1 ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 AGRICULTURA ORGÂNICA: AVALIAÇÃO DAS TÉCNICAS SUSTENTÁVEIS DE CULTIVO E DAS VARIANTES QUE ESTIMULAM O CONSUMO DE ALIMENTOS ORGÂNICOS NA CIDADE DE LAGOA SECA-PARAÍBA Bárbara Eveline Alves COELHO¹; Elisângela de Assis LUCENA ¹; Josivaldo de Lima FERREIRA ¹; Priscilla Cordeiro de MIRANDA ²; 1.Alunos do Curso de Licenciatura em Biologia da UVA/[email protected] 2. Orientadora. Bióloga. Professora de Biologia da UVA/UNAVIDA. [email protected] RESUMO: O modelo de produção da agricultura familiar e orgânica tem ganhado espaço no mercado mundial nas ultimas décadas. Destacam-se como variantes que estimulam o consumo desses alimentos a melhoria da saúde, os aspectos físicos e o alto teor de nutrientes em relação as variedades produzidas em sistemas convencionais.Na cidade de Lagoa Seca- PB a produção e o consumo de alimentos orgânicos tem se destacado, neste contexto o presente trabalho objetivou identificar as práticas de cultivo e adubação utilizados pelos agricultores dos sítios Almeida, Oiti, Jucá e Boa Vista todos no município de Lagoa Seca - PB e avaliar a percepção dos consumidores desses produtos a respeito dos aspectos que estimulam seu consumo. A pesquisa foi realizada através de um estudo de campo e foram aplicados questionários com oito (8) produtores e vinte (20) consumidores. Através dos resultados observou-se que os produtores são rigorosos a respeito da produção destes alimentos, utilizando produtos naturais (como biofertilizantes, compostagem, barreira de vento e inseticidas naturais) e conhecem os benefícios da produção orgânica assim como os malefícios ocasionados pela agricultura convencional. Os consumidores abordados demonstram ter conhecimentos a cerca do benefício desses alimentos e visam a melhoria da saúde além de avaliarem como satisfatórios o sabor, a conservação e o aspecto físico do produto orgânico ( em relação ao alimento produzido de forma convencional). Palavras- Chave: Alimentos orgânicos. Saúde. Agricultura Familiar. ABSTRACT: The family and organic farming has gained space in the world market in recent decades. Stand out as variants that stimulate the consumption of these foods: the health benefits, the physical aspects and the high nutrient content compared to the varieties produced in conventional systems. In Lagoa Seca (PB), the production and consumption of organic foods has excelled. Thus, the present study aimed to identify the practices of cultivation and fertilization used by farmers in the cottages Almeida, Oiti, Jucá and Boa Vista and understands consumer’s perceptions of these products about the aspects that stimulate its consumption. The research was conducted through a field study and questionnaires with eight (8) producers and twenty (20) consumers. The results allowed to observe that the producers are rigorous about the production of these foods, using natural products (like biofertilizers, composting, wind barrier and natural insecticides) and know the benefits of organic production as well as the harms caused by conventional agriculture. The consumers demonstrated knowledge about the benefits of these foods, searching for health improvement and evaluating as satisfactory the flavor, the conservation and the physical aspect of organic produce. Keywords: Organic foods. Health. Family Farming. INTRODUÇÃO Em 1970 começou a se manifestar no Brasil o movimento alternativo e neste tempo iniciava a “modernização da agricultura” o governo pretendia aumentar a produção e a produtividade da agricultura no país substituindo as práticas agrícolas tradicionais por práticas www.revistascire.com.br 2 ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 tecnológicas, incluindo sementes geneticamente melhoradas, fertilizantes químicos, agrotóxicos com maior poder biocida, irrigação e motomecanização, com isso os pesquisadores passavam a questionar os impactos ambientais produzidos pela intensificação do uso da tecnologia mecânica e química em larga escala na agricultura (ARCHANJO, BRITO; SAUERBECK, 2001). Na década de 80 já era visível a consequência da transformação da agricultura e o crescimento das críticas a agricultura convencional, assim aumentou o interesse pelas práticas agrícolas consideradas alternativas. A partir desta época cresceu consideravelmente a produção e o consumo destes alimentos orgânicos. Bontempo (1999) ressalta que apesar do interesse pela