar para a
sociedade sua responsabilidade com o meio ambiente.”
Antonio Gaspar de Oliveira,
diretor do Sindirepa-SP (Sindicato da Indústria de Reparação
de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo), afirma que,
por meio de seminários e palestras, a entidade vem tentando conscientizar os empresários do setor sobre a importância das práticas ambientais
corretas para a atividade.
“Ainda existe alguma dificuldade por parte dos donos de oficina em se adaptar. Além das
orientações durante os eventos,
o incentivo é feito por meio do
Selo Sindirepa de Sustentabilidade. Sem esse estímulo, seria
ainda mais difícil disseminar os
conceitos ambientais.”
O selo é um trabalho conjunto
do Sindicato com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas). Segundo
Oliveira, a certificação e as iniciativas de sustentabilidade são
uma necessidade de mercado.
“As empresas são cobradas a ter
essa postura, e o setor evolui
constantemente. Por isso o esforço em propagar o que a legislação exige e a importância de tais
atitudes para a atividade.”
Fabiano, do IQA, ressalta que
os fabricantes dos produtos utilizados nas oficinas têm “trabalhado fortemente” para criar
programas de coleta e recicla-
gem de seus artigos após a vida
útil. “Mas ainda falta uma consciência maior dos consumidores
em procurar e utilizar os serviços de coleta de materiais usados. Eles estão disponíveis em
diversos ramos de atividades.
Os fabricantes também carecem de uma divulgação maior
para os serviços disponíveis de
coleta desses materiais.”
Oliveira, do Sindirepa-SP, diz
que o valor a ser investido por
uma oficina para se adequar ainda é um entrave para muitos empresários. “Tudo que gera custo
não é visto com bons olhos. O valor a ser investido nas alternativas de descarte correto de resíduos, entre tantas outras possíveis, deve ser inserido no custo
operacional do negócio.”
O valor para adequar uma oficina varia conforme as alternativas ambientais escolhidas. O valor pode chegar a R$ 35 mil, com
investimentos no reúso da água
de chuva e na contratação de empresas que recolhem os resíduos
gerados para o descarte apropriado, por exemplo.
Oliveira afirma ainda que o
perfil atual dos empresários do
setor deve ser trabalhado e modificado. “Com essa mudança de
cultura será possível aplicar o
conceito de forma plena em todos os estabelecimentos.”
contaminado com óleo ou outro
produto químico. “A empresa
também possui armazenagem
correta de baterias, pneus, vidros, óleos lubrificantes e aditivos para a posterior destinação
correta desses resíduos.”
Em 2010, quando a oficina se
transferiu para a sede própria,
mais investimentos foram realizados. “Para a limpeza interna e
das peças, até então lavadas
com querosene, gasolina ou diesel, foi adquirida uma máquina
de lavagem de peças automáti-
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MECÂNICA CHIQUINHO/DIVULGAÇÃO
ALTERNATIVA Caixa permite coletar água da chuva para ser usada na oficina
ca. Ela utiliza detergente biodegradável”, afirma Thiem.
A Codipave também construiu
uma Unidade de Tratamento de
Efluentes, local onde toda a água
contaminada é filtrada e tratada.
Para Thiem, os empresários do
setor conhecem as regras e as
medidas ambientais que devem
ser adotadas. “O setor conta com
várias entidades e associações
que têm a preocupação em orientar adequadamente a conduta das
oficinas. É preciso mais iniciativa
por parte dos empresários e tam-
bém maior orientação e cobrança
das autoridades para que as normas sejam cumpridas.”
Ele afirma que para soluções básicas, como a separação do lixo e o descarte correto de resíduos, o investimento
não é tão vultoso. “Essa aplicação é onerosa quando se
amplia as alternativas, que são
extremamente necessárias para a boa prática dos serviços
prestados. Para o tratamento
de produtos químicos utilizados na limpeza da oficina e de
peças, em que se polui principalmente a água, por exemplo,
o investimento pode chegar a
R$ 35 mil, em média, como foi
o caso da Codipave.”
Thiem destaca que o ganho
com as práticas ambientais corretas é geral. “Olhar para sua empresa e se orgulhar de estar no caminho certo é o lado mais positivo de
todo o investimento. Representa o
esforço e a consciência de uma
empresa e de seus colaboradores
com as futuras gerações.”
Aberta em 1994 em Itaqua-
quecetuba, Região Metropolitana de São Paulo, a Mecânica Chiquinho deu início à adequação
ambiental da oficina em 2002, já
em sua sede própria.
O proprietário da oficina
Francisco Severiano Alves, conhecido como Chiquinho, afirma
que as primeiras intervenções
foram a instalação de telhas
translúcidas, a captação de água
da chuva e a separação de todo
o material sólido não contaminado, vendido para a reciclagem.
“Todo material contaminado
é colocado em tambores com
destino certo de descarte. No
caso do óleo, é feita a coleta em
tambores. E esse resíduo também é vendido para empresas
credenciadas à ANP (Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).”
Chiquinho levou o modelo de
sua oficina para outras cidades a
convite do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas). “Estive em Rondonópolis (MT) e em Macapá
(AP). Percebi que a dificuldade
dos empresários é, em sua maioria, obter informações técnicas
de como adequar as oficinas.
Nesses encontros e em diversas
palestras pelo interior paulista,
repasso várias dicas de como
adaptar as oficinas e de quanto
o investimento é válido.”
l
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CNT TRANSPORTE ATUAL
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MOBILIDADE
que fazer para que
as pessoas migrem
do transporte individual para o coletivo?
Quais as alternativas para que
os motoristas percam o hábito
de usar carros e motos e, com
isso, desafoguem o tráfego
cada vez mais crescente em
suas regiões? Essas foram algumas questões debatidas no
II Seminário Internacional Mobilidade e Transportes, realizado, em outubro, na Câmara
dos Deputados, em Brasília.
Especialistas do setor
apostam, em primeiro lugar,
na necessidade de grande investimento em infraestrutura
de transporte. E esses aportes devem vir acompanhados
de mudança na mentalidade
da sociedade. Segundo dados
da ANTP (Associação Nacional
de Transportes Públicos), cerca de 70% da população anda
a pé, de transporte coletivo
O
Mudança de
mentalidade
Novo hábito dos motoristas de deixar carros e
motos em casa deve vir acompanhado de políticas
eficientes para incentivar o transporte público
POR
ou de bicicleta. Em contrapartida, apenas 30% dos usuários de transporte se locomovem de carros e motos.
Para Erika Cristine Kneib,
da Universidade Federal de
Goiás, não faz sentido priorizar políticas públicas para os
que usam o transporte individual, sendo que a maior par-
EVIE GONÇALVES
cela da população depende de
sistemas coletivos de deslocamento. “Nada é mais cômodo
que o carro. Mas esse uso precisa ser racionalizado, desencorajado. Ou reestruturamos
ou continuaremos patinando
na mobilidade”, acredita.
A ideia é compartilhada pela pesquisadora da Universi-
dad Abierta Interamericana
da Argentina, Adriana Jakovcevic. Ela considera que as
pessoas estão acostumadas a
usar o automóvel. “Já nem refletimos mais. Se temos de ir
a cinco quadras de um local,
vamos de carro pela força do
hábito”. Segundo ela, existem
quatro etapas motivacionais
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FOTOS SÉRGIO ALBERTO/CNT
TRÂNSITO Uso frequente do automóvel emperra mobilidade nos centros urbanos
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SANTOS
Solução para a cidade
Desde o começo do ano,
a cidade de Santos, que tinha sua mobilidade comprometida devido às longas
filas de caminhões na entrada do porto, tem conseguido solucionar o problema. A
exigência de agendamento
para os transportadores de
carga colaborou com o
trânsito na região. Agora, o
procedimento é feito diretamente com os terminais,
que possuem capacidade
máxima e, por isso, estabelecem horário de chegada
para o descarregamento da
produção.
Com a medida, as extensas filas de veículos que, em
2013, chegaram a 50 km, foram reduzidas consideravelmente. “Quando isso ocorria,
a mobilidade da cidade ficava muito prejudicada”, explica o diretor de Planejamento
Estratégico do porto, Luís
Cláudio Montenegro. No pico
da safra, a movimentação
chega a 13 mil caminhões
por dia na cidade.
O tempo de espera para
a descarga também foi reduzido. O procedimento
passou a durar cerca de dez
horas a contar da chegada
do veículo à região portuária, uma diminuição de
50%. Além disso, na avaliação dos resultados, foi
constatada redução no valor do frete. “Normalmente,
durante a safra, o custo aumenta. E, neste ano, a elevação foi 7% menor que o
normalmente registrado
nesse período”.
Conforme Luís Cláudio
Montenegro, um dos diagnósticos feitos identificou o
mal-uso da estrutura disponível. “Percebemos que a solução dos problemas não viria só com mais investimento em infraestrutura, mas
que, se dobrássemos a produtividade, dobraríamos
também a capacidade, só
com uma organização sistêmica do processo”, explica.
Nos fins de semana, por
exemplo, as chegadas eram
30% menores que nos dias
úteis. Além disso, a movimentação concentrava-se em alguns períodos do dia, como
no início da manhã, e havia
falta de sincronismo nas chegadas e de informações sobre o fluxo que se aproximava. As soluções adotadas, segundo ele, aumentaram a eficiência do uso da infraestrutura disponível.
O próximo passo da administração do porto para
melhorar ainda mais a mobilidade na cidade é colocar
antenas de leitura por radiofrequência e sistemas de
placas acompanhando todo
o percurso dos caminhões
desde a cidade de origem
até a chegada ao porto.
SEMINÁRIO
para fazer com que as pessoas migrem de sistema de
transporte.
