CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 - 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil ANÁLISE CRÍTICA DE MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO DE PAVIMENTOS PERMEÁVEIS (CRITICAL ANALYSIS OF HYDRAULIC DESIGN METHODS OF PERMEABLE PAVEMENT) LILIANE LOPES COSTA ALVES PINTO, Aluna de Doutorado da EPUSP, e-mail: [email protected] JOSÉ RODOLFO SCARATI MARTINS, Prof. Dr. EPUSP, e-mail: [email protected] LIEDI BARIANI BERNUCCI, Prof. Livre Docente EPUSP, e-mail: [email protected] CARLOS YUKIO SUZUKI, Prof. Dr. EPUSP, e-mail: [email protected] RESUMO O desenvolvimento dos centros urbanos no Brasil e em parte do mundo se deu, na grande maioria das vezes, de maneira desordenada e sem a preocupação com o meio ambiente urbano. Principalmente nas grandes metrópoles, em decorrência dos elevados índices de impermeabilização do solo e da ocupação das várzeas, a ocorrência de inundações se dá com maior freqüência, na medida em que os tempos de pico diminuíram e as vazões, por outro lado, aumentaram. Em meados dos anos 80, o meio técnico percebeu a necessidade da mudança de paradigmas na gestão da drenagem urbana, pois estavam claras as interfaces entre as questões técnicas, econômicas, sociais e principalmente, ambientais. É fato, que os efeitos causados pelo escoamento superficial direto devem ser tratados na fonte produtora e não mais transferidos às populações de jusante. Na linha da atenuação dos impactos, um dispositivo muito utilizado para promover a infiltração das águas da chuva no solo urbano e, conseqüentemente, atuar como um retardador dos tempos de pico das cheias é o pavimento permeável. Embora diversas experiências tenham sido propostas e já venham sendo praticadas no mundo, seu uso não é comum e nem amplamente disseminado. Da mesma forma, no sentido da compensação dos impactos, o uso de reservatórios subterrâneos, formados pela base porosa utilizada na pavimentação de vias, desponta como uma alternativa simples e eficaz para o armazenamento temporário de grandes volumes precipitados. Este trabalho tem por objetivo apresentar uma análise comparativa entre diferentes métodos de dimensionamento hidráulico de pavimentos permeáveis propostos por entidades estrangeiras e pelo critério utilizado em um modelo físico instalado no Laboratório de Hidráulica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – Centro Tecnológico de Hidráulica (CTH), que consiste em uma pista experimental destinada ao estacionamento de veículos de passeio. PALAVRAS-CHAVE: pavimento permeável, atenuação de cheias, reservatórios subterrâneos 04-028 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 - 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil ABSTRACT The development of urban centers in Brazil and the world took place in the vast majority of cases, in a disorderly way, without concern for the urban environment. Especially in large cities, due to the high rates of imperviousness and occupation of the lowlands, the flooding occurs more frequently in that peak time decreased and, on the other hand, peak flow rates increased. In the mid-80s, the engineering realized the need for a paradigm change in the management of urban drainage. The interfaces between the technical, economic, social and especially environmental were clear. The effects caused by runoff should be treated at source and no more transferred to the downstream, this is a fact. A BMP (Best Management Practice) used to attenuation of flood impacts and that promotes the infiltration of rain water in urban land and thus act as a retarder of the times of peak floow is the permeable pavement. Although several experiments have already been proposed and have being practiced in the world, its use is not common or widespread. Similarly, in terms of compensation for impacts, the use of underground reservoirs formed by porous base used in paving roads emerges as a simple and effective alternative for the temporary storage of large volumes precipitated. This paper aims to present a comparative analysis of different methods of pervious pavement hydraulic design proposed by foreign entities and the methodology applied in a physical model installed in the Hydraulics Laboratory of the Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – Centro Tecnológico de Hidráulica (CTH), which consists of a parking lot for light traffic. KEY WORDS: permeable pavement, flood mitigation, underground reservoirs 