E5~UDO DE CASO: SER OU NXO SER un LEITOR ~UWURO.EIS
A QUES'l'XO.
E11ana Valdis LOpez
UNE5P - ASSI5
Eate trabalho tem por obJet1vo d1scut1r: a. a
va11dade da obtenQ&o de dados ut111zando-a.
somente
um Un1co metodo de pesqulsa;b. a utl11zaQao de urna
11sta de .strateg1as como param.tro para a ava11aQao
do le1tor e c ••
rotulaQao desse le1tor de "maduro"
ou "nao maduro".sellundo Hos.nf'eld (1977 e 1984).
2.0.Proced1mento.
Para • rea11za~ao da taref'a f'oram utl11zados
um gravador cassete e tres textos. 0 cr1ter10 de s~
leQao dos t~xtoa f'01 0 aegu1nte: Texto 1: "Gramat1c. e Polit1c ••••5. Possent1.1983.1n
J.W.Gerald1.org ••
o Texto na 5al. de Aula.p.154-159 - area completamente dlat1nta da do 1nf'ormante; Texto 2: "O'xadrez
nuclear: cam1nhos do d.sarmamento".Dan1el
1987.1n C1enc1a Hoje.vol.6 nl33.Julho
R. Bess.
de 1987.p.21-
24 - area de 1nteresse do 1nf'ormante;Texto 3: ••A
volt. do Leao ".1n Veja.nI993.16
p.41 - neutro.s1mplesmente
de setembro de 1907.
urn texto de atua11dade.
A escolha var1ada dos textos f'01 propos1tal.
urna vez que pretendlamos ver1f'1car se hav1a qualquer
relaQao entre a natureza do texto e 0 desempenho do
le1tor quando da le1tura do mesmo.
o 1nf'orQante e formado em engenhar1a mecan1ca
e exerce essa funQao na 6RBITA-S1stemas
Aero-Espa-
c1a1s S.A. em sio Jose dos Campos.t,tambem,profeasor
aux1l1ar na Escola de Engenharia
Jose dos Campos.Efetuou
Industrial de Sao
seus estudos de pos-Rradua-
~io em engenhar1a aeronaut1ca no Inst1tuto TecnolOa!
co de Aeronaut1ca
-ITA.
Foram efetuadas tres sessoes de le1tura/grav~
~ao.hessa sessoes ped1u-se ao lnformante que lesse
o texto em voz alta e verbalizasse
sua le1tura,1sto
e,contasse como estava lendo 0 texto e 0 que depree~
d1a dele (protocolo 1ntrospect1vo).Algumas
perguntas
foram d1r1g1das ao 1nformante nos oomentos de pausa
para que ele verbalizasse
seus pensamentos
e para
que 0 pesqu1sador pudesse obter mals 1nforma~oes
sobre 0 processo de leltura.
Apos as sessoes de protocolo lntrospect1vo,
foram fe1tas varlas sessoes de protocolo retrospectlvo,lsto e,o pesqulsador procurou evltar inferlr
sobre os dados coletados verlficando,na
possivel,se a anallse felta,atraves
lntrospectlvo,nao
medlda do
do protocolo
era unilateral,denunciando
sao do pesqulsador somente.Asslm,as
tadas,no pr1melro protocolo,forma
refutadas no segundo.Esse
a vl-
hlpoteses lev~
confirmadas ou
segundo protocolo foi ba~
tante revelador,pols permltlu verlflcar as estrategias que ja havlam sldo internallzadas pelO lnformante,alem das caracter1zadas
por Hosenfeld que re-
lac10namos a segulr: a. reten~ao do s1gnlficado do
texto enquanto leib. leitura em grandes blocos;c.
usa de fontes de informa~ao variadas:1lustra~oes,s!
nais graficos,etC.id.
.
subtitulo,etc.;e.
inferencias a partir do titulo,
-
adivinha~ao do slgnificado das pa
lavras a part1r do contextoif. aval1a~ao de suas
propr1as ad1v1nha~oes;g. ut1l1za~ao do d1c10nar10
co~o ult1mo recurso;h. ut1l1za~ao de seu conhec1me~
to de mundo na decod1f1ca~ao do slgn1f1cado;e.conce!
to pos1t1vo de sl enquanto le1tor;j. 1dent1f1ca~ao
da categor1a gr~at1cal
das palavras;k. 1dent1f1ca~ao
de cognatos;l. percep~ao de d1feren~a na ordem das
palavra ••
Os protocolos for~
anal1sados tendo por base
as estrateg1as observadas por Hosenfeld.Asslm,obt1vemos os segu1ntes resultados:
- Inferenclas a part1r do t{tulo,subt{tulo,etc.
nos tres textos,o lnformante lnlclou a leltura
pelo t{tulo,se~ao da rev1sta,t{tulo do artlgo,autor,
nota-de-rodape,un1vers1dade
de orlgem,lluatra~ao,a~
tor da llustra~ao,etc.,paaBando lmedlat~ente
ao pr!
melro paragrafo aem se referlr a nenhum dOB dadoa
ln1clals.
