PROJECTO DE REGULAMENTAÇÃO
REGIME PRUDENCIAL DOS FUNDOS DE PENSÕES
POLÍTICA DE INVESTIMENTO E COMPOSIÇÃO E AVALIAÇÃO DOS
ACTIVOS
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 1.º
Objecto
A presente Norma Regulamentar tem por objecto o estabelecimento de um conjunto de
regras e princípios gerais relativos à política de investimento e composição e avaliação dos
activos que compõem o património dos fundos de pensões.
Artigo 2.º
Definições
Para efeitos desta Norma Regulamentar consideram-se:
a)
Mercados regulamentados: os mercados regulamentados de Estado membro da
União Europeia, os mercados análogos de países da OCDE, com funcionamento
regular, reconhecidos e abertos ao público, bem como outros que sejam para o
efeito reconhecidos pelo Instituto de Seguros de Portugal;
b) Organismos de investimento colectivo não harmonizados: os organismos de
investimento colectivo que não respeitem os requisitos de legislação adoptada por
força da Directiva do Conselho n.º 85/611/CEE, de 20 de Dezembro, com as
alterações introduzidas pelas Directivas n.os 88/220/CEE, de 22 de Março,
95/26/CE, de 29 de Junho, 2000/64/CE, de 7 de Novembro, 2001/107/CE e
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2001/108/CE, de 21 de Janeiro de 2002, 2004/39/CE, de 21 de Abril, e
2005/1/CE, de 9 de Março;
c)
Produtos derivados: instrumentos financeiros cujo valor depende de um activo
subjacente de natureza real ou teórica;
d) Activo financeiro com produto derivado incorporado: instrumento financeiro
híbrido que conjuga um activo de base não derivado com um produto derivado
cuja contraparte é a mesma do activo de base e que não pode ser transferido de
forma independente deste último;
e)
Activo de base ou subjacente: o activo sobre o qual se realizam os contratos;
f)
Operações de cobertura de risco: as operações que contribuam para uma redução
efectiva da exposição ao risco, avaliada por uma correlação adequada entre as
variações no valor do instrumento de cobertura e as variações de valor das posições
cobertas;
g) Instrumento de cobertura: o produto derivado através do qual se realiza a operação
de cobertura de risco;
h) Posições cobertas: posições activas ou passivas, detidas, comprometidas ou que,
por força das actividades operacionais, se preveja virem a ser detidas;
i)
Operação de cobertura do risco de variabilidade do nível de financiamento do
fundo de pensões: as operações que contribuam para a diminuição do risco
associado ao nível de financiamento do fundo, demonstrável através da existência
de uma relação estreita entre a utilização dos produtos derivados e a curva de taxa
de juro implícita nas responsabilidades em financiamento;
j)
Réplica sem alavancagem de activos financeiros: utilização de produtos derivados
para reproduzir a exposição ao risco no mercado a contado, em que a diferença
entre o valor nocional do derivado e o valor investido no mesmo é aplicada em
activos financeiros sem risco;
k)
Operações de especulação: as operações que tenham por objecto a negociação de
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activos financeiros com base em determinadas expectativas sobre a evolução futura
do mercado;
l)
Operações de arbitragem: as operações que visem exclusivamente a obtenção de
ganhos decorrentes de eventuais desequilíbrios entre os preços em vários
mercados;
m) Valor nocional: o valor teórico obtido pela aplicação de cada um dos seguintes
critérios:
i)
Preço de exercício das posições líquidas, no caso de opções;
ii) Preço de referência das posições líquidas, no caso de futuros;
iii) Valor nominal do contrato, no caso dos swaps e forwards, ou de outros
instrumentos construídos com base nestes;
n) Operações de reporte: as operações que consistam na venda com simultânea
recompra, a prazo, de valores mobiliários ou de instrumentos do mercado
monetário, obedecendo aos seguintes requisitos:
i)
Os valores vendidos são equivalentes aos recomprados;
ii) O preço de recompra ou os critérios para a sua fixação são determinados no
momento da venda;
iii) A venda e a recompra são feitas à mesma entidade;
o)
Empréstimo de valores: o acordo mediante o qual uma das partes – o mutuante –
coloca à disposição da outra – o mutuário – determinados valores, por um certo
período de tempo, em contrapartida, o mutuário presta ao mutuante uma
determinada garantia (colateral) e paga-lhe uma remuneração;
p) Operações de empréstimo: operações de empréstimo de valores, operações de
reporte ou outras operações similares em termos substantivos.
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CAPÍTULO II
Património dos fundos de pensões
Secção I
Política de investimento
Artigo 3.º
Princípios gerais
1. Na composição do património dos fundos de pensões, as respectivas entidades
gestoras devem ter em conta os objectivos e finalidades a atingir pelos mesmos,
nomeadamente no tocante aos níveis adequados de segurança, de qualidade, de
rendimento e de liquidez das aplicações efectuadas, assegurando a observância dos
princípios de diversificação e dispersão de riscos previstos no presente capítulo,
devendo agir no melhor interesse dos participantes e beneficiários.
2. Sem prejuízo dos limites indicados no Artigo 12.º, a política de investimento de um
fundo de pensões deve ser adequada às suas especificidades, tendo em conta
nomeadamente:
a) O tipo de fundo de pensões;
b) A natureza dos benefícios abrangidos pelo plano de pensões;
c) As características da população abrangida e a duração das responsabilidades
assumidas, designadamente a repartição entre responsabilidades assumidas com os
participantes e com os beneficiários do fundo de pensões;
d) O nível de financiamento das responsabilidades do fundo de pensões.
3. Sem prejuízo de outros indicadores usados pela entidade gestora para aferir a
adequação mencionada no número anterior, essa entidade deve atender à sensibilidade
do património e das responsabilidades do fundo de pensões em face das variações do
mercado.