alimentação orgânica estar ainda restrito a uma pequena parcela da população, lentamente, a crítica ao uso de agrotóxico vem ganhando espaço entre produtores agrícolas e consumidores. Os consumidores destes produtos destacam a melhor qualidade e durabilidade dos produtos orgânicos. A busca por alimentos provenientes de sistemas de produção mais sustentáveis, que fazem uso de métodos orgânicos de produção, são tendências que vem se fortalecendo e se consolidando mundialmente (Souza, 2003) A agricultura orgânica oferece numerosas vantagens ambientais, visa melhorar a biodiversidade, restabelecer o equilíbrio ecológico natural, conservar o solo e os recursos hídricos. Também oferece vantagens ao produtor e o consumidor, pois utiliza matéria alternativa disponíveis em nível local e normalmente requer mão-de-obra aumentando as oportunidades de emprego (FAO, 2002). Segundo Abreu et al.(2012) a Agricultura orgânica pode conduzir a uma participação significativa de pequenos agricultores e de seus familiares, garantindo a manutenção e o crescimento da renda familiar, bem como maior acesso à educação e treinamento técnico e maior diversificação produtiva, proporcionando segurança alimentar, possibilitando a evolução das relações comerciais e dos agroecossistemas. Gusmão; Silva Filho (2012) sugerem que o agricultor orgânico respeite o meio ambiente, pois, produz alimentos considerados orgânicos, obtidos dentro dos princípios e normas da agricultura orgânica, livres de agrotóxicos e de adubos químicos. Por isso, nas áreas de agricultura orgânica existem várias ações com finalidade de preservar o solo, as fontes de água, os animais e os vegetais. www.revistascire.com.br 3 ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 Na Paraíba uma das regiões de destaque na produção de alimentos orgânicos é o Agreste, em especial a microrregião Brejo, no qual se destaca o município de Lagoa Seca, sendo a agricultura familiar uma atividade de grande evidência em relação aos outros sistemas agrários desenvolvidos na região. (SANTOS, 2010). Desta forma é necessário realizar pesquisas que possibilitem informar a população a cerca dos benefícios dos produtos orgânicos e da importância de desenvolver técnicas de manejo sustentável das produções agrícolas não apenas como forma de conservar o solo e as fontes de abastecimento, mas também como alternativa saudável de alimentação. Nessa perspectiva o presente trabalho objetivou verificar as práticas dos agricultores dos Sítios Almeida, Oiti, Jucá e Boa Vista no município de Lagoa Seca-PB, e levantar dados acerca da percepção dos produtores e consumidores a respeito da produção/ consumo de alimentos orgânicos. METODOLOGIA Caracterização da pesquisa Este trabalho foi desenvolvido seguindo um modelo descritivo exploratório com abordagem quali-quantitativa. Segundo Gil (2008), a principal meta de um estudo descritivo é verificar e conhecer as características de uma determinada região, bem como seus costumes diários na prática e consumo de algo, já o exploratório nos passa uma visão mais ampla de determinados fatos e costumes. Caracterização da área pesquisada A pesquisa de campo foi realizada nos sítios Oiti, Almeida, Jucá e Boa Vista e no centro da cidade de Lagoa Seca – PB. Esta cidade se localizada a 129 km da capital João Pessoa, apresenta uma área total de 109km², altitude de 634 metros, possui 25.911 habitantes, uma parte significativa da população reside na zona rural. Tendo como principal centro urbano em uma de suas proximidades a cidade de Campina Grande localizada a 7 km. (IBGE, 2010). www.revistascire.com.br 4 ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 Figura 1: Mapa do Estado da Paraíba, em destaque a cidade de Lagoa Seca – PB. Fonte: Google Maps, 2014. Caracterização da coleta de dados A pesquisa de campo foi realizada com oito agricultores que fazem o cultivo de leguminosas, hortaliças, frutas e plantas medicinais, a partir da prática e manejo orgânico. Os questionamentos para os consumidores foram com vinte frequentadores da feira orgânica que se realiza todos os sábados no centro da cidade de Lagoa Seca- PB. A coleta dos dados quali-quantitativos foi feita por meio de questionários com perguntas subjetivas e objetivas, específicos para produtores e consumidores. Com os agricultores buscou-se perceber técnicas e práticas de manejo sustentável do solo e dos recursos naturais. Com os consumidores foram avaliadas as