O EMPREENDEDORISMO NO DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO DE
LOCALIDADES ATRAVÉS DO ECOTURISMO
André Luiz Fialho BLOS
Mestrando em Engenharia de Produção
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção
Centro de Tecnologia
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM
Santa Maria, RS-Brasil.
Janis Elisa RUPPENTHAL
Doutora, Professora em Engenharia de Produção.
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.
Centro de Tecnologia
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM
Santa Maria, RS-Brasil.
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RESUMO
Este trabalho busca possibilitar um incremento na definição do conceito de
Ecoturismo, que é considerado por muitos como uma “Nova Indústria”. Pode-se perceber que
tanto a sociedade, como os órgãos públicos envolvidos, e por mais que exista ainda um
esforço destes setores para o crescimento deste fenômeno, percebe-se uma certa imaturidade
no que tange ao estímulo da população envolvida nestes projetos, de um trabalho
suficientemente capaz de revelar e aperfeiçoar empreendedores, que de uma forma muito
simplista e bastante abrangente é conceituado como uma pessoa que imagina, desenvolve e
principalmente realiza visões.
Palavras Chaves: Empreendedorismo, Ecoturismo.
ABSTRACT
This paper searches to make possible an increment in the definition of the Ecoturism’s,
concept that is considered as a “New Industry.” It can be noticed that both the society and the
involved public organs have a certain immaturity about to incentive of the population
involved in these projects sufficiently capable to reveal and to improve entrepreneurs whose
in a very simplistic and too including way, it is considered as a person who imagines,
develops and mainly to realize visions.
Key Words: Entrepreneuring, Ecoturism
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1.INTRODUÇÃO
Com a finalidade de possibilitar um incremento na definição do conceito de turismo, e
conseqüentemente ecoturismo, considerado por alguns como uma “Nova Indústria”, pode-se
perceber que tanto a sociedade, como os órgãos públicos envolvidos através de trabalhos
como o Programa Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT) de cunho federal
desenvolvido e aplicado pela Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR) e o Programa de
Qualificação Profissional para o Turismo do Ministério do Turismo, e por mais que exista
ainda um esforço destes setores para o crescimento deste fenômeno, percebe-se uma certa
imaturidade no que tange ao estímulo da população envolvida nestes projetos, de um trabalho
suficientemente capaz de revelar e aperfeiçoar empreendedores, que segundo FILLION (apud
Dolabela, 1999 p.68), que de uma forma muito simplista e bastante abrangente o conceitua
como uma pessoa que imagina, desenvolve e principalmente realiza visões.
Portanto, este estudo visa proporcionar uma reflexão genérica do empreendedorismo
como instrumento de alavancagem sócio-econômico em localidades que já possuam algum
tipo de exploração comercial do ecoturismo, ou regiões que estejam buscando assumir uma
posição mais atuante no setor, ainda tratado de maneira tão amadora neste país-continente rico
em recursos naturais à espera de serem inteligentemente desfrutados, pois somente um meio
ambiente com atrações naturais de rara beleza, em hipótese alguma significarão certeza de
sucesso no seu desenvolvimento.
2.O TURISMO E O ECOTURIMO: CONCEITOS ATRAVÉS DOS TEMPOS
Os primeiros esforços para definir o turismo, conforme MOLINA (2001), ocorreram
na década de 30, onde o definiam simplesmente como o deslocamento das pessoas que
reuniam características peculiares com relação à duração e motivação a viajar.
Muitos foram os que conceituaram nesta época o turismo reportando-se
principalmente pela determinação de um modelo que abrangesse o interesse nos serviços de
transporte, alojamento e a alimentação. Dentro deste contexto HUNZIKER e KRAPF (apud
Molina, 2001, p.11) conceituaram classicamente o turismo como:
“O conjunto das relações e os fenômenos produzidos pelo deslocamento e
permanência de pessoas fora de seu lugar de domicílio, desde que tais deslocamentos
e permanência não sejam motivados por uma atividade lucrativa principal,
permanente ou temporária.”
