ANÁLISES DAS ELASTICIDADES NOS MERCADOS DE GASOLINA E ETANOL NO ESTADO DE SÃO PAULO Mario Antonio Margarido André Luís Grotti Clemente Archibald de Araújo Silva Wagner Marcelino Gomes da Silva 26 e 27/novembro/2013 1 Introdução • Estudos sobre elasticidades são relevantes, pois permitem aprimorar o conhecimento sobre estruturas de mercado; efeitos de variações de preços sobre o excedente do consumidor e excedente do produtor. • Informações fornecidas pelas elasticidades, pode, delinear políticas públicas no setor de transportes, regulação de mercados, políticas ambientais, etc. • Especificamente, no caso do Brasil, houve profundas alterações no mercado de combustíveis ao longo do tempo. • O programa de incentivo ao uso do etanol como combustível para automóveis, se inicia nos anos 70s como resposta aos aumentos dos preços internacionais do petróleo em 1973 e 1979, os quais tiveram efeitos perversos sobre as contas externas do país. A utilização do etanol a base da cana-deaçúcar, objetivava reduzir a dependência do país em relação ao petróleo importado. • No entanto, é necessário realçar que, dada a matéria-prima, ou seja, a canade-açúcar, o custo para o usineiro escolher seu mix produção entre açúcar ou etanol é praticamente nulo, resultando na instabilidade da oferta de etanol no mercado. 2 Introdução • A instabilidade na quantidade ofertada de etanol basicamente está relacionada a três fatores: 1) o açúcar é uma commodity, e, conseqüentemente, é cotado no mercado internacional, sendo assim, quando o seu preço no mercado externo é maior que o preço do etanol recebido pelo usineiro no mercado doméstico, o usineiro prefere elevar a produção de açúcar, e, como resultado, há diminuição na quantidade ofertada de etanol combustível no mercado doméstico e elevação de seu preço na cadeia de comercialização, desestimulando sua demanda pelo consumidor final; 2) Nos últimos anos, fatores exógenos, relacionados a efeitos climáticos adversos, foram responsáveis pela redução da oferta de etanol no mercado interno; 3) No âmbito macroeconômico, visando manter a inflação em níveis baixos, o governo tem evitado que aumentos nos preços internacionais do petróleo sejam repassados para os preços da gasolina no mercado doméstico. 3 Introdução e Objetivos • Em decorrência desses fatores, a produção de automóveis movidos exclusivamente a etanol, deixou de ser economicamente viável. • O divisor de águas no mercado de etanol ocorre em 2003, com a introdução do veículo flex, o qual permite ao consumidor escolher qual combustível deseja utilizar. • Estimou-se e analisou-se as elasticidades preço da demanda, renda e preço cruzada de curto e longo prazo para os mercados de gasolina tipo C e etanol no Estado de São Paulo. 4 Introdução Gráfico 1. – Evolução Anual da Entrada de Automóveis Novos, Estado de São Paulo, 1981-2012. Fonte: Banco de Dados da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. 1.200.000 1.000.000 600.000 400.000 200.000 Álcool Gasolina Gasolina/Álcool 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1992 1991 1990 1989 1988 1987 1986 1985 1984 1983 1982 0 1981 Quantidade de Veículos 800.000 Gasolina/Álcool/GNV 5 Introdução Gráfico 2. Evolução da relação preço médio do etanol e preço médios da gasolina tipo C em nível de consumidor, Estado de São Paulo, Janeiro de 2002 a Dezembro de 2012. Fonte: site da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). 6 Material - Fontes dos Dados • Período de Janeiro de 2002 até Novembro de 20012; • Séries utilizadas foram preço médio da gasolina (PGAS) em R$/l, quantidade consumida de gasolina (QGAS) em m3, preço médio do etanol hidratado (PETANOL) em R$/l, quantidade consumida de etanol hidratado (QETANOL) em m3, no Estado de São Paulo, todas em nível de varejo. A fonte dessas séries foi o site da Agência Nacional de Petróleo (ANP), cujo endereço é http://www.anp.gov.br/preco/. Finalmente, foi utilizado Índice Real da Folha de Pagamento da Indústria no Estado de São Paulo (IFPR), cuja fonte foi o site do IPEADATA, cujo endereço é http://www.ipeadata.gov.br/; • Todas as variáveis foram logaritmizadas, logo, seus coeficientes estimados representam suas respectivas elasticidades. 