percepções a cerca dos produtos orgânicos, quem decide pelo consumo desses alimentos, percepção a cerca dos benefícios nutricionais, profissional que o incentivou esse consumo, bem como o seu grau de escolaridade. Os dados foram analisados através da estatística descritiva, sendo os resultados representados por meios de tabelas, utilizando para esta finalidade o programa Microsoft Word 2010. RESULTADOS E DISCUSSÃO Resultados das entrevistas com os produtores e observação de campo. www.revistascire.com.br 5 ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 Serão discutidos nesta primeira parte dos resultados os dados obtidos através das entrevistas com os produtores orgânicos e com as visitas de campo. Os dados foram coletados a partir dos questionários aplicados com oito produtores de alimentos orgânicos. Sendo dois do sexo feminino e seis do sexo masculino. TABELA 01: Distribuição, por gênero, dos produtores de alimentos orgânicos na cidade de Lagoa Seca - PB. Sexo dos Produtores Quantidade Feminino Masculino Porcentagem 2 6 15% 85% Para Heredia (1979) a casa é o lugar de domínio da mulher, da mãe de família, que realiza as atividades de organização e controle desse espaço. Já o trabalho ligado a terra é de domínio do homem, que provém e garante o sustento da família. Mesmo na atualidade esse quadro permanece em vigência quando se trata das comunidades rurais e da produção de alimentos no campo, as mulheres dedicam-se ao lar, ou as atividades como a colheita e o armazenamento dos alimentos, já o homem se dedica ao trabalho braçal, o preparo da terra, plantio e limpeza das variedades coletadas. TABELA 02- Nível de escolaridade dos produtores de alimentos orgânicos na cidade de Lagoa SecaPB Grau de escolaridade dos produtores Nº Porcentagem Alfabetizados(semi alfabetizados) 2 25% Fundamental I 2 25% Fund. II incompleto 2 25% Ensino médio 1 12,5% Superior (Agroecologia) 1 12,5% . Observou-se no decorrer das entrevistas que o nível mais básico de escolaridade é a alfabetização, dos produtores que participaram da pesquisa apenas 25% são alfabetizados os demais possuem um nível de escolaridade maior. Esse fato contrasta com a proposição de www.revistascire.com.br 6 ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 Santos; Santos e Dantas (2012) em uma pesquisa realizada na Paraíba onde apontaram que o analfabetismo no sertão Paraibano ainda é uma realidade em relação ao restante do Brasil. Esta pesquisa ainda demonstrou que a maior parte dos entrevistados possui pelo menos o nível fundamental I e II (50%), este fato pode ser favorável na escolha por práticas sustentáveis de trato com o solo e as plantas, uma vez que essa prática e a sua execução exigem certo grau de entendimento por parte dos executores. Dos agricultores questionados apenas um concluiu o ensino médio (12,5%), e outro (12,5%) possui nível superior completo (bacharelado em Agroecologia). TABELA 03- Avaliação temporal da produção de orgânicos em propriedades privadas na cidade de Lagoa Seca-PB. Tempo de produção 0 a 10 anos Quantidade Porcentagem 2 25% 11 a 20 anos 2 25% Mais de 30 anos 4 50% Quando questionados em relação ao tempo em que utilizam práticas de manejo sustentável e cultivo de alimentos orgânicos, identificou-se que dois deles (25%) fazem uso dessas técnicas há pelo menos dez anos, 25% dos entrevistados cultivam orgânicos há aproximadamente vinte anos, e 50% desses agricultores estão manejando alimentos genuinamente orgânicos a mais de trinta anos. As técnicas sustentáveis de produção agrícola voltada para as propriedades rurais tem se evidenciado nas ultimas décadas, entretanto em algumas comunidades de Lagoa Seca - PB as técnicas de produção de alimentos orgânicos têm sido implantadas e aperfeiçoadas a mais de 30 anos, esse fato demonstra que as percepções e o uso racional dos recursos naturais estão presentes no cotidiano dos agricultores dessa região, os ensinamentos passam de geração para geração sendo a cada ciclo acrescentado ajustes que aumentam a produção de forma ambientalmente correta e segura. www.revistascire.com.br 7 ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 Tabela 04 – O que levou os agricultores da cidade de Lagoa Seca –PB a optarem pela prática de produção orgânica Motivação para pratica de produção orgânica Nº Porcentagem Lucro 1 12,5% Bem estar (saúde) 6 85% Prática familiar 1 12,5% Nos últimos anos tem se percebido uma mudança de percepção