Diversos conceitos do turismo espraiaram-se pelos anos, mas para MOLINA (2001),
ficou evidenciado que a grande maioria destas definições não conseguiram efetivamente
descrever a amplitude abrangida por ele, pois este alcançou conotações, significados e
conseqüências altamente complexas transcendendo os elementos citados na maioria dos
conceitos, que se detiveram principalmente em dados quantitativos e de valores numéricos,
deixando excluídos características resultantes de processos sociais e culturais, não facilmente
mensuráveis, e de imprescindível importância para a compreensão e implantação de ações que
permitissem obter dele os melhores resultados financeiros ou não, como ficou evidenciado na
OEA (Organização dos Estados Americanos) na década de 70 que utilizou como conceito de
turismo a definição feita por BOULLÓN (apud Bonald, 1984, p.47), onde tal fenômeno era
descrito como:
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“Uma atividade econômica do setor terciário, que consiste no conjunto de serviços
vendidos ao turista. Ditos serviços estão necessariamente inter-relacionados, de
maneira que a ausência de um deles dificulta e até impede a venda ou prestação de
todos os outros; além disso, tem a peculiar característica de que só é possível ser
produzido em locais rigidamente predeterminados, para os quais se deslocam os
turista, ainda que sua venda se realize fora dele, quer dizer, no ponto de origem da
demanda. Difere das demais vendas, porque não há uma distribuição do produto,
visto como o consumidor é quem viaja à fonte de produção.”
Neste sentido, atualmente houve uma evolução no entendimento da abrangência do
turismo surgindo definições mais genéricas, onde estão enfatizadas ações não só quantitativas,
mas também qualitativas da interação social deste setor à comunidade, como descrito por
WAHAB (1991 p.26):
“Uma atividade humana intencional que serve como meio de comunicação e como elo
da interação entre povos, tanto dentro de um mesmo país como fora dos limites
geográficos dos países. Envolve o deslocamento temporário de pessoas para outra
região, país ou continente, visando à satisfação de necessidades outras que não o
exercício de uma função remunerada para o país receptor, o turismo é uma indústria
cujos produtos são consumidos no local formando exportações invisíveis. Os
benefícios originários deste fenômeno podem ser verificados na vida econômica,
política, cultural e psicossociológica da comunidade”.
Já ecoturismo, segundo SWARBROOKE (2000), significa basicamente que a
principal motivação para a viagem do turista é o desejo de ver ecossistemas em seu estado
natural, sua vida selvagem assim como suas populações nativas, considerando-se muitas vezes
o ecoturismo como sendo mais do que isso, pois muitos estudiosos, afirmam que ele se
relaciona também com o desejo de ver os ecossistemas preservados e que a população local
viva melhor por conta dos efeitos do turismo.
Para o próprio SWARBROOKE (2000), muitas pessoas enxergam uma relação íntima
entre ecoturismo e turismo sustentável, uma vez que o ecoturismo é visto como:
• Um turismo em pequena escala;
• Mais ativo do que outras formas de turismo;
• Uma modalidade de turismo na qual a existência de uma infra-estrutura de turismo
sofisticada é um dado menos relevante;
• Empreendido por turistas esclarecidos e bem educados, conscientes das questões
relacionadas a sustentabilidade, além de ávidos por aprender mais sobre estes temas;
• Menos espoliativo das culturas e da natureza locais do que as formas “tradicionais” de
turismo.
O ecoturismo surgiu impulsionado principalmente pelos documentários em vídeo
sobre viagens, onde apresentavam a natureza como cenário principal, populares nos finais da
década de 70.O Ecoturismo teve o crescimento da atividade acentuado, no final dos anos 80 e
início 90.
Mas os primeiros ecoturistas foram aqueles que há um século chegaram aos parques
americanos como o de Yellowstone, os que escalaram o Himalaia e outros montes, enfim
pesquisadores, esportistas e aventureiros que fazendo do meio ambiente o cenário para
realização de suas atividades também se preocupavam com a preservação da natureza. No
entanto era uma preocupação passiva, essas atividades não possuíam o intuito de ser um meio
de preservação. Percebeu-se também que no passado, esses mesmos pesquisadores ou
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aventureiros ocasionais não provocavam nenhum impacto socioeconômico significativo como
acontece nos dias de hoje.
