UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA
Campus Universitário de Jequié/BA
Programa de Pós-Graduação
- Educação Científica e Formação de Professores -
DIÁRIO NO GOOGLE DOCS: POSSIBILIDADES DE
REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA DE ESTÁGIO CURRICULAR
ANA PAULA SILVA DE ALMEIDA
2013
1
ANA PAULA SILVA DE ALMEIDA
DIÁRIO NO GOOGLE DOCS: POSSIBILIDADES DE
REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA DE ESTÁGIO CURRICULAR
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e
Formação de Professores da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia para obtenção
do título Mestre em Ensino de Ciências e Matemática.
Orientador: Prof. Dr. Claudinei de Camargo Sant’Ana
Jequié/BA – 2013
2
Ficha Catalográfica
A444
Almeida, Ana Paula Silva de.
Diário no Google Docs: possibilidades de reflexão sobre a
prática de estágio curricular/Ana Paula Silva de Almeida.- Jequié,
UESB, 2013.
218 f: il.; 30cm. (Anexos)
Dissertação (Programa de pós-graduação Educação Científica e
Formação de Professores )-Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia, 2013. Orientador: Prof. Dr. Claudinei de Camargo
Sant’Ana.
1. Estágio supervisionado – Licenciatura em Matemática 2.
Diário no Google Docs e prática pedagógica – Estágio
supervisionado do curso de Licenciatura e Matemática 3.
Tecnologia de Informação e Comunicação – Diário de campo no
Google Docs e o estágio supervisionado do curso de Licenciatura
e Matemática I. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia II.
Título.
CDD – 570.07
3
2013
4
Dedicatória
Ao meu filho, que foi a inspiração para eu fazer o mestrado.
Ao meu marido pelo companheirismo, amor e compreensão.
À toda a minha família, de forma especial, a minha mãe pelo amor
incondicional.
À Rose, que tem sido uma grande amiga e madrinha-mãe do meu filho.
A minha enteada linda e meiga, Ana Júlia.
Ao meu pai, Antônio, e meu padrasto, Valdemar (ambos, in memoriam).
5
Agradecimentos
A minha vida sempre foi cercada de pessoas maravilhosas, verdadeiros
anjos iluminando o meu caminho. Por tudo isso, dou graças, primeiramente a
Deus, que me deu a vida e a liberdade para fazer as minhas escolhas e que
sempre me fez sentir protegida e abençoada.
À minha mãe, Neusa, pelo exemplo de mulher guerreira, honesta e pelo
companheirismo de todas as horas. Obrigada pela lição de vida!
A Wilton, esposo maravilhoso, carinhoso, que está do meu lado me
apoiando, consolando e incentivando em todos os momentos; e ao nosso lindo
filho, Igor, que me acalma com os seus abraços e me alegra com o seu sorriso
(espero que um dia compreenda a minha ausência em alguns momentos de sua
vida nesse período). É o meu maior presente de Deus!
Aos meus irmãos, de forma especial, Nina, Cau e Tonhe, pela amizade,
amor e por acreditarem em mim.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Claudinei de Camargo Sant´Ana, que me
desafiou a buscar o melhor para realização da pesquisa, com as suas
contribuições, participação, dedicação, apoio e confiança.
Aos membros da banca examinadora, Prof. Dr. Jorge Costa do
Nascimento e Prof.ª Dr.ª Patrícia Sândalo Pereira, pelas valiosas contribuições e
discussões no exame de qualificação.
A Gabriele Carneiro, amizade preciosa que fiz durante essa caminhada.
Obrigada por tudo, por dividirmos momentos difíceis, choros, alegrias,
conquistas e pelo apoio irrestrito.
Aos amigos do grupo de Estudo em Educação Matemática (GEEM) e o
grupo de Atividades Colaborativas e Cooperativas em Educação (ACCE), pelos
ricos momentos de discussão e de aprendizado compartilhados no decorrer da
pesquisa. Agradeço a cada um pelo carinho e dedicação ao trabalho em grupo.
Aos participantes da pesquisa, estagiários, regentes e escolas públicas
que contribuíram para realização da mesma. Obrigada pela colaboração e
carinho!
6
À Universidade do Estado da Bahia (UNEB), à Pró-reitoria de Pesquisa e
Ensino de Pós-Graduação (PPG) e à Gerência de Pós-Graduação, pelo auxílio da
Bolsa PAC (Programa da Capacitação).
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) que foi
parceira financeira pela bolsa de auxílio mestrado concedida.
Aos docentes e colegas do Mestrado em Educação Científica e Formação
de Professores (PPG- ECFP), pelos conhecimentos partilhados.
A todos que me ajudaram a cuidar do meu filho na minha ausência:
Rose, Liliane, Viviane, tia Célia, meus sogros Ademar e Lícia, meus cunhados
Priscila, Miquéias e Paulinha, meu lindo sobrinho Pedro, minha mãe e minha
secretária Inês.
Às amizades que fiz nessa caminhada, de forma especial: Sueli, Karine,
Adriana, Irani, Taty e Rosemeire. Obrigada pelo incentivo e apoio!
À minha avó Corina, pelo carinho e orações.
A Cristina Coelho, pelo acolhimento, paciência e amizade.
A Leinad França, secretária do PPG- ECFP, pela atenção, cordialidade e
disponibilidade com que sempre me atendeu. Obrigada pela amizade!
Aos meus colegas e à direção do campus VI da UNEB, de forma especial
aos meus alunos, que são a motivação dos meus estudos e pesquisas.
À minha colega Angelita que dividiu comigo os trabalhos da disciplina
de Estágio enquanto fazia a sua pesquisa e eu escrevia a dissertação. Obrigada
pela compreensão e colaboração!
Um agradecimento especial a Gheu Sousa Teixeira, que corrigiu a minha
dissertação dando toques preciosos na redação e coerência textual, e a Cláudia
Madalena, que corrigiu muitos artigos.
Agradeço também à compreensão de amigos e familiares, pois nesse
período intenso de estudos necessitei afastar-me, recusando convites a passeios,
viagens, aniversários, casamentos, entre outros.
Por fim, a todos que contribuíram, direta ou indiretamente, para que este
sonho se concretizasse.
7
RESUMO
Esta pesquisa foi realizada na disciplina de Estágio Supervisionado II na turma
do 7º semestre do curso de Licenciatura em Matemática na Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), campus de Vitória da Conquista, tendo
como participantes da pesquisa dois orientadores de estágio (o pesquisador e o
professor titular da disciplina), dez estagiários e oito regentes. Trata-se de um
estudo com características da pesquisa-ação, que tomou como base o ciclo da
investigação-ação, de forma sistemática e fundamentada. O objetivo principal
da pesquisa foi investigar se a inserção de um diário de campo, construído no
Google Docs, pode proporcionar ao estagiário discussões reflexivas sobre a sua
prática pedagógica durante o período de estágio, favorecendo uma maior
interação com o orientador. Como instrumentos para coleta de dados,
utilizamos o diário, a observação de aulas, memoriais, relatórios, gravações de
aulas e de reuniões, questionários e entrevistas. A base teórica da pesquisa foi a
teoria sociointeracionista de Vygotsky e estudos sobre Diários, Tecnologias da
Informação e Comunicação e Estágio Supervisionado na Formação Inicial.
Observamos que a inserção do diário como ambiente de discussão, reflexão e
interação contribui positivamente e produtivamente para análise e intervenção
na ação pedagógica do estagiário, estimulando-o a uma participação mais ativa,
criativa e a intensificar o diálogo e a construção coletiva do conhecimento.
Palavras-Chave: Estágio Supervisionado; Licenciatura em Matemática; Diário
no Google Docs; Tecnologias de Informação e Comunicação.
8
ABSTRACT
This research was conducted in the discipline of Supervised Internship II in the
class of 7th semester course in Mathematics at the State University of Southwest
Bahia ( UESB ) campus in Vitória da Conquista , with the research participants
two guiding stage ( the researcher and professor of the discipline ) ten trainees
eight regents . This is a study characteristics of action research , which was
based on the cycle of action research , a systematic and grounded . The main
objective of the research was to investigate whether the insertion of a field
journal , built in Google Docs , can provide the trainee reflective discussions
about their practice during the probationary period , favoring greater
interaction with the supervisor . As instruments for data collection , we use the
daily classroom observation , memorials , reports , recordings of lectures and
meetings , questionnaires and interviews . The theoretical basis of the research
was the theory of Vygotsky and interactionist studies on Daily, Information
Technology and Communication and Supervised Internship in Initial Training.
reflection and interaction contributes positively and productively for analysis
and intervention in pedagogical action of the trainee , encouraging them to a
more active , creative and intensify dialogue and collective construction of
knowledge.
Keywords: Supervised; Degree in Mathematics; GoogleDocs, Information
Technologyand Communication.
9
Lista de Ilustrações
Figura 1 – Investigação e o tratamento de um problema proposto por Porlan e
Martin, p. 36
Figura 2 - A estrutura das operações com signos (S - R e X), p. 39
Figura 3: Mapa conceitual da pesquisa, p.45
Figura 4 – Representação do ciclo básico da investigação-ação, p.46
Figura 5 – Diário Reflexivo para os estagiários desta pesquisa, p.49
Figura 6 - Diário Reflexivo para os estagiários desta pesquisa, p.50
Figura 7 – Cópia do email enviado por uma estagiária, p.59
Figura 8 – Postagem de um fórum do moodle criada pelo pesquisador, p.108
Figura 9- Postagem no fórum no moodle de um estagiário, p.108
Figura 10 – Postagem no fórum no moodle de um estagiário, p.109
Figura 11 - Postagem no fórum no moodle de um regente, p.109
10
Lista de Tabelas e Gráficos
Tabela 1– Relação dos alunos nas respectivas escolas que estagiaram, p.55.
Tabela 2 – Dados sociodemográficos dos estagiários, p.57
11
Lista de Abreviaturas e Siglas
ABRAPEC Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências
ACCE
Atividades Colaborativas e Cooperativas em Educação
CE
Centro de Educação
CEP
Comitês de Ética em Pesquisa
CES
Câmara de Educação Superior
CIMATEC Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia
CNE
Conselho Nacional de Educação
CNPq
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CTS
Ciência, Tecnologia, Sociedade
CONEP
Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
DF
Distrito Federal
FIEB
Federação das Indústrias do Estado da Bahia
GEPFPM
Grupo de Estudo e Pesquisa sobre Formação de Professores de
Matemática
GEEM
Grupos de Estudo em Educação Matemática
IAT
Instituto Anísio Teixeira
IEL
Instituto Euvaldo Lodi
MEC
Ministério da Educação e Cultura
WEB
World Wide Web
PCN
Parâmetros Curriculares Nacionais
PPG. ECFP Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Formação de
Professores
SENAI
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SESI
Serviço Social da Indústria
TIC
Tecnologias da Informação e Comunicação
UESB
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
UnB
Universidade de Brasília
UNEB
Universidade do Estado da Bahia
UFBA
Universidade Federal da Bahia
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
12
SUMÁRIO
Introdução-------------------------------------------------------------------------------------13
Minha trajetória e origem da pesquisa-----------------------------------------------13
O percurso da pesquisa------------------------------------------------------------------17
Apresentação da Dissertação-----------------------------------------------------------20
Capítulo 1 - Estágio supervisionado e formação inicial--------------------------22
1.1.Conceituando formação-------------------------------------------------------------22
1.2.O Processo da profissionalização-------------------------------------------------23
1.3.Estágio Supervisionado e formação inicial de professores----------------25
Capítulo 2 – Tecnologias da Informação e Comunicação------------------------31
2.1.Importância Pedagógica das TIC-------------------------------------------------31
2.2. Diário no Google Docs--------------------------------------------------------------35
2.3. Contribuições sóciointeracionista de Vygotsky------------------------------- 38
Capítulo 3 - Referencial metodológico ---------------------------------------------------43
3.1 - Mapa Conceitual----------------------------------------------------------------- 43
3.2 - Abordagem metodológica------------------------------------------------------- 45
3.3.Instrumentos----------------------------------------------------------------------------- 48
3. 4. Contexto da pesquisa--------------------------------------------------------------Erro! Indicador não definido.
3. 5. Participantes da Pesquisa--------------------------------------------------------Erro! Indicador não definido.
Capítulo 4 - Discutindo os dados------------------------------------------------------ 58
4.1.Categorias---------------------------------------------------------------------------- 58
4.1.1. Primeira Categoria - Importância das TIC na disciplina de Estágio--59
4.1.2. Segunda Categoria - O diário do Google Docs como espaço de
reflexão da prática de estágio------------------------------------------------------------- 78
4.1.3. Terceira Categoria-Interação entre orientador e estagiário-------- 100
Capítulo 5 - Considerações Finais---------------------------------------------------- 111
Referências-------------------------------------------------------------------------------11Erro! Indicador não definido.
13
INTRODUÇÃO
Minha trajetória e origem da pesquisa
O foco desta pesquisa está intrinsecamente relacionado às minhas
experiências anteriores como professora e pesquisadora. Quando fiz o curso de
Ciências com habilitação em Matemática na Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia (UESB), já dava aulas e acreditava ser essa a minha vocação, além de
estar encantada com a área da Educação e gostar muito da disciplina de
Matemática.
Assim,
optei
pela
licenciatura
para
aprimorar
meus
conhecimentos, crescer na carreira docente e poder oferecer o melhor para os
meus alunos.
No decorrer do curso, participei de vários eventos, seminários,
minicursos, cursos de extensão, oficinas, palestras, entre outros. Não consigo
conceber a universidade apenas como sala de aula, mas como uma
oportunidade para avançar na construção do conhecimento em seus três
aspectos, a saber: ensino, pesquisa e extensão.
Ainda na graduação, formamos um grupo de estudos para discutir e
aprofundar questões que envolvem a Matemática e a Educação Matemática. Foi
a partir daí que passei a me interessar e me dedicar mais a essa área. Esse
momento do grupo foi muito rico e proveitoso, pois, além do meu crescimento
profissional e pessoal, mantive contato com alguns colegas. Muitos
participantes desse grupo são hoje meus colegas na UNEB.
Em 2000, comecei um Curso de Especialização em Matemática. Assim
que o terminei, prestei concurso para a Universidade do Estado da Bahia
(UNEB) para o qual fui aprovada. A partir do segundo semestre, assumi
disciplinas na área de Educação Matemática, entre elas Estágio Supervisionado
do Ensino Fundamental e Médio, o que contribuiu fundamentalmente para
continuar minhas pesquisas na área de Educação Matemática, através das
orientações em monografias, relatórios e visitas às escolas públicas municipais e
estaduais.
14
Pensando em compartilhar discussões com professores do Ensino Básico
e graduandos sobre o processo de ensino e aprendizagem da Matemática, criei,
junto com uma colega, um projeto de extensão para ser aplicado na UNEB
(campus VI, Caetité-BA): “A Matemática e suas Conexões”, com o objetivo de
proporcionar uma troca de experiências e saberes sobre questões ligadas ao
cotidiano da sala de aula de matemática. Tudo isso por acreditar que as
abordagens da Educação Matemática merecem e necessitam de reflexões e
estudos cada vez mais intensos. No século XXI, torna-se inconcebível que a
Matemática seja tratada de forma tradicional, com conteúdos estanques,
desvinculados uns dos outros e do contexto atual em que se insere.
Assim que ingressei como docente de nível superior, cogitei a hipótese
de fazer seleção para Mestrado, mas como ainda não podia ser liberada pela
UNEB, por causa do estágio probatório1, resolvi fazer outra especialização em
“Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias”, promovida pela
Universidade de Brasília (UnB), em parceria com o Instituto Anísio Teixeira
(IAT). Dessa vez, estava muito fascinada por tecnologias e tentava compreender
a dificuldade da inserção das mesmas nas escolas da rede pública.
Paralelamente a essa especialização, trabalhava com a disciplina Estágio
Supervisionado, o que possibilitou um contato direto com as escolas estaduais e
municipais, ao acompanhar e observar estagiários, analisar memoriais e demais
trabalhos dos graduandos do curso de Licenciatura em Matemática da UNEB.
Desse modo, foi possível diagnosticar que esses discentes enfrentam diversas
dificuldades no desafio de ensinar Matemática. Além disso, não conseguem
inovar, muito menos utilizar as Tecnologias de Informação e Comunicação
(TIC), seja como auxílio na elaboração e aplicação de aulas, seja como recurso
pedagógico para o ensino e aprendizagem da Matemática. Tal fato é
contraditório, visto que esses alunos demonstram facilidade e habilidade no
manuseio dessas interfaces no cotidiano. Um fato que ocorreu em sala de aula,
acredito ser importante destacar, pois despertou ainda mais o meu interesse em
A estabilidade é um direito constitucional para quem possui cargo público efetivo (art. 41 da
CR/88) e será adquirida após três anos de efetivo exercício.
1
15
pesquisar sobre as tecnologias: durante uma aula na UNEB, um aluno me
perguntou se conhecia o EigenMath2 e Wingeom3, softwares que possibilitam
trabalhar conteúdos matemáticos (álgebra, funções e geometria). Naquele
momento, fiquei um pouco triste, pois deu aquela terrível sensação de estar
desatualizada, mesmo não sendo essa a realidade. Nunca havia trabalhado com
softwares, não conhecia a aplicabilidade e importância dos mesmos para o
ensino da Matemática. A partir daí, comprovei como alguns estudantes têm
afinidade e um bom conhecimento em relação às tecnologias, bem como era
possível aproveitar esse conhecimento e realizar um trabalho de estágio
diferenciado. De imediato, fiz a proposta para esse discente de preparar
algumas oficinas com a utilização desses softwares para os seus colegas, com o
objetivo de aplicá-los durante o estágio. Foi um sucesso. Todos aprenderam
muito com essa experiência. Esse licenciando é hoje meu colega na UNEB.
Com o intuito de aprender mais sobre essa temática, resolvi fazer outra
especialização. Dessa vez em “Formação de Professores da UNEB em EAD”,
contudo, quando estava quase concluindo, precisei interromper o curso e me
afastar da UNEB por um tempo, pois tive uma gravidez de risco e, depois,
vieram outras complicações de saúde. Quando retornei, trabalhei apenas um
semestre e, finalmente, chegou o momento de realizar o meu grande sonho, ser
liberada para cursar um Mestrado com dedicação total. Porém, fiz uma opção
errada por um Mestrado em Modelagem Computacional na Faculdade de
Tecnologia (SENAI CIMATEC), que quase me fez “perder o juízo”. Por ser um
Mestrado Multidisciplinar, com uma linha de pesquisa em Modelagem
Cognitiva voltado para Educação, pensei que atenderia a todas as áreas, mas
não foi como eu esperava. Meu projeto era em “Formação de Professores e a
Integração das TIC para o Ensino da Matemática”, mas não poderia aplicá-lo.
Sem entrar em maiores detalhes, cumpre informar apenas que cursei um ano
desse mestrado, perfazendo noventa por cento das disciplinas, mas não estava
2
Site oficial do EigenMath:
https://itunes.apple.com/us/app/eigenmath/id584939279?ls=1&mt=12
3
Site do Wingeom : http://math.exeter.edu/rparris/wingeom.html
16
feliz, uma vez que não era exatamente o que queria para o meu
desenvolvimento profissional.
Apesar de tudo, foi um período produtivo, pois escrevi alguns artigos,
participei de eventos e apresentei trabalhos. Não considero que foi um ano
perdido, pois tive um amadurecimento no que se refere à pesquisa e, de certa
forma, me preparou para o outro mestrado. Entretanto, não me desviei do foco
principal, que era a formação docente e as tecnologias.
No ano seguinte, fui aprovada no Mestrado em “Educação Científica e
Formação de Professores” (ECFP) com ênfase no Ensino de Ciências e
Matemática na UESB. Como os dois mestrados eram de áreas totalmente
diferentes, tive que cursá-lo integralmente. A pesquisa que desenvolvi nesse
Mestrado será detalhada nesta dissertação, cujo foco principal – o Estágio
Supervisionado no curso de Matemática e a inserção das tecnologias, por meio
de um diário Google Docs – corresponde a um conjunto gratuito de aplicativos
(como processador de textos, entre outros) e funciona totalmente online,
permitindo que seus usuários criem e editem documentos ao mesmo tempo.
Traçar a síntese da minha trajetória tem como objetivo mostrar como a
escolha da pesquisa está relacionada à minha experiência docente e às escolhas
pessoais, como uma linha do tempo. Vale destacar que são fatores importantes
para a pesquisa a afinidade do autor com o tema, um conhecimento sobre o que
será pesquisado e, da mesma forma, que a pesquisa sirva para dar continuidade
à sua carreira. A escolha do tema não pode ser imposição alheia, ela deve, pois,
ser fruto do desejo do pesquisador, construído por ele mesmo e em diálogo com
o orientador. Da experiência antecedente, dos saberes anteriores vistos como
insuficientes e limitantes, nasce o desejo de aprofundar mais e conhecer melhor
(MARQUES, 2006).
O percurso da pesquisa
Durante seis anos trabalhando com a disciplina Estágio Supervisionado
no curso de Licenciatura em Matemática na UNEB, Campus VI, acompanhando
e colaborando no planejamento dos discentes, identifiquei que os estagiários
17
vivenciam situações complexas no processo de ensino da disciplina Matemática,
que estão relacionadas com a articulação entre teoria e prática. Trabalhos como
os de Pinto (1997), Cury (2003) e França (2006) mostram que é nesse contexto –
quando se defronta com a realidade da escola, quando assume uma turma –
que aparecem as verdadeiras dificuldades, obstáculos reais, concretos, que o
estagiário precisa superar. Diante dessa situação, dentro da sala de aula, “os
professores principiantes têm uma aprendizagem intensiva e devem adquirir
conhecimento profissional além de conseguir manter um equilíbrio pessoal”
(GARCIA, 1998, p. 17).
Também como orientadora de estágio, em contato direto com as escolas,
fazendo reuniões com regentes e visitas aos estagiários para as observações de
aulas, constatei que muitos dos recursos tecnológicos disponibilizados
(computador, data show, retroprojetor, entre outros) não eram utilizados nem
pelos regentes, tampouco pelos estagiários, ficando esse material em desuso,
segundo declaração dos próprios regentes. Nesse sentido, dois aspectos
importantes devem ser considerados: (a) o regente tem a expectativa de que o
estagiário trará novidades pedagógicas, adotará metodologias diferenciadas,
pois a ideia que se tem nas instituições de ensino visitadas é que o estagiário
sempre procura inovar; (b) esse, por sua vez, apresenta dificuldades em inovar
e acaba por conservar uma metodologia tradicional, focada apenas nas aulas
expositivas que, no caso das observadas, na maior parte das vezes, basicamente
tinham como recursos quadro, pincel e lista de exercícios.
Como docente, também tomei como minha a responsabilidade de
pesquisar as dificuldades enfrentadas pelos licenciandos em busca de
alternativas que contribuam de forma mais efetiva na sua formação. A minha
intenção inicial era integrar as TIC na formação dos professores. Em contato
com o meu orientador, nas reuniões de orientação e na participação nos grupos
de Estudo em Educação Matemática (GEEM) e Atividades Colaborativas e
Cooperativas em Educação (ACCE), as ideias foram amadurecendo, através de
ricos momentos de discussão, estudos, contribuições críticas dos participantes e
troca de experiências.
18
Daí, percebe-se que uma pesquisa não acontece sozinha, de forma
isolada; é uma construção partilhada. Assim, dessas discussões, surgiu a
proposta de trabalhar com o diário no online, na disciplina de Estágio
Supervisionado, por ser uma interface que favorece o diálogo e cria uma
proximidade maior com o estagiário, além de permitir a reflexão de várias
questões da sua formação e da ação pedagógica durante o estágio. Vale
salientar que o professor Claudinei Sant’Ana, orientador da presente pesquisa e
também professor de Estágio Supervisionado no curso de Matemática (UESB),
já vinha desenvolvendo trabalhos com essa ferramenta em suas disciplinas.
Questões como as que propomos neste trabalho, relacionadas às
dificuldades apresentadas pelos estagiários, são também discutidas nas
pesquisas de Rocha (2005), Fiorentini e Nacarato (2005) e Gama (2001). Elas
mostram que esse momento de transição de discente a docente é tenso, repleto
de dilemas e incertezas. Nesse sentido, o processo de formação inicial dos
licenciandos em Matemática pode ser discutido e orientado para uma visão
ampliada do processo de ensino, com vistas a formar um educador autônomo,
que reflita sobre o seu fazer pedagógico, numa relação dialógica 4 que, de acordo
com as teorias de Vygotsky (1989) e Freire (1992), é o caminho para a construção
do conhecimento.
Os debates em formação inicial de professores mostram a necessidade de
uma mudança na concepção curricular dos cursos de licenciatura, que rompa
com o modelo ainda predominante nas universidades, qual seja: uma rígida
preocupação com as disciplinas de conhecimento específico da área, deixando
para o final do curso as disciplinas de cunho pedagógico. Esse modelo de
ensino é um dos principais obstáculos à melhoria da atividade docente
(LÜDKE, 2009). Nesse sentido, os cursos superiores de licenciatura em
Matemática colaboram para manter a distância entre o discurso científico e o
discurso pedagógico.
Na visão dialógica de Vygosky, o conhecimento e o significado são construídos socialmente,
isto é, na interação com o outro (VILAÇA, 2004). Para Freire (1980), essa relação se consolida na
práxis social transformadora.
4
19
Essas questões vêm sendo debatidas há muito tempo, principalmente
entre os professores que trabalham com disciplinas pedagógicas e têm
experiência com o Ensino Básico. No entanto, o quadro docente dos cursos de
licenciatura é formado também por professores que nunca deram aula na
educação básica e, talvez por isso, muitas vezes acham que o ensino é menos
importante que os cálculos. Um dos obstáculos é a organização dos cursos em
disciplinas nas quais um grupo se preocupa com a formação do conhecimento
específico e outro com o conhecimento pedagógico, sem que haja uma
articulação entre essas áreas de conhecimento (OLIVEIRA, 2005, p. 6).
Os cursos de licenciatura, os quais devem formar professores,
instrumentalizando-os com os conhecimentos técnicos necessários e com
didática e metodologia adequadas para exercerem seu papel social de
educadores no Ensino Básico, parecem não dar conta do seu propósito. Essa
responsabilidade de desenvolver no futuro docente competências e habilidades
para a atuação é explicitada no Parecer CNE/CP 28/2001 do Conselho Nacional
de Educação (BRASIL, 2001). Todavia, ao se depararem com o momento de
clímax do curso, que é o estágio, os estudantes se revelam ainda despreparados,
inseguros e ansiosos quanto à tarefa de estar à frente de uma turma.
Diante do exposto, ressaltamos a importância de formar professores que
sejam capazes de participar ativamente da vida escolar, de reinventar, de
refletir e investigar tudo aquilo que envolve a Educação. Formar sujeitos que
avancem nos conhecimentos teóricos, práticos e científicos requer uma
estrutura de ensino superior que se entenda como processo de construção de
conhecimento por meio de reflexão, análise e problematização de situações, que
levem em consideração não somente as teorias, mas também o conhecimento
tácito5, presente nas soluções que os profissionais encontram em ato (LIMA;
PIMENTA, 2004).
O “conhecimento tácito” para Polanyi se consolida através das nossas experiências de vida, é
intuitivo e experimental, que na visão de Schön é a valorização da ação profissional como
momento de construção de conhecimento, por meio de reflexão (SCHÖN, 1997; LIMA e
PIMENTA, 2004).
5
20
Diante desse horizonte de busca por um redimensionamento da prática
pedagógica, buscamos na teoria sociointeracionista de Vygotsky a base para a
constituição de uma relação dialógica. Para tanto, adotamos, como metodologia
de trabalho, a proposta de construção de um diário online pelo discente em
etapa de estágio supervisionado. Passa por essa proposta a criação, com a
mediação do pesquisador responsável, de um espaço de discussão e reflexão
para e com o estagiário. Desse modo, nos propusemos a desenvolver essa
pesquisa com base no seguinte questionamento: De que maneira a utilização de
um diário de campo construído no Docs, na disciplina de Estágio
Supervisionado, possibilita ao estagiário analisar, refletir e reinventar a sua ação
docente em interação com o orientador de estágio, com colegas e regentes?
Temos como objetivo central investigar como a inserção de um diário
construído no Google Docs e utilizado como recurso formativo para os
estagiários pode proporcionar discussões reflexivas sobre o estágio curricular,
de modo que favoreça uma maior interação entre estagiário e orientador.
Para este trabalho, optamos por uma abordagem qualitativa, seguindo as
fases do ciclo da investigação-ação, com a pretensão de alcançar os objetivos
específicos abaixo:

Discutir quais as contribuições da utilização de um diário online
na disciplina de Estágio Supervisionado para análise e reflexão sobre a prática
docente.

Analisar como os discentes organizam suas ações no período de
estágio e interagem com outros atores, com base na troca de experiências e
saberes sobre questões ligadas ao cotidiano da sala de aula de Matemática,
tendo o diário como meio para tal.

Refletir se o diário pode ser recurso tecnológico de avaliação da
ação pedagógica e melhoria do trabalho docente.