04-028 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 - 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil INTRODUÇÃO O desenvolvimento dos centros urbanos no Brasil e em grande parte do mundo se deu, na grande maioria das vezes, de maneira desordenada e sem a preocupação com o meio ambiente urbano. A falta de planejamento aliada à urbanização descontrolada, usualmente pressionada por aspectos econômicos como a falta de moradias, o êxodo rural e a industrialização, resultou em altas taxas de impermeabilização do solo e, conseqüentemente na ausência de espaços urbanos, como parques e jardins, que propiciam a infiltração da água no solo e a recarga dos lençóis freáticos. Principalmente nas grandes metrópoles, em decorrência dos elevados índices de impermeabilização do solo e da ocupação das várzeas, a ocorrência de inundações se dá com maior freqüência, na medida em que os tempos de pico diminuíram e as vazões, por outro lado, aumentaram. É fato, que os efeitos causados pelo escoamento superficial direto devem ser tratados na fonte produtora e não mais transferidos às populações de jusante. O princípio de que o afastamento da água da chuva deve se dar o mais rapidamente possível para jusante tem sido reconhecido como “errado” (Tucci, 2007). A anulação e a atenuação dos efeitos provocados pelo uso urbano do solo da bacia hidrográfica fez surgir o conceito do “impacto zero” e de “vazão de restrição”. Novas práticas são adotadas e novos conceitos assumidos. Dentre essas práticas estão as chamadas medidas de controle compensatórias (Baptista et all,2005), e que podem atuar distribuídas ou na fonte produtora de deflúvio, e na micro-drenagem. As medidas compensatórias na drenagem urbana interferem no hidrograma por meio de armazenamento do escoamento superficial direto, percolação e infiltração. Essas técnicas são utilizadas na drenagem para reduzir ou controlar os excedentes pluviais gerados pela impermeabilização, pela poluição de origem pluvial, além de propiciar a recarga dos aqüíferos subterrâneos. Cresce, portanto, a demanda pelo desenvolvimento de tecnologias aplicáveis às necessidades urbanas, que contribuam para a reversão da impermeabilização do solo urbano, anulando seus efeitos ou compensando-os. Na linha da atenuação dos impactos, um dispositivo muito utilizado para promover a infiltração das águas da chuva no solo urbano e, conseqüentemente, atuar como um retardador dos tempos de pico das cheias é o pavimento permeável. Embora diversas experiências tenham sido propostas e já venham sendo praticadas no mundo desde a década de 70 (Diniz,1980), seu uso não é comum e nem amplamente disseminado. Da mesma forma, no sentido da compensação dos impactos, o uso de reservatórios subterrâneos, formados pela base porosa utilizada na pavimentação de vias, desponta como uma variante eficaz para o armazenamento temporário de volumes precipitados, constituindo-se numa alternativa simples aos grandes reservatórios de detenção temporária. Este trabalho apresenta uma parcela dos estudos realizados para implantação de um modelo físico no Laboratório de Hidráulica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – Centro Tecnológico de Hidráulica (CTH), construído para elaboração de uma tese de doutorado e consta da 04-028 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 - 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil análise comparativa entre a metodologia utilizada no dimensionamento hidráulico dos pavimentos permeáveis deste modelo e entre diferentes métodos de dimensionamento hidráulico propostos por entidades estrangeiras. METODOLOGIA Apresenta-se a seguir a metodologia empregada no dimensionamento hidráulico de dois tipos de pavimentos permeáveis. Foram implantadas duas pistas experimentais destinadas ao estacionamento de veículos e tráfego leve nas dependências do Laboratório de Hidráulica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - Centro Tecnológico de Hidráulica (CTH). Este modelo tem como função principal permitir o armazenamento da precipitação em suas camadas de base e sub-base sem, entretanto, infiltrá-la para a camada de subleito, e principalmente, mantendo as características de suporte estrutural. Portanto, este dispositivo também chamado de técnica compensatória em drenagem urbana (Baptista et all, 2005) cuja finalidade é promover a infiltração e retenção será tratado aqui como uma estrutura viária, porém com finalidades