A primeira é introduzir argumentos favoráveis para que
o usuário se sinta motivado a
mudar a forma de se deslocar,
como a ideia de que a bicicleta é boa para a saúde, além de
ser econômica. Em Buenos Aires, foram construídos 130 km
de ciclovias em quatro anos e
cerca de 3% das viagens realizadas no país já são feitas pelas “magrelas”.
“ Nada é mais
cômodo que o
carro. Mas esse
uso precisa ser
racionalizado,
desencorajado”
ERIKA CRISTINE KNEIB,
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
BRASÍLIA
Dificuldades na gestão
Pesquisadores discutem alternativas para incentivo ao transporte coletivo
A segunda etapa da mudança de hábito é a da prática, com treinamento intensivo para que as pessoas percam o medo e se acostumem
com a ideia. Em seguida, devem haver medidas para valorizar o novo comportamento dos passageiros e,
por fim, ações para que as
pessoas não desistam da opção que fizeram e passem a
compartilhar ideias com outras. “Para reduzir o uso do
automóvel, é necessário,
além de infraestrutura adequada, uma mudança cultural que acompanhe essa estrutura e motivação”, acredita Adriana.
Para ela, as políticas em relação ao uso do transporte público devem vir acompanhadas de informações que favoreçam o usuário, como horário dos ônibus e metrôs à vista em cada linha, assim como
a frequência dos veículos, locais com ciclovias disponíveis,
além de incentivos econômi-
Brasília é uma cidade planejada, mas sofre com grandes problemas de trânsito.
De acordo com Jorge Guilherme Francisconi, da Terracap (Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal), o
planejamento de Lúcio Costa
não privilegiou o transporte
de massa e foi restritivo para
a mobilidade. “Trata-se de
uma capital não consolidada”, avalia. Além dessa questão, dificuldades no gerenciamento do transporte
agravam ainda mais o deslocamento das pessoas.
Para o secretário de transportes do Distrito Federal, José Walter Vazquez, os principais entraves para alavancar
o sistema público de mobilidade na capital federal são o
excesso de órgãos de controle e a atuação rígida de cada
um deles, o que interfere na
qualidade da gestão. Ele cita,
por exemplo, o Tribunal de
Contas e o Ministério Público
do Distrito Federal. Vazquez
argumenta que, em Brasília,
há um desequilíbrio entre o
ALTERNATIVA
Como a população se
desloca no Brasil
A pé: 36,6%
Transporte coletivo: 29,10%
Carro: 27,40%
Moto: 3,5%
Bicicleta: 3,4%
Fonte: ANTP (Associação Nacional
de Transportes Públicos)
número de órgãos que fiscalizam e executam, dificultando
a implementação de medidas
voltadas para a melhoria da
mobilidade pelos gestores.
“Existem sete órgãos controladores e apenas um para
executar. Tenho mais burocratas para responder sobre o
passado do que para pensar o
futuro. Outro ponto é que o
técnico que executa as políticas públicas ganha um salário
de, em média, R$ 6.000. Já
quem fiscaliza recebe em torno de R$ 20 mil, valor quase
quatro vezes superior”, afirma.
Vazquez acredita que problemas relacionados à gestão
equivalem a 70% da ineficiência do transporte público
local, enquanto que a realização de obras corresponde a
30%. “As obras por si só não
trarão os serviços que a sociedade precisa. Os serviços
requerem gestão”, diz o secretário, ao justificar que é
necessário reduzir a burocracia para que o gerenciamento
do sistema público de transporte seja mais eficaz.
cos, como o passe livre para
estudantes, que já é adotado
em várias cidades do Brasil.
Políticas Públicas
Durante o congresso, os
pesquisadores e os professores sugeriram ações para que
o transporte público seja utilizado com maior eficiência. Erika Cristine Kneib discorda de
como é feito o planejamento
das cidades atualmente. “As
escalas dos planos diretores
locais são sempre desenhadas
MÍDIAS SOCIAIS
Informação rápida
Uma das formas de atrair
cidadãos para o transporte
público é oferecer um serviço
de qualidade, possibilitando
aos usuários que se localizem
facilmente nas estações, além
de terem informações rápidas
sobre o melhor percurso e
possíveis acidentes. Em Belo
Horizonte, os passageiros
usufruem disso desde 2008. O
primeiro passo foi a implantação de um sistema on-line e
de mídias sociais na cidade.
Após a implementação
do Portal BHTrans, o usuário passou a contar, além
do conteúdo, com vários
outros serviços. Um dos
principais é o ícone “Como
chegar”. Por meio de um
convênio com o Google, o
site informa ao cidadão o
melhor trajeto ao sair de
casa. A atualização das linhas é semanal. O intervalo
para o repasse das alterações ao cidadão é de, no
máximo, três dias.
Também foi implementado na cidade o Infoponto,
um sistema de mapas digitais. Em cada parada de ôni-
de forma mais ampla, sem
aprofundar as peculiaridades
dos bairros e ruas. Quando
pensamos detalhadamente, temos a proporção correta entre
o ambiente para carros e ônibus, calçadas largas, paisagismo e comércio. O espaço é planejado e convida o pedestre a
caminhar”, aponta.
Ela conta que várias cidades da Europa adotaram um
conceito chamado “Zonas 30
km/h”. Nesses países, existe o
bus, existem informações
sobre as linhas, a frequência dos veículos e o itinerário resumido. “A medida foi
muito eficaz em Belo Horizonte. No Brasil, ainda tem
muito vandalismo, mas não
nos desmotivamos a oferecer a melhor informação
para o usuário”, explica
Marcos Vinícius da Silva, da
BHTrans.
Outra medida eficaz foi o
SGO (Sistema de Gerenciamento Operacional), que informa ao usuário variáveis
que afetam o trânsito local,
tipo o fluxo por via, acidentes e semáforos. O sistema
funciona com o portal, Twitter e Fanpage no Facebook
da BHTrans. “Se um motociclista caiu na via, os agentes
de trânsito avisam o SGO. A
informação do sistema é
postada nas redes sociais e,
em menos de dois minutos,
a população sabe do acidente”, explica. Além de todo o
sistema informatizado, Belo
Horizonte também possui
80 km de ciclovias integradas à rede de transporte.
Na Europa,
o subsídio
das tarifas é,
em média, de
40%
.
No Brasil
é quase nulo
BH Sistema de
pensamento de que essa é a
velocidade ideal para que haja uma convivência harmônica entre os modos motorizados e não motorizados. “Em
Nova York, não existirão mais
vias com velocidade superior
a 40 km/h a partir de novembro”, ressalta.
O financiamento do setor
também foi uma das alternativas apontadas como eficazes durante o seminário. Em
Barcelona, por exemplo, o
custo do sistema de transporte, em 1998, era de 400 milhões de euros, sendo 50%
destinados à tarifa e 50%
subsidiados. Em 2010, o custo
do sistema triplicou, chegando a 1,3 bilhão de euros, mas a
tarifa não triplicou. Ao contrário, continuou estável.
Nuno Costa, da Universidade de Lisboa, explica que, nos
países europeus, o subsídio é,
em média, de 40% do setor,
enquanto que, no Brasil, é
CNT TRANSPORTE ATUAL
Gerenciamento Operacional informa passageiros sobre ocorrências no trânsito
quase nulo. Além disso, ressalta a importância de taxar
os estacionamentos, assim
como a entrada nas cidades,
os chamados pedágios urbanos. “Existem várias formas
de fugir das receitas tarifárias para custear o transporte
público”, explica.
Para Johannes Schlaich, da
Alemanha, à medida que a opção pelo carro passar a “doer
no bolso” dos motoristas, eles
vão aderir ao transporte públi-
co. “Em Londres há mais ônibus e metrôs justamente porque a zona de congestionamento custa cerca de 40 euros.
É extremamente caro entrar
nas cidades. Não acho que as
pessoas devem ser proibidas
de comprar automóveis.
Acho que a mentalidade delas precisa ser modificada.
Temos de garantir que o
transporte seja atraente para as novas gerações”.
Ele defende a integração
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CAOS Excesso de carros e motos atrapalha tráfego
DESLOCAMENTO
Como escolher o meio
a ser utilizado
A pé: Até 500 m
Bicicleta: Entre 6 km e 8 km
Transporte público: Médias
e grandes distâncias
Automóvel: Uso esporádico
entre infraestrutura e planejamento, entre os sistemas
tarifários e os vários modos
de transporte. Para o pesquisador, as tarifas devem contemplar um único valor de
um lugar a outro, independentemente do operador. Durante o seminário, ele citou
ainda o exemplo da Alemanha, onde as associações de
transporte têm uma série de
direitos e deveres, como o de
realizar licitações.
l
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CNT TRANSPORTE ATUAL
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CNT TRANSPORTE ATUAL
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FOTOS ANTF/DIVULGAÇÃO
FERROVIÁRIO
Olhos para
o Brasil
Maior feira do mundo de transporte sobre trilhos
atrai interesse internacional e permite troca de
informações para gestão e regulação
POR EVIE
om a previsão de construção e melhorias em 11 mil
quilômetros de ferrovias no
Brasil pelo PIL (Programa de
Investimentos em Logística), o interesse de empresários de diversas
partes do mundo pelo mercado nacional tem crescido. A importância
desse momento do país foi percebida
durante a InnoTrans, maior feira ferroviária do mundo, realizada em Berlim, na Alemanha, em setembro.
Durante o evento, a ANTT (Agência
Nacional de Transportes Terrestres)
assinou um acordo de cooperação
com a ERA (Agência Europeia de Fer-
C
FEIRA Evento reuniu
novidades e tendências do
setor no mercado exterior
GONÇALVES
rovias) para troca bilateral de experiências em relação a esse modal.