Ampliar as possibilidades de comunicação
disciplina de Estágio Supervisionado.
assíncrona
na
21
Apresentação da dissertação
Quanto à estrutura, organizamos a dissertação em quatro capítulos,
considerações finais, referências e anexos.
Apresentamos, no Capítulo I, uma revisão da literatura sobre a formação
inicial de professores e o estágio supervisionado, com o propósito de identificar
como se dá a relação entre a teoria vista na graduação e a ação pedagógica no
estágio.
No Capítulo II, mostramos a importância das tecnologias de informação
e comunicação como recurso pedagógico no ensino superior, tendo como
exemplo a construção do diário no Google Docs, utilizado como ambiente
virtual de discussão, reflexão e interação. Destacamos as suas contribuições
como uma ferramenta que possibilita uma maior abertura ao diálogo, maior
integração da turma, além de estimular e motivar o discente numa participação
mais ativa e significativa.
No Capítulo III, procuramos elucidar como se deu a escolha da
metodologia (com característica da pesquisa-ação), o problema, bem como a
questão principal, os objetivos, os instrumentos para coleta e análise dos dados,
o contexto e os participantes. Abordamos cada um desses itens detalhadamente
para uma melhor compreensão do foco da pesquisa.
No Capítulo IV, apresentamos a análise dos dados da pesquisa,
buscando dialogar com os teóricos para encontrar os significados dos textos
produzidos pelos estagiários na escrita do diário no Docs, dos memoriais,
relatórios, gravações, questionários e todo material coletado durante o estudo.
Por conseguinte, trata-se de buscar responder a questão da pesquisa e os
objetivos, analisando as contribuições que um recurso tecnológico, como o
diário construído na internet, trouxeram para o estagiário no seu percurso
durante a realização da disciplina Estágio Supervisionado.
Por fim, nas Considerações finais, as principais conclusões a que
chegamos por meio da pesquisa.
22
CAPÍTULO 1
ESTÁGIO SUPERVISIONADO E FORMAÇÃO INICIAL
1.1.
Conceituando formação
Estudos como o de Alves e Garcia (2006), Pimenta (1996) e Silva (2009)
mostram como pesquisas sobre a formação docente ganharam força, a partir de
1990, assim como foram surgindo novos termos e conceitos referentes à sua
formação e seu trabalho (professor reflexivo, prática reflexiva, professorpesquisador, saberes docentes, conhecimentos, habilidades e competências). As
teorias de Donald Schön sobre professor e prática reflexiva repercutiram no
Brasil, a partir de 1992, com a publicação do livro Os professores e sua formação,
organizada pelo pesquisador português António Nóvoa (SANTOS, 2008).
A concepção de “formação” de professores, se tomada isoladamente,
pode conduzir ao erro. Para muitos, o cidadão se torna “profissional” após
receber seu diploma universitário. Sob esse ponto de vista, a concessão do
diploma possibilita ao indivíduo exercer o magistério do ensino básico por
diversos anos seguidos, sem a necessidade de outros estudos, pois ele já é
formado (PAULA; PAVANELLO, 2009).
Contrariando o senso comum, as pesquisas de Ponte (1998 e 2002);
Nóvoa (1999); Melo (2000); Tardif (2000); Fiorentini e Castro (2003); Cyrino
(2006); Nacarato (2009); Zeichner e Flessner (2009) mostram a formação docente
como um movimento contínuo, que ocorre ao longo da vida. Abordando a
importância da pesquisa e investigação do fazer pedagógico. É também “[...]
um processo complexo de apropriação crítica e criativa de elementos científicos,
culturais e técnicos” (PACHECO, 2006, p. 24). Isso significa levar em
consideração aspectos dos contextos sociais, educacionais, políticos, culturais e
científicos, buscando, assim, a diversidade por meio da experiência.
23
Entre as diversas concepções de formação, também é possível encontrar
aquela segundo a qual “pensar o conceito é pensar o professor como ser de
relação, explicitar os conceitos que o formam e que o formaram na História, as
raízes e os pressupostos” (ROSITO, 2008, p. 12). Assim, a formação de
professores não se limita à apropriação do conhecimento no espaço acadêmico,
mas é uma construção que se faz em todo o percurso da vida e compõe a
história do próprio sujeito. Podemos acrescentar a capacidade desses de
estudarem a maneira como ensinam e de procurarem melhorar com o tempo,
responsabilizando-se pelo seu próprio desenvolvimento (ZEICHNER, 1993). De
fato, refletir sobre a própria ação – de forma consciente, responsável e realista –
é entrar em uma etapa de autoconhecimento e redimensionamento de si
mesmo.
Obviamente, o processo autoformativo é resultado do compromisso do
indivíduo com seu desenvolvimento pessoal e intelectual. A formação do
professor está diretamente relacionada à sua motivação, ao seu envolvimento e
à forma como ele encara e “significa”, isto é, como processa os conteúdos que
lhe são fornecidos. O que for significativo, importante, será bem melhor
utilizado (CUNHA, 2005).
1.2-O Processo da profissionalização
A formação inicial corresponde a um período de estudos que envolve o
aprendizado de conhecimentos teóricos e pedagógicos que dão sustentabilidade
ao exercício docente. Trata-se de uma ampla estratégia de profissionalização,
indispensável para implementar uma política de melhoria da educação básica
(MELO, 2000). Porém, esse é apenas o começo, pois o educador deverá estar em
constante aprimoramento, num processo de crescimento permanente, que
acontece ao longo da experiência em sala de aula (MEDEIROS, 2010).
O estudo teórico, desvinculado da preparação para a docência
propriamente dita, gera problemas para os iniciantes, tais como medo,
insegurança e angústia no momento de assumir uma sala de aula
24
(GONÇALVES, 2000). Para dirimir esses problemas, seria necessário que os
cursos de licenciatura proporcionassem aos graduandos experiências e
oportunidades para conhecerem o trabalho no interior da escola e os sujeitos
que a compõem.
Nesse contexto Nogueira e Pereira (2012, p. 6) consideram que “a prática
como componente curricular é que deve levar o aluno a conhecer a realidade
escolar, ou seja, a fazer uma aproximação da Universidade com a escola em que
irá atuar futuramente”.
Assim graduado, refletindo sobre a ação, o novo mestre poderia ser
capaz de ousar e criar ambientes inovadores dentro das escolas, como também
poderia agir de modo eficaz no processo de ensino e de aprendizagem voltado
para construção de cidadãos éticos, com competências e habilidades no que se
propõem a fazer (PIMENTA; GHEDIN, 2002).
Nessa integração universidade e escola, como contribuição para a
formação inicial, destacamos a experiência do regente, conhecedor da realidade
da escola e da sala de aula, o que possibilita uma troca de saberes significativos
com os estagiários. Embora seja imprescindível e fundamental o período do
estágio, outras atividades deveriam ser previstas pelos cursos de graduação
para garantir aos licenciandos um contato efetivo com o cotidiano escolar antes
do período de estágio. Zeichner (2000, p. 14) afirma que, para a preparação
docente numa perspectiva crítica e reflexiva, é necessária:
Uma conexão estreita entre a formação na universidade com as
escolas e as comunidades. Não deve haver atividades
acadêmicas isoladas, em que as pessoas somente vão para as
universidades e assistem aulas sobre mudança social. É preciso
estudar as coisas em contexto. [...] Para isso, os formadores
devem sair da universidade e passar mais tempo nas escolas, as
quais precisam estar conectadas com a comunidade.
O contato da universidade com as escolas deveria possibilitar ao
licenciando uma participação mais ativa no contexto escolar, por meio de
projetos, de atividades didáticas, de troca de experiências entre todos os
envolvidos na formação do docente. Para o estagiário, estar presente em
situações do cotidiano escolar poderia contribuir qualitativamente para seu
25
desenvolvimento profissional. Em contrapartida, a presença da universidade
dentro da escola ajudaria os regentes a se manterem em constante discussão e
reflexão sobre o seu trabalho, isto é, num processo continuado de formação.
O licenciando precisa viver a escola em toda a sua amplitude, agora, não
mais como discente, mas sim direcionando seu olhar como docente para que
possa compreender e situar-se nesse contexto educativo. Assim, ao refletir,
discutir e estar atento a todas as questões que envolvem a educação, forma-se
um educador competente e comprometido eticamente com a sua profissão
(FRANÇA, 2006).
1.3. Estágio Supervisionado e formação inicial de professores
É comum ouvir estagiários lamentando que o curso de licenciatura não
prepara para o exercício da docência. Também é comum perceber as suas
dificuldades de planejar, de relacionar os conhecimentos adquiridos durante a
graduação com o planejamento pedagógico. O ideal é a unidade entre os
conhecimentos teóricos e práticos para que ocorra a práxis, conceituada como a
prática que é transformada por meio da reflexão (PEREIRA; ANDRADE;
CARVALHO, 2008).
Para a maioria dos graduandos que participaram desta pesquisa, o curso
de licenciatura em Matemática mais parece um bacharelado, pois as disciplinas
são trabalhadas de forma fragmentada, como se fossem dois cursos em um só.
Em outras palavras, não existe uma relação clara entre as disciplinas de
conhecimento específico e as pedagógicas, assim como não há uma
preocupação com a realidade que os estagiários enfrentarão em sala de aula.
A realidade vivenciada na formação docente é contrária à exigência que
se faz no exercício do magistério no ensino básico (MELO, 2000). Exige-se que o
licenciando desenvolva, junto aos seus alunos, a capacidade de relacionar a
teoria com a prática. No entanto, essa exigência somente é plausível se, em sua
formação, ele adquiriu conhecimentos específicos de forma contextualizada, ou
seja, se em seu processo de formação ele se tornou capaz de promover uma
26
construção permanente de significados desses conhecimentos com referência à
sua aplicação e sua pertinência em situações reais.
Desse modo, percebe-se que, em contato com a sala de aula, alguns
estagiários acabam por repetir metodologias conservadoras, muitas vezes por
eles criticadas – como, por exemplo, a explicação de conteúdos de forma
descontextualizada, com uma linguagem abstrata, supervalorizando regras,
processos de memorização, etc. Nesse contexto, não basta deter o conhecimento
para saber transmiti-lo a alguém, é preciso ser capaz de reorganizá-lo, ser capaz
de reelaborá-lo e saber fazer a transposição didática para a sala de aula
(NÓVOA, 1999).
Em seu estudo sobre a aprendizagem docente por meio de experiências
com formação, Hernández (1998) sinaliza alguns entraves para o aprendizado
significativo de professores, entre os quais: concepção essencialmente técnica do
fazer pedagógico, busca pela funcionalidade estreita do conhecimento,
generalização das ações pedagógicas, desinteresse pelos mecanismos e
processos de aprendizagem das crianças e adolescentes.
A dicotomia entre teoria e prática gera uma falta de definição quanto à
base epistemológica que orienta o licenciando no campo da educação ou na sua
área específica de conhecimento. Essa dicotomia também está presente no
Estágio Curricular Supervisionado, período nas licenciaturas em que o
graduando tem a oportunidade de aplicar seus conhecimentos e habilidades.
Além disso, ele dá mais um passo na construção da sua identidade docente,
pois se encontra em “[...] um momento privilegiado no desenvolvimento das
habilidades voltadas para a fundamentação, diálogo e intervenção na
realidade” (LIMA; PIMENTA, 2004, p. 25).
Pela Resolução n.º 98/2004 do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e
Extensão (CONSEPE) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB),
o Estágio é a ação pedagógica desenvolvida obrigatoriamente na modalidade
de projeto de ensino e, facultativamente, nas modalidades de pesquisa e
extensão, em instituições de educação básica, preferencialmente públicas, e
outros espaços educativos, em conformidade com o projeto pedagógico do
27
curso. No artigo 4º da supracitada Resolução, fica claro que “O Estágio
Supervisionado dos Cursos de Licenciatura será desenvolvido em práticas
docentes e terá um mínimo de 400 horas”, sendo obrigatório o cumprimento de
no mínimo 200 horas de Estágio Supervisionado na modalidade de ensino, que
envolve as etapas de observação, co-participação e regência. A análise dessa
normatização denota a importância atribuída ao estágio e suas etapas, as quais
devem
envolver
“comportamentos
de
observação,
reflexão
crítica,
reorganização das ações, características próximas à postura de um pesquisador,
investigador, capaz de refletir e reorientar sua própria ação, quando necessário”
(KENSKI, 1991, p. 11).
Podemos perceber que cada curso de licenciatura prevê uma carga
horária significativa para atividades de ensino. Mesmo assim, o licenciando
chega ao final do curso se sentindo despreparado para o trabalho docente. Esse
descompasso leva à necessidade de se discutir, entre outras questões, como as
disciplinas pedagógicas do ensino vêm sendo trabalhadas. Estudos como os de
Almeida (1994), Freitas (1996), Perdigão e Mello (1995), Piconez (1994), Pimenta
(1994) sinalizam que atividades de ensino deverão estar presentes desde o
primeiro dia de aula do curso superior de formação docente. Assim, desde o
início do curso, é preciso que haja uma aproximação do contexto escolar e um
esforço, por parte do corpo de professores da universidade, no sentido de
superar o tecnicismo e garantir a articulação entre o que se estuda na
universidade e o que se ensina nas escolas (FRANÇA, 2006).
Como o foco do curso é a docência, cada conteúdo estudado precisa estar
permanentemente relacionado ao seu ensino na educação básica (MELO, 2000).
É esse processo de transposição didática que parece faltar nos cursos
licenciatura. Por isso, o contato do licenciando com a realidade profissional –
que deveria ser altamente motivador para a sua aprendizagem, pois ajuda a dar
significado para as teorias e os conceitos que ele deve aprender e integrar
(MASETTO, 2009, p. 148) – acaba sendo marcado como um momento de
angústia, medo e até desejo de se encaminhar para outra área de atuação, como
se verá adiante neste trabalho. Esses problemas devem ser pauta de reflexão
28
constante nas pesquisas sobre a área de educação, uma vez que permeiam a
formação do professor. Embora essa discussão deva perpassar todo o curso,
consideramos o Estágio Supervisionado um momento privilegiado para que ela
se dê de forma mais consistente.
O Estágio é uma atividade curricular importante no desenvolvimento da
profissão docente. Trata-se de um período em que o estagiário precisa articular
uma série de saberes e, a partir deles, repensar o processo de aprender e
ensinar, que se estabelece no contexto da sala de aula. Sua função é também
possibilitar que os licenciandos compreendam a complexidade das atividades
escolares e das relações que aí se estabelecem (LIMA; PIMENTA, 2004).
Considerando que cada indivíduo está
inserido
num
contexto
sociocultural e histórico, entendemos que o saber docente é múltiplo,
entrecortado pela história, pela cultura, pelas relações interpessoais. É, por
conseguinte, um saber constituído por uma complexa rede de relações, que
parte do saber de base empírica, que parte da vivência, praticando o fazer
pedagógico desenvolvido pelo professor. Tais saberes se integram com as bases
epistemológicas da ciência, as ciências da educação, as disciplinas e a estrutura
curricular (FIORENTINI e SADER, 1999).
Corroborando com o conceito dado por Fiorentini e Sader (1999), Tardif
(2002) destaca a experiência de vida e a identidade do docente como fatores que
agregam valor ao saber. O saber docente advém de um esforço pessoal, de um
trabalho livre e criativo, do processo de construção de uma identidade, que é
também uma identidade profissional, originada a partir da vocação e da
experiência. Nessa busca, o professor assume-se como ser social e histórico, que
constrói essencialmente relações com os educandos e o grupo que atua na
escola. Esse também é o pensamento de Pardal et al (2011, p. 429) quando
abordam que “na articulação entre trabalho e identidade, estão delineados
alguns dos seus elementos mais característicos: uma ideologia, uma memória
coletiva, uma consensualidade, uma estabilidade e uma coerência”.
Nas licenciaturas em Matemática, os discentes passam um longo período
estudando disciplinas específicas de Matemática sem nenhuma conexão com os
29
conteúdos com os quais irão trabalhar no ensino básico. Mesmo percebendo
essa lacuna, quando chegam às disciplinas de cunho pedagógico, muitos
acreditam perder tempo e não conseguem conceber a importância da
articulação entre teoria e prática, nem mesmo da reflexão acerca de temas
voltados para a educação. É essa separação que persiste nos cursos de
licenciatura em Matemática, entre a formação pedagógica e a específica, ainda
característica do ensino chamada de “configuração 3+1”, denominação que
advém dos anos de 1957 (MOREIRA; DAVID, 2005; PASSERINI, 2007;
ANTUNES, OLIVEIRA, SILVA, 2007; SANT’ANA, 2008; SILVA et. al., 2008).
Trabalhos como os de Zeichner (1993), Pimenta (2002), Fiorentini e
Castro (2003), Jaramillo (2003) e Fiorentini (2004) objetivam mostrar que os
estágios, quando trabalhados de forma reflexiva, são fortemente contributivos
para o amadurecimento profissional. Isso porque, assim trabalhado, o estágio
contribui para a construção de uma postura questionadora, problematizadora e
investigativa sobre a própria ação, sobre as ideias e concepções pessoais e sobre
a ação educativa em geral (FIORENTINI, 2004). Para formar um sujeito
reflexivo, portanto, é preciso garantir que ele participe ativamente da vida
escolar e, com isso, investigue e reinvente os modos de atuação na escola.
Obviamente existem outras possibilidades de desenvolvimento de cursos
de licenciatura, como, por exemplo, o que foi concebido e implementado na
Universidade de Brasília (UnB), a partir de 1993. Trata-se de uma Licenciatura
diferente do tradicional modelo de currículo, que nada mais é do que um
apêndice do Bacharelado. Na proposta,
O currículo tem como princípio a identidade na formação do
licenciando; a formação técnico-pedagógica que é concretizada
em um conjunto de disciplinas de responsabilidade dos
docentes da área de Ensino, na qual se vincula conteúdo à
discussão metodológica, buscando incorporar a reflexão sobre a
ação pedagógica (SANTOS et al, 2006, p. 7).
Em outra pesquisa sobre formação de professores Fiorentini et al (2002)
verificaram que os principais problemas detectados continuam presentes nos
programas recentes de Licenciatura em Matemática, que são:
30
desarticulação entre teoria e prática, entre formação específica e
pedagógica e entre formação e realidade escolar; menor
prestígio da licenciatura em relação ao bacharelado; ausência de
estudos histórico-filosóficos e epistemológicos do saber
matemático; predominância de uma abordagem técnico-formal
das disciplinas específicas; falta de formação teórico-prática em
Educação Matemática dos formadores (FIORENTINI et al, 2002,
p. 154).
Não raro, nas Licenciaturas em Matemática, nos diversos componentes
curriculares, os formadores trabalham de forma descontextualizada, mantendo
distância daquilo com que se trabalha nas escolas. Em todas as pesquisas aqui
abordadas, percebe-se uma recorrência dos problemas que envolvem o curso de
licenciatura, como o “confronto típico entre disciplinas de conteúdos específicos
e conteúdos pedagógicos; da clássica falta de definição adequada entre
formação teórica e prática, entre outros” (LÜDKE; CRUZ, 2005, p. 92).
Mesmo diante de tantas pesquisas na área de Educação Matemática com
foco na Formação docente e na Ação Pedagógica, pouco se avançou em termos
de modificação na estrutura de ensino superior. Ainda é preciso que os cursos
de licenciatura superem a visão reducionista e possibilitem aos futuros
professores
curriculares.
condições
para
promoverem
transformações
e
inovações
31
CAPÍTULO 2
TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
2.1 - Importância Pedagógica das TIC
As tecnologias da informação e comunicação (TIC) trouxeram profundas
mudanças na sociedade contemporânea, introduzindo uma nova forma de
organização social, a sociedade em rede. Esse novo momento, denominado por
Castells (2000) como era da informação, causa grande impacto na vida das
pessoas, pois alterou as relações sociais, políticas e econômicas, impulsionadas
por uma expansão permanente de computadores e softwares, aplicações de
comunicação que prometem melhorar os resultados na economia, provocar
novos estímulos culturais e incentivar o aperfeiçoamento pessoal (BRANCO,
2005).
Sendo a educação um fator de promoção do indivíduo na sociedade, ela
não pode ficar alheia a essa realidade. Nossos estudantes convivem diariamente
com as TIC em espaços que não são meios formais de aprendizagem. Fugir ou
competir com os meios de comunicação é uma postura pouco produtiva, tendo
em vista que os estudantes não vão deixar de receber conteúdos dos meios e
aprender com eles, além de eles quererem participar da produção desses meios.
Curiosamente, os jovens utilizam computador e internet com entusiasmo, mas
demonstram desinteresse pelo saber institucionalizado veiculado na escola. O
que pretendemos, nesta discussão, é mostrar que o uso dessas mídias pode
ativar situações de aprendizagem mais positivas e, portanto, mais afins com os
interesses dos estudantes.
Cada vez mais, os jovens aprendem a se relacionar de uma forma
interativa com as mídias (AMORA, 2008). Com a inserção das TIC nas escolas,
cria-se a possibilidade de se alterar também o perfil do discente e do professor,
ou seja, torna-se possível desenvolver um trabalho colaborativo, incentivando a
criatividade, a autoria, a autonomia e a troca. Assim, as TIC podem colaborar
32
na formação de indivíduos que “partilhem objetivos comuns e interajam para
tomar decisões, levantem hipóteses, resolvam problemas, discutam temáticas,
troquem experiências e construam conhecimentos a partir da interação com os
colegas e as informações” (RAMOS, 2011, p. 49).
A web 1.0 foi a primeira geração da internet que possibilitou o acesso ao
conhecimento e às informações num ritmo acelerado, sendo considerada um
grande avanço tecnológico. Contudo, com a criação da web 2.0, tivemos uma
nova configuração, uma revolução quanto à produção global do conhecimento
(COUTINHO; BOTTENTUIT JUNIOR, 2009). Os utilizadores passaram de
meros espectadores a produtores de conteúdos, ou seja, passaram a participar
diretamente do processo de criação e difusão de novas informações (BARROSO;
COUTINHO, 2009), as quais publicam de modo livre, gratuito e democrático na
rede.
É de extrema importância que os educadores estejam a par das
discussões, pesquisas e experiências na área, como mostram os estudos de
Moran (2007), Valente (2008), Ponte (2000), Maltempi (2005). Esses autores
trazem contribuições significativas sobre a inserção das TIC para o ensino,
estabelecendo relações de cooperação, diálogo, “trocas e desafios que envolvam
e motivem os estudantes para a participação e a expressão de suas opiniões”
(KENSKI, 2008, p. 13).
A tecnologia é uma maneira de inovar ou mudar a forma de se trabalhar
na sala de aula, e a internet tem grande importância nisso (ALMEIDA et al,
2011), pois estabelece e proporciona outras relações, novas situações e, com isso,
cria novas maneiras de se aprender, além de possibilitar uma variedade de
formas de interação entre os docentes e os estagiários (PONTES, 2000). Atitudes
assim podem ser incorporadas em qualquer série, afinal,
Os ambientes digitais oferecem novos espaços e tempos de
interação com a informação e de comunicação entre os mestres
e aprendizes. Ambientes virtuais de ensino onde se situam
formas desgrudadas da geometria aprisionada de tempo,
espaço e relações hierarquizadas de saber existentes nas
estruturas escolares tradicionais (KENSKI, 2008, p. 11).
33
Sendo assim, é de suma importância a inclusão das TIC nas escolas e
universidades, a partir do desenvolvimento de métodos mais participativos,
que tenham o professor como “estimulador, coordenador e parceiro no
processo de ensino e aprendizagem e não um mero transmissor de
conhecimento fragmentado em disciplinas” (LEITE, 2008, p. 72). Isso se torna
ainda mais relevante nos cursos de licenciatura, os quais têm como foco
principal a formação inicial docente que terão contato direto com essa geração
digital.
Os jovens manuseiam os recursos tecnológicos com facilidade,
principalmente no que se refere à comunicação em redes sociais, nas quais eles,
inclusive, dão início e cultivam relacionamentos. O entretenimento é outro
elemento de atração para os jovens utilizarem as tecnologias (os jogos online
são um bom exemplo). Nessa perspectiva, estamos circunscritos numa era
assinalada pela hegemonia dos meios de comunicação de massa e disseminação
imediata da informação em todas as partes do planeta. A revolução eletrônica
parece abrir as janelas da história a uma nova forma de configuração do espaço
e do tempo, das relações econômicas, sociais, políticas (PÉREZ-GOMÉZ, 2001).
As possibilidades de aprendizagem no ambiente digital envolvem
estudantes e professores de forma colaborativa e participativa (SILVA, 2000a).
Nesse cenário, o docente é um ator fundamental, pois deve proporcionar
situações de interação do estudante com o meio digital. Por seu turno, o
estudante assume maior responsabilidade na condução de seu próprio processo
educacional (KENSKI, 2001, p. 232).
Os professores são cada vez mais convidados a utilizarem a internet nas
suas aulas, através de interfaces diversas, como sites, blogs, softwares, entre
outros, principalmente aquelas que originam a comunicação, interação e o
compartilhamento de informações (BARROSO; COUTINHO, 2009, p. 2). É
possível construir redes sociais a distância em que várias pessoas interagem,
síncrona (em tempo real) e assincronamente (em tempos diferentes).
Entretanto, não basta abastecer as escolas com recursos tecnológicos,
uma vez que é preciso que ocorram “mudanças nos cursos de formação
34
docente, abertura permanente ao novo; visão crítica na seleção das informações;
sintonia com os desafios de cada momento” (RAMAL, 2003). O uso de recursos
tecnológicos exige, em primeiro lugar, o entendimento dos benefícios e das
limitações de interfaces específicas, as quais podem ser aplicadas em atividades
de aprendizagem. Tais interfaces devem propiciar aos discentes a aquisição de
autonomia em relação às suas próprias aprendizagens, a condução dos seus
tempos de estudo e o uso de processos cooperativos de aprendizagem, no qual
se valorize o diálogo e a participação permanente de todos os envolvidos no
processo (KENSKI, 2005).
Se as tecnologias forem apropriadamente utilizadas, a sala de aula deixa
de ser um ambiente rigorosamente ordenado e se transforma num ambiente
que oportuniza a construção do conhecimento. Diante do exposto, é
fundamental que a utilização das tecnologias vise a amplos objetivos
promotores de interação e de construção conjunta do conhecimento
(GREENHOW, 2007; PONTE, 2000), o que não deve ser diferente no ensino
superior. Na universidade, o avanço das TIC representa um grande desafio no
desenvolvimento de habilidades tecnológicas como facilitadoras do processo
ensino-aprendizagem (SOUZA, 2009).
Apontamos para a necessidade de que a utilização das TIC nas
atividades pedagógicas do professor esteja pautada em propostas que
contemplem a dimensão reflexiva, investigativa e participativa do graduando
no processo de aprendizagem. Nesse sentido, corroboramos com Lévy (1993),
para quem a internet, enquanto tecnologia da inteligência no ambiente
educacional,
só
é
completamente
compreendida
numa
perspectiva
sociointeracionista, colocando discentes e professores como sujeitos de suas
aprendizagens, valorizando a interação social na construção do conhecimento.
2.2. Diário no Google Docs
Sabe-se que a internet e as inovações tecnológicas provocam mudanças
comunicacionais por causa da “emergência da modalidade interativa da
comunicação” (SILVA, 2000b). O esquema clássico da comunicação emissãomensagem-recepção, que se baseava numa união unilateral, vem se alterando.
35
O receptor opina, interfere, modifica a mensagem e, por isso, é preciso olhar sob
uma nova perspectiva acerca do ensino, das atividades discursivas direcionadas
ao contexto educacional, já que o mundo se renova cada vez que surge uma
nova tecnologia.
Nessa gama de inovações, a escrita ganhou lugar de destaque na
internet. Os textos postados on line podem ser disponibilizados a um número
específico ou ilimitado de pessoas. Tais textos, além de trazerem informação,
diversão, cultura, instrução, possibilitam a interatividade – “participaçãointervenção, bidirecionalidade e multiplicidade de conexões off-line e on-line”
(SILVA, 2000b) – a discussão, a reflexão sobre variados temas. Não existe mais o
indivíduo passivo, imóvel, silencioso. Não há mais lugar para o mero registro,
memorização e reprodução de conteúdos.
Um dos gêneros textuais que podemos encontrar na internet é o diário.
Porém, como podemos entendê-lo nesse âmbito da interatividade, se, em
princípio, ele é um tipo de texto escrito pelo autor para si mesmo?
Efetivamente, o diário é um registro de experiências e observações pessoais, e a
sua escrita é mais espontânea, pois incorpora interpretações, sentimentos e
pensamentos (PIMENTEL, 2011). Apesar de ser um texto muito pessoal, o
diário pode ter uma função mais social, de diálogo; é uma possibilidade de
argumentação, socialização de opiniões e pontos de vista. Esses aspectos são
contemplados quando utilizados num ambiente interativo, por meio de
recursos disponibilizados na web 2.0. Assim pensado, ele pode servir como
instrumento de investigação, no qual “cada um anota o que sente, o que pensa,
o que medita, o que observa [...], o que constrói para dar sentido ao que faz à
sua vida” (BARBIER, 2002, p.5).
Essa concepção de diário é fundamental no período de estágio, pois é um
momento no qual surgem diversas indagações por parte dos discentes, como,
por exemplo, sobre sua vocação como futuros docentes. É um instrumento útil e
eficaz nos processos de formação dos licenciandos, um tipo de aproximação da
sua atuação, com capacidade de penetração nos campos subjetivos e
6
Assumir a responsabilidade pelo nosso trabalho, criando autonomia (MARTIN, 1997).
36
individuais, que reforça a função Empowerment6 dos seus autores (ZABALZA,
2004b).
A utilização do diário como instrumento de pesquisa possibilita um
trabalho investigativo, por oferecer um amplo e variado registro de elementos,
de informações, desde dados para análise, descrições para reflexões; narrações
sobre fatos, etc (ZABALZA, 2004a; PORLAN e MARTIN, 1997).
O diário possibilita ao seu autor tratar o próprio texto como instrumento
de pesquisa, por meio da investigação. Assim, ao formular um diagnóstico de
seus problemas práticos (relativos a crenças, concepções, ideias, teorias
implícitas, condutas etc), levanta hipóteses de intervenção para resolver tais
problemas, buscando soluções sob novas perspectivas (PORLAN; MARTIN,
1997). Nessa concepção, a escrita, análise e releitura do diário proporcionam,
além da investigação, “a experimentação de novos desenhos e a avaliação de
seus efeitos, produzindo-se com isso m progressivo desenvolvimento do
conhecimento intelectual da profissão” (PORLAN; MARTIN, 1997, p. 4). Esse
processo acontece de forma sucessiva, como podemos ilustrar na figura 1.
Figura 1. Investigação e tratamento de problemas
A teoria
O
planejamento
Investigação e
tratamento de
problemas
A prática
Fonte: Porlan; Martin (1997).
Por meio do diário, é possível desenvolver o processo de aprendizagem
em cinco etapas, já que:
(a) Os sujeitos se tornam mais conscientes dos seus atos ao
identificar seus fenômenos e ter que narrá-los; (b) Realiza-se
37
uma aproximação analítica das atividades profissionais; (c)
Aprofunda-se na compreensão dos significados das ações; (d)
Possibilitam-se as decisões e iniciativas de melhoria
introduzindo as mudanças; (e) Inicia-se um novo ciclo de
atuação da profissão (ZABALZA, 2004, p. 28).
Atualmente, já existem muitos trabalhos que pesquisam a utilização do
diário como forma de produção do discente, por meio de recursos disponíveis
na internet, que podemos chamar de meios de comunicação via internet, como é
o caso dos hipertextos7, de sites e blogs. São exemplos desses trabalhos: André e
Darsie (1998); Galiazzi e Lindemann (2003); Pimentel (2011); Magalhães e
Oliveira (2012). Nesses exemplos, “a participação de quem recebe a mensagem
é elemento constituidor da própria mensagem. Não há sentido num post em
um blog sem que ele tenha espaço para comentários dos leitores” (AMORA,
2008, p.21). Post são espaços de discussão, que permitem um diálogo livre e
aberto, na maioria das vezes, com retorno quase imediato.
O diário pode ser online, como por exemplo, através do Google Docs –
uma ferramenta da web 2.0, gratuita, que possui um pacote de aplicativos,
como processador de texto, planilha de cálculo, formulário, apresentação, entre
outros – que funciona online e com esses aplicativos, é possível criar, editar,
compartilhar,
publicar
artigos,
convidar
pessoas
para
partilhar
seus
documentos em tempo real e efetuar alterações em conjunto. Também é
possível visualizar e interagir com quem está online.
Existem alguns trabalhos em escolas e universidades, como os de Moura
(2007a); Serafim, Pimentel e Sousa (2008); Barroso e Coutinho (2009); Klemann e
Rapkiewicz (2011); Coutinho (2011); Almeida et al (2011), que utilizam a escrita
no Docs como recurso pedagógico, por ser uma ferramenta que permite a
interação8 entre os participantes, assim como o intercâmbio de ideias e
informações. Ademais, possibilita ao indivíduo se tornar sujeito da construção
Hipertexto on-line “é a página eletrônica da Internet que permite acesso simultâneo do leitor a
textos, imagens e sons de modo interativo e não-linear, possibilitando visitar outras páginas e
assim controlar até certo ponto sua leitura-navegação na grande rede de computadores”
(XAVIER, 2002).
8 O conceito de interação nasceu da Física e é muito utilizado na sociologia e na psicologia
social, considerada como a comunicação recíproca dos atos de pessoas ou grupos (SILVA, 1998).
7
38
do conhecimento à medida que argumenta, contra argumenta, interfere e
participa ativamente como autor (MACHADO, 2009).
O uso dessa ferramenta na presente pesquisa teve o propósito de não
apenas inserir a tecnologia na disciplina de Estágio, mas também de propor aos
estagiários a escrita de relatos, isto é, de diários de campo, a partir o que
tornaria possível detectar problemas e avanços, discuti-los em grupo e
oportunizar a reflexão sobre o planejamento.
Ao estimular o registro do processo de construções do aluno, o
professor
cria,
simultaneamente,
condições
de
acompanhamento de forma dialógica e sistemática,
providenciando, de um lado, indicadores do desenvolvimento
intelectual do aprendiz (SCHÄFER, 2009, p. 6).
A utilização do diário como mediação na disciplina de Estágio
Supervisionado partiu do pressuposto de que as tecnologias disponíveis na web
2.0 valorizam a escrita, a reflexão, o trabalho colaborativo e a interação entre as
pessoas. A web 2.0 provocou uma mudança da epistemologia clássica da
educação para uma nova epistemologia, baseada em pedagogias de
aprendizagem
ativas,
construtivismo,
ensino
situado,
co-criação
de
conhecimento, revisão por pares e novas formas de avaliação (MATTAR, 2011).
2.3. Contribuições sociointeracionistas de Vygotsky
A natureza dotou o homem com funções psicológicas elementares
reguladas biologicamente e compartilhadas com outras espécies superiores
(VYGOTSKY, 1989). Como exemplo desses processos elementares, tem-se: a
capacidade natural de memorização, a atividade sensoperceptiva, a motivação,
dentre outros. Porém, na relação com outros sujeitos, o homem desenvolve
práticas socialmente organizadas. São exemplos desses processos psicológicos
superiores a linguagem e o controle voluntário e consciente de sua própria ação
(BAQUERO, 2001).
As formas superiores diferem das atividades mentais, que envolvem
capacidade de abstrair, de imaginar eventos não acontecidos, de arquitetar
planos para o futuro. O processo simples estímulo-resposta é substituído por
39
um ato complexo, mediado (VYGOTSKY, 1989, p. 45) que representamos na
Figura 2.
Figura 2. A estrutura das operações com signos
S
S= Estímulo
R= Resposta
S
R
X
X= Elo intermediário ou
elemento mediador
X
Fonte: criado pelo autor baseado nas teorias de Vygotsky(1989)
Uma descoberta relevante para a compreensão do funcionamento
psicológico destacada por Vygotsky9 através da mediação, constitui a
interferência de signos na relação do homem com o psiquismo de outros
homens. A maneira mais elementar do homem relacionar-se com o ambiente
consiste na relação direta de estímulo-resposta. Podemos citar a distinção entre
paladares diferentes na degustação de alimentos doces, salgados, apimentados.
São relações elementares, reflexos automáticos, diferentes dos processos
superiores, que requerem relação do homem com o ambiente por meio da
linguagem, do pensamento, das relações lógicas. Essas relações geram a
interferência de um terceiro elemento, ou seja, dos signos.
Os signos são plurissignificativos. O seu sentido está relacionado à
conotação da palavra para o sujeito, o qual a vincula às suas experiências. O
9
Lev Semynovitch Vygotsky nasceu em 5 de novembro de1896 em Orsha, uma pequena cidade
perto de Mink capital da Bielo Rússia, na ex-União Soviética. A partir de 1912, cursou estudos
universitários de Direito, Filosofia e História em Moscou. Durante seus estudos secundários e
universitários, Vygotsky adquiriu uma excelente formação na esfera das ciências humanas
(línguas e lingüística, estética e literatura, filosofia e história). Escreveu 200 trabalhos, dos quais
135 foram publicados (VYGOTSKY, 1994).
40
sentido é, portanto, mutável, tendo em vista o contexto que o situa. Todavia, o
significado é mais estável e relaciona-se à definição, que é convencional e
socialmente compartilhada. A transição do pensamento visual para o conceitual
não apenas afeta o papel assumido pelas palavras no processo de codificação,
mas muda também a própria natureza das palavras: o significado de que elas
estão impregnadas (LURIA, 2002, p. 70).
Assim, considerando-se que a linguagem é um fenômeno socialmente
aprendido, a formação de conceitos está relacionada ao desenvolvimento do
pensamento da pessoa dentro de um contexto social. Um conceito não é uma
formação isolada, fossilizada, mas sim parte ativa do processo intelectual,
constantemente a serviço da comunicação, do entendimento e da solução de
problemas (VYGOTSKY, 1994, p. 46).
Tratando-se de um fenômeno sociocultural, o significado das palavras
não é estático, imutável, mas evolui da mesma forma que na ontogênese. A
natureza psicológica humana também muda, pois parte de generalizações mais
primitivas ou concretas e eleva-se ao nível dos conceitos mais abstratos. Essa
visão dos conceitos como algo dotado de historicidade possibilita o
entendimento de que cada palavra aprendida representa uma generalização,
inicialmente, do tipo mais primitivo, para, em seguida, ser substituída por
generalizações mais complexas, chegando à formação de conceitos verdadeiros.
Mesmo com o caráter polissêmico da linguagem, ou seja, quando é
levada em consideração a pluralidade de significações, as palavras têm uma
unicidade e, por isso, podem ser compreendidas por outros sujeitos. Essa
peculiaridade se manifesta na pluralidade de entonações, em particular no
contexto da fala. A significação requer a elaboração e o uso de signos por meio
dos quais se estabelecem novas conexões cerebrais. Os processos mentais
elementares formam uma base e, partindo dela, ocorre o desenvolvimento
mental superior pela mediação semiótica.
A mediação semiótica é o meio pelo qual o processo de aprendizagem se
dá, uma vez que atua na construção de processos mentais superiores, por meio
de signos. A construção de tais processos é longa e complicada, resulta de
41
várias transformações qualitativas, em que um estágio posterior advém,
obrigatoriamente, de um estágio primário. O estágio posterior é uma ampliação
ou uma evolução de um estágio precedente. Processos evolutivos e dialéticos
perpassam essas transformações, as quais, unidas entre si, são sócio-históricas,
pois resultam da apropriação de bens culturais produzidos na e pela sociedade,
por meio de relações com os membros desta sociedade.
Tanto a linguagem oral como a escrita são compostas de símbolos
utilizados na comunicação humana e, ao serem internalizadas, criam novas
formas de pensamento: “A internalização das atividades socialmente
enraizadas e historicamente desenvolvidas constitui o aspecto característico da
psicologia humana” (VYGOTSKY, 1989, p. 65). Os conceitos e conteúdos
disponibilizados pela educação escolar são constituídos de signos não verbais e
verbais, símbolos presentes em textos, símbolos matemáticos que requerem
abstração, ou melhor, processos mentais superiores para serem decifrados e
compreendidos. Partindo do pressuposto de que a principal função da
linguagem é a de intercâmbio social, Vygotsky enfatiza o papel da mediação, da
interação com o outro, na realização da internalização da atividade, na
compreensão e apropriação de conceitos (PIMENTEL, 2002, p. 26).
Dentro do contexto de mediação no processo de aprendizagem e
desenvolvimento, Vygotsky (1994) elabora sua contribuição mais significativa
para analisar a interação: o conceito de zona de desenvolvimento proximal
(ZDP). O nível de desenvolvimento real revela a possibilidade de uma atuação
independente do sujeito: o que o sujeito social já faz sozinho. Por sua vez, o
nível de desenvolvimento proximal revela a possibilidade de atuação do sujeito,
a partir da intervenção do outro.
Nesse conceito, Vygotsky envolve dois aspectos do desenvolvimento: o
já alcançado pelo sujeito, que ele denomina de desenvolvimento real (DR), e o
que pode ser alcançado com assistência de outros sujeitos mais capazes, o
desenvolvimento potencial (DP). Desse modo, esse conceito vygotskyano une o
desenvolvimento psicológico ao processo de ensino.
42
A diferença entre o que o sujeito faz de modo independente e o que ele
pode fazer de modo assistido é o que Vygotsky denomina de zona de
desenvolvimento proximal (ZDP). Portanto, infere-se que tal zona não é algo
“diagnosticável”, no sentido de ser dado como pronto e acabado, mas é um
espaço social a ser criado através da mediação do outro, de modo que promova
no discente a apropriação dos elementos dessa mediação. Isso ocorre, sem
dúvida, nos espaços virtuais onde os participantes compartilham experiências
vivenciadas, por exemplo, no momento do estágio. Nessa etapa, o licenciando
vivencia a docência e é de suma importância o contato com seu orientador e
com outros colegas para dirimir dúvidas, solicitar ajuda ou socializar iniciativas
que deram certo.
Ensinar é um processo de criação de ZDP, pois favorece os processos
internos de desenvolvimento. Essa compreensão torna-se necessária para o
planejamento do ensino e gestão da sala de aula. A criação de ZDP se dá por
meio do desenvolvimento de atividades intencionais, capazes de trazer para o
estudante diferentes exigências e desafios.
Assim, entende-se que, no processo de ensino, a ZDP é um espaço que
precisa ser socialmente construído. Quando essa construção social ocorre de
modo planejado e intencional, é chamada de mediação e quando ocorre a partir
da interação com os pares, pode ser denominada cooperação ou colaboração. Os
ambientes virtuais auxiliam na criação de ZDP, pois permitem ao estudante
elaborar, conectar, situar e reter novos conhecimentos, com estruturas de
significados mais amplas, num processo de construção de conhecimentos que
ocorre por meio da interação (ainda que por meio eletrônico) com os outros e
envolve intensa atividade mental do sujeito – raciocínio lógico, uso da memória
e da abstração.
Para um professor planejar atividades intencionalmente mediadoras, em
primeiro lugar, ele deve conhecer o que o educando já é capaz de fazer sozinho.
Também precisa ter um amplo conhecimento dos conceitos a serem trabalhados
para interagir com o educando de diferentes maneiras, até que este se aproprie
do conteúdo trabalhado. Desse modo, se o discente já possui determinado
43
conhecimento cotidiano, o educador deve tomá-lo como ponto de partida,
utilizando-se de situações concretas para abstrair e estabelecer a rede de
conexões entre ele e outros conhecimentos.
Sendo criada por mediação ou por cooperação, a ZDP produz no sujeito
aprendiz uma série de processos que favorecem a internalização de
conhecimentos, aprendizagem e, consequentemente, seu desenvolvimento.
Porém, esses mecanismos de mediação e cooperação devem ocorrer de modos
diferentes, a fim de possibilitar a captação e a apropriação do que se quer
ensinar.
Esses modos diferenciados de ancorar a aprendizagem são imperiosos,
pois nem toda situação de interação social gera desenvolvimento. Para tanto, é
mister que processos internos sejam desafiados para que as conquistas
aconteçam. Para Baquero (2001, p.100), operar sobre a zona de desenvolvimento
proximal “abre a possibilidade de se trabalhar sobre as funções em
desenvolvimento ainda não plenamente consolidadas, mas sem necessidade de
esperar sua configuração final para começar uma aprendizagem”. Isso porque
uma possibilidade intrínseca ao desenvolvimento ontogenético parece ser
precisamente a de desenvolver capacidades autônomas em função de participar
na resolução de tarefas, em atividades conjuntas e cooperativas, com sujeitos de
maior domínio sobre os problemas em jogo. Moll (1996, p. 5) enfatiza que
“amadurecer ou desenvolver as funções mentais é algo que deve ser encorajado
e medido pela colaboração, e não por atividades isoladas”. O que os estudantes
podem realizar, no presente, apenas mediante assistência ou com colaboração,
poderão amanhã realizar com independência e competência.
Por essa razão, a ação da ZDP favorece o desenvolvimento de processos
metacognitivos que promovem a regulação e o controle de suas próprias
funções psíquicas. Dessa forma, a criação de ZDP auxilia o prognóstico do
desenvolvimento do indivíduo e, como resultado, o seu sucesso na
aprendizagem.
44
CAPÍTULO 3
Referencial metodológico
3.1. Mapa conceitual
Apresentamos o mapa conceitual como representação visual da
organização do percurso metodológico da pesquisa, com o objetivo de
proporcionar uma visão mais clara sobre o mesmo, incluindo a delimitação do
estudo. Nele, também fica clara a conexão entre os instrumentos utilizados para
coleta e análise dos dados.
Figura 3: Mapa conceitual da pesquisa
Fonte: Elaboração própria.
45
Como esta é uma pesquisa que envolve seres humanos, foi necessário
submeter o projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UESB. Para tanto,
realizamos o cadastramento na Plataforma Brasil10, base a partir da qual o CEP
e a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) acompanham a pesquisa
em seus diferentes estágios, desde a sua submissão até a aprovação final,
incluindo o envio de relatórios parciais e do relatório final.
Todos os documentos exigidos pelo CEP – projeto de pesquisa; ofícios e
declarações para submissão do projeto; ofício para liberação da pesquisa; termo
de consentimento livre e esclarecido, entre outros – foram devidamente
entregues. Quando aprovado, demos início às fases da pesquisa que envolviam
os participantes, como gravação e observação de aulas, entrevistas e
questionários e acompanhamento individual. A fim de preservar a identidade
dos participantes, usamos nomes fictícios para os estagiários, professores
regentes e escolas.
3.2. Abordagem metodológica
Na opção por um tipo de abordagem, cada pesquisador pode tomar
como base as teorias que forem mais adequadas para o seu objeto de pesquisa.
No presente caso, optamos por uma investigação com características da
pesquisa-ação, por possibilitar nossa aproximação com o campo de pesquisa,
que é também nosso campo de atuação. Segundo Lima et al (2006), com esse
modo de abordagem, o professor-pesquisador torna-se “investigador de sua
própria atividade, como aquele que pensa na ação, aliando ensino e pesquisa
tendo em vista superar o binômio teoria-prática, educador-investigador”. Em
outras palavras, o docente, ao assumir a posição de pesquisador do seu próprio
trabalho, numa indagação constante, transforma suas ações em objeto de
experimento e autocrítica e, a partir daí, torna-se capaz de provocar uma
mudança.
10
Plataforma Brasil – base nacional e unificada de registros de pesquisas envolvendo seres
humanos para todo o sistema CEP/Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa).
46
Diante de tais premissas, esse método de pesquisa tem como estratégia
analisar a postura dos estagiários em relação à sua vivência em sala de aula, isto
é, como eles interagem com outros colegas, com os regentes e com o orientador
de estágio e como, a partir dessas trocas e saberes, se preparam para a sala de
aula. Como disse, esta é minha área de atuação profissional e, no presente,
também é meu objeto de pesquisa. Por conseguinte, as reflexões sobre o ensino
na pesquisa modificam minha atuação docente, ao tempo em que minha
atuação docente repercute na pesquisa. De outro lado, a mesma estratégia
promove a reflexão sobre a docência junto aos futuros professores. Desse modo,
ao passo em que atuam experimentalmente no estágio, problematizam sua
atuação, tornando-a, assim, também objeto de reflexão em que aspectos
técnicos, morais e contextuais do ensino são abordados (ZEICHNER, 1997).
Assim caracterizada, a pesquisa-ação, possibilita que:
Os professores investiguem suas estratégias de ensino, a
organização e gestão da sala de aula, as condições de seu
trabalho e os contextos social, econômico, político e cultural em
que estão inseridos, em busca de uma perspectiva
multicultural. Parte do princípio de que, quando os mesmos
refletem sobre suas atividades, criam saberes, ou seja, teorizam,
mantendo propriedade sobre os conhecimentos por eles
gerados (ZEICHNER, 1997, p. 8).
Ampliando os conceitos sobre pesquisa-ação, Fiorentini (2010) a descreve
como um método que torna o participante da ação um pesquisador de sua
própria ação. Também através da pesquisa-ação se pode dizer que o
pesquisador torna-se um participante que intervém nos rumos da ação,
orientado pela pesquisa que está realizando, considerando que este é também
um processo investigativo intencional, planejado e sistemático.
Nesse mesmo sentido, Tripp (2005), ao aprofundar suas reflexões sobre o
ciclo da investigação-ação, considera-o fundamental, visto que tal ciclo
aprimora a ação pela oscilação sistemática entre investigar o objeto e agir sobre
ele. O esquema da figura 4 ilustra a teoria do autor.
47
Figura 4. Representação em quatro fases do ciclo básico da investigaçãoação.
Fonte: Tripp (2005)
Ainda nas palavras de Tripp (2005, p. 446), “planeja-se, implementa-se,
descreve-se e avalia-se uma mudança para a melhora de sua ação, aprendendo
mais, no correr do processo, tanto a respeito do agir quanto da própria
investigação”. Para implementar a pesquisa-ação, adotamos a elaboração de um
diário para o estagiário, que tinha o propósito de, através da escrita de relatos
sobre o cotidiano na sala de aula, detectar avanços, problemas enfrentados,
oportunizando
uma
discussão,
reflexão
da
ação
e
reconstrução
do
planejamento. Essa investigação-ação é uma forma de questionamento coletivo
dos participantes sobre uma determinada situação, com o intuito de promover a
racionalidade, a compreensão dessas ações e das situações em que se
encontram, para, dessa forma, poder transformá-las (CARR e KEMMIS, 1986).
O importante desse método é que o estagiário está constantemente
investigando e analisando como se dá a construção da sua identidade, qual
metodologia mais adequada para cada turma, como trabalhar os conceitos de
forma a proporcionar um melhor aprendizado para os discentes. Esse processo
possibilita “ver alguma transformação no pensamento e na ação” (ZEICHNER,
1997, p.84).
O objetivo não era o de avaliar os docentes, mas verificar como
mobilizariam seus saberes para tomar decisões na escola e na
48
sala de aula e como mobilizariam a situação docente na relação
com os alunos para dar respostas às questões propostas pelas
diversas situações com as quais estariam lidando (PIMENTA,
2005, p. 524).
Ainda no âmbito da pesquisa-ação, é relevante destacar como ocorre a
inserção do pesquisador no campo da pesquisa, em contato direto com a
realidade a ser pesquisada. No caso específico da disciplina de Estágio
Supervisionado, o pesquisador – como professor da disciplina – atua com o
docente titular, na observação e acompanhamento dos estagiários nas aulas da
universidade, nas escolas durante o estágio e nos relatos dos diários.
Os instrumentos para coleta de dados utilizados na presente pesquisa
foram a observação e gravação de aulas, entrevistas, questionários, memoriais,
relatórios, diário e debates virtuais.
3.3 - Instrumentos
3.3.1 - Diário no Google Docs
Adotamos como interface principal, para esta pesquisa, o diário de
campo construído no Docs, uma interface gratuita, que funciona online e
contribui para um “trabalho cooperativo e colaborativo de construção coletiva
de conhecimento” (ARAUJO, 2011, p. 45).
O diário foi criado para garantir a interatividade11 entre estagiários,
pesquisador e regentes. Propomos aos participantes, com o objetivo de analisar
a ação pedagógica, as fases do ciclo básico da investigação-ação, ou seja:
descrever passo a passo o planejamento das aulas, o acompanhamento das
atividades desenvolvidas (execução e investigação) e a avaliação dos resultados
(reflexão). Para realizar esse processo de forma participativa e interativa,
adotamos uma dinâmica:
1.
Criação de um diário de campo, documento no qual o estagiário, o
pesquisador e o orientador de estágio pudessem editar o arquivo e, assim,
dialogar e interagir constantemente.
O termo interação deu origem ao termo interatividade. Na “interatividade”, a comunicação é
produção conjunta da emissão e da recepção, é bidirecional (SILVA, 2000b).
11
49
2.
Orientação aos estagiários quanto ao uso do Google Docs.
3.
Sistematização das anotações pelo estagiário, após cada aula, em
todas as etapas do estágio (observação, co-participação e regência).
4.
Acompanhamento constante do diário e visita às escolas para
observar as aulas e manter contato com as regentes.
5.
Acompanhamento do diário por parte do pesquisador e professor
titular, que tinham o compromisso de fazer a leitura de cada diário
constantemente,
interagindo
com
o
estagiário
sempre
e
fazendo
questionamentos.
6.
Reflexão partilhada. Algumas questões, consideradas importantes
para discussão em grupo, deveriam ser levadas para a sala de aula na
universidade para debate coletivo e troca de experiência.
Como orientação para o estagiário, fizemos um roteiro para que os
relatos não se restringissem apenas à descrição das aulas e das atividades por
eles desenvolvidas, mas tivessem um enfoque investigativo, analítico e
reflexivo. Vejamos o roteiro nas figuras 5 e 6:
Figura 5. Diário reflexivo para os estagiários desta pesquisa
Fonte: Documento criado pelo pesquisador no editor de texto do Google Docs.
No diário, o estagiário registrava, após cada aula (2 a 3 vezes por
semana), um relato da experiência de estágio, de forma reflexiva, fazia suas
anotações sobre as aulas, registrava as suas dúvidas e, até mesmo, desabava
50
suas angústias, seus anseios relacionados ao período de estágio e, algumas
vezes, relatava fatos da sua vida pessoal, quando esta interferia no seu trabalho.
Esse era o momento de interação individual e direta com o pesquisador e
professor titular.
Figura 6. Diário Reflexivo para os estagiários desta pesquisa (continuação)
Fonte: documento criado pelo pesquisador no editor de texto do Google Docs
O trabalho com os diários na formação inicial possibilita pensar sobre a
própria docência e a socialização de experiências. Essa reflexão é imprescindível
para o avanço na formação, na autonomia e no profissionalismo docente
(LIMA, 2009).
Como o objetivo de que os regentes também participassem e
contribuíssem com as discussões, criamos um documento diário para cada um.
Nesse caso, com a sua experiência no ensino básico e, por estarem mais
presentes nas escolas, de posse da tecnologia, eles puderam avaliar as aulas dos
estagiários, fazendo suas considerações e estabelecendo um diálogo com o
orientador de estágio, visto que os mesmos pouco se encontravam para
conversar sobre o trabalho dos estagiários.
3.3.2. Entrevistas
51
A entrevista é um dos instrumentos mais utilizados na pesquisa
qualitativa. Por possuir “uma natureza interativa, a entrevista permite tratar de
temas complexos que dificilmente poderiam ser investigados adequadamente
através
de
questionários,
explorando-os
em
profundidade”
(ALVES-
MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 2001). A entrevista é, na verdade, um
diálogo orientado com o objetivo de conseguir dados para a pesquisa.
O bom resultado de uma entrevista depende do interesse real e respeito
do pesquisador pelos seus pesquisados, flexibilidade e criatividade para
explorar novos problemas em sua pesquisa, capacidade de demonstrar
compreensão e simpatia para com os entrevistados, sensibilidade para saber o
momento certo de encerrar uma entrevista e, principalmente, disposição para
ficar calado e ouvir (GOLDENBERG, 1999).
A entrevista foi um instrumento utilizado com os estagiários, com o
objetivo de compreender o ponto de vista deles sobre os aspectos positivos e
negativos que ocorreram com a utilização das tecnologias na disciplina de
Estágio Supervisionado.
3.3.3. Questionários
O questionário é um recurso muito usado para se obter informações e é
preenchido pelo entrevistado (BARROS; LEHFELD, 2000). Alguns aspectos
devem ser levados em consideração ao elaborar um questionário, como o
tamanho, o conteúdo e a clareza da apresentação das questões. Essa ferramenta
foi utilizada na nossa pesquisa por possibilitar uma abrangência de mais
aspectos e pela riqueza dos detalhes.
Foram elaborados dois questionários para os estagiários, um ao início da
pesquisa e outro, ao final, com o objetivo de levantar informações mais precisas
sobre alguns aspectos referentes ao uso das tecnologias, do diário e questões
relacionadas ao estágio. Durante todo o período de coleta de dados, percebemos
que algumas situações abordadas pelos discentes, nas discussões em sala de
aula e também durante o período de observação, precisavam ser mais
detalhadas para uma melhor compreensão de alguns aspectos relacionados ao
52
tema da pesquisa e de todos os problemas que foram levantados durante o
estudo.
Desse modo, o questionário abordou questões pessoais (experiência
docente, profissão, escolha do curso, etc), formação inicial e o próprio estágio
(relação
professor
e aluno; articulação
teoria
e
prática; indisciplina,
metodologia, entre outros). Também foram contempladas questões acerca de
experiência com as tecnologias e, de forma especial, a utilização do diário com o
discente, entre outros.
Os questionários compostos para esta pesquisa contêm questões abertas
e de múltipla escolha. As questões abertas permitem ao informante responder
livremente, usando linguagem própria e emitir opiniões; já as questões de
múltipla escolha são perguntas fechadas, mas apresentam uma série de
possíveis respostas, abrangendo várias facetas do mesmo assunto (MINAYO;
SANCHES, 1993). Entendemos que a combinação de perguntas abertas com
perguntas de múltipla escolha possibilita mais informações sobre o assunto.
Elaboramos dois questionários para os licenciandos. O primeiro, com
oito perguntas (abertas e de múltipla escolha), teve como objetivo traçar melhor
o perfil dos estagiários. Esse questionário foi encaminhado e devolvido por email no início do semestre. O segundo questionário, elaborado no formulário
do Google Docs, com 18 (dezoito 18) perguntas (abertas e de múltipla escolha),
foi respondido online pelos participantes.
3.3.4. Observação
A Observação in loco das aulas dos estagiários é uma das atribuições do
orientador de estágio. Com o diário online, esse acompanhamento ganha um
novo sentido, pois o professor faz a leitura constantemente e, com isso,
confronta os relatos do diário com aquilo que ele presencia na sala de aula,
observando como se dá a articulação da teoria com a prática, além de dialogar
com o discente sobre as questões por ele abordadas. Assim, é possível levar
muitas questões observadas nas aulas para discutir com a turma na
universidade.
53
Em uma pesquisa, “a observação de fatos, comportamentos e cenários é
extremamente valorizada” (ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 1998),
pois traz vantagens, como:
a) independe do nível de conhecimento ou da capacidade
verbal dos sujeitos; b) permite “checar”, a sinceridade de certas
respostas que, às vezes, são dadas só para “causar boa
impressão”; c) permite identificar comportamentos nãointencionais ou inconscientes e explorar tópicos que os
informantes não se sentem à vontade para discutir; e d) permite
o registro do comportamento em seu contexto temporalespacial (ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 1998, p.
164).
As observações nas escolas foram realizadas atendendo a um
cronograma elaborado pelo pesquisador, com o objetivo de supervisionar e
acompanhar
todos
os
estagiários, de
forma
sistemática
e criteriosa,
considerando que alguns dias não eram proveitosos para observação, como, por
exemplo, dias em que a escola tinha em sua programação atividades culturais,
reuniões, entre outras. Vale destacar que foi difícil observar todos os estagiários
como o previsto, por se tratar de um período de muitas paralisações da rede
pública estadual, embora esse fato não tenha inviabilizado o desenvolvimento
da pesquisa, tornando mais importante a utilização do diário como recurso de
acompanhamento constante.
Foram também utilizados como instrumentos de pesquisa gravações de
três reuniões com os regentes; reunião com estagiários e regentes; relatórios,
memoriais; gravações das aulas na UESB.
3. 4. Contexto da pesquisa
A pesquisa foi realizada com uma turma de Estágio Supervisionado II do
7º semestre da UESB, composta por dez discentes. O encontro acontecia duas
vezes por semana, com duração de duas horas/aula cada. A metodologia
adotada era bem diversificada: procurava-se dividir o tempo entre atividades
práticas e teóricas, como planejamento de estágio e discussões das diferentes
abordagens para o Ensino de Matemática. O foco principal era o momento da
54
aula para discussões referentes ao que era relatado nos diários, que
chamávamos de “troca de experiências”. Como o pesquisador de estágio lia
todos os diários antes da aula, selecionava algumas questões para serem
discutidas com a turma, buscando dialogar com a bibliografia específica da
temática do dia.
O estágio aconteceu em quatro escolas da Rede Pública Estadual no
Município de Vitória da Conquista, conforme a tabela 1:
Tabela 1. Relação dos estagiários nas respectivas escolas que estagiaram (com
sobrenomes dos alunos e das escolas fictícios)
Instituição
Discente Série (Ensino fundamental)
Almeida
oitavo ano
Vieira
nono ano
Silva
oitavo ano
Rocha
oitavo ano
Azevedo
nono ano
Sousa
nono ano
Moraes
nono ano
Santos
oitavo ano
Pereira
oitavo ano
Brito
nono ano
Colégio Estadual Vitória Regis
Colégio Estadual Maria Antonieta
Centro Integrado de Educação Vitor Brito
Colégio Estadual Regis de Sousa
Fonte: pesquisa de campo.
A escolha das escolas foi feita de acordo a disponibilidade de tempo do
discente, levando em consideração que alguns deles residem em outro
município e trabalham no turno oposto ao do curso de graduação. Alguns
fatores dificultaram essa escolha e podiam prejudicar as visitas do orientador,
55
como, por exemplo: choque de horário entre colegas; distância de uma escola
para outra; disponibilidade de tempo.
Outro agravante no período de visitas foram as atividades culturais e
pedagógicas das escolas, na maioria das vezes, não eram repassadas ao
estagiário, tampouco ao orientador. Acontecia às vezes de o pesquisador ir
visitar um discente e, ao chegar à escola, receber a informação de que não
haveria aula naquele dia. Isso mostra o quanto é importante um maior contato
entre estagiário, regente e orientador.
Após cada visita, era feita uma avaliação individual com o estagiário da
turma observada, levando em consideração todos os aspectos propostos no
planejamento. Nesse momento, também procurávamos visualizar os fatos