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4. Os níveis de segurança, de qualidade, de rendimento e de liquidez das aplicações
devem ter subjacentes o investimento na óptica de longo prazo e a limitação do risco
de liquidez especialmente no curto e médio prazos, devendo a gestão dos fundos de
pensões reger-se nomeadamente pelos seguintes princípios:
a) Diversificação e dispersão adequadas das aplicações, evitando uma dependência
excessiva de um determinado activo, emitente ou grupo de emitentes e a
acumulação de riscos no conjunto do património;
b) Selecção criteriosa das aplicações, em função simultaneamente do seu risco
intrínseco e do risco de mercado, bem como das informações credíveis disponíveis,
designadamente as notações de risco de crédito atribuídas pelas agências de rating;
c) Predominância
das
aplicações
admitidas
à
negociação
em
mercados
regulamentados;
d) Limitação a níveis prudentes das aplicações em activos que, pela sua natureza ou
qualidade do emitente, apresentem um elevado grau de risco;
e) Racionalidade e controlo de custos, qualquer que seja a sua natureza;
f) Limitação a níveis prudentes das aplicações que, em função das suas características
específicas e das do mercado em que são transaccionadas, apresentem reduzida
liquidez.
5. Para efeitos da aplicação dos princípios de diversificação e dispersão referidos na alínea
a) do número anterior, deve ser efectuada uma análise substantiva das aplicações, que
considere o risco intrínseco que lhes está inerente e não apenas a respectiva forma.
6. As aplicações em caixa e em disponibilidades à vista devem representar um valor
residual dos fundos de pensões, salvo em situações efectivas de força maior que
conduzam, temporariamente, à inobservância desse princípio, nomeadamente em casos
de entrega de contribuições, de necessidades de tesouraria ou de elevada instabilidade
dos mercados financeiros.
7. O Instituto de Seguros de Portugal adopta as medidas que entenda adequadas nos
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casos em que a política de investimento prosseguida num determinado fundo de
pensões não tenha em consideração os princípios gerais estabelecidos nos números
anteriores, designadamente quando se verifique uma excessiva concentração num
determinado activo, emitente ou grupo de emitentes, ou uma elevada acumulação de
riscos.
Artigo 4.º
Definição e implementação da política de investimento
1. Sem prejuízo das regras de diversificação e dispersão prudenciais estabelecidas no
presente capítulo, e tendo em consideração os princípios gerais estabelecidos no artigo
anterior, deve ser definida, para cada fundo de pensões, uma política de investimento
baseada em regras e procedimentos que um gestor sensato, prudente e conhecedor
aplicaria no sentido de prosseguir uma gestão no exclusivo interesse dos representados,
de evitar um inadequado risco de perda e de obter um rendimento adequado ao risco
incorrido.
2. A política de investimento deve ser consubstanciada num documento escrito no qual
se deve identificar claramente:
a) A estratégia seguida em matéria de afectação de activos, incluindo os limites de
exposição a diferentes tipos de aplicações;
b) O limite relativo a valores mobiliários que não se encontrem admitidos à
negociação em mercados regulamentados;
c) O limite relativo a aplicações expressas em moedas distintas daquela em que estão
expressas as responsabilidades do fundo de pensões;
d) A possibilidade de uso de produtos derivados e de operações de empréstimo, de
activos financeiros com produtos derivados incorporados, bem como de produtos
estruturados com características idênticas, especificando nomeadamente:
i)
o tipo de produtos e operações a utilizar;
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ii) os objectivos dessa utilização;
iii) o tipo de riscos associados;
iv) as condições em que são utilizados;
v) os mercados em que são efectuados;
vi) os limites a que está sujeita a sua utilização;
vii) a perda potencial máxima fixada, sempre que aplicável.
e) O limite relativo a aplicações em organismos de investimento colectivo não
harmonizados, o tipo de estratégias de investimento a prosseguir por parte desses
organismos e os principais riscos a que se encontram expostos;
f) As aplicações eventualmente proibidas e demais restrições à política de
investimento;
g) A incidência geográfica dos principais mercados e sectores alvo, se tal for definido;
h) As medidas de referência relativas à rendibilidade e ao risco estabelecidas como
padrão de comparação para a análise do desempenho da gestão dos investimentos,
se existirem;
i) Os métodos de avaliação do risco de investimento;
j) As técnicas aplicáveis à gestão do risco;
k) O tipo e a forma de intervenção do associado na definição da política de
investimento, no caso dos fundos de pensões fechados;
l) As estratégias a prosseguir em matéria de intervenção e exercício do direito de voto
nas sociedades emitentes, identificando claramente, no caso dos fundos de pensões
fechados, se o associado pode ou não interferir nesse exercício.
3. Sem prejuízo da necessária adaptação da política de investimento às condições
envolventes dos mercados financeiros, a entidade gestora deve avaliar a adequação
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dessa política e promover a sua revisão pelo menos de três em três anos.
Secção II
Composição dos activos
Artigo 5.º
Aplicações dos fundos de pensões
1. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, o património dos fundos de pensões
deve ser constituído por:
a)
valores mobiliários, incluindo as unidades de participação de organismos de
investimento colectivo;
b)
instrumentos representativos de dívida de curto prazo;
c)
depósitos bancários e outros activos de natureza monetária;
d)
terrenos e edifícios inscritos no registo predial como integrantes do fundo de
pensões, e desde que não sejam de exploração industrial ou que não tenham uma
vocação de tal forma específica que torne difícil a sua venda pelo fundo;
e)
créditos decorrentes de empréstimos hipotecários sobre terrenos e edifícios nas
condições fixadas na alínea anterior;
f)
créditos decorrentes de empréstimos aos participantes.
2. Mediante autorização prévia do Instituto de Seguros de Portugal, o património dos
fundos de pensões pode ainda ser constituído por outros activos financeiros que não
se encontrem identificados no número anterior, desde que sejam assegurados os
princípios relativos à segurança, qualidade, rendimento e liquidez das aplicações do
património, nomeadamente no que se refere às condições de alienação e à fiabilidade
do cálculo do seu valor.
3. Para efeitos do número anterior, considera-se haver diferimento tácito do pedido de
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autorização apresentado ao Instituto de Seguros de Portugal se este não se pronunciar
no prazo de trinta dias a contar da data de recepção do pedido.
4. Os terrenos e edifícios previstos no n.º 1 podem figurar em regime de compropriedade
desde que os outros comproprietários confiram procuração bastante irrevogável
autorizando a entidade gestora, na qualidade de administradora do fundo, a gerir e
dispor do terreno e edifício como bem entenda, incluindo a respectiva alienação e
designadamente em sequência de instruções concretas do Instituto de Seguros de
Portugal.