hidrológico-hidráulicas. O pavimento poroso dentre as BMP’s (Best Management Practices) ou melhores práticas existentes, é o único que pode reproduzir completamente as vazões de préurbanização na bacia em que se encontra instalado (Schueler, 1987). O conceito clássico de projeto de pavimentos segundo o qual, deve-se retirar a água da base do pavimento o mais rapidamente possível, no caso de pavimentos permeáveis precisa ser reavaliado (Diniz, 1980). O estacionamento projetado é dotado de dois módulos, cada um com seu reservatório subterrâneo formado pela base estrutural da pavimentação, com vistas a captação e armazenamento temporário de águas de chuva. O lay-out e a seção transversal dos módulos experimentais podem ser vistos na Figura 1 e na Figura 2. Um módulo foi projetado com revestimento de blocos intertravados de concreto permeável e o outro com concreto asfáltico poroso (CPA). 04-028 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 - 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil Figura 1. Lay-out dos modelos físicos Figura 2. Seção transversal tipo da camada reservatório No módulo revestido com blocos intertravados de concreto para a camada de base foi especificada brita graduada simples, faixa B da DERSA, sub-base de macadame hidráulico - pedra 3 e pó de pedra como mostra a FIGURA 3 . No módulo revestido de concreto asfáltico poroso (CPA), para as 04-028 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 - 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil camadas de base e sub-base foram especificados respectivamente, macadame betuminoso, macadame hidráulico – pedra 3 e pó de pedra (Figura 4). O dimensionamento mecânico do pavimento pode ser visto em (Virgiliis, 2009). A seção transversal adotada para cada um dos módulos atendeu aos dois critérios (hidráulico/estrutural), mas sempre prevalecendo a maior espessura. As seções resultantes podem ser vistas na seqüência. Figura 3. Perfil da área revestida com Blocos Intertravados de Concreto, adaptado de Virgiliis (2009) Figura 4. Perfil da área revestida com Concreto Asfáltico Poroso tipo CPA, adaptado de Virgiliis (2009) Na elaboração do projeto hidráulico do modelo físico composto de dois módulos de pavimento permeável considerou-se para a definição do volume necessário da camada reservatório a ser preenchida com material granular as seguintes premissas: • Equação I-D-F desenvolvida por Martinez & Magni (1999) a partir de dados do posto IAG/USP – E3-035 da cidade de São Paulo descrita a seguir; it,T = 39,3015 (T+20)–0,9228+ 10,1767 (T+20)–0,8764.[–0,4653–0,8407 LN LN(T/T-1)] (1) para 10 < t <1440 Na qual, i: intensidade da chuva, correspondente à duração t e período de retorno T, em mm/min; t: duração da chuva em minutos; T: período de retorno em anos. • Porosidade do material de preenchimento; • Características físicas da seção transversal dos módulos experimentais, como declividades longitudinais e dimensões (Figura 1 e Figura 2). 04-028 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 - 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil Em virtude de pequenas diferenças entre as dimensões do módulo revestido com blocos intertravados e do módulo revestido com CPA resultantes da topografia e do lay-out dos jardins, todos os cálculos foram elaborados separadamente. As planilhas com as espessuras das camadas reservatório resultantes são apresentadas a seguir. Inicialmente, foram elaborados cálculos para diversas situações, ou seja, para tempos de concentração variando entre 10 e 4320 minutos (72 horas), Períodos de Retorno entre 2 e 200 anos e porosidades variando entre 20% e 40%. A espessura do reservatório foi calculada inicialmente, a partir da seguinte equação: (2) Na qual, H = espessura da camada reservatório (mm) Vmáx = volume máximo da camada reservatório (mm) µ = porosidade do material de preenchimento da camada reservatório P = precipitação de projeto (mm) Os módulos experimentais propostos são do tipo sem infiltração, dessa forma houve a necessidade de captação da contribuição subsuperficial por meio de drenos instalados no fundo do pavimento projetado, e de sistema de micro-drenagem composto por guias, sarjetas e bocas de lobo para captação do escoamento superficial. Imagina-se que ocorrerá escoamento superficial, principalmente, na ocorrência de precipitações de maior intensidade e continuas. Este tipo de chuva provavelmente acarretará, nos primeiros anos do experimento, a