a cerca do manejo sustentável e da produção de alimentos orgânicos no país. Quando questionados sobre as motivações que levaram a adoção das práticas sustentáveis de plantio, um dos agricultores (12,5 %) afirmou que optou por essa técnica porque é rentável, tendo em vista o fato de o consumo desses alimentos ter crescido nos últimos anos (FONTANÉTTI et al., 2006). Os próprios produtores que também são consumidores estão preocupados com a sua saúde e de seus familiares, somando a maior parcela de entrevistados (75%) associou a escolha pelo comercio de orgânicos aos benefícios que esses produtos trás, pois consomem os alimentos que comercializam na feira. Um dos produtores afirmou que é uma prática que já começou com seus pais e ele deu continuidade. O aspecto econômico mais importante que não é contabilizado, mas deve ser levado em conta, é a saúde. Os alimentos orgânicos apresentam um melhor sabor, uma composição mais diversificada em minerais, proporciona nutrição ideal ao corpo humano. Além disso, apresenta maiores teores de carboidratos e matéria seca, além de beneficiar a saúde dos consumidores (FRANCE, 2013). Resultados obtidos com questionários aplicados com os consumidores de produtos orgânicos. Nesta segunda fase da discussão dos resultados serão expostas e avaliadas as percepções dos consumidores que frequentam a feira de alimentos orgânicos da cidade de Lagoa Seca- PB. Buscou-se uma compreensão a cerca das principais variáveis que incentivam o consumo desses alimentos. Segundo Bourn e Prescott (2002) quando comparados aos alimentos produzidos do meio do sistema convencional o orgânico se destaca em três principais aspectos: valor nutricional, qualidade sensorial e segurança do alimento. www.revistascire.com.br 8 ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 Tabela 05 – Faixa etária dos consumidores de alimentos orgânicos entrevistados na feira municipal de Lagoa Seca-PB Faixa etária Quantidade Porcentagem 24 – 34 2 10% 35 – 44 1 5% 45 – 54 6 30% 55 -64 5 25% 65 -78 6 30% De acordo com a tabela é possível perceber que 85% dos consumidores de produtos orgânicos tem uma faixa etária mais elevada, isto demostra que são pessoas amadurecidas e com maior conhecimento e poder de escolha. Algumas pesquisas têm revelado propensão maior ao consumo de alimentos orgânicos entre pessoas mais velhas, em torno dos 40 anos de idade (RUCINSKI, 1999) Tabela 06– Qual profissional ou meio de comunicação que influenciou o consumo de alimentos orgânico entre os consumidores entrevistados na feira verde de Lagoa Seca-PB Qual profissional influienciou o consumo dos alimentos orgânicos Nutricionista Quantidade Porcentagem 2 10% Médico 5 25% Ambientalistas 1 5% Professor 2 10% 10 50% Outros (tv, internet ) Os dados demonstram que 50% dos entrevistados afirmam que, o maior incentivador deste tipo de alimentação é a mídia e o acesso a sites sobre a importância da alimentação orgânica e benefícios, uma pesquisa na área de comunicação, segundo Matos; Veiga (2002), revelam que os meios de comunicação e de marketing influenciam consideravelmente o conhecimento e a opinião do público. como também podem interferir nos hábitos de consumo da população. Outros dizem que são os nutricionistas os responsáveis por aderir a um hábito sadio 10%, alguns relata que os médicos por considerarem saudáveis e com maior concentração de www.revistascire.com.br 9 ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 nutrientes 25%, e o restantes afirmam que tanto professores como ambientalistas influenciam de alguma maneira no consumo deste alimentos 15%, pois abraçam a causa por uma alimentação segura e sem males tornando um mundo melhor e com menos impacto ao solo e o meio ambiente preservando assim a natureza. Tabela 07 – Local de residência dos consumidores de alimentos orgânicos entrevistados na feira verde de Lagoa Seca-PB Local de Residência dos Entrevistados N° Porcentagem Lagoa Seca – PB 18 90% Campina Grande – PB 02 10% De acordo com a tabela acima é possível perceber que os consumidores de produtos orgânicos demonstram certo interesse nos produtos e os consideram mais saudáveis que os convencionais, pois os dados demonstram que 90% residem na cidade onde se situa a feira verde, e 10% se desloca de sua cidade em busca desses produtos, ou seja não importa-se com o deslocamento para adquirirem alimentos com referência e qualidade. Tabela 08 – Justificativa dos consumidores pela opção de consumo de alimentos entre os entrevistados na feira verde de Lagoa Seca-PB Por que consomem alimentos orgânicos Quantidade Porcentagem Aparência e sabor 2 10% São mais saúdaveis 16 80% Não tem preferência 2 10% Durante a aplicação do questionário com os consumidores buscou-se identificar as características que motivam a escolha por orgânicos, o aspecto considerado mais importante pelos entrevistados foi a saúde, pois 80% dos consumidores afirmaram fazer uso desses alimentos por acreditarem que são mais saudáveis. 