O século XX, neste sentido, ficou marcado com a evolução do ecoturismo além da
significativa mudança das excursões às áreas naturais. O maior exemplo disto é observado na
África. Os safáris de caça que se realizavam no começo do século XX com o intuito de
capturar grandes cabeças de animais como rinocerontes, leões ou elefantes, dizimavam
grandes populações desses animais ano a ano. Com o passar das décadas foram substituídos
por safáris fotográficos que já eram comuns nos anos 60. Percebeu-se que esses animais vivos
eram mais lucrativos do que mortos. Para que o ecoturismo alcançasse as dimensões hoje
alcançadas o trabalho das Organizações Não Governamentais (ONGs) foi também
fundamental. Outro grande impulsionador do turismo ecológico foi sem dúvida os
documentários em vídeo sobre viagens e sobre a natureza, populares nos finais da década de
70.
No entanto, o turismo de massa a essas áreas continuou por muito tempo abalando
habitat naturais, molestando animais, destruindo a natureza e muitas culturas. Felizmente
comportamento foi sendo mudado e os visitantes hoje estão mais conscientes do valor das
diferentes formas de vida, do dano ecológico e cultural que podem provocar.
O ecoturismo chegou no Brasil no final dos anos 80, seguindo a tendência
internacional, sendo que em 1989 foram autorizados pela Embratur os primeiros cursos de
guia desse tipo de turismo. Com a Rio 92 no ano de 1992, o conceito de ecoturismo ganhou
maior visibilidade pelos brasileiros, impulsionando um mercado promissor, que desde então
não parou mais de crescer, propiciando aos poucos, a criação de órgãos e instituições ligados
ao setor.
Como marco do crescimento deste setor da economia brasileira, foi fundado em 1995,
o Instituto Ecoturístico Brasileiro-IEB, com o objetivo de organizar e unificar toda a cadeia
ecoturística que compreende desde os empresários envolvidos, operadoras e agências de
viagem, meios de hospedagem, entidades ambientalistas, entre outras pessoas ligadas a área,
incentivando o ecoturismo através da elaboração de um código de ética visando certificar os
profissionais do setor.
3. O ECOTURISMO COMO ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO.
Conforme SOUZA (1997), a própria literatura científica que trata sobre o
desenvolvimento das localidades através do turismo, não se dedica em dar a ele a merecida
importância, pois segundo o mesmo autor, por razões muito claras, como: o simples fato de o
turismo ser considerado um fenômeno relativamente novo pós-Segunda Grande Guerra, pelo
fato de ser tratado diferentemente entre países, não possuindo um tratamento uniforme
globalmente, e ainda por estar intimamente relacionado ao lazer e descanso conseqüentemente
sendo tratado como algo não muito "sério".
Mas conforme o supracitado autor, o turismo é um fenômeno de extrema importância,
não somente pelos impactos econômicos, mas também por suas conseqüências sociais,
psicológicas, culturais e ambientais.
Buscando ordenar estas características e sendo o Estado, segundo SWARBROOKE
(2000), o poder representativo de toda a sociedade e não apenas grupos ou indivíduos
interessados, um agente imprescindível para estruturar e organizar a atividade turística
imparcialmente, o Brasil sobre esta ótica, segundo CRUZ (2000), apresentou durante anos um
currículo de atuações e ações centralizadas e setorizadas não conseguindo abranger a
totalidade e complexidade do fenômeno turístico e, em grande parte destas ações, foram
repercutidas pela sociedade de uma forma muito negativa.
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Segundo AMÂNCIO e GOMES (2001), o ecodesenvolvimento significa transformar o
desenvolvimento numa soma positiva com a natureza, propondo que tenha por base o tripé:
justiça social, eficiência econômica e prudência ecológica.