saturação da camada reservatório e a formação de lâminas d’água na superfície dos dois módulos. Provavelmente, com o passar dos anos em função da periodicidade na manutenção ou não, o entupimento dos poros dos pavimentos ocorrerá e então, o escoamento superficial passará a ser em maior volume. Diniz (1980) propõe que a manutenção seja efetuada quatro vezes ao ano com equipamentos de alta pressão e afirma que essa manutenção é eficiente na recuperação da capacidade de armazenamento da camada reservatório. Para a captação do escoamento subsuperficial foi projetada uma estrutura que drena para o centro dos módulos (Figura 2). Entretanto, em função da topografia do local e do lay-out das estruturas existentes houve a necessidade de obediência às cotas de guia o que resultou na concepção adotada e que pode ser vista na Figura 1 e Figura 2, onde está claro que a declividade superficial dos módulos é continua e igual a 0,50% (0,005 m/m) e drena diretamente para um ponto específico onde está localizada uma boca de lobo em cada um dos módulos. Para captação do escoamento subsuperficial e, para possibilitar o monitoramento com a instrumentação de maneira eficiente foi criado um ponto baixo no eixo de cada um dos módulos e instalados os drenos perfurados. Para a implantação deste ponto baixo não foi possível a adoção de declividades iguais em cada um dos lados, havendo, portanto a necessidade de declividades variadas, sendo i1 = 0,50% (0,005 m/m) e i2 = 1,50% (0,015 m/m) (Figura 2). Essas declividades foram adotadas em função da topografia e disponibilidade de materiais, podendo ser alteradas na ocasião de outro projeto. Este fato motivou a utilização de outra equação para a definição da 04-028 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 - 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil espessura resultante da camada reservatório para cada um dos módulos. Foi então, calculada a espessura em função do comprimento e da declividade ponderados para cada módulo conforme equação a seguir adaptada de Acioli (2005): (3) Na qual: H’= espessura média da camada reservatório (mm) H = espessura da camada reservatório (mm) I1 = declividade adotada no projeto na direção 1(m/m) L1 = comprimento do reservatório na direção 1 (m) I2 = declividade adotada no projeto na direção 2 (m/m) L2 = comprimento do reservatório na direção 2 (m) As dimensões longitudinais dos dois módulos podem ser vistas na TABELA 1 e os resultados obtidos são apresentados na Tabela 2 a seguir. Tabela 1.Dimensões longitudinais dos módulos experimentais Módulo Intertravado Módulo CPA Ltotal(mm) L = 37850 L = 40000 L1 (mm) 16350 18500 I1 (m/m) 0,005 0,005 L2(mm) 21500 21500 I2 (m/m) 0,015 0,015 Ltotal(mm) 37850 40000 Tabela 2. Quadro resumo – Resultados obtidos pelos autores para porosidade µ = 40% t(min) 10 30 60 120 180 360 720 Intertravado CPA H=Espessura H’ = Espessura H’ = Espessura do média do média do Precipitação (mm) reservatório reservatório reservatório (mm) (mm) (mm) T= 10 anos 24,4 46,02 60,06 72,25 78,4 87,56 95,64 61,01 115,05 150,14 180,63 195,99 218,89 239,11 263,13 317,18 352,27 382,76 398,12 421,02 441,24 268,51 322,55 357,64 388,13 403,49 426,39 446,61 O dimensionamento do pavimento permeável no tocante a capacidade de armazenamento da camada de reservatório pode também ser elaborado a partir de várias fórmulas, entre elas pode-se citar: 04-028 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 - 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil • A equação proposta por Bettess (1996) citada em Butler & Davies (2004) para camada reservatório em estruturas estanques, ou seja, sem infiltração no solo: (4) Na qual, Hmáx = espessura total da camada reservatório (m); D = duração da chuva (h); R = relação entre a área drenada e a área de infiltração; µ = porosidade do material granular (relação entre volume de vazios e volume total); i = intensidade pluviométrica (m/h). • O método proposto pelo Interlocking Concrete Pavement Institute (Smith, 2001) adaptado do Standard Specifications for Infiltration Practices (Department of the Environment, 1985) e do Maryland Stormwater Manual (Department of the Environment, 1999): (5) Na qual: dp = profundidade da camada de base granular (m); ∆Qc = Precipitação excedente da área de contribuição para uma dada chuva de projeto (m); R = relação entre a área de contribuição e a área de pavimento permeável (Ac/Ap); P = precipitação de projeto (m); f = taxa de