relatados no diário online e como o estagiário lidava com cada situação. Na
medida do possível, levávamos situações presenciadas, nas aulas de estágio
para discussão com a turma toda na UESB para que compartilhassem as
experiências.
3. 5. Participantes da pesquisa
Os participantes da pesquisa foram dois orientadores de estágio, um era
o professor titular da disciplina e o outro era o pesquisador, que trabalharam
conjuntamente na disciplina de Estágio Supervisionado II; oito regentes de três
escolas públicas estaduais e dez estagiários, como consta na tabela 2.
Como já dissemos, usamos no lugar do nome dos participantes da
pesquisa, sobrenomes fictícios para preservar a identidade dos envolvidos no
processo.
Tabela 2 - Criada pelo pesquisador: dados sociodemográficos dos estagiários
Nome fictício
Residência
Idade
Sexo
Estado civil
Santos
Vitória da Conquista
23 anos
F
Solteira
Sousa
Vitória da Conquista
22 anos
F
Solteira
56
(república de estudantes).
Moraes
Vitória da Conquista
25 anos
F
Solteira
Rocha
Vitória da Conquista
44 anos
M
Casado
Almeida
Outro município
23 anos
F
Solteira
Azevedo
Outro município
25 anos
M
Solteiro
Silva
Vitória da Conquista
22 anos
F
Solteira
Pereira
Vitória da Conquista
24 anos
M
Solteiro
Vieira
Outro município
25 anos
F
Solteira
Brito
Vitória da Conquista
25 anos
M
Solteiro
Fonte: Pesquisa de campo
Antes do início da disciplina de Estágio Supervisionado, todos os
participantes, tanto os estagiários quanto as regentes, foram consultados sobre
se gostariam de trabalhar com o Google Docs. Como todos aceitaram, isso
contribuiu significativamente para o bom andamento da pesquisa.
Durante a análise, vamos usar apenas Docs ou diário online quando nos
referirmos ao Google Docs.
57
CAPÍTULO 4
DISCUTINDO OS DADOS
Dialogando com a literatura e analisando os dados da pesquisa,
apresentamos, neste capítulo, as descobertas e tensões vivenciadas pelos
discentes no período de estágio, captadas através dos registros feitos no diário
online construído no Docs, que favoreceu a interação entre os participantes, ou
seja, a partilha de opiniões, explicitação de teorias, atitudes, normas, valores,
sentimentos e trocar informações instantaneamente, refletir sobre as ações e
buscar novas soluções (GALIAZZI e LINDEMANN, 2003). Além do diário,
utilizamos, para análise, as gravações de aulas e de reuniões; os relatórios e
memoriais; os questionários e as entrevistas.
Começamos com o depoimento sobre o uso do diário – uma declaração
bastante surpreendente, pois a disciplina de Estágio Supervisionado II teve
início em 01 de agosto de 2011 e se encerrou em 11 de abril de 2012. No dia 15
de agosto de 2012, recebemos um e-mail dessa aluna relatando uma experiência
que ela quis compartilhar.
Figura 7 . Email enviado pela estagiária
Fonte: Arquivo pessoal.
Esse e-mail reforçou a importância de se trabalhar de uma forma
diferenciada e buscar fazer uso das TIC presentes no mundo contemporâneo.
58
Esse trabalho alarga as possibilidades de diálogo entre formadores e
licenciandos, de forma especial por intermédio da internet, que cria alternativas
viáveis de comunicação e aprendizagem (KENSKI, 2008; PRATES, 2003). O que
defendemos, portanto, é a mudança de “uma educação totalmente baseada na
transmissão da informação, na instrução, para a criação de ambientes de
aprendizagem nos quais o discente realiza atividades e constrói o seu
conhecimento e tem o controle do processo dessa construção” (VALENTE, 1999,
p. 13).
Para melhor compreensão desse processo de análise dos dados, criamos
três categorias que refletem os objetivos da pesquisa. Entre elas, elencamos
algumas subcategorias que surgiram a partir da triangulação de técnicas, que
possibilita integrar várias estratégias operacionais (observação de aulas,
questionários, memoriais, gravações, diários) “ampliando as perspectivas e
proporcionando um conhecimento mais aprofundado do objeto de pesquisa e
um grau maior de cientificidade” (SANTOS, 2009, p.6).
4.1- Primeira categoria: Importância das TIC na disciplina de Estágio
Supervisionado
Nessa primeira categoria, discutimos todos os aspectos voltados para a
importância das TIC na disciplina de Estágio Supervisionado, de forma
especial, o diário construído na internet, mostrando como foi essa experiência
para o estagiário e quais as contribuições para a ação pedagógica e formação
docente. Referimo-nos às TIC, pois foram utilizadas outras ferramentas
tecnológicas para comunicação, além do diário, como e-mails; Google Talk
(GTalk)12 e Ambiente Virtual Moodle. As subcategorias analisadas foram:
feedback13 imediato, motivação, autoria, flexibilidade de horários e comunicação
bidirecional.
Google Talk é um programa de conversação em texto ou voz, desenvolvido pelo próprio
Google (SILVA, 2008).
13 Feedback é o “retorno de alguma ação com o objetivo de avaliar ou pedir avaliação sobre o
desempenho no processo de ensino-aprendizagem e de refletir sobre a interação de forma a
estimulá-la ou avaliá-la” (PAIVA, 2003, p. 1).
12
59
a. Feedback imediato
Consideramos como “feedback imediato” o retorno rápido do orientador
em relação aos registros feitos no diário online. Essa metodologia adotada
favoreceu ao estagiário a retomada do que foi escrito e a “reelaboração de suas
concepções ao estabelecer relações entre os conhecimentos adquiridos e sua
ação docente, favorecendo a construção de novos conhecimentos” (ANDRÉ;
DARSIE, 1998, p. 29). No entanto, não se trata simplesmente da “retomada
constante dos mesmos assuntos utilizando os mesmos argumentos, na verdade
[trata-se de] documentar a própria atuação, avaliá-la (ou autoavaliá-la) e
implementar os ajustes que forem convenientes” (ZABALZA, 2004a, p. 126).
Uma das diferenças do diário online em relação a um diário escrito em
papel é que, neste despreza-se a possibilidade de diálogo e da reflexão sobre a
prática (SILVA, 2009). Seu uso pelo orientador se limita a uma correção, como
forma de avaliação (atribuir uma nota), e o discente, por seu turno, fica na
expectativa, aguardando o retorno do trabalho para a refacção (SOUSA,
MAGALHÃES e OLIVEIRA, 2012), o que muitas vezes só ocorre no final do
semestre.
Já na etapa de observação do período de estágio, uma estagiária
compartilhou um relato referente ao processo de ensino da regente. Por
considerar uma situação importante a ser debatida, tanto que indagamos a
própria estagiária no Docs quanto levamos o citado relato para discussão para a
sala de aula com os outros estagiários.
[ROCHA] A regente me falou de alguns alunos que têm dificuldades
na aprendizagem e no comportamento e que ela preferia passar
exercícios a trabalhar com os conceitos, pois assim eles conseguem
abstrair mais e ter um melhor rendimento do que quando ela enche o
quadro de teoria.
[PESQUISADOR] O que você achou dessa metodologia da regente?
Analise: Será que quando os estudantes se depararem com uma
questão diferente dos exercícios trabalhados pela regente, inclusive
problemas do cotidiano, eles vão saber resolver? Reflita sobre isso.
Você pretende seguir essa mesma forma de trabalho que a
regente?
60
[ROCHA] Eu tenho certo receio de mudar o trabalho que a regente
vem fazendo e a turma não gostar, mas pensei em desenvolver a
metodologia como eu faço nas minhas aulas: um esquema resumido do
assunto e depois a aplicação para ver como eles vão reagir.
Essa foi uma questão que nos preocupou, pois a estagiária não tinha
percebido o comprometimento com o aprendizado e o desenvolvimento
matemático do aluno, ao propor uma aula apenas com resolução de exercícios.
Ora, para aplicação dos conhecimentos adquiridos em outros contextos, é
necessário muito mais que simples decoreba ou “solução mecânica de
exercícios, como o domínio de conceitos, capacidade de análise, flexibilidade de
raciocínio, capacidade de análise e abstração” (MICOTTI, 1999, p. 154).
Essa situação inclusive vai de encontro ao que é proposto nos Parâmetros
Curriculares Nacionais de Matemática (BRASIL, 2001, p. 19), quando se
destacam dois aspectos básicos para o ensino da Matemática:
Um consiste em relacionar observações do mundo real com
representações (esquemas, tabelas, figuras); outro consiste em
relacionar essas representações com princípios e conceitos
matemáticos. Nesse processo, a comunicação tem grande
importância e deve ser estimulada, levando-se o estudante a
“falar” e a “escrever” sobre Matemática, a trabalhar com
representações gráficas, desenhos, construções, a aprender
como organizar e tratar dados.
Esse debate com a estagiária, no início do semestre, contribuiu para que
ela não trabalhasse da mesma forma que a regente. Também mostra a
importância do compromisso do orientador no sentido de fornecer o feedback
sobre as experiências registradas, colocando o discente como centro da sua
própria formação (SANTOS e SOARES, 2011).
Esse diferencial do feedback da escrita digital também foi experienciado
por Lewgoy e Arruda (2003). Os autores relatam que, nesse novo gênero de
interação, é assegurado um retorno rápido, respeitoso e distinto para cada
estudante, numa comunicação aberta, propiciando uma relação pedagógica
mais dialógica. Dessa forma, acompanhar os diários quase diariamente (na
medida em que o estagiário postava a sua vivência), fazendo comentários e
61
questionamentos, “foi um elemento fundamental na mediação, interação e
intervenção no processo de construção do conhecimento” (RABELLO, 2011, p.
3).
Temos um artigo (ANEXO F, p. 152) de uma estagiária que aborda sobre
a importância do feedback e como era significativo para ela receber o retorno e
reler os registros para reflexões e possíveis mudanças nas suas ações:
[MORAES] após todas as aulas práticas de estágio, sentava em frente
ao computador e começava a descrever tudo o que havia acontecido. A
expectativa pela resposta me fazia acessar o meu Docs várias vezes ao
dia. E parava para ler cuidadosamente cada comentário, analisando e
revendo algumas atitudes minhas frente à turma.
Por meio do diário foi possível avaliar o desempenho e amadurecimento
do estagiário de forma processual e contínua, diagnosticando as suas
dificuldades e os seus avanços no estágio e revendo o planejamento de forma
colaborativa: “Esse feedback escrito favorece a aprendizagem porque os
discentes apresentam, progressivamente, produções de qualidade superior”
(DIAS; SANTOS, 2010, p. 2).
O feedback deve ser incorporado gradativamente e “de forma natural,
criando um ambiente seguro de forma que os discentes fiquem menos
hesitantes em relação às críticas e sugestões” (ZEFERINO; DOMINGUES;
AMARAL, 2007, p. 178) , pois nem sempre o graduando aceita bem um
comentário do orientador, quando é contrário ao dele. É importante
compreender esse processo de comunicação como “feedback formativo que
modifica o pensamento ou comportamento de um aluno em prol da
aprendizagem”(PAIVA, 2003, p. 1).
Essa interação virtual exige uma mudança de postura de ambas as
partes, demandando que o estudante saia da condição de passividade e também
dê o seu feedback em resposta às considerações feitas pelo orientador. Por seu
turno, o orientador deve abrir mão da sua condição de detentor e transmissor
do saber (RABELLO, 2011; PAIVA, 2003) aceitando o estagiário como sujeito
62
pensante e parte do processo de construção do conhecimento. Em entrevista
(ANEXO G, p. 162), uma estagiária argumenta essa relação:
[PESQUISADOR] E a resposta, que é o feedback, de você estar
discutindo com o professor e ele ser imediato na resposta, te dar um
retorno. Ele vinha? Como é que foi esse retorno pra você?
[MORAES] O retorno sempre vinha, mas algumas vezes eu não
gostava da resposta, mas eu acho que era uma troca de experiência, era
uma pessoa mais vivida do que eu, falando sobre algo que eu tinha
uma dúvida, então eu teria que escutar e tentar melhorar. Muitos
exemplos foram em relação à conversa em sala de aula: eu ficava
irritada quando os estudantes ficavam conversando e brincando em
sala de aula no estágio II, e aí eu relatei isso no diário, e o orientador
fez algumas colocações, que de início não gostei, me deixou bem
nervosa [...]. Aí depois eu percebi que não era bem assim; tanto é que
eu iniciei o estágio... até metade do estágio, eu não suportava a turma
e, depois de escutar o orientador e refletir sobre o que ele falou, eu
comecei a entender um pouco mais. [...] Eu pensei assim: Pôxa!
Talvez, se eu tivesse feito isso no estágio I, ou então na minha primeira
experiência de sala de aula, tivesse sido diferente, tinha adotado outra
postura, outra método.
Mesmo quando acontecia de um estagiário não gostar de algum
comentário do orientador, ele compreendia aquele espaço como momento de
discussão, de formação. Todavia, isso não quer dizer que ele ficava na
passividade, apenas lendo os comentários postados. Pelo contrário, tentava
argumentar ou contra-argumentar, buscando mostrar as suas ideias diante de
cada experiência e dos questionamentos que surgiam. Dessa forma, o
graduando percebe quão importantes são o respeito às opiniões alheias e a
abertura para outras visões do problema, que não são exatamente as suas ou
próprias de seu modo de pensar (MASETTO, 2009, p. 148).
O estagiário, ao produzir seu diário, pensa sobre sua ação, redimensiona
seu trabalho, está constantemente se autoavaliando e essa postura de se
autoavaliar é resultado de uma formação voltada para a autodireção14 e tomada
de decisão. O conhecimento necessário para assumir essa posição não é
Tomamos um dos conceitos investigados por Nogueira (2011) sobre autodireção, por
considerarmos apropriado para nossas discussões: “educando autodirigido como alguém que,
no(s) projeto(s) de aprendizagem se envolve, define os objetivos e estabelece prioridades na sua
concretização, selecionando, adicionalmente, as atividades que considera mais apropriadas para
a sua concretização” e ainda: “confiante, autônomo e criativo”.
14
63
adquirido através de treinamento. É necessário um processo de formação
“permanente, dinâmico e integrado, que se fará por meio da ação e da reflexão
sobre essa ação – da qual se extrai o substrato para a busca da teoria que revela
a razão de ser da prática” (VALENTE, 1998, p. 111). Trata-se de uma “formação
que articula a reflexão, a investigação e os conhecimentos teóricos requeridos
para promover uma transformação na ação pedagógica” (ALMEIDA, 1994, p.
111). Foi importante a descoberta de uma estagiária, quando ela afirmou o
seguinte:
[BRITO] Enquanto eu explicava o conteúdo, gostei da participação de
um grupo de estudantes que, ao prestar atenção no conceito de função,
me questionou para que aquilo pode ser usado; então, aproveitando o
interesse, dei um exemplo do dia-a-dia [...]. O fato do estudante ter
questionado a utilidade do conteúdo me fez refletir e planejar para, na
próxima aula, levar o conteúdo já com a aplicação mais próxima da
realidade deles.
Nesse momento, no diário, percebemos que a estagiária reflete sobre a
sua ação, já pensando em mudanças no planejamento, a fim de despertar o
interesse e aprendizado dos alunos. É uma oportunidade de “estar
constantemente ressignificando a própria atividade de ensino” (XERRI,
ZIMMER, 2010, p. 5).
No registro seguinte, a estagiária, depois de uma situação frustrante de
indisciplina na sala de aula, comenta que: “por causa da experiência que tive no
Instituto Euvaldo Lodi (IEL)15 e no estágio I, pensava que o estágio não era
necessário, eu já me achava a professora de matemática, por conta de ter conseguido me
dar com certas situação. Já me achava autossuficiente”. Vemos, assim, que o diário
torna-se um instrumento de caráter reflexivo que contempla “alguns aspectos:
expressão das teorias pessoais dos envolvidos; [...] o questionamento sobre os
conhecimentos atitudinais; o desabafo em situações desestabilizadoras”
(GALIAZZI; LINDELMAN, 2003, p.141).
O IEL foi criado pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia – FIEB, pelo Serviço Social
da Indústria – SESI-BA e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI-BA, tendo
como atividade principal o Projeto de Estágio Supervisionado. É constituído como uma
associação de direito privado, sem fins lucrativos (ver http://www.fieb.org.br).
15
64
Outro aspecto positivo do trabalho com o diário é que o orientador não
fica limitado às aulas na universidade e às observações de aula nas escolas para
fazer suas intervenções e dar o retorno ao estagiário. Dessa forma, estabeleceuse uma relação de diálogo mais constante e intenso, o que incentivou o discente
a interagir mais, ampliando as possibilidades de reflexão. Dar esse retorno ao
licenciando durante os relatos é fundamental, do contrário, o processo de
formação fica fragmentado “e o discente fica desmotivado para continuar o
diálogo” (MASETTO, 2009, p. 159), perdendo, com isso, a confiança no
processo.
Ainda em relação à experiência da interação no meio virtual, muitas
vezes, aconteceu de algum estagiário apresentar demandas mais urgentes e
precisar discuti-las. Com o diário online, não foi preciso esperar o próximo dia
de aula presencial na UESB para expor sua necessidade. Essa possibilidade de
feedback imediato foi um aspecto positivo, como apontaram alguns estagiários:
[SILVA] Foi válido, pois as dúvidas eram urgentes; portanto exigia
respostas urgentes, e isso ocorreu. Tá aí o maior ponto positivo da
internet.
[PEREIRA] A resposta era rápida, o que facilitava na hora de tirar
algumas dúvidas cruciais do estágio.
[AZEVEDO] Se o diário fosse escrito no Word para enviar
posteriormente, não seria a mesma coisa [...] achei excelente.
Outra questão que deve ser levada em consideração no que concerne à
importância da mediação do orientador de estágio é quanto ao tipo de registro
dos estagiários, pois, inicialmente, foram postagens apenas descritivas, como
vemos abaixo:
[AZEVEDO] Hoje a aula iniciou de forma bem tranquila; no primeiro
momento, entramos na sala, a professora organizou a turma e iniciou
a aula. Como de costume, ela trouxe uma questão para que a turma
respondesse antes de dar início às atividades, para estimular o
raciocínio. Logo após terem feito e corrigido na lousa, começamos a
passar os exercícios que seriam resolvidos naquele dia [...]. Tiramos as
dúvidas individualmente na cadeira de cada um, à medida que
65
chamavam e tinham dificuldades. No final da aula, foi feita a correção
da atividade e então deu o horário do intervalo.
O objetivo era que o estagiário escrevesse de forma analítica e reflexiva,
não apenas fizesse anotações sobre o que aconteceu, mas desse a oportunidade
de “responder às situações novas, nas situações de incerteza e indefinição”
(LIMA; PIMENTA, 2004, p.16).
Dewey (1959) considera que refletimos sobre um conjunto de coisas
quando pensamos sobre elas, mas o pensamento analítico só acontece quando
há um problema a resolver. A solução desse problema pode envolver a
transformação do investigador e do meio. Nessa perspectiva, o diário tornou-se
o instrumento para reflexão e análise das dificuldades encontradas no contexto
escolar, articulação da teoria com a prática, interação entre as partes, repensar
como se dá a construção da identidade docente, entre outras questões que
surgiram no decorrer do estágio. O Docs era o espaço ideal para o estagiário
expor, explicar e interpretar sua ação diária na aula, servindo também como
instrumento para explorar as atividades de planejamento (ZABALZA, 2004b, p.
40).
Para sair da limitação descritiva, fazíamos questionamentos, almejando
provocar uma discussão sobre o problema levantado, como forma de intervir
positivamente na formação do licenciando. Nessa mesma linha de pensamento,
em relação à mediação docente, Lewgoy e Arruda (2003) observam a
necessidade de orientar o estagiário para uma apropriação teórica, uma
sistematização da prática, para ações propositivas, reflexões sobre o fazer
docente, enfim, assinalam várias questões no sentido de proporcionar novas
indagações e questionamentos sobre a ação profissional.
Para a situação relatada acima pelo estagiário Azevedo, o pesquisador
fez as seguintes considerações:
1- Como você analisa essa metodologia adotada pela regente?
2- Reflita sobre as dificuldades apresentadas pelos discentes para
preparar o planejamento.
3- Quais os tipos de exercícios que vocês passaram?
66
Respostas do estagiário Azevedo:
1-No que deu pra observar, a única diferença das aulas tradicionais é o
desafio no início da aula.
2-Percebi que os estudantes prestam atenção no início para aprender
algo, mas quando acham que já estão indo bem e aprenderam alguma
coisa, o suficiente para garantir a aprovação com a nota mínina,
acabam não se interessando mais na continuidade da aula e no
aprofundamento do conteúdo e passam a ter dificuldades e dispersar
na aula, fazendo outras atividades (coisas pessoais).
3- Tirando a atividade de desafio que a regente gosta de passar no
início da aula, as outras atividades aplicadas eram sempre as que
constavam no livro.
Esses questionamentos “obrigam” o estagiário a pesquisar e estudar para
responder aos
desafios
que
encontra
na
regência,
“colaborando
no
desenvolvimento de sua responsabilidade diante do trabalho e do próprio
estudo” (MASETTO, 2009, p. 148). Com as reflexões propostas e executadas, o
diário não se limitou ao relato pelo relato, nem apenas a uma descrição dos
fatos. O objetivo era levar o estagiário a pensar, problematizar, investigar a
situação vivenciada e não necessariamente responder às perguntas, pois não
existem “respostas prontas” nem soluções em curto prazo.
Assim procedendo, os registros dos estagiários começaram a ter um novo
enfoque, como podemos ver abaixo. Algumas aulas depois da relatada
anteriormente, o mesmo estagiário relatou:
[AZEVEDO] O que mais me chamou a atenção foi o caso especial de
uma discente. Ela tinha mais que uma simples dificuldade em
compreender o assunto. Percebi que já vem com problemas desde os
primeiros anos de estudo. As explicações que eu dava não bastavam
para ela, com a pouca bagagem que tinha, entender e conseguir
resolver. Tinha necessidade também de saber como fazer as operações
de multiplicação e divisão e até de somar e subtrair; também tinha um
raciocínio muito lento em identificar termos semelhantes [...]. Fiquei
impressionado com o fato de essa estudante ter conseguido chegar ao
8° ano nessas condições [...]. É uma aluna que faz parte da turma, e
deverá ter um acompanhamento especial, a meu ver. Bom, vou tentar
tornar a aula mais interessante [...] e me centrar mais nessa aluna
durante a explicação dos conteúdos, fazer perguntas diretamente a ela
durante as aulas para fazê-la participar e estimular ela a pensar
sempre sobre o que está sendo feito na sala.
67
Percebemos que os alunos começaram a observar e refletir mais sobre o
que acontecia na sala de aula no estágio, buscando soluções para os problemas.
Essa investigação dos problemas promove, em primeiro lugar, o que Schön
(2000) definiu como "reflexão na ação", que acontece na hora da prática e faz o
estagiário repensar o planejamento; depois, promove também a “reflexão sobre
a ação”, isto é, a revisão do que foi planejado e o replanejamento. Um terceiro
momento é a “reflexão sobre a reflexão na ação”: o processo da retrospectiva, de
reconstrução pela análise da intervenção, que possibilita a mudança, o encontro
de novas soluções. Como o ciclo da investigação na ação, este é um processo
contínuo.
No registro do licenciando acima citado, percebe-se que ele passou por
todas essas etapas: observou, refletiu, conversou com a regente para entender o
que se passava com a aluna e como ele poderia trabalhar isso, buscou formas de
resolver o problema e reavaliou o processo junto com o orientador. Assim, a
reflexão, quando emerge da sala de aula e expande-se até o momento de
formação, através do diálogo coletivo, possibilita que o pensamento do
professor se torne mais crítico e, do mesmo modo, faz com que a ação se oriente
para o alcance de um determinado objetivo e com isso adquiram forças para
redefinir e ou (re)elaborar suas concepções sobre o ensino (SILVA, 2009).
Essa questão das dificuldades de aprendizagem também foi levada para
discussão em sala de aula na UESB. Com isso, outros casos foram expostos, de
modo que ficou evidente que era comum entre os estagiários ter em sua sala de
aula alunos com dificuldades de aprendizagem, por um motivo ou outro, e eles
não sabiam como agir. Esse diálogo coletivo “oportuniza o intercâmbio de
saberes
e
experiências,
consolida
espaços
de
formação
mútua
e o
compartilhamento de decisões e ações a serem utilizadas para se resolver um
determinado problema” (SILVA, 2009, p. 216).
O diário também é um espaço de enriquecimento para o orientador, que
pode ampliar o conhecimento sobre a escola, acompanhar melhor os estagiários,
replanejar as suas aulas (GALIAZZI; LINDELMAN, 2003, p. 149), refletir sobre
as
dificuldades
apresentadas
pelos
estagiários
e
como
orientá-los,
68
oportunizando, assim, o seu desenvolvimento da profissionalidade docente. O
professor que busca um trabalho interativo em sala de aula é mais do que
instrutor, parceiro, guia, conselheiro, facilitador, é, principalmente, um
formulador de problemas, provocador de situações e mobilizador das
inteligências múltiplas e coletivas na experiência do conhecimento (SILVA,
2008, p. 99).
Houve uma situação na qual duas estagiárias prepararam a mesma
atividade para turmas distintas, por estarem atuando na mesma série e
trabalhando com os mesmos conteúdos, além de terem a mesma regente. As
alunas perceberam que a dinâmica realizada deu certo numa turma e na outra
não. Por isso, questionamos a elas, via Docs: “Qual foi a importância disso para
você? Será que podemos fazer o mesmo planejamento para turmas da mesma série? Será
que o período de observação permite analisar essas questões?”
Vejamos a análise da atividade que uma delas registrou no diário:
[SANTOS] Acredito que não é possível fazer o mesmo planejamento
para duas turmas. No período de observação, não foi possível observar
esses aspectos em relação a aulas lúdicas, por exemplo, até porque a
professora regente não fez (enquanto estávamos observando) nenhuma
aula lúdica. E na verdade só passamos a conhecer a turma melhor no
período de regência, pois é o momento que mais interagimos com eles.
A minha turma é excelente; percebi que eles gostaram muito da
atividade; mas na turma da minha colega não deu certo de jeito
nenhum.
Diante dessa realidade, os estagiários acham que nem sempre o que foi
planejado e estruturado para uma turma serve para outra. Observamos nessa
experiência “dificuldades de uma postura de enfrentamento de situações mais
abrangentes, adversas ao desenvolvimento do planejamento” (USTRA;
HERNANDES, 2010, p. 3). Daí a necessidade de pensar que o planejamento não
assegura, por si só, o andamento do processo de ensino.
Outro aspecto a ser considerado é o do planejamento que, mesmo sendo
o mesmo, ele é flexível, devendo se adequar à realidade de cada turma.
Vejamos a mesma experiência no relato da outra estagiária:
69
[SOUSA] Essa foi a pior aula que eu já dei naquela sala [...]. A
atividade lúdica não despertou o interesse da turma, não entravam na
competição, não tinham motivação, mesmo valendo ponto e uma caixa
de chocolate. Para eles tanto fazia acertar ou não, acho que mais ou
menos 50% participaram de verdade [...]. Com essa experiência
percebi que nessa turma posso dar o conteúdo e levar problemas do
dia-a-dia dentro dos exercícios, para que eles apliquem o que
estudaram, pois percebo que eles participam mais e me respeitam.
Nesse processo de descrever, informar, confrontar e reconstruir, o diário
se torna espaço de formação e reflexão crítica do estagiário (OHUSCHI;
MENEGASSI, 2009). Isso acontece pelo fato de os alunos estarem mais atentos a
todas as suas vivências e partilharem também das vivências dos colegas,
trabalhando de forma colaborativa – as diversas situações vivenciadas ampliam
o leque de discussões, uma vez que “A oportunidade de discutir criticamente
uma temática vai além do conteúdo em si e permite refletir sobre a contribuição
e a responsabilidade dos discentes e professores como cidadãos” (BEHRENS,
2007).
Dessa forma, percebemos que o feedback mediatiza a aprendizagem,
favorece a construção coletiva do conhecimento quando trabalhado de forma
clara, direta e, amiúde, orienta discursivamente ou por meio de perguntas, ou
de uma breve indicação ou sugestão (MASETTO, 2009).
b. Motivação
A motivação é uma importante estratégia a ser implementada no
contexto escolar, pois tem implicações diretas na qualidade do envolvimento do
discente com o processo de ensino e aprendizagem. Quando motivado, o
indivíduo busca novos conhecimentos e oportunidades, participando de forma
efetiva nas tarefas, com entusiasmo e demonstrando disposição para novos
desafios (ALCARÁ; GUIMARÃES, 2007a).
Essa motivação tornou-se perceptível na escrita do diário online, uma
vez que os estagiários escreviam com mais vontade e maior frequência tudo que
se passava na escola. Isso evidencia a importância do uso de diferentes
estratégias por parte dos docentes para promover e manter a motivação no
contexto acadêmico (ALCARÁ; GUIMARÃES, 2007b).
70
Esse estímulo aumenta se o docente o faz num clima de confiança,
abertura e cordialidade (MORAN, 1997). Há um conjunto de fatores que pode
despertar a motivação no aluno e o professor é o grande mediador nesse
processo. Nas afirmativas dos estagiários transcritas abaixo, percebemos que a
internet e o contato constante com o orientador contribuíram positivamente
para isso.
[ALMEIDA] Para mim, a melhor parte do Estágio II foi o Docs, pois é
um programa que estamos em contato constantemente. Assim que eu
chegava do estágio, costumava atualizar, e era respondido sempre com
rapidez.
[SILVA] No início, me senti motivada a escrever no diário, mas não
tinha internet em casa, precisava ir numa lan house para poder
atualizar. Mas depois de alguns dias coloquei internet em minha casa,
e isso me incentivou ainda mais a relatar no diário. Saía da aula
ansiosa para chegar em casa e contar no Docs o que aconteceu na aula.
[PEREIRA] O fato de utilizar recursos tecnológicos e programas
online contribuiu, e muito, para a minha motivação.
Esse apelo atrativo da internet também pode propiciar caminhos de
criação, iniciativa e autonomia (BEHRENS, 2010). Algum tempo atrás, por
exemplo, era difícil conseguir que um aluno, em especial de Matemática,
produzisse um texto. Hoje, com a ascensão dos meios digitais, isso acontece
quase de forma natural. Nesse contexto, corroboramos com Kenski (2005),
quando aborda que o interesse natural dos discentes pelas tecnologias colabora
para transformar a sala de aula em espaço de aprendizagem ativa e de reflexão
coletiva.
É importante ressaltar que, no diário online, os alunos escreviam numa
linguagem informal, o que era muito importante, pois eles, com isso,
expressavam tanto as suas reflexões sobre o ensino quanto as suas questões
mais pessoais, seus anseios, suas dúvidas. Ainda assim, fizemos orientações
acerca de aspectos textuais, pois não se pode perder de vista que esse registro é
um trabalho acadêmico.
[PEREIRA] Foi ótimo, visto que se tornou um facilitador, além de
economizar tempo também. E para mim foi produtivo poder fazer os
71
diálogos no Docs., era uma conversa agradável, com boa interface para
a comunicação, como se fosse um bate-papo online mesmo, simples e
prático.
[AZEVEDO] E quanto ao fato de ser na internet favoreceu muito,
visto que se tornou um sistema muito prático, permitindo que de
qualquer lugar pudéssemos escrever e ao mesmo tempo já estar
disponível ao professor ler e fazer comentários. Se fosse pelo Word,
para depois enviar posteriormente, não seria a mesma coisa.
Quando o discente realiza uma atividade envolvente e interessante e,
sobretudo, sem constrangimentos externos ou internos, ocorre a motivação
intrínseca que, no contexto educacional, facilita a aprendizagem e o
desempenho (GUIMARÃES et al., 2002). Percebemos situações desse tipo
quando os estagiários disseram que se sentiam mais à vontade para “conversar”
no Docs. do que na sala de aula da universidade, pelo fato de não estarem na
frente dos colegas nem do professor, evitando o constrangimento e a
insegurança para falar e se expressar.
Essa foi a experiência relatada por duas estagiárias quando questionadas
sobre o diário na entrevista:
[SOUSA] Conversar no diário foi melhor do que conversar dentro da
sala de aula na universidade. Eu me senti mais à vontade para relatar
o ocorrido, porque, às vezes, na sala de aula, por estar diante de vários
colegas, a gente fica meio preocupada com certas coisas que a gente vai
relatar, e também pelo fato de ser mais informal.
[MORAES] Pra mim, foi maravilhoso; expressei muita coisa, como se
fosse de diário mesmo, de quando a gente é criança e faz um
diariozinho lá, contando tudo que faz durante o dia... foi exatamente o
que aconteceu. Tinha dia que eu saía da escola nervosa, revoltada,
chegava lá e descarregava no Docs e ficava ansiosa pra esperar a
resposta dos orientadores e pensava assim: será que eles já
responderam? Vou lá ver.
Os diários de aula online tornaram-se ferramentas importantes para os
estagiários, pois nele podiam “expor as vivências, explicando e interpretando
cada ação diária na aula” (ZABALZA, 2004a, p. 41), permitindo revisitá-la e
reelaborá-la. O discente motivado mostra-se envolvido e engajado no processo
de ensino e aprendizagem, “persistindo em tarefas desafiadoras, usando
72
estratégias
adequadas,
buscando
desenvolver
novas
habilidades
de
compreensão e domínio” (GUIMARÃES; BORUCHOVITCH, 2004, p. 143).
Esse aspecto é muito interessante, pois aquele aluno que parecia não
gostar de escrever, em poucos dias produziu um texto de várias páginas, digase de passagem, escrevendo com paixão, por se tratar da sua experiência.
Apropriamos das palavras de Zabalza (2002, p. 17) que declara:
escrever seu próprio diário é a experiência de contar (o que
você mesmo faz) e de contar-se a si mesmo (como duplo ator: o
ator que realiza as coisas contadas e o ator que as conta).
Experiência narrativa que posteriormente tornará possível uma
nova experiência, a de ler-se a si mesmo com atitude benévola
ou crítica, mas tendo a oportunidade de reconstruir o que foi a
atividade desenvolvida e nossa forma pessoal de vivê-la.
O entusiasmo do discente na execução das tarefas e orgulho acerca dos
seus resultados e desempenhos mostra a superação nas previsões de suas
habilidades ou conhecimentos prévios.
Podemos considerar que esse processo faz parte do letramento digital,
que “é um conceito amplamente referenciado em função da crescente demanda
em relação ao desenvolvimento de competências e habilidades de leitura e
escrita em novos suportes tecnológicos” (SILVA, 2012, p. 5).
c. Autoria
A questão da autoria é essencial. O licenciando produzia o diário e sabia
que construía um texto com as ideias dele, com a experiência dele, mesmo num
processo colaborativo, no sentido de estar em constante interação com o
orientador, que também editava o texto e fazia as suas considerações,
indagações e intervenções para ajudar o discente a desenvolver a capacidade de
trabalho autônomo, colaborativo e o espírito crítico. Neste ponto, corroboramos
com Alarcão (2003), para quem o espírito crítico só se faz no diálogo, no
confronto de ideias e das ações, na capacidade de ouvir o outro, mas também de
se ouvir e de se autocriticar.
73
Usar o diário como recurso tecnológico altera o esquema clássico de
comunicação, que tem como elementos emissão-mensagem-recepção, pois o
usuário não se comporta mais passivamente, ele intervém nos conteúdos. A
interatividade experimentada nessas interfaces faz com que emissor e receptor
mudem de papel, de natureza e de status. Isso porque “o receptor modifica a
mensagem, ela só toma seu significado total com a intervenção do receptor”
(SILVA, 2000b, p. 4).
O processo de avaliação da produção textual é riquíssimo, pela
possibilidade de analisar o crescimento, as dificuldades encontradas e como o
estagiário lida com cada situação que se apresenta. O próprio estagiário percebe
as suas limitações e transformações no decorrer do processo. A dinâmica
avança ainda mais quando se trata de saber fazer e refazer um texto, passandose de leitor a autor: “Aparecendo a elaboração própria, torna-se visível o saber
pensar e o aprender a aprender” (DEMO, 1996, p. 68).
Nesse aspecto, o diário pode ir além do relato e suscitar a busca de
consequências das ações e caminhos para alterar o processo educativo. Essa
iniciativa é denominada curiosidade epistemológica e compreende a ação
docente crítico-reflexiva. Portanto, “tem seu viés na pesquisa – uma necessidade
– e no estudo – uma decorrência da consciência da incompletude humana, um
compromisso social do fazer pedagógico” (XERRI; ZIMMER, 2010, p.90).
Percebe-se que a relação pedagógica assentada no “escute, leia, decore e
repita” passa a ser superada por ações que demandam envolvimento e
participação para projetar, criar e produzir conhecimento (BEHRENS, 2007, p.
451). Quando o aluno escreve, ele consegue colocar tudo de forma mais clara no
documento do que quando está verbalizando. Este é outro diferencial do diário
online: a possibilidade de escrever e reler o tempo todo, de forma simples e
objetiva.
[PEREIRA] Tivemos a oportunidade de escrever sobre tudo que
aconteceu no dia e isso é ótimo no sentido de que nos estimula a
relembrar de coisas, detalhes, fazer uma recapitulação do dia e assim
estar ligados mentalmente ao estágio em si.
74
[SILVA] O primeiro dia de observação foi com pouco entusiasmo, pois
me assustou a indisciplina da turma. Relendo o que escrevi, percebo
que me sentia retraída com essa nova etapa, mas não podia desistir.
[ROCHA] A experiência foi excelente, me ajudou demais, até mesmo
na construção do meu relatório, pois pude rever toda a minha
experiência.
Os diários, como forma de expressão da escrita pessoal, são recursos de
expressão das reflexões, aprendizagens e elaborações que os licenciandos, em
processo de formação, desenvolvem, evidenciando seus saberes e suas ações.
Nessa perspectiva, o apoio e as vantagens dessa ferramenta ocorrem
especialmente no desenvolvimento da profissão, ou seja, como um recurso para
se obter acesso ao mundo pessoal dos docentes, no qual se torna possível
explicitar seus dilemas, seus novos conhecimentos, a (re)construção de saberes,
avaliar o processo de formação e reajustá-lo (ZABALZA, 1994).
Ao final do estágio, o aluno é autor de um texto cheio de reflexões,
dúvidas, angústias, tensões, alegrias e superações. Ele produziu a sua
experiência de estágio. É autor do próprio texto, da própria história. Como já
havíamos discutido, são as contribuições da web 2.0, que permitem a
“descentralização do conhecimento, onde o sujeito torna-se um ser ativo e
participante sobre a criação” (MACHADO, 2009).
Entendendo que o diário online favorece a criação de uma aprendizagem
para a autonomia, com participação ativa do sujeito em seu próprio
aprendizado, percebe-se a importância conferida por Vygotsky (1984) à
educação. Isso se deve ao fato de a mediação implicar numa reconstrução
interna de processos construídos na relação com os outros sujeitos do entorno
social, já que, para Vygotsky, o bom ensino antecede o desenvolvimento,
promovendo-o. Porém, a apropriação dos elementos da cultura, por meio da
mediação, só acontece na medida em que o sujeito se beneficia da mediação,
apropriando-se dela e sendo capaz de realizar sozinho aquilo que
anteriormente só realizava em parceria com outrem. Nesse sentido, a utilização
de tecnologias na educação favorece a realização de tarefas e desenvolve a
aprendizagem autônoma.
75
d. Flexibilidade de horários
Elaboração do diário online tem uma vantagem em relação à
flexibilidade de horários. Isso significa que seu autor pode acessá-lo de
qualquer lugar que tenha internet e no horário que puder ou achar melhor; com
isso, ganha mais tempo para escrever. Como o diário é redigido no Docs, ele
fica salvo na internet, e é isso que permite a flexibilidade do tempo e a quebra
de barreiras espaciais que favorecem a comunicação e a produção (ALMEIDA,
2011). As ideias não se perdem e tudo que se escreve é salvo automaticamente.
Essa flexibilidade de horários é excelente, tanto para o estagiário quanto
para o professor, principalmente hoje, com os computadores portáteis. Esse
aspecto também fica evidente nos depoimentos sobre a experiência:
[SILVA] O fato de ser pela internet me favoreceu muito já que não
tenho tanto tempo e isso me permitiu utilizá-lo em horários diversos.
[ALMEIDA] Esse diálogo no Docs facilita, pois agiliza a interação,
uma vez que não necessita dos dois, orientadores e estagiários, terem o
mesmo horário livre para conversar.
Na entrevista com o estagiário Pereira (ANEXO G), ele afirmou que a
flexibilidade de horário é muito produtiva por três motivos. Primeiro, por
disponibilizar a qualquer hora a experiência da sala de aula e isso permitir que
o orientador dê um retorno rápido, antecipando uma discussão que talvez só
fosse realizada no dia da aula na universidade; isso por causa da rapidez com
que a informação é transmitida. Essa “rapidez de comunicação por redes e a
facilidade de ver-nos interagir vem ocupando um papel central na educação
online que se faz notar cada vez mais em todas as dimensões e níveis de
ensino” (MORAN, 2003, p. 2).
O segundo motivo que o estagiário aponta é a otimização do tempo, uma
vez que, no dia da aula, outras questões podem ser discutidas e não aquela que
já foi registrada no diário. Por último, aponta que, quando ele postava
experiências no diário, o orientador fazia questionamentos de temáticas que o
discente não relatou, para provocar novas discussões, pois, nos dias de aula na
76
UESB, nem sempre havia tempo tirar dúvidas e debater sobre a experiência que
todos estagiários vivenciaram. Para ele, é como se tivessem duas aulas. Assim,
concordamos com as ideias de Moran (2003), quando comenta que, integrar
aulas presenciais com aulas e atividades virtuais, flexibiliza tempos e espaços,
amplia os espaços de ensino-aprendizagem.
Isso também é um ganho, se analisarmos que, muitas vezes, o discente
não tem a oportunidade de se comunicar diretamente com o orientador na sala
de aula, devido ao tempo cronometrado e, dependendo do caso, à grande
quantidade de alunos presentes. Como se vê, a noção de distância na educação
é um fator relativo, já que, online, o docente pode interagir com todos os
discentes e dar um atendimento individualizado.
Em ambientes virtuais, o discente precisa administrar o seu tempo de
estudo com autonomia para fazer os registros no momento mais adequado para
ele, com comprometimento e responsabilidade, desde que respeite as limitações
de tempo acordadas com o docente (ALMEIDA, 2000). Vale destacar que esse
tipo de atividade não substitui o contato na sala de aula; ao contrário, é a
expansão das possibilidades de comunicação, aproximando orientador e
estagiário.
e. Comunicação bidirecional16
O diário favorece a comunicação bidirecional, em que um conteúdo não é
uno e indivisível, pelo contrário, a comunicação bidirecional (diálogo entre
professor e discente) caracteriza-se pela multiplicidade, complexidade,
sensorialidade e participação do receptor, o que requer a concepção da
informação manipulável como intervenção permanente sobre os dados (SILVA,
2000b). Essa comunicação “gera comprometimento, pois demanda um
engajamento e uma ação de ambos os envolvidos no relacionamento
comunicacional” (TERRA, 2009, p. 3). O diário funciona exatamente dessa
16A
comunicação bidirecional é o tipo de comunicação de “duas mãos” (ida e volta), que
pressupõe troca, intercâmbio, que permite a oportunidade de resposta e interação entre os
emissores e receptores de uma mensagem (TERRA, 2009, p. 2).
77
forma, pois é necessário o envolvimento de ambas as partes: o estagiário
escreve e fica esperando as considerações do orientador; este, por sua vez, dá o
retorno e sempre instiga o discente a participar.
O docente pode fazer questionamentos com frequência para que o aluno
reflita e responda. Esse diálogo promove uma comunicação direta e
instantânea, que contempla uma “dimensão criativa e libertária presentes na
participação, bidirecionalidade e potencialidade-permutabilidade que formam a
base para a comunicação criativa com as novas tecnologias e com as pessoas,
uma vez que contribui para repensar a própria definição de comunicação”
(SILVA, 2001, p. 12).
[AZEVEDO] E quanto ao fato de ser na internet, favoreceu muito,
visto que se tornou um sistema muito prático, permitindo que, de
qualquer lugar, pudéssemos escrever e, ao mesmo tempo, já estar
disponível para o professor ler e fazer comentários.
[BRITO] Por ser um programa com o qual estamos em contato
constantemente, facilitou bastante, pois, assim que chegava do estágio,
costumava atualizar e era respondido sempre com rapidez.
[SILVA] Sim, eu gostei, pois, por ser pela internet, os orientadores
estavam sempre nos acompanhando.
O contexto da tecnologia com o usuário, ao dispor de recursos para
modificar
o
conteúdo
(participação-intervenção,
bidirecionalidade
e
multiplicidade de conexões offline e online), leva a novas experiências de
conhecimento não permitidas pelos meios midiáticos tradicionais.
4.2. Segunda categoria: O diário do Google Docs como espaço de reflexão da
prática pedagógica de estágio
Nesta categoria abordamos as subcategorias que surgiram como
consequência do processo reflexivo do estagiário sobre a sua prática docente no
estágio curricular: Currículo e Docência.
78
Defendemos o uso do diário como oportunidade de reflexão para o
estagiário, por compreender que ser um professor reflexivo “implica em saber
quem sou, as razões pelas quais faço o que faço e conscientizar-me do lugar que
ocupo na sociedade” (ALARCÃO, 2003, p. 9). Nesse sentido, é importante que o
estagiário construa o seu saber a partir de sua ação, que compreenda qual o seu
papel como docente, que não seja apenas um reprodutor de modelos, um mero
repetidor de métodos e ideias, que compreenda a identidade profissional e a
relação teoria e prática.
Podemos ilustrar essa situação, de reprodução de modelos, no registro
de dois estagiários:
[AZEVEDO] Observei que a regente conseguia prender a atenção da
turma no momento em que respondia a atividade no quadro, talvez por
conta da metodologia utilizada por ela (tradicional). Eu me atentava a
isso para quando iniciar a regência não fugir dessa forma de ensino,
pois, aparentemente, eles apresentavam interesse e participação ativa.
[SOUSA] No meu primeiro dia de aula, eu não sabia exatamente o que
fazer; então me espelhei nos educadores que eu já tive e achava
interessantes. Então foi praticamente uma cópia desses.
Percebemos a repetição de métodos no discurso dos estagiários em dois
momentos: quando relatavam sobre as ações do regente no período de
observação e de quando relembravam outros professores que já tiveram e cuja
metodologia gostavam. Essa perspectiva está ligada a uma concepção docente
que não valoriza sua formação intelectual, reduzindo a atividade docente
apenas a um fazer, o qual será bem sucedido quanto mais se aproximar dos
modelos que observou (PIMENTA; LIMA, 2006, p. 8).
A ideia do diário é que o estagiário assuma o seu papel como docente,
que investigue, analise e problematize as ações, que seja “capaz de produzir
conhecimento” (NÓVOA, 1999, p. 26). A construção do Docs nessa perspectiva
“constitui um instrumento capaz de possibilitar o exercício acadêmico na busca
da identidade profissional” (LEWGOY; ARRUDA, 2003, p. 6), mostrando os
dilemas vivenciados pelos estagiários quanto às suas escolhas pessoais e
profissionais.
79
Em outro momento, o mesmo estagiário Sousa registra em seu diário: “a
personalidade, a postura e a identidade do professor são construídas durante as
experiências realizadas por este”. Diante desse relato, compartilhamos a
experiência de Lewgoy e Arruda (2003, p. 6) com diários, quando afirmam que,
“através de sucessivas aproximações críticas com o contexto escolar”,
poderemos proporcionar uma reflexão a respeito da ação pedagógica cotidiana,
revendo seus limites e desafios.
Observa-se que, ao escrever, reler, refletir sobre a ação, reorganizar as
ideias, o estagiário “conhece a si próprio e questiona a si mesmo” (ALARCÃO,
2001, p. 25). Ele vai descobrindo que a identidade docente é individual e está
em constante transformação. No entanto, a sua construção não se dá de forma
individual. Entendemos que corresponde a uma construção inter e intrapessoal,
não sendo, por isso, um “processo solitário: desenvolve-se em contextos, em
interações, com trocas, aprendizagens e relações diversas da pessoa com e nos
seus vários espaços de vida profissional, comunitária e familiar” (SARMENTO,
2012, p. 25).
Isso
também
demanda
o
processo
de
reflexão-na-ação
que,
compartilhando as ideias de Schon (1997), é um ensino cuja capacidade de
reflexão é estimulada na interação orientador-estagiário. É uma concepção que
valoriza a ação e, o pensar sobre essa ação, relaciona teoria e prática para
formar profissionais criativos, reflexivos, que possam dar conta das diversas
situações que se lhes impõe.
Outro aspecto importante referente à utilização do Docs é que tudo que o
discente escreve fica salvo na internet, ou como é conhecido no mundo da
computação, fica tudo salvo na nuvem17. Isso possibilita a releitura do diário,
tanto pelo orientador quanto pelo estagiário, aos quais é dada a condição de
analisar os erros, acertos e avanços, retomando o que foi escrito, comparando
17
A computação nas nuvens representa um novo modelo de serviço capaz de fornecer todo o
tipo de processamento, infraestrutura e armazenamento de dados por meio da internet (tanto
como componentes separados quanto como uma plataforma completa), baseado na necessidade
do usuário. (PEDROSA; NOGUEIRA, 2010).
80
situações anteriores com as mais recentes e tomando novas posturas com a
experiência que vai se acumulando em ato. Para o estagiário Azevedo:
[AZEVEDO] Foi uma experiência construtiva, pois tivemos a
oportunidade de escrever sobre tudo que aconteceu no dia, o que nos
estimula a relembrar de coisas, detalhes, fazer uma recapitulação do
dia e assim estar ligado mentalmente ao estágio em si e ao mesmo
tempo já estar disponível ao professor para ler, fazer comentários e
perguntas.
A possibilidade da construção coletiva do conhecimento proporciona
situações de troca, vivências e ideário, bem como conduz à reflexão e discussão
(FONSECA, 2010). Muitos alunos ficavam eufóricos para escrever as situações
vivenciadas e poder dividir isso com alguém, trocar ideias, receber sugestões,
etc. É possível compreender como essa situação era importante para os
estagiários nos depoimentos abaixo:
[MORAES] O Docs fez um diferencial nessa disciplina. Foi a
oportunidade de tentar entender a atividade pedagógica e discutir essa
atividade, porque até então o estágio era bem tradicional; tudo que eu
fazia em sala, depois, no final, se resumia em um relatório de estágio,
impresso entregue na coordenação e ficava arquivado. A gente não
tinha uma discussão, uma dinâmica em relação ao que estava
acontecendo em sala de aula e, com o diário, eu percebi que ali eu
poderia estar discutindo.
[SOUSA] Essa disciplina de estágio II contribuiu muito para minha
formação, uma vez que os relatos de experiências no Docs e os
comentários dos orientadores em relação às nossas aulas me fizeram
enxergar a disciplina de uma forma diferente e enfrentar uma sala com
um outro olhar e tomar novas atitudes.
O estagiário podia anotar também o seu planejamento. Nesse caso, antes
da aula, o orientador do estágio dava sugestões e/ou fazia correções. Assim,
acontecia uma troca de saberes, de experiências. Esse processo de descrição
consciente das ações gera mudanças, conduzindo o profissional a elaborar
novas ações e novas estratégias de ensino (SCHÖN, 1997).
Os diários meramente burocráticos não têm grande validade para quem
escreve; os mais interessantes trazem discussões sobre a turma, observações
sobre difusão e aquisição do conhecimento. A escrita de diários pelo estagiário é
81
uma atividade importante para nortear o trabalho em sala de aula, visto que
auxiliam no círculo de qualidade do ensino: planejar, realizar, documentar,
analisar e replanejar (ZABALZA, 2004a).
Desse modo, o licenciando aprende que se deve partir sempre de um
exame crítico da realidade, a fim de identificar a origem dos problemas que
enfrenta e criar possibilidades para superá-los. Implícita nessa superação está a
ideia de que o papel do educador é fundamentalmente dialogar com o
educando sobre situações concretas. Schön (1989, p. 25) considera:
Quando o professor se afasta e analisa a posteriori o processo e
a sua própria ação, ele está refletindo sobre a reflexão-na-ação,
ou seja, realiza uma reflexão-sobre-a-ação. Quando descreve,
analisa e avalia, o docente depura o processo a partir das
informações observadas e retidas em sua memória e procura
compreender a epistemologia subjacente à sua ação.
O diário, como proposta reflexiva na ação didática, permite ao docente
libertar-se das certezas e rotinas comportamentais e adquirir capacidades que
lhe possibilite adaptar à prática os conhecimentos resultantes da investigação
na sala de aula (ZABALZA, 2004a, p. 13). Essa estratégia de registro torna-se,
assim, um espaço pessoal, em que os estagiários, ao teorizarem sobre suas
experiências no estágio, podem também valorizar e (re)significar suas
habilidades, crenças, valores e conhecimentos nas dimensões pessoal e
profissional (SOUZA et al, 2012). Traçamos um breve perfil desses licenciandos
para melhor compreensão dos discursos por trás dos registros, seguido da fala
de cada um sobre a vocação docente e sua experiência no estágio.
O perfil foi construído com base em oito perguntas do segundo
questionário (ANEXO C, p.142), sendo quatro de cunho pessoal (base escolar,
trabalho atual, experiência docente e estágio) e quatro referentes à escolha do
curso (motivações, vocação, afinidades e expectativas), objetivando descobrir o
porquê da escolha do curso de licenciatura em Matemática e o relato de como
foi a experiência de estágio.
Perfil:
82
1. Santos - Sonha com essa profissão desde criança e mostrou afinidade
pela disciplina de Matemática já nos primeiros anos de escola. Durante a
graduação, buscou participar de eventos, congressos, seminários e é bolsista de
Iniciação Científica.
Ao terminar o estágio I, saí com a sensação de que estava realizada
profissionalmente; mas, ao longo do Estágio II, me perguntei várias
vezes se era isso mesmo que eu queria; mas, na verdade, toda vez que a
aula era “boa”, saía com a sensação de dever cumprido; mas se alguma
coisa dava errado durante a aula [...], saía da escola com vontade de
nunca mais voltar lá. Pra ser sincera, ainda não sei se é isso que eu
quero, pois acredito muito que a realidade da educação brasileira pode
mudar um dia; acredito que os educadores ainda serão valorizados, que
ainda vão ter de volta o respeito, e eu tenho medo disso tudo ser apenas
um sonho, ficar durante anos em uma sala de aula e continuar sendo
assim ou ainda pior.
2. Sousa - Muito estudiosa e apaixonada pela Matemática pura, chegou a
fazer um curso de férias em Álgebra Linear na UNICAMP. Teve experiência
docente em cursinho pré-vestibular inferior a um ano.
O estágio contribuiu para eu saber se quero ou não lecionar; ainda
carrego dúvidas, mas, ao menos, tive a certeza de que não pretendo
lecionar no ensino fundamental e médio. Apesar de gostar muito de
ensinar, a cada dia me decepciono com a valorização do professor no
nosso país. O salário é baixo, incompatível com a importância de tal
profissão; eles não têm o respeito que merecem de toda a sociedade.
Quanto à profissão, sonho fazer um mestrado e lecionar na
universidade.
3. Moraes - Durante o Ensino Básico, não gostava de estudar, e ser
professora nem passava pela sua cabeça. A Matemática era um “calo” na sua
vida. Fez o curso de licenciatura em Matemática por acreditar que poderia
contribuir para um mundo mais justo e uma matemática mais fácil. Participa do
Projeto Institucional de Iniciação à Docência – PIBID. Tem experiência docente
em rede particular e pública inferior a um ano.
O estágio I e II construiu a minha identidade como profissional. Essas
disciplinas me ajudaram muito, pois, antes do estágio, eu dava aulas
como eu via meus mestres dando aula. Hoje, tenho o meu jeito de dar
83
aulas e acredito que isso tenha feito a diferença para mim e para meus
alunos. Eu gosto de dar aulas e essa é a única coisa que eu tenho
certeza. O estágio II me fez acreditar que talvez eu tenha vocação para
seguir nessa profissão. Gosto do que faço, só não sei se é essa "vida"
que quero para mim. Quando digo "vida", me refiro à “vida docente”.
4. Rocha - Pouca experiência docente, inferior a um ano, em rede
particular. Tem outra profissão e tenta dividir o seu tempo entre família,
trabalho (período integral) e faculdade. Para ele, a escolha em ser um educador
veio desde a infância.
Durante toda minha vida sempre estive a ensinar alguém. Como aluno
ensinava meus colegas, no trabalho sempre fui líder [...]. Tenho
vocação nata. Não há possibilidade de se formar um profissional sem o
auxílio de um estágio supervisionado, pois é nesse momento do curso
que nos deparamos com a realidade e percebemos que precisamos de
muita ajuda em todo o contexto (material humano e técnico). Fiz este
curso para me tornar um educador.
5. Almeida - Não trabalha na área de educação, mas já teve oportunidade
de fazer experiências como professora substituta durante um período curto.
Desde pequena sonhava essa profissão. No ensino básico, sempre ajudou os
colegas nas lições, dava aula de reforço e, com isso, se sentia útil e feliz.
Confesso que muitas vezes eu me desanimei com a realidade da
educação, mas se cheguei até aqui, não vim enganada. Esse momento
pelo qual a educação vem passando só me dá mais gás pra continuar e
tentar fazer minha parte pra reverter todo esse quadro de
desvalorização do ensino. Eu quero poder fazer alguma diferença,
deixar em cada sala em que eu passar a sementinha do respeito e da
valorização docente.
6. Azevedo - Escolheu o curso de licenciatura em Matemática pela
afinidade que sempre teve com essa disciplina. Tem experiência docente
(superior a dois anos) em rede pública de ensino.
Com
esses
estágios
me
veio
uma
certeza
maior
de que não desejo trabalhar com a educação básica (não quero dizer
com isso que não quero ser professor).
84
7.
Silva - Desde o ensino básico, tem afinidade com a área de exatas. Não
tem experiência docente anterior ao estágio.
Eu percebi que o que mais está deixando os docentes insatisfeitos não é
tanto o salário, mas sim a falta de disciplina dos estudantes. E
precisamos estar sempre buscando alternativas para “domar” isso e
também conquistar o respeito deles [...] cumprir a tarefa deixando algo
especial como educador e é dessa mesma forma que eu me sinto quando
me lembro dos meus mestres que admiro [...] Não sei qual vai ser o
meu futuro, em relação à profissão, mas sei que quero fazer bem feito e
principalmente nunca me acomodar, especialmente se eu for docente.
8.
Pereira - Trabalha em outra área e tem experiência docente superior a
três anos. A partir do ensino fundamental, começou a ter um interesse maior
por matemática e escolheu cursar bacharelado em Matemática, mas, por falta de
opção, fez licenciatura.
O estágio me fez refletir sobre como tenho que conduzir a minha
futura função docente; a escola onde fiquei me deu condições de
realizar o básico para as minhas atividades como estagiário de
matemática. Passei por bons e maus momentos em virtude de minha
inexperiência frente à sala de aula. Após a realização deste estágio,
creio que tenho plenos potenciais como educador; contudo necessito de
mais apoio por parte das instituições escolares.
9.
Vieira - Tem experiência docente superior a três anos. Passou por
situações pessoais bem difíceis durante os dois estágios, o que dificultou todo o
processo de regência, mas conseguiu superar. Escolheu esse curso pela
afinidade com a disciplina Matemática e falta de opções
O estágio é muito importante para aprendermos como exercer a nossa
profissão, pois para muitos é o primeiro contato com a sala de aula e prepara
para os desafios que a carreira do magistério oferece, e onde ele pode tirar
dúvidas a respeito da ação pedagógica, tendo o suporte do orientador e
regente, além das interações com os colegas que vivenciam o mesmo processo.
10.
Brito - Trabalha em outra área, mas tem experiência docente. Precisou
afastar-se do estágio por motivos pessoais da regente. Elaborou um projeto
envolvendo softwares para estudantes do ensino fundamental.
Já havia experimentado esse gostinho de ser docente antes, aliás, o que
sempre foi meu sonho; porém, não sabia que a educação estava tão
85
decadente assim; pensei que aluno ainda estudava para avaliação (nem
que fosse um dia antes); pensei que nós educadores ainda éramos
respeitados. Se eu não tivesse certeza da minha vocação, teria desistido
no primeiro dia de estágio, afinal, é triste perceber que a educação
chegou ao nível que está. A escola onde estagiei é desorganizada, os
alunos não querem nada com o estudo... sempre que penso neles, faço
uma comparação com a minha época de ensino fundamental: eu
respeitava meus professores, me preocupava quando tirava notas
baixas, e hoje não sinto essa preocupação; isso me desanima muito.
De modo sintético, podemos dizer que, em relação à escolha do curso de
Licenciatura em Matemática, três dos discentes responderam ter escolhido esse
curso por ter o sonho de ser educador desde cedo; oito por afinidade com a
disciplina de Matemática; duas por falta de opção e uma aluna ainda relatou
que fez o curso por não gostar de Matemática e acreditar que, sendo educadora,
poderia mudar essa realidade. Percebemos como é significativo para eles o
período de estágio, ”por permitir conhecer a realidade das instituições escolares
em que poderá vir a atuar no futuro” (GAERTNER; OECHSLER, 2009, p. 76).
Depois da experiência de estágio que tiveram, cinco dos licenciandos que
participaram do estudo acreditavam ter vocação docente ficaram na dúvida
sobre se querem mesmo seguir essa carreira, mostrando uma grande decepção
com a desvalorização da educação atualmente. Ademais, três dos que fizeram o
curso por afinidade com a disciplina acreditam que, sendo educadores, podem
fazer a diferença mudando a realidade da educação. Por fim, os dois que
fizeram licenciatura por falta de opção disseram que, depois do estágio, se
sentem preparados para docência. Observa-se uma alteração do quadro inicial
(antes do estágio).
O registro das experiências de estágio no diário suscitou uma gama de
temáticas, as quais foram também abordadas nos questionários. Tudo isso
possibilitou “a expressão e questionamento das teorias curriculares pessoais; a
construção e avaliação do projeto de estágio enquanto processo em curso e
contribuiu para discussões” (GALIAZZI; LINDEMANN, 2003, p. 1) de questões
didáticas da sala de aula, da formação inicial, da realidade das escolas, das
expectativas e decepções em relação ao estágio, do curso de licenciatura, das
conquistas e tantos outros desabafos pessoais.
86
a. Currículo
Destacamos alguns
aspectos
que
foram mais
abordados pelos
licenciandos quando discutiam a sua experiência pedagógica e a dos regentes
por meio dos diários, levantando questões sobre as metodologias utilizadas, os
discentes e a escola. O diário se apresentou como:
Uma ponte que estabelece diversas conexões entre teoriaprática/academia-campo de estágio/supervisão, evidenciando
subsídios para a intervenção crítica do real e a orientação da
ação, conduzindo a uma investigação também pertinente sobre
o cotidiano e as questões que nele se apresentam (LEWGOY;
ARRUDA, 2003, p. 6).
Usar o diário como recurso tecnológico contribuiu também para que o
licenciando tivesse uma nova visão do estágio, antes entendido apenas como
uma etapa obrigatória do componente curricular Estágio Supervisionado. No
entanto, com essa possibilidade interativa, colocou-se em evidência o
“dispositivo conversacional18 [que] permite ultrapassar a condição de mero
espectador para a condição de sujeito operativo” (SILVA, 2001, p. 12).
Já nos questionários, as perguntas que fizemos tinham como objetivo
aprofundar algumas temáticas, como o currículo, a fim de possibilitar que o
licenciando explicitasse sua opinião a respeito da composição do curso de
Matemática; falasse livremente sobre a graduação (disciplinas cursadas,
preparação para docência, metodologias, entre outros). Em suma, nosso
objetivo era compreender o que o discente considera relevante para ser
trabalhado na sua formação inicial.
Assim, buscamos discutir os pontos mais comentados por eles, que são:

Preocupação maior com as disciplinas específicas em detrimento
das pedagógicas.
Termo explicado por Silva (2001) como a transição do modo de comunicação massivo para o
interativo no processo em curso de reconfiguração das comunicações humanas em toda sua
amplitude nesse universo tecnológico em que vivemos.
18
87

Os professores das disciplinas pedagógicas só passam seminários
o semestre inteiro, o que torna essas disciplinas cansativas.

Nas disciplinas pedagógicas, em que os professores deveriam
trabalhar planejamento (como fazer um plano de aula, unidade, etc), isso não
ocorre, o que acarreta sérios problemas no estágio.

Muitos discentes matriculam-se em disciplinas pedagógicas
pensando que são fáceis e exigem menos. Demonstram não ter consciência da
importância dessas disciplinas da área de Educação. Na maioria das vezes, só
percebem isso quando chega o período de estágio.

O curso não prepara para a docência; não dá base o suficiente para
enfrentar o cotidiano da sala de aula. Ensinar vai além de metodologias, vai
além de domínio de conteúdos matemáticos.
Esses são aspectos mais comentados pelos estagiários. Ainda enfocam
que as aulas na universidade não são condizentes com as propostas que são
feitas para eles como licenciandos. Deles, exige-se que acompanhem as novas
tendências para o ensino da Matemática e as apliquem no estágio, mas isso não
acontece no curso.
Todas essas questões apontadas pelos licenciandos evidenciam a
necessidade de uma mudança curricular nos cursos de licenciatura em
Matemática. Portanto, procuramos mostrar, a partir da leitura de Shulman
(2005a, p. 15), que os cursos de “formação do professor devem dar aos alunos os
entendimentos e habilidades que eles vão necessitar para refletir sua trajetória e
desempenhar uma ação completa de pedagogia”.
Nessa linha de pensamento sobre a formação docente, abordamos as
categorias de base de conhecimentos necessários ao entendimento do professor
para promover a compreensão entre os licenciandos, que são: conhecimento do
conteúdo; conhecimento de currículo; conhecimento de conteúdo pedagógico;
conhecimento sobre os alunos; conhecimento do contexto educacional e
conhecimento dos objetivos, propósitos e valores educacionais e sua base
filosófica e histórica (SHULMAN, 2005a).
88
Constatamos que os discentes acreditam que a preocupação do curso de
graduação em Matemática está mais para formar o discente em conhecimentos
específicos, deixando de lado o foco principal, que é a docência. Entendemos,
porém, que o docente deve ter uma preparação sólida tanto de conhecimentos
específicos quanto pedagógicos. Dessa forma, é importante uma articulação
entre esses conhecimentos como uma das questões mais significativas para os
processos de ensino e de aprendizagem e, consequentemente, para os processos
de formação de professores, principalmente nas ações de formação inicial
(CARVALHO, 2010).
Reforçando essa visão dos estagiários em relação ao curso, ainda nos
defrontamos com esse mesmo debate na fala das regentes, que também tiveram
a mesma formação, no mesmo curso. Elas argumentam que:
[REGENTE A] Essa é a minha opinião [...] Se nós tivéssemos na
faculdade um coordenador de ensino, que realmente fosse à frente dar a
aula como ele gostaria que os licenciandos dessem, porque eles nunca
foram para uma sala de aula, eles nunca tiveram experiência de nada,
de experiência pedagógica na sala de aula [...] e pra mim ação
pedagógica é: sou eu passando a minha experiência pra você que vai
começar a experimentar os primeiros passos lá de dentro da educação
(da escola), como educador. Essa é a minha visão, é o que eu penso [...]
o próprio docente que está formando esses meninos, nunca na vida dele
passou, pelo menos pra mim como licencianda (na minha época), que
ele teria uma linha pedagogicamente falando de motivação,
criatividade, tudo isso [...]; então, o que acontece? os meninos chegam
aqui na escola sem ideia de como eles vão à frente dar uma aula.
Porque as aulas que eles estão tendo lá na faculdade são extremamente
tradicionais.
[REGENTE B] Os nossos docentes de matemática, eles são nada mais
nada menos que calculistas! Então o educador que é calculista, ele tá
na era tradicional [...].
Foi nesse debate que as regentes argumentaram que, o que acontece
com os estagiários, é uma reprodução da forma de ensino que eles recebem na
faculdade e não vivenciam o fazer pedagógico antes do período de estágio. O
diário proporcionou um debate coletivo, “revitalizando não só a formação do
estagiário como também o exercício da profissão da qual somos sujeitos
inseparáveis” (LEWGOY; ARRUDA, 2003, p. 7).
89
Ainda no tocante ao fazer pedagógico, fizemos algumas perguntas com o
objetivo de verificar qual a metodologia utilizada por eles durante os estágios e
confrontar com os registros nos diários.
Pergunta: Qual a metodologia utilizada por você em suas aulas
durante o estágio? Por quê?
[SOUSA] procurei diferenciar e quando notei o desinteresse dos
meninos e os péssimos resultados, fiquei no método tradicional.
[AZEVEDO] Nos meus estágios, não usei nada de diferenciado por
conta da dificuldade em fazer isso e do medo de me frustrar.
[ALMEIDA] Tive dificuldade em inovar, não me senti preparada para
fazer algo diferente. Conservei aulas tradicionais (exposição dos
conteúdos no quadro)
[SILVA] Foi uma mistura. A maioria das aulas era tradicional e em
algumas eu fiz dinâmicas e jogos.
[MORAES] Na maioria das vezes, conservei as aulas tradicionais,
pois a pouca maturidade da sala não permitia atividades em grupo ou
atividades diferenciadas.
[SANTOS] Gosto muito de utilizar jogos e aulas lúdicas em minhas
aulas, pois eles facilitam a aprendizagem dos estudantes.
[PEREIRA] Muitas vezes, não é fácil levar algo diferente; não é em
todas as turmas que dá certo, e nas minhas, então, a turma muito
agitada e pouco interesse; nesse caso, na minha opinião, é melhor
conservar aulas tradicionais e trabalhar expondo conteúdos na lousa e
fazendo atividades em classe.
b. Docência
As respostas do segundo questionário (ANEXO C) enviado pelo Docs
mostram que a experiência de estágio, na visão dos estagiários, possibilita
descobrir se a vocação deles é ou não docência. Nessa perspectiva de
investigação e discussão da ação, “os estudantes se sentiram instigados a
problematizar a sua particularidade como ser pensante que utiliza o diário não
apenas como registro, mas, principalmente, como instrumento de reflexão”
(LEWGOY; ARRUDA, 2003, p. 7).
Figura 8. O estágio lhe possibilitou saber se a docência é ou não a sua vocação?
90
OUTRO
NÃO
SIM
DOCÊNCIA É A
SUA VOCAÇÃO?
0
5
10
Fonte: Pesquisa de campo no Google Docs.
Consideramos importante enfatizar que o “sim” não é uma afirmação do
desejo de ser professor depois da experiência de estágio, mas a certeza de saber
se esta “é” ou “não” a profissão correta. O estágio possibilita decidir por essa
profissão, como é o caso do discente que começou o curso com o sonho de se
tornar um docente e depois ficou na dúvida se era ou não a profissão que
gostaria de exercer.
A seguir, buscamos analisar quatro perguntas referentes a questões que
envolvem o período de estágio (metodologias adotadas, expectativas, sonhos e
descobertas, dificuldades, contexto escolar, entre outros) e as disciplinas de
Estágio Supervisionado. O objetivo dessas perguntas é compreender os
aspectos (positivos e negativos) e sentimentos que envolvem o período de
estágio para o discente, considerando que, durante a análise dos discursos nos
diários,
procuramos
descobrir
como
se
“desenvolve
o
processo
de
aprendizagem dos futuros professores no decorrer do estágio, elencando alguns
elementos da formação inicial que proporcionam o desenvolvimento docente”
(LEWGOY; ARRUDA, 2003, p. 7).
Qual foi o sentimento (bom ou ruim)
experimentado por você no primeiro dia de Estágio?
Erro! Indicador não definido.
Pergunta:
[SANTOS] A maior sensação que senti quando entrei em uma sala de
aula durante o Estágio I foi o MEDO: medo de não dar conta, medo de
não ter controle da turma, medo de decepcionar comigo mesma e com
os estudantes; foram tantos medos que acho que não tem como
descrever todos.
[SOUSA, SILVA, MORAES] De medo e insegurança
[VIEIRA] Tranquilidade e ansiedade
[ROCHA] Ansioso e feliz
91
[BRITO] Insegurança, ansiedade, feliz e realizado
[ALMEIDA, AZEVEDO] Tranquilidade, medo,
ansiedade, uma mistura de emoções
[PEREIRA] Tranquilidade e feliz
insegurança,
Dos dez estagiários que participaram da pesquisa, nove já tiveram
alguma experiência docente antes do estágio. Mesmo assim, seis deles ainda
demonstraram medo ou insegurança na sua primeira experiência de estágio,
que se repetiu no estágio II. Essa situação exige uma reflexão, pois, ao assumir
uma “tarefa nova”, é normal a ansiedade, porém, a insegurança e o medo
demonstram uma fragilidade no que se propõe a fazer. Observamos que, até os
estagiários com experiência, mesmo que mínima, repetem os mesmos erros e
ainda encontram sérias dificuldades de articulação dos conhecimentos teóricos
com as ações pedagógicas e não se sentem preparados para assumirem uma
sala de aula.
Além da inexperiência de alguns estagiários, outros fatores contribuem
para as dificuldades que eles encontram, pois a realidade da educação atual
mudou muito. A questão da inclusão, da quantidade de discentes em sala de
aula, da indisciplina, das questões sociais, inclusive o “perfil” da família, tudo
isso mudou radicalmente. Nesse novo contexto, nem mesmo os professores com
anos de profissão se sentem preparados.
Nesse contexto, corroboramos com Lima e Pimenta (2004) quando
afirmam que, desconsiderar as transformações que ocorrem no mundo e afetam
a nossa vida e o contexto escolar, é partir do pressuposto de que a realidade do
ensino e dos alunos que freqüentam a escola são imutáveis.
As discussões que trazemos aqui estão muito focadas na “reprodução de
modelos docentes” pelo fato de estarem muito presentes nas aulas que
observamos e nos registros dos próprios licenciandos. Manter essa “tradição”
na forma de conceber o ensino, caracterizado como tradicional, é como se
ignorássemos:
as transformações históricas e sociais decorrentes dos processos
de democratização do acesso, que trouxe para a escola novas
demandas e realidades sociais, com a inclusão de alunos até
então marginalizados do processo de escolarização e dos
92
processos de transformação da sociedade, de seus valores e das
características que crianças e jovens vão adquirindo
(LIMA:PIMENTA, 2004, p. 8).
Apoiamo-nos também nas ideias de Shulman (2005b) para destacar a
importância de “registrar os detalhes e os fundamentos para a ação pedagógica
específica” quando aponta que “uma das frustações do ensino como profissão é
a grande amnésia coletiva e individual, a constância com que as melhores
criações dos professores são perdidas [...]. O ensino é desprovido de uma
história da prática”.
Vejamos o gráfico gerado no Docs referente à experiência docente:
Figura 9. Tem experiência docente anterior ao estágio?
Fonte: Pesquisa de campo no Google Docs.
É importante destacar que
sete desses discentes tiveram experiência
docente a partir da graduação e, portanto, não chegaram ao curso como
professores, pelo contrário, em virtude cursarem uma licenciatura fez com que
surgissem algumas oportunidades de substituição, estágio, contratação
temporária, entre outros. No período desta pesquisa, apenas um licenciando
passou por experiência docente. Vejamos no gráfico abaixo:
Figura 10. Você trabalha em que atualmente?
93
Fonte: Pesquisa de campo.
Pergunta: Qual a importância do estágio na sua formação? Aborde os
aspectos que considere importante.
[SANTOS] Acredito que o pior aspecto do estágio é a falta de
experiência que muitas vezes nos transmite medo de não conseguir
realizar um bom trabalho, pois como muitos não têm na sala de aula,
em alguns momentos, sentem-se meio perdidos [...]. Com o estágio
adquirimos experiência, superando nossos medos e fraquezas, além de
estar sempre fazendo pesquisas que contribuem para melhorar o nosso
desempenho.
[AZEVEDO] Mostrar algumas (bem poucas) realidades que ocorrem
em sala de aula; é como se servisse de passo inicial para quem nunca
assumiu uma turma como docente, no entanto, nosso estágio, vejo com
mais aspectos negativos, dentre eles que nos coloca como se fôssemos
profissionais formados, uma vez que não ocorre isso nos estágios dos
outros cursos.
[BRITO] Questiono a quantidade de estágios, no nosso caso,
quatro. Acho demais.
[MORAES] Acredito que tem nos ajudado a aprender/ aperfeiçoar
nossa forma de ensinar. Desse modo, vejo que só tem a contribuir.
Talvez quatro estágios sejam um pouco demais [...]
[ROCHA] O melhor é que o estágio nos leva à realidade da educação
pública na cidade que obteve o pior IDEB do Brasil. Nos faz refletir
sobre tudo isso e, no meu caso, me dá força para lutar por melhoras e
tirar a cidade desta triste estatística.
Os discentes reconhecem a importância do estágio na formação inicial,
que é uma oportunidade de aproximá-los do contexto escolar e da realidade da
escola pública. Apesar disso, tecem algumas críticas em relação à quantidade de
estágios (que são quatro) e por terem que assumir uma turma como se fossem
profissionais já qualificados para tamanha responsabilidade. Em discussões na
sala de aula, alguns disseram que os estágios acontecem de forma gradativa nos
outros cursos, que assumir uma turma, sozinho, é muita responsabilidade.
94
Todas essas questões também surgiram, de forma espontânea, nas
reuniões que tivemos com as regentes. Podemos observar nas falas abaixo:
[REGENTE A] Os estagiários não têm preparo para trabalhar com a
inclusão. Não é fácil você chegar e se deparar com uma realidade
dessas, completamente nova. A gente que já convive há muito tempo
com a realidade da sala de aula, muitas vezes, não sabemos o que fazer
[...]
[REGENTE B] A universidade não prepara para sala de aula, não[...]
e eu acredito assim que talvez tenha até um erro na licenciatura, não
sei se é a opinião de vocês [...] eu percebi até pelos planos, que a
estagiária me passou, estou refazendo todos [...] a linguagem não é
própria, até formulam os objetivos, mas o plano estava assim [...]
[REGENTE C] Teve uma estagiária [...] eu vou levantar pra lhe
demonstrar que ela não tem discernimento do que é ir à frente de uma
sala de aula [...] e ela vai pegar quarenta e cinco discentes que a gente
pega, porque o fundamental são quarenta e na verdade a gente pega
quarenta e três, quarenta e cinco, com uma turma de quarenta e três...
Aí você depara com um menino de nono ano, que é a oitava série,
meninos defasados na idade, que eles poderiam já estar lá na faculdade,
mas eles não estão lá [...] alguns com dezoito anos, vinte, dezessete,
sem motivação nenhuma, agora vem um estagiário sem experiência
nenhuma [...]
[REGENTE D] Os estagiários, na maioria das vezes, eles são pouco
preparados em relação ao conteúdo do ensino básico, e o domínio de
classe (acho que só aprendemos isso com a experiência que só o tempo
nos dá) [...].
A discussão entre os regentes não é apenas uma crítica em relação ao
curso de licenciatura em Matemática, mas uma preocupação com a formação
desses estagiários ou, até mesmo, uma preocupação com os seus alunos do
ensino básico que vão receber esses estagiários. Contudo, todos os regentes
foram unânimes em reconhecer que o estágio é uma etapa fundamental para a
profissão docente, que é o momento de desafio para conhecer e enfrentar a
realidade.
As regentes divergem um pouco quanto à quantidade de estágios;
algumas colocaram que é uma oportunidade positiva, por possibilitar conhecer
todas as realidades; já outras, colocaram que o importante não é quantidade,
mas como esses discentes estão chegando à escola, a qualidade.
95
Fizemos duas perguntas de múltipla escolha para discutir sobre as
metodologias utilizadas por eles durante as suas aulas de estágio. Com o
resultado, foi gerado o seguinte gráfico:
Figura 11. Usou alguma metodologia diferenciada? Conseguiu inovar?
Legenda
Tive dificuldade em inovar
5
Não me senti preparado para fazer algo diferente
3
Utilizei recursos tecnológicos
3
Levei jogos, dinâmicas, etc.
4
Conservei aulas tradicionais
6
Procurei inovar ao máximo com atividades diversas 1
Outros
1
Fonte: Pesquisa de campo.
Em várias questões, abordamos a ação pedagógica dos estagiários,
metodologia, recursos tecnológicos utilizados, entre outros, mas as respostas
eram basicamente as mesmas. Por conseguinte, seis estagiários conservaram
aulas pautadas em métodos tradicionais e, quando tentaram algo diferente,
tiveram dificuldades com a questão da indisciplina ou, até mesmo, de concluir
algumas atividades. Demonstraram insegurança para fazer algo diferente, para
inovar. Numa aula observada de um estagiário, o único que disse ter procurado
inovar ao máximo, percebemos que ele se perdeu no quadro, começando um
conteúdo, parando, mostrando uma figura sem relação com o que disse antes e,
depois, partindo para outra atividade. O estagiário não conseguiu retomar o
96
conteúdo, assim, confusos com a metodologia, os discentes dispersaram e
começaram a sair da sala, faltando 20 minutos para terminar a aula.
Um aspecto relevante da pesquisa foi verificar a postura dos licenciandos
na utilização de recursos tecnológicos. Como estagiários, mostraram-se
receptivos, utilizando o diário no Docs na disciplina de Estágio com facilidade e
entusiasmo. Entretanto, na sua ação pedagógica, essas interfaces, em geral, não
foram utilizadas. No depoimento de alguns deles (2º questionário, 23º pergunta
– ANEXO C, p.145) sobre o uso de recursos tecnológicos nas aulas, como é o
caso dos discentes Pereira, Almeida e Vieira, revela que eles não dominam
muito essas ferramentas e, por conta dessas limitações, não sabem a forma de
aplicá-los e relacioná-los aos conteúdos trabalhados, mas todos manifestaram
desejo de aprender. Vieira ainda comentou o receio de danificar os aparelhos da
escola, algo pelo que ele teria que se responsabilizar.
Na fala desses estagiários, percebe-se uma vulnerabilidade quanto ao uso
das tecnologias e outros recursos, por despreparo, medo ou, até mesmo,
insegurança em inovar e falta de autonomia para arriscar. Além disso, existe
carência de recursos e apoio técnico nas escolas.
Tanto nos escritos dos diários quanto nas discussões em sala de aula, foi
possível perceber que os estagiários repetem a mesma metodologia das regentes
(na sua maioria, tradicional), principalmente quando eles percebem, no período
de observação, que é assim que elas conseguem controlar a turma, manter a
disciplina. Essa questão da disciplina da turma ficou muito marcada na fala de
quase todos eles, os quais consideravam que, mantendo o mesmo trabalho da
regente, também garantiriam o mesmo comportamento dos discentes. Por isso,
mesmo muitas vezes querendo inovar, não queriam sair do “terreno seguro”.
Observamos essas situações nos seguintes relatos registrados no diário:
[PEREIRA] A regente começou a fazer a atividade no quadro sempre
solicitando o auxílio dos discentes; enquanto isso eles permaneciam em
silêncio e prestando atenção. A regente conseguia prender a atenção
deles [...], talvez por conta da metodologia utilizada por ela, de ficar
sempre no quadro fazendo exemplos para que os alunos aprendam
como fazer, e eu me atentava a isso para, quando iniciar a
97
regência, não fugir dessa forma de ensino, pois eles
apresentavam interesse e participação ativa.
[ALMEIDA] A maioria das minhas aulas foi tradicional; no estágio
me preocupei em passar todos os conteúdos que minha regente propôs
[...] e aulas diferenciadas requer tempo, sem contar que eu realmente
não me sentia preparada. Eu não poderia arriscar levar pra sala de
aula algo que não sei fazer.
[AZEVEDO] Fiquei mais no tradicional mesmo. Muitas vezes não é
fácil levar algo diferente, [...] eram discentes mais agitados e pouco
interessados. Nesses casos, em minha opinião, é melhor conservar as
aulas tradicionais e trabalhar expondo conteúdos na lousa e fazendo
atividades em classe.
[BRITO] Observei uma metodologia tradicional, aquele método de
chegar na sala, pegar o livro expor o conteúdo. Não condeno essa
metodologia, pelo contrário, às vezes se torna necessário e, talvez, a
turma aprenda melhor dessa forma.
O discurso dos estagiários em relação à metodologia é paradoxal, pois,
ao mesmo tempo em que criticam as aulas tradicionais de alguns professores
que tiveram ao longo da vida escolar e acadêmica (em seus relatos), tentam
seguir pelo mesmo caminho durante o estágio. Por isso, buscamos compreender
questões cruciais: como o discente pode fazer diferente se sua formação se deu
sempre a partir da mesma metodologia? Por que repetir uma metodologia da
qual não se gosta ou não se acredita? Por que não aproveitar o estágio para
fazer diferente do que sempre criticou? Esse debate é proposto por Penteado
(2000, p. 32), quando aborda que as mudanças afetam a zona de conforto da ação
do professor e cria uma zona de risco, esta, caracterizada por baixo índice de
certeza e controle da situação de ensino.
Consideramos, entretanto, que o ponto mais crítico dessa situação não é
sair ou não sair do método tradicional, mas o conformismo. Então, “o estágio,
nessa perspectiva, reduz-se a observar os professores em aula e a imitar esses
modelos, sem proceder a uma análise crítica fundamentada teoricamente e
legitimada na realidade social em que o ensino se processa” (PIMENTA; LIMA,
2006, p. 80).
Vejamos algumas colocações dos estagiários em relação às notas dos
estudantes:
[SOUSA] Na primeira avaliação, percebi a negação que estava o
conhecimento daqueles estudantes e, apesar das notas baixas, eles não
98
se preocupavam em estudar, procurar fazer as atividades e participar
da aula para recuperar; parecia que eles estavam acomodados em tirar
notas baixas, pois no fim teria um trabalho ou uma gincana que os
ajudaria. Dei outra oportunidade a turma com uma nova avaliação;
nesta cobrei apenas o conteúdo de matemática, sem interpretações, e
esperei melhor resultado, mas o resultado foi praticamente o mesmo.
[SANTOS] Iniciei a aula corrigindo a prova, os estudantes
perceberam como eram fáceis as questões. Em seguida passei as
médias; a maioria conseguiu a média (5,0 pontos) que, pra falar a
verdade, achei um absurdo eles ficarem na média que já é baixa.
[BRITO] A regente me informou que é uma boa turma: estudantes
tranquilos em sala, sem conversa, copiam os conteúdos, porém de
rendimento baixo, ou seja, notas baixas nas avaliações que, segundo a
docente, são aplicadas em grupos.
Em consonância com a fala desse estagiário, temos o depoimento de
Azevedo, que afirma o seguinte:
Eu acho que o curso de "Licenciatura em Matemática” [...] não nos
prepara exatamente para ir para uma sala de aula. Existem diversos
conteúdos matemáticos que tenho que trabalhar em sala de aula que
não são vistos de forma direta na faculdade; esse conteúdos não são
vistos de forma diferente na faculdade. Aprendemos na universidade
[...] coisas que tenho certeza que só irei utilizar em um mestrado...
Enfim... talvez esse curso devesse ser de bacharelado e não de
licenciatura.
No depoimento desses estagiários, fica claro que eles consideram que o
curso de licenciatura não prepara para a docência, que existe uma preocupação
maior com as disciplinas de conhecimentos específicos em detrimento das
pedagógicas e uma fragmentação entre a aquisição de conhecimentos
específicos e as competências necessárias para ensinar esses mesmos conteúdos.
Diante dessa constatação, é importante que, nas próprias disciplinas do curso,
os formadores consigam fazer essa transposição didática, essa articulação da
teoria com a prática, para que os licenciandos consigam refazer esse percurso
com os seus alunos. Podemos observar essa situação no relato abaixo:
[SILVIA} Segui me aproximando da metodologia que a regente usava
com aquela turma, tentei mudar um pouco fazendo jogos, para
despertar na turma um espírito competitivo e, quem sabe, uma
curiosidade maior pela matemática e não funcionou; procurei
atividades lúdicas para fazer naquela turma, porém, não dava certo
99
com eles, então procurei aprofundar mais em aplicações de conteúdos,
pois notei que eles se interessavam.
Ou, ainda, no depoimento de Moraes, ilustrado em duas etapas:
Não sei nem como começar a falar sobre essa aula. Para falar a verdade
sei sim: foi a pior aula que já lecionei. Nunca me senti tão mal em uma
sala de aula. Os meninos ficaram descontrolados, e o pior é que não sei
se foi um erro meu, mas não consegui nem sequer cumprir meu plano.
Me senti um lixo naquela sala. Pela primeira vez na minha vida
escolar [...].
Essa estagiária pensou em desistir do estágio, mas depois dos
“desabafos” no diário, interação com o orientador e discussões em sala de aula,
ela se deu conta de que é necessário pensar sobre os erros e acertos e melhorar,
como podemos ver abaixo:
Pesquisei em vários livros e sites algumas maneiras de deixar minhas
aulas mais interessantes [...] e o interessante é que funcionou, pois os
meninos perceberam, através do meu novo método, a aplicabilidade da
Matemática [...]. A aula foi excelente, eles participaram, fizeram as
atividades. Consegui realizar todo o plano.
Podemos perceber que, ao escrever no diário e refletir sobre a sua ação, o
seu fazer pedagógico, o estagiário toma consciência do que não deu certo e se
propõe mudar. Esse processo concretiza a reflexão na ação, em que o professor
consolida o entendimento das ações baseadas no planejamento, podendo
reestruturá-lo nos aspectos que não foram satisfatórios. Não se pode ensinar ao
discente o que ele precisa saber, mas se deve orientar, instruir, mediar (SCHÖN,
2000, p. 12). Ele aborda a experiência de aprender através do fazer como “sendo
uma iniciação disciplinada no estabelecimento e na solução de problemas” e dá
ênfase às ideias de John Dewey sobre a prática:
O estudante tem que enxergar, por si próprio e à sua maneira,
as relações entre meios e métodos empregados e resultados
atingidos. Ninguém mais pode ver por ele, e ele não poderá ver
apenas ‘falando-se’ a ele, mesmo que o falar correto possa guiar
seu olhar e ajudá-lo a ver o que ele precisa ver (SCHÖN, 2000,
p. 12).
100
Acrescenta-se, destarte, a ausência de uma cultura acadêmica que leve o
estagiário a refletir criticamente sobre a ação pedagógica durante o período de
estágio. Muitos orientadores de estágio adotam o diário de campo nas
disciplinas de Estágio Supervisionado com o objetivo de possibilitar ao seu
estagiário a elaboração de relatos de experiência do período de regência.
Entretanto, da forma como é cobrado, não se aproveita muito do que é escrito,
não se faz uma reflexão, não se discute o que foi relatado. Assim, o diário se
torna apenas um instrumento de avaliação do discente, e os relatos ficam
apenas no papel; o debate das questões de estágio, na maioria das vezes, não é
transposto para sala de aula. Na análise dos relatos feitos nos diários, criamos
algumas categorias referentes ao que as TIC proporcionam ao trabalho
pedagógico do docente e os benefícios que trazem na formação do discente.
4.3- Terceira categoria: interação entre orientador de estágio e estagiário
Na terceira categoria, analisamos a importância de uma maior interação
entre orientador de estágio, estagiário e regente, discutindo a importância de
um acompanhamento individual e um trabalho colaborativo entre universidade
e escolas do ensino básico, durante todo o período de estágio, considerando que
essa aproximação proporciona uma troca de experiências e saberes (acadêmicos
e populares). Dessa categoria, selecionamos duas subcategorias que mais se
destacaram: abertura ao diálogo e possibilidade de comunicação síncrona e
assíncrona.
Depois de ler os diários, como já foi dito, alguns registros eram
selecionados para discussão coletiva na turma da UESB. Essa estratégia foi
importantíssima para cada estagiário, principalmente quando algum deles
percebia que um colega havia vivenciado uma situação semelhante à sua. Isso
tornava possível o debate sobre o tema da aula, sobre as atividades
desenvolvidas e a busca de soluções. Mesmo não existindo receitas prontas, a
experiência de um servia para o outro, no sentido de refletir sobre a situação
101
vivenciada e pensar sobre as possibilidades de aplicação ou mudança. Podemos
ver um relato sobre esse tema em uma resposta à 9ª pergunta, no primeiro
questionário (ANEXO D).
[SANTOS] As discussões em sala de aula foram fundamentais para a
realização do meu estágio, pois ao compartilhar as experiências do
diário na sala de aula, percebi que muitos colegas passavam pela
mesma coisa que eu passei, além de estudarmos textos e assistir vídeos
que tinham tudo a ver com o que enfrentamos em sala de aula. Além
disso, as discussões em sala de aula contribuíram muito para
que eu não desistisse do estágio.
Ainda em resposta à mesma pergunta, Brito e Rocha, dizem o seguinte:
[BRITO] A dificuldade de um colega pode ser a minha também, e
assim aprendemos/resolvemos juntos.
[ROCHA] Teve a experiência de uma colega, de como ela conduzia a
sala, eu tentava trazer para minha experiência na sala de aula, de
como fazer e como não fazer em alguns casos [...]. Dá também para a
gente ver que está fazendo errado.
A ideia era exatamente de que os estagiários relatassem seus dilemas,
conquistas, situações diversas vivenciadas no período de estágio de forma
tranquila, sentir à vontade para, depois, debater e refletir sobre esses
acontecimentos em grupo (sala de aula na UESB), buscar uma forma de intervir
no problema ou, pelo menos, discutir a temática. Na maioria das vezes, o
próprio estagiário percebia a necessidade de reorganizar suas ações.
A utilização periódica do diário favoreceu a reflexão sucessiva do fazer
pedagógico de cada estagiário, fazendo com que ele tomasse consciência do
processo de crescimento. A principal contribuição dos diários no que diz
respeito a outros instrumentos de observação é que permitem fazer uma leitura
diacrônica sobre os acontecimentos (ZABALZA, 2004b). Com isso, torna-se
possível analisar a evolução dos fatos.
Aproximando essa vivência com a teoria de Vygotsky (1994),
percebemos que o sujeito, a partir do materialismo histórico e dialético, entende
que sua relação com a realidade se dá por mediações que lhe permitem ser
transformado pela natureza, e esta, por sua vez, é transformada por ele. Dessa
102
forma, a mediação se processa pela utilização de instrumentos e signos que
possibilitam, pela interação social, a transformação do meio e dos sujeitos.
a. Abertura ao diálogo
Com o diário, o orientador abre espaço para que o licenciando
estabeleça um diálogo franco, sem medos e receios. Pelo que foi observado,
houve situações em que o discente se sentiu inibido de falar na sala para todo
mundo, como fica claro nas afirmativas abaixo. Todavia, a abertura proporciona
uma liberdade de expressão, de comunicação e faz com que ele se sinta mais
tranquilo e seguro.
[VIEIRA] Sim. Foi melhor do que conversar dentro da sala de aula na
universidade, me senti mais à vontade.
[MORAES] Excelente, pois, por não ser algo muito formal,
relatávamos o ocorrido de uma forma que ficávamos mais à vontade,
pois não estávamos com toda a turma.
No diálogo e na problematização, o educador e o educando desenvolvem
juntos uma postura crítica que resulta numa conscientização de que o saber se
encontra nessa interação, nessa troca (FREIRE, 1983). Durante a pesquisa, esse
encontro entre orientadores e estagiários era muito significativo, como afirmado
abaixo pelas alunas:
[ROCHA] Adoro sair para a faculdade e pensar que vai ter aula de
estágio e que vou poder compartilhar com alguém meus problemas da
escola e saber que posso ajudar alguém com problemas vivenciados por
mim na escola.
[SOUSA] As discussões em sala de aula foram fundamentais para a
realização do meu estágio, pois percebi que muitos colegas passavam
pela mesma coisa que eu passei, além de estudarmos textos e assistir
vídeos que tinha tudo a ver com o que enfrentamos em sala de aula.
Além disso, pra mim, foi um momento de desabafos (risos), pois era
onde eu contava ou lamentava as minhas tristezas e também alegrias
durante o estágio. Apesar disso, as discussões em sala de aula
contribuíram muito para que eu não desistisse do estágio.
Durante a construção do texto, o estagiário vai descobrindo a
importância de ter argumentos para sustentar uma opinião e defender o seu
ponto de vista no diálogo com o orientador. Para tanto, é necessário analisar as
103
ideias e sintetizá-las. É uma discussão saudável, visto que professor e aluno
debatem (argumentando e contra-argumentando) no texto de uma forma quase
natural, pois a intenção é exatamente fazer questionamentos para que o
estagiário faça os relatos de forma fundamentada e justificada, que não sejam
falas vagas, sem conteúdo. Ressalta-se que uma das características mais
importantes no uso das TIC na aprendizagem é o trabalho colaborativo. Ouvir a
sugestão do outro, argumentar, tirar conclusões e solucionar problemas em
grupo é importante para o desenvolvimento de habilidades na formação do
indivíduo (MACHADO, 2009).
No caso específico do regente, o diário serve como análise da prática do
fazer pedagógico do estagiário, que envolve o planejamento pedagógico e
execução
do
plano
(metodologia,
atividades
pedagógicas,
relação
professor/aluno etc.), além da troca de experiências, de conhecimentos.
Destarte, o diário é um importante gerador de discussões sobre o processo de
ensino e aprendizagem da Matemática, desenvolvimento profissional e
formação inicial, servindo como enriquecimento para os graduandos em
formação inicial, para os formadores, proporcionando uma melhor interação
entre as partes.
Essa troca de experiência tem um significado especial para o estágio,
uma vez que cria um elo entre escola do ensino básico e universidade,
valorizando a experiência do regente que tem contato direto com o ensino
básico de escolas públicas. Também possibilita uma troca de saberes com o
orientador de estágio que, amiúde, não trabalha mais com o Ensino Básico ou
nunca trabalhou. Vale salientar que todos os assuntos considerados relevantes
para o estágio que apareciam nas anotações nos diários eram levados para
discussões em sala de aula. Pela mesma razão, também aconteceram algumas
reuniões envolvendo todos os participantes da pesquisa.
As tecnologias devem ser usadas em processos educacionais nas quais se
valoriza o diálogo e a participação permanente de todos os envolvidos no
processo (KENSKI, 2005).
104
b. Possibilidade de comunicação síncrona e assíncrona
Neste tópico, abordamos a ampliação das formas de comunicação que
ocorreram entre os participantes da pesquisa, que não se limitou à sala de aula
na UESB e escolas. Como foi mencionado, foram utilizados o diário no Docs e
alguns outros recursos, como o Moodle, e-mails e Google Talk (chat). Essas
comunicações eram síncronas (em tempo real) e assíncronas (cada uma no seu
momento).
Todas essas formas de comunicação contribuíram para facilitar o
processo de colaboração em tempo real e acompanhamento individual aos
discentes (MACHADO, 2009). Apesar de todas essas ferramentas, os encontros
presenciais não foram, de modo algum, excluídos do processo. Contudo, se o
estagiário precisasse conversar online, também poderia combinar previamente
com o orientador, embora algumas vezes esses momentos tenham acontecido
naturalmente, ou seja, sem agendamento. Vejamos o depoimento dos
estagiários:
[SANTOS] Para mim foi produtivo poder fazer os diálogos lá no Docs
(online), por se tornar uma conversa agradável e produtiva, com boa
interface para a comunicação.
[VIEIRA] Esse diálogo facilita, pois agiliza a interação, uma vez que
não necessita das duas pessoas, terem o mesmo horário livre para
conversarem.
As comunicações assíncronas foram a base para estabelecer uma maior
interação com as regentes, em virtude de o contato presencial nem sempre
funcionar, uma vez que as visitas às escolas, muitas vezes, não coincidia com o
dia que a regente estava presente na instituição. Além disso, as reuniões
presenciais, mesmo sendo muito produtivas, foram poucas para manter um
maior contato. A solução foi enviar e-mails e postar algumas reflexões no diário
ou no Moodle para provocar discussões. Esses contatos favoreceram uma maior
abertura e confiança entre os participantes da pesquisa.
Com as regentes, uma comunicação síncrona é mais complicada. Marcar
horários online não foi sempre possível, pois elas não costumavam ficar muito
105
tempo na internet, talvez, pela sobrecarga de trabalho da maioria, algo também
observado nesse período. Mesmo assim, aconteceu um encontro online com
duas regentes (separadamente) para tratarmos de problemas referentes aos
estagiários.
Abaixo, podemos observar uma conversa que aconteceu no GTalk (chat)
entre regente e orientador. A regente estava preocupada com o estagiário, que
tinha faltado algumas vezes, porém, ela acreditava que o motivo era medo e
insegurança. Ela manifestou, em outro diálogo, que gostaria de dar uma
oportunidade a esse estudante, pois ela também já tinha estagiado e sabia muito
bem como era. Essa, que parece uma questão pontual, na verdade, é uma
situação vivenciada por muitos estagiários. Na reunião com as regentes, elas
demonstraram sua insatisfação com o desempenho, assiduidade e outros
aspectos que dizem respeito à falta de preparo e imaturidade dos estagiários
para assumir uma sala de aula. Observamos, assim, uma grande preocupação
com a formação inicial e, por outro lado, a dificuldade que até mesmo elas (as
regentes), com anos de profissão, estão enfrentando nas turmas, como é o caso
da indisciplina, do número excessivo de alunos, do desinteresse, da inclusão
(por não saber como agir nessas situações), entre outras.
Data: 29 de outubro de 2011
14:15 Pesquisador: Oi, Pereira. Tudo em paz?
Pereira: Oi, graças a Deus.
14:16 Pesquisador: estava para te ligar para perguntar sobre Vieira.
(estagiário)
Pereira: ele foi na segunda
14:17 Pereira: mas estava com a garganta doente e fui pra sala dar aula pra
ele.
Pesquisador: aí fica difícil, já faltou outra vez. Ele ficou na aula?
Pereira: ficou até o final
14:18 Pereira: como preparo aula, pois tenho outra 8ª, fui sem problema
Pesquisador: o outro orientador vai segunda-feira observar
14:20 Pereira: quando ele falou da garganta não gostei pois nós temos que
dar aula mesmo morrendo.kkkk, mas depois
14:21 Pereira: achei que ele estava inseguro com a turma
Pesquisador: exatamente, estava com medo. Percebi também
Pereira: e queria ver como eu faço para controlar
14:22 Pesquisador: eu acho que ele tem que assumir, enfrentar, mas vamos
orientá-lo, conversar com ele
14:23 Pereira: vamos ver essa semana o que ele vai fazer
106
Pesquisador: estamos acompanhando e vamos assistir mais aulas
dele, caso ele sinta mais seguro
14:24 Pereira: ele ficou de pegar aula emprestada de uma colega
Pesquisador: para repor a aula que ele perdeu?
Pereira: sim, na terça que ele tem só uma aula vai dar duas, a 1ª e a
2ª
Esses
diálogos,
no Gtalk, aconteceram algumas vezes,
mas a
comunicação aconteceu também, por telefone, quando uma regente precisava
muito conversar. Como dito anteriormente, nem todas tinham paciência ou
habilidade com as tecnologias e ligavam para falar de assuntos mais urgentes
ou que poderiam interferir no andamento do estágio. O interessante foi criar
esse vínculo de confiança. Aconteceu, por exemplo, de uma regente precisar
viajar por motivos de saúde e ter o cuidado de ligar para expor a situação,
comentar sua preocupação de não poder acompanhar o estagiário por um
determinado período.
No diário, a interação do regente com o orientador não foi tão frequente,
por diversos motivos, dentre os quais: dificuldades com as tecnologias; excesso
de carga horária no trabalho; falta de afinidade com computador e internet;
entre outros. Mesmo assim, em alguns registros, foi possível observar como era
a relação da regente com o estagiário quanto à observação de aulas e orientação,
o que tornou possível, para o orientador, acompanhar o estagiário também
através do “olhar” da regente. Essa comunicação com as regentes das escolas foi
fundamental para melhorar a relação interpessoal favorável19 entre os
envolvidos na pesquisa. Primeiro, pela própria experiência delas com o ensino
básico, depois, por conhecerem a turma (realidade de vida dos estudantes,
dificuldades de aprendizagem, entre outras) e por acompanharem o estagiário
mais de perto na escola. Essa troca foi muito produtiva para todos. Vejamos a
postagem de uma das regentes abaixo:
[AMORIM] Fiquei apenas 30 min. na sala, mas pude perceber alguns
detalhes na condução dos conteúdos e na disciplina da sala, que é bastante
indisciplinada.
19
Adotamos como relação interpessoal favorável a discussão proposta por Farias (2009) que explicita
como uma relação aberta ao diálogo, uma troca de ideias que possibilite o crescimento mútuo entre os
participantes.
107
_ quanto aos conteúdos a condução foi adequada, apenas atrapalhada pela
falta de controle com a turma;
_ quanto ao controle de disciplina, observei alguns pontos que precisava ter
mais controle. Depois conversei com ela e sugeri algumas regras que deveria
tomar para retomar o controle da sala, que precisavam ser tomadas
URGENTEMENTE, pois ela gosta muito de fazer brincadeiras e isso para
estudantes da 7ª série não dá certo.
Depois ela me relatou que tomou as medidas sugeridas e percebeu que
melhorou. E sempre comenta de suas atitudes neste sentido, como uma forma
de se respaldar. Tem se mostrado bastante empenhada e responsável. Os
discentes têm comentado que estão gostando e alguns reclamando das normas
que ela adotou, o que é interessante, pois este era o objetivo: incomodá-los
para mudarem de atitude.
Quando uma regente fazia qualquer registro, o orientador conduzia da
mesma forma do relatado no tópico “feedback imediato”, dava o retorno e
provocava a discussão com questionamentos.
Houve também momentos de interação assíncrona entre regente,
estagiário e orientador, no ambiente virtual, mais utilizado para discussões
coletivas e troca de materiais pedagógicos, atividades, etc. Num Fórum de
discussão no Moodle, cujo tema da semana era falar do Estágio Supervisionado,
colocamos o seguinte trecho de um autor para provocar a reflexão e o debate:
Figura 12. Postagem de um fórum do Moodle
Fonte: elaboração própria.
Figura 13. Postagem no Moodle feita por um estagiário
108
Fonte: elaboração própria.
Figura 14. Postagem no Moodle por outro estagiário
Fonte: elaboração própria.
Figura 15. postagem de um regente
109
Fonte: elaboração própria.
Esse Fórum rendeu muitas discussões importantes. Alguns estagiários
declararam ser muita responsabilidade entregar uma turma para eles
assumirem. Comparando com outros cursos, exemplificaram o caso do curso de
Medicina, em que um paciente não fica totalmente entregue ao estagiário
(médico residente), assim como no curso de direito, engenharia. Também
fizeram comparações com outros cursos de licenciatura (em relação à
quantidade de estágios).
Observamos que essas interfaces utilizadas para interação com os
estagiários e regentes colaborou para uma comunicação mais aberta e menos
informal, criando uma maior aproximação e troca de experiências entre
estagiário, regente e orientador. Aconteceu também de ver um e-mail de uma
estagiária, num horário mais tarde, abordando um assunto de importância para
ela, que precisava de um retorno naquele dia. Como ela estava online, o contato
foi estabelecido de imediato no GTalk. Muitas vezes, o discente só precisava de
um desabafo ou um conselho de alguém mais experiente ou em quem eles
confiavam. O mesmo aconteceu com outra estagiária, que passou por uma
situação delicada com a regente e queria desabafar no mesmo dia, pois se
tratava de um assunto bem delicado e a regente tinha ficado muito chateada,
110
pelo que a estagiária relatou. Essas relações eram estabelecidas fora da sala de
aula, além do espaço físico que dispomos para nossas aulas na UESB.
Outro fato muito gratificante da pesquisa foi que uma estagiária se
tornou participante ativa do grupo de pesquisa. Ademais, ela manifestou
interesse em pesquisar sobre o Docs e escreveu um artigo (ANEXO F) relatando
a experiência que ela teve com o diário na disciplina de Estágio. Isso aconteceu
quando já havia encerrado o semestre com a disciplina de Estágio
Supervisionado, numa reunião do grupo de pesquisa GEEM e ACCE. Nessas
reuniões, temos como uma das atividades levar artigos e projetos para
discutirmos em grupo, ouvir comentários e tentar melhorar.
Nessa sociedade da informação e comunicação, conhecida também como
sociedade do conhecimento e aprendizagem, é necessário que, na formação
profissional, se desenvolva um conjunto de capacidades, como saber
administrar a vida individual e em grupo sem deixar de ter a sua própria
identidade, de se sentir responsável pelo seu desenvolvimento constante,
enfrentando
situações
que
fujam
à
rotina,
tomar
decisões,
assumir
responsabilidades e trabalhar de forma colaborativa (ALARCÃO, 2003, p. 3).
Nessa perspectiva, deseja-se:
Cidadãos que tenham horizontes temporais e geográficos
alargados, não se limitando a ver o seu pequeno mundo, que
tenham dos acontecimentos uma compreensão sistêmica, que
sejam capazes de comunicar e interagir, e que desenvolvam a
capacidade de auto-conhecimento e auto-estima.
A diferença entre o que o sujeito faz de modo independente e o que ele
pode fazer de modo assistido é o que Vygotsky denomina de zona de
desenvolvimento proximal (ZDP). Na esteira de tais discussões, podemos
inferir que tal zona não é algo “diagnosticável”, no sentido de ser dada como
pronta e acabada, mas é um espaço social a ser criado por meio da mediação
com o outro, de modo que se promova a apropriação dos elementos dessa
mediação. Isso ocorre, sem dúvida, nesses espaços virtuais, como é o caso do
Docs, no qual docentes e discentes compartilham experiências vivenciadas no
111
estágio, em que o discente vive a experiência de ser professor em contato
constante com seu orientador e com outros colegas para dirimir dúvidas,
solicitar ajuda ou socializar iniciativas que deram certo.
112
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Trabalhar com as TIC na disciplina de Estágio Supervisionado – de
forma especial, o diário Google Docs – foi uma experiência ímpar, que
possibilitou compartilhar de perto as vivências dos licenciandos no período de
estágio em relação à prática pedagógica, os desafios, o crescimento, o
aprendizado da reflexão sobre a práxis, a discussão sobre as questões que
envolve o ensino de Matemática e os seus sonhos de transformar o mundo e a
Educação. Tudo isso foi muito produtivo e possível a partir do estabelecimento
de uma relação muito enriquecedora entre os participantes da pesquisa, um
momento de diálogo único. Alguns discentes chegavam à aula na UESB,
eufóricos, querendo contar como tinha sido a aula de estágio, falar das
conquistas, quando acreditavam ter dado uma boa aula (atingido seus
objetivos) ou desabafar as dificuldades, tensões e decepções, principalmente no
quesito indisciplina. Era um momento de partilha, de troca de saberes e
construção coletiva do conhecimento.
Ao analisar o uso do diário numa pesquisa-ação, como processo de
investigação sobre a prática,
percebi como pesquisadora e professora uma
oportunidade para transformar a minha própria realidade como formadora de
docentes no nível superior e para formação dos discentes, que se vêem, na
escrita do diário, uma reflexão sobre sua própria ação procurando modificá-la
constantemente.
Foi possível perceber que algumas das subcategorias observadas, como o
feedback e a comunicação bidirecional, possibilitam uma forma de diálogo e
participação mais ativa do “fazer docente”, na preparação e reformulação do
projeto pedagógico para o período de estágio, da investigação e reformulação
das ações.
Entendemos que o uso de uma interface tecnológica, como o diário na
internet, como instrumento de interação, deve ser visto muito além do seu
aspecto prático e técnico. Ele deve ser entendido como ferramenta que contribui
efetivamente para formação de um sujeito autônomo, criativo, pesquisador e
113
que busca inovar em suas ações, de forma a contribuir para novas alternativas
de ensino, favorecendo o aprendizado.
O diário como canal de comunicação ampliou e intensificou as
possibilidades de diálogo entre estagiário e orientador, permitindo uma
discussão partilhada das questões que envolvem o estágio e construção coletiva
do conhecimento.
Levando em conta o tempo que temos de trabalho com disciplinas de
estágio, verificamos o quanto as tecnologias podem nos auxiliar. Como os
próprios estagiários relataram e foi discutido nas análises dos resultados, eles se
sentiram mais à vontade para falar. Além disso, a flexibilidade de horário
ajudou muito a todos, pois cada um podia administrar o seu tempo. Além desse
contato constante com o estagiário, ainda houve momentos de conversa
síncrona, tanto no Docs como no GTalk, em que a comunicação ocorria
simultaneamente, quando orientador e estagiário estavam online ao mesmo
tempo.
Quanto à parte técnica de lidar com as TIC, um aspecto positivo foi o de
o professor desenvolver habilidades e as coisas se tornaram mais simples. Além
disso, existem muitos tutoriais didáticos, disponíveis na internet, que ensinam
como usar certas interfaces, como é o caso do Docs, do Moodle e de muitos
outros, dependendo da necessidade de cada um. O indivíduo se torna mais
autônomo
e
autodidata.
Essa
independência
é
importante
para
o
amadurecimento e exercício da profissão.
Aconteceu, em muitos momentos de troca, de diálogo no diário, de o
estagiário tirar alguma dúvida sobre que recurso utilizar em determinada aula
ou, até mesmo, se existia algum software, jogo, site ou qualquer outra interface
adequada para determinado conteúdo, como também indicação de artigos,
livros, vídeos, etc. Aconteceu, inclusive, uma experiência com um dos
estagiários que preparou uma oficina com um software da geometria dinâmica
para trabalhar determinado conteúdo e aplicou com seus alunos. Esse também
era um momento de formação e construção do conhecimento, pois tínhamos
que orientá-los sobre como trabalhar com esse material, como preparar uma
114
aula usando um determinado recurso tecnológico. Cabe destacar que, nesses
momentos, não ensinamos a técnica, mas sim, mostramos caminhos, sites
confiáveis, leituras adequadas e as possibilidades de busca e inovação no ensino
da Matemática.
Essa oficina, por exemplo, foi construída pelo discente com a nossa
orientação, mas a maior parte dessa orientação foi feita via Docs e também por
meio de diálogos síncronos no GTalk. Esse bate-papo começou às 16:17h e
terminou 16:57h (40 minutos). Aconteceu no dia 05 de novembro de 2011.
Entretanto, isso não significa que o professor tem que parar tudo que está
fazendo para atender esse discente, já que pode perfeitamente conversar com
ele enquanto faz uma pesquisa, corrige um trabalho ou está respondendo emails e outras atividades. É a questão da valorização do nosso tempo, de
aproveitar cada momento para produção coletiva.
Dentre todos os aspectos que buscamos discutir nesta dissertação, é
importante reforçar que os estagiários que se sentiram mais à vontade para
“conversar” no Docs do que na sala de aula na universidade; tiveram mais
tempo para escrever, por causa da flexibilidade de horário e acesso à internet
de qualquer lugar. A outro giro, os orientadores de estágio acompanhavam e
respondiam com rapidez. Além disso, apontaram o Docs como uma boa
interface para a comunicação, facilitando o diálogo com o orientador. Essa
metodologia contribuiu para que as conversas em sala de aula fossem
produtivas e construtivas para o exercício e desenvolvimento profissional, pois,
além da interação com o orientador, aconteciam trocas de experiências com os
colegas e com os regentes, ajudando também na elaboração do relatório de
estágio (trabalho de conclusão da disciplina).
A inserção das TIC como recurso pedagógico foi muito compensadora e
gratificante como enriquecimento pessoal e profissional, pois contribuiu para
essa interação entre discente e docente, aproximou a universidade e as escolas
do ensino básico, ampliou as possibilidades de diálogo, de integração, como
também proporcionou a descoberta de novas formas de aprender e ensinar,
além de desenvolver a criatividade e novas habilidades e formas de
115
comunicação. É uma superação da defasagem existente entre as formas do
ensino e o desenvolvimento científico e tecnológico da sociedade atual.
Com esta pesquisa, surgiram novos questionamentos e a necessidade de
pesquisar diversas temáticas voltadas para formação inicial como, por exemplo,
quem são os professores formadores dos cursos de licenciatura em Matemática?
Quais os recursos tecnológicos utilizados por docentes de nível superior? Como
os estagiários lidam com as TIC na prática pedagógica?
A pretensão é continuar discutindo e pesquisando sobre a formação
inicial e as TIC buscando promover transformações e inovações na práxis
docente.
116
REFERÊNCIAS
ALARCÃO, I. Professor-investigador: Que sentido? Que formação? In:
CAMPOS, B. P. (Org.). Formação profissional de professores no ensino
superior. Porto, Porto. v. 1, p. 21-31, 2001.
______. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez,
2003.
ALCARÁ, A. R.; GUIMARÃES, S. É. R. Relações entre a perspectiva de tempo
futuro e motivação de alunos universitários. In: EDUCERE, 7., Encontro
Nacional de atendimento ao escolar hospitalar, 5., 2007. Anais... Curitiba:
Champagnat, 2007a, p. 1-8. 1 CD-ROM.
______. A instrumentalidade como uma estratégia motivacional. Revista
Psicologia Escolar e Educacional, v. 11, p. 177-178, 2007b.
ALMEIDA, A. P. S.; CARNEIRO, G. S. ; SANTANA, C. de C.; SANTANA, I. P.
Estágio supervisionado em matemática e a utilização do google docs como
ambiente de interação: uma experiência que deu certo. In: Encontro Nacional
de Pesquisa em Educação em Ciências. Anais... Campinas: VIII ENPEC, 2011.
ALMEIDA, J. S. de. Estágio supervisionado em prática de ensino – relevância
para a formação ou mera atividade curricular? Revista ANDE, v. 13, n. 20, p. 39
– 42, 1994.
ALMEIDA, M. E. B. Informática e formação de professores. Brasília: Ministério
da Educação, 2000. v. 2. 191 p.
ALVES, N.; GARCIA, R. L. A construção do conhecimento e o currículo dos
cursos de formação de professores na vivência de um processo. In: ALVES, N.
(Org.). Formação de professores: pensar e fazer. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2006.
v. 1. (Questões da nossa época).
ALVES-MAZZOTTI, A. J. ; GEWANSZDNAJDER, F. O método nas ciências
naturais e sociais: pesquisas quantitativas e qualitativas. São Paulo: Pioneira,
1998. v. 1. 203 p.
______. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisas quantitativas e
qualitativas. 4. ed. São Paulo: Pioneira, 2001. v. 1. 203 p.
AMORA, D. Professor, você está preparado para ser dono de um meio
decomunicação em massa? In: FREIRE, W. (Org.). Tecnologia e educação: as
mídias na prática docente. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2008.
ANDRE, M. E. D. A.; DARSIE, M. M. P. O diário reflexivo, avaliação e
investigação didática. Revista Ensaio, avaliação e políticas públicas, Rio de
Janeiro, v. 6, n. 21, p. 447-462, 1998.
117
ANTUNES, G. O.; OLIVEIRA, R. de; SILVA, P. N. da. Os aspectos do
formalismo em matemática no curso de licenciatura. In: ENCONTRO SUL
FLUMINENSE DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 5., 2007. Anais... Vassouras:
V ESFEM - USS, 2007. v. 1, n.1.
ARAUJO, U. F. A quarta revolução educacional: a mudança de tempos, espaços
e relações na escola a partir do uso de tecnologias e da inclusão social. ETD:
Educação Temática Digital, v. 12, p. 31-48, 2011.
BAQUEIRO, R. Vygotsky e a aprendizagem escolar. 2. ed. Porto Alegre: Artes
Médicas, 2001.
BARBIER, R. A. Pesquisa-ação. Tradução Lucie Didio. Brasília: Plano, 2002.
BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de metodologia científica:
um guia para a iniciação científica. 2. ed. São Paulo: MAKRON, 2000a.
BARROSO, M.; COUTINHO, C. P. Googledocs: uma experiência de trabalho
cooperativo com alunos do 8º ano de escolaridade. Revista Prisma.com, v. 7, p.
47-62, 2009b.
______. Utilização da ferramenta Google Docs no ensino das ciências naturais:
um estudo com alunos de 8º ano de escolaridade. Revista Ibero-americana de
Informática Educativa, n. 9, p. 10-21, Jan./jun. 2009.
BEHRENS, M. A. O paradigma da complexidade na formação e no
desenvolvimento profissional de professores universitários. Revista Educação,
Porto Alegre, RS, v. 3, n. 63, p. 439-455, 2007.
______. Formação pedagógica on line: caminhos para a qualificação da docência
universitária. Em Aberto, n. 23, p.47-66, nov. 2010.
BRANCO, M. D’E. Nossa vida no ciberespaço. 2005. Disponível em:
<http://portal.softwarelivre.org/articles/46>. Acesso em 15 jul. 2011.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior.
Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Matemática, Bacharelado
e Licenciatura. Parecer CNE/CES 1.302/2001. MEC: Brasília, 2001. Disponível
em: <www.mec.gov.br>. Acesso em: 15 jul. 2012
CARR, W.; KEMMIS, S. Becoming critical education: on knowledge and action
research. London and Philadelphia: The Palmer Press, 1986.
CARVALHO, L. M. . Entre Conhecimentos Específicos e Conhecimentos
Pedagógicos: caminhos possíveis para o desejável diálogo de saberes. In: Maria
I. de A.; Alda J. M.; Selma G. P.; Cristina C. A. P.; Helenice C. (Org.). Políticas
Educacionais e Impactos na Escola e na Sala de Aula. 1ª ed.Araraquara:
Junqueira & Marin Editores, 2012, v. 1, p. 398-412.
118
CASTELLS, M. A era da informação: economia, sociedade e cultura. Tradução
Klauss Brandini Gerhardt e Roneide Venâncio Majer. 2. ed. São Paulo: Paz e
Terra,
2000.
v.
I.
(A
Sociedade
em
rede).
COUTINHO, C. P.; BOTTENTUIT JUNIOR, J. B. O Google Sites no processo de
ensino e aprendizagem: uma experiência no ensino superior. Revista Teias, v.
10, n. 19, p. 1-12, 2009.
COUTINHO, E. F. A utilização do Google Docs como mecanismo de avaliação
em disciplinas de graduação. RETEC - Revista de Exatas e Tecnológicas, v. 2,
p. 1, 2011.
CUNHA, R. B. Lembranças de escola na formação de professores. In: CUNHA,
R. B.; PRADO, G. V. T. Percursos de autoria: exercícios de pesquisa. Campinas:
Gepec/FE/Unicamp, 2005.
CURY, C. R. J. Estágio supervisionado na formação docente. In: LISITA, V. M. S.
S.; SOUZA, L. F. E. C. P. Políticas Educacionais, práticas escolares e
alternativas de inclusão escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
CYRINO, M. C. Preparação e emancipação profissional na formação inicial do
professor de Matemática. In: NACARATO, A. M.; PAIVA, M. A. V. A formação
do professor que ensina matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. p. 77-88.
DEMO, P. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 1996. v. 1. 129
p.
DEWEY, J. Como pensamos: como se relaciona o pensamento reflexivo com o
processo educativo: uma exposição. 3. ed. São Paulo: Companhia Nacional,
1959.
DIAS, S.; SANTOS, L. Práticas avaliativas e auto-regulação da aprendizagem
matemática pelos alunos. 2010. Projeto financiado pela FCT (nº
PTDC/CED/64970/2006).
Projecto
AREA.
Disponível
em:
<http://area.fc.ul.pt/pt/>. Acesso em: 21 nov. 2011.
FARIAS, C. H. B. As relações interpessoais: um estudo sobre os conflitos e suas
implicações nas práticas escolares dos professores dos anos iniciais. IX
Congresso Nacional de Educação- EDUCERE. 2009. PUCPR
FIORENTINI, D. A. Didática e a prática de ensino mediadas pela investigação
sobre a prática. In: ______. (Org.). Conhecimento local e conhecimento
universitário: pesquisa, didática e ação docente. Curitiba: Champaghat, 2004. v.
1, p. 243-257.
______. A pesquisa do professor sobre sua própria prática. In: KLEINE, M. U.;
MEGID NETO, J. (Orgs.). Fundamentos de matemática, ciências e informática
119
para os anos iniciais do Ensino Fundamental I. Campinas: FE/Unicamp, 2010.
v. 2, p. 97-106.
FIORENTINI, D. ;NACARATO, A. M. Investigando e teorizando, a partir da
prática, a cultura e o desenvolvimento de professores que ensinam matemática.
In: ______. (Orgs.). Cultura, formação e desenvolvimento profissional de
professores que ensinam matemática. São Paulo: Musa, 2005. v. 1, p. 7-17.
FIORENTINI, D.; NACARATO, A. M.; FERREIRA, A. C.; LOPES, C. A.
E.; FREITAS, M. T. M.; MISKULIN, R. G. S. Saberes da experiência docente em
matemática e educação continuada. Quadrante (Lisboa), v. 8, n.1-2, p. 33-60,
1999.
FIORENTINI, D. ; Nacarato, A.M. ; Ferreira, A. C. ; Lopes, C. A. E. ; FREITAS,
M. T. M. ; MISKULIN, R. G. S. . Formação de professores que ensinam
Matemática: um balanço de 25 anos da pesquisa brasileira. Educação em
Revista (UFMG), v. 36, p. 137-160, 2002
FIORENTINI, D.; CASTRO, F. C. Tornando-se professor de Matemática: o caso
de Allan em Prática de Ensino e Estágio Supervisionado. In: FIORENTINI, D.
(Org.). Formação de professores de matemática: explorando novos caminhos
com outros olhares. Campinas: Mercado de Letras, 2003. p. 121-156.