Tendo como base 0 protocolo lntroapectlvo,podese lnferlr que tala dado a nao funclonam como {ndlce
de predl~ao do conteudo.Maa,num segundo momento,quando
o pesqu1sador utl1lza 0 protocolo retrospectlvo,ele
obtem dados bastante reveladorea.Perguntou-se ao
lnformante se
0
t{tulo,autor,etc.eram dadoa relev~
tes,pols ele nao havla menclonado nlida~qaaQClo':Cla:.'1.ll
tura do. texto••A resposta fol:
I: Eu sempre fa~o lsao.Eu com.cel a fazer laao depol. que comecel a fazer pos-G~a4ua~io •••hoje
eu te~o urnacerta preocupa~ao de sempre aaber
Quem. 0 autor daqullo •••••
o protocolo retrospectlvo revelou que
0
lnforma~
te faz lnferenclas a partlr do titulo e autor,mas e
uma estrategla ja lnternallzada,automatlzada.Isto
flea evldente somente no protocolo retrospectlvo.
o lnformante,alem de usar seu conheclmento de
mundo,faz extrapola~oes assumlndo,algumas veze.,uma
postura critlca.
Comentarlos referentes ao texto 2:
I: Engra~ado,eles falam em ellmlnar armaa,maa nunca
se entendem,ne?Quer dlzer,contlnua tudo do meamo
jelto.
I: •••e •••desse jelto ai,nao val dar pra por nem
mals um satellte •
•••66 ml1 missels no espa~o ••• val parecer um
mexlcano com clnturao de balas •••
I: Pugwash?? Que ral0 de movlmento e esse?
A pulga que lavava?? (rlsos)
Comentarlos referentes ao texto 3:
I: t engra~ado •••a gente de 64 pra ca tambem nao
estuda cals Hlstorla neste pais,ne?.:
I: Conhe~o esse tlpo de hlstorla em alCum luear num
pais Sul-Amerlcano •••(repete 0 flm do paragrafo)
nem no bem nem no mal.(rlsos)
A leltura dos textos 2 e 3 fol bastante lnterromplda com comentarlos do lnformante.Ele utl1lza,o
tempo todo,seu conheclmento de mundo.
Quando da leltura do texto 1,0 lnformante utl1!
za seu conheclmento de mundo,mas,devldo a natureza
do texto,lsto nao Ihe fol de multa valla,como podecos observar nos exemplos a seeulr:
I: t engra~ado •••to com lingua de 11nguagec de c~
putador •••e •••P••c.I,Fortram,BasiC .•quer dizer •••
•h •••de todo jetto ternum•• intaxe la,um monte de
regrinh •• pra con.truir ••••
I: •••codtfic.dor ••• decodificadore •••• isso me lembra el.tronic ••••
lIoprotocolo retro.pectivo,perguntarnos ao info£
manta .e ele co.tum. f.z.r interencias ou procura
tr.zer
0
texto p.r •• u. re.lid.de e obtivemos a se-
guinte re.po.t.:
I: Eu .empr. tento .ssociar •••eh .•.desde que comecei
• aprender • e.tudar,conhecer 0 mundo,eu sempre
tentsi associ.r com a minha experlencla,se eu nao
tenho aquel. experlenCia,colocar aquilo como expe
riencla minha ••.A nivel,por exemplo,de um out~o dia pegar urnoutro texto e compar~com aquilo que
.u ja
Ii.
Ficou evidents qus
0
informants taz interencias
e .xtrapola~oes durante a leltura do. textos.lIo te~
to l,embora utilizando seu conhecimento de mundo,f!
c. claro que • realldade do InforQante
e
totalmente
di.tinta da realidade do texto e .1e(lntormante) nao
atinge a compreensao global do texto.Obtivemo. os
••suinte. dado. no protocolo retrospectivo:
I: •••tinha muita coisa que eu nao entendla,entao
nao da pra vocearquivar aquilo.Nao tem como voce
processar urna coisa que voce nao entende ..•.nao
um texto que eu tenho condi~oes de destrlnchar,
que eu tenho condi~oes de elocubrar em cima .•eh ••
••••te talvez .eja por tra. de••a linguagem que pra
mim • eofisticad.,.abe,uma linguagem assim nao
comum •••.~ linguagem que eu estou acostumado a uti
lizar ••••• um. linguagem especitic. de uma deter-min.d. area,ta visando uma pes.oa que tern~~a tor
ma~ao m.i. pra uma determ1nada area,eu senti lss0.
e
e
- Util1za~ao do Oic10nario e AdivlnhaQao a partIr do
contexto ••
Quando da leltura d08 tree text08,o Intor~ante
ve problemas com algumas palavras que desconhec1a.O
protocolo 1ntrospect1vo
forneceu os segu1nte. dado.:
I: .••mereceu 0 opro •.•br10 ...oprobr10? ••se1 1& 0
que
oprobr10 .•.•(cont1nua a le1tura).
e
I: •..para as calendas ••.calendas?O que e 1sso?