infiltração no solo (m/hr); T = Tempo efetivo de enchimento da camada reservatório, geralmente igual a 2 horas (horas); Vr = Porosidade do material de base, geralmente igual a 0,40. Este método propõe a utilização de 2 horas para o parâmetro de cálculo intitulado “tempo efetivo de enchimento da camada reservatório”, entretanto, não apresenta a justificativa para a adoção deste valor e nem tão pouco, comenta esse parâmetro mais profundamente. Aparentemente, este valor depende do tipo de revestimento utilizado na estrutura e dos materiais da camada de base, e está diretamente ligado ao amortecimento da vazão afluente. Pode-se afirmar que quanto mais rápido o enchimento da estrutura reservatório, mais rápido se dará a sua saída e, portanto, menor o amortecimento gerado no hidrograma, ou vice versa. • O Department of Civil Engineering - The Texas A&M University System (1998) por meio da UNI-GROUP U.S.A. – MANUFACTURERS OF UNI PAVING STONES propôs as seguintes equações para o dimensionamento da camada reservatório, adotando-se o tempo de retenção da água no reservatório e coeficiente de infiltração para blocos com juntas especiais igual a 0,40: (6) Na qual: 04-028 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 - 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil L= comprimento de drenagem equivalente (m); x = comprimento da área de drenagem (m); S1 = declividade longitudinal (%); S2 = declividade transversal (%); (7) k = coeficiente de permeabilidade do material de base (m/h) L= comprimento de drenagem equivalente (m); F= coeficiente de infiltração (0,40 para blocos com juntas especiais); R = precipitação de projeto (m/h); H= profundidade do reservatório (adotar no mínimo 0,10 m) (m); S = declividade resultante na direção do fluxo (%). A Figura 5 a seguir exemplifica alguns dos parâmetros das equações descritas acima. L1 S1(%) S2 (%) S (%) L2 = x Figura 5. Parâmetros da equação proposta pela UNI-GROUP referentes a área de drenagem, adaptado do The Department of Civil Engineering-The texas A&M University System (1998) Com a finalidade de auxiliar a definição da espessura da camada de base foram elaborados ábacos que fornecem a espessura da base a partir da capacidade de armazenamento e da porosidade do material de base. E a partir da porosidade do material de base e da relação L²/H, indicam a permeabilidade dessa camada, para tempos de retenção da água no reservatório que variam entre 6, 12, 18 ou 24 horas, considerando-se que 50% da água precipitada sobre o pavimento será drenada. A porosidade do material de base deve ser definida a partir da seguinte equação: (8) Na qual: γd = peso específico seco do material (g/cm³); γw = peso específico da água (g/cm³); Gs = densidade real dos grãos Esta proposta inclui também equações para o dimensionamento estrutural do pavimento relacionada ao tráfego admitido no projeto e as características de suporte do material de subleito, que foram também, convertidas em ábacos que auxiliam os cálculos. Entretanto, como o objetivo deste estudo não é definir as camadas de base e sub-base a partir das características estruturais do pavimento, 04-028 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 - 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil pois isto foi objeto de estudo realizado por Virgiliis (2009), estas equações não serão apresentadas e nem tão pouco, discutidas aqui. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS Para efeito de comparação e análise crítica nos cálculos foi considerada a Equação de Chuvas de São Paulo para tc=60 minutos (1 hora) ou duração da chuva, o período de retorno igual a 10 anos, a porosidade do material de base (µ) igual a 0,40 e as características físicas do modelo físico citadas anteriormente. Os resultados obtidos para cada método são apresentados nas tabelas a seguir: Tabela 3. Espessura da camada reservatório segundo Bettess Duração (min) Duração (h) R i (mm/h) µ hmáx (m) 60 1,00 1 60,1 0,40 0,15 Para o dimensionamento da camada reservatório pelo método proposto pelo Interlocking Concrete Pavement Institute considerou-se ainda, que não haverá precipitação excedente, portanto ∆Qc igual a zero. Tabela 4. Espessura da camada reservatório segundo o Interlocking Concrete Pavement Institute Duração (min) 60 Duração (h) 1,00 Qc (m) 0 R 1 P (m) 0,060 F (m/h) 0 T (horas) 2 Vr 0,40 dp (m) 0,15 Pelo método da Uni-Group o cálculo do comprimento de drenagem equivalente pode ser visto na