UNIVERSIDADE FEDERAL DE
PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
ALTAMIRA PEREIRA DA SILVA REICHERT
VIGILÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO
NEUROPSICOMOTOR DE LACTENTES NA ESTRATÉGIA
DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Recife
2011
ALTAMIRA PEREIRA DA SILVA REICHERT
VIGILÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO
NEUROPSICOMOTOR DE LACTENTES NA ESTRATÉGIA
DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Saúde da Criança e do Adolescente da Universidade
Federal de Pernambuco, para obtenção do título de
Doutor em