O intercâmbio de informações
vai permitir que o órgão tenha contato com novas maneiras de gestão
e regulação, além de tomar conhecimento sobre sucessos e insucessos de outros mercados e, assim,
aprimorar os mecanismos de regulação quando aplicados à realidade
brasileira. O acordo possui três linhas de atuação: tecnologia, operação e regulação ferroviária.
A tecnologia abrange a regulamentação de sistemas, compatibilidade técnica entre material rodan-
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CNT TRANSPORTE ATUAL
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BILATERALIDADE ANTT e Agência Europeia de Ferrovias assinam acordo para troca de experiências
te e malha ferroviária, interoperabilidade, telecomunicação e
sinalização. A operação inclui a
sistematização de bases de dados, a fiscalização da infraestrutura, a regulamentação dos sistemas de gestão de segurança,
os indicadores de desempenho
em segurança e no transporte
de cargas e passageiros, além
da capacitação profissional.
Já a regulação consiste no
estabelecimento de regras de
fiscalização e de investigação de
acidentes ferroviários, formulação de normas de elaboração,
execução e fiscalização de projetos, formulação de metodolo-
“Para que
seja feita a
ligação com
a malha já
existente,
precisaremos
buscar
informações”
JORGE BASTOS, DIRETOR-GERAL DA ANTT
gias para análise de impacto regulatório e transição do modelo
de concessão convencional para
o Open Access. Nesse padrão, a
infraestrutura e o controle do
tráfego ficam com um único
operador, permitindo que vários
outros circulem na via.
“As novas ferrovias serão
construídas seguindo um novo
modelo, o Open Acess. Portanto,
para que seja feita a ligação com
a malha já existente, precisaremos buscar informações para definir a melhor forma de funcionamento, além das regras de operação. Nesse sentido, os europeus
têm conhecimento, pois passa-
ram por situação semelhante há
40 anos”, afirma o diretor-geral
da ANTT, Jorge Bastos.
Durante o evento, Bastos proferiu uma palestra sobre as oportunidades de investimento no setor
ferroviário no estande da Unife
(Associação da Indústria Ferroviária Europeia), que contou com a
presença de representantes de
empresas e investidores estrangeiros, além do diretor-geral de
mobilidade e transporte europeu,
o português João Aguiar Machado.
De acordo com o diretor corporativo das empresas Randon,
Norberto José Fabris, que participou da feira, o setor é integrado
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
63
mundo foi outro diferencial da feira. Na cerimônia de abertura do
evento, um dos temas em debate
foi a preocupação com o respeito
à natureza.
Empresários de companhias
com atuação no mundo inteiro
revelaram que desenvolvem tecnologias mais limpas, por meio
da utilização de sistemas híbridos de combustíveis e de melhorias nos sistemas de arranque e
frenagem. Também está em estudo a redução de ruídos pelo
modal ferroviário.
PIL Melhorias previstas no programa atraem interesses de empresários internacionais
por grandes corporações que, obrigatoriamente, precisam estar
alinhadas internacionalmente à
cadeia produtiva. “Com a globalização, não se imagina mais a
atuação isolada de nações e de
empresas. Por essa razão, o Brasil ganha ainda maior importância, especialmente considerando
a potencialidade da economia
brasileira e a extensão territorial
que requerem soluções em todos
os modais de transporte.”
O evento também foi importante para que as operadoras das
ferrovias de cargas brasileiras
pudessem conhecer o que o mercado mundial está oferecendo de
melhor e mais moderno para o
setor ferroviário. “Nessa edição,
observamos que muitos materiais e tecnologias utilizados nos
modais rodoviário, hidroviário e
aéreo estão sendo adaptados para uso nas ferrovias. A busca pela
utilização de novas matérias-primas, mais sustentáveis ecologicamente, ficou evidente”, ressalta o presidente executivo da
ANTF (Associação Nacional dos
Transportadores Ferroviários),
Gustavo Bambini.
A troca de conhecimentos e experiências sobre as condutas e as
melhores práticas adotadas pelas
empresas ferroviárias de todo
“A busca pela
utilização de
novas matériasprimas mais
sustentáveis
ecologicamente
ficou evidente”
GUSTAVO BAMBINI,
PRESIDENTE EXECUTIVO DA ANTF
Pavilhão brasileiro
Pela terceira vez, as empresas
nacionais participaram da feira
de forma compartilhada no estande brasileiro, viabilizado com
o apoio da ANTF, da ANPTrilhos
(Associação Nacional dos Transportadores sobre Trilhos), da Abifer (Associação da Indústria Ferroviária), do Simefre (Sindicato
Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários), da Aeamesp
(Associação dos Engenheiros e
Arquitetos de Metrô) e do Ministério das Relações Exteriores.
Neste ano, várias empresas participaram do Estande Brasileiro:
Randon, Brastan, Cavan, Compren,
Wegis, Wega, Grupo Agis, Hidremec,
Hubner, Indra, Maba, Ecoline, Metisa, MWL, Odebrecht Transport, Retesp, Riosulense, Stucky do Brasil,
Sysfer, Thales e Urbaniza.
l
64
CNT TRANSPORTE ATUAL
Sest Senat se vestiu de
rosa durante todo o mês
de outubro. As mais de
140 unidades em funcionamento em todo o país se mobilizaram para orientar as mulheres
sobre a importância da prevenção
ao câncer de mama.
As ações envolveram profissionais de diversas áreas e contaram
com atividades, como palestras
educativas, distribuição de materiais informativos, exposição fotográfica, apresentações de dança e
prestação de serviço, além da realização de exames rápidos de saúde.
Na unidade de Criciúma (SC),
por exemplo, mais de 1.200 mulheres participaram da ação realizada no Parque das Nações. Quem
passou pelo local pode desfrutar
de um dia de beleza, com direito a
maquiagem, limpeza de pele e
corte de cabelo. Em parceria com
a ONG Rapunzels Solidária, foram
recebidas doações de cabelos para a produção de perucas para
mulheres e crianças com câncer.
O Outubro Rosa é um movimento popular, realizado em todo o
mundo. O nome remete à cor do laço que simboliza, mundialmente, a
luta contra o câncer de mama e estimula a participação da popula-
O
NOVEMBRO 2014
Mobilização
nacional
Unidades do Sest Senat de todo o país
participaram das ações do Outubro Rosa,
movimento de combate ao câncer de mama
POR
ção, empresas e entidades. A mobilização teve início nos Estados
Unidos, em 1997, quando instituições das cidades norte-americanas de Yuba e Lodi começaram a
organizar ações voltadas à prevenção do câncer de mama. Para sensibilizar a população, elas enfeitavam as cidades com os laços rosa.
No Brasil, diversos monumentos e
edifícios públicos são iluminados
durante todo o mês de outubro em
alusão as ações da campanha.
E a importância da conscientização se dá porque o câncer de
mama é o segundo tipo mais frequente da doença no mundo, res-
LIVIA CEREZOLI
pondendo por 22% dos casos novos a cada ano. No Brasil, as taxas
de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas. Isso
acontece, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), porque
provavelmente a doença ainda é
diagnosticada em estágios avançados. Na população mundial, a
sobrevida média, após cinco anos
do diagnóstico, é de 61%. Estimativas do instituto apontam para
57.120 novos casos a cada ano no
país. O número de mortes ainda é
alto, chegando a 13.345.
Sabendo da importância da
discussão do tema, o Sest Senat
participa da mobilização mundial.
As orientações são passadas às
trabalhadoras do setor de transporte, às mulheres e filhas dependentes dos trabalhadores e a toda
a comunidade em geral.
Neste ano, o Sest Senat comemora 20 anos de atuação em todo
o país. Nessas duas décadas, foram realizados mais de 100 milhões de atendimentos em benefício do trabalhador em transporte
dentro dos programas de desenvolvimento profissional e de promoção social. Acompanhe a seguir
as ações realizadas em algumas
das unidades do Sest Senat.
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
FOTOS SEST SENAT/DIVULGAÇÃO
PETROLINA (PE)
Ações educativas e atividades culturais marcaram o mês de outubro na unidade de Petrolina. Uma exposição, assinada pelo fotógrafo Geovani Cavalcanti,
mostrou o dia a dia de quatro modelos
que vivenciam ou vivenciaram essa experiência. As atividades de conscientização
ainda contaram com palestras e a distribuição de material educativo sobre o
câncer de mama nas ruas da cidade.
BLUMENAU (SC)
Para incentivar a prevenção ao câncer de mama a partir do autoexame e visitas periódicas ao médico, a unidade do
Sest Senat de Blumenau, em Santa Catarina, realizou uma palestra educativa
para 45 pessoas. A ação contou com o
apoio da Rede Feminina de Combate ao
Câncer. As participantes receberam material educativo e um laço de fita rosa,
símbolo da campanha.
65
66
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
MARÍLIA (SP)
A unidade do Sest Senat de Marília,
em parceria com órgãos públicos da cidade, organizou diversas atividades durante todo o mês de outubro para alertar as mulheres da importância da prevenção no combate ao câncer de mama.
Na unidade, foi realizada uma palestra
com um cirurgião plástico que falou sobre a retirada da mama e seus impactos
na vida da mulher.
PONTA GROSSA (PR)
O Sest Senat realizou uma palestra sobre a importância da saúde da mulher para as funcionárias da Transportadora Primo. Durante o bate-papo, como forma de
prevenção ao câncer de mama, foi apresentada a necessidade da mudança de hábitos na vida das mulheres. A atividade
também contou com uma aula de biodança
na unidade de saúde Antonio Saliba.