10% dos entrevistados compram os produtos orgânicos por avaliarem que sua aparência e sabor são mais agradáveis que os produtos comuns e 10% não têm a preferência apenas pela comodidade de estar próximo ao centro da cidade. www.revistascire.com.br 10 ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 De acordo com Karan; Zoldan (2003), a demanda por produtos orgânicos está crescendo não só no Brasil como em todo o mundo. De acordo com esses autores, as principais motivações dos consumidores para desejarem esses produtos estão relacionadas com a qualidade de vida, principalmente no que tange à saúde e a preservação do meioambiente. Tabela 09- Responsável pela opção de compra de orgânicos entre os consumidores entrevistados na feira verde de Lagoa Seca - PB Quem decide por as compras de alimentos orgânicos na casa Mãe/ Mulher Quantidade Porcentagem 12 60% Pai 6 30% Filhos 2 10% Os dados revelam que as mulheres são mais influentes do que os homens na compra de alimentos. Num total 60% afirma que, quem decide pela escolha desses alimentos é a mulher. Kotler (2003) destaca o papel da mulher e mãe na escolha dos alimentos para a família. Ottman (1993) argumenta que, além de compradoras, as mulheres influenciam nas decisões de compra do restante da sociedade e da geração seguinte, (30%) desse total diz que o homem, o pai de família que opta pela compra, enquanto (10%) diz que os filhos influenciam na hora da aquisição de alimentos orgânicos. CONCLUSÕES Observou-se que a principal motivação em relação a produção e consumo de alimentos orgânicos, está relacionado à ausência de substâncias químicas que podem fazer mal à saúde humana. Os agricultores entrevistados adotam o cultivo orgânico em busca de alimentos saudáveis e para melhoria na qualidade de vida. Identificou-se que a maioria dos produtores mesmo possuindo um grau de escolaridade baixo possui grande conhecimento sobre as práticas orgânicas. Os meios de comunicação têm divulgado as vantagens da alimentação orgânica, o que vem contribuindo para aumentar o número de consumidores desses produtos. Esse www.revistascire.com.br 11 ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015 crescimento não está diretamente relacionado ao valor nutricional dos alimentos, mas aos diversos significados que lhes são atribuídos pelos consumidores. Tais significados variam entre a busca por uma alimentação individual mais saudável e de melhor qualidade e sabor. Entre os frequentadores da “Feira Verde” é possível distinguir consumidores eventuais de produtos orgânicos e consumidores que adotaram a alimentação orgânica como parte de um estilo de vida diferenciado dos padrões atuais. Os entrevistados acreditam que as mulheres compram mais produtos orgânicos do que os homens em virtude de terem uma maior preocupação com a saúde de toda família, bem como na maioria das vezes são as responsáveis pelas compras de alimentos para toda a família. Há também dificuldades de acesso aos produtos orgânicos, pois os locais de venda ainda permanecem restritos e os preços sofrem grandes variações conforme o local de aquisição. A procura por uma alimentação considerada natural vem sendo orientada por conhecimentos científicos relacionados à saúde do homem e do planeta. O consumo sistemático, portanto, permanece restrito a uma parcela da população que, devido a seu nível socioeconômico e cultural, partilha desses conhecimentos. Finalizando, pode-se afirmar que a produção e o consumo de alimentos orgânicos estão inseridos em um movimento que propõe mudanças não apenas no comportamento alimentar, mas também, e especialmente, na forma de se atuar com relação ao meio ambiente. A divulgação dos perigos dos agrotóxicos e demais produtos usados na agricultura convencional é apenas um dos aspectos de um programa mais amplo de educação ambiental. REFERÊNCIAS ABREU, L. 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