7 Métodos • Para calcular as respectivas elasticidades foram utilizados: • Critério de Informação de Akaike Modificado; • Teste de raiz unitária Dickey-Fuller Aumentado (ADF); • Teste de Co-integração de Engle-Granger; • Modelo de Correção de Erro (MCE). • Os resultados nesse estudo mostram que, em relação ao trabalho de Alves e Bueno (2003), tanto as elasticidades de curto quanto de longo prazo, para o mercado de gasolina, houve expressivas mudanças nos respectivos coeficientes, possivelmente, em função das mudanças estruturais da economia brasileira, assim como, pela introdução da tecnologia do carro flex. 8 Análise de Resultados Critério de Informação de Akaike Corrigido (AICC) Tabela 1.- Critério de Informação de Akaike Corrigido (AICC), variáveis em nível, LPGAS, LQGAS, LPETANOL, LQETANOL e LIRFP, Janeiro de 2002 a Novembro de 2012 Variáveis em nível Número de Defasagens LPGAS 2 LQGAS 1 LPETANOL 5 LQETANOL 1 LIFPR 1 Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados básicos da ANP e IPEADATA. Tabela 3.- Critério de Informação de Akaike Corrigido (AICC), variáveis diferenciadas, LPGAS, LQGAS, LPETANOL, LQETANOL e LIRFP, Janeiro de 2002 a Novembro de 2012 Variáveis em nível Número de Defasagens LPGAS 2 LQGAS 4 LPETANOL 4 LQETANOL 4 LIFPR 1 Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados básicos da ANP e IPEADATA. 9 Análise de Resultados Teste de Raiz Unitária ADF – variáveis em nível Tabela 2.- Resultados dos Testes de Raiz Unitária ADF, variáveis em nível, LPGAS, LQGAS, LPETANOL, LQETANOL e LIRFP, Janeiro de 2002 a Novembro de 2012 Variável em Nível Modelo Prob<Tau Estatística LPGAS -4.30 0.0043 Com tendência e constante Somente com constante LQGAS -3.78 0.0040 Sem tendência e sem constante 1.39 0.9590 -3.33 0.0662 -2.02 0.2780 Sem tendência e sem constante 0.54 0.8311 -4.59 0.0017 -2.65 0.0852 Sem tendência e sem constante -1.39 0.1524 -1.78 0.7081 -1.66 0.4496 Sem tendência e sem constante 1.10 0.9295 -7.31 <.0001 -1.58 0.4889 1.11 0.9307 Com tendência e constante Somente com constante LPETANOL Com tendência e constante Somente com constante LIFPR Com tendência e constante Somente com constante LQETANOL Com tendência e constante Somente com constante Sem tendência e sem constante Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados básicos da ANP e IPEADATA. 10 Análise de Resultados Teste de Raiz Unitária ADF – variáveis diferenciadas Tabela 4.- Resultados dos Testes de Raiz Unitária ADF, variáveis diferenciadas, LPGAS, LQGAS, LPETANOL, LQETANOL e LIRFP, Janeiro de 2002 a Novembro de 2012 Variáveis Modelo Prob<Tau Estatística Diferenciadas LPGAS -7.51 <.0001 Com tendência e constante Somente com constante LQGAS -7.31 <.0001 Sem tendência e sem constante -7.05 <.0001 -12.96 <.0001 -12.92 <.0001 Sem tendência e sem constante -12.92 <.0001 -7.24 <.0001 -7.27 <.0001 Sem tendência e sem constante -7.25 <.0001 -10.29 <.0001 -10.24 <.0001 Sem tendência e sem constante -10.13 <.0001 -11.78 <.0001 -11.83 <.0001 -11.65 <.0001 Com tendência e constante Somente com constante LPETANOL Com tendência e constante Somente com constante LIFPR Com tendência e constante Somente com constante LQETANOL Com tendência e constante Somente com constante Sem tendência e sem constante Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados básicos da ANP e IPEADATA. 11 Análise de Resultados Equações de Co-integração – Elasticidades de Longo Prazo Tabela 5.- Equação de co-integração*, Modelo, Quantidade Demandada de Gasolina como função do Preço da Gasolina, Renda e Preço do Etanol Variável Estimativa do Erro-padrão da Valor do teste t p-value do parâmetro estimativa teste t Intercepto 12.88032 0.49693 25.92 <.0001 Tendência 0.00192 0.00085352 2.25 0.0261 LPGAS -1.04097 0.17196 -6.05 <.0001 LIFPR 0.20885 0.11101 1.88 0.0622 LPETANOL 0.44677 0.07457 5.99 <.0001 *Os valores dos coeficientes estimados representam as respectivas elasticidades de longo prazo. Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados básicos da ANP e IPEADATA. Tabela 6.- Equação de co-integração*, Modelo, Quantidade Demandada de Etanol como função do Preço da Etanol, Renda e Preço da Gasolina Variável Estimativa do Erro-padrão da Valor do teste t p-value do parâmetro estimativa teste t Intercepto 6.93584 1.24403 5.58 <.0001 Tendência 0.01138 0.00214 5.33 <.0001 LPETANOL -1.48734 0.18667 -7.97 <.0001 LIFPR 0.75467 0.27790 2.72 0.0075 LGAS 1.90216 0.43048 4.42 <.0001 *Os valores dos coeficientes estimados representam as respectivas elasticidades de longo prazo. Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados básicos da ANP e IPEADATA. 12 Análise de Resultados Testes de Raiz Unitária ADF sobre os resíduos Tabela 7.- Resultados dos Testes de Raiz Unitária ADF, resíduos da equação de cointegração, modelos da gasolina e etanol Variável Modelo - Gasolina Estatística Prob<Tau Resíduos Com tendência e constante -3.80 0.0198 Somente com constante Sem tendência e sem constante Variável Resíduos Modelo - Etanol Com tendência e constante Somente com constante Sem tendência e sem constante -3.81 0.0036 -3.83 0.0002 Estatística Prob<Tau -2.51 0.3217 -2.54 0.1095 -2.55 0.0108 Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados básicos da ANP e IPEADATA. 13 Análise de Resultados Modelo de Correção de Erro (MCE) Tabela 8.- Resultados do Modelo de Correção de Erro, Modelos da Gasolina e Etanol Modelo Demanda de Gasolina Variável Estimativa do Erro-Padrão Valor do P-Value t Parâmetro da Estimativa Teste t DLPGAS* -0.42127 0.32691 -1.29 0.1999 DLIFPR* 0.54413 0.06503 8.37 <.0001 DLPETANOL* 0.11445 0.10143 1.13 0.2613 Resíduo Defasado -0.32471 0.05954 -5.45 <.0001 Modelo Demanda de Etanol Variável Estimativa do Erro-Padrão Valor do P-Value t Parâmetro da Estimativa Teste t DLPETANOL* -0.91479 0.17436 -5.25 <.0001 DLIFPR* 0.51920 0.11128 4.67 <.0001 DLPGAS* 0.59834 0.56248 1.06 0.2895 Resíduo Defasado -0.11494 0.04152 -2.77 0.0065 *Variáveis precedidas da letra D indicam que as variáveis são diferenciadas, logo, captam os relacionamentos de curto prazo. Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados básicos da ANP e IPEADATA. 14 Análise de Resultados Elasticidades Mercado de Gasolina e Alves e Bueno (2003) Possivelmente, a inserção do carro flex alterou significativamente a elasticidade preço da demanda 15 Análise de Resultados Elasticidades Mercados de Gasolina e Etanol Função demanda de etanol apresenta maior elasticidade relativamente a função demanda de gasolina 16 Análise de Resultados Hipóteses e Cálculo de Longo Prazo 1. As preferências do consumidor em relação a transporte individual ou público se mantém; 2. O número de viagens não diminui; 3. Renda se mantém constante; 4. Energia mantém-se constante: 1 litro de gasolina = 1,43 litros de etanol; 5. Cálculo do Longo Prazo no Mercado de Gasolina: Resíduo Defasado: -0,32471 = 3,07 meses; 6. Cálculo do Longo Prazo no Mercado de Etanol: Resíduo Defasado: -0,11494 = 8,70 meses. 17 MERCADO DE COMBUSTÍVEIS LONGO LONGO PRAZO PRAZO MERCADO MERCADO DE DE GASOLINA ETANOL AUMENTO QUEDA NA DA DEMANDA DEMANDA DE DE ETANOL GASOLINA AUMENTO ELEVAÇÃO DE DO DEMANDA PREÇO DA DO GASOLINA ETANOL (Mais Elástico a Preço) Diminuição Elevação da de Quantidade e Preço doePreço do Gasolina Etanol Diminuição mais acentuada da Demanda ePreço Constante Diminuição Elevação Quantidade de -Quantidade Demandada deConstante de Maior Consumo ePreço Preço de Equilíbrio de LP Deslocamento da Curva de na Oferta P(R$) GASOLINA ETANOL P (R$) S0 R$ 2,778 R$ 2,639 R$ 1,995 R$ 1,945 R$ 1,815 S0 Dlp 0 Dcp1 DLongo Prazo Dcp0 Dcp2 DTransição DCurto Prazo 841 860 827 846 Q 488 515 534 Q 507 18 18 CONCLUSÕES Principais aspectos • Mudanças nas elasticidades preço da demanda e preço cruzada relativamente ao estudo de Alves e Bueno (2003), curto e longo prazo; • Possíveis causas dessas mudanças: • 1) Elevação da renda per capita, decorrentes da estabilização de preços (Plano Real) e políticas públicas de redistribuição de renda – mudanças no consumo; • 2) Inserção da tecnologia do carro flex – impactos setores automobilístico e de combustíveis e bicombustíveis; • 3) Demanda de etanol é mais elástica que a demanda de gasolina, possíveis causas, inércia do consumidor com o automóvel movido exclusivamente a etanol, instabilidade no fornecimento do etanol, pois sua produção esta diretamente relacionada ao preço internacional do açúcar. 19 ANÁLISES DAS ELASTICIDADES NOS MERCADOS DE GASOLINA E ETANOL NO ESTADO DE SÃO PAULO Mario Antonio Margarido André Luís Grotti Clemente Archibald de Araújo Silva Wagner Marcelino Gomes da Silva 26 e 27/novembro/2013 20