Para SWARBROOKE (2000), pode parecer, muitas vezes, que o ecoturismo diga
respeito apenas à vida selvagem. Os turistas geralmente parecem estar mais interessados em
observar os animais do que em conhecer e tentar compreender os povos de diferentes culturas,
mas, no entanto, o ecoturismo deve dizer respeito a ecossistemas, e ecossistemas dizem
respeito à vida selvagem e às pessoas.
Para que o ecoturismo se desenvolva de maneira que se preserve sua atratibilidade, ou
seja, que ao longo do tempo, seus atrativos continuem intactos e motivando a vinda de
turistas, é necessário muito cuidado no planejamento, para isso, deve ser elaborado um
detalhado Plano de Desenvolvimento Turístico, que é entendido, segundo RUSCHMANN
(1997) como sendo:
“uma ordenação das ações do homem sobre o território e ocupar-se em direcionar a
construção de equipamentos e facilidades de forma adequada evitando, dessa forma,
os efeitos negativos nos recursos, que os destroem ou reduzem sua atratividade”.
Decorrente de sua estrutura, complexidade e heterogeneidade, a oferta turística resulta
na composição de um conjunto de atividades, tanto econômicas como sociais e culturais. Ela
compreende os atrativos em geral como recursos naturais, históricos e culturais; infraestrutura em geral como. Associados a isto são propiciados condições de conforto, aconchego
e recreação, meios de hospedagem; alimentação; transportes; entretenimento; serviços de
apoio ao turista; e outros. A quantidade de bens e serviços consumidos pelos visitantes
caracteriza-se demanda turística. Além da qualidade das destinações turísticas, da infraestrutura oferecida ao visitante, a originalidade do lugar é freqüentemente avaliada. A
essência do ecoturismo está em oferecer ao turista uma experiência rica e autêntica de
vivência junto aos ecossistemas disponibilidade de equipamentos turísticos característicos e
diferenciados, além do importante incentivo às práticas conservacionistas.
Mesmo após séculos de exploração predatória, os ecossistemas brasileiros guardam
inúmeros e notáveis encantos, ainda praticamente inexplorados do ponto de vista do
ecoturismo. Com iniciativa e estratégia dos agentes públicos e privados pode-se protegê-los,
gerando emprego, renda e grande oportunidade de novos negócios.
Com o decorrer dos tempos, novas apostas no turismo ecológico surgem na tentativa
de dinamizar pequenas comunidades. Todas as regiões do Brasil têm potencial suficiente para
apostar no turismo ecológico e todas elas possuem pólos já consagrados. Mas, segundo um
estudo da EMBRATUR, a sinalização é insuficiente, e melhorias na infra-estrutura são
desejáveis na grande maioria dos lugares. O Estado ainda é um dos grandes responsáveis pelo
impulso inicial que deve ser dado a essa, como a varias outras atividades, e também, um dos
responsáveis pelos cuidados para que a atividade se perpetue.
Para que o ecoturismo se torne uma forma de turismo sustentável é necessário que este
seja adequadamente gerenciado. WIGHT (1993) identificou nove princípios que devem
fundamentar o ecoturismo sustentável, que são os seguintes:
• Não deve degradar os recursos e deve ser desenvolvido de maneira completamente
ambiental;
• Deve possibilitar experiências participativas e esclarecedoras em primeira mão;
• Deve envolver educação entre todas as partes, sejam elas, as comunidades locais,
governo, organizações não governamentais, indústria e os próprios turistas;
• Deve incentivar um reconhecimento dos valores intrínsecos dos recursos naturais e
culturais, por parte de todos os envolvidos;
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•
•
•
•
•
Deve implicar aceitação dos recursos tais como são e reconhecer os seus limites, o que
pressupõe uma administração voltada para o abastecimento;
Deve promover a compreensão e as parcerias entre muitos envolvidos, e isso pode
incluir o governo, organizações não governamentais, a indústria, os cientistas e a
população local (tanto antes como durante as operações);
Deve promover responsabilidades e um comportamento moral e ético em relação ao
meio ambiente natural e cultural, por parte de todos os envolvidos;
Deve trazer benefícios a longo prazo para os recursos naturais e culturais, para a
comunidade e para as indústrias locais;
Deve assegurar que nas operações de ecoturismo a ética inerente a práticas ambientais
responsáveis se aplique não apenas aos recursos externos (naturais e culturais) que
atraem turistas, mas também a suas operações internas.