(cont1nua a leltura)
Podemos lnferlr.que 0 lnforoante nao usa 0 d!
clonarl0 para soluclonar duvldas,nem
tenta 1nferlr
o slgnlflcado das palavras dentro do contexto.Porem.
o protocolo retrospectlvo
revelou 0 segulnte:
I: Bem.depende da palavra •••.se eu nao conhe~o a p~
lavra.mas da pra entender 0 contexto flca por 1.
so mesmo.Agora.se eu to lendo um texto e eu naoentendo a palavra e nao entendo 0 contexto.a! eu
yOU atras de ~~ dlclonarl0.porque
as vezes uma PI
lavra pode mudar multo 0 contexto daqullo que esua
sendo dlto •
........
e
I: Aqul o.oprobrl0,ve?
dele,ta falando dele.A lde1.
de pobre dele de ter sua lmagem apagada.Nao sel 0
que quer dlzer.Sabe,poderla flcar sem •••olha ".e
receu a1nda Trotsky ter sua flgura apagada",nao:
vejo grande dlferen~a.
o protocolo retrospectlvo mostra claramente
o _
,
,
que 0 lnformante nao so usa a estrategla de adlvlnh~
~ao,mas tambem mostra que esta ja esta lnternallzada.
Porem,lsto flca ev1dente somente quando ele descreve
seu processo de leltura.
- Leltura em Rrandes blocos.
Quando da leltura dos textos,pudemos
observar
duas posturas dlstlntas: a. a leltura do texto 1 fol
pratlcamente palavra por palavra.Apresehtou
uma en
tona~ao lnadequada em varlas fases da atlvldade,nao
percebeu a pontua~ao e a reten~ao do texto fol pe~e
na. b.
0
informante efetuou a leitura dos textos 2 e
3 em grandes blocos.As pausas forao feitas de acordo
com os topicos abordados no texto.Assim.ao final de
cada paragrafo
0
informante tec~a comentarios refe-
rentes ao texto que lia.
"este trabalho conclulmos que existe leitor bem
sucedido de determlnados ~.Flcou
urna varlavel que pode determlnar
evldente que
0
sucesso ou fraca~
so da leltura e a natureza do texto.Esta varlavel d~
ve ser levada em conta antes de tecermos qualquer c£
mentarlo que tenda a deflnlr "leltor maduro" ou "Ie.!.
tor nao maduro".
Urn outro fator.de suma Importancla.e a obten~ao
de dados.A utlllza~ao dos dols tlpos de protocolo nos
proplclou uma vlsao mals abrangente das estrateglas
utlllzadas pelo leltor.pols obtlvemos os "dols lados
da moeda".Dessa forma.procuramos evltar Inferlr sobre os dados coletados verlflcando.na medlda do pos
slvel.se a anallse felta nao era unllateral.evldenclando somente a vlsao do pesqulsador.O protocolo
retrospectlvo mostrou quals estrateglas Ja havlarn
sldo Internallzadas pelo suJelto e.tambem. posslbll.!.
tou a descoberta de outras estrateglas utlllzadas
por ele.
A utlllza~ao de uma llsta de estrateglas como
parametro de classlflca~ao do leltor como "maduro"
ou "nao maduro •••••
bom ••ou "mal".nao pode ser levada
ao extremo como fator unlco de determlna~ao de leitor.Tals estrateglas devem se utlllzadas como um
instrumento facilitador do processo de intera~ao
leitor!texto e nao como instrumento de defini~ao do
leitor.
Urn texto
e
pass{vel de varias leituras.feitas
por varios leitores.Cabe.aqui.ressaltar
que essas
varias leituras sao comandadas pelo texto.(Cf.Iser.
W ••1979).Ou.se preferirmos.urn texto apresenta leit~
ras previstas.apesar
dessa previsao nao ser absoluta.
(Cf.Orlandi.E.P ••1988)
Podemos afirmar que cada leitor faz a ~
ra do texto.dentro de ~
contexto e ~
leit~
contexto do
texto.Sendo assim.qualquer ato de leitura envolve urn
mecanisme de sele~ao que
e
acionado.automaticamente.
pelo leitor ao ler.Dentre as variaveis que afetam a
eficacia da decodifica~ao
textual.destacamos:conhecl
mento de mundo e conhecimento do assunto em questao.
Logo.podemos falar em leituras poss{veis de urnmesmo
texto e de n{veis de compreensao de leitura.
5.0. BIBLIOGRAFIA.
GERALDI.J.W.1984."Pratica
de Leitura de Textos na
Escola" in Leitura:Teoria e Pratica - Revista
Semestral da Associa~ao de Leitura de Brasil.an03.
julho!84.nI03.
ISER.W.1979."A Intera~ao do Texto com 0 Leitor" in
A Literatura e 0 Leitor.L.C.Lima.org ••Paz e Terra.
HOSEfiFELD.C••1977."A Preliminary Investigation of
Reading Strategies of Successful and Nonsuccessful
Learner ••••System.5.
HOSENFELD.C ••1984."Case Studies of fl1nth Grade Readers".
In Alderson Ch. & Urquhart.A ••eds ••Read1ng 1n a
Foreign Language.
ORLANDI.E.P.,1988.Discurso
e Leitura.Cortez Ed.e Ed.daUNIC~4P.
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