FIORENTINI, D.; SADER, P. M. A. Tendências da pesquisa brasileira sobre a
prática pedagógica em matemática: um estudo descritivo. In: REUNIÃO DA
ANPED.
1999.
Palestra...
CD.
Disponível
em:
<http://paje.fe.usp.br/~anped/Textos22/fiorentini.pdf>. Acesso em 15 nov.
2011.
FONSECA, R. C. A prática docente a partir da interatividade nos ambientes
virtuais de aprendizagem, ABED, 2010.
FRANÇA, D. S. Formação de professores: a parceria escola-universidade e os
estágios de ensino. UNI revista, São Leopoldo, RS, v. 1, n. 2, abr. 2006.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1980.
______. Extensão ou comunicação? Tradução Rosisca Darcy de Oliveira. 7. ed.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. v. 24. 93 p. (Coleção O mundo hoje).
______. Pedagogia da esperança. Um reencontro com a pedagogia do
oprimido. Notas Ana Maria Araújo Freire. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
FREITAS, H. C. L. de. O trabalho como princípio articulador na prática de
ensino e nos estágios. Campinas: Papirus, 1996. 248 p.
120
GAERTNER, R; OECHSLER, V. Prática de ensino e estágio supervisionado na
formação do professor de matemática. Revista Eletrônica de Educação
Matemática, v 4.6, p.67-77, 2009.
GALIAZZI, M. C.; LINDEMANN, R. O diário de estágio: da reflexão pela
escrita para a aprendizagem sobre ser professor. Olhar de Professor, Ponta
Grossa: UEPG, v. 6, n.6, p. 135-150, 2003.
GAMA, R. P. Iniciação de passagem de discente para docente de Matemática:
a necessidade de se estudar as transições. 2001. 155 p. Dissertação (Mestrado em
Educação).
GARCIA, C. M. Formação de professores para uma mudança educativa.
Portugal: Porto, 1998.
GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em
Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Record, 1999.
GONÇALVES, T. O. Formação e desenvolvimento profissional de formadores
de professores: o caso de professores de Matemática da UFPA. 2000. 206 f. Tese
(Doutorado em Educação: Educação Matemática) – Faculdade de Educação,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000.
GREENHOW, C. What teacher education needs to know about web 2.0:
preparing new teachers in the 21st century. In: CRASLEN, R. et al. (Eds.).
Proceedings of the 18International Conference of the Society for Information
Technology &Teacher Education, SITE 2007. Chesapeake, VA: AACE, 2007. p.
2027-2034.
GUIMARÃES, S. É. R.; RUFINI, S. É. R.; BZUNECK, J. A.; SANCHES, S. F.
Psicologia educacional nos cursos de licenciatura: a motivação dos estudantes.
Psicologia Escolar e Educacional, Campinas, v. 6, n.1, p. 11-20, 2002.
GUIMARAES, S. É. R.; BORUCHOVITCH, E. O estilo motivacional do
professor e a motivação intrínseca dos estudantes: uma perspectiva da Teoria
da Autodeterminação. Psicologia. Reflexão e Crítica, [online], v. 17, n. 2, p. 143150,
2004.
Disponível
em:
<http://dx.doi.org/10.1590/S010279722004000200002>. Acesso em: 15 jan. 2012.
HERNÁNDEZ, F. A importância de saber como os docentes aprendem. Pátio,
v.
1,
n.
4,
fev./abr.
1998.
Disponível
em:
<http://www.revistapatio.com.br/patio/patio.htm>. Acesso em: 26 set. 2011.
JARAMILLO, D. V. (Re)constituição do ideário de futuros professores de
matemática num contexto de investigação sobre a prática pedagógica. 2003.
269 f. Tese (Doutorado em Educação: Educação Matemática) – Faculdade de
Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003.
121
KENSKI, V. M. Memória e ensino. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 90,
1991.
______. Ação docente e o livro didático no ambiente digital. In: CONGRESSO
DE LEITURA DO BRASIL/COLE, 13. 2001, Campinas.
______. Gestão e uso das mídias em projetos de educação a distância. Revista
E-Curriculum, São Paulo, v. 1, p. 102-125, 2005.
______. Novos processos de interação e comunicação mediados pelas
tecnologias. In: ROSA, D.; SOUZA, V. (Orgs.). Didática e práticas de ensino:
interfaces com diferentes saberes e lugares formativos. Rio de Janeiro: DP&A,
2008.
KLEMANN, M. N.; RAPKIEWICZ, C. E. Pesquisa-ação para inclusão digital de
professores e alunos: um projeto piloto usando Google Docs. RENOTE. Revista
Novas Tecnologias na Educação, v. 9, p. 1-10, 2011.
LEITE, L. S. Mídia e a perspectiva da tecnologia educacional no processo
pedagógico contemporâneo. In: FREIRE, W. (Org.). Tecnologia e educação. As
mídias na prática docente. Rio de Janeiro: Wak, 2008, v. 1, p. 61-78.
LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da
informática. Trad. Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Ed. 34, 1993.
LEWGOY, A. M. B.; ARRUDA, M. P. Da escrita linear à escrita digital:
atravessamentos profissionais. Revista Textos & Contextos (Online), Porto
Alegre, v. 2, 2003.
LIMA, M. A. C.; MARTINS, P. L. O. Pesquisa-ação: possibilidade para a prática
problematizadora com o ensino. Revista Diálogo Educacional (PUCPR), local,
v. 6, p. 45-61, 2006.
LIMA, M. S. L. . Desafios da Formação de Professores. In: Francisco Kennedy;
Silva dos Santos. (Org.). Reflexões na docência: o professor e as boas práticas.
Ied.Fortaleza: SEDUC, 2009, v. I, p. 98-102.
LIMA, M. S. L.; PIMENTA, S. G. Estágio e docência. São Paulo: Cortez, 2004.
LÜDKE, M.; CRUZ, G. B. Aproximando universidade e escola de educação
básica pela pesquisa. Cadernos de Pesquisa, v. 35, n. 125, p.81-109, maio/ago.
2005.
LÜDKE, M. A. Universidade, escola de educação básica e o problema do estágio
na formação de professores. Formação Docente: Revista Brasileira de Pesquisa
sobre Formação de Professores, v. 01, n. 01, ago./dez. 2009. Disponível em:
<http://formacaodocente.autenticaeditora.com.br/artigo/exibir/1/5/1>.
Acesso em: 25 nov. 2011.
122
LURIA, A. R. Desenvolvimento cognitivo: seus fundamentos culturais e
sociais. 3. ed. São Paulo: Ícone, 2002.
MACHADO, A. C. T. A Ferramenta Google Docs: construção do conhecimento
através da interação e colaboração. Revista Científica de Educação a Distância,
v. 2, n. 1, Jun. 2009.
MALTEMPI, M. V. Novas tecnologias e construção de conhecimento: reflexões
e perspectivas. In: CONGRESSO IBERO-AMERICANO DE EDUCAÇÃO
MATEMÁTICA/CIBEM, V., 2005, Porto, Portugal.
MARQUES, M. O. Escrever é preciso: o princípio da pesquisa. 5. ed. rev. Ijuí:
Ed. Unijuí, 2006. 154 p.
MASETTO, M. T. Formação de professores e escola na contemporaneidade. In:
FELDMANN, M. G. (Org). Formação de professores e escola na
contemporaneidade. São Paulo: Senac, 2009.
MATTAR, J. Web 2.0 e redes sociais na educação à distância: cases no Brasil. La
Educ@cion Revista Digital, v. 145, p. 1-23, 2011.
MEDEIROS, C. M. de. Estágio supervisionado: uma influência na constituição
dos saberes e do professor de matemática na formação inicial. 2010. Dissertação
(Mestrado em Educação: Ciências e Matemáticas) – Universidade Federal do
Pará.
MELO, G. N. de. Formação inicial de professores para a educação básica: uma
(re)visão radical. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 14, n.1, 2000.
MICOTTI, M. C. O. O ensino e as propostas pedagógicas. In: BICUDO, M. A. V.
(Org.). Pesquisa em educação matemática: concepções e perspectivas. São
Paulo: UNESP, 1999. p. 153-167.
MINAYO, M. C. de; SANCHES, O. Quantitativo qualitativo: oposição ou
complementaridade? Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 9, n. 3, p. 239-262,
1993.
MOLL, L. C. Vygotsky e a educação – implicações pedagógicas da psicologia
sócio-histórica. Tradução Fani A. Tesseler. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
MORAN, J. M. Desafios da internet para o professor. Revista Ciência da
Informação, v. 26, n. 2, p. 146-153, maio/ago. 1997.
______. Contribuições para uma pedagogia da educação on-line. In: SILVA, M.
Educação online: teorias, práticas, legislação, formação corporativa. São Paulo:
Loyola, 2003. p. 39-50.
MORAN, J. M. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá.
Campinas: Papirus, 2007.
123
MOREIRA, P. C.; DAVID, M. M. M. S. O conhecimento matemático do
professor: formação e prática docente na escola básica. Revista Brasileira de
Educação, São Paulo, n. 28, p. 50-61, jan./abr. 2005.
MOURA, A. A Web 2.0 na aula de língua materna: relato de uma experiência.
In: SANTANA, M. O. R.; RAMOS, M. A.; ALVES, A. B. (Orgs.). Actas do
Encontro Internacional Discurso Metodologia e Tecnologia, Miranda do
Douro: CEAM, 2007a. p. 9-24.
NACARATO, A. M. et al. Professores e futuros professores compartilhando
aprendizagens: dimensões colaborativas em processos de formação. In:
NACARATO, A. M.; PAIVA, M. A. V. (Orgs.). A formação do professor que
ensina matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
______. A escola como locus de formação e de aprendizagem: possibilidades e
riscos da colaboração. In: FIORENTINI, D.; NACARATO, A. M. (Orgs.).
Cultura, formação e desenvolvimento profissional de professores que
ensinam matemática. São Paulo: Autêntica, 2009.
NOGUEIRA, Kely F. P. ; PEREIRA, Patrícia Sândalo . A Prática como
componente curricular via projetos: uma alternativa para a formação de
professores. In: Políticas de Formação Inicial e Continuada de Professores. 1º
ed. Araraquara: Junqueira&Marin, 2012, v. 24, p. 4262-42731.
NOGUEIRA, S. M. Revisitando a autodirecção na aprendizagem: atributos e
características do educando autodirigido. Revista Linhas, Florianópolis, v. 12,
n.
01,
p.
111–130,
jan./jun.
2011.
Disponível
em:
<http://www.periodicos.udesc.br/index.php/linhas/article/view/2062>.
Acesso em: 27 mar. 2012.
NÓVOA, A. Profissão professor. In: NÓVOA, A. (Org.). Profissão professor. 2.
ed. Porto: Porto, 1999.
OHUSCHI, M. C. G.; MENEGASSI, R. J. O gênero diário reflexivo na formação
do professor. In: COLÓQUIO DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS E LITERÁRIOS/
CELLI, 3. 2007, Maringá. Anais... Maringá, 2009, p. 1719-1730.
OLIVEIRA, M. C. A. Possibilidades de construção do conhecimento pedagógico
do conteúdo na formação inicial de professores de Matemática. In: REUNIÃO
DA ANPED, 28., 2005, Anais... Caxambu, 2005.
PACHECO, J. et al. (Orgs.). Caminhos para a inclusão: um guia para
aprimoramento da equipe escolar. Porto Alegre: Artmed, 2006.
PAIVA, V. L. M. O. Feedback em ambiente virtual. In: LEFFA. V. (Org.).
Interação na aprendizagem das línguas. Pelotas: EDUCAT, 2003. p. 219-254.
Disponível em: <http://www.veramenezes.com/feedback.htm> . Acesso em:
20 out. 2011.
124
PARDAL, L. et al. Quando for grande vou ser professor: a identidade docente
representada por futuros professores. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v.
11, n. 33, p. 417-433, maio/ago. 2011.
PASSERINI, G. A. O estágio supervisionado na formação inicial de
professores de Matemática na ótica de estudantes do curso de Licenciatura em
Matemática da UEL. 2007. 121f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e
Educação Matemática) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina.
PAULA, E. F. de; PAVANELLO, R. M. O desenvolvimento profissional de
professores de Matemática envolvidos em um grupo de estudo: algumas
reflexões.
2009.
Disponível
em:
<http://www.pg.utfpr.edu.br/sinect/anais/artigos/13%20Formacaodeprofess
oresnoensinodecienciaetecnologia/Formacaodeprofessoresnoensinodecienciaet
ecnologia_artigo6.pdf>. Acesso em: 05 dez. 2011.
PEDROSA, P. H. C.; NOGUEIRA, T.. Computação em nuvem. 2010. Unicamp.
PENTEADO, M. G. Possibilidades para a formação de professores de
Matemática. In: PENTADO, M. G.; BORBA, M. de C. (Orgs.). A informática em
ação: formação de professores, pesquisa e extensão. São Paulo: Olho Dágua,
2000. v. 1.
PERDIGÃO, A. L. R.; MELLO, R. R. de. Interação universidade e escola de 1º
grau - uma experiência. Revista ANDE, n. 21, p. 37-44, 1995.
PEREIRA, P. S. ; ANDRADE, S. V. R.de ; CARVALHO, A. M. F. T. de . A Práxis
Pedagógica do Professor de Matemática via Formação Continuada. In: I
Simpósio Nacional de Educação, 2008, Cascavel - PR. 1o Simpósio Nacional de
Educação, 2008. p. 001-011.
PÉREZ-GOMÉZ, A. I. A cultura escolar na sociedade neoliberal. Tradução
Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2001.
PICONEZ, S. C. A prática de ensino e o estágio supervisionado. 2. ed.
Campinas: Papirus, 1994. 139 p.
PIMENTA, S. G. O estágio na formação de professores - unidade teoria e
prática? Boletim da ANPEd - Associação Nacional de Pós-Graduação Pesquisa
em Educação, Caxambu, São Paulo: Loyola, v. 1, p. 149-149, 1994.
______. Pesquisa-ação crítico-colaborativa: construindo seu significado a partir
de experiências com a formação. Educação e Pesquisa (USP), São Paulo, v. 03,
n. 31, p. 521-539, 2005.
______. O estágio na formação de professores: unidade teoria e prática? 7. ed.
São Paulo: Cortez, 2006.
125
PIMENTA, S. G.; GHEDIN. E. (Orgs.). Professor reflexivo no Brasil: gênese e
crítica de um conceito. São Paulo: Cortez, 2002. p. 17-52.
PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Mediação pedagógica para a compreensão da
leitura: um estado em classe de 1ª série do Ensino Fundamental. 2002. 128 f.
Dissertação (Mestrado em Educação Especial) - Universidade Estadual de Feira
de Santana, Celaee, Cuba.
______. Estágio e docência: diferentes concepções. Poiesis Pedagógica (UFG), v.
3, p. 11-33, maio 2006.
PIMENTEL, C. A Escrita íntima da internet: do diário ao blog pessoal. Revista
O
Marrare. ed.
14, 2011.
Disponível
em:
<http://www.omarrare.uerj.br/numero14/carmenPimentel.html>. Acesso em:
20 nov. 2012.
PINTO, A. V. Sete lições sobre educação de adultos. 10. ed. São Paulo: Cortez,
1997.
PONTE, J. P. Da formação ao desenvolvimento profissional. Actas do Prof. Mat.
98, Lisboa: APM, p. 27-44, 1998.
______. Tecnologias de informação e comunicação na formação de professores:
Que desafios? Revista Ibero-Americana de Educación, n. 24, p. 63-90, 2000.
Disponível em: <http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/jponte>. Acesso em: 15
dez. 2011.
______. A vertente profissional da formação inicial de professores de
Matemática. Educação Matemática em Revista, n. 11A, p. 3-8, 2002.
______. A investigação sobre a prática como suporte do conhecimento e da
identidade profissional do professor. In: CABRAL, M. L. (Org.). A universidade
e a formação de professores. Faro: Universidade do Algarve, 2002. p. 37-42.
PORLÁN, R.; MARTÍN, J. El diario del profesor: un recurso para la
investigación en el aula. 4. ed. Sevilla: Díada, 1997.
PRATES, R. O.; BARBOSA, S. D. J. Avaliação de interfaces de usuário conceitos e métodos. In: CONGRESSO NACIONAL DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE COMPUTAÇÃO, 23., JORNADAS DE ATUALIZAÇÃO EM
INFORMÁTICA/JAI, 22., 2003.
RABELLO, M. R. Interações sociais no ambiente virtual de aprendizagem:
análise da linguagem de feedbacks. 2011.
RAMAL, A. C. O professor do próximo milênio. Revistas Aulas e Cursos
(UOL). 2003. Disponível em: <http:/www.uol.com.br/aulasecursos>. Acesso
em: ago. 2000.
126
RAMOS, D. K. As tecnologias da informação e comunicação na educação:
reprodução ou transformação? ETD – Educação Temática Digital, Campinas, v.
13, n. 1, p. 44-62, jul./dez. 2011.
ROCHA, L. P. (Re)constituição dos saberes de professores de Matemática nos
primeiros anos de docência. 2005.
ROSITO, M. M. B. A visão humanista da história tecida em retalho. Notandum,
Porto, n. 17, jul./dez. 2008.
SANT´ANA, C. C. de. As licenciaturas em matemática na UESB, na UESC e na
UEFS. In: FÓRUM BAIANO DAS LICENCIATURAS EM MATEMÁTICA, 2.,
2008, Barreiras, BA. Anais... Barreiras: UNEB, 2008.
SANTOS, C. P. dos; SOARES, S. R. A aprendizagem e relação professor-aluno
na universidade: duas faces da mesma moeda. Estudos em Avaliação
Educacional (Impresso), v. 22, p. 353-357, 2011.
SANTOS, R. N. O professor como profissional reflexivo: o legado de Donald
Schön no Brasil. 2008. Monografia - Faculdade de Educação, Universidade de São
Paulo.
SANTOS, T. S. dos. Do artesanato intelectual ao contexto virtual: ferramentas
metodológicas para a pesquisa social. Sociologias (UFRGS), v. 22, p. 120-156,
2009.
SANTOS, W. L. P. dos et al. Formação de professores: uma proposta de
pesquisa a partir da reflexão sobre a prática docente. Ensaio: pesquisa em
Educação em Ciências, Brasília, v. 8, n. 1, p. 1-14, jul. 2006.
SARMENTO, Teresa. Narrativas de professoras-estagiárias sobre os contributos
da formação em análise organizacional para a construção de uma identidade
profissional. 2012. In: livro: Políticas de formação inicial e continuada de
professores, Junqueira&Marin Editores, Araraquara/SP,2012. E-books do XVI
ENDIPE.
SCHÄFER, P. B.; LACERDA, R.; FAGUNDES, L. Escrita colaborativa na cultura
digital: ferramentas e possibilidades de construção do conhecimento em rede.
Revista Novas Tecnologias na Educação – RENOTE, CINTED/UFRGS, v. 7, n.
1, jul. 2009. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/renote/article/view/14012>.
Acesso em: 15 maio 2012.
SCHÖN, D. A. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o
ensino e a aprendizagem. Tradução Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre:
Artmed, 2000, p. 256.
SCHÖN, D. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA, A.
(Org.). Os professores e a sua formação. 3. ed. Lisboa: Dom Quixote, 1997. p.
79-91.
127
SERAFIM, M. L.; PIMENTEL, F. S. C.; SOUSA, DO Ó, A. P. Aprendizagem
colaborativa e interatividade na web: experiências com o Google Docs no
ensino de graduação. In: SIMPÓSIO HIPERTEXTO E TECNOLOGIAS NA
EDUCAÇÃO,
2.,
2008.
Disponível
em:
<http://www.ufpe.br/nehte/simposio2008/anais>. Acesso em: 28 out. 2010.
SHULMAN, L. S. El saber y entender de la profesión docente. Estúdios
Públicos, Santiago-Chile, n. 99, p. 195-224, 2005a.
______. Conocimiento y enseñanza: fundamentos de la nueva reforma.
Profesorado. Revista de currículum y formación del profesorado GranadaEspaña,
ano
9,
n.
2,
2005b,
p.
1-30.
Disponível
em:
<http://www.ugr.es/local/recfpro/rev92art1.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2012.
SILVA, A. C. da. Reflexão sobre a matemática e seu processo de ensinoaprendizagem: implicações na (re)elaboração de concepções e prática de
professores. 2009. 233 f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós Graduação em
Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Paraíba, João
Pessoa, 2009.
SILVA, I. M. M. Tecnologias e letramento digital: navegando rumo aos desafios.
ETD : Educação Temática Digital, v. 13, p. 27-43, 2012.
SILVA, J. N. da; PRADO, D. F. do; SANTANA, I. P.; SANT’ANA, C. C. de. O
estágio supervisionado: a visão de futuros professores de matemática. Revista
Perspectiva da Educação Matemática, Campo Grande: Programa de Mestrado
em educação Matemática da UFMS, v. 1, n. 1, 2008.
SILVA, Marco. Que é interatividade. Boletim Técnico do Senac, Rio de Janeiro,
v. 24, n. 2, maio/ago. 1998.
______. Sala de aula interativa. Rio de Janeiro: Quartet, 2000a.
______. Interatividade: uma mudança do esquema clássico da comunicação.
Boletim Técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 26, n.3, p. 18-27, 2000b.
______. Sala de aula interativa: a educação presencial e a distância em sintonia
com a era digital e com a cidadania. Boletim Técnico do SENAC, Rio de
Janeiro,
v.
27,
n.
2,
maio/ago.
2001.
Disponível
em:
<http://www.saladeaulainterativa.pro.br/textos.htm.>. Acesso em: maio 2007.
SILVA, Marilda. Complexidade da formação de professores: saberes teóricos e
saberes práticos. São Paulo: UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. 114 p.
ISBN
978-85-98605-97-5.
Available
from
SciELO
Books
<http://books.scielo.org>.
SOUZA, A. P. G.; MAGALHÃES, E. G.; OLIVEIRA, R. M. M. A. O diário
reflexivo no estágio da Pedagogia à distância: aspectos formativos para
professores em exercício. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO
128
A DISTÂNCIA, 1., ENCONTRO DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO A
DISTÂNCIA, 1., 2012, São Carlos. v. 1. p. 1-12.
SOUZA, C. H. M. A (Re)descoberta do conhecimento pela alfabetização
tecnológica docente. Nucleus (Ituverava. Impresso), v. 6, p. 53-68, 2009.
TARDIF, M. Saberes profissionais dos professores e conhecimentos
universitários: elementos para uma epistemologia da prática profissional dos
professores e suas consequências em relação à formação para o magistério.
Revista Brasileira de Educação (ANPED), n 13, jan./fev./mar./abr. 2000.
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.
TERRA, C. F. A comunicação bidirecional, direta e instantânea como
o padrão dos relacionamentos organizacionais com seus públicos. Revista
Eletrônica “PRODAM Tecnologia”, ed. 02, ano 2, abr./maio/jun. 2009.
TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Tradução Lólio
Lourenço de Oliveira. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466,
set./dez. 2005.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA (UESB), Conselho
Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE). Resolução CONSEPE no
98/2004, de 09 de dezembro de 2004. Diário Oficial do Estado da Bahia.
Disponível em: <http://www.uesb.br/consepedef/default.asp?id=35>. Acesso
em 25 set. 2011.
USTRA, S. R. V. ; HERNANDES, C. L . Enfrentamento de problemas conceituais
e de planejamento ao final da formação inicial. Ciência e Educação (UNESP.
Impresso), v. 16, p. 723-733, 2010.
VALENTE, J.A. . Formação de Profissionais na área de Informática em
Educação. In: VALENTE JA. (Org.). Computadores e Conhecimento:
repensando a educação. Campinas: Grafica Central Unicamp, 1998, v. , p. 139164.
VALENTE, J. A. O computador na sociedade do conhecimento. Campinas:
Nied; Unicamp, 1999. 156 p.
______. A escola como geradora e gestora do conhecimento: o papel das
tecnologias de informação e comunicação. In: GUEVARA, A. J. H.; ROSINI, A.
M. (Orgs.). Tecnologias emergentes: organização e educação. São Paulo:
Learning, 2008.
VILAÇA, M. L. C. O poder do professor como elemento de desconstrução do
conhecimento. In: MONTEIRO, M. J. P; BARBOSA, H. G. (Orgs.). Caderno de
Letras 21. Interação em Mídia e Sala de Aula, Rio de Janeiro: Faculdade de
Letras, UFRJ, 2004.
129
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes,
1989.
______. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos
psicológicos superiores (Org.). Michel Cole (et. al.). tradução José Cipolla Neto,
Luís Silveira Menna Barreto e Solange Castro Afeche 6. ed. São Paulo, SP:
Martins Fontes, 1994.
______. Formação da mente social. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
XAVIER, A. C. S. Letramento digital e ensino. 2002. Disponível em:
<http://www.ufpe.br/nehte/artigos/Letramento%20digital%20e%20ensino.p
df>. Acesso em: 20 out. 2011.
XERRI, E. G.; ZIMMER, R. O. D. Diário de aula: práticas de ação e reflexão, reações pedagógicas potencializadas pela perspectiva freireana de educação.
Revista Educação por Escrito (PUCRS), Porto Alegre, v. 1, n. 1, jun. 2010.
Disponível em: <www.revistaseletronicas.pucrs.br_ojs_index.pdf>. Acesso em:
20 dez 2011.
ZABALZA, M. A. Diários de aula: contributo para o estudo dos dilemas
práticos dos professores. Porto, Portugal: Porto, 1994. 206p.
______. O ensino universitário: seu cenário e seus protagonistas. Porto Alegre:
Artmed, 2004a. 239 p.
______. Os diários de aula: um instrumento de pesquisa e desenvolvimento
profissional. Porto Alegre: Artmed, 2004b.
______. Os diários de classe dos professores. Pátio: revista pedagógica, Porto.
Alegre, v. 6, n. 22, p.15-20, jul./ago, 2002.
ZEFERINO, A. M. B.; DOMINGUES, R. C. L.; AMARAL, E. Feedback como
estratégia de aprendizado no ensino médico. Revista Brasileira de Educação
Médica, Rio de Janeiro, v. 31, n. 2, p. 176-179, 2007.
ZEICHNER, K. M. A formação reflexiva de professores: ideias e práticas.
Lisboa: Educa, 1993.
______. Formação de professores: contato direto com a realidade da escola.
Revista Presença Pedagógica. Belo Horizonte, v. 06, n. 34, p.05-15, jul./ago.
2000.
______. Uma análise crítica sobre a “reflexão” como conceito estruturante na
formação docente. Educação & Sociedade, Campinas, v. 29, n. 103, p. 535-554,
maio/ago. 2009.
130
ANEXOS
131
ANEXO A
DOCUMENTAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA
(PLATAFORMA BRASIL)
Jequié, _____ de ____________ de ____
Ilma. Sra
Profa. Ana Angélica Leal Barbosa
Presidente do Comitê de Ética em Pesquisa
Prezada Senhora,
Encaminhamos para apreciação e aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da UESB o projeto de pesquisa intitulado “AS TIC NO ESTÁGIO
SUPERVISIONADO
DE
MATEMÁTICA:
POSSIBILIDADES
DE
INTERAÇÃOENTRE ORIENTADOR DE ESTÁGIO, PROFESSOR/REGENTE E
ESTAGIÁRIO”.
Agradecemos desde já a vossa colaboração.
Atenciosamente,
Ana Paula Silva de Almeida
Mestranda do curso de Pós-graduação em
Educação Científica e Formação de Professores
132
ANEXO A. 1
DECLARAÇÃO
Eu, Ana Paula Silva de Almeida, mestranda do curso de Pós-graduação
Educação Científica e Formação de Professores, declaro que a coleta de
dados da Pesquisa intitulada “AS TIC NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE
MATEMÁTICA: POSSIBILIDADES DE INTERAÇÃOENTRE ORIENTADOR
DE ESTÁGIO, PROFESSOR/REGENTE E ESTAGIÁRIO” não foi iniciada.
Jequié, __ de ________ de ____
Ana Paula Silva de Almeida
Mestranda do curso de Pós-graduação em
Educação Científica e Formação de Professores
133
ANEXO A. 2
DECLARAÇÃO DE COMPROMETIMENTO
Eu, Ana Paula Silva de Almeida, mestranda do curso Educação
Científica e Formação de Professores do
Departamento de Jequié da
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, pesquisador responsável pelo
Projeto de Pesquisa intitulado “AS TIC NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE
MATEMÁTICA: POSSIBILIDADES DE INTERAÇÃO ENTRE ORIENTADOR
DE ESTÁGIO, PROFESSOR/REGENTE E ESTAGIÁRIO” comprometo-me a
observar se as normas da Resolução 196/96 estão sendo obedecidas em todas as
fases da pesquisa.
Jequié, ________ de ______________ de _____
Ana Paula Silva de Almeida
Mestranda do curso de Pós-graduação em
Educação Científica e Formação de Professores
134
ANEXO A. 3
DECLARAÇÃO
Eu, Ana Paula Silva de Almeida, pós-graduanda do Curso de Educação
Científica e Formação de Professores, da Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia, declaro estar participando do projeto de Pesquisa intitulado AS
TIC
NO
ESTÁGIO
SUPERVISIONADO
DE
MATEMÁTICA:
POSSIBILIDADES DE INTERAÇÃOENTRE ORIENTADOR DE ESTÁGIO,
PROFESSOR/REGENTE E ESTAGIÁRIO.
Jequié, ___ de __________________ de ____
Ana Paula Silva de Almeida
Mestranda do curso de Pós-graduação em
Educação Científica e Formação de Professores
135
ANEXO A. 4
DECLARAÇÃO
Eu, Claudinei de Camargo Santana, docente do Departamento de Vitória da
Conquista, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, declaro estar
participando do projeto de Pesquisa intitulado AS TIC NO ESTÁGIO
SUPERVISIONADO
DE
MATEMÁTICA:
POSSIBILIDADES
DE
INTERAÇÃOENTRE
ORIENTADOR
DE
ESTÁGIO,
PROFESSOR/REGENTE E ESTAGIÁRIO.
Jequié, ___ de __________________ de ____
Claudinei de Camargo Santana
Departamento de Vitória da Conquista
136
ANEXO A.5
DECLARAÇÃO DO ORIENTADOR
Eu, Claudinei de Camargo Santana, docente do Departamento de Vitória da
Conquista, declaro ser o Orientador (a) da mestranda Ana Paula Silva de
Almeida do Curso de Mestrado em Educação Científica e Formação de
Professores da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Assim, declaro
também estar participando do projeto de Pesquisa intitulado AS TIC NO
ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE MATEMÁTICA: POSSIBILIDADES DE
INTERAÇÃOENTRE
ORIENTADOR
DE
ESTÁGIO,
PROFESSOR/REGENTE E ESTAGIÁRIO.
Jequié, ___ de __________________ de _____
Claudinei de Camargo de Santana
Departamento de Vitória da Conquista
137
ANEXO B
TRABALHOS COM GOOGLE DOCS
TÍTULO/ INSTITUIÇÃO
APRENDIZAGEM
COLABORATIVA
E
INTERATIVIDADE
NA
WEB:
EXPERIÊNCIAS
COM O GOOGLE DOCS
NO
ENSINO
DE
GRADUAÇÃO (Hipertexto
e Tecnologias na Educação)
AUTOR
Maria Lúcia Serafim
(UEPB)
Fernando
Sílvio
Cavalcante Pimente
(UNIT)
Ana Paula de Sousa
do Ó (UEPB)
MODALIDA
DE /ANO
RESUMO
Artigo/2008
Por meio da pesquisa analisam‐se as
várias funções do GOOGLE DOCS em
processos
de
ensino‐aprendizagem
como
possibilitadora
de
atitudes
colaborativas
no
universo
da
interatividade virtual nas modalidades
presencial e a distância.
Anais
de
evento na UFP
-2008
A FERRAMENTA GOOGLE
DOCS: CONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO
ATRAVÉS
DA
INTERAÇÃO
E
COLABORAÇÃO.
AUTORIA NA INTERNET
E SUAS POSSIBILIDADES
DIDÁTICAS.
Ana Claudia Teixeira
Machado1
IVANDERSON
PEREIRA DA SILVA
Revista
Científica de
Educação
a
Distância
Dissertação
/2010/UFA-
CICLO
DE
VIDA
ORGANIZACIONAL
E
INSTRUMENTOS
DE
GESTÃO:
UMA
INVESTIGAÇÃO
NAS
EMPRESAS
BAIANAS
Uma análise do fluxo
informacional do Trabalho
Colaborativo
Acadêmico
nas listas de discussão de
Mestrado em Ciência da
Informação.
RORILDO BARBOSA
CORREIA
Dissertação
/2012/ UFAL
LUCIANO
ALESSANDRO
DUQUE
Dissertação
/2010
MATRIZ
DE
CAPACITAÇÃO
MODELADA
POR
COMPETÊNCIAS
PARA
ATUAR EM PROGRAMAS
DE
EDUCAÇÃO
A
DISTÂNCIA:
UMA
PROPOSTA
PARA
AS
ESCOLAS DE GOVERNO
Manifestações da cultura
organizacional:
estudo com a aparência da
Mulher
em
empresas
metalúrgicas multinacionais
de Sorocaba e região.
PROGRAMA
DE
GRADUAÇÃO
COMUNICAÇÃO
CULTURA
PÓSEM
E
Artigo/ 2009
Centro de Ciências da
Educação
da
Universidade Federal
de anta Catarina.
CLAUDIA CRISTINA
MULLER
Solange
Cardoso
Baladelli
Dissertação/
2010
DISSERTAÇÃ
O / 2011
Desenvolver uma investigação acerca do
uso da ferramenta Google Docs na
construção do conhecimento através da
interação e colaboração.
Este estudo investiga a autoria na
internet e suas possibilidades didáticas
utilizando as TIC. Teve por objetivos
investigar estratégias didáticas de
formação com autoria por meio das
interfaces da internet; propor bases
metodológicas de uma pedagogia da
autoria; apontar possibilidades didáticas
de formação do aluno autor nas
interfaces da internet.
A pesquisa foi operacionalizada por
meio de questionários elaborados com a
utilização da ferramenta Google docs e
submetidos às empresas.
Dessa forma foi possível identificar que
as listas de discussão figuram no topo
das ferramentas colaborativas mais
utilizadas. Em segundo lugar aparecem
os Blogs e o Google Docs em terceiro
lugar. A ferramenta é utilizada dentro
das salas para a digitação – colaborativa
ou individual – de textos e artigos
científicos.
O questionário foi criado em formulário
Google Docs e enviado aos gestores, em
novembro de 2009, por email, seguido
de contato telefônico, convidando-os a
participar da pesquisa. respondidos
pelas instituições das diversas regiões do
país. A escolha do formulário eletrônico
na Internet facilitou o acesso ao
entrevistado e
apresentou custos
operacionais mínimos.
Também vamos nos valer dos dados
obtidos
de
uma
amostra
nãoprobabilística com voluntárias - 464
mulheres trabalhadoras de 11 empresas
metalúrgicas multinacionais de Sorocaba
e região -, que responderam a um
questionário (com questões fechadas e
abertas), disponibilizado na internet
pelo
aplicativo
“Google
docs”,
sistematizados, via estatística descritiva
e idéias de Bardin e, em seguida, das
138
A apropriação do Google
Docs para o ensino Da
redação por professores e
alunos de uma escola
pública de Ibiapina-CE1.
José Hipólito Ximenes
de Sousa
Artigo/2011
José Hipólito Ximenes
de SOUSA
Artigo/2011
Luiz Roberto G. Lopes
Mestrado
/2012
A Utilização do Google
Docs como Mecanismo de
Avaliação em Disciplinas de
Graduação.
Instituto UFC Virtual –
Universidade Federal do
Ceará
Emanuel
Ferreira
Coutinho
[email protected]
r
Artigo/
Web 2.0 e Pesquisa: Um
Estudo do Google Docs em
Métodos Quantitativos
1-Adriana Freire da
Silva 2-Dayvid Evandro da
Silva Lós
3-Djalma Rodolfo da
Silva
Artigo/
DOCSCOLLAB
FERRAMENTA
AUXÍLIO
À
Maria de Fátima W.
do Prado Lima –
Daniel Battistelo –
Artigo/2011
IV Encontro Nacional de
Hipertexto e Tecnologias
Educacionais
(anais
de
evento)
TECNOLOGIA E ESCRITA:
O USO DO GOOGLE DOCS
EM AULAS REDAÇÃO NO
ENSINO MÉDIO
Anais do SILEL. Volume 2,
Número 2. Uberlândia:
EDUFU, 2011.
CIBERESPAÇO,
CIBERCULTURA
E
A
UTILIZAÇÃO DA WEB 2.0
NA
APRENDIZAGEM
COLABORATIVA
ATRAVÉS
DA
FERRAMENTA GOOGLE
DOCS.
Universidade Católica
São Paulo- 2012
:
de
UMA
DE
EDIÇÃO
análises permeadas pelas ideias que
constam dos textos mencionados.
Este artigo traz resultados de pesquisa
sobre como professores e alunos de nível
médio se apropriaram de uma
ferramenta de web 2.0 (Google Docs)
para o ensino-aprendizagem da escrita.
Visando acompanhar como professores
e alunos se apropriariam de uma
ferramenta de web 2.0 para escrita, foi
realizado um estudo de caso tendo como
suporte metodológico a pesquisa
etnográfica e netnográfica. Utilizamos
instrumentos
como
entrevistas
semiestruturadas e de grupo focal, e o
uso da ferramenta Google Docs para
perceber a apropriação dessa tecnologia
por professores e alunos de uma escola
pública.
Nesse artigo, faz-se uma reflexão sobre o
ensino-aprendizagem de redação e
discute-se como alunos de nível médio
usaram a tecnologia para redigir textos
com a ferramenta Google Docs. Os
dados fazem parte de uma pesquisa de
mestrado de cunho etnográfico e
(n)etnográfico, coletados numa escola
pública de Ibiapina-Ce, com alunos e
professores. O objetivo foi investigar
como eles se apropriaram da ferramenta
Google Docs em aulas de redação.
A
ferramenta
Google
Docs,
especificamente, permite a interação e o
intercâmbio de ideias, possibilitando
trocar informações, sermos autores,
interferir e contribuir para a construção
de uma realidade/conhecimento que
nos torne sujeitos de nossa própria
existência. Por meio desta pesquisa
analisamos as várias funções do Google
docs
em
processos
de
ensino/aprendizagem
como
possibilitador de ações colaborativas no
universo da interatividade virtual, por
uma amostra de alunos do ensino
superior, no contexto formal de ensino e
aprendizagem.
Este trabalho se propõe a utilizar uma
ferramenta, o Google Docs, como forma
alternativa de avaliar alunos de cursos
de graduação, com o intuito de
despertar o interesse para a utilização de
mecanismos
de
avaliação
não
tradicionais, assim como tentar inovar
nas práticas de avaliação.
Este trabalho busca realizar reflexões
sobre a contribuição das ferramentas da
Web 2.0, em especial o Google Docs, na
pesquisa
Survey,
partindo
de
questionamentos acerca do uso dessa
ferramenta mediando os processos de
elaboração, disponibilização e avaliação
dos questionários. O uso dessa
ferramenta possibilita ao pesquisador
uma diversidade de estratégias como
também uma economia coletiva nos
processos do método de pesquisa.
Este artigo propõe um estudo sobre
editores colaborativos e apresenta uma
ferramenta web simples que adiciona
139
COLABORATIVA.
Carine G. Webber –
Bruno B. Guimarães -
Revista Novas Tecnologias
na Educação
Pesquisa-ação para inclusão
digital de professores e
alunos: um projeto piloto
usando Google Docs.
Miriam
Noering
Klemann1
,
Clevi
Elena Rapkiewicz1
Artigo/2011
Revista Novas
Tecnologias na
Educação-
Escrita
colaborativa
na
cultura digital: ferramentas
e possibilidades de
construção do conhecimento
em rede.
Patrícia
Behling
Schäfer
–Rosália
Lacerda –
Léa da Cruz Fagundes
Artigo/2009
Revista Novas
Tecnologias
na Educação-
O
E-book
Teclado
Acompanhamento
no Curso de Licenciatura
em Música a Distância.
Fátima Weber Rosas
Maurício
Starosta
Neto
Artigo/ 2009
1-Regina Trilho Otero
Xavier
2-João Alberto da
Silva 3-Christiano Martino
Otero Ávila
4-Francisco de Paula
Marques Rodrigues
Artigo/2009
Susana Lopes Ala Vaz
Dissertação/
2010
ANA ELISA RIBEIRO
Artigo/
Revista Novas Tecnologias
na Educação-
A introdução da Educação a
Distância
nos
cursos
presenciais da
Universidade Católica de
Pelotas.
Revista Novas Tecnologias
na Educação-
Web
2.0:
Formas
de
Utilização e Estilos de
Aprendizagem dos Alunos
do Ensino Secundário.
Escola
Superior
de
Tecnologia e de Gestão
Instituto
Politécnico
de
Bragança
Google Docs e produção de
textos: Uma experiência no
Brasil.
I Encontro Internacional TIC
e Educação
novas funcionalidades de coordenação,
cooperação e comunicação ao Google
Docs. A ferramenta desenvolvida
possibilita a criação de um fórum de
discussão
cujos
tópicos
estejam
vinculados a documentos em processo
de edição.
Apresentamos a análise do Google Docs
como ferramenta possível para integrar
processos de inclusão digital tanto de
professores quanto de alunos, a partir de
uma experiência prática em uma cidade
do interior do RS.
O presente artigo discute formas e
métodos
de
escrita
colaborativa
suportada por recursos da tecnologia
informática disponíveis online como
espaço de interlocução de alunos e
professores. Examinam-se ferramentas
passíveis de uso para a construção do
conhecimento em rede a partir do
compartilhamento da escrita de forma
síncrona e assíncrona, em ambientes
públicos e privados, de modo a usufruir
atributos da cultura digital e as
habilidades da geração que nasceu
imersa no contexto das tecnologias da
informação e comunicação.
Aprendizagem em forma de página da
web, denominado E-book Teclado
Acompanhamento, no âmbito do Curso
de Licenciatura em Música a Distância
da UFRGS e Universidades Parceiras, do
Programa Pró-Licenciaturas do MEC.
Esta proposta inicial, em formato de
texto
do
Word
com
links,
é
disponibilizada no Google Docs para
que os demais Tutores possam revisálos.
Instrumento
utilizado
foi
um
questionário
com
perguntas
que
permitiam
respostas
abertas.
Foi
organizado um banco de dados on-line
para obter as respostas dos alunos.
Utilizamos como ferramenta de coleta
um dos softwares que foi abordado
durante a atividade: os formulários do
Google Docs.
Este estudo centrou-se na Web 2.0 e nos
Estilos de Aprendizagem dos alunos do
ensino secundário. Dada a relevância
deste assunto e a necessidade de
desenvolver
estratégias
de
aprendizagem adequadas aos alunos,
foram colocadas as seguintes questões
de investigação: quais as percepções dos
alunos do ensino secundário acerca Web
2.0, que tipo de ferramentas utilizam,
qual a frequência dessa utilização e
quais os seus objectivos de utilização.
Este trabalho relata uma experiência no
ensino de produção textual em língua
portuguesa no nível superior de ensino,
em instituição pública da cidade de Belo
Horizonte (Minas Gerais, Brasil). O
trabalho baseou-se no princípio de que a
retextualização é uma estratégia eficaz
no ensino de produção textual, já que
enseja que o estudante edite, revise,
140
GOOGLE
DOCS
&
SPREADSHEETS : Autoria
colaborativa na web 2.0
Ana Claudia Teixeira
Machado1
artigo
TECNOLOGIAS
E
LETRAMENTO DIGITAL:
NAVEGANDO RUMO AOS
DESAFIOS
Ivanda Maria Martins
Silva
Artigo/ 2011
A Web 2.0 na aula de língua
materna: relato de uma
experiência
Adelina Moura
Artigo
GOOGLEDOCS:
UMA
EXPERIÊNCIA DE
TRABALHO
COOPERATIVO
COM
ALUNOS DO 8º
ANO DE ESCOLARIDADE
Marta Barroso
Artigo/ 2009
A
quarta
revolução
educacional:
a mudança de tempos,
espaços e relações na escola
a partir do uso de
tecnologias e da inclusão
social.
Ulisses F. Araújo
Artigo/ 2011
José
ANTONIO
Carlos
Artigo/2010
GABRIEL
HORNINK
GERBER
Revista ETD
ETD – Educ. Tem. Dig.,
Uso
pedagógico
GoogleDocs.
do
Professor Digital, SBO, 08
fev. 2010.
CARTOGRAFANDO
ONLINE: CAMINHOS DA
Tese / 2010
reorganize e reescreva um texto,
tornando-se mais consciente do manejo
da língua escrita. Foi utilizada a
ferramenta Google Docs, disponibilizada
pelo Google, em suas contas de e-mail,
para a edição colaborativa de um texto
proposto aos estudantes.
A
autoria
colaborativa
é
uma
modalidade
de
criação
coletiva,
portanto, elemento essencial para o
processo de aprendizagem. Neste artigo
pretende-se explorar as possibilidades
oferecidas pela ferramenta Google Docs
& Spreadsheets para a construção da
autoria colaborativa no contexto escolar.
O presente trabalho discute a inserção
das tecnologias na escola e apresenta
contribuições
para
repensar
o
planejamento didático, considerando a
diversidade de recursos tecnológicos
que os professores podem utilizar na
organização
de
situações
de
aprendizagem que levem o aluno a
aprimorar as práticas de letramento
digital.
experiência pedagógica de escrita
colaborativa
on-line
através
da
tecnologia Wiki do Google Docs &
Spreadsheets, realizada na
disciplina de Português, com alunos de
uma turma do 10º ano do Ensino
Profissional, da Escola Secundária
Carlos Amarante, em Braga.
Esta
comunicação
descreve
uma
experiência pedagógica de escrita
colaborativa on-line utilizando a
tecnologia Google Docs, realizada na
disciplina de
Ciências Naturais, com alunos de uma
turma do 8º ano de escolaridade, de uma
instituição de ensino particular do
concelho de Santo Tirso.
Apresenta-se a estrutura de um curso de
especialização que articula metodologias
ativas de aprendizagem com novas e
diversas Tecnologias de Informação e
Comunicação e a preocupação com a
ética pessoal e profissional. Além da
utilização de ferramentas para a
interação e a comunicação entre todos os
envolvidos no processo educativo, foi
incorporada a ferramenta do Google
Docs para o trabalho cooperativo e
colaborativo de construção coletiva de
conhecimento, para que os membros de
cada
grupo
desenvolvessem
a
construção da pesquisa e de seu
relatório em outros tempos e espaços
que não aqueles da sala de aula
presencial.
Dentre
toda
a
parafernália
de
ferramentas web 2.0 disponibilizadas
pelo Google, vamos nos deter no pacote
denominado GoogleDocs
Utilizou-se a ferramenta de formulário
do Google Docs para o desenvolvimento
141
INFORMÁTICA
NA
ESCOLA COM
PROFESSORES
QUE
ELABORAM
CONHECIMENTOS
EM
FORMAÇÃO CONTÍNUA.
CAMPINAS - SÃO PAULO
VALIDAÇÃO DE UM
QUESTIONÁRIO PARA A
AVALIAÇÃO DO
NÍVEL DE ATIVIDADE
FÍSICA PELA INTERNET.
FELIPE
CHECA
MARQUES
Dissertação /
2012
Pereira
Manuela
Artigo / 2010
Revista
de
Formación e
Innovación
Educativa
Universitaria
Universidade São Judas
Tadeu-SP
Educação e sociedade da
aprendizagem: um olhar
sobre o
potencial
educativo
da
internet.
Clara
Coutinho;
Alves
do questionário a qual possibilitou a
criação
e
disponibilização
do
questionário online (desd perguntas
dissertativas, até seleção múltipla de
itens), facilitando a obtenção e
organização dos dados por meios
digitais. A opção pelo uso do Google
Docs ocorreu devido essa ser uma
ferramenta gratuita, de alta usabilidade
e de utilização via internet, além da
facilidade para tabulação dos dados
posteriormente
Para estimar o nível de atividade física
de uma população é sabido que existem
mais
de
50
formas
diferentes
instrumentos validados sendo que os
questionários têm grande destaque, em
relação à sua eficácia e efetividade. No
entanto, como a avaliação através de
questionários demanda em geral grande
tempo e maiores custos, o presente
estudo teve como objetivo a validação de
um
questionário
reconhecido
internacionalmente para sua aplicação
via internet.O questionário online foi
desenvolvido e enviado por e-mail
através da ferramenta do Google Docs.
Mais um benefício encontrado na
utilização da internet e das ferramentas
do Google Docs foi o baixo custo da
pesquisa.
Equacionaremos a mudança subtil no
paradigma de comunicação da internet
da Web 1.0 para a Web 2.0, em que o
utilizador passa de consumidor a
produtor da informação. Ferramentas de
escrita colaborativa: blogs, wikis,
podcast, Google Docs e Spreadsheets.
142
ANEXO C
SEGUNDO QUESTIONÁRIO
Caríssimo aluno (a); Estou fazendo uma pesquisa para o Mestrado sobre as
disciplinas de Estágio Supervisionado e a importância das tecnologias como
recurso pedagógico. Gostaria de pedir a sua colaboração para responder este
questionário. Sua participação é muito importante.
Obrigada! Ana Paula
1-Qual o seu nome completo?
2-Data de nascimento
3-Endereço
4-Trabalha? Em quê?
Professor
Outro:
5-Tem experiência docente? Caso responda SIM, indique o tempo:
SIM
NÃO
Menos de um ano
De dois a cinco anos
De cinco a dez anos
Mais de dez anos
Outro:
6-Qual a escola? Caso tenha respondido SIM na pergunta anterior
Rede Particular
Rede Pública
Outro:
7-Por que escolheu fazer o curso de Licenciatura em Matemática?
Afinidade com a disciplina Matemática
Dificuldades com Matemática
143
Preparação para concursos
Se tornar um professor
Aprimorar seus conhecimentos em Matemática, pois já é professor
Falta de opções
Sonho da família
Outro:
8-Você já entrou no curso sabendo que estava se preparando para ser
professor?
SIM
NÃO
Outro:
9-Descobriu isso durante o curso? Em que momento fez essa descoberta?Caso
tenha respondido NÃO na pergunta anterior
10-Você acha que o curso, como um todo, lhe prepara para a docência?
Justifique.
11-Quais as disciplinas que você mais se identificou no curso? Por quê?
12-Qual a importância das disciplinas de Estágio Supervisionado para você?
13-O estágio lhe possibilitou saber se a docência é ou não a sua vocação?
SIM
NÃO
Outro:
14-O que você considera como importante a ser trabalhado na formação inicial
de um professor de matemática?
Ter uma visão abrangente do papel social do educador; capacidade de
trabalhar em equipes multidisciplinares.
Conhecimento Histórico e crítico da Matemática
Ter condições mínimas de avaliar livros, textos e estruturação de cursos.
Capacidade de estabelecer relações entre a Matemática e outras áreas do
conhecimento
Conhecer tudo da Matemática
Saber articular a teoria com a prática em sala de aula
144
Ter disciplinas de prática pedagógica no final do curso
Ter disciplinas de prática pedagógica durante todo o curso
Despertar o hábito da leitura e do estudo independente, e incentivar a
criatividade dos alunos;
Preparação para cursos de Pós-graduação (especialização, mestrado,
doutorado)
Preparação para lecionar em qualquer turma do Ensino Básico
Conhecimento e contato com a realidade das escolas públicas
Nenhuma das alternativas
Outro:
15-O que você considera como importante a ser trabalhado na formação inicial
de um professor de matemática que não foi citado na questão anterior?
16-Como as disciplinas de matemática, cursadas durante a graduação, têm lhe
ajudado na sua formação (como professor de matemática)? E as disciplinas
pedagógicas?
17-Como foi a sua primeira experiência em sala de aula? Como se sentiu?
Tranqüilidade
Medo
Insegurança
Segurança
Ansiedade
Feliz
Realizado
Outro:
18-Durante a graduação você ficava “projetando ou sonhando” de como
“gostaria” que fossem as suas aulas?
SIM
NÃO
Nem pensava nisso
Outro:
19-Conseguiu realizar esse sonho no estágio? *Caso tenha respondido SIM na
questão anterior, escolha as opções correspondentes a sua prática metodológica
145
Tive dificuldade em inovar
Não me senti preparado para fazer algo diferente
Utilizei recursos tecnológicos
Levei jogos, dinâmicas, etc.
Conservei aulas tradicionais (exposição dos conteúdos no quadro)
Procurei inovar ao máximo com atividades diversas
Outro:
20-Usou alguma metodologia diferenciada ou ficou no tradicional? Por quê?
Fale um pouco da metodologia que você adotou
21-Na disciplina de Estágio II foi utilizado o diário no Google Docs.? Como foi
essa experiência para você de fazer um diário? E o fato de ser na internet
favoreceu em algum aspecto ou não?
22-A opinião, quase que imediato, no diário foi positivo para você? O que você
achou desse diálogo orientador/estagiário na internet?
23-Utilizar um recurso pedagógico (tecnologias) na sua prática pedagógica
como professor? Como você analisa isso? Qual a sua relação com as
tecnologias?
24-Durantes os seus estágios, como foi sua relação com os regentes?
Planejavam juntos
Assistia todas às suas aulas
Assistiu alguma de suas aulas
Nunca assistiu a uma aula
Assistiu apenas a uma aula
Conversavam sobre as aulas (atividades, orientações, etc.)
Estava sempre presente na escola durante o estágio
Não ficava na escola durante o estágio
O regente sempre deu uma assistência
Outro:
25-Em sua opinião, como deveria ser a relação orientadora de estágio, estagiário
e regente?
146
ANEXO D
PRIMEIRO QUESTIONÁRIO PARA OS ESTAGIÁRIOS
1ª-Nome completo ___________________________________________________
2ª-Endereço:_________________________________________________________
3ª-Profissão:
(
) estudante
(
) outro _________________________________________________
4ª-Tem experiência docente?
Caso responda SIM, colocar o tempo
(
(
) SIM ___________________
) NÃO
5ª- Quais os aspectos que você considera importante em relação ao estágio?
6ª - Vocês consideram que o curso de Licenciatura em Matemática prepara
vocês para o Estágio? Por quê?
7ª- O período de estágio (I e II) contribuiu para saber se a docência é a vocação
de vocês?
8ª- Qual foi a maior SENSAÇÃO ou SENTIMENTO (bom ou ruim)
experimentado por vocês no primeiro dia de Estágio (digo em relação ao
primeiro dia que vocês entraram na sala de aula e tiveram que assumir a turma
sozinhos) .
9ª- As nossas discussões em sala de aula (retiradas dos registros no Google
Docs) tem sido proveitosa para vocês em relação ao estágio?
147
ANEXO E
OBS: Retiramos o nome da regente para preservar os demais participantes da
pesquisa, aos quais prometemos usar nomes fictícios.
Eu conheci o ambiente Google Docs quando fui convidada por Ana
Paula a participar, interagindo nesse ambiente, do Estagio Supervisionado do
curso de Matemática da UESB, em que eu era regente de uma de suas alunas.
Desconhecia até então o recurso mas, bem orientada e participando dos
encontros de orientação, eu e as outras professoras regentes podemos conhecer
e usar adequadamente para postar comentários, planos, materiais, interagindo
sempre com os participantes.
Foi uma experiência muito interessante, pois através do ambiente Google
Docs e Moodle não só podemos fazer intervenções e comentários, mas,
principalmente, pude fazer uma verdadeira avaliação do estágio, enquanto
regente, através da visão do aluno estagiário que se sentia inteiramente à
vontade para tecer seus comentários, ansiedades, desejos e insatisfações, como
também pude fazer uma auto-avaliação e reflexões sobre o meu papel de
professora regente a partir dos comentários dos alunos. Além disso, a relação
com esses estagiários se estreitou e podemos dialogar melhor sobre as suas
inquietações e insatisfações, fazendo uma real avaliação do processo.
Acrescenta-se a tudo isso o despertar do interesse pelas TIC, em conhecêlas e usá-las não são na nossa prática pedagógica como também para o
enriquecimento pessoal. Essa experiência foi muito importante no meu
despertar para os estudos. Quando vi o pessoal do grupo de pesquisa, os
participantes produzindo (escrevendo artigos, projetos, etc), isso despertou em
mim o desejo de produzir também. A partir daí tracei metas e objetivos,
incentivada e motivada pela inserção num ambiente de estudo e pelas relações
ali construídas, pelas inquietações, pelo desejo de conhecer e buscar sempre ser
melhor a cada dia nessa apaixonante missão de ser professora.
148
Sou muito grata pela força e incentivo, por ter confiado em mim e no
meu potencial. Estou muito feliz, pois fui aprovada no mestrado da UESC e na
UNIVATES e ainda fui aprovada como suplente na UESB.
149
ANEXO F
Observação: Esse foi o artigo produzido por um aluno (a), mas apesar do
estagiário(a) autorizar revelar o nome, consideramos melhor manter o
anonimato por causa dos outros participantes, os quais prometemos nomes
fictícios.
EXPERIÊNCIAS DE ESTÁGIO
Durante nossa formação, nós como alunos de um curso superior,
sentimos dificuldade em encarar uma disciplina de estágio. Temos receio do
que vamos encontrar e de como trabalhar. Se o curso escolhido for de
licenciatura, o problema parece ficar pior. Como encarar uma sala com 40
alunos, e conseguir lidar com todos eles, respeitando as diferenças e as
dificuldades? E mais como conseguir ser respeitado sendo apenas um
estagiário? Não é nada fácil lidar com essa situação. Trazendo para a realidade
do curso de licenciatura em matemática da UESB – Universidade Estadual do
Sudoeste
da
Bahia,
encontramos
essa
angustia
em
quatro
estágios
supervisionados.
Cada etapa desse processo está estruturada, com seus objetivos e normas
a seguir bem definidas, como podemos observar na resolução do CONSELHO
SUPERIOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENÇÃO – CONSEPE, Credenciada
pelo Decreto Estadual nº 7.344 de 27.05.1998.
Art. 1º - O Estágio Supervisionado sistematiza a realização do
Estágio Obrigatório dos Cursos de Licenciatura da UESB.
Art. 3º - Os Estágios dos Cursos de Licenciatura visam a
aplicação e resignificação de conhecimentos e saberes teóricos e
práticos e tem os seguinte objetivos:
I.
favorecer a vivência, no campo profissional, dos
conhecimentos teóricos e práticos adquiridos no curso;
II. promover o desenvolvimento da atitude profissional crítica
e responsável que demonstre a presença de uma consciência
social e humana;
150
III. proporcionar o desenvolvimento de habilidades ligadas ao
exercício da docência;
IV. propiciar a formação docente utilizando as práticas
acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão; (CONSEPE Nº
98/2004)
Analisando como aluno de graduação, sentimos que essas são as piores
fases do curso. E nos perguntamos: Para que quatro estágios? Apenas um não é
o suficiente para analisarmos e entendermos o funcionamento de uma escola e
nossa postura em sala de aula?
Na resolução do CONSEPE, podemos encontrar um artigo que no ajuda
a responder algumas de nossas indagações a respeito dos quatro estágios
supervisionados proposto pelo curso de licenciatura em matemática., “ Art. 4º O Estágio Supervisionado dos Cursos de Licenciatura será desenvolvido em práticas
docentes e terá um mínimo de 400 horas.” (CONSEPE Nº 98/2004), Analisando o
programa das disciplinas de estágio do curso de, como mostra a tabela abaixo,
podemos constatar que a resolução, é obedecida, tornando as disciplinas de
estágio coerentes e essenciais, para a formação dos futuros professores de
matemática.
Dessa forma, podemos entender o estágio supervisionado como afirma
PIMENTA E LIMA, 2004e PARANÁ, 2006.
“Entendemos que o estágio se constitui como um campo de
conhecimento, o que significa atribuir-lhe um estatuto
epistemológico que supera sua tradicional redução à atividade
prática instrumental. Enquanto campo de conhecimento, o
estágio se produz na interação dos cursos de formação com o
campo social no qual se desenvolvem as práticas educativas.
Nesse sentido, o estágio poderá se constituir em atividade de
pesquisa.” (PIMENTA E LIMA, p. 6, 2005/2006).
[...] é o elemento curricular do curso responsável por assegurar
a unidade da teoria e prática desta formação. O Estágio é
entendido, desta forma, como um elemento decisivo no que
diz respeito à qualidade de ensino. (PARANÁ, 2006, p. 481).
As citações acima, nos faz perceber a importância dessa disciplina, que
nos insere em um campo onde toda teoria deverá ser aplicada na prática.
151
Fazendo com que a cada estagiário encontre sua forma de ensinar e busque se
adequar as situações encontradas nesse meio. Todo esse processo se de forma
gradual. É necessário muito mais que 400 horas aula para conseguir lidar com
todas as dificuldades encontradas em turmas de diferentes níveis e idades.
Assim essa etapa torna-se essencial, podemos dizer que é o “ponta pé” inicial
para nos identificarmos nessa profissão.
Dificuldade encontrada no estágio
Conhecendo o momento de cada estágio e o funcionamento do mesmo,
percebemos que existe uma dificuldade tanto para os orientadores quanto para
os estagiários, que em algumas vezes não conseguem estabelecer um diálogo,
onde o principal objetivo é discutir os momentos vividos no estágio e oferecer
as devidas orientações.
A falta dessas discussões se deve a alguns motivos, como por exemplo, a
quantidade de estagiários supervisionados apenas por um professor e o pouco
tempo oferecido para que os orientadores estejam com seus orientados. Nesse
sentido percebemos a importância da utilização de recursos que facilitem essa
interação e contribua ativamente para a formação de um profissional.
Os recursos tecnológicos, em especial da internet, podem ser utilizados e
bem aproveitados em disciplinas como estágio supervisionado. A experiência
vivida com a utilização desse recurso reforça essa ideia. O Google Docs, um
ambiente virtual, estabeleceu uma maior participação do orientador nessa fase
de minha formação.
Dessa forma, esse trabalho traz em sua essência dois dos meus estágios
supervisionados. Relatando aqui as angustias dificuldades, alegrias e uma
experiência diferente utilizando o Google Docs.
Atividades Docentes
A primeira vez que entrei em uma sala para dar aulas, estava no 5º
semestre e não havia passado por nenhum estágio supervisionado. Essa
152
primeira experiência foi proporcionada pelo IEL – Instituto Euvaldo Lodi, um
programa conhecido nacionalmente por inserir estudantes no mercado de
trabalho,
oferecendo-lhes
uma
oportunidade
para
o
aprendizado
e
desenvolvimento para suas competências profissionais.
Pude então, ministra aulas em três turmas de ensino médio em um
colégio estadual de Vitória da Conquista na Bahia. Quando entrei na escola, foi
entregue a mim o horário das turmas e os conteúdos onde a antiga professora
havia parado. Fiquei um pouco perdida. Senti medo, receio e certa dúvida do
que fazer, pensei que não estava preparada para entrar em uma sala de aula.
Não havia ninguém para me orientar a tentar encontrar uma estratégia de
ensino. Comecei então a lembrar da minha época de ensino médio e como era o
meu professor de matemática. Recordei-me do quanto gostava da forma que ele
abordava os conteúdos e pensei “vou fazer como ele fazia”(PIMENTA e LIMA),
afirmam que:
O exercício de qualquer profissão é prático, no sentido de que
se trata de aprender a fazer ‘algo’ ou ‘ação’. A profissão de
professor também é prática. E o modo de aprender a profissão,
conforme a perspectiva da imitação, será a partir da observação,
imitação, reprodução e, às vezes, da re-elaboração dos modelos
existentes na prática, consagrados como bons.(PIMENTA E
LIMA, p. 7, 2005/2006).
Dessa forma início a minha primeira experiência docente, imitando um
professor que foi referência para mim. Aos poucos fui me surpreendendo, as
turmas eram maravilhosas e comecei a ter confiança no que estava fazendo.
Pronto, a partir desse dia acreditava que já era uma professora e que já
dominava todo o ambiente de sala de aula.
Estágio supervisionado I
Assim, ao iniciar o estágio supervisionado I, por volta do meu 6º
semestre, acreditava que planos de aula, orientações, supervisões e relatório de
estágio não eram necessários para minha formação profissional, pois já me
sentia uma professora de Matemática. Pensava que todo conhecimento
adquirido por conta própria já me tornava uma profissional no ensino. Mais
153
uma vez pude desfrutar de outra experiência em uma turma maravilhosa, com
alunos que me incentivaram e ajudaram nesse processo, dessa forma não senti
dificuldades em fazer o meu trabalho.
A orientação feita no primeiro estágio era a mais tradicional possível.
Uma vez por semana minha aula era supervisionada, meus planos de aula
corrigidos e recebia algumas orientações sobre metodologias de ensino. A
professora regente da turma não comparecia nas minhas aulas, me deixando a
vontade para trabalhar da forma que eu acreditava ser conveniente.
Dessa forma não havia discussões sobre fatos que acontecia em sala de
aula, sobre dificuldades em ensinar determinados conteúdos, muito menos um
diálogo onde eu pudesse expressar todos os meus pensamentos sobre o estagio
supervisionado.
Meus posicionamentos e pensamentos se resumiam a observações no
final de um plano de aula. Então, se esse é o objetivo do estágio, apenas
certifico-me de que estou pronta para ser professora. E mais uma vez me
perguntava, Será que com esse estágio consegui aprender tudo o que era
necessário para enfrentar uma sala de aula ou tudo que fiz foi consequência de
minhas experiências anteriores?
Ao final do meu primeiro estágio estava convicta de que todo esse
processo obrigatório para a minha formação era suficiente para mim. A nota
alcançada naquele estágio só confirmava o meu pensamento. Acreditava que
fazer mais um estágio era bobagem. Não havia necessidade de outros três
estágios não remunerados, que só fazia ocupar meu tempo e que não me trazia
nenhum retorno financeiro. Ficava pensando que teria que passar por outra
unidade escolar em sala de aula, com professor me supervisionando e seguindo
as exigências de plano de aula e orientações para no fim de tudo entregar-lhes
um relatório esquematizado que para mim não possuía nenhum valor de
aprendizagem.
Podemos encontrar essa mesma forma de pensar em textos de outros
autores, como BARREIRO e GEBRAN, onde afirmam que,
(...) de modo geral, os estágios têm se constituído de forma
burocrática, com preenchimento de fichas e valorização de
154
atividades que envolvem observação, participação e regência,
desprovidas de uma meta investigativa. [...] sem privilegiar a
análise crítica do contexto escolar, da formaçãode professores,
dos processos constitutivos da aula [...](BARREIRO E GEBRAN,
2009, p. 26)
É necessário ser empregado ao estágio muito mais do que um relatório
esquematizado. É preciso ver a essência, a construção do conhecimento em sala
de aula, a discursão do mesmo enriquece e aprimora a prática de ensino do
estagiário, contribuindo assim para uma formação profissional de qualidade.
Estagio Supervisionado II: Um olhar diferente sobre o google docs
Um novo semestre se inicia e junto a ele mais uma longa e cansativa
disciplina de Estágio Supervisionado II. No entanto, algumas novidades
propostas pelos professores orientadores chamaram a minha atenção. O