4.EMPREENDEDORISMO:
ECONÔMICO LOCAL
INSTRUMENTO
DE
ALAVANCAGEM
SÓCIO-
Para DRUCKER (1987), está acontecendo um profundo redirecionamento da
economia até então gerencial para uma economia empreendedora, movimentando um número
muito expressivo de empresas e conseqüentemente pessoas que aplicam recursos sócioeconômicos, recursos naturais e suas capacidades de trabalho no desenvolvimento de seus
empreendimentos.
A economia empreendedora se caracteriza pela influência determinante do
empreendedor, que segundo DOLABELA (1999), é o elemento capaz de desenvolver uma
visão, utilizando-se dentre inúmeras peculiaridades a persuasão, a energia, a perseverança e
uma infinita dose de paixão para construir o "algo" a partir do nada ultrapassando barreiras e
obstáculos na direção do sucesso.
Conforme pesquisa de TIMMONS (1994) e HORNADAY (1982) (apud Dolabela,
1999, p.37), os empreendedores entre outras características:
• Possui iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo e um forte sentimento de
realização;
• Tem o fracasso como qualquer outro resultado, pois aprende com os seus erros;
• Fixa metas e luta para atingi-las;
• Compromete-se com a questão;
• Utiliza-se da intuição;
• Conhece muito bem o ramo em que atua;
• Transforma seus pensamentos em ações;
• Assume riscos moderados, não é um aventureiro inconseqüente;
• Possui tolerância à ambigüidade e à incerteza;
• Por acreditar no que faz, possui um alto comprometimento, entre outras
características.
Identificar oportunidades e transformá-las em negócios lucrativos, conduzindo-as ao
desenvolvimento econômico, gerando riquezas e benefícios à sociedade, também é uma forte
característica do empreendedor, mas para DOLABELA (1999), uma das grandes causas do
insucesso das organizações é o fato de não se saber distinguir entre uma idéia e uma
oportunidade, fato muito comum entre os empreendedores iniciantes, pois atrás de uma
oportunidade sempre existe uma idéia, mas somente um estudo profundo de viabilidade
apontará o verdadeiro potencial de transformação em um negócio de sucesso.
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Uma importante ferramenta para indicar o futuro da empresa diminuindo-se os risco e
incertezas, aprofundando-se nas viabilidades das oportunidades é o Plano de Negócio, que
segundo DORNELAS (2001, p.97) é importante, pois proporciona ao empreendedor entender
e estabelecer diretrizes para o seu negócio; gerenciar de forma mais eficaz a empresa e tomar
decisões acertadas; monitorar o dia-a-dia da empresa e tomar ações corretivas quando
necessário; conseguir financiamentos e recursos junto a bancos, governo, investidores, entre
outros; identificar oportunidades e transformá-las em diferencial competitivo para a empresa;
e estabelecer uma comunicação interna eficaz na empresa e convencer o público externo.
Conforme DOLABELA (1999), quando se tratar de desenvolvimento local, deve-se
não só empregar teorias econômicas, mas sim, apoiar-se em conteúdos de mudança
organizacional e animação social, devido ao fato do desenvolvimento econômico local
emergir das iniciativas e do dinamismo da comunidade, valorizando os recursos financeiros e
recursos materiais locais, deve-se também se apoiar principalmente no empreendedorismo,
disseminando-o fortemente entre a comunidade como fontes de geração de emprego e
conseqüentemente um instrumento de sucesso no desenvolvimento sócio-econômico local.