5. As entidades gestoras podem recorrer à utilização de técnicas e instrumentos
adequados à gestão dos fundos de pensões, tais como produtos derivados e operações
de empréstimo, nos termos estabelecidos na secção III deste capítulo.
Artigo 6.º
Aquisições e entregas vedadas
Não podem ser adquiridos nem entregues como contribuição para o fundo de pensões
títulos emitidos:
a) Pela entidade gestora do fundo de pensões;
b) Por sociedades que sejam membros do órgão de administração da entidade gestora,
ou que com esta estejam em relação de domínio ou de grupo, ou que possuam,
directa ou indirectamente, mais do que 10% do capital social ou dos direitos de
voto desta, salvo se os títulos se encontrarem admitidos à negociação num mercado
regulamentado;
c) Por associados do fundo de pensões ou sociedades que estejam em relação de
domínio ou de grupo com esses associados, salvo se os títulos se encontrarem
admitidos à negociação num mercado regulamentado;
d) Por sociedades cujo capital social ou direitos de voto pertençam, directa ou
indirectamente, em mais do que 10% a um ou mais administradores da entidade
gestora, em nome próprio ou em representação de outrem, e aos seus cônjuges e
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parentes ou afins no 1.º grau, salvo se os títulos se encontrarem admitidos à
negociação num mercado regulamentado;
e) Por sociedades de cujos órgãos de administração ou de fiscalização façam parte um
ou mais administradores da entidade gestora, em nome próprio ou em
representação de outrem, seus cônjuges e parentes ou afins no 1.º grau, salvo se os
títulos se encontrarem admitidos à negociação num mercado regulamentado.
Secção III
Produtos derivados e operações de empréstimo
Artigo 7.º
Regras gerais de utilização de produtos derivados
1. As entidades gestoras não podem, por conta dos fundos de pensões que gerem,
oferecer produtos derivados ou actuar, relativamente a estes, como intermediários.
2. Atenta a natureza das responsabilidades assumidas pelo fundo de pensões, os produtos
derivados podem ser utilizados com os objectivos de redução do risco de investimento
ou de gestão eficaz da carteira.
3. Por redução do risco de investimento entende-se, não só a redução do risco
directamente associado ao activo, mas também a redução do risco associado à não
adequação entre o activo e a responsabilidade.
4. Os contratos ou operações com produtos derivados negociados fora de mercado
regulamentado devem ser celebrados por escrito, utilizando formulários normalizados
nacionais ou internacionais, se existentes, e prever obrigatoriamente os termos em que
se operar a liquidação ou cessão a um terceiro pelas entidades gestoras.
5. As entidades gestoras devem, relativamente a cada fundo de pensões por si gerido,
realizar trimestralmente uma análise quantitativa do uso de produtos derivados,
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relativamente aos contratos que estejam ou tenham estado em aberto durante o
referido trimestre, indicando quais as posições que foram cobertas ao longo do mesmo
período.
6. As entidades gestoras devem gerir de uma forma conveniente a informação relativa às
operações com produtos derivados de cada fundo por si gerido, de modo a poderem,
em qualquer momento, fornecer ao Instituto de Seguros de Portugal a indicação das
posições em aberto e a relação dos activos/passivos que justificam a sua existência.
Artigo 8.º
Redução do risco de investimento
1. Na utilização de produtos derivados com o objectivo de redução do risco de
investimento só são permitidas as seguintes operações de cobertura de risco:
a) Cobertura do risco de variação de preço dos instrumentos financeiros detidos que
não se encontrem já afectos a operações da mesma natureza;
b) Cobertura do risco referente à garantia do custo de futuras aquisições de
instrumentos financeiros;
c) Cobertura do risco de variabilidade dos rendimentos associados aos instrumentos
financeiros detidos;
d) Cobertura do risco cambial associado aos valores detidos;
e) Cobertura do risco de crédito relativamente aos instrumentos financeiros detidos;
f) Cobertura do risco de variabilidade do nível de financiamento do respectivo fundo
de pensões.
2. As operações de cobertura de risco devem ser consistentes, em termos de duração e
montante, com as posições cobertas e, tendencialmente, não devem exceder a duração
e o montante dos valores do activo subjacente.
3. Sempre que se justifique, em função da alteração do valor de mercado do activo
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subjacente, a operação de cobertura de risco deve ser ajustada.
4. Excepto quando se pretenda cobrir o risco referente a uma futura aquisição de
instrumentos financeiros, ou quando se pretenda replicar sem alavancagem os activos
financeiros, as operações com produtos derivados só podem ser realizadas desde que
os fundos pensões detenham em carteira os instrumentos financeiros entregáveis ou de
perfil de risco análogo aos activos subjacentes ao produto derivado.
5. Considera-se que existe um perfil de risco análogo sempre que:
a) As entidades gestoras demonstrem que existe um elevado grau de correlação
positiva entre os activos que compõem o valor mobiliário teórico e os activos
subjacentes; ou
b) Os fundos detenham proporcionalmente em carteira, pelo menos, dois terços dos
títulos com maior peso, no mínimo 75% do peso total, que compõem o valor
mobiliário teórico, negociados no mesmo mercado.
6. As operações efectuadas com o objectivo de cobertura do risco referente à garantia do
custo de futuras aquisições de instrumentos financeiros devem ser comunicadas ao
Instituto de Seguros de Portugal, com adequada fundamentação baseada nas
responsabilidades assumidas pelo fundo.
Artigo 9.º
Gestão eficaz da carteira
1. No caso dos produtos derivados serem utilizados no âmbito de uma gestão agregada
dos riscos afectos aos activos ou responsabilidades de um fundo de pensões, o
acréscimo da perda potencial máxima resultante da sua utilização não pode exceder, a
todo o momento, 20% da perda potencial máxima a que, sem a utilização desses
produtos, a carteira do fundo estaria exposta.
2. Para efeitos da percentagem indicada no número anterior, a entidade gestora deve ter
em conta alterações substanciais recentes registadas na volatilidade dos mercados,
considerando como pressupostos, no mínimo, a detenção do património que integra o
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fundo de pensões por um período de trinta dias, um intervalo de confiança a 95% e,
no máximo, volatilidades a um ano.