surgimento de uma atividades diferentes do convencional, onde eu poderia
compartilhar e discutir experiências vividas durante o estágio me prendeu a
essa disciplina despertando maior interesse em cursá-la.
Nas primeiras aulas foi apresentado, a nós estagiários, todo o
cronograma da disciplina: texto a serem lidos, trabalhos por fazer,discussões a
se realizar e um ambiente virtual,o Google Docs. Até então não sabíamos direito
do que se tratava, Mas ideia me surpreendeu.
Depois de algumas aulas comecei a entender melhor esse ambiente e a
me interessar mais por esse novo recurso, que estava sendo aliado a uma
disciplina da graduação, trazendo para o ensino superior à exploração de
recursos tecnológicos para a melhor adequação da disciplina as necessidades
tanto do estagiário quando do professor Orientador.
Antes de entendermos um pouco mais sobre o google docs a utilização
desse recurso na disciplina de estágio supervisionado, precisamos conhecer um
pouco sobre a web 2.0. Segundo Junior e Coutinho é uma filosofia que veio
como mais uma ferramenta desses avanços tecnológicos que nos permitem
155
deixar de ser passivos a informação, para sermos ativos a essas mudanças,
tornando-nos construtores dos nossos conhecimentos.
Observamos agora que com essa filosofia da web 2.0 tornou-se de fácil
compreensão
e
utilização
da
tecnologia
para
crescimento
pessoal
e
aperfeiçoamento profissional. Assim ferramentas como blogs, winks e o google
sites aparecem para que pessoas com pouquíssimos
conhecimento de
programação possam com facilidade construir e manter sites na internet
(JUNIOR, COUTINHO).
O Google docs aparece nesse contexto como um ambiente virtual na qual
usuário apenas com conhecimento sobre o Office, consegue utiliza-lo e
desfrutar dos seus recursos sem muitas dificuldades. Ele vem a ser um
aplicativo a ser usado online, onde para usufruir é necessário apenas possuir
uma conta no Google.
Essa ferramenta composta pelos seguintes recursos: documentos,
planilhas, apresentações, desenhos e formulários, que nos permite editar textos
online e armazena-los no próprio aplicativo, proporcionando assim uma menor
perda de memória interna do computador. Possibilita ainda a construção e
edição simultânea de um mesmo documento por mais de uma pessoa.
Dessa forma, entendendo um pouco sobre o funcionamento do google
docs. Foi possível perceber como utilizá-lo e adaptá-lo as nossas necessidades
quanto estagiários. A única ferramenta utilizada nesse aplicativo foi o Docs.
Assim durantes as primeiras aulas com nossos orientadores, pudemos discutir a
utilização desse recurso e fazer uns testes iniciais. Como por exemplo:
1-“Para testar o Google docs, escrevam um pequeno relato (pessoal), da
experiência que vocês "vivenciaram" no Estágio I .”
2-“Escreva suas expectativas para o Estagio II”
“Em relação às experiências do Estágio I, quais as possibilidades de melhoria
(na sua prática pedagógica)?”
Assim como foi proposto começamos a escrever e nos
surpreendíamos com os comentários dos professores orientadores, motivando a
156
seguir, ajudando a construir nossa prática pedagógica e esclarecendo algumas
duvidas. A partir de então foi inserido a ideia de utilizar o Docs como um diário
reflexivo,
onde
colocaríamos
nossos
anseios,
dúvidas,
satisfações
e
insatisfações, referentes ao estágio, podendo discutir e procurar outras formas
de lidar com qualquer situação que víssemos a ter. Agora teríamos aliado com
nossa discussões em sala de aula, um artifício que nos possibilitaria conversar
com nossos orientadores, contribuindo assim com construção significativa da
nossa formação profissional. Essas atualizações das vivencias em sala de aula
no Docs, deveria ser relatado após o final de cada uma de nossas práticas como
estagiário.
Sentindo-me dona do conhecimento ainda pensei o que colocaria ali.
Preocupei-me um pouco em como expressar minha opinião sobre os estágios
uma vez que não gostava muito dessa disciplina por não concordar com a
forma que era abordada e por ter algumas duvidas sobre o objetivo dessa
disciplina.
Algumas semanas após o início da disciplina de estágio, iniciamos na
prática o exercício da profissão, entrando, em sala como estagiários. Algo que
não esperava estava por vir. Acreditava que essa etapa seria como a outra,
muito fácil. No entanto pela primeira vez me deparei com uma situação que
ainda não havia encontrado durante as minhas experiências em sala de aula.
Antes de falar sobre minha experiência no estágio supervisionado II, é
necessário exaltar uma situação importante para mim. Todas as experiências em
sala de aula que tive até então aconteceu em uma mesma escola no município
de Vitória da Conquista.
Dessa forma, quando foi exposto pelo professores orientadores os
possíveis locais para o funcionamento da parte prática da disciplina, pude
perceber que não havia mais vagas naquela escola onde já conhecia os alunos e
todo o corpo docente da instituição. Assim senti outra vez aquele certo medo
comentado no inicio desse texto, pois teria que fazer o estágio em uma escola
onde não conhecia ninguém.
157
A partir de então, se inicia a aula prática da disciplina estágio
supervisionado. O primeiro dia de observação foi descrito no Google Docs com
pouco entusiasmo, Relendo o que escrevi percebo que me sentia retraída a essa
nova etapa, mas não podia desistir.
Bom dia!
Hoje iniciou o meu estagio supervisionado II, por esse motivo acordei
um pouco preocupada (...). Não sei bem o porquê isso aconteceu, talvez
por ser uma escola que eu nunca tinha entrado para ministra aulas,
por não conhecer ninguém do colégio, por ouvir falar tanta coisa
daquela instituição e dos alunos da mesma, ou talvez por pura besteira
minha. Enfim, só sei que me sentia insegura totalmente diferente do
meu primeiro dia de observação do meu estagio I no Colégio Estadual
Abdias Meneses (...).
E como relatado no Google docs, algumas preocupações me cercavam no
primeiro dia de aula prática do estágio, no entanto, só o fato de saber que
chegaria em casa e poderia conversar com alguém, sobre os meus pensamentos
e angustias, me davam animo para buscar soluções para os meus desafios.
Assim, pouco tempo após o meu relato sobre minha primeiraexperiência
vivida naquele estagio, recebi uma resposta, dos professores orientadores, que a
principio, nos parece um conselho básico, mas que naquele momento se tornava
extremamente importante, pois sabia que não estava sozinha naquele processo.
Muito bem Carol! Escreva tudo, mesmo se tiver vontade de desistir do
Estágio (kkk), pois pode acontecer, mas você me parece uma aluna
guerreira. Sei que vai fazer de tudo para o estágio dar certo e chegar
até o fim com êxito.
E assim após todas as aulas práticas de estágio, sentava em frente ao
computador e começava a descrever tudo o que havia acontecido. A expectativa
pela resposta me fazia entrar acessar o meu Google Docs várias vezes ao dia. E
parava para ler cuidadosamente cada comentário, analisando e revendo
algumas atitudes minhas frente à turma.
Nessa turma em Particular, senti muita dificuldade em relação à falta de
educação e conversas paralelas dos alunos. Não sei ao certo o porquê de tanto
incomodo, acredito que seja por que todas as turmas que já havia ministrado
aulas até então, eram mais maduros e esse tipo coisa não acontecia, ou então
158
porque eu era pouco tolerante a esse tipo de atitude. Dessa forma, a maioria dos
meus relatos no Google docs, havia menções sobre comportamento dos da
turma. Alguns momentos críticos para mim estão transcritos abaixo tal como foi
digitado no Goolge Docs.
Em todas as etapas da prática do estágio essa dificuldade esteve muito
presente, Durante a observação tomei o primeiro susto, como é relatado abaixo.
(...) ainda faltavam 20 min. para terminar a aula, dessa forma a
professora regente, pede para que os alunos respondam outras questões
e faz o seguinte comentário, “vou sair para pegar meu material e vocês
fiquem aí com Carol”, pronto acho que era tudo o que eles queriam
ouvir. Assim que saiu da sala a conversa paralela foi aumentando
gradativamente, eu não sabia se deveria levantar e tentar conter a
turma. Enfim, preferi ficar sentada só observando, Passado alguns
minutos a conversa já tinha tomado conta de toda a sala e só conversar
não era mais o suficiente, agora era preciso levantar das carteiras,
pirraçar os colegas e sair da sala. Nesse momento eu pensei, “esse é o
momento certo pra eu desistir do estagio.” brincadeira, não pensei isso
não. Comecei a imaginar qual deveria ser minha postura frente a sala e
o que eu poderia fazer para amenizar essa situação de conversas
paralelas. Pensei bastante e percebi que naquela sala uma bronca ou
mudança de alunos de lugar não resolveria o problema, eu precisava de
uma estratégia melhor.
Ainda continuo pensado o que fazer com a conversa paralela. (risos)
Li dos meus professores supervisores um comentário que até então
nunca havia escutado de ninguém.
Quanto às conversas paralelas, veja a possibilidade de na primeira
semana você CRIAR com os próprios alunos algumas regras para que
o trabalho tenha rendimento. Pode ser até no primeiro dia.
Como assim criar regras, isso tudo para mim era muito vago, fantasioso.
Nunca ouvi falar em regras em sala de aula. A única coisa que sabia até então
era que o professor é autoridade e os alunos deveriam obedecer e respeitar. E a
partir desse comentário comecei a pensar na minha prática docente. Será que
não vou conseguir lidar com essa situação? Logo essa que até então nunca havia
tido problemas por conta da minha rigorosidade/autoridade em sala de aula.
Comecei a observar que talvez eu não soubesse tudo sobre sala de aula como eu
acreditava.
159
Durante minha primeira regência resolvi inovar, fugir um pouco do que
eles e eu estávamos acostumados. Percebi durante as observações e comentários
da regente e de alunos que a aula era tradicional. Utilizava-se apenas de livros,
exercícios impressos, quadro e pincel. Pensei então que poderia ser diferente se
tentasse me aproximar mais dos alunos, talvez a conversa fosse amenizada, sei
lá, tudo era válido na tentativa de melhorar essa situação.
Na aula de hoje resolvi fazer uma brincadeira para tentar
mudar um pouco a rotina dos alunos e revisar o conteúdo trabalhado
em sala de aula pela professora regente. (...)No começo da aula foi um
pouco complicado, os alunos demoravam a sentar em suas carteiras,
conversavam bastante e não estavam muito a fim de me ouvir. Depois
de algum tempo consegui a atenção da turma, foi quando apresentei a
atividade para eles e pedi para que se arrumasse em grupos. Começou
aí outra desordem. Os alunos arrastavam as carteiras, gritavam e
discutiam para ver quem ficaria nos grupos, esperei pacientemente até
que eles se organizaram e voltaram a prestar atenção em mim.
Coloquei no quadro algumas regras que tínhamos que seguir para o
bom funcionamento da atividade. Expliqueios critérios do jogo e iniciei
a atividade com os alunos. (...)um grupo conseguiu responder todas as
questões e ganha o prêmio. (...)Cometi nesse momento um grande erro,
entrei aos alunos a caixa de chocolate antes de terminar a aula.
Depois de entregar a caixa, fiquei parada assustada coma
reação dos alunos. Começou uma confusão por causa dos chocolates,
começaram então a gritar e arrastar as carteiras. Uma bagunça tinha
tomado conta da sala. Nessa hora, respirei fundo contei até 10 e esperei
que a turma se acalmasse, não queria gritar e pedir silêncio por que
achava que isso não era uma coisa que eu precisava exigir, uma vez
que eu (PROFESSORA) estava na frente da sala. Depois de algum
tempo (10 min.)eles se acalmaram ecomeçaram a perceber o que estava
acontecendo. Nesse momento resolvi apelar. Tive uma conversa séria
com eles, e disse que aquela era a primeira e ultima atividade dinâmica
que fizera na sala deles. Completei ainda minha conversa dizendo que
para que eles conseguissem alguma outra atividade desse tipo eles
teriam que conseguir por méritos próprios. Nesse momento o silencio
total pairou pela sala, mas eu já sabia que não iria durar muito tempo.
(...)
Nas próximas duas regências as coisas foram melhorando, consegui lidar
com a turma sentindo ainda algumas dificuldades. Os comentários expostos no
docs eram os mesmos. Percebia que alguns alunos tentavam me provocar por
ser uma estagiária. E sentia a diferença entre os alunos em aprender. Recebia a
seguinte ajuda dos professores orientadores.
160
Parabéns Carol. Que bom que você conseguiu dar a sua aula melhor
(...) Foi muito bom você ter elogiado a turma pelo comportamento, faz
bem para o ego deles. Penso assim, chamar atenção quando necessário
e também parabenizar pelos avanços. (...) Tem alunos que gostam de
provocar o professor, mas não leve ao pé da letra esse comentário.
Parece que de alguma forma ela quis te atingir (não sei o porquê). (...)
Mas não se impressione com isso. Veja a possibilidade de colocar os
alunos que tem mais facilidade em matemática como monitores, isso
ajuda muito.
Por volta da 9º regência comecei a mudar os comentário no google docs.
Um sentimento diferente surgia pela turma. O respeito dos alunos por mim
começa a aparecer e foi iniciando uma nova etapa nesse processo, onde toda a
frustração vivida até então, começa a se transformar em certo prazer em
ensinar. A conversa paralela, dificuldade em aprender, falta de estudo por parte
dos alunos, ainda estão presentes. No entanto começo a observá-los com um
olhar diferente.
Levantei na segunda não muito disposta para dar aula. Tentava
me apoiar em alguma coisa para ver se conseguia ânimo para
encarar essas aulas de segunda feira. Cheguei na sala estava
aquela mesma bagunça de sempre(...) Durante a primeira aula
consegui apenas resolver uma questão em sala, no entanto essa foia
primeira vez que fico feliz por resolver apenas uma questão em sala de
aula, pois todos estavam prestando atenção e em silêncio.Repeti a
mesma questão umas 3 ou 4 até os alunos conseguiram fazer as
devidas interpretações e entender a questão.(...) percebi que existia um
interesse por parte deles em aprender.(...) Acredito que os alunos
conseguiram compreender aquele conteúdo e contextualizar com
situações cotidianas.(...) Me lembrei do que havia pensado de manhã
cedo enquando me levantava e disse “ é... acho que encontrei um
motivo para me dar ânimo para continuar.”
Era estimulante perceber que esse ânimo sentido por mim contagiava as
pessoas que acompanhavam o andamento desse processo de formação. O
comentário feito pelos orientadores me deixava contente, pois sentia que estava
no caminho certo.
O que te fez ter esse pensamento maravilhoso? Continue assim, pois
sempre tem, nem que seja um aluno, querendo aprender matemática.
Como você nunca sabe quem é esse aluno faça de conta que são todos.
Ótimo Carol me parece que a turma está caminhando.
161
O estágio foi passando e chegando ao fim, comecei a pensar um pouco
sobre as minhas práticas e percebi que ainda tinha muito a aprender. Ficava por
várias vezes lembrando, do inicio das atividades práticas da disciplina e
percebia que houve um crescimento, uma maturidade, tanto da minha parte
quando da parte dos alunos. Percebi que não foram os alunos que mudaram e
sim eu que mudei. Deixei de lado o autoritarismo, a ideia de que professor é
superior. Tentei entender o lado dos alunos, compreender cada situação e
respeitar para ser respeitada.
Nesse estágio comecei a entender melhor a importância dessa disciplina.
A partir de então iniciei a criação da minha identidade quanto professora,
deixando de lado a ideia de usar exemplos de outros professores como espelho
para a minha prática.
O acompanhamento oferecido pelos professores orientadores durante as
aulas e através do Doc’s contribuiu para esse amadurecimento profissional. A
cada aula eu algumas reflexões feitas pro mim e comentadas por eles.
162
ANEXO G
TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS
PRIMEIRA ENTREVISTA
Estagiária: Moraes
Pesquisadora/orientadora: Boa tarde. Vamos fazer uma entrevista com a aluna
do Estágio II, Moraes
Pesquisadora: boa tarde Moraes.
Moraes: Boa tarde.
Pesquisadora: Essa entrevista, caso seja necessário, nós poderemos utilizá-la?
Preciso do seu consentimento.
Moraes: Sem problema. Concordo
Pesquisadora: Então eu vou fazer algumas perguntas e se surgirem outras o
que você quiser colocar, você pode ficar a vontade e alguma pergunta que você
não queira responder, você pode também falar que não quer responder e a
gente pode pular. Certo?
Moraes: Certo.
Pesquisadora: Então, como você já está no estagio II e já teve experiência de
estágio I, como foi pra você o primeiro dia em sala de aula? A sua primeira
experiência em sala de aula, como é que você sentiu quais os sentimentos que
surgiram?
Moraes: A minha primeira experiência de sala de aula não foi no estágio. Eu
fazia o quarto ou e o quinto semestre aqui e fui convidada pelo IEL pra dar aula
em uma escola estadual de Vitoria da Conquista com bolsa remunerada, no
caso, e aí eu entrei em três turmas de ensino médio, duas de segundo ano e uma
de primeiro. Encontrei alunos com idade de pouca diferença, eu percebi que
comigo eles poderiam se abrir, essas coisas que talvez não seria tão bom pra o
professor né, porque eles ficariam muito a vontade não se seria ruim até então
eu não sabia e eu senti um pouco de medo, no primeiro dia eu falei não, pensei
que no primeiro dia eu pudesse esta fazendo alguma coisa de errado, senti
muito medo, talvez a forma como eu tava dando aula, não tinha preparado
ainda direito, eu não sabia exatamente o que fazer então eu me espelhei em
163
professores eu aula de professores que eu já tive e que eu achava interessante
então foi praticamente uma cópia do professor que eu achava que era um
espelho pra mim.
Pesquisadora: Esse medo que você coloca é insegurança é receio de não da
conta envolve quais aspectos, da sala de aula assim?
Moraes: Envolve mais em relação à postura, em relação ao conteúdo eu acho
que tava tranqüilo, eu conseguia acredito eu que conseguia da conta do
conteúdo, o problema maior pra mim era em relação à postura em sala de aula,
como ainda em determinados momentos eu não tinha preparação nenhuma pra
quilo, então eu fui pra lá basicamente baseando em professores meus, atitudes
que eles tiveram, eu tive uma postura igual, parecido deles.
Pesquisadora: Mas foram tranqüilos os estágios ou teve algum momento de
desânimo ou de vontade de desistir, de desistir da profissão?
Moraes: Essa primeira experiência que eu tive foi maravilhosa não foi no
estagio ainda, então foi perfeito. As turmas eram maravilhosas, tipo tinha um
pouco de conversa badernas porque eram alunos de ensino médio, estava quase
saindo da escola, estavam com os hormônios a flor da pele, então tudo era
motivo de brincadeira, mas tinha respeito, existia o respeito e as turmas eram
maravilhosas, na hora de brincar eles brincavam e na hora de parar sabiam
parar também, então eu não tinha dificuldade nenhuma, aí um semestre depois
eu iniciei a minha primeira pratica como estágio, no estagio supervisionado, e
por sorte eu tive muita sorte, ter pegado escolhido uma turma que os alunos
eram todos, basicamente repetentes do ano anterior, então eles já tinham uma
certa habilidade com o conteúdo, e ele como já estava, “há já perdi de ano,
então eu vou maneirar um pouco na conversa, na brincadeira, pra tentar passar
esse ano né? Então eles colaboraram muito, então eu também não senti
nenhuma dificuldade, nenhuma, nenhuma, foi maravilhoso também no estágio
I.
Pesquisadora: E o II ?
Moraes: Há o II é uma longa história, começou todo diferente, primeiro eu já
não tava muito a fim de fazer o estágio, porque graças a experiência que eu tive
164
eu pensava que estágio não era necessário, eu já me achava a professora de
matemática, por conta de ter conseguido me dar com certas situação eu já me
achava autosuficiente ali, e ai no estagio I eu tive a sorte de ministrar aulas na
mesma escola que eu tive a minha primeira experiência em sala de aula, que foi
no Abdias Menezes, agora no estágio II teve uma diferença que quando eu fui
pegar a turma no Abdias Menezes, já estavam todas lotadas, e aí eu tive que
pegar uma turma em outra instituição e aí foi uma nova etapa eu não conhecia
o corpo docente, eu não conhecia os alunos eu não sabia né, não sabia nem
como entrar na escola direito, não sabia onde ficava sala de nada então eu sentir
uma maior dificuldade no estagio II, então o primeiro dia que eu acordei e falei
tenho que ir pro estagio da aquele friozinho na barriga, eu falei assim: quá? Eu
podia ficar aqui e falar que eu to doente, só pra não ir com medo, com receio do
que eu ia encontrar e o estagio II foi a diferença, foi o que fez eu perceber que
realmente o estagio é necessário na formação acadêmica, porque eu enfrentei
e passei por alguns apertos com as alunos.
Pesquisadora: Você conseguiu você falou que tinha professores que você
tentava, digamos assim, que você tentava se espelhar neles pra montar mais ou
menos o seu perfil, ou sua metodologia ou como você iria trabalhar em sala de
aula, você conseguiu inovar em suas aula de estagio, usou alguma metodologia
diferenciada fugiu um pouco mais do tradicional ou preferiu ficar no
tradicional usou recurso tecnológicos, ou outro tipo de recurso?
Moraes: A partir do meu estagio II que eu fui mudando essa postura em relação
a sala de aula, eu percebi que em toda a minha vida escolar eu estudei em
escola particular, a postura de professor de escola particular tem diferença né,
eu tentava adotar a mesma postura em escola pública, e ai tinha uma certa
rejeição dos alunos, uma certa intriga, mas não me incomoda, mas a partir do
estágio II eu já comecei a me preocupar mais com isso eu percebi que aquela era
minha profissão que eu teria que fazer algo diferente pra tentar se é que eu
quisesse mudar a educação e ai tentei sim inovar tanto em meu estagio I como
em meu estagio II no meu estagio I eu ainda fui melhor mas os alunos eles
tinha muita dificuldade em aprender, então eu percebi que talvez o tradicional
165
pra eles eram melhor, agora em meu estagio II eu comecei inovando, fiz uma
atividade dinâmica em sala de aula pra levar o conteúdo, só que aí os alunos
começaram a conversar demais perturbar e brincar demais eu percebi que não
tava rendendo então aquela foi a primeira e última atividade que eu fiz, como
uma atividade diferente em sala de aula
no estagio II, ai
eu corri pro
tradicional, quadro branco e pincel.
Pesquisadora: Na sua fala, não sei se deu a entender que o ensino tradicional
você consegue mais controlar a turma é isso ou eu entendi errado?
Moraes: Consigo no ensino tradicional eu consigo lidar melhor com a turma,
bom pelo menos nessas duas experiências que eu tive.
Pesquisadora: Você comentou em questão da escola particular e da escola
pública. Qual é esse diferencial pra quem nunca trabalhou em escola particular
e nem foi aluno de escola particular, qual esse diferencial que você coloca que
você percebeu isso?
Moraes: E porque tem aquela rigorosidade né? Os professores que estão ali são
mais... não é que o professor não é dedicado de escola pública é que a gente
percebe uma diferença que na escola particular o professor é cobrado, é cobrado
por pai, por direção pelo próprio aluno, tive experiência de aluno que chamava
o professor de migue zero na escola particular e aí o professor teve que mudar
a postura dele, pra se adequar ali ele teve que mudar pra continuar , e na escola
particular para os alunos quanto mais fácil melhor, o professor que pega mais
leve é o professor o professor que exige um pouquinho há aquele professor é
horrível, isso a gente encontra até na universidade é uma vergonha dizer isso
mas a universidade a gente encontra esse tipo de pensamentos em relação,
pelos alunos.
Pesquisadora: Na disciplina de estágio II você teve dois orientadores professor
Claudinei de Camargo Santana e eu Ana Paula Silva de Almeida que eu
trabalhei com vocês e estava estagiando na disciplina e eu trabalhei no diário
com o Google Doc que era de conhecimento de vocês, que você até comenta em
seu diário que foi um motivador pra você participar da disciplina, e como foi
pra você essa experiência de utilizar um diário, descrever em um diário relatar
166
toda a sua experiência de estágio e o fato de ser na internet, quais aspectos você
considera
importante, facilitou, dificultou, o que você pode colocar em
consideração a isso ?
Moraes: O Google Doc fez um diferencial como na disciplina que eu peguei
com o professor Claudinei, porque eu tive a opção de escolher outro professor
né, que pegasse um pouquinho mais leve em relação à cobrança e aí eu ainda
fiquei pensando poxa eu podia pegar ali com aquele professor que eu teria mais
tranqüilidade depois nos relatórios nas cobranças, ou poderia pegar com o
professor Claudinei e Ana Paula e ter uma coisa diferente, poder pelo menos
tentar mudar esse pensamento que eu tinha sobre o estágio não era um dos
melhores e foi isso que me fez optar pelo professor Claudinei e o Google Doc .
Foi uma experiência que a gente não consegue, não é que a gente não consegue,
deixa eu pensar...
Pesquisadora: Sim, enquanto você pensa. Você colocou que, foi o diferencial
que a ideia que você tinha no estagio, você queria aprender algo novo, seria a
oportunidade de ver algo novo?
Moraes: Não. Não foi isso não, eu achei que eu tive oportunidade de tentar
entender a pratica e discutir essa prática, porque até então como eu disse é
bem tradicional, tudo que eu fazia em sala depois no final se resumia em um
relatório de estágio, impresso entregue na coordenação entregue pro professor e
ficava arquivado. A gente não tinha uma discussão uma dinâmica em relação o
que estava acontecendo em sala de aula e o Google Docs veio a diferença eu
percebi que ali eu poderia esta discutindo. No inicio eu ainda pensei que eu
poderia ver as discussões de outros colegas depois eu vi limitaram apenas a
discussão com os professores orientadores, então pra mim foi maravilhoso,
expressei muita coisa como se fosse de diário mesmo, de quando a gente é
criança e faz um diariozinho lá contando tudo que faz durante o dia, foi
exatamente o que aconteceu, tinha dia que eu saia da escola nervosa revoltada,
chegava lá e descarregava no Google docs e ficava ansiosa pra esperar a
resposta de vocês e ficava assim, será que eles já responderam vou lá ver .
167
Pesquisadora: E essa resposta que é o feedback, de você estar discutindo com o
professor e ele ser imediato na resposta, te dar um retorno. Ele vinha? Como é
que foi esse retorno pra você, esse feedback, ele vinha?
Moraes: O retorno vinha algumas vezes eu não gostava da resposta não, mas eu
acho que era uma experiência, era uma pessoa mais vivida do que eu, falando
sobre algo que eu tinha uma dúvida então eu teria que escutar e tentar . Muitos
exemplos foi em relação à conversa em sala de aula eu ficava irritada quando os
alunos ficavam conversando e brincando em sala de aula no estagio II, e aí eu
relatei isso no diário, e o orientador comentou que eu teria que ficar um pouco
mais tranqüila em relação a isso e deixar as coisas acontecerem com um pouco
mais de naturalidade sem tanta pressão e não ser tão rigorosa, ou melhor, não
me cobrar tanto. Aquilo me deixou bem nervosa, eu falei, como eu vou fazer
uma coisa dessas, eu vou deixar os alunos à vontade? Aí depois eu percebi que
não era bem assim, tanto é que eu iniciei o estagio, ate metade do estagio eu não
suportava a turma e depois de escutar o orientador, eu comecei a entender um
pouco mais e deixar mais leve a sala, eles mais a vontade pra conversar. É claro
porque não tinha como controlar a turma, não que eles tomassem conta de
mim, mas eu conseguia conciliar as duas coisas ai eu comecei a criar, eu
comentei até com o professor, eu comecei a criar um carinho pelos alunos ai eu
pensei assim poxa, talvez se eu estivesse feito isso no estagio 1, ou então na
minha primeira experiência de sala de aula , tivesse diferente, tinha adotado
outra postura, outra prática, não sei.
Pesquisadora: Certo. Você acredita que o recurso tecnológico como esse ou até
outro recurso pode possibilitar uma maior interação entre o regente do ensino
básico o professor orientador de estagio e o estagiário, pode colaborar pra isso
pode proporcionar uma maior contato essa interação?
Moraes: Pode, com certeza, em relação ao estagiário e o professor orientador
isso pra mim já está mais que claro a experiência vivida já mostra isso, as coisas
que eu relatava no Google Doc e os comentário feitos pelos professores e por
vocês já é o suficiente para mostrar a importância de um recurso como esse na
sala de aula no caso nosso dia a dia agora em relação ao professor regente da
168
sala, da turma eu já fico um pouco receosa que pelo menos aqui na Bahia, em
Vitoria da Conquista nas duas praticas que eu tive eu observo que eu não tive
acompanhamento nenhum do professor regente de sala, eles entravam no
primeiro dia viam minha co- participação não digo: No primeiro estágio eu não
tive nenhuma orientação do professor regente não, ela simplesmente, eu fiz
observação na próxima aula ela me entregou a turma e acabou ai, agora ela fez
isso porque ela já conhecia a minha pratica, por eu já ter ensinado naquela
escola, já haviam professores que tinha falado sobre mim, e já tinha uma
historia na escola e já me conhecia, agora no estagio 2 por eu não conhecer nada
da escola por eu não conhecer nenhum aluno então eu fiquei esperando mais do
professor regente e aí não tive. Eu tive praticamente que me virar lá dentro e o
Google Doc eu não sei eu acredito que seria bom pra ela poder discutir comigo
melhoria pra sala o que é melhor pra sala sobre isso, mas, eu não sei se eles
queriam isso, se queriam participar.
Pesquisadora: Sim, algumas das discussões, algumas das colocações dos relatos
de vocês nos diários quando a gente percebia que era importante pra turma a
gente tentava levar pra discussão coletiva, o grupão, ou seja aqui na sala da
UESB, como você ver isso, você como positivo, negativo, te ajudou perceber que
um aluno relatando a experiência dele que era alguma coisa que você poderia
vivenciar também ou não ?
Moraes: Com certeza, tanto é que antes eu achei que o Google Doc seria pra
todo mundo teria acesso todo mundo poderia discutir então eu já tava
esperando isso. E foi uma experiência diferente que eu não tive no estagio 1
essa questão de ter uma conversa com o professor em sala de aula ou com os
outros colegas discutir, a primeira experiência que eu tive desse tipo foi na
minha pratica 3 que sentávamos
líamos livro, e alguns artigos, textos
sentávamos em uma roda e íamos discutir o que estava ali naquele texto então
essa foi minha primeira experiência e eu estava esperando isso coincidiu por
sinal foi paralelo com o estágio 2 e coincidiu eu estava esperando isso do
estágio eu esperava que o professor viesse outra vez discutir e eu encontrei no
estagio 2, então foi maravilhoso pegar historias vivenciadas pelos colegas e
169
tentar encontrarmos uma maneira de sair daquela confusão, que muitas vezes é
normal.
Pesquisadora:Você quer colocar alguma coisa que você considera importante
relatar em relação ao estágio que eu não tenha perguntado?
Moraes: Não acho que tudo a gente comentou aqui.
Pesquisadora: Então agradeço a sua contribuição a sua participação, e quando
a gente editar o filme eu vou mostrar pra você ver , obrigada.
Moraes: Tá ótimo.
SEGUNDA ENTREVISTA
Pesquisadora: Boa tarde.
Pereira: Boa tarde, vamos agora entrevistar o aluno Pereira que foi aluno do
estagio II, com o professor Claudinei de Camargo Santana e eu Ana Paula Silva
Almeida como estagiária da disciplina.
Gostaria de primeiro saber se caso a gente quiser usar esse filme a sua
imagem que você ta falando, eu gostaria de ter sua permissão.
Pereira: Concordo.
Pesquisadora: Certo, então vamos para primeira pergunta. Como foi a sua
primeira experiência em sala de aula, foi no estágio ou você já tinha
experiências anteriores?
Pereira: Bom, foi no estagio 1, foi uma experiência
boa assim, porque
a
primeira vez que eu tive esse contato né, e ao mesmo tempo assim né, como eu
posso dizer não foi muito legal no sentido que eu peguei uma turma assim,
aquele tipo de turma que dá trabalho, mas eu gostei dos alunos eram boas
pessoas, era turma também de sexta série tem a questão da idade também mas,
e também por ser a primeira experiência né, eu ainda tava meio que
aprendendo tentando me acostumar com o ambiente escolar mesmo né, no
sentido não de conteúdo assim de educação, mas de ter controle da turma,
coisas assim que isso é importante também nesse sentido e depois veio o estágio
2, ai já, eu peguei uma turma melhor em relação a outra apesar que também
tinha assim alguns problemas, mais foi bem mais tranqüilo, parece que depois
170
quando você já tem uma experiência você entende o que precisa ser feito e
acaba sendo melhor, próximo foi isso que aconteceu, e assim eu considero que
foi bem produtivo o estagio 2, uma experiência melhor, falei e pude realizar
atividade diferente, pensar e planejar e ter assim um direcionamento melhor
de assim como eu poderia fazer isso pra dar certo então é isso.
Pesquisadora: Certo. E você acredita que o estagio 1 e o 2, proporcionou
contribuiu pra você saber se é exatamente essa sua vocação, a docência?
Pereira: É assim de certa forma sim, porque apesar dos pesares como eu falei eu
sempre gostei de ensinar. É uma coisa que eu já fazia desde a época de escola eu
ensinava pros colegas, as vezes ia até pro quadro semelhante a forma de um
professor e assim nessa época não problemas porque assim porque eram entre
colegas é uma coisa totalmente diferente, e eu já sabia assim que esse tipo de
coisa vinha acontecer até porque eu também fui aluno e tal a gente lembra
assim de certas coisas mas eu acho que assim isso aí pode ser superado eu vejo
dessa forma e eu acho que foi um começo assim que me mostrou assim né mais
ou menos assim de modo geral como é a sala de aula né, e também contribuiu
no sentido de estar me preparando pra eu me desenvolver cada vez melhor
nesse sentido de ter controle também né, saber assim lidar com esse ambiente
a sala de aula.
Pesquisadora: Sim, você disse que procurou inovar nas suas aulas fazer uma
metodologia diferenciada ou você ou você usou algum recuso diferenciado,
usou algum recurso tecnológico, como é que foi essa inovação, em que aspecto,
quais os aspectos?
Pereira: Assim, com relação ao estagio 1 que é como eu falei assim que senti
mais dificuldade porque a turma também me permitia, nem vou dizer assim,
não realizar um trabalho bom, mas em vista assim também por ta começando
então foi mais aquele tipo de aula tradicional, eu muitas vezes né, dava aula
expositiva não fazia coisas diferentes no sentido assim de trabalho em grupo,
ou trabalho ou qualquer tipo de coisa assim, era no quadro mesmo, mas no
estagio 2 como eu já tinha passado por essa experiência e a turma também foi
melhor um pouco já tinha assim mais aquele saber de como lidar assim de certa
171
forma com essa situação e ter assim uma ação mais precisa com relação a
atitudes necessárias pra fazer um trabalho ai deu assim pra mim organizar
melhor, por exemplo em algumas vezes em vez de responder exercício, por
exemplo, no quadro eu podia pedir aos alunos pra juntar ali, em grupo ou em
dupla pra fazer ou então escolher alguém pra ir no quadro pra fazer o aluno
participar, então é nesse sentido isolação que eu falei, é apesar de já ter feito um
estagio eu ainda assim meio que no início, então foi mais por ai mesmo.
Pesquisadora: Certo, então vamos pra terceira pergunta, nessa disciplina de
estagio 2 que eu trabalhei com você junto com o professor Claudinei, nós
tentamos utilizar um recurso tecnológico foi a construção do diário no Google
Doc, onde você relatava toda sua experiência de estágio, terminando suas aulas
você tentava colocar pra gente como é que tinha sido assim a sua experiência,
como foi pra você utilizar esse recurso.
Pereira: Foi muito bom, muito satisfatório eu vejo assim como algo bem
produtivo e porque permite assim que você escreva aquela experiência na sala
de aula, não assim que, por estar utilizando o Google Doc você seja um meio
assim de escrever, que você poderia escrever de qualquer forma mas pelo
fato assim de disponibilizando eu diria aquela experiência de uma forma
mais rápida com o professor e ia permitir com isso também que ele também
dá uma resposta logo, ou um comentário ou qualquer coisa que seja sobre
essa experiência ou uma coisa que eu não fale pra poder a gente discutir eu
diria isso ai, então eu acho produtivo isso ai, porque ate pela questão da
rapidez que a informação é transmitida, não precisa esperar até o momento da
aula, antes mesmo da aula você já pode ter assim, ter essa discussão do tipo
de experiência e aí no momento da aula já partir pra outro ponto.
Pesquisadora: Deixa eu ver se eu entendi, você fala que
você poderia
independente da aula que você tenha aqui na UESB, você poderia ter esse
contato com o professor a qualquer momento, é isso ?
Pereira: Não exatamente assim eu veria assim que isso de conversar ou passar
minhas experiências ou alguma coisa também que tenha acontecido na sala
172
de aula, que seria algo que eu faria na aula da UESB, eu poderia tá fazendo
isso antecipadamente e o professor já vendo isso já discutindo comigo.
Pesquisadora: Então precisaria esperar a aula pra fazer isso?
Pereira: Isso. Exatamente ai na aula no caso poderia só retomar ou então partir
pra outro ponto é como se tivesse duas aulas assim é como se estivesse 2 aulas
assim e você ganhasse tempo uma coisa que você já fez na aula você faria
antes né, então na aula já sobre tempo pra você discutir outras coisas.
Pesquisadora: Ótimo, e assim o fato de ser na internet facilitou é isso? O
processo?
Pereira: Sim, porque hoje com acessibilidade existem vários meios né, então
facilitou bastante nesse tipo também.
Pesquisadora: Bem, você comentou ai, e eu acho que essa pergunta se torna até
irrelevante que é a questão do feedback, essa discussão com o professor era
rápida a medida que você escrevia o professor tava sempre discutindo com
você dando a resposta ou demorava esse retorno, como era esse retorno?
Pereira: Em geral era bem rápida, as vezes que eu escrevia né, e o professor
respondia imediatamente na mesma hora então, e quando demorava assim
nunca chegava o ponto assim de ter a aula na universidade e não ter
respondido rápido.
Pesquisadora: Você acredita que um recurso como esse possa colaborar pra
uma interação maior entre o professor regente da escola do ensino básico, o
estagiário e o professor orientador?
Pereira: Eu acredito que sim né, teve interesse das três partes e de assumir esse
compromisso.
Pesquisadora: Muito bem.
Pesquisadora: Tinha algumas questões ... alguns relatos que você e os colegas
colocavam nos diários que nós tentávamos levar pra discussão coletiva, pra
discussão no grupão, na turma da UESB, como você vê isso, essa discussão
coletiva de uma experiência vivenciada por um.
Pereira: Eu acho produtivo, porque todos nós pensamos de formas diferentes
temos pontos de vistas diferentes e às vezes o que você ver não é, outra
173
pessoa vai ver diferente, aquela coisa né? Então é a partir do momento que
outra pessoa escuta sua experiência ela vai assim digamos perceber coisas que
nem você mesmo percebe, então isso enriquece mais a discussão e promove
uma interação maior sobre o assunto.
Pesquisadora: Aconteceu de algum colega seu, vivenciar uma experiência na
sala de aula e você ta escutando a experiência dele e ser semelhante a que você
passou? Já aconteceu?
Pereira: Sim, por várias vezes aconteceu esse tipo de coisa.
Pesquisadora: Escutar a experiência dele trouxe alguma contribuição pra você?
Pereira: Em que sentido?
Pesquisadora: Por exemplo, a metodologia que ele usou ou qual foi a... Como
ele tentou resolver aquela questão que ele vivenciou.
Pereira: Sim.
Pesquisadora: Como a disciplina dos alunos ou a metodologia pra dar uma
aula de um determinado conteúdo.
Pereira: Contribuiu sim, porque pelo fato de ter sido uma experiência
semelhante a minha, a metodologia que ele usou os recursos e até se for o caso
de algum problema, a forma com ele lidou com isso foi diferente da minha isso
mostra outras formas de você tá fazendo o trabalho e resolvendo os problemas.
Pesquisadora: Isso prova que não tem receita pronta né?
Pereira: Isso.
Pesquisadora: Então a gente fica por aqui, tem mais alguma questão que você
gostaria de colocar em relação ao estágio, em relação à utilização do Google
Doc?
Pereira: Não, não acho que é basicamente isso que a gente discutiu.
Pesquisadora: Então muito obrigada pela sua contribuição e depois da
divulgação eu vou editar e você ver se ficou bem no filme.
174
TERCEIRA ENTREVISTA
Pesquisadora: Boa tarde, vamos, fazer uma entrevista com a aluna do estagio 2
na UESB, Monique Bonfim de Souza. Boa tarde Sousa.
Sousa: Boa tarde.
Pesquisadora: Gostaria de pedir sua autorização caso seja necessário usar essa
sua entrevista usar o vídeo, você autoriza?
Sousa: Sim.
Pesquisadora: Então vamos dar inicio a primeira pergunta, como a sua
experiência em sala de aula, foi no estágio, quais foram os sentimentos que
brotaram desse momento?
Sousa: Bem, minha primeira experiência foi no estagio 1 em sala de aula mesmo
foi no estagio 1 e a primeira sensação que eu tive foi de insegurança. A minha
maior dificuldade que eu acredito que eu tenho superado, eu acredito não eu
superei e depois dos estágios todas as experiências eu consegui superar, mas
inicialmente eu tinha insegurança em relação a como eu ia me comportar em
sala de aula como eu ia me comportar em determinadas situações se eu
conseguiria ter domínio da turma ou não , então a minha primeira sensação foi
essa. Foi insegurança.
Pesquisadora: Você fala no primeiro estágio?
Sousa: No primeiro estagio.
Pesquisadora: No 2 isso permaneceu ?
Sousa: O 2 já melhorei um pouco e também no 2, e quando eu estava no 2 eu já
tinha começado a trabalhar no cursinho pré-vestibular, então contribuiu pra
que eu conseguisse, já tivesse perdido essa insegurança que eu tinha
inicialmente.
Pesquisadora: Durante essa sua experiência de estagio, você procurou inovar
em relação a metodologias, recursos utilizados como foram assim suas aula?
Sousa: No estágio 1 que foi uma turma de sexta serie eu não utilizei recursos
tecnológicos eu utilizei uma atividade diferenciada, uma atividade lúdica na
turma, porem o retorno e o resultado não foi muito positivo porque a turma era
muito grande e tinha alunos que eram deficientes auditivo na sala e nem
175
sempre o interprete comparecia então eu tive muita dificuldade de aplicar essa
atividade e os alunos eram muito agitados e era muito cheia a turma, apesar de
que na minha co-participação eu fiz a mesma atividade lúdica e funcionou
muito bem, o resultado foi muito bom, muito bom mesmo.
Pesquisadora: Com essa mesma turma?
Sousa: Com essa mesma turma e já eu não sei se é porque eu estava no inicio
então as vezes como a turma não te conhece ainda eles ficam mais ...
Pesquisadora: A regente estava na sala?
Sousa: Não.
Pesquisadora: Você acha que tem alguma relação?
Sousa: Não.
Pesquisadora: Mas era co-participação?
Sousa: Era co-participação.
Pesquisadora: A regente não estava, você assumiu, na co-participação.
Sousa: Sim.
Pesquisadora: Sim, você usou recurso então você tentou inovar, mas a
metodologia sua, qual era a metodologia utilizada, era metodologia mais
tradicional, que tipo de metodologia você utilizou nos dois estágios?
Sousa: Não, eu, algumas aulas eu fiz essas atividades diferente, atividades
com, que causasse competição entre eles, e tal e tivesse premiações e entre
essas atividades eu fazia aula tradicional.
Pesquisadora: Então vamos para próxima. Na disciplina de estagio 2 essa que
eu trabalhei com vocês com a sua turma, nos utilizamos um recurso tecnológico
através da internet foi o Google Doc, que na verdade o objetivo era que vocês
pudessem construir um diário, e relatar toda experiência que vocês estavam
vivenciando no período de estagio, observação , co-participação e regência,
como foi pra você essa experiência?
Sousa: Bem eu gostei da atividade realizado o Google Doc porque a gente
sentia mais a vontade pra escrever o que tava acontecendo, pra relatar o que
tava acontecendo, porque às vezes na sala de aula por a gente esta diante de
vários colegas a gente fica meio preocupada com certas coisas que a gente vai
176
relatar, então e também pelo fato de ser mais informal, por ser mais informal
não é como um relatório de estagio ou qualquer outra atividade que a gente
faz normalmente então por ser mais informal eu senti mais a vontade pra
descrever o que aconteceu.
Pesquisadora: Você acha que isso possibilitou uma maior interação sua com o
orientador?
Sousa: Eu acho que sim, porque através dessa atividade tinha os comentários
deles né, que iam contribuindo e que nem sempre pessoalmente a gente
consegue ir em todos os alunos e fazer tudo que foi feito no Google Doc.
Pesquisadora: O feedback então dos orientadores no caso era imediato,
demorava, essa discussão sua com ele, você ia lá relatava uma situação ou
colocava como foi aquele dia, qual a metodologia que você utilizou, como foi
pra você , se foi positivo, negativo, colocava todos os aspectos e ele dava o
retorno rápido demorava ou não respondia.
Sousa: Não, era assim no tempo legal, suficiente pra que a gente tentasse
melhorar durante o estagio ainda de acordo com as orientações
Pesquisadora: Antes da próxima aula né?
Sousa: Isso.
Pesquisadora: Algumas questões que eram discutidas que vocês colocavam no
diário alguns relatos depoimentos nos tentávamos levar algumas dessas
questões pra discussões para a sala de aula na UESB, ou seja, discutia de forma
coletiva de forma partilhada
como é que você via isso, como é que você
considera essa discussão na sala de aula no grupão?
Sousa: Olha, eu acho interessante porque é o seguinte cada um tem uma visão
diferente né. E eu tenho meu ponto de vista em relação a determinadas posturas
e meus colegas também tem os seus ponto de vista e o orientador já tava sendo
realizado essa discussão no Google Doc então eu acho que era importante
porque você via a visão dos outros colegas e a depender se você concordasse né,
se eles te convencesse você acatava ou talvez até mudava sua postura de acordo
com a opinião dos colegas no caso.
177
Pesquisadora: Sim, nós percebemos que uma dificuldade grande na
universidade é o contato regente, estagiário e orientador de estagio, você
acredita que uma ferramenta como essa o Google Doc ou outro recurso possa
contribuir pra uma maior interação entre esses eles? Entre regente, professor de
estagio e estagiário?
Sousa: Eu acho que possibilita a interação sim, agora ai tem que ter suas certas
limitações né, tem o momento em grupo e o momento com o orientador então
mais assim é válido, porque aproxima mais o regente pra não ficar aquela
coisa distante, pra não ficar aquele estagio que o regente entrega pra você a
turma e pronto e parece que ele não ta acompanhando apesar que eu tive
meus regente pelo menos eu não tive problema não.
Pesquisadora: Pelo que eu entendi você quis dizer, pode me corrigir se eu
estiver errada, que é importante o momento coletivo, mas sem perder esse
momento individual, é isso ?
Sousa: É isso, sem perder o momento individual, o individual é o principal.
Pesquisadora: Tem alguma coisa que você gostaria de colocar em relação ao
uso do Google Doc ou em relação ao próprio estágio? Estagio 2 ou aspectos
negativos, positivos ou qualquer coisa que você queira acrescentar ou sugerir,
que você queira falar agora?
Pesquisadora: Vou repetir a pergunta. Tem algum aspecto que eu não
perguntei pra você em relação ao estagio ou alguma sugestão, alguma coisa que
você gostaria que acontecesse ou como você gostaria que fosse o estagio a
disciplina de estagio alguma coisa que eu não perguntei que você gostaria de
colocar?
Sousa: Eu gostaria que durante o estágio agente eu não sei se isso caberia as
praticas mas eu gostaria que durante o estagio a gente conhecesse atividades
diferente pra que a gente aplicasse ali no próprio estágio até porque as vezes a
gente sabe quem diversas atividades lúdicas mas nem sempre a gente sabe
como aplicar não sabe se é o momento de aplicar se aquela turma, se cabe
aquela turma a aplicação ou não , apesar de que as veze você só sabe isso de
aplicar a atividade é um pouco difícil pro orientado também.
178
Pesquisadora: Você ta falando de técnicas ou, por exemplo, um jogo pra
trabalhar função, um jogo pra determinar determinado conteúdo que fosse
Pesquisadora: sugerido né?
Sousa: - Isso eu queria ter trabalhado mais isso, que fosse sugerido mais que,
por exemplo, o Geogebra mesmo eu não usei o Geogebra ainda em uma aula
minha e já tive vontade de usar, então eu queria conhecer mais, como eu
poderia usar desses determinados programas ou atividades.
Pesquisadora: Só ultima pergunta que eu pulei e considero importante, se o
fato de usar o Google Doc diário ser um recurso da internet foi positivo pra
você ?
Sousa: - Fato de ser um recurso da internet, é positivo por causa do fácil acesso
né, porque internet hoje todo mundo consegue utilizar, todo mundo tem é
difícil não ter acontece uma caso ou outro, mas eu acho que pelo fato de ter sido
internet foi positivo sim.
Pesquisadora: - Ta certo então Sousa muito obrigada pela sua entrevista pela
sua contribuição, depois que editarmos o filme eu vou mostrar pra ver se voce
ficou bonita, muito obrigada.
Sousa: Por nada.
QUARTA ENTREVISTA
Pesquisadora: Nós vamos entrevistar o aluno Rocha do estágio 2 que fez a
disciplina comigo e o orientador Claudinei de Camargo Santana, aqui na UESB.
Rocha: Boa tarde, Rocha.
Pesquisadora: Boa tarde.
Pesquisadora: - Bem eu vou fazer algumas perguntas, você fique a vontade pra
responder, e se estiver alguma que você não queira responder, você pode falar
que a gente pula e eu vou pedir autorização pra você, pra gente usar sua
imagem caso seja necessário você autoriza?
Rocha: Autorizo, sim.
Pesquisadora: Então vamos começar. Como foi sua primeira experiência de
estagio em sala de aula, a sua primeira experiência docente em sala de aula.
179
Rocha: Não foi no estagio, antes do estágio logo quando eu entrei na
universidade no segundo semestre eu fui professor em uma escola particular,
era Tic Tac, hoje é escola, colégio Método, eu ministrei a quinta serie, eram 16
alunos foi uma experiência muito relevante pra mim naquela época, teve
algumas coisas que eu não tinha experiência em sala de aula com alunos e nem
tinha orientação adequada, aprendi muito com a diretora da escola com os
professores da escola, mas foi muito interessante a experiência depois já no
estagio no 1 eu já tinha uma certa prática, eu participei de alguns minicursos
aqui da UESB, com jogos eu ministrei até pra alunos aqui de graduação do
semestre bem mais avançado que o meu e quando partir pro estagio mesmo, no
1 no caso, foi bem conturbado também porque a escola, a escola estava em
reformas, teve no meio do semestre, no meio do período teve uma reforma na
escola então ficou parado então ficou assim, não foi uma coisa legal, já no
estágio 2 e também foi bem corrido também, que teve greve aqui na UESB, eu
acho, por conta disso atrasou fazer o estagio, mas já foi uma experiência bem
melhor, tive orientação no 1 mas a orientação foi mais orientado, foi bem mais
possa dizer assim, bem mais acompanhado, bem mais de perto nessa
disciplina no caso o estagio 2 foi na escola normal na sétima série em uma sala
também muito cheia muito grande, teve momentos lá que os observadores,
como é que se diz os orientadores, tiveram, teve um dia de muita conturbação
na aula lá que inclusive nem considerou aquela aula, mas com orientação
deles eu consegui retomar a turma e fui até o fim do estágio e acredito que
bem.
Pesquisadora: Então vamos pra segunda pergunta, dando continuidade,
durante seu período de estagio, você inovou em suas aulas, usou alguma
metodologia diferenciada ou ficou no tradicional?
Rocha: Usei, mesclei as duas coisas, desde o início é porque por mim mesmo
eu tive um ensino fundamental e médio muito fraco muito metódico aquela
coisa da mesmice, exatamente como tá no livro, sem, não tive nenhuma
experiência nova, eu sonho em mudar alguma coisa em relação a isso, e eu
tento fazer, é no caso lá eu tentei mostrar algumas coisas diferenciadas a
180
matemática mais palpável, os alunos participando, com desenhos algumas
coisas que eu não sei se as pessoas aprovam mais inclusive eu usei aqui na
UESB também os professores gostaram né, inclusive uma parte que eu
apresentei retas paralelas um material de madeira que eu ministrei em aula
pra surdos e cegos pra o professor ... do curso de libras, também eu juntei as
duas coisas e foi de bom aproveito, então eu inovei alguma coisa agora por
conta da turma ser uma turma muito despesa eu não consegui levar mais coisa
pra eles, mas eu tentei levar alguma coisa mas a maioria da parte das aulas
foram mais tradicionais mesmo.
Pesquisadora: Certo. Durante essa disciplina de estágio 2, o estágio
supervisionado 2
eu trabalhei com vocês
como estagiaria junto com o
professor Claudinei de Camargo Santana. Nós utilizamos um recurso
diferenciado que foi a construção do diário no Google Doc que é usando a
internet, para construção do diário que você relatasse todas experiências de
estagio nesse diário. Como foi pra você essa experiência?
Rocha: A experiência foi excelente, me ajudou demais na construção do meu
relatório, mas poderia ter sido mais interessante ainda, de inicio eu não entendi
o que era o uso do Google Doc, não tinha conhecimento disso ai, quando eu
comecei a usar mesmo ai eu percebi que a gente mandava no caso o que
acontecia na aula em seguida já tinha o retorno daquilo ali, então cada dia a
gente tava melhorando as nossas informações o que acontecia a gente tinha a
resposta rápida, as vezes até dura dos orientadores, que fazia a gente correr
atrás mesmo pra gente poder modificar sempre, eu achava até um pouco
rígido algumas coisas, mas era muito interessante, me ajudou a me organizar
mais tanto no meu curso como na minha vida pessoal também, já que eu
tenho muita dificuldade orais.
Pesquisadora: - Quando você coloca rígido, duro em que questão, em que
aspectos você ta colocando isso?
Rocha:- É que às vezes parecia que no meu caso que tenho uma questão de
horário complicado, às vezes o professor chegava a dizer assim, o orientador,
“vocês tem que fazer isso aqui tem que trazer de qualquer jeito, se vira ”
181
alguma coisa desse tipo entendeu? Então às vezes desconsiderava, umborá
dizer assim, de já ter colocado em uma sala, por exemplo, diferenciada de
alunos de 18 anos de 20 eu tenho quarenta e alguma coisa mais de 40.
Pesquisadora: Mas você esta falando das atividades desenvolvidas na
disciplina a questão de prazo de entrega e tal?
Rocha: Isso nessa questão.
Pesquisadora: Mas eu to falando assim na sua construção no diário, como foi
pra você ta relatando sua experiência, ta ali desabafando, colocando ali o que
aconteceu, essa interação com o orientador, essa questão foi positiva ou
negativa pra você?
Rocha:- Foi muito positiva, isso ai me ajudou demais resolveu até problemas
pessoais também né, porque o professor, além de professor do orientador,
estava orientando a gente pra vida, estava sendo uma espécie de psicólogo para
com a gente também né, trocava experiência deles com a gente também , então
enquanto a isso ai foi excelente me ajudou demais, inclusive eu pensei em
problemas pessoais eu ate pensei em desistir, por conta desse desabafo no
Google Doc, eu fui adquirindo forças pra continuar e fui até o fim e eu
acredito que não fui tão ruim não.
Pesquisadora: Você colocou ai o diário, no diário não você colocou ai no
questionário, um salve no relatório que as experiências você ate pensou em
fazer com seus alunos, como é que você pensa em usar eles com seus alunos, da
mesma forma, ou pra desenvolver alguma atividade de matemática como é que
você pensou?
Pesquisadora: No caso do Google Doc?
Rocha: Do Google Doc sim, pra você usar com seus alunos você colocou isso
no... Tem esse comentário?
Rocha:Eu coloquei, é que la na escola tem uma sala de informática que eu
nunca tive acesso, eu não consegui acessar ela, então eu pretendia que eles
entrassem também e que a gente se comunicasse via Google Doc também, se
fosse possível eu não sei se seria ou de outra maneira até usar a interação
182
também com programas tipo Geogebra, eu até tentei mas eu não consegui
acesso a sala de informática, então a minha intenção era essa.
Pesquisadora: Então você teve vontade de usar recursos tecnológicos, mas
você percebeu que ainda tem certas dificuldades em relação à estrutura da
escola e tal. Na parte técnica?
Rocha: Isso. Quando foi lá no estagio 1 eu tentei, a escola foi o colégio Fernando
Espínola e eu não consegui, é e lá também eu não consegui, e lá no caso da
escola Normal eles dão... É uma escola publica, mas é uma boa escola, tem toda
tecnologia agora eles abrem muito pra parte da cultura da musica ajuda muita a
Fanfarra que eles têm. Da banda da Fanfarra então eles dão muita ênfase a
banda, inclusive é uma das melhores da região, acho que é a única da região
que é profissional, mas fica a desejar na questão didática mesmo, pedagógico
é isso.
Pesquisadora: Algumas questões que vocês relataram nos diários vocês e seus
colegas a gente tentava levar pra discussão coletiva partilhada na sala de aula
aqui na UESB como é que você ver isso.
Rocha: É um ponto positivo porque cada um dos estagiários era observado
diferenciadamente tinha as questões diferenciadas e trazia também pro
conjunto sala de aula inclusive a gente discutia coisas e apresentava entre a
gente também isso ai teve momentos até inclusive na questão do diário na
questão desse Google Doc teve algumas
questão polemicas também,
polemicas assim de alguém falar alguma coisa e querer falar e não ouvir, não
foi meu caso, mas ate essas questões foram boas pra gente crescer.
Pesquisadora: No caso Teve alguma experiência?
Rocha: Teve uma experiência de uma das estagiárias, que eu a partir de como
ela levava a sala eu tentei até trazer pra mim também a experiência dela.
Pesquisadora: A experiência dela serviu pra você?
Rocha: É de como fazer e de como não fazer em alguns casos, pegando de um e
de outro e ver que aquilo ta errado também.
Pesquisadora: Você acredita que algum recurso tecnológico ou o Google Doc
ou outra ferramenta outra interface possa colaborar ou contribuir pra uma
183
maior interação entre regente, estagiário e o professor orientador, pra que tenha
uma maior interação um maior contato?
Rocha: Com certeza ajuda demais, nessa questão às vezes entrega de trabalho
eu mesmo o caso o problema de horário, hoje o horário ta melhor, mas nessa
questão de horário eu hoje estou trabalhando até uma hora pra eu poder
estudar a tarde e ter a noite pra outras coisas tem a marcenaria que ta parada
que eu parei com a serralheria por conta da UESB agora, então essa questão
de você fazer coisas em horários de noite, de madrugada, final de semana
isso ajuda muito, questão de livro de textos, é muito mais tempo e deveria ter
isso a muito tempo.
Pesquisadora: Você ta falando das facilidades em relação a ser da internet e
poder utilizar a qualquer hora é isso?
Rocha: Isso. Isso é um ponto muito positivo.
Pesquisadora: Ta certo. Você gostaria de fazer mais alguma colocação em
relação ao estagio 2, alguma sugestão, ou alguma coisa que eu não perguntei
você gostaria de considerar e falar.
Rocha: Não tenho colocação não, só tenho a agradecer por ter tido a
oportunidade deste estagio, eu acredito que ainda faltam 2 estágios eu acredito
que eu não vou ter dificuldade nenhuma mais pra fazer relatório daqui pra
frente, não tenho essa dificuldade. Essa dificuldade eu tirei de letra.
Pesquisadora: Então ótimo, obrigada Rocha e depois eu vou ver como ficar o
filme eu vou editar se você não ficar bonito eu darei um jeitinho.
184
ANEXO H
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DCE
PLANO DE CURSO
ANO: 2011
SEMESTRE 2011.2
DISCIPLINA
CÓDIGO
DENOMINAÇÃO
CRÉDITOS
C. HORÁRIA
DCE-053
Estagio Supervisionado II
(0, 0, 9)
210 horas
CURSO
PROFESSOR
Licenciatura em Matemática
Claudinei de C. Sant´Ana
EMENTA
Desenvolvimento de atividades de docência, supervisionadas pelo professor(a)
orientador(a), visando à familiarização do aluno com aspectos das peculiaridades da
escola, por meio de diversas atividades que propiciem ao aluno a aquisição de
experiências profissionais, de forma a contribuir de maneira eficaz para a sua formação
profissional.
Organização das etapas de trabalho docente através de planejamento e a organização de
atividades, e utilização de projetos educacionais voltados para a área de matemática.
OBJETIVO GERAL
O Estágio Supervisionado: pretende ser orientação de uma prática profissional
objetivando a complementação da formação do professor de Matemática através do
restabelecimento da aliança teoria/prática capaz de descobrir pela reflexão/ação as
conexões internas dos fatos e experiências indicadores de mudança visando:




Proporcionar ao aluno a oportunidade de aplicar seus conhecimentos acadêmicos em
situação da prática profissional, criando a possibilidade do exercício de suas
habilidades;
Estudar, desenvolver e projetar uma concepção educacional de ensino de matemática;
Refletir sobre diferentes abordagens do ensino de matemática;
Elaborar projeto de ensino que incluam uma investigação de temas curriculares de
matemática.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
185


Colaborar para que o aluno (a) adquirira postura crítica de sua futura área de
atuação profissional;
Refletir sobre - e talvez re-elaborar - as próprias concepções de ensino de
Matemática “dialogando” com a bibliografia e com textos produzidos pelos
próprios alunos na construção e análise do seu diário reflexivo;

Efetivar a participação e integração da Universidade na escola de ensino
fundamental , promovendo assim a verdadeira construção do conhecimento
científico, apoiado no tripé: ensino, pesquisa e extensão.

Analisar as relações e as interações que se estabelecem no cotidiano escolar
destacando as referentes ao processo de ensino/aprendizagem da Matemática;
Analisar documentos escolares relativos às aulas de Matemática, tais como
planejamento escolar, plano de curso, textos relativos a prática docente, estatísticas
de composição das classes, etc.

PROCEDIMENTOS
FASE PREPARATÓRIA:




Imersão no contexto profissional, análise de tópicos de didática geral e situações
didáticas( Análise da política pedagógica do Ensino da Matemática no Ensino
Fundamental);
Elaboração de um projeto de formação profissional. (Planejamento de Ensino);
Leitura, discussão e síntese individual e coletiva a dos textos propostos;
As ações a serem desenvolvidas terão as seguintes características, sempre a ser
socializada no ambiente virtual:
 Elaboração de plano de unidade
 Elaboração de plano de aula
 Ministrar aulas de matemática com duração mínima de 20 minutos
FASE DE EXECUÇÃO:

Estágio de Observação
Será realizado nas séries do Ensino Fundamental

Estágio de Participação
Será realizado nas séries do Ensino Fundamental

Estágio de Regência
Será realizado nas séries do Ensino Fundamental


FASE CONCLUSIVA
Elaboração de um memorial analítico e reflexivo.
METODOLOGIA
186
1º Momento – Período de Observação
-
-
Estudo da Resolução de Estágio;
Estudo dos horários e planos de ensino das escolas que receberão estagiários;
Definição da escola, série e turma para cada estagiário;
Discussão das atividades a serem desenvolvidas no período de observação;
Elaboração, com o regente, dos planos de aula para o período de co-participação
(participação das ACs);
Elaboração do material de apoio para o estágio;
Observação do ambiente físico em que o estágio será realizado;
Observações em sala de aula examinando detalhadamente: a adequação do conteúdo
trabalhado; os fatores intervenientes na aprendizagem; o grau de aceitação da matéria
trabalhada; interação professor/aluno; familiaridade do regente com a Matemática e a
relação professor/escola;
Busca de um suporte teórico para sustentação das discussões sobre as dificuldades
detectadas durante as observações;
Anotações no Google, um relato crítico do período de observação, após cada aula.
Elaboração e Aplicação de questionários elaborados para coletar dados sobre o aluno;
Tratamento dos dados coletados; Escrita de um texto que contenha análise das
informações obtidas sobre o aluno ( tudo isso poderá ser relatado no Google)
2º. Momento – Período de Co-participação
-
Elaboração de planos de unidade para o período de regência;
Discussão e estabelecimento de uma metodologia de avaliação adequada à turma do
estágio;
Execução das atividades em parceria com o professor regente;
Relatório das atividades de co-participação;
Elaboração de planos de aula para período de regência;
Cada atividade desenvolvida deverá ser relatada, de forma reflexiva, no Google docs
(após cada aula)
3º. Momento – Período de Regência
-
Execução dos planos elaborados (de unidade e de aula);
Aplicação de técnicas de ensino;
Discussão e avaliação das aulas ( anotações e reflexões no Google);
4º. Momento – Memorial
-
-
Organização e elaboração do Memorial que deverá conter: capa e contracapa;
introdução; texto analítico sobre a clientela atendida; considerações finais e em anexo :
plano de unidade, planos de aula completos20; e todo material utilizado e atividades
desenvolvidas (textos, atividades avaliativas e lúdicas utilizadas, fotos, etc.).
Apresentação do Memoria dentro dos prazos pré-estabelecidos
Seminário de encerramento
20
Os planos de aula devem no mínimo conter: Conteúdos, objetivos específicos, procedimentos de
ensino, recursos e avaliação.
187
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
UNIDADE I
 Tendências curriculares e PCN;
 Organização e Avaliação do trabalho escolar em Matemática;
UNIDADE II
 Educação Matemática e Tecnologia: ambientes virtuais;
 Modelagem Matemática no ensino da matemática;
 Resolução de Problemas e ensino de matemática;
UNIDADE III
 Aulas de matemática investigativas;
 Materiais manipulativos no ensino da matemática;
OBS: As temáticas para estudo poderão ao longo do semestre ser substituídas por outras,
dependendo da necessidade de abordagem de outras temáticas dos alunos estagiários.
AVALIAÇÃO
1.
A avaliação será feita a partir de conceitos e a observação estabelecidas pelo docente
supervisor do local de estágio e pelos docentes das IES que acompanham o estágio,
seguindo parâmetros estabelecidos em conjunto e também ao longo de todo o curso
considerando a produção, envolvimento e desempenho de cada aluno, e sob os seguintes
instrumentos e critérios de avaliação: a) da qualidade das resenhas realizadas; b)da
qualidade do Projeto de ensino e pesquisa c) da qualidade do diário reflexivo que
elaborar; d)da participação efetiva no ambiente virtual; e) da produção e entrega para
correção prévia dos planos de aula e atividades planejadas (atividades avaliativas, textos,
atividade lúdicas).
188
ANEXO I
Texto adaptado dos sites:
http://www.tvescola.ufms.br/atividades4.htm e http://www.democraciaparticipativa.org
“Cada um de nós constrói a sua própria história e cada ser carrega em si o dom de ser
capaz, de ser feliz!”
Almir Sater/ Renato Teixeira
1. O QUE É UM MEMORIAL ANALÍTICO REFLEXIVO?
189
O Memorial se constitui em um exercício de interrogação de nossas
experiências passadas para fazer aflorar não só recordações/lembranças, mas
também informações que confiram novos sentidos ao nosso presente. O
Memorial é o resultado de uma narrativa da própria experiência retomada a
partir dos fatos significativos que nos vêm à lembrança. Fazer um Memorial
consiste, então, em um exercício sistemático de escrever a própria história, rever
a própria trajetória de vida e aprofundar a reflexão sobre ela. Esse é um
exercício de autoconhecimento.
A forma como encaramos certas situações e objetos está impregnada por
nossas experiências passadas. Através da memória, não só o passado emerge,
misturando-se com as percepções sobre o presente, como também desloca esse
conjunto de impressões construídas pela interação do presente com o passado
que passam a ocupar todo o espaço da consciência (Ecléa Bosi, 1979). O que a
autora quer enfatizar é que não existe presente sem passado, ou seja, nossas
visões e comportamentos estão marcados pela memória, por eventos e situações
vividas.
O Memorial
está intimamente relacionado a
um exercício de
reminiscência, isto é, de “puxar pela memória”. Como a memória é seletiva,
filtrada pelo que sentimos e acreditamos, queremos que, no momento de
elaboração do Memorial do nosso curso, esta seleção torne-se reflexiva. Ou seja,
submetida a um exercício que tem como objetivo trabalhar as experiências que a
pessoa considera de maior relevância na sua trajetória, relatando-a de modo
reflexivo.
Desse modo, uma primeira observação importante a ser feita refere-se à
relevância de se estabelecer a diferença entre a técnica de escrita de um
Memorial e uma narrativa histórica.
Uma narrativa histórica tem a preocupação em refazer (contar, narrar) a
trajetória de uma pessoa, em um determinado tempo, dos fatos relevantes que
vêm à memória do autor. Esta narrativa pode conter diversas passagens da sua
trajetória individual no tempo: nascimento, vivência familiar, escola, outros
eventos e acontecimentos da vida pessoal mesclados com as dimensões
190
coletivas do bairro, da cidade, do país ou do mundo enfim, de todos os
acontecimentos que ocorrem à sua volta. Ou seja, a pessoa descreve esses
acontecimentos da forma como eles ocorreram ou como ela os percebeu.
Já o Memorial é um relato que reconstrói a trajetória pessoal, mas que
tem uma dimensão reflexiva, pois implica que quem relata se coloca como
sujeito que se auto-interroga e deseja compreender-se como o sujeito de sua
própria história. Assim, é um esforço de organização e análise do que vivemos.
Esta diferença entre vivência e experiência é importante.
No caso específico do memorial como trabalho de conclusão da
disciplina de Estágio Supervisionado, deve ser elaborado enfatizando as
impressões sobre sua aprendizagem, os acertos, as vitórias, os avanços, mas
também as falhas, os momentos difíceis, as paradas, as dúvidas. É uma espécie
de "diário" no qual você poderá escrever e contar o que estiver sentindo,
refletindo, vivenciando, os gostos e desgostos ao longo do caminho, mas como
trabalho acadêmico, um texto científico.
Para elaborar o seu Memorial, o (a) aluno (a) deverá levar em conta as
condições e situações que envolvem sua trajetória, apresentando as questões
que mobilizam sua atenção e evidenciando como elas se originam em sua
história. Pelo seu caráter problematizador, reflexivo e sistematizador, o
Memorial se constituirá em instrumento que servirá de fio condutor para que o
(a) aluno (a), ao longo do curso, reúna elementos para a produção de sua
monografia, dentre outros.
Como elaborar o Memorial?
Na elaboração do Memorial podem surgir dúvidas. É provável que você
se sinta inseguro (a) e desestimulado (a) para escrever, enquanto outros talvez
se sintam desafiados a produzir o Memorial. Em qualquer caso, note que o
memorial não é algo pronto e acabado, com roteiro rígido e previamente
definido, mas é a descrição de um conjunto de observações e comentário, cuja
construção espelha e acompanha o seu processo de aprender.
Podemos pensar em alguns aspectos importantes para registrar no
memorial, como por exemplo:
191

Oportunidade de registrar suas reflexões sobre os vários
momentos do curso e sua relação com a prática pedagógica.

Local em que você pode anotar emoções, descobertas, sucessos e
insucessos de sua trajetória pedagógica.

Registro da história de sua aprendizagem durante o curso e de
suas conseqüências no seu cotidiano.