5.CONCLUSÕES
Como sendo o ecoturismo uma atividade que busca valorizar as premissas ambientais,
sociais, culturais e econômicas conhecidas pela maioria da sociedade, subentende-se que a
interpretação ambiental é um fator importante durante a experiência turística.
Quando bem praticado, o ecoturismo pode ser uma alternativa sustentável de
exploração e conservação dos recursos naturais dos destinos selecionados, oferecendo
experiências únicas e autênticas ao turista, proporcionando uma vivência real como novas
culturas e ambientes, além de oferecer ao mercado oportunidades as iniciativas locais,
valorizando a especialização em determinados segmentos.
Para tanto, se faz necessário o desenvolvimento do cidadão como empreendedor, pois
o empreendedorismo está estreitamente ligado ao desenvolvimento sócio-econômico de uma
comunidade, seja através das divisas financeiras decorrentes do recolhimento de tributos
imputados à organização a ele pertencente, seja pelas frentes de trabalho abertas pelo seu
funcionamento, enumerando apenas alguns entre tantos benefícios decorrentes de suas
atividade, é que não poderíamos deixar de relacionar ao ecoturismo o espírito empreendedor
das pessoas que de alguma maneira se diferenciam dos demais integrantes da comunidade
pelo simples fato de acreditarem em seus sonhos e buscarem através da dedicação,
aprofundamento intelectual, utilização de ferramentas técnicas como o Plano de Negócios,
entre tantas características, o desenvolvimento da sociedade como um todo.
O turismo, principalmente após a implantação por parte do Governo Federal
juntamente com outros parceiros, de programas de desenvolvimento das localidades através
do turismo, podemos perceber a preocupação basicamente estrutural e física dos projetos, e
ainda que várias cidades e até regiões do país ingressaram em um certo tipo de “modismo”
onde simplesmente por possuírem em suas delimitações territoriais alguns tipos de atração
geográficas, arqueológicas, culturais, e outros, os gestores destas localidades passaram a
disseminar a idéia de que o turismo seria uma panacéia para todos os problemas locais,
deixando-se de lado um ponto crucial para o sucesso desta oportunidade, que é o simples fato
de planejar o envolvimento de pessoas da comunidade realmente capazes de administrarem
todo o tipo de organizações envolvidas nos projetos turísticos.
Como podemos perceber através do aumento de receitas geradas no Brasil na década
de 90, o ecoturismo se transformou em um grande nicho de mercado, propiciando desta
maneira o ingresso neste de setor de elementos “amadores”, que pelo simples fato de saberem
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cozinhar, entre tantos exemplos, estariam aptos a colocarem à disposição dos turistas um
restaurante capaz de satisfazer as necessidades básicas daqueles que por ventura ali
passassem.
Neste sentido, conforme DOLABELA (1999), os promotores e divulgadores de
projetos, sejam eles órgão públicos, universidades, Organizações Não Governamentais
(ONGs) ou a própria comunidade em geral, devem adotar uma postura e visão
empreendedora, precisando para isso receber algum tipo de conhecimento sobre técnicas e
conhecimento de empreendedorismo, assim fazendo, não hesitarão em correr riscos, inovar,
criar relações necessárias para o alcance dos objetivos anteriormente traçados, e ainda
identificar as oportunidades surgidas buscando os recursos onde estiverem, pois estas
características empreendedoras possuem uma importância muito maior que as próprias
estruturas colocadas em jogo, porque estão intrínseco valores vitais para o desenvolvimento.
Ao transformar estas pessoas em veículos de criação e disseminação do espírito
empreendedor, estaremos colocando a disposição da própria sociedade elementos capazes de
participarem efetivamente no desenvolvimento sócio-econômico de suas comunidades onde a
preocupação pelo meio ambiente o norteia em seus planejamentos e ações na exploração do
seu empreendimento.
6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MOLINA, Sergio; RODRÍGUEZ, Sergio. Planejamento integral do turismo. São Paulo:
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SOUZA, Marcelo J. Lopes de. Como pode o turismo contribuir para o desenvolvimento
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