3. As entidades gestoras devem, relativamente a cada fundo de pensões por si gerido em
que seja efectuada uma gestão agregada dos riscos, calcular mensalmente o acréscimo
da perda potencial máxima da respectiva carteira.
Artigo 10.º
Regras de utilização de operações de empréstimo
1. Podem ser objecto de operações de empréstimo os valores mobiliários detidos pelos
fundos de pensões, independentemente de se encontrarem admitidos, ou não, à
negociação em mercado regulamentado.
2. As condições gerais das operações de empréstimo devem ser estabelecidas num
contrato-quadro, que preveja, nomeadamente, o regime da denúncia antecipada pelo
fundo de pensões e o regime de incumprimento do contrato, bem como os
procedimentos a seguir caso os valores sejam suspensos da negociação ou objecto de
outros eventos relevantes, como ofertas públicas de aquisição.
3. As condições particulares das operações de empréstimo devem assumir a forma escrita,
e estabelecer, nomeadamente, o prazo da operação, ou a possibilidade das partes
definirem o respectivo termo durante a vigência da operação.
4. Se o prazo da operação for superior a três meses ou aberto, é obrigatória a existência,
nas condições particulares, de uma cláusula de opção de antecipação de liquidação do
contrato por parte do fundo de pensões.
5. As entidades gestoras devem, relativamente a cada fundo por si gerido, efectuar uma
relação das operações de empréstimo que estejam ou tenham estado em aberto durante
cada trimestre.
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Secção IV
Regras e limites prudenciais
Artigo 11.º
Regras prudenciais
1. As operações com produtos derivados e operações de empréstimo devem ser
obrigatoriamente realizadas:
a) Num mercado regulamentado; ou
b) Com uma instituição financeira legalmente autorizada para o efeito num Estado
membro do Espaço Económico Europeu ou noutro País da OCDE, desde que o
rating dessas instituições seja qualitativamente igual ou superior a “BBB”/”Baa2”,
conforme notações universalmente utilizadas, ou a outras classificações
comprovadamente equivalentes.
2. O Instituto de Seguros de Portugal pode, excepcionalmente, mediante adequada
fundamentação, dispensar casuística e temporariamente a exigência de rating prevista na
alínea b) do número anterior.
3. Nas operações de empréstimo de valores, sempre que a contraparte não seja um
sistema de registo, compensação e liquidação que cumpra as recomendações a nível
internacional, nomeadamente as do Bank for International Settlements (BIS), da International
Organization of Securities Commissions (IOSCO) e do Committee on Payment and Settlement
Systems (CPSS), deve ser prevista, no contrato-quadro, a constituição a favor do fundo
de pensões de uma garantia, a avaliar diariamente, cujo valor não deve ser inferior a
105% do valor de mercado dos valores emprestados, sem prejuízo do estabelecido no
n.º 5.
4. O valor da garantia a definir de acordo com o número anterior deve depender da
admissão dos valores à negociação em mercado regulamentado, da liquidez e
volatilidade do valor do activo emprestado, do prazo do empréstimo, da frequência
com que o colateral é reavaliado e as margens são recalculadas e do risco de crédito da
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contraparte.
5. O valor mínimo da garantia referido no n.º 3 pode ser reduzido para 102% do valor de
mercado dos valores emprestados, em casos em que se demonstre de forma inequívoca
a adequação da margem utilizada, devendo o Instituto de Seguros de Portugal ser
devidamente informado.
6. A informação referida no número anterior deve ser enviada em referência a um
contrato em concreto, podendo a entidade gestora aplicar o mesmo nível de garantia a
posteriores contratos de características similares.
7. A garantia a que se refere o n.º 3, assim como os valores mobiliários recebidos em
operações de reporte, devem revestir a forma de numerário ou valores mobiliários
emitidos ou garantidos por Estados membros da União Europeia, admitidos à cotação
num mercado regulamentado de um Estado membro da União Europeia, ou ainda por
instrumentos do mercado monetário, emitidos em conjuntos homogéneos,
nomeadamente bilhetes do tesouro.
Artigo 12.º
Limites de diversificação e dispersão prudenciais
1. Sem prejuízo do cumprimento das disposições legais inerentes a determinados tipos de
fundos de pensões, o respectivo património deve observar os seguintes limites:
a) O investimento em valores mobiliários que não se encontrem admitidos à
negociação num mercado regulamentado não pode representar mais do que 15%;
b) O investimento em unidades de participação de organismos de investimento
colectivo não harmonizados não pode representar mais do que 10%;
c) O investimento em activos expressos em moedas distintas daquela em que estão
expressas as responsabilidades do fundo de pensões, não pode representar mais do
que 30%;
d) O valor nocional inerente à realização de contratos de produtos derivados, não
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pode exceder, globalmente e em qualquer momento, o valor do património do
fundo;
e) O valor de mercado dos activos cedidos em operações de empréstimo não pode
exceder, em qualquer momento, 40% do valor do património do fundo.
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, a composição do património de um
fundo de pensões deve ainda observar os seguintes limites máximos de concentração:
a) O investimento numa mesma sociedade não pode representar mais do que 10% do
valor do património do fundo, sendo o limite de 5% quando se tratar de
investimentos em associados do fundo de pensões ou em sociedades que se
encontrem em relação de domínio ou de grupo com esses associados;
b) O investimento no conjunto das sociedades que se encontrem entre si ou com a
entidade gestora em relação de domínio ou de grupo não pode representar mais do
que 20% do valor do património do fundo, sendo o limite de 10% quando se tratar
de investimentos efectuados no conjunto dos associados do fundo de pensões e
das sociedades que se encontrem em relação de domínio ou de grupo com esses
associados;
c) Sem prejuízo do disposto na alínea seguinte, o investimento em unidades de
participação de um único organismo de investimento colectivo não harmonizado
não pode representar mais do que 2% do valor do património do fundo;
d) No caso de organismos de investimento colectivo não harmonizados que invistam
noutros organismos de investimento colectivo não harmonizados, não é aplicável o
limite estabelecido na alínea anterior, mas o investimento em unidades de
participação de cada um destes outros organismos não pode representar mais do
que 2% do valor do património do fundo.