As dificuldades e facilidades encontradas no decorrer da
realização das atividades do curso;

As experiências pedagógicas e mudanças na prática da sala de
aula que tenham relação com o curso;

As reações dos alunos a essas experiências e mudanças;

As relações do curso com a sua experiência anterior;

As trocas de experiências entre você e outros colegas de curso;

Outras idéias que você considere importantes.
O Memorial também tem a função de promover e praticar a autoavaliação. Nesse caso, você pode registrar nele:

Como foi o seu desempenho;

Que fatos demonstram mudanças na sua prática pedagógica;

Como você está aproveitando as disciplinas de estagio;

Quais as suas maiores dificuldades no decorrer do curso;

O que você está fazendo ou fez para superar suas dificuldades;

Que transformações ocorreram nas suas relações com os alunos ao
longo do estagio.
O Memorial é um processo que deveria se desenvolver ao longo do curso
e só termina com o curso por ser uma construção contínua. E é simples de fazer,
se for encarado com tranqüilidade: faça-o como quem escreve uma carta,
falando do curso que está fazendo.
DIVISÃO POR CAPÍTULOS:
1. TRAJETÓRIA ESCOLAR: VIDA ACADÊMICA
192
2. ATIVIDADES DOCENTES
3. OFICINA REALIZADA NO ENSINO FUNDAMENTAL (CASO TENHA
REALIZADO)
4. O ENSINO DA MATEMÁTICA (tema de livre escolha em que o aluno já
tenha desenvolvido algum trabalho ou tenha interesse em pesquisar: oficina,
seminário...)
5. ESTÁGIO REALIZADO NOS ENSINOS FUNDAMENTAL E MÉDIO
6. CONSIDERAÇÕES FINIAIS
7. BIBLIOGRAFIA
ITENS PARA AVALIAÇÃO DO MEMORIAL:
1 - Nível adequado de linguagem, bom padrão de escrita da língua portuguesa
2 - Idéias apresentadas com clareza, coerência e boa organização
3 - Dados relevantes e pertinentes de sua vida pessoal e profissional
4 - Capacidades de transformar vivência pessoal em experiência reflexiva
5 – Capacidades de Identificar dilemas, problemas e potencialidades na ação
social na qual está envolvido (a)
Observações:
1ª fase de avaliação do Memorial – Primeiras palavras, primeira produção
(um mês e meio após início do semestre) – (entrega parcial)
2a fase de avaliação do Memorial – re-elaboração durante o semestre:
(entregar com as devidas correções, formatado, impresso e gravado no CD)
Ao longo do semestre será estabelecida uma dinâmica de avaliação
da re-elaboração do Memorial.
193
ANEXO J
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
DISCIPLINA – ESTÁGIO SUPERVISIONADO II
DISCENTE: - _______________________________________________________
Ficha de auto-avaliação do aluno
ITENS AVALIADOS
PONTOS
1. Participei ativamente das aulas?
2. Compareci pontualmente as aulas?
3. Cooperei espontaneamente?
4. Fui capaz de interagir com os colegas?
5. Apresentei contribuições úteis e oportunas ao desenvolvimento dos
trabalhos realizados?
6. Adaptei-me aos procedimentos das aulas?
7. Apresentei interesse por aprender?
8. Fui capaz de realizar as tarefas estabelecidas?
9. Registrei na ocasião oportuna, os pontos relevantes de minha
observação e participação durante as aulas?
10. Como avalio o meu desempenho em função da aquisição de
conhecimentos?
TOTAL DE PONTOS
MÉDIA= TOTAL DE PONTOS/10
Faça uma avaliação escrita da disciplina para este semestre letivo de acordo
com o solicitado:
1 - Qual a importância da disciplina para a sua formação profissional?
2 - Quais os maiores desafios e/ou dificuldades que a disciplina ajudou ou vai
ajudar você a superar?
3 - Faça uma avaliação geral da disciplina.
194
ANEXO L
TRANSCRIÇÕES
AULA DE ESTÁGIO II – UESB
Gravação de estágio: 51 minutos - 19 minutos (tempo aproveitado/áudio ruim)
(micro-aulas na disciplina de Estágio)
OBS: Os estagiários davam micro-aulas dos assuntos que iriam trabalhar nas
escolas e nós avaliávamos.
Estagiário: Ó, aí cada um vai ter que escolher um ponto e vai ter que localizar
esse ponto no gráfico, claro que a turma teria que todo mundo ajudar a
encontrar o ponto.
Colegas: Pode todo mundo ajudar a procurar?
Estagiário: Agora vou pedir para vocês, um segurar na mão do outro, pronto,
todo mundo localizou os pontos? Os pares coordenados que temos na linha
vocês estão localizados ai, então a gente observa que o gráfico da função do
primeiro grau é uma reta, porque quando vocês deram a mão ficou todo mundo
certinho, então a gente observa que o gráfico da função do primeiro grau é uma
reta, ai depois que os alunos fizerem esse gráfico você pode propor um outro,
pode fazer tanto pra função do primeiro grau como pra função do segundo
grau, aí depois você vai calcular pra ver se eles conseguiram também, na parte
de localizar o ponto né, aí onde tá Silva mesmo, a turma inteira pode ajudar, aí
se estiver no ponto errado ai o professor vai falar: Veja o seu ponto, ou alguém
pode ali na hora né.
Então se tem uma pessoa errada você não vai conseguir visualizar o
gráfico, um dos objetivos é localizar os pontos, como eles estão estudando agora
par ordenado na hora de chegar no gráfico eles já vão saber que o primeiro
pertence ao x, igual o 0, ele tava no do x, ai depois é que ele olhou... Ai depois
eu ia passar um exercício pra eles construírem no gráfico...
A atividade seria essa e depois eu ia passar um exercício no quadro ou
impresso pra eles mesmos resolverem, eles mesmos construírem o gráfico,
porque o principal, a forma de construir o gráfico eu já tinha mostrado, que é
primeiro ter os valores, construir os pares ordenados, localizar no plano
cartesiano. Hoje é só isso porque no caso depois de construir o gráfico, ai eu ia
passar uma atividade pra eles pra eles construírem no papel.
Estagiário: Pode dar Ana (pesquisadora)?
Pesquisadora/orientadora: Olha, primeiro os alunos que estão participando
195
Por exemplo, como você vai introduzir o conteúdo, você tem aqui que
dar sua aula de função e ver como você faria com os alunos à parte positiva ou
a técnica você daria na aula, agora quando chegar na parte de exercícios, você
tem que falar como seria feito, ou na lista de exercícios. Aí ela vai fazer uma
avaliação da aula dela com os alunos, então pelo menos essa parte de exercícios
simular assim, a parte de exercícios, agora a parte de explicação do conteúdo é
diferente, você não vai ficar só no exercício.
Normal, agora a parte de exercício tem que desenvolver, assim você fala,
pode até entregar e tal, mas... Você faz sua aula comum, mas o interessante é
que você faça coisas diferentes e contextualizadas para estimular e para que ele
aprenda de fato.
E o que fala na sala precisa ser cumprido: Se você diz que quem não
apresentou os exercícios vai perder meio ponto (tem gente que não tá fazendo
as atividades), vão ficar sem ponto. O professor precisa tirar esse ponto, mas
também não vejo que devemos ficar focados em notas (tirar ou dar pontos nas
atividades). É necessário criar a consciência da importância da fazer as
atividades.
Eu preciso ver o plano de aula de vocês e assistir a aula completa de
vocês, porque a aula tem que ter lógica com o plano de aula, ou seja, o que eu
vou dar na aula tem que ter coerência com os objetivos e planejamento a que
estou propondo, por isso que falei que o objetivo tem que ter uma relação com o
que você vai fazer naquele dia tá? Então vamos ver o quê que ela colocou aqui?
“Reconhecer pares ordenados”. Essa dinâmica aí vocês consideram que
possibilitou reconhecer os pares ordenados? Você localizaram os pares
ordenados?
Colegas: Localizei...
Pesquisadora/orientadora: Localizar os pares ordenados, reconhecer os pares
nos quadrantes, distinguir os componentes do plano cartesiano, distinguir
como é que você, o que você quis dizer aqui, distinguir ou reconhecer, saber
diferenciar?
Estagiário: Isso, localizar onde é o eixo x, qual o quadrante que aquele quatro
pertence...
196
Pesquisadora/orientadora: Então é importante que você coloque como
Distinguir os componentes do plano cartesiano...
(Gravação confusa. Não é possível escutar direito
Antes de qualquer atividade em sala de aula preparar o aluno pra não vaiar
nem criticar o colega, ou então: “Fulano errou”... Vamos ver como seria esse
espaço, onde seria localizado... Porque que tem o -1 e 0 e vai ficar em cima do 1? Por quê? Então você vai olhando e trabalhando essas dificuldades...
Estagiário: - Ah então essa aula é só pra eles verem o gráfico.
Pesquisadora/orientadora: É isso que estou falando, porque quando você faz a
verificação você vai entender o que eles não sabem, se ele errou, porque que
errou? Vamos verificar o quê que está pegando e tal... Aí você faz isso, é
interessante que se faça envolvendo a turma toda ...
Estagiário: E a turma toda tava no gráfico não tem como...
Pesquisadora/orientadora: Não precisa que todos estejam no gráfico, mas que
todos se envolvam com a atividade.
Estou colocando isso porque é uma responsabilidade maior na sala de
aula, mas é super legal, eu achei super legal porque o aluno gosta de participar,
ele gosta quando a gente faz alguma coisa pra ele, eles são apaixonados por
isso, quem é que não gosta quando o professor chega com alguma coisa
diferente na aula? Até nós aqui ficamos envolvidos...
Uma coisa também que é importante, mesmo que seja um assunto da
série anterior, você percebeu que o aluno tem dificuldade é importante você
retomar, tem professor que fica: Ah, não vou consegui trabalhar o conteúdo de
outra série. Mas o que adianta você trabalhar o conteúdo todinho da sétima e o
aluno vai pra oitava e não sabe nem o da sexta, nem o da sétima. Então é
importante você retomar, agora é lógico, você não vai ficar o ano inteiro
retomando o conteúdo, mas aí você precisa conscientizar o aluno, “tudo bem eu
vou voltar o conteúdo, mas prestem atenção que só temos poucas aula pra isso,
então você vai ter essa oportunidade aqui de aprender.” Eu volto assunto, pra
falar a verdade quando eu pego uma turma a primeira semana ou até duas é
revisando conteúdo que eles tem dificuldade, principalmente aquilo que eu
percebo que é importante, só vai aprender função se souber equação do
197
segundo grau, então é importante porque se o aluno não aprende, não aprende.
É por culpa sua? Não. É porque não sabe os assuntos da série anterior e tal...
Então é importante tá retomando, não adianta nada a gente identificar a
dificuldade do aluno e não trabalhar essa dificuldade, pra quê que serve
identificar a dificuldade do aluno? Uma prova, um teste, 70% da turma perdeu
na avaliação, olha como o professor geralmente faz: “Pronto, já entreguei a
prova, foi um fracasso, estou muito triste com vocês, vocês deveriam estudar
mais, agora hoje vamos começar o assunto da III unidade.” Não adiantou nada,
sinceramente, se 70% da turma perdeu 50% da turma perdeu, vamos verificar
qual foi o fracasso, o que foi... Eu vejo que se a maioria da turma perdeu não é
culpa só do aluno não, tem várias questões envolvidas. Eu detesto esse
professor que chega e fala: Comigo ninguém passa, etc e tal. Eu acho que ele
deveria dizer comigo ninguém aprende, porque se o aluno aprende ele faz a
prova, eu não gosto disso, acho medíocre, arrogante, o professor achar que
ninguém passa com ele, já que o objetivo da gente é que todo mundo aprenda,
se aprende passa, que todo mundo aprenda. Então de forma geral Silvia sua
técnica foi legal, atingiu praticamente todos os objetivos, só que você tem que
explorar mais a dinâmica, aproveitar o máximo que você puder dela, e tentar
fazer junto com a turma toda, a não ser assim você já trabalhou isso. Aí hoje
você vai ver se eles aprenderam cada um tem o ponto certo...
Estagiário: A me falaram que pra começar a regência tinha que levar um pacote
de bala...
Eu acho errado uma regente chegar e ela deixar uma atividade pra você
assumir uma turma, você não é professor substituto, é uma estagiária. Você não
assumiu uma turma ainda, você tá co-participando
(Gravação confusa. Não é possível escutar direito)
Estagiário: Agora o correto viu Moraes, a única coisa que você poderia falar
com ela é: Ó professora você tá deixando uma responsabilidade grande pra
mim...
(Gravação confusa. Não é possível escutar direito)
198
Pesquisadora/orientadora: Agora se a gente tiver um encontro com todos os
regentes nós podemos conversar algumas dessas questões ...
Como por exemplo, não acho correto abandonar o estagiário, como o
estagiário vai pra escola e não tem direito nem ao material de prova, se o
professor tem porque o estagiário não tem? Então essas coisas a gente tem que
conversar, porque vocês não estão ganhando nada, então tudo o que o professor
tem direito na escola o estagiário tem também, então se o professor regente
ganha folha para prova, ganha folha pra teste, o estagiário tem que ganhar,
então o correto é isso você está no “lugar” do professor... Então tem coisa que a
gente tem que conversar, fazer uma reunião... Na verdade, em algumas escolas
já estão agindo assim, os estagiários podem imprimir as atividades, as provas,
etc.
(Gravação confusa. Não é possível escutar direito)
Estagiário: Quem tiver com a caixinha tem que responder a questão, só que tem
a chance de passar a vez se não tiver certeza. Aí um cara ‘ah, então eu não vou
participar mais não, brincadeira de matemática então não vou participar não
(não entendi a palavra)’. Não, ai ‘eu não vou participar não’ ai saiu o grupo, ai
eu falei ‘num vou obrigar a participar né?!’ – (não consegui entender de 40min
15seg – 40min 25seg), ai... Eles pegaram... Eu falei ‘ó se quiser participar então
decida’ ai uns voltaram, alguns voltaram outros nem quiseram ai quando a
musica parou por azar o menino que pegou a caixa quis responder, ai eu falei
‘você tem certeza que quer responder?’ ele ‘tenho, lógico, não vou fugir não’
então foi uma briga pra responder, o objetivo era passar a vez se ele não
respondesse né, porque assim, se ele fala que não quer responder quando caísse
em outra pessoa ele ia acabar se arrependendo... Que eles falavam assim, que a
matemática... Que era um desafio equação matemática era um desafio, tal... E
ele acabou brecando pra falar, ai o repressor, todo mundo passou a caixa
rapidinho assim né, porque um monte ficava segurando ‘passa logo, passa logo
se não vai parar em mim’ ai depois que eles viram que não era nada disso que
eles imaginavam ai eles acabaram dando o recado lá.
(Gravação confusa. Não é possível escutar direito)
Pesquisadora/orientadora: Agora escute, colocar pra depois do intervalo não é
errado, os meninos voltam muito inquietos mesmo, é interessante... (não
consegui entender o trecho) o mais interessante é você pode passar uma
atividade pra acalmar o pessoal(...)
199
Estagiário: Hoje mesmo eu peguei a última aula depois de uma aula de historia
tava todo mundo dormindo, quando terminou a aula estava todos querendo ir
embora.
- Vai copiar pra mim viu, pode falar.
(Gravação confusa. Não é possível escutar direito)
Pesquisadora/orientadora: Só ler o objetivo, o pessoal vai pontuar e você vai
consegui... Não, do jeito que você preparou. Presta atenção gente porque os
objetivos são fundamentais pra avaliar uma aula, a gente pensa que não é
importante, mas é tudo, viu?
Estagiário: O conteúdo que eu passei na minha aula no primeiro grau, eu não
sei se todos sabem, mas eu estou estagiando lá no Polivalente, trabalho a noite
com a galera do ‘PRH’ e, é... Eu pretendia trabalhar noção de função, sistemas
de combinados cartesianos e domínio e imagem de uma função, o objetivo
específico de reconhecer esses padrões onde se aplicam o sistema cartesiano e
elaborar e resolver situações problemas a partir dos estudos de funções. Bem,
esse plano é um plano planejado pra... Plano planejado é esquisito né? Feito
pra... É um planejamento planejado é... Para oitenta minutos, cada aula a noite é
quarenta minutos né? Então oitenta minutos, dando assim, à medida que eu
vou falando aqui vocês vão perceber que parece que o conteúdo é mínimo,
vocês vão falar ‘ah, você vai explicar só isso em oitenta minutos?’ mas vocês
não sabem a dificuldade que meu pessoal tem, apesar de ser uma turma bem
legal, mas eles sofrem imensa dificuldade em relação a conteúdo, tem que ficar
repetindo várias vezes tal, são pessoas fora de... Não fora de idade, na minha
idade, mas fora do tempo de escola que seriam o correto pra eles né? Então
esses são meus dois objetivos específicos, o pré-requisito é equação de segundo
grau e sistema de equações, abaixa um pouquinho, sobe um pouquinho, ali tem
procedimentos né, que é exposição através de slides e situações que fazem uso
de funções, não reparem que eu to recebendo não, acho que todos receberam
isso aqui né? É só o comentário de Ana Paula que eu vou corrigir ainda, é
exposição através de slides e situações que fazem uso de funções, ou seja, eu
vou apresentar slides de onde ele encontra funções no dia-a-dia dele né,
exposições claras sobre o sistema cartesiano, coordenadas cartesianas, ou seja,
quem foi que criou, porque tem nome de cartesiano, porque possui esse nome,
associação do conteúdo de sistemas de coordenadas cartesianas com aparelhos
eletrônicos, jogos, aparelhos eletrônicos, jogos, utilizados no dia-a-dia deles, ou
seja, eu vou mostrar onde a gente encontra o sistema de coordenadas em jogos,
em aparelhos eletrônicos, mostrar situações pra eles que isso não é apenas um
conteúdo de matemática que fica só puramente no quadro e que tem muita
200
coisa que a gente encontra no dia-a-dia ai que envolve sistemas cartesianos, ai
resolução de exemplos juntamente com os alunos, baixa um pouquinho, e ai,
por fim, a outra atividade que eu coloquei ai é... São apenas duas atividades,
mas porem com questões com alternativas de ‘a’ até num sei quanto, a’ até ‘z’,
muitas alternativas, mas não são todas não, só algumas que eu selecionei,
enfim, recursos né de acordo com o livro didático, com uma observação que
esse livro didático eu não sei nem se poderia esta aqui porque eles não têm livro
didático, eu coloquei livro como eu, por eu ter usado, pode né? E a avaliação...
Pesquisadora/orientadora: Na verdade o recurso que você utilizou na sala de
aula. Se o livro didático não foi utilizado na sala de aula você coloca aqui?
Estagiário: Como assim?
Pesquisadora/orientadora: Se você levou o livro didático pra sala de aula, foi
utilizado o livro didático com o aluno, você coloca. Caso não faça parte da aula,
do planejamento não pode colocar. Planejamento não é cópia. Precisa ser real.
Estagiário: Ah, com o aluno.
Pesquisadora/orientadora: Agora se foi só pra pesquisa sua você coloca como
referencia.
Estagiário: Mas eu tirei uma atividade do livro para o quadro...
- Durante a aula? Durante a aula para o quadro, mas ai eles tiveram que copiar
do quadro.
Pesquisadora/orientadora: Ali em recurso você coloca livro didático, na
metodologia você coloca exercício do livro didático.
Estagiário: como avaliação eu coloquei apenas uma observação informal, esse
informal pegou o povo. Assim, eu não sei se eu to certo ou não, mas quando eu
coloco informal é porque eu avalio o geral, não uma coisa especifica pra ser
avaliado, eu não quero avaliar só o comportamento do aluno, eu to aqui de
frente, pra frente aqui olhando a sala no geral, vendo o comportamento deles, a
participação deles, então é uma observação nada também que vá descontar
muito.
Pesquisadora/orientadora: Você tem que colocar assim, o quê que você vai
avaliar, do jeito que você falou aí, detalhar mais, explicar mais, do jeito que você
falou ai, observei o comportamento, observei a participação, o interesse, o
aprendizado, tudo que você está observando/avaliando, você coloca aqui na
avaliação.
201
Estagiário: Tudo que vai observar né?
Pesquisadora/orientadora: (não deu para escutar bem essa parte da gravação.
Ficou um pouco confuso). Tudo que ele está observando durante a aula, não
aqui é pro dia da aula, você ta botando antes, então tudo que ele vai fazer
durante a aula, a avaliação vai se dar ou a avaliação será observada a
participação do aluno, do aprendizado e, o desenvolvimento das atividades,
enfim tudo que você vai fazer durante a aula observando,avaliando o
aprendizado, a participação, o envolvimento dos alunos, etc.
Estagiário: Como referencia eu tenho o livro Conquistando a Matemática e um
site onde eu encontrei algumas imagens, imagens, na verdade um site onde eu
encontrei alguma, algum conteúdo a respeito de domínio, contradomínio e
função e as observações... Esquece. (Risos).
Pesquisadora/orientadora: Esse dado você coloca lá, aqui você só coloca o...
Não é problema de referência, depois eu mando para você. (não deu para
escutar bem essa parte da gravação. Ficou um pouco confuso)
(Gravação confusa. Não é possível escutar direito)
Pesquisadora/orientadora: Geralmente todos os trabalhos, que agora nesses
últimos seis meses eu recebi muitos trabalhos, por causa do estagio, geralmente
pedem, fala assim, porque referências mudam muito as normas da ABNT, tem
que estar sempre acompanhando, então eu li em algumas referencias da ABNT
que tinha justificado, mas tem, por exemplo, também, tem eventos que eles
determinam como eles querem, então você tem que estar seguindo o que estão
exigindo o recurso ou publicação de artigo, tem que ver o que aquela instituição
quer, se for segundo as normas da ABNT você tem que ir nas normas da ABNT
e olhar porque muda muito
Estagiário: esse negócio de espaçamento um e meio linha né? Espaçamento de
1,5 e tal, também não é todo lugar que exige, então isso a gente tem que
observar no edital de acordo com a instituição, mas eu gosto justificado, agora
eu não coloco o mesmo espaçamento.
Estagiário: O espaçamento muda também... Equação do primeiro grau com a
professora tal né? Primeiro eu fiz uma revisão o que é uma função, como é que
a eu poderia colocar, é todo valor que vai ser medido em função de outro valor,
ou seja, qual o preço de uma ligação? Pra você saber o preço de uma ligação,
você vai ter que saber o tempo da chamada, então o preço da ligação em função
do tempo da ligação, por exemplo, você vai fazer uma viagem, como é que você
mede o consumo de combustível? O consumo de combustível mede da
202
quilometragem, do percurso percorrido né? Então é o combustível em função
do percurso percorrido. E por ultimo coloquei ali um comprimento de uma
barra de ferro, que depende da temperatura que ela é elevada né? Quanto mais
quente ela tiver mais dilatada ela fica, então o comprimento da barra de ferro
depende da temperatura, então eu quis dizer aqui o que é e como a gente
encontra função no dia-a-dia... Essa pesquisa é bom que no dia da aula vou
comentar já que vai ser quinta-feira...
Pesquisadora/orientadora: Já tinha acabado essa aula?
Estagiário: É porque não, não, não... Eu fiz de última hora... (confusa essa parte
da gravação)
Pesquisadora/orientadora: Você falou alguma coisa comenta ai...
- Não, é melhor assim...
- Comenta...
- Você quer falar agora?
- Não...
- Pode falar...
Estagiário: Tem que ter as coordenadas do plano cartesiano, o que é? Na
verdade como eu faria aqui o ponto de definição né? É o esquema reticulado
pra identificar um determinado espaço com dimensões, (não entendi)
Logicamente eu vou explicar mais na frente o que é... Na história como é que
surgiu esse nome de ter as coordenadas do cartesiano, o nome Cartesiano se dá
a (não entendi) que é esse rapaz ai, são filósofos, matemáticos, franceses... O
nome de coordenadas do cartesiano, referência ao nome deles... Voltando a
definição, tem as coordenadas do plano cartesiano que é representado pelo eixo
X e o eixo Y, eixo X chamado de abscissa e eixo Y chamado de ordenada, como é
que é representado? Pode falar...
Pesquisadora/orientadora: Você fazendo a relação da pra compreender melhor
isso ai, a idéia é essa né, agora e a realidade da sua turma? Por exemplo, a
turma de Pereira, a professora nunca explica o conteúdo, ela pega o exercício e
vai resolver, não é legal, porque nem sempre o aluno aprendendo naquele
exercício vai saber aplicar em outras situações, porém é a forma que ela achou
pra turma aprender, na visão dela, então eu acho assim você tem muito que
tentar puxar o que é importante porque eu perdi a observação que eu
participava então você tem que conhecer a realidade da turma, você tem que
perceber como eles aprendem, de que forma pra aquela turma é mais viável ou
203
não, então essa questão do planejamento tem conteúdo que você pode puxar
pra antes, pra dar depois, tem que planejar, você vai perceber o que é melhor
pra turma...
- Você tem que levar pra sala de aula muitas outras coisas...
Estagiário: Mas o que nós vamos estudar aqui é o conteúdo e não o livro...
- Bem, a função representada no sistema cartesiano tem os valores de X e os
valores de Y, onde você representa dessa forma aqui entre parênteses onde o
primeiro valor vai ser o valor que X representa, vírgula, e o segundo valor vai
ser o que o Y representa, por exemplo, ali no ponto B temos o valor de X igual a
6 e o valor de Y igual 5, representado, como ta aqui, temos o par ordenado, cada
ponto desse tem um par. Ai vem aquela famosa questão: Professor onde é que
eu vou encontrar isso na minha vida, no meu dia-a-dia? Ai tem uma figura que
eu posso chamar de globo terrestre né, e vocês percebem que bem no meio da
figura tem uma reta que você chama de linha do equador.
204
ANEXO L.1
TRANSCRIÇÕES
REUNIÃO COM AS REGENTES – UESB
Pesquisadora/orientadora: De manhã foi assim, são oito registros ao todo. Um é
você, RegenteA então a regenteB falou que viria a tarde, mas ela veio de manhã
e RegenteC também disse que viria de manhã, mas ela esqueceu o
compromisso, aí eu liguei pra ela.
Regente: E ela vai vir agora à tarde?
Pesquisadora/orientadora: Aí ela falou: ô Ana Paula à tarde eu tenho médico
por isso que eu marquei de manhã como é que a gente faz? Eu falei: Olha, eu
tenho que marcar um momento com você porque eu não queria que você
deixasse de participar, mas vamos começar pelo seguinte, você tenta cadastrar
seu... Será que pode conectar aqui? Acho que não né? Que aqui não ta
funcionando...
Pesquisadora/orientadora: Aí Sim, aí pronto, tem uma RegenteD que foi pra
Salvador, que é do Polivalente, fazer tratamento de câncer,... ela trabalha no
Polivalente. E a regenteD que é do Escola D, disse que o estagiário dela
começou praticamente agora que ta na segunda semana... Vou só colocar pra
vocês o seguinte, eu to gravando a conversa ta? O professor pediu pra gravar
qualquer “oi” ai qualquer divulgação eu falo antes. De manhã veio Regente C,
só são oito regentes né! Ai de manhã veio regenteC, veio a regente B e veio
regenteA. viria de manhã a regente D, mas ta vindo agora a tarde, A regente C
que é escola A ela esqueceu totalmente, eu liguei meio-dia, ela falou: - Ô Ana
Paula, me desculpa, eu esqueci mesmo, eu queria muito ir, ai ela falou que vai
marcar um momento comigo porque ela ta querendo participar, mas tinha
médico agora 2 horas, deve demorar muito porque só tem duas professoras pra
a tarde. E uma foi pra Salvador fazer tratamento de câncer, e tem outra que o
estagiário começou agora, ai ela disse que já tinha compromisso quarta, que se
marcar na outra quarta ela vem, mas ai eu marco um momento com ela só.
Ai sim, eu pensei, eu tava, vocês vão entrar no Moodle agora vocês vão
observar, eu to percebendo assim que o estagiário esta com muitas angústias é
aquele processo quando a gente termina a faculdade, a gente acha que a gente
começou aquele dia, fez um desabafo e tudo (Regente D) ... A gente tem a idéia
que a gente vai pra sala de aula, que a gente já sabe tudo, ou que pelo menos
tudo que a gente ta planejando na cabeça vai dá certo, e a realidade é outra?
205
Porque ta muito dura a realidade da sala de aula, a questão da indisciplina, é a
questão da inclusão também que hoje em dia tem uns alunos na sala de aula
que eu acho, sou a favor, porém a escola às vezes não tem preparo e estrutura
pra isso.
Regente: e os alunos também não tem preparo pra isso. Não é fácil você chegar
e se deparar com uma realidade dessas, completamente nova. A gente que já
convive há muito tempo com a realidade da sala de aula, muitas vezes não
sabemos o que fazer, alguns não sabem o que fazer.”
Pesquisadora/orientadora: Ai eu percebi assim que a angústia deles, meu Deus
do céu! Tem dois que colocaram que tão assim, que chega domingo e já fica
triste porque tem que estagiar, as turmas são pesadas, então eu fico assim de
coração partido porque eu acho assim, um jovem de 18, 20 anos, 19, 17, que vai
pra sala de aula, que praticamente vai começar agora tá desse jeito já
desmotivado, desanimado, ...
Regente : “- Mas na verdade é desestimulante...”
Regente: A universidade não prepara para sala de aula não.” e eu acredito
assim que talvez tenha até um erro na licenciatura, não sei se é a opinião de
vocês, vocês podem até colocar...
- Eu percebi até pelos planos, que a estagiária me passou os planos pra eu ver,
Tou refazendo todos...
Regente: - Assim, a linguagem não é própria, até formulam os objetivos, mas o
plano estava assim ...
Regente : “- Depende no caso, do professor de estágio.”
Pesquisadora/orientadora: Então, são situações bem delicadas, porque a
disciplina de estágio deveria ser exatamente a prática/docência, ele já deveria
chegar nessa parte da disciplina de estágio, pelo menos sabendo fazer um plano
de aula...
Regente: - “acho que agora melhorou, pois pelo menos eles têm que ver a
realidade toda...”
São quatro estágios, um na quinta ou sexta, um na sétima ou oitava, um
no ensino médio e um no EJA. O que eu acho negativo não é ter quatro estágios,
eu acho maravilhoso, ele vai passar por todas as experiências, na prática não
deveria ter deixado pro final do curso de licenciatura. Eu acho assim, o aluno já
206
entrou na universidade, já no terceiro semestre ou segundo, ir pra escola,
conhecer e observar a sala de aula.
207
ANEXO L.2
TRANSCRIÇÕES
REUNIÃO COM AS REGENTES – UESB
Pesquisadora/orientadora: Mas é que nós fomos colegas da escola, RegenteA
não, mas é um prazer viu regenteA. Você está com a maioria dos estagiários na
verdade não é?
RegenteA. Sim a questão é a seguinte: Eu trabalho na Uneb já tem, vai fazer sete
anos, e eu trabalho no grupo de educação matemática, fiz a graduação em
matemática, licenciatura em matemática, eu comentei, não foi?
- Foi.
Pesquisadora/orientadora: Na UESB, depois fiz algumas especializações, tudo
na área de educação matemática. E na UNEB eu trabalho com a disciplina de
estágio. Mas eu percebo assim, que a gente manda um estagiário pra escola e
essa parceria com o professor regente acaba ficando uma coisa solta. A gente
não tem assim... Às vezes a gente não dá o retorno para instituição. É... Toda
essa questão, até a formação docente, né? É aquela fase inicial que a gente ta
passando, e que pra, pra o estagiário é um período assim crítico. No final depois
você vão ter a oportunidade de colocar o seu jeito, que eles estão assim...
Horrorizados com a questão da docência. É assim triste demais, eu fico...
Pesquisadora/orientadora: Oi regente C! Bom dia!
Regente C: Bom dia...
Pesquisadora/orientadora: Tudo bom? faz tempo que a gente se vê? Saudade...
Tudo bem? Como é que vai...
(nessa parte é somente comprimentos, não dar pra entender tudo)
Pesquisadora/orientadora: A gente ta conversando um pouquinho do estágio,
então é, eu to percebendo assim, que os alunos estão com grande dificuldade de
estágio, principalmente agora. Eu peguei essa turma da UESB, eu percebo que é
um trabalho um pouquinho diferente do que eu fazia na UNEB. Porque na
Uneb é assim: eu ia às escolas fazer reunião com a direção, com os professores
regentes, falava como deveria ser o estagio, passava a ficha de, pra avaliar os
estagiários e tinha um contato assim... constante com o professor regente,
porque a gente tem que saber como o estagiário está, se ta bem, ter um retorno.
E até mesmo pra saber no que a gente pode ajudar, é tanto que eles íam Este
208
semestre percebi que eles iriam começar o estágio e ninguém tinha mostrado o
planejamento, eu falei: não, espera ai gente, vamos sentar, e conversar tudo
direitinho, vocês vão começar uma profissão, tudo bem que é o período de
estagio, é apenas uma experiência, digamos assim, pode ser que... tem gente
que nem vai dar continuidade a isso, mas a gente tem que fazer as coisas
direito, com responsabilidade, com compromisso, então se você vai estagiar,
você tem que ter todo um planejamento, as suas propostas de trabalho, o que
você pretende fazer, é por isso que tem o período de observação. Pra quê? Pra
conhecer a realidade da turma, dos alunos, da escola, se você quer fazer um
trabalho diferenciado, enfim, o período de observação é exatamente pra
diagnosticar e planejar.
RegenteD- Mas eu acho também que o curso em si ele não tá muito...
RegenteC: O curso não proporciona isso para o aluno.
- É ele que faz – professora
-... Não proporciona isso ao aluno, só se mudou isso agora, porque na minha
época eu tinha um outro...
Pesquisadora/orientadora: Mudou pouca coisa. Por exemplo, agora eu cheguei
na UESB eu percebi que tem quatro estágios, na nossa época, eu mesmo só fiz
um só. Agora são quatro estágios. O aluno tem que passar quinta e sexta, quinta
ou sexta, sétima ou oitava no estagio dois, depois vem o Ensino Médio,
primeiro ou segundo ou terceiro ano, e depois ele tem que passar pelo EJA,
então ele passa, são quatro estágios e tem aluno que ainda ta no curso de
licenciatura, porque o curso de matemática também, não sei se é matemática,
tem muito aluno que faz pra passar em concurso. Então ele pensa que ele vai
poder contornar isso e não estagiar, mas não é a realidade, ele precisa estagiar.
Então eu queria pedir assim, a colaboração de vocês em algumas coisas
que eu vou colocar aqui e pra a gente formar essa parceria, porque eu acredito
assim, que a educação... eu sou, acho que eu ainda sou sonhadora apesar de ter
já dezesseis, dezessete anos na educação, acredito como vocês talvez, não sei se
é até mais ou menos tempo, mais...
RegenteB: Me poupe, eu estou com trinta e sete anos, eu sou uma criança...
Pesquisadora/orientadora: Então eu ainda acredito que a educação pode
melhorar ... Eu sei que a mudança que é muito lenta, mas essa realidade que a
gente tá vivendo, os alunos não respeitam mais ninguém, os estagiários ficam
assim horrorizados...
209
RegenteC: a gente fica com vergonha...
Pesquisadora/orientadora: “professora, eu to rezando pra entrar na minha
turma”, então, “eu to rezando pra entrar na minha turma, eu não to com
vontade de ir”, é difícil demais.
RegenteB : Ô Ana, em todos os anos que eu trabalhei, eu nunca trabalhei em
um ano como esse, de turmas assim. (o assunto era sobre a indisciplina)
Regente: Agora, em relação ao estagiário, o que eu vejo assim, o que eu vejo, é a
minha opinião, se nós tivéssemos lá na UESB, certo, um coordenador de prática
de ensino, que realmente fosse à frente dar a aula que ele gostaria que os alunos
dessem, porque são alunos, porque eles nunca foram, eles nunca tiveram
experiência de nada de prática pedagógica na sala de aula e pra mim prática
pedagógica é: sou eu passando a minha experiência pra você que vai começar a
experimentar os primeiros passos lá de dentro dá... de uma educação, como
educador. Então o quê que acontece, olha, eu gostaria, eu to falando assim, a
aula de alguns coordenadores de prática, eu gostaria que vocês dessem aulas
ilustrativas, que as aulas de vocês fossem construída, que as aulas de vocês
fossem tal, tal, tal ... Sendo que o próprio professor que está formando esses
meninos, ele nunca na vida dele passou pelo menos, pra mim, com aluna, esses
professores assim, que ele teria uma linha pedagogicamente falando de
motivação, criatividade, tudo isso, papapa papapa, então, o que que acontece,
os meninos chegam aqui na escola sem ideia de como eles vão a frente dar uma
aula. Porque as aulas que eles estão dando lá são extremamente tradicional....
tomaram é uma aula extremamente tradicional ...
- Você fala as aulas dos professores dentro da universidade?!
RegenteB: Dentro da universidade, é uma aula extremamente tradicional, os
professores nossos, Ana, de matemática, eles são nada mais nada menos que
professores calculistas! Então o professor o que é calculista ele ta na era
tradicional, que esse cálculo não vai tirar, mas Ana, pra você chegar no cálculo
que tá no fundamental e no médio você leva de duas a três aulas pra você
chegar no cálculo, quando você é um professor moderno, quando você não é
um professor de matemática moderno, você no primeiro de aula já ta dando a
equação do segundo grau e explicando tudo. Quando você é um professor
moderno você ta trabalhando a parte de historia, você ta construindo com ele
como... construindo, concreto, como eles vão entender aquele quadrado
perfeito, como é que ele vai construir a demonstração daquela equação, que
ninguém vai fazer aquela demonstração... Mas você construir, porque chegou a
ax²+bx+c, cálculo vai ser na terceira ou quarta aula que eu vou calcular, vou
dizer que tem a fórmula, que a formula são seguimentos, que não é pra decorar,
210
que não é pra colocar na memória, mas é para aprender. Então tem diferença, ó,
decorar é uma coisa, memorizar e outra e aprender é outra. Por que
consequentemente, nós que passamos pela direcional, quando você aprende,
você memorizou e gravou. Eu canso de dizer Ana, eu digo, olhe vocês podem
não terem aprendido matemática comigo, mas vocês um dia vão lembrar
daquele filme que eu vi, com a professora Z eu vi um filme com a professora Z,
não sei contar direito, mas eu tenho uma historinha pra contar, então, essa é a
minha ciência, eu não to queixando pra vocês, ou seu trabalho, eu to falando
que como é que nós recebemos esses estagiários para uma aula dessas, pra uma
angústia dessas, olhe bem, tem uma estagiária, ela não tem Ana, eu vou lhe
falar, eu vou levantar pra lhe demonstrar que ela não tem discernimento do
que é ir a frente de uma sala de aula... e ela vai pegar quarenta e cinco alunos
que são pesados pra esses alunos, que a gente pega, porque o fundamental é
quarenta aluno e na verdade a gente pega quarenta e três, quarenta e cinco
como a gente tava agora, com uma turma de quarenta e três alunos, ai você
depara com um menino de nono ano, que é a oitava serie, meninos defasados
na idade, que eles poderiam já ter, já estar lá na faculdade, mas eles não estão
lá... Com dezoito anos, vinte, dezessete, sem motivação nenhuma, agora vem
um estagiário sem experiência nenhuma...
Regente C: Eu me deparei com isso viu, a minha realidade foi essa, eu comecei
logo no ensino médio e ai os meninos do ensino médio tinham praticamente a
mesma idade que eu, eu quase desisto no final do curso.
- Pois é...
- Eu falei isso aqui não é pra mim, eu fiquei... (Todos conversam ao menos
tempo, não dá para entender muita coisa)
- A minha preocupação é essa. É traumático, é traumático, então coordenar, eu
to lhe falando pela experiência de coordenação, eu coordeno, eu coordenei
estágio do magistério...
Pesquisadora/orientadora: Eu concordo plenamente, para que a gente possa
ouvir o professor regente o que ele pensa, entendeu?
Regente : Olhe, coordenar estagio não é brincadeira, eu coordenei dez anos de
estagio magistério e coordenei doze anos o estagio de contabilidade, para o
mercado de trabalho e para a prática educativa, e eu me, olha, gente eu, tinha
dia Ana, que naquele tempo eu virava a noite preparando as minhas aulas pra
dar pra turma do primário, como é que eu preparava aqueles matérias todos,
pra tentar colocar na cabeça dos meninos que o aluno não aprende matemática
só porque a gente levou aquelas coisinhas não, mas é forma de como você
211
conduziu aquilo ali, uma coisa é explicar um assunto e a outra coisa é manusear
o assunto, ele pode ate não aprender...
- Mas ele se sente mais interessado...
-... Mas ele palpou, entendeu, é eu ensinar um triangulo pra um menino e o
menino ficar: ele é equilátero, ele é escaleno, é num sei o que... O menino não
tem nem noção do que é um triangulo ai a gente vai pra pratica. Ai a gente vai
pra pratica. “Onde é que eu vou encontrar esse triangulo lá na vida?”, ai
pronto... “Você dirige? Dirijo”, “então pronto, não tem uma placa com um
triangulozinho?” “Tem.” “Então pronto, que triangulo é aquele?” “Não sei
professora...” Ai não sou eu que vou falar, vai pesquisar que triangulo é aquele
do transito. Então é uma coisa palpável, ele pode não aprender, mas que ele viu
esse filme comigo ele viu. É por ai que vai, entendeu?
RegenteD: Então se esses meninos lá Ana não tem noção de nada aí joga os
estagiários pra cá, nós temos estagiários excelentes, não é regenteB, de potencial
matemático, muito boa, agora potencial da criatividade...
Pesquisadora/orientadora: Didática não é? A parte pedagógica, olhe agora
mesmo eu peguei, porque é muito curto, porque eu peguei praticamente
trabalho de um semestre, mas tenho um mês na sala de aula, porque na
verdade eu to fazendo um calendário de um semestre que ainda vai começar
em outubro, tem que pegar o mês, final de agosto pra setembro, pra trabalhar
com eles a parte teórica e começar o estágio. Se ninguém estagiar irão perder ...
o semestre.
- Iriam perder mesmo.
- Então acabou tentando arrumar as coisas, exatamente, o que que eu fiz, eu
geralmente falo vai pra escola, observe, pegue os conteúdos e esses conteúdos
vocês vão preparar microaulas aqui e aí a gente vai comentar e eu vou propor o
que pode melhorar. Então, eu trabalho dessa forma. Exatamente.
Regente D: O orientador eu acho que serve justamente pra isso ai...
RegenteB: Eu percebi Ana também que você começou, totalmente, eu vou dizer
começou com a sua pratica pedagógica totalmente diferente, não estou
querendo dizer que as meninas lá não têm, mas você já começou assim...
Pesquisadora/orientadora: Não, eu estou entendendo... É como eu vejo, -...
Eu também como vocês, eu também passei por estagio e pra gente, assim,
é difícil ir pra sala de aula, exatamente porque a gente tem a ideia, a gente tem a
ideia que a universidade vai preparar e a gente vai sair pronto, e isso não
212
acontece, só que pelo menos e situando um pouquinho mais nessa realidade eu
acho que seria mais sensato. Então eles pegam o conteúdo e ficaram assim “ué
professora, mas porque eu preciso trabalhar esse conteúdo aqui? É diferente eu
ta lá com quarenta menino...” mas acontece o seguinte, você vai dar essa
microaula aqui e pela minha experiência, pela experiência talvez de alguns
colegas, a gente vai trocar algumas ideias e ver por exemplo: você ta falando
olhando pro quadro, você não fala olhando pro quadro, você fala olhando pro
aluno, você tem que caminhar na sala, você tem que... olho no olho, você tem
que aquele ver aquele que ta quietinho sentado, e querer que ele participe da
aula, então você tem que interagir com a turma, né? Então, ai, por exemplo, tem
uma menina que prepara uma atividade que ela chamou quatro alunos ali na
frente, ai eu falei essa atividade que tu chamou quatro ali na frente, tudo bem,
mas você tentou fazer com que os outros observassem aquilo ali, se você
chamasse um só e todo mundo fosse participando com esse um, como é que
seria? Então é pra ir questionando como é que poderia dar mais resultado
aquela aula. Então eu sei que a primeira vez foi superinteressante, foi bastante
proveitoso mesmo, eles ficaram... Eu sentir que eles ficaram felizes, contentes,
só que é aquela questão, praticamente o mês já ta terminando e eu já assim,
angustiada, vocês vão ter a oportunidade de ver no Moodle, assim, as
colocações deles, eles estão assim é, tão tensos...
RegenteD: Minha estagiária saiu da sala arrasada...
RegenteC: E Inseguros...
- ... E eu fico assim triste, porque eu falo assim, gente o que vai ser... Então...
Carol ta triste, não é só ela não, tem menina que ta triste e são meninos que você
percebe que eles querem, mas... É uma situação assim, gente, muito difícil,
então eu acho assim que esse momento como professor regente...
Regente: Você imagine escola como a Normal, com três mil alunos sem um
coordenador pedagógico... Tem condição?
Regente: A realidade da educação é triste demais, ai quando a gente vê esses
resultados agora do ENEM mesmo, as melhores escolas, vamos ver a estrutura
dessas melhores escolas.
Regente: Ai tem psicólogo, ai tem coordenadora, tem tudo...
- Então... têm a melhor pontuação...
- Você esta fazendo mestrado, tudo que você tem trabalhado, lido, tem
formulado pra, né, pra sua monografia...
213
- Dissertação.
-... Dissertação, é dentro de uma estrutura, não é essa escola que nós temos não,
não é isso?
RegenteB: Aí eu sou articuladora, ela sabe, eu fico lá que tem dia que eu não
tenho tempo nem de coisa... eu tenho que estar resolvendo carregar os
problemas de coordenação, eu não dou às vezes assistência, porque o certo é a
gente sentar para planejar na articulação, que eu quero porque a gente tem que
sentar pra conversar e é correndo pra ver se consegue ajudar... o professor, o
colega...
- O professor, o colega, pra gente ver se a sala entendeu? E a gente não tem um
resultado, porque nós não temos uma sequência ... Porque não é... o problema .
O problema desse ano precisa ser resolvido esse ano e a gente não tem
resultado porque nós não temos uma sequência, quando acontece o negocio
igual do menino, semana que vem não encontra mais o menino...
- E a gente sabé né gente que a questão da educação é muito mais ampla,
envolve a questão dos pais, da formação que vem de casa...
RegenteC: Agora eu também tinha uns alunos bons que a gente tem nesse
sistema, que a gente poderia produzir mais...
Pesquisadora/orientadora: São tantas questões envolvidas... Ai eles falaram
assim, os alunos comentam, mas professora a gente passa tarefa pra casa e eles
não fazem, então não vou passar mais não. Eu falei: Não, não é por ai, pelo
contrário, você tem que achar uma forma com que eles façam...
Porque ainda tem alguns que fazem...
Pesquisadora/orientadora: Aqueles que fazem vão ser prejudicados por aqueles
que não fazem? Se você pega uma turma de quarenta alunos e um chegar lá
adiante eu, eu, não vou dizer que eu vou ficar satisfeita mas eu trabalho nessa
visão, se eu conseguir ajudar um, seu conseguir ajudar dois, se eu conseguir
ajudar cinco eu esto feliz. Não é, então a gente não pode ficar com essa ideia de
que “a de que não sabe, não interessa, então não vou mais passar”. (Não deu
pra entender quase nada aqui. Todas conversando juntas). Então a gente não
pode ficar com essa visão de que as coisas não adiantam, a gente tem que
tentar, eu me lembro, eu fui coordenadora, e eu lembro que eu, teve um dia, eu
sou assim, eu sempre tive vontade de levar coisas novas, não sei, que o aluno
tivesse interesse, que o aluno tivesse vontade de aprender, que a escola
mostrasse um pouquinho da realidade que ele vive lá fora, fosse mais próxima
pra ele, fosse mais significativa pra ele, aí eu sempre tentei levar coisas
214
diferentes pra sala de aula, aí eu lembro que quando eu tava na coordenação, eu
consegui uma coleção de livros, aí um aluno do nosso grupo de aceleração, que
hoje é EJA, consegui, aí falei com uma colega: “olha, eu vou trazer uma caixa de
livros que eu consegui e a gente faz assim, o dia da leitura. Ela respondeu: “ô
Ana Paula que realidade que você vive ? eles não vão ler nada não, eles não
sabem nem ler!”, eu falei “ mas se não tiver um começo, a gente não incentivar,
não estimular, ele não vai ler nunca! O aluno precisa ser estimulado, ele vai ser
incentivado. Porque a gente não gosta de ler? Porque nós não tivemos esse
incentivo, essa formação...
RegenteC: Esse hábito.
-... Esse hábito, essa motivação, ninguém incentivou a gente a fazer isso.
RegenteD: Eu vejo assim, os meninos do fundamental disse que não da
geometria porque não da tempo, porque acabaram com geometria...
RegenteC: Exatamente, exatamente essa ideia que dar geometria, ate mesmo os
professores não trabalham porque tem dificuldade em geometria, então não
trabalha com o aluno.
Regente: Eu... os alunos da sétima serie não tem nenhuma noção de álgebra,
então fui trabalhar equação do primeiro grau, não é assunto que trabalha na
sétima serie mas eu tive essa ideia...
RegenteC: E é tão gostoso trabalhar geometria, gente, o meu projeto foi bom
demais até aula eu pego o livrinho dele pra pagar a surpresa papapapapa, o
projeto é geometria pura, é geometria pura... Eu trabalhei tudo, eu trabalhei
todinha.
Pesquisadora/orientadora: Ai eu acho assim, que assim como o estagiário,
depende muito também do professor. Eu acho que tem questões também que
depende muito do professor, de mudar, de inovar, mesmo com a carga horária
excessiva que a gente tem, a gente tem mesmo sessenta horas, eu acho que
muita coisa depende da gente, então eu vejo o regente assim, ele é a base da
educação e é ele que também pode estar ajudando o estagiário, é ele que pode
ta trazendo essas discussões que vocês tão colocando aqui, é a partir daí que a
gente pode mudar, porque o professor da universidade, alguns só estão na
universidade, alguns talvez nem nunca nem foram pra sala de aula ensinar pro
fundamental, então eu acho que a gente precisa ouvir esse professor que tá lá
no ensino básico, que tá lá com o aluno mesmo da quinta da sexta da sétima
oitava... ensino médio, precisa ouvir pra, não quer dizer que a gente vai achar a
215
solução, eu não acredito em receita pronta, e com solução pra... né? Mas a gente
buscar caminhos, buscar alternativas, né?
RegenteB: Agora vem a prova Brasil, não é? Vem a prova Brasil...
- Exatamente, e como é que a gente pode fazer pros alunos melhorem essa
pontuação?
-... Ai vem a prova Brasil de quinta, de quinta a sétima serie, eu, eu pegando as
provas vem os assuntos de quinta a sétima serie, aí você vai lá nos assuntos de
sétima serie, os meninos deram sistema, os meninos estudaram gráfico,
estudaram plano? Tudo isso, de quinta a sétima serie, eles estudaram, ele sabem
traçar reta? Não. Eles sabem onde fica isso? Não. Eles estudaram toda parte
geométrica? Não. E esses meninos vão fazer a prova Brasil como criatura? Se tá
comigo na oitava serie agora, que é o nono ano, ai vem de qui... eu peguei a
provinha, a prova foi elaborada de quinta a sétima, o único assunto que tem da
oitava serie é equação do segundo grau, que eu vi, equação do segundo grau e
função...
RegenteD: Como é que a gente faz pra ter acesso a essas provas em?
- Já vem aquela preparação da prova, não vem não? Pra vocês não? Lá...
- Pra mim não.
- Ah, eu mandei até rodar, hoje...
- É porque assim, a gente pode ir trabalhando até com eles, não é?
- Pois é eu mandei rodar, eu mandei rodar...
- Porque a gente tem fazer isso, né?
- Deveria chegar na escola, né? Chegar na escola, não é?
-... Eu mandei rodar hoje pra fazer um exercício de fixação, com eles, e ai os
meninos do quinto ano...
- Agora tem coisas a vez que não chega, você cobra da direção.
Eu botei pra rodar do quinto ano... (trecho de difícil entendimento)... mas eles
vão resolver uma atividade, entendeu, porque os da quarta serie, vem da
primeira a quarta serie, do primeiro ano ao quinto ano, ai pronto, eu tava
analisando, eu vou dar como atividade pra ver o que esses menino tem, então
você chega lá na oitava serie e o professor não deu sistema de equação na
sétima serie, porque que não deu ? aí às vezes eu vou questionar até com os
216
colegas meus... mas fulana, os meninos não vão aprender aquilo não, eu vou
deixar logo pra oitava serie, quer dizer, oitava serie a gente vê primeiro e
segundo grau minha filha, que a gente volta o primeiro, mas já é assunto do
segundo, já é segundo grau que nós vamos pegar, que nós vamos pra equação
do segundo grau...
RegenteC: Aí eu não consigo Ana
- O aluno é capaz de aprender muitas coisas, né? O aluno é capaz de aprender
muitas coisas.
- Ai eu não consigo Ana. Paula eu vou lhe dizer uma coisa...
- Se nós somos, imagina meninos de doze, quatorze anos que ta com essa
angústia de não querer aprender...
Regente D: Começa do não fechamento da parte básica pra o aluno, porque não
é você fechar todo o conteúdo não, mas de um conteúdo você puxa quatro,
cinco ao mesmo tempo, você dar geometria e da à parte pratica de matemática,
da o calculo, mas você já puxa quatro assuntos ao mesmo tempo de uma vez só,
como é que você não conseguiu dar? Então isso ta precisando mudar entre nós.
Regente C: Foi o que comentou aqui na ultima reunião que nós fizemos e você
falou “olha Ana Paula, a questão é a seguinte, tem professor que até a questão
do conceito mesmo, de passar o conteúdo ou ele não sabe ou ele não fala” você
tava comentando a colega das meninas que é minha colega também, então tem
questões assim mais graves do que a gente imagina, ela tava colocando, tem
professor que vai pra sala de aula que não sabe o próprio conteúdo de
matemática, um exemplo, né, como é que o aluno vai aprender se nem o
professor sabe, como é que ele vai poder passar?
- E porque nós temos essa realidade que o professor pega qualquer disciplina...
- Exato, o professor de historia pega matemática.
- Nós já tivemos muito isso lá no Juvêncio, muito professor que não era de
matemática pegar matemática porque só tinha aquela lá é ele pegava, quatro de
matemática, quatro de português, quatro de artes, e ai o professor faz o que
quer excedente (trecho de difícil entendimento)
- É aquela questão, todo mundo serve pra professor e todo mundo pode
trabalhar qualquer disciplina, né... Então vamo, ó... então vamos mostrar pra
vocês... é ...
217
A TRANSCRIÇÃO DAQUI PARA FRENTE FOI MUITO TÉCNICA DO
GOOGLE DOCS
Download

Campus Universitário de Jequié/BA 2013