Tabela 5, e na Tabela 7, a espessura da camada de base considerando-se que 50% da chuva será retida no reservatório e que a porosidade do material de base é igual a 0,40. O cálculo da espessura da camada foi realizado a partir da equação 7 assumindo-se para sua solução, coeficiente de permeabilidade do material de base igual a 120,65 m/h ou 3,30 x 10-² m/s. Tabela 5.Comprimento equivalente e declividade resultante - método da UNI-GROUP S1 (%) S2 (%) Bloco 1,00 0,50 x =L2(m) L1 (m) L (m) S (%) 17,50 37,85 19,57 1,12 Tabela 6. Volume precipitado sobre o pavimento de blocos intertravados Bloco Precipitação (R) (mm) Área (m²) Volume (l) Volume (m³) 60,06 662,375 39780,027 39,78 04-028 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 - 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil Tabela 7. Espessura da camada de base pelo método da UNI-GROUP Bloco k (m/h) L (m) F R (mm/h) µ Espessura total da base H (m) 120,65 19,57 0,40 60,06 0,40 0,35 Espessura útil da base H*µ (m) 0,14 Analisando-se a Tabela 8 com os resultados obtidos para mesma situação pode-se perceber que os resultados não diferem significativamente entre si. Exceto, a espessura total obtida pelos autores. Cabe comentar que as fórmulas propostas pelo ICPI e pela UNI-GROUP são destinadas ao dimensionamento de estruturas com revestimento de blocos intertravados de concreto, enquanto o método de Bettess e o proposto pelos autores são genéricos, e não levam em consideração o tipo de revestimento, mas o material de base. Quando analisadas as equações propostas por cada um dos autores, percebe-se que a precipitação e a porosidade do material de base são parâmetros comuns e decisórios, quando o reservatório é do tipo sem infiltração. Tabela 8. Resumo – Espessura da camada reservatório com declividade variável Precipitação (mm) µ h % UNI GROUP 60 0,40 0,14 60 Bettess 60 0,40 0,15 57 ICPI 60 60 0,40 0,40 0,15 0,35 57 Método Autores 100 CONCLUSÃO Com base nos estudos desenvolvidos pode-se concluir que apesar das equações de dimensionamento dos métodos analisados envolverem diversos parâmetros, o que realmente define a espessura da camada de base são: 1) a existência ou não de área de contribuição adicional; 2) a precipitação de projeto que é função do tempo de concentração e do período de retorno adotados no projeto; 3) a porosidade do material de base empregado; 4) a permeabilidade da camada de base e a declividade longitudinal/transversal que estão associadas ao tempo de drenagem da camada reservatório e; 5) o coeficiente de infiltração pelo revestimento drenante adotado. Além dos parâmetros citados acima, deve-se observar o tipo de dispositivo empregado, ou seja, se este propiciará infiltração no solo ou se a contribuição coletada será armazenada pelo reservatório interno ao pavimento e depois lançada na micro-drenagem. 04-028 ISSN 1983-3903 CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil CONINFRA 2010 – 4º CONGRESSO DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (CONINFRA 2010 - 4º TRANSPORTATION INFRASTRUCTURE CONFERENCE) August 4th to 6th 2010 São Paulo – Brasil Ressalta-se que, para o caso estudado não há área adjacente ao reservatório que contribua para o mesmo. Em caso, contrário deve-se efetuar a análise para definição do melhor critério a ser empregado. Cabe comentar ainda, que pela análise realizada verificou-se que nem todos os métodos levam em consideração todas as variáveis enumeradas e, portanto, não são unânimes. Somente a implantação de modelos físicos e o desenvolvimento de pesquisas nessa linha poderão indicar qual o melhor método de dimensionamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACIOLI, L. A. Estudo experimental de pavimentos permeáveis para o controle do escoamento superficial na fonte. Dissertação de Mestrado. 2005. (I. d. Sul, Ed.) Porto Alegre. BAPTISTA, M., NASCIMENTO, N., & BARRAUD, S. Técnicas compensatórias em drenagem urbana. Porto Alegre: ABRH. 2005. BETTESS, R. Infiltration Drainage - Manual of Good Practice. Report R156, CIRIA . Londres. 1996. BUTLER, D., & DAVIES, J. W. Urban Drainage. 2004. DEPARTMENT OF THE ENVIRONMENT. Maryland Stormwater Manual, State of Maryland. Baltimore, Maryland.1999. DEPARTMENT OF THE ENVIRONMENT. Standard Specifications for Infiltration Practices, State of Maryland. Baltimore, Maryland. 1985. DINIZ, E. V. Porous Pavement - Phase I - Design and Operational Criteria. 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