3. Os limites previstos nas alíneas a) e c) do n.º 1 podem ser ultrapassados desde que,
relativamente aos excessos, as entidades gestoras apliquem metodologias adequadas à
cobertura dos riscos envolvidos, nomeadamente do risco de crédito e do risco cambial.
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4. O limite previsto na alínea d) do n.º 1 pode ser ultrapassado desde que o excesso
resulte de operações de cobertura de riscos diferentes relativamente ao mesmo activo
subjacente.
5. Os limites previstos nas alíneas a) e b) do n.º 2 podem ser ultrapassados, desde que,
relativamente aos excessos, as entidades gestoras apliquem metodologias adequadas à
cobertura do risco de contraparte.
6. Os fundos de pensões abertos que apenas permitam adesões individuais e que
prevejam a possibilidade de exposição accionista acima de 40%, devem aditar à sua
designação a expressão «Acções», com excepção daqueles que nos termos do disposto
no Decreto-Lei n.º 204/95, de 5 de Agosto, servem de suporte a fundos de poupança
em acções.
Artigo 13.º
Disposições complementares
1. Para efeitos do artigo 9.º consideram-se equiparados a produtos derivados os activos
financeiros com produtos derivados incorporados e os produtos estruturados com
características idênticas.
2. Consideram-se como integrando a categoria prevista na alínea a) do n.º 1 do Artigo
12.º, os valores mobiliários admitidos à negociação num mercado regulamentado,
desde que não transaccionados durante os trinta dias antecedentes ao dia de referência
da avaliação das aplicações que compõem o património do fundo de pensões.
3. Para efeitos do limite indicado no número anterior não se consideram:
a) As unidades de participação de organismos de investimento colectivo;
b) Os títulos de dívida pública emitidos ou garantidos por Estados soberanos
membros da União Europeia ou da OCDE;
c) Os títulos emitidos ou garantidos por organismos internacionais de carácter público
nos quais os Estados membros da União Europeia ou os países da OCDE
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detenham uma posição predominante.
4. Para efeitos da alínea a) do n.º 1 do Artigo 12.º consideram-se equiparados a títulos
admitidos à negociação:
a) durante o período máximo de um ano a partir da data de emissão, as acções obtidas
por aumento de capital, pelo uso de direitos por acções já detidas, quer aquele
aumento de capital seja efectuado por incorporação de reservas, quer por emissão
de acções com preferência a accionistas e desde que as condições de emissão
prevejam o compromisso de que seja apresentado o pedido de admissão à
negociação no mercado regulamentado;
b) as obrigações emitidas há menos de um ano e cuja admissão no mercado
regulamentado tenha sido requerida, ou cujas condições de emissão prevejam o
compromisso de que seja apresentado o pedido de admissão à negociação num
mercado regulamentado.
5. Para efeitos da aplicação do n.º 1 deste artigo, devem considerar-se como transacções
não só aquelas que são efectuadas num mercado regulamentado em que os valores
mobiliários estejam admitidos à negociação, mas também as efectuadas em sistemas de
negociação especializados e internacionalmente reconhecidos, considerando-se
equiparada à existência de transacções a divulgação de preços de compra por parte de
sistemas de informação financeira especializados e internacionalmente reconhecidos.
6. Para efeitos dos limites máximos de concentração previstos no n.º 2 do artigo 12.º
excluem-se os depósitos em instituições de crédito que sejam efectuados com vista à
gestão de liquidez dos fundos de pensões.
7. Para efeitos dos limites máximos de concentração previstos no n.º 2 do artigo 12.º são
ainda considerados:
a)
o valor de realização positivo dos produtos derivados, líquido das posições activas
e passivas, inerente às operações sobre instrumentos financeiros, nos casos em que
essa sociedade seja a entidade emitente do activo de base e/ou a instituição
financeira contraparte da operação; e
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b)
o valor absoluto das posições líquidas em operações de empréstimo, aferidas pela
diferença entre as responsabilidades compradoras e vendedoras a prazo, nos casos
em que essa sociedade seja a contraparte da operação.
8. As operações de compra e venda de valores mobiliários admitidos à negociação num
mercado regulamentado só podem ser realizadas fora desses mercados nos casos em
que
seja
prática
corrente
a
negociação
em
mercados
especializados
e
internacionalmente reconhecidos, ou que resulte uma inequívoca vantagem para o
fundo de pensões, devendo as entidades gestoras manter um registo individualizado
dessas transacções.
CAPÍTULO III
Avaliação dos investimentos
Secção I
Princípios gerais
Artigo 14.º
Critérios gerais de avaliação
1. Sem prejuízo do estabelecido na secção III, os activos que compõem o património dos
fundos de pensões devem ser avaliados ao seu justo valor, devendo as entidades
gestoras de fundos de pensões:
a) Adoptar políticas e procedimentos de avaliação adequados, no sentido de assegurar
que as estimativas do justo valor de cada activo financeiro sejam obtidas com uma
base segura, consistente e actualizada;
b) Adoptar critérios e pressupostos de avaliação uniformes, relativamente aos activos
financeiros que compõem o património dos diferentes fundos de pensões sob a sua
gestão.
2. Os activos que se encontrem admitidos à negociação em mercados regulamentados
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devem ser avaliados tendo por base o respectivo preço de mercado.
3. As entidades gestoras não devem utilizar o preço de mercado de um activo para efeito
da determinação do seu justo valor sempre que esse preço não tenha sido obtido
através de transacções normais de mercado.
4. Para efeito do número anterior, presume-se que o preço de mercado de um activo não
foi obtido através de transacções normais de mercado quando, nomeadamente:
a) Esse preço reflecte uma transacção com uma entidade que apresenta graves
dificuldades financeiras;
b) Esse preço teria sido diferente se fosse objecto de uma negociação isolada, em vez
de ter ocorrido em conjunto com outras transacções, contratos ou acordos entre as
entidades intervenientes;
c) Esse preço teria sido diferente se não tivesse ocorrido numa transacção entre
entidades pertencentes ao mesmo grupo ou que mantenham entre si relações
económicas significativas;
d) Tenham sido publicamente admitidos erros na determinação desse preço.