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
SÃO MATEUS (ES)
A unidade de São Mateus realizou palestra sobre o tema da campanha em
parceria com a empresa TVL. Foram
abordados temas como prevenção e sintomas do câncer de mama, como realizar
o diagnóstico, dúvidas e cuidados durante o tratamento, próteses e reconstruções mamárias, o câncer de mama e os
homens e mitos sobre a doença.
RECIFE (PE)
O Sest Senat de Recife realizou palestras com enfermeira, psicólogo, nutricionista e preparadores físicos para alertar
as mulheres sobre a necessidade de se
cuidar da saúde como forma de prevenção ao câncer. Também foram realizados
diversos exames rápidos, como teste de
glicose e aferição de pressão arterial. A
unidade ainda promoveu uma campanha
de arrecadação para doação ao Hospital
do Câncer de Pernambuco.
67
68
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
CARAZINHO (RS)
Em parceria com a escola Notre Dame
Aparecida, o Sest Senat realizou uma feira de saúde para orientar as mulheres sobre o câncer de mama e a necessidade de
fazer a prevenção. A ação contou com a
participação de um médico e de uma enfermeira. Eles explicaram para as participantes como é realizado o autoexame.
MARABÁ (PA)
As mulheres que visitaram a unidade
puderam participar de uma exposição
de produtos de beleza, sorteios de cestas básicas, além de palestras sobre a
importância dos cuidados para prevenir
o câncer de mama e de colo de útero. O
evento foi aberto às trabalhadoras do
setor, além das mulheres e das filhas
dos trabalhadores.
CNT TRANSPORTE ATUAL
RIO NEGRINHO (SC)
Mais de 50 mulheres receberam orientações sobre os cuidados com a saúde e participaram da realização de exames
preventivos de colo de útero, de acuidade visual, de glicemia,
de pressão arterial, de palestras e de massagens durante a
ação realizada pelo Sest Senat em parceria com diversas instituições da cidade. As mulheres ainda receberam informações
sobre a violação dos seus direitos.
NOVEMBRO 2014
69
PROGRAMAÇÃO 20 ANOS
Para comemorar suas duas décadas de atuação no Brasil, o Sest Senat
está realizando uma série de eventos pelo país. Veja abaixo o calendário.
CIRCUITO DE CAMINHADA E CORRIDA DE RUA
PRÓXIMAS ETAPAS
Dia
Etapa
9/11
Campos dos Goytacazes (RJ)
23/11
Chapecó
30/11
Ribeirão Preto (SP)
7/12
Cariacica (ES)
21/12
Recife (PE)
CATEGORIAS E INSCRIÇÕES
Prova de caminhada: 2 km
• Inscrições gratuitas para todos os participantes
Provas de corrida: 5 km e 10 km
• Inscrições gratuitas: beneficiários cadastrados (como aposentado de
empresa de transporte, proprietário de empresa do transporte,
trabalhador de empresa e autônomo) e funcionários do Sest Senat
• Inscrições no valor de R$ 25: público em geral
• Informações: http://corrida.sestsenat.org.br
PATOS DE MINAS (MG)
Homens e mulheres participaram da Campanha de Conscientização sobre o Câncer de Mama. Na unidade, foi realizado
um “chá rosa” em que as mulheres puderam conversar com
profissionais da área de saúde sobre atitudes e hábitos preventivos para uma boa saúde, como alimentação saudável, autoexame de mama e importância do diagnóstico precoce. As
orientações também foram passadas durante as aulas dos diversos cursos do Sest Senat.
l
SHOWS DE NOVEMBRO
Cidade
Dia
Crato
7
São Gonçalo
9
Boa Vista
12
Manaus
13
Macapá
14
São Luís
15
Imperatriz
16
Blumenau
20
Florianópolis
21
Chapecó
23
Cariacica
28
Dupla
Alan e Alex
Alan e Alex
Alan e Alex, César Menotti & Fabiano
Alan e Alex, César Menotti & Fabiano
Alan e Alex, César Menotti & Fabiano
Alan e Alex, César Menotti & Fabiano
Alan e Alex, César Menotti & Fabiano
Alan e Alex, César Menotti & Fabiano
Alan e Alex, César Menotti & Fabiano
Alan e Alex, César Menotti & Fabiano
Alan e Alex
Fonte: Sest Senat
Estatístico, Econômico, Despoluir e Ambiental
FERROVIÁRIO
MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM
Total Nacional
Total Concedida
Concessionárias
Malhas concedidas
30.129
28.190
11
12
BOLETIM ESTATÍSTICO
RODOVIÁRIO
MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM
TIPO
PAVIMENTADA
Federal
Estadual
Municipal
Rede Planejada
Total
NÃO PAVIMENTADA
66.275
110.842
26.827
203.944
TOTAL
12.793
7 9.068
111.334
222.176
1.234.918
1.261.745
1 28.815
1.359.045 1 .691.804
MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KM
Adminstrada por concessionárias privadas
15.454
Administrada por operadoras estaduais
1.195
FROTA DE VEÍCULOS
Caminhão
Cavalo mecânico
Reboque
Semi-reboque
Ônibus interestaduais
Ônibus intermunicipais
Ônibus fretamento
Ônibus urbanos
Nº de Terminais Rodoviários
2.535.225
559.693
1.124.378
816.303
17.340
57.000
25.852
107.000
173
AQUAVIÁRIO
INFRAESTRUTURA - UNIDADES
Terminais de uso privativo misto
Portos
35
MATERIAL RODANTE - UNIDADES
Vagões
Locomotivas
80.436
3.507
PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES
Total
Críticas
12.289
2.659
VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL
Brasil
EUA
25 km/h
80 km/h
AEROVIÁRIO
AERÓDROMOS - UNIDADES
Aeroportos Internacionais
Aeroportos Domésticos
Outros aeródromos - públicos e privados
37
29
2.437
AERONAVES REGISTRADAS NO BRASIL - UNIDADES
Transporte regular, doméstico ou internacional
Transporte não regular: táxi aéreo
Privado
Outros
Total
669
1.579
8.825
8.328
19.401
MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS
MODAL
176
HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA
Vias Navegáveis
Vias economicamente navegadas
Embarcações próprias
11.953
7.427
1.674
7.136
28.190
122
FROTA MERCANTE - UNIDADES
Embarcações de cabotagem e longo curso
MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM
ALL do Brasil S.A.
FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A.
MRS Logística S.A.
Outras
Total
41.635
20.956
1.944
MILHÕES
(TKU)
PARTICIPAÇÃO
(%)
Rodoviário
485.625
61,1
Ferroviário
164.809
20,7
Aquaviário
108.000
13,6
Dutoviário
33.300
4,2
Aéreo
3.169
0,4
Total
794.903
100
72
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
BOLETIM ECONÔMICO
R$ bilhões
INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE*
Investimentos em transporte da União por Modal
(total pago acumulado - até Setembro/2014
(R$ 10,92 bilhões)
Investimentos em Transporte da União
(Orçamento Fiscal)
(dados atualizados Setembro/2014)
25
20
15
10
5
0
17,72
10,92
7,24
1,86
(17,1%)
7,54
(69,0%)
3,69
0,20
(1,8%)
Autorizado
Valores Pagos do Exercício
Total Pago
Restos a Pagar Pagos
Obs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores
1,32
(12,1%)
RECURSOS DISPONÍVEIS E INVESTIMENTO FEDERAL
ORÇAMENTO FISCAL E ESTATAIS (INFRAERO E CIA DOCAS)
(R$ milhões correntes - até Setembro de 2014)
Aquaviário
Ferroviário
Aéreo
CONJUNTURA MACROECONÔMICA - OUTUBRO/2014
Recursos Disponíveis
17.723,01
2.913,08
20.636,09
Autorizado União
Dotação das Estatais (Infraero e Cia Docas)
Total de Recursos Disponíveis
Investimento Realizado
Rodoviário
Ferroviário
Aquaviário (União + Cia Docas)
Aéreo (União + Infraero)
Investimento Total (Total Pago)
Rodoviário
7.540,41
1.864,97
375,94
2.250,95
12.032,28
Fonte: Orçamento Fiscal da União (SIGA BRASIL - Senado Federal);
Orçamento de Investimentos das Empresas Estatais (MPGO/DEST).
Notas: (A) Dados atualizados até 30.09.2014 (SIGA BRASIL). (B) Para fins de cálculo do investimento
realizado, utilizou-se o filtro GND = 4 (investimento)
Nota sobre a CIDE: Até o boletim econômico de março de 2013, a CNT realizava o acompanhamento
da arrecadação e do investimento com recursos da CIDE-combustíveis, Contribuição de Intervenção
no Domínio Econômico, criada pela Lei 10.336, de 19/12/2001. Esse acompanhamento deixou de ser
realizado, já que a alíquota da CIDE foi reduzida a zero pelo Decreto nº 7.764, de junho de 2012.
Os recursos da CIDE eram destinados aos seguintes fins: (a) ao pagamento de subsídios a preços
ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; (b) ao
financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; e (c) ao
financiamento de programas de infraestrutura de transportes.
2013
PIB (% cresc a.a.)1
Selic (% a.a.)2
IPCA (%)3
Balança Comercial6
Reservas
Internacionais4
Câmbio (R$/US$)5
Acumulado Expectativa Expectativa
em 2014 para 2014 para 2015
2,50
10,00
5,91
2,55
0,49*
11,00
4,61
0,249
0,24
11,00
6,32
2,41
1,00
11,88
6,30
7,24
375,79
375,71
-
-
2,34
2,45
2,40
2,50
Fontes: Receita Federal, SIGA BRASIL - Senado Federal, IBGE e Focus (Relatório de Mercado 03/10/14),
Banco Central do Brasil.
Observações:
(1) Expectativa de crescimento do PIB para 2014 e 2015 - O valor de crescimento do PIB 2013 foi revisado pelo IBGE de
2,3% para 2,5%.