5. Para os activos que se encontrem admitidos à negociação em mercados
regulamentados, cujo valor de cotação raramente se encontre disponível ou cujas
quantidades transaccionadas nesses mercados sejam insignificantes face à quantidade
de
transacções
efectuadas
em
sistemas
de
negociação
especializados
e
internacionalmente reconhecidos, a entidade gestora pode, em alternativa ao preço de
mercado, utilizar os preços praticados nestes sistemas.
6. Os activos que não se encontrem admitidos à negociação em mercados
regulamentados e, bem assim, os activos correspondentes às situações do n.º 3, devem
ser avaliados tendo por base o seu presumível valor de realização, calculado nos termos
definidos no Artigo 19.º, devendo para o efeito considerar-se toda a informação
relevante disponível sobre o emitente, nomeadamente a sua situação patrimonial, bem
como as condições de mercado vigentes no momento de referência da avaliação.
20
7. Sempre que sejam utilizados modelos de avaliação para efeito da determinação do
presumível valor de realização, a entidade gestora deve ter em consideração os
seguintes princípios:
a) Quando, para um determinado activo financeiro, exista algum modelo de avaliação
utilizado pela generalidade do mercado e que tenha demonstrado fornecer
estimativas fiáveis, deve ser esse o modelo a utilizar;
b) Os modelos de avaliação devem ser baseados em metodologias económicas
reconhecidas e usualmente utilizadas para avaliar o tipo de activos financeiros em
causa, e a sua validade deve ser testada usando preços de transacções efectivamente
verificadas;
c) As estimativas e os pressupostos utilizados nos modelos de avaliação devem ser
consistentes com a informação disponível que o mercado utilizaria para a fixação
do preço de transacção desse activo.
8. Quando, para efeito da determinação do justo valor, um activo não puder ser avaliado
de forma fiável por qualquer um dos critérios anteriormente descritos, deve ser
efectuada uma avaliação prudente que tenha em conta as características do activo em
causa.
9. Na avaliação de activos expressos em moeda diferente do Euro devem ser aplicadas as
taxas de câmbio indicativas publicadas diariamente pelo Banco de Portugal ou as
cotações fornecidas por agências de informação financeira internacionalmente
reconhecidas.
Artigo 15.º
Avaliação de produtos derivados e de operações de empréstimo
1. Sem prejuízo do disposto no n.º 4, os produtos derivados devem igualmente ser
avaliados ao justo valor.
2. Para os produtos derivados em que não seja possível determinar o justo valor, deve-se
utilizar, para efeito de avaliação, o preço tido como necessário para liquidar esses
21
contratos, tendo em conta quaisquer esquemas de compensação com a contraparte.
3. O valor dos produtos derivados deve ser tomado em consideração na avaliação dos
activos de base, sempre que sejam utilizados para efeitos de cobertura de risco.
4. Nos instrumentos financeiros com produtos derivados incorporados, nomeadamente
depósitos ou títulos, a componente constituída pelo produto derivado deve ser objecto
de avaliação autónoma face ao instrumento financeiro primário a que está associada,
sempre que o valor de mercado do instrumento financeiro não incorpore o valor do
produto derivado.
5. Sem prejuízo do número anterior, quando não for possível a separação entre o
instrumento financeiro primário e o produto derivado, deve cumprir-se o princípio da
prudência na avaliação do produto.
6. Os activos financeiros envolvidos em operações de empréstimo devem ser avaliados de
acordo com os critérios de avaliação estabelecidos nos artigos anteriores da presente
secção.
Artigo 16.º
Periodicidade de avaliação
1. Os instrumentos financeiros que compõem o património dos fundos de pensões
fechados devem ser avaliados, no mínimo, com uma periodicidade mensal.
2. Os instrumentos financeiros que compõem o património dos fundos de pensões
abertos devem ser avaliados diariamente, com excepção daqueles fundos em que
apenas existam adesões colectivas, situação em que se aplica o critério estabelecido no
número anterior.
3. A avaliação dos terrenos ou edifícios deve ser efectuada:
a) Anteriormente à entrada do respectivo terreno ou edifício para o património de um
fundo de pensões;
22
b) Pelo menos uma vez por ano, com referência à data de 31 de Dezembro, para os
terrenos ou edifícios pertencentes ao património dos fundos de pensões abertos;
c) Pelo menos uma vez em cada três anos, para os terrenos ou edifícios pertencentes
ao património dos fundos de pensões fechados;
d) Sempre que se verifiquem alterações substanciais nas condições do mercado
imobiliário ou que se tenham modificado significativamente os pressupostos que
estiveram na base da anterior avaliação.
Artigo 17.º
Momento de referência da avaliação
1. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, a avaliação dos instrumentos
financeiros deve referir-se à data a que se reporta a informação relativa ao valor do
fundo ou ao dia útil imediatamente anterior, no caso dessa data não corresponder a um
dia útil.
2. Para as transacções efectuadas em mercados estrangeiros, e desde que a avaliação seja
efectuada diariamente, as entidades gestoras podem considerar apenas as transacções
concretizadas até ao final do dia útil imediatamente anterior ao da avaliação do
património.
Secção II
Avaliação a justo valor
Subsecção I
Instrumentos financeiros
Artigo 18.º
Instrumentos financeiros admitidos à negociação
1. O justo valor dos instrumentos financeiros admitidos à negociação em mercados
23
regulamentados deve corresponder à cotação de fecho ou ao preço de referência
divulgado pela instituição gestora do mercado financeiro em que esses instrumentos se
encontrem admitidos à negociação.
2. No caso de instrumentos financeiros admitidos à negociação em mais do que um
mercado regulamentado, o valor a considerar deve reflectir os preços praticados no
mercado que apresente maior liquidez, frequência e regularidade de transacções,
independentemente do mercado onde esses instrumentos tenham sido adquiridos.
3. Para efeito do número anterior a entidade gestora deve estabelecer um critério
adequado à determinação do mercado de referência a utilizar que deve ser aplicado de
forma consistente, sem prejuízo da necessidade da sua aferição numa base anual e da
possibilidade da sua modificação sempre que se alterem significativamente os
indicadores de liquidez, frequência e regularidade dos mercados em questão.
4. Para os instrumentos financeiros que se encontrem admitidos à negociação em
mercados regulamentados, cujo valor de cotação à data de reporte da informação esteja
indisponível, o correspondente justo valor deve corresponder ao preço da última
transacção efectuada, sem prejuízo do estabelecido no n.º 6, na medida em que não se
tenham registado alterações nas condições económicas entre essa data de transacção e
a data a que reporta a informação.
5. Caso se tenham registado alterações nas condições económicas desde a última
transacção efectuada e a data a que reporta a informação, tal deve ser reflectido de
forma apropriada no justo valor do instrumento financeiro, utilizando como referência
o preço ou taxas de instrumentos financeiros similares.
6. Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 13.º e no n.º 5 do Artigo 14.º, os
instrumentos financeiros admitidos à negociação em mercados regulamentados, que
não tenham sido transaccionados durante os trinta dias antecedentes ao dia de
referência da avaliação, que apresentem reduzida liquidez, ou cujas condições
económicas se tenham alterado desde a última transacção efectuada e não se aplique o
número anterior, são equiparados, para efeito da avaliação, a instrumentos financeiros
não admitidos à negociação.
24
Artigo 19.º
Instrumentos financeiros não admitidos à negociação
1. O justo valor dos instrumentos financeiros não admitidos à negociação em bolsas de
valores ou em mercados regulamentados deve ser obtido por aplicação da seguinte
sequência de prioridades:
a) Valor das ofertas de compra difundidas para o mercado por meios de informação
especializados, no caso dessas ofertas serem representativas;
b) Na impossibilidade de aplicar o disposto na alínea anterior, devem considerar-se
metodologias baseadas na informação disponível relativamente a preços de
mercado de instrumentos financeiros cujos fluxos financeiros subjacentes sejam
similares em termos de padrão de ocorrência temporal e de valores envolvidos, que
tenham um risco de crédito semelhante, que sejam oriundos do mesmo sector
económico e da mesma zona geográfica, e que produzam resultados semelhantes
perante idênticas mudanças nas condições de mercado e noutros factores de risco;
c) Na ausência de informação adequada para aplicar o diswposto nas alíneas
anteriores, podem ser adoptados modelos de avaliação universalmente aceites nos
mercados financeiros, baseados na análise fundamental e na metodologia do
desconto dos fluxos financeiros subjacentes.
2. Para os instrumentos financeiros em processo de admissão à negociação, as entidades
gestoras podem adoptar critérios baseados na avaliação de instrumentos financeiros da
mesma espécie, emitidos pela mesma entidade e que se encontrem admitidos à
negociação, tendo em conta nomeadamente a fungibilidade e a liquidez entre as
emissões.
Artigo 20.º
Unidades de participação de organismos de investimento colectivo
O justo valor das unidades de participação de organismos de investimento colectivo deve
corresponder ao seu valor patrimonial, caso não se encontrem admitidas à negociação.
25
Subsecção II
Terrenos ou edifícios
Artigo 21.º
Justo valor
1. O justo valor dos terrenos ou edifícios que integram o património dos fundos de
pensões deve corresponder ao preço pelo qual os mesmos poderiam ser vendidos, à
data da avaliação, por contrato privado celebrado entre um vendedor e um comprador
interessados e independentes, no pressuposto de que o bem seria objecto de uma
oferta pública no mercado, que as condições deste permitiriam uma venda regular e
que se disporia de um prazo normal para negociar a venda, tendo em conta a natureza
do referido bem.
2. O justo valor de cada terreno ou edifício é obtido através de uma avaliação separada
efectuada por um perito independente, nos termos estabelecidos nos artigos seguintes
desta subsecção.
Artigo 22.º
Métodos de avaliação
1. Os peritos avaliadores devem utilizar preferencialmente os seguintes métodos de
avaliação:
a) Método comparativo: consiste na avaliação do terreno ou edifício por comparação,
ou seja, em função de transacções e/ou propostas efectivas de aquisição em relação
a terrenos ou edifícios que possuam idênticas características físicas e funcionais, e
cuja localização se insira numa mesma área do mercado imobiliário.
A utilização deste método requer a existência de uma amostra representativa e
credível em termos de transacções e/ou propostas efectivas de aquisição que não se
apresentem desfasadas relativamente ao momento de avaliação;
26
b) Método de actualização das rendas futuras: consiste no apuramento do valor do
terreno ou edifício através do somatório dos cash-flows efectiva ou previsivelmente
libertados e do seu valor residual no fim do período de investimento previsto ou da
sua vida útil, actualizados a uma taxa de mercado para aplicações com perfil de
risco semelhante;
c) Método de substituição: consiste na determinação do valor do edifício através da
soma do valor de mercado do terreno e de todos os custos necessários à
construção de um edifício de iguais características físicas e funcionais.
Na determinação do valor final do edifício deve ser considerada a taxa de
depreciação em função da sua antiguidade, estado de conservação e estimativa de
vida útil, bem como as margens de lucro requeridas;
d) Método dos múltiplos do rendimento: consiste no apuramento do valor do terreno
ou edifício mediante o quociente entre a renda anual efectiva ou previsivelmente
libertada, líquida de encargos de conservação e manutenção, e uma taxa de
remuneração adequada às suas características e ao nível de risco do investimento,
face às condições gerais do mercado imobiliário no momento da avaliação.
2. Os peritos avaliadores, na escolha do ou dos métodos a utilizar, devem ter em conta as
características específicas do terreno ou do edifício em avaliação bem como a sua
tipologia.
3. No processo de avaliação, os peritos avaliadores devem ter em conta todos os
elementos que, em face do método escolhido, possam considerar-se como relevantes,
nomeadamente o estado de conservação do terreno ou do edifício e a respectiva
situação.
4. Quando, no entender do perito avaliador, existam circunstâncias especiais que não
possibilitem a determinação adequada do valor de mercado do terreno ou edifício de
acordo com os métodos mencionados no n.º 1, o perito deve fundamentar, no
relatório de avaliação, os motivos que o levaram a excluir esses métodos, bem como a
sua opção por outro método de avaliação que considere mais apropriado.
27
Artigo 23.º
Parâmetros de avaliação
1. O perito avaliador deve estar informado quanto à evolução dos diversos parâmetros
necessários para determinação do possível valor de transacção, como sejam,
nomeadamente, as taxas utilizadas, os valores unitários de venda, os custos de
construção e os valores unitários do terreno.