(2) Taxa Selic conforme Copom 03/09/2014 e Boletim Focus.
(3) Inflação acumulada no ano e em 12 meses até Agosto/2014 e expectativas segundo o Boletim Focus.
(4) Posição Dezembro/2013 e setembro/2014 em US$ bilhões.
(5) Câmbio de fim de período divulgado em 01/10/2014, média entre compra e venda.
(6) Saldo da balança comercial até setembro/2014.
* A taxa de crescimento do PIB para 2014 diz respeito ao desempenho econômico no primeiro trimestre de 2014
(jan-jun 2014).
EVOLUÇÃO DO INVESTIMENTO FEDERAL EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE
16,0
14,0
12,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0
2009
Investimento Total
ORÇAMENTO FISCAL DA UNIÃO E ORÇAMENTO
DAS ESTATAIS (INFRAERO E CIA DOCAS)
(valores em R$ bilhões correntes)
2009 2010 2011 2012
7,8
10,3
11,2
9,4
Rodoviário
1,0
2,5
1,6
1,1
Ferroviário
1,3
1,0
0,8
Aquaviário (União + Cia Docas) 1,3
0,5
0,7
1,2
1,4
Aéreo (União + Infraero)
10,6
14,8
15,0
12,7
Investimento Total
2010
2011
Rodoviário
Ferroviário
2012
Aquaviário
2013
Aéreo
2013
8,4
2,3
0,6
1,8
13,1
Fonte: Orçamento Fiscal da União (SIGA BRASIL - Senado Federal) e Orçamento de Investimentos das
Empresas Estatais (DEST-MPOG).
8
R$ bilhões correntes
Orçamento Fiscal da União e Orçamento das Estatais
(Infraero e Cia Docas)
* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br
REGIÕES3
Estados
INVESTIMENTO PÚBLICO FEDERAL EM INFRAESTRUTURA
DE TRANSPORTE POR ESTADOS E REGIÕES
(valores em R$ milhões correntes)1
Orçamento Fiscal (total pago2 por modal de transporte)
Acre
Alagoas
Amazonas
Amapá
Bahia
Ceará
Distrito Federal
Espírito Santo
Goiás
Maranhão
Minas Gerais
Mato Grosso do Sul
Mato Grosso
Pará
Paraíba
Pernambuco
Piauí
Paraná
Rio de Janeiro
Rio Grande do Norte
Rondônia
Roraima
Rio Grande do Sul
Santa Catarina
Sergipe
São Paulo
Tocantins
Centro Oeste
Nordeste
Norte
Sudeste
Sul
Nacional
Total
Rodoviário
87,30
203,31
60,85
62,07
389,69
185,62
34,19
125,20
419,27
393,94
771,49
112,18
638,01
465,96
100,08
288,85
148,05
374,69
201,59
77,74
307,47
107,88
914,57
597,02
91,95
147,25
164,83
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
69,36
7.540,41
Ferroviário
0,00
0,00
0,00
0,00
754,20
0,00
0,00
0,00
698,78
0,00
182,62
0,18
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,03
4,42
0,00
0,00
0,00
0,91
0,00
0,00
128,18
4,48
0,00
0,21
0,00
0,00
0,00
90,96
1.864,97
Aquaviário
0,00
0,00
103,17
0,00
1,35
7,00
0,00
18,58
0,00
9,73
3,40
0,00
0,00
0,37
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
4,00
0,00
5,03
1,90
0,00
24,06
0,00
0,00
0,00
1,21
0,00
0,00
19,26
199,06
Aéreo
1,03
0,10
5,34
0,47
1,09
0,40
0,00
0,06
0,12
0,98
1,43
0,23
3,69
7,41
0,18
0,77
0,63
0,74
1,50
0,02
2,41
0,44
0,65
0,59
0,08
1,06
0,27
5,62
0,70
14,02
9,89
0,77
1.254,56
1.317,23
Total
88,33
203,41
169,37
62,54
1.146,34
193,01
34,19
143,84
1.118,17
404,65
958,94
112,59
641,70
473,74
100,26
289,61
148,68
375,46
207,50
77,76
313,88
108,32
921,15
599,50
92,03
300,55
169,57
5,62
0,91
15,24
9,89
0,77
1.434,14
10.921,66
Maiores Desembolsos4 (total pago acumulado até Setembro - 2014)5
Ordem
1º
2º
3º
4º
5º
6º
7º
8º
9º
10º
Ações orçamentárias7
Ranking
Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Nordeste
Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Norte
Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Sudeste
Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Centro-Oeste
Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Sul
Construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste - Ilhéus - Caetité - BA
Construção da Ferrovia Norte-Sul - Ouroverde de Goiás - São Simão - GO
Adequação de Trecho Rodoviário - Porto Alegre - Pelotas - na BR-116 - No Estado do Rio Grande do Sul
Adequação de Trecho Rodoviário - Rondonópolis - Cuiabá - Posto Gil - na BR-163 - No Estado do Mato Grosso
Adequação de Trecho Rodoviário - Palhoça - Divisa SC/RS - na BR-101 - No Estado de Santa Catarina
Total
Part. (%) no total pago do Orçamento Fiscal da União até setembro
Elaboração: Confederação Nacional do Transporte
Dados atualizados até 30.09.2014 (SIGA BRASIL).
R$ milhões6
917,93
763,95
653,81
506,33
460,47
442,65
391,65
254,21
253,42
234,77
4.879,19
44,7%
Notas:
(1) Foram utilizados os seguintes filtros: função (26), subfunção (781=aéreo, 782=rodoviário, 783=ferroviário, 784=aquaviário), GND (4=investimentos). Para a subfunção 781
(aéreo), não foi aplicado nenhum filtro para a função. Fonte: SIGA BRASIL (Execução do Orçamento Fiscal da União).
(2) O total pago é igual ao valor pago no exercício acrescido de restos a pagar pagos.
(3) O valor investido em cada região não é igual ao somatório do valor gasto nos respectivos estados. As obras classificadas por região são aquelas que atendem a mais de
um estado e por isso não foram desagregadas. Algumas obras atendem a mais de uma região, por isso recebem a classificação Nacional.
(4) As obras foram classificadas pelo critério de maior desembolso (Valor Pago + Restos a Pagar Pagos) em 2014.
(5) Ações de infraestrutura de transporte contempladas com os maiores desembolsos do Orçamento Fiscal da União no acumulado de janeiro a julho de 2014.
(6) Os valores expressos na tabela dizem respeito apenas ao total pago pela União no período em análise. Não foram incluídos os desembolsos realizados pelas Empresas
Estatais.
(7) As ações orçamentárias são definidas como operações das quais resultam produtos (bens ou serviços) que contribuem para atender o objetivo de um programa
segundo o Manual de Técnico de Orçamento 2014.
Para consultar a execução detalhada, acesse o link http://www.cnt.org.br/Paginas/Boletim-economico.aspx
74
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
BOLETIM DO DESPOLUIR
DESPOLUIR
PROJETOS
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o Sest Senat
lançaram em 2007 o Programa Ambiental do Transporte - DESPOLUIR,
com o objetivo de promover o engajamento de empresários,
caminhoneiros autônomos, taxistas, trabalhadores em
transporte e da sociedade na construção de um
desenvolvimento verdadeiramente sustentável.
• Redução da emissão de poluentes pelos veículos
• Incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador
• Aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais
de transporte
• Cidadania para o meio ambiente
RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS
ESTRUTURA
NÚMEROS DE AFERIÇÕES
2014
2007 A 2013
1.033.455
Aprovação no período
88,87%
ATÉ AGOSTO
SETEMBRO
130.681
17.099
88,57%
TOTAL
1.181.235
69,66%
88,55%
Federações participantes
22
Unidades de atendimento
84
Empresas atendidas
11.027
Caminhoneiros autônomos atendidos
12.683
PUBLICAÇÕES DO DESPOLUIR
INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES
Para participar do Projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos,
entre em contato com a Federação que atende o seu Estado.
Carga
(empresas)
Carga
(autônomos)
Passageiros
FEDERAÇÃO
FETRAMAZ
FETRACAN
FETRABASE
FENATAC
FETRANSPORTES
FETCEMG
FETRANSPAR
FETRANSCARGA
FETRANSUL
FETRANCESC
FETCESP
FECAM-SP
FETRAMIG
FETRANORTE
FETRONOR
FETRABASE
CEPIMAR
FETRASUL
FETRANSPORTES
FETRAM
FETRAMAR
FEPASC
FETRANSPOR
FETERGS
UFs ATENDIDAS
AC, AM, AP, PA, RO e RR
AL, CE, MA, PB, PE, PI e RN
BA e SE
DF, GO, MS, MT e TO
ES
MG
PR
RJ
RS
SC
SP
SP
MG
AC, AM, AP, PA e RR
AL, PB, PE e RN
BA e SE
CE, MA e PI
DF, GO, SP e TO
ES
MG
MS, MT e RO
PR e SC
RJ
RS
TELEFONE
92.3658-6080
81.3441-3614
71.3341-6238
61.3361-5295
27.2125-7643
31.3490-0330
41.3333-2900
21.3869-8073
51.3374-8080
48.3248-1104
11.2632-1010
19.3585-3345
31.3322-2674
92.3584-6504
84.3234-2493
71.3341-6238
85.3261-7066
62.3233-0977
27.2125-7643
31.3274-2727
65.3027-2978
41.3244-6844
21.3221-6300
51.3228-0622
A pesquisa “Caminhoneiros no
Brasil - Relatório Síntese de Informações Ambientais” apresenta a
realidade e as necessidades de um
dos principais agentes do setor de
transporte. Informações econômicas, financeiras, sociais e ambientais, além de dados relacionados à
frota, como distribuição e idade
média; características dos veículos e dos deslocamentos; intensidade de uso e autonomia (km/l) da
frota permitem aprofundar os conhecimentos relativos ao setor de
transporte rodoviário.
8
SETOR
Conheça abaixo duas das diversas publicações ambientais que estão
disponíveis para download no site do DESPOLUIR:
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
O governo brasileiro adotou o biodiesel
na matriz energética nacional, através
da criação do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel e da aprovação
da Lei n. 11.097. Atualmente, todo o óleo
diesel veicular comercializado ao consumidor final possui biodiesel. Essa mistura é denominada óleo diesel B e apresenta uma série de benefícios ambientais,
estratégicos e qualitativos. O objetivo
desta publicação é auxiliar na rotina
operacional dos transportadores, apresentando subsídios para a efetiva adoção de procedimentos que garantam a
qualidade do óleo diesel B, trazendo benefícios ao transportador e, sobretudo,
ao meio ambiente.
CNT TRANSPORTE ATUAL
75
NOVEMBRO 2014
CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL
BOLETIM AMBIENTAL
CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE (em milhões de m3)
EMISSÕES DE CO2 POR SETOR
CO2 t/ANO
1.202,13
140,05
136,15
48,45
47,76
1.574,54
SETOR
Mudança no uso da terra
Industrial*
Transporte
Geração de energia
Outros setores
Total
(%)
76,35
8,90
8,65
3,07
3,03
100,00
PARTICIPAÇÃO
Rodoviário
Aéreo
Outros meios
Total
2011
2012
2013
VOLUME
VOLUME
VOLUME
Rodoviário
38,49
34,46
36,38
38,60
40,61
Ferroviário
0,83
1,08
1,18
1,21
1,20
Hidroviário
0,49
0,14
0,14
0,16
0,18
39,81
35,68
37,7
39,97
41,99
CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões de m3)*
TIPO
2009
2010
2011
2012 2013 2014**
(agosto)
EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE
CO2 t/ANO
123,17
7,68
5,29
136,15
2010
VOLUME
Total
*Inclui processos industriais e uso de energia
MODAL
2009
VOLUME
MODAL
EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL
(EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA)
Diesel
(%)
90,46
5,65
3,88
100,00
44,29
49,23
52,26
55,90
58,49
39,15
Gasolina 25,40
29,84
35,49
39,69
41,36
28,87
Etanol
15,07
10,89
9,85
11,75
8,10
PARTICIPAÇÃO
EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO OTTO*
EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO DIESEL
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
CO2
NOx
NMHc
CO
CH4
16,47
* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc).
** Dados atualizados em 26 de setembro de 2014.
60%
50%
40%
CO2
NOx
CO
NMHc
MP
30%
20%
10%
0%
Automóveis
GNV
Comerciais Leves (Otto)
Motocicletas
* Inclui veículos movidos a gasolina, etanol e GNV
Dados de 2009 fornecidos pelo último Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários – MMA,2011.
Ônibus
Urbanos
Caminhões
Pesados
10
15
10 a 50
CE: Fortaleza, Aquiraz, Horizonte, Caucaia, Itaitinga, Chorozinho, Maracanaú, Euzébio, Maranguape, Pacajus, Guaiúba, Pacatuba, São Gonçalo do
Amarante, Pindoretama e Cascavel.
PA: Belém, Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara do Pará, Benevides e Santa Isabel do Pará.
PE: Recife, Abreu e Lima, Itapissuma, Araçoiaba, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Moreno, Camaragibe, Olinda, Igarassu, Paulista,
Ipojuca, Itamaracá e São Lourenço da Mata.
Frotas cativas de ônibus dos municípios: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Porto Alegre e São Paulo.
RJ: Rio de Janeiro, Belford Roxo, Nilópolis, Duque de Caxias, Niterói, Guapimirim, Nova Iguaçu, Itaboraí, Paracambi, Itaguaí, Queimados, Japeri,
São Gonçalo, Magé, São João de Meriti, Mangaratiba, Seropédica, Maricá, Tanguá e Mesquita.
10**
Brasil SP: São Paulo, Americana, Mairiporã, Artur Nogueira, Mauá, Arujá, Mogi das Cruzes, Barueri, Mongaguá, Bertioga, Monte Mor, Biritibamirim, Nova
Odessa, Caçapava, Osasco, Caieiras, Paulínia, Cajamar, Pedreira, Campinas, Peruíbe, Carapicuíba, Pindamonhangaba, Cosmópolis, Pirapora do Bom
Jesus, Cotia, Poá, Cubatão, Praia Grande, Diadema, Ribeirão Pires, Embu, Rio Grande da Serra, Embuguaçu, Salesópolis, Engenheiro Coelho, Santa
Bárbara d’ Oeste, Ferraz de Vasconcelos, Santa Branca, Francisco Morato, Santa Isabel, Franco da Rocha, Santana de Parnaíba, Guararema, Santo
André, Guarujá, Santo Antônio da Posse, Guarulhos, Santos, Holambra, São Bernardo do Campo, Hortolândia, São Caetano do Sul, Igaratá, São José
dos Campos, Indaiatuba, São Lourenço da Serra, Itanhaém, São Vicente, Itapecerica da Serra, Sumaré, Itapevi, Suzano, Itaquaquecetuba, Taboão da
Serra, Itatiba, Taubaté, Jacareí, Tremembé, Jaguariúna, Valinhos, Jandira, Vargem Grande Paulista, Juquitiba e Vinhedo.
Demais estados e cidades
500***
* Em partes por milhão de S - ppm de S
** Municípios com venda exclusiva de S10. Para ver a lista dos postos que ofertam o diesel S10, consulte o site do DESPOLUIR: www.cntdespoluir.org.br
*** A partir de janeiro de 2014, o diesel interiorano passou a ser S500. Para mais informações, consulte a seção Legislação no Site do DESPOLUIR:
www.cntdespoluir.org.br
3,1%
9,9%
0,6%
40,7%
12,3%
33,3%
Teor de Biodiesel 9,9%
Outros 3,1%
Pt. Fulgor 33,3%
Enxofre 12,3%
Corante 0,6%
Aspecto 40,7%
% NC
ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - SETEMBRO 2014
22
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Caminhões
Leves
NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA
NO ÓLEO DIESEL - SETEMBRO 2014
QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL
TEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL (em ppm de S)*
Japão
EUA
Europa
Ônibus
Caminhões Comerciais Leves
Rodoviários
(Diesel)
médios
Trimestre Anterior
Trimestre Atual
5,1
4,0
2,6
AC
-
AL
5,1
5,4
AM
4,0
5,4
AP
2,6
0,0
0,8
1,9
BA
0,8
1,2
CE
1,9
1,7
4,0
0,0
DF
0,0
0,0
ES
4,0
3,6
5,1
4,2
1,9
1,5
GO
1,9
1,4
MA
1,5
1,5
MG
4,2
4,0
MS
-
MT
5,1
5,7
7,5
3,5
PA
3,5
4,2
3,2
PB
3,2
5,0
3,5
PE
3,5
2,9
3,4
PI
3,4
2,5
4,9
1,3
PR
1,3
1,1
RJ
4,9
4,9
Percentual relativo ao número de não-conformidades encontradas no total de amostras coletadas.
Cada amostra analisada pode conter uma ou mais não-conformidades.
(*) Para Tocantins foram considerado os três últimos meses monitorados pelo CPT: Trimestre atual: Mar, Ago e Set/2014; Trimestre anterior: Jan, Mar e Ago/2014.
1,9
RN
1,9
3,1
RO
-
RR
7,5
7,0
1,6
2,0
0,7
1,8
RS
1,6
1,8
SC
2,0
2,1
SE
0,7
1,3
SP
1,8
2,1
2,5
0,0
TO (*) Brasil
0,0
2,5
0,0
2,6
EFEITOS DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS DO TRANSPORTE
POLUENTES
PRINCIPAIS FONTES
CARACTERÍSTICAS
EFEITOS
SAÚDE HUMANA
1
Monóxido de
carbono
(CO)
Resultado do processo de
combustão de fonte móveis2
e de fontes fixas industriais3.
Gás incolor, inodoro e tóxico.
Diminui a capacidade do sangue em
transportar oxigênio. Aspirado em grandes
quantidades pode causar a morte.
Dióxido de
Carbono
(CO2)
Resultado do processo de
combustão de fonte móveis2
e de fontes fixas industriais3.
Gás tóxico, sem cor e sem odor.
Provoca confusão mental, prejuízo
dos reflexos, inconsciência, parada
das funções cerebrais.
Metano
(CH4)
Resultado do processo de
combustão de fontes móveis2
e fixas3, atividades agrícolas
e pecuárias, aterros sanitários
e processos industriais4.
Gás tóxico, sem cor, sem odor.
Quando adicionado a água
torna-se altamente explosivo.
Causa asfixia, parada cardíaca,
inconsciência e até mesmo danos
no sistema nervoso central, se inalado.
MEIO AMBIENTE
Causam o aquecimento global,
por serem gases de efeito estufa.
Compostos
orgânicos
voláteis
(COVs)
Resultado do processo de
combustão de fonte móveis2
e processos industriais4.
Composto por uma grande
variedade de moléculas a base
de carbono, como aldeídos,
cetonas e outros
hidrocarbonetos leves.
Causa irritação da membrana mucosa,
conjuntivite, danos na pele e nos canais
respiratórios. Em contato com a pele pode
deixar a pele sensível e enrugada e quando
ingeridos ou inalados em quantidades
elevadas causam lesões no esôfago,
traqueia, trato gastro-intestinal, vômitos,
perda de consciência e desmaios.
Óxidos de
nitrogênio
(NOx)
Formado pela reação do óxido de
nitrogênio e do oxigênio reativo
presentes na atmosfera e
queima de biomassa e
combustíveis fósseis.
O NO é um gás incolor, solúvel.
O NO2 é um gás de cor
acastanhada ou castanho
avermelhada, de cheiro forte e
irritante, muito tóxico. O N2O é
um gás incolor, conhecido
popularmente como gás do riso.
O NO2 é irritante para os pulmões e
Causam o aquecimento global,
diminui a resistência às infecções
por serem gases de efeito estufa.
respiratórias. A exposição continuada ou
frequente a níveis elevados pode provocar Causadores da chuva ácida5.
tendência para problemas respiratórios.
Formado pela quebra das
moléculas dos hidrocarbonetos
liberados por alguns poluentes,
como combustão de gasolina e
diesel. Sua formação é
favorecida pela incidência de
luz solar e ausência de vento.
Gás azulado à temperatura
ambiente, instável, altamente
reativo e oxidante.
Resultado do processo de
combustão de fontes móveis2
e processos industriais4.
Provoca irritação e aumento na
produção de muco, desconforto na
Gás denso, incolor, não inflamável
respiração e agravamento de
e altamente tóxico.
problemas respiratórios e
cardiovasculares.
Causa o aquecimento global, por
ser um gás de efeito estufa.
Causador da chuva ácida5, que
deteriora diversos materiais,
acidifica corpos d'água e provoca
destruição de florestas.
Conjunto de poluentes constituído
de poeira, fumaça e todo tipo de
material sólido e líquido que se
mantém suspenso. Possuem
diversos tamanhos em
suspensão na atmosfera. O
tamanho das partículas está
diretamente associado ao seu
potencial para causar problemas
à saúde, quanto menores,
maiores os efeitos provocados.
Altera o pH, os níveis de
pigmentação e a fotossíntese
das plantas, devido a poeira
depositada nas folhas.
Ozônio
(O3)
Dióxido de enxofre
(SO2)
Material
particulado
(MP)
Resultado da queima
incompleta de combustíveis
e de seus aditivos, de
processos industriais e do
desgaste de pneus e freios.
Provoca problemas respiratórios,
irritação aos olhos, nariz e garganta.
Incômodo e irritação no nariz e
garganta são causados pelas
partículas mais grossas. Poeiras
mais finas causam danos ao
aparelho respiratório e carregam
outros poluentes para os alvéolos
pulmonares, provocando efeitos
crônicos como doenças
respiratórias, cardíacas e câncer.
Causa destruição e afeta o
desenvolvimento de plantas
e animais, devido a sua natureza
corrosiva. Além de causar o
aquecimento global, por ser
um gás de efeito estufa.
8
1. Em 12 de junho de 2012, segundo o Comunicado nº 213, o Centro Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC, em inglês), que é uma agência da Organização Mundial da Saúde (OMS), classificou a fumaça do diesel como
substância cancerígena (grupo 1), mesma categoria que se encontram o amianto, álcool e cigarro.
2. Fontes móveis: motores a gasolina, diesel, álcool ou GNV.
3. Fontes fixas: Centrais elétricas e termelétricas, instalações de produção, incineradores, fornos industriais e domésticos, aparelhos de queima e fontes naturais como vulcões, incêndios florestais ou pântanos.
4. Processos industriais: procedimentos envolvendo passos químicos ou mecânicos que fazem parte da fabricação de um ou vários itens, usualmente em grande escala.
5. Chuva ácida: a chuva ácida, também conhecida como deposição ácida, é provocada por emissões de dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de nitrogênio (NOx) de usinas de energia, carros e fábricas. Os ácidos nítrico e sulfúrico
resultantes podem cair como deposições secas ou úmidas. A deposição úmida é a precipitação: chuva ácida, neve, granizo ou neblina. A deposição seca cai como particulados ácidos ou gases.
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
“A medida fragiliza a liberdade das mulheres nas ruas, nos
outros meios de transporte e em suas próprias comunidades”
TEMA DO MÊS
O uso de vagões exclusivos para mulheres deve ser adotado
Política de segregação
que não pune o agressor
ROBERTA MARCHESI
steve em pauta no
governo paulista uma
importante decisão:
sancionar ou vetar a
lei que estabelece o vagão exclusivo para mulheres em
trens e no metrô de São Paulo.
Esse é um tema polêmico que
está em constante discussão e
percorre o dia a dia das pessoas que utilizam o transporte
sobre trilhos no Brasil.
À primeira vista, a medida
pode até parecer positiva, mas
mascara o problema da segurança da mulher, é controverso
e poderá gerar mais transtornos do que vantagens. A ANPTrilhos (Associação Nacional
dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), entidade
que representa 99% dos operadores de trens e metrôs do Brasil, a considera uma medida
que não protege as mulheres e
que vai na contramão do que
precisam: respeito e dignidade.
Segregar as mulheres, dando a elas uma ilusória sensação
de “proteção” contra os assediadores, promove uma limitação injusta, impondo o entendimento de que aquelas que não
utilizarem o vagão exclusivo
podem estar sujeitas à agres-
E
ROBERTA MARCHESI
Superintendente da ANPTrilhos,
mestre em Economia e pós-graduada
nas áreas de Planejamento,
Orçamento e Logística
são. Mais grave: a medida fragiliza a liberdade das mulheres
nas ruas, nos outros meios de
transporte e em suas próprias
comunidades porque não promove a civilidade e, em longo
prazo, cria uma cultura de que
a mulher, para se proteger, precisa ser segregada.
Tecnicamente a medida do
vagão exclusivo também cria
um problema para a operacionalização dos sistemas. No caso específico de São Paulo,
que serve como uma referência para os demais sistemas
brasileiros, mais de 6,8 milhões de pessoas circulam diariamente nos trens e metrôs,
sendo mais de 50% mulheres.
Como garantir o embarque de
todas elas em um número limitado de vagões? Como fazer
com que esses 3 milhões de
mulheres se acumulem nas estações aguardando uma vaga
no vagão exclusivo? Como garantir a fluidez do transporte?
A ANPTrilhos reconhece a
existência do problema de assédio nos meios de transporte
e se posiciona firmemente a favor da proteção às mulheres.
Os operadores metroferroviários sempre trabalharam para
dignificar a utilização dos sistemas, buscando minimizar as
ações dos agressores por meio
da presença constante de
agentes de segurança, câmeras
de vigilância, avisos sonoros e
campanhas informativas, entre
outros. Por outro lado, a política do vagão exclusivo feminino
promove uma inversão de valores na cultura da sociedade
porque ao invés de buscar punir o agressor, restringe a liberdade daquele que é agredido.
Nossa entidade compartilha
do desejo de que as políticas
públicas suscitem em toda a
sociedade – homens, mulheres,
crianças – a formação de uma
consciência pela educação moral e cívica, cuja ausência está
promovendo a segregação como meio de proteção.
A ANPTrilhos é contrária à
qualquer medida que vise instituir uma política de segregação
no transporte público metroferroviário, ao mesmo tempo
em que propõe unir a sociedade e a comunidade de transporte urbano na busca por alternativas que dignifiquem a utilização dos sistemas e crie o sentimento de que o desrespeito é
que merece uma resposta.
“A resolução do problema de violência e assédio contra
as mulheres passa pela ampliação do transporte público”
em todo o país?
Medida necessária para
proteção das mulheres
CAMILA LISBOA
e poucos anos para
cá, o debate acerca
da necessidade do
vagão e ônibus exclusivos para as mulheres ganhou
centralidade. Entre os motivos,
podemos elencar: o aumento
das ocorrências ou o aumento
das denúncias de casos; a denúncia por parte do Sindicato
dos Metroviários de São Paulo
de um quadro do programa
Zorra Total que fazia piada com
essas ocorrências; a veiculação recente de um anúncio da
rádio Transamérica de São
Paulo que dizia que “o metrô
lotado é bom para xavecar”, o
que ganhou grande repúdio
dos movimentos de mulheres;
e, por fim, a aprovação na
Alesp (Assembleia Legislativa
de São Paulo) de um projeto
que criava esse vagão.
Essa repercussão e a existência concreta de um projeto de lei, que foi vetado pelo
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, geraram um
grande debate na sociedade
brasileira. Represento aqui a
opinião do Movimento Mulheres em Luta e também do Sindicato dos Metroviários de
São Paulo e da Federação Na-
D
cional dos metroviários acerca desse tema.
Defendemos o vagão exclusivo como uma medida de proteção às mulheres que sofrem
com a violência e o assédio sexual proporcionado pelo machismo e pela superlotação dos
meios de transporte público.
É uma medida de proteção,
não é uma medida que vai resolver o problema. A resolução
do problema de violência e assédio contra as mulheres passa pela ampliação do transporte público porque nas grandes
cidades brasileiras existe um
caos e uma saturação do
transporte público que é oferecido para a população. As
mulheres são a maior parte
dos usuários do sistema de
transporte público, seja metrô,
ônibus ou trens.
O machismo também incentiva esse tipo de prática, à medida que há uma ideologia que
conduz o comportamento de
determinados homens a abusar
do corpo das mulheres para
buscar alguma forma de satisfação sexual.
A defesa do vagão exclusivo
vai ao sentido de proteger dessa realidade. Para resolver o
problema, são necessárias medidas de conscientização, prevenção da violência, punição
dos agressores e também uma
política mais eficiente de ampliação do transporte público, o
que passa pelo investimento no
setor. Defendemos o investimento de 2% do PIB para o
transporte, para ampliação da
oferta de ônibus, trens e metrôs para a população e melhoria de sua qualidade.
É necessário localizar que
as mulheres trabalhadoras, as
mulheres mais pobres, que dependem mais do transporte
público, são os principais alvos dessa violência. Uma pesquisa do Datafolha foi bastante reveladora: 70% das usuárias do metrô de São Paulo defendem a existência de um vagão exclusivo.
Nesse sentido, somos a favor dessa medida, mas contrários ao projeto votado pela
Alesp, uma vez que esse projeto reduzia as medidas à existência do vagão e não abordava globalmente as medidas que
devem ser implementadas para
enfrentar essa realidade tão
dolorosa e humilhante para as
mulheres trabalhadoras.
CAMILA LISBOA
Diretora do Sindicato dos
Metroviários de São Paulo
e integrante do Movimento
Mulheres em Luta
CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
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“As estradinhas do interior, dependendo das condições climáticas,
são o gargalo entre a origem do alimento e a mesa citadina”
ALEXANDRE GARCIA
Mobilidade rural
alvez por falta de novidades no país, que repete os mesmos erros, cultivamos tanto o hábito de inventar palavras e termos novos para substituir os velhos problemas. Assim, nossas questões não resolvidas de transporte urbano viraram um tema novo, chamado de mobilidade urbana. E já que pelo andar das carruagens
não será resolvido tão cedo, vou virar a página e passar para a mobilidade rural. Sabem por quê? Porque
a mobilidade rural é bem mais vital e importante que
a mobilidade urbana.
Senão vejamos: alguém come asfalto? Come concreto? Come o que é plantado nos parques e jardins
urbanos? Alguém serve à mesa, com a família reunida, o que cultivou na sacada do apartamento ou no
quintal apertado da casa? Alimenta o corpo que precisa estudar, depois trabalhar e, entre a casa e a escola ou o trabalho, vai gastando energia, proteínas,
carboidratos e gorduras com o que colhe e processa
nos espaços urbanos? Não, claro que não. Tudo o que
nos alimenta e nos mantém vivos nas cidades brasileiras, que abrigam quase 90% da população, vem do
meio rural, sejam hortas da periferia ou lavouras e
criadouros a centenas ou até milhares de quilômetros de distância.
Neste ano, teremos quase 8 milhões de toneladas de trigo para o pão nosso de cada dia que precisa ser transportado aos moinhos e dos moinhos
às padarias e fábricas de massas. Para o nosso feijão com arroz, teremos que levar das lavouras até
nossas mesas urbanas mais de 3 milhões de toneladas da leguminosa e mais de 12 milhões de toneladas da gramínea. Para encher o prato, mais de 8 milhões de toneladas de batata vão sair das roças. O
T
prato feito de todos os dias exige que venham das
pastagens 8 milhões de toneladas de carne bovina
por ano. E para reforçar o prato, talvez o ovo frito
por cima de tudo: são mais de 32 milhões de ovos
que precisam ser transportados com o maior cuidado dos aviários para o mercado urbano.
Então está na hora de pensar mais na mobilidade
rural, nesse tremendo desafio logístico de trazer o
alimento que faz funcionar os corpos de quase 180
milhões de brasileiros que vivem nas cidades e que
movimenta também seus bolsos no comércio da comida. Melhor logística, menos custo de transporte e
menos desperdício; mais resultados para os produtores de alimentos e mais economia para os que comem. Tenho ouvido muita gritaria sobre mobilidade
urbana, aliás, muito justa. Mas está na hora de se
preocupar mais com o principal combustível do meio
urbano, a comida, que só chega porque muita gente
enfrenta dificuldades e sobrepassa desafios enormes
para fazer o alimento chegar ao destino.
Em geral se fala nas estradas federais e nas estaduais - essas ocupam o noticiário de seus defeitos e
perigos, mas as estradas vicinais, municipais é que
são os capilares que depois vão alimentar as artérias maiores. As estradinhas do interior, dependendo
das condições climáticas, são o gargalo entre a origem do alimento e a mesa citadina. Os municípios
que são responsáveis por elas, como se sabe, são a
parte mais fraca da Federação, na injusta distribuição dos impostos. Em muitas regiões, da terra e do
pasto sai a comida, mas as dificuldades nas picadas
e veredas desse imenso país ainda estão longe de
serem resolvidas, e a comida não chega à cidade. E
o pior desperdício é o de alimento.
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CNT TRANSPORTE ATUAL
NOVEMBRO 2014
CNT
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE
PRESIDENTE
Clésio Andrade
VICE-PRESIDENTES DA CNT
TRANSPORTE DE CARGAS
José Severiano Chaves
Eudo Laranjeiras Costa
Antônio Carlos Melgaço Knitell
Eurico Galhardi
Francisco Saldanha Bezerra
Jerson Antonio Picoli
João Rezende Filho
Mário Martins
Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Meton Soares Júnior
TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Jacob Barata Filho
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José Fioravanti
PRESIDENTES DE SEÇÃO
E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO
TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Marco Antonio Gulin
Otávio Vieira da Cunha Filho
TRANSPORTE DE CARGAS
Flávio Benatti
Pedro José de Oliveira Lopes
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José da Fonseca Lopes
Edgar Ferreira de Sousa
EDIÇÃO ESPECIAL
Luiz Anselmo Trombini
Urubatan Helou
Irani Bertolini
Pedro José de Oliveira Lopes
Paulo Sérgio Ribeiro da Silva
Eduardo Ferreira Rebuzzi
Oswaldo Dias de Castro
Daniel Luís Carvalho
Augusto Emílio Dalçóquio
Geraldo Aguiar Brito Viana
Augusto Dalçóquio Neto
Euclides Haiss
Paulo Vicente Caleffi
Francisco Pelúcio
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
Glen Gordon Findlay
Paulo Cabral Rebelo
Edgar Ferreira de Sousa
José Alexandrino Ferreira Neto
José Percides Rodrigues
Luiz Maldonado Marthos
Sandoval Geraldino dos Santos
Éder Dal’ Lago
André Luiz Costa
Diumar Deléo Cunha Bueno
Claudinei Natal Pelegrini
Getúlio Vargas de Moura Bratz
Nilton Noel da Rocha
Neirman Moreira da Silva
TRANSPORTE FERROVIÁRIO
TRANSPORTE AÉREO
Urubatan Helou
José Afonso Assumpção
CONSELHO FISCAL (TITULARES)
David Lopes de Oliveira
Éder Dal’lago
Luiz Maldonado Marthos
José Hélio Fernandes
CONSELHO FISCAL (SUPLENTES)
Waldemar Araújo
André Luiz Zanin de Oliveira
José Veronez
Eduardo Ferreira Rebuzzi
DIRETORIA
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS
DOS LEITORES
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO
Rodrigo Vilaça
Júlio Fontana Neto
Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL
As mensagens devem conter nome completo,
endereço e telefone dos remetentes
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Hernani Goulart Fortuna
Paulo Duarte Alecrim
André Luiz Zanin de Oliveira
Moacyr Bonelli
George Alberto Takahashi
José Carlos Ribeiro Gomes
Roberto Sffair
Luiz Ivan Janaú Barbosa
José Roque
Fernando Ferreira Becker
Luiz Wagner Chieppe
Alfredo José Bezerra Leite
Lelis Marcos Teixeira
José Augusto Pinheiro
Alcy Hagge Cavalcante
Victorino Aldo Saccol
Eclésio da Silva
Raimundo Holanda Cavacante Filho
Jorge Afonso Quagliani Pereira
Quero parabenizar a equipe de
reportagem da revista CNT Transporte
Atual pelo excelente material
publicado na edição nº 229.
O panorama do setor de transporte
apresentado na publicação mostra
como ainda precisamos percorrer
um longo caminho para alcançar
condições regulares de operação e,
assim, atingirmos o tão sonhado
progresso. O Brasil continua
cometendo os mesmos erros
do passado, deixando de lado
o planejamento.
Marlon Gonçalves
Araçatuba/SP
RAIO X DO TRANSPORTE
A revista CNT Transporte Atual
retratou muito bem a situação
precária que o setor de transporte
vive atualmente. As condições
apresentadas pela edição mostram
como uma atividade tão essencial
para o desenvolvimento do país foi
deixada de lado. É inaceitável que
sobrem recursos e que os programas
e os projetos demorem tanto tempo
para sair do papel.
Paulo José Dantas
Brasília/DF
para pagar os impostos que nos são
cobrados, e o que recebemos em
troca? Um trânsito caótico que nos
faz perder ainda mais tempo, para
ficar só no campo do transporte. Até
quando vamos conviver com esse
descaso? É preciso olhar mais para a
sociedade e passar a oferecer
serviços de qualidade.
Alberto Campos
Porto Alegre/RS
ESGOTAMENTO
Não é de hoje que ouvimos
reclamações sobre o esgotamento
do setor de transporte no Brasil, em
todos os modais. Muitas de nossas
rodovias já não suportam o volume
de tráfego de veículos, nossas
ferrovias não dão conta de escoar a
produção nacional, nossos portos
são precários e nossos aeroportos,
mesmo depois de algumas
melhorias, ainda apresentam
problemas na demora das
operações. Vivemos um momento
importante com o início de um novo
governo no próximo ano. Nosso desejo,
como brasileiros, é que possamos
ler, em um futuro próximo, uma
edição da revista mostrando que o
transporte já se recupera fora da UTI.
Verônica Malta
Recife/PE
SITUAÇÃO PRECÁRIA
O caos da mobilidade urbana
apresentado na edição de outubro é
um retrato da falta de respeito do
poder público com a população.
Trabalhamos mais de 150 dias no ano
Cartas:
SAUS, quadra 1, bloco J
Edifício CNT, entradas 10 e 20, 11º andar
70070-010 - Brasília (DF)
E-mail: [email protected]
Por motivo de espaço, as mensagens serão
selecionadas e poderão sofrer cortes
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