2. O perito avaliador deve em cada caso utilizar valores ajustados e actualizados para os
parâmetros, observando e usando para o efeito indicadores económico-financeiros e
fontes de informação tanto quanto possível de carácter oficial.
3. As taxas utilizadas pelo perito avaliador nos métodos referidos nas alíneas b) e d) do
n.º 1 do artigo anterior devem assegurar, com o maior rigor possível, a determinação
do valor do terreno ou edifício, a partir do rendimento conhecido, tendo em conta os
valores praticados no mercado de arrendamento e outros factores de influência.
4. Quando a renda efectiva se mostrar elevada relativamente aos preços praticados na
zona em que o terreno ou edifício se situa, o perito avaliador deve considerar a
correcção do seu valor para o respectivo valor de mercado, salvo em situações
excepcionais devidamente justificadas.
5. Na aplicação do método comparativo, o valor unitário de venda, referido em geral à
unidade de área bruta ou área útil, deve permitir comparações fidedignas e
extrapolações válidas.
6. Na aplicação do método de substituição, o valor do custo de construção deve reflectir
a situação existente no mercado da construção civil e obras públicas, nomeadamente
quanto às condições de contratação de obras, tendo em conta a concorrência existente.
7. O valor unitário do terreno deve ser estabelecido tendo em conta diversos factores
característicos do mesmo, tais como, localização, configuração, frentes disponíveis,
dimensões, exposição, enquadramento urbanístico e, principalmente, as potencialidades
actuais ou futuras de construção.
28
Secção III
Outras regras de avaliação
Artigo 24.º
Custo amortizado
1. Os instrumentos financeiros não derivados, com pagamentos fixados ou
determináveis, e com maturidade fixada, que integram o património dos fundos de
pensões e que a entidade gestora pretenda que o fundo de pensões venha a deter até à
maturidade podem, em alternativa ao princípio do justo valor, ser avaliados pelo seu
custo amortizado até ao momento de reembolso desses instrumentos, com base no
respectivo valor de reembolso e na respectiva taxa efectiva de capitalização.
2. A avaliação ao custo amortizado é permitida desde que, simultaneamente, a aplicação
desse critério obedeça ao princípio da consistência e seja permanentemente mantida e
demonstrada a capacidade e intenção positiva da entidade gestora para deter os
instrumentos financeiros até à maturidade.
3. A capacidade e intenção positiva referidas no número anterior devem ser
rigorosamente aferidas no momento em que os instrumentos financeiros integram o
património dos fundos de pensões, bem como em cada momento posterior a que se
reporta a sua avaliação.
4. Considera-se que não existe capacidade e intenção positiva da entidade gestora para
deter até à maturidade os instrumentos financeiros mencionados no n.º 1 quando,
nomeadamente:
a) A entidade gestora pretenda deter os instrumentos financeiros por um período não
definido;
b) A entidade gestora mostre algum interesse ou disponibilidade para vender esses
instrumentos em face de variações das taxas de juro ou de outros tipos de riscos de
mercado, em face de necessidades de liquidez, ou noutras circunstâncias passíveis
de poderem alterar a política de investimento;
29
c) O emitente dos instrumentos financeiros tenha a possibilidade de exercer um
direito ou opção sobre os mesmos por um valor significativamente inferior ao que
resultaria da aplicação do critério do custo amortizado.
5. Se a entidade gestora vender, antes da maturidade, algum instrumento financeiro
mencionado no n.º 1 que se destinava a ser detido pelo fundo de pensões até à
maturidade e que se encontrava avaliado ao custo amortizado, todos os outros
instrumentos financeiros a deter até à maturidade que façam parte do património desse
fundo de pensões devem passar a ser avaliados ao seu justo valor, pelo menos durante
o exercício de ocorrência da venda e nos dois exercícios posteriores.
6. O disposto no número anterior não se aplica se:
a) A venda tiver sido determinada por circunstâncias singulares que não poderiam ser
pré-determinadas;
b) À data da venda, o activo estiver muito próximo da maturidade;
c) O valor a reembolsar for insignificante; ou
d) Se a quantidade e o valor dos instrumentos financeiros em causa tenha sido
insignificante relativamente à quantidade e valor dos instrumentos financeiros a
deter até à maturidade existentes na carteira do fundo de pensões.
7. Os empréstimos concedidos e as contas a receber, com pagamentos fixados ou
determináveis, que não se encontrem admitidos à negociação, podem também, em
alternativa ao princípio do justo valor, ser avaliados pelo seu custo amortizado.
Artigo 25.º
Valor nominal
1. Sem prejuízo do número seguinte, os depósitos bancários e outros activos de natureza
monetária que compõem o património dos fundos de pensões devem ser avaliados ao
seu valor nominal, tomando-se em consideração as respectivas características
intrínsecas.
30
2. Em alternativa à avaliação pelo valor nominal, os depósitos bancários e outros activos
de natureza monetária podem, mediante autorização do Instituto de Seguros de
Portugal, ser avaliados a justo valor, desde que esta opção de avaliação seja
devidamente justificada pela entidade gestora.
CAPÍTULO IV
Disposições transitórias e finais
Artigo 26.º
Norma revogatória
Com a entrada em vigor da presente Norma Regulamentar são revogadas as seguintes
disposições:
a) Os pontos 2 a 8 e os subpontos 14.2 e 14.5 da Norma Regulamentar n.º 8/2002-R,
de 7 de Maio;
b) Os pontos 2 a 13, 16 e 19 da Norma Regulamentar n.º 10/2002-R, de 7 de Maio;
c) Os artigos 2.º a 6.º, e os n.os 1, 2, 3 e 12 do artigo 7.º da Norma Regulamentar n.º
21/2002-R, de 28 de Novembro;
d) Os artigos 2.º a 10.º da Norma Regulamentar n.º 26/2002-R, de 21 de Dezembro.
Artigo 27.º
Remissões
As remissões feitas para as disposições e normas revogadas nos termos do artigo anterior
consideram-se correspondentemente feitas para a presente Norma Regulamentar.
Artigo 28.º
Entrada em vigor
A presente Norma Regulamentar entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
31
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PROJECTO DE REGULAMENTAÇÃO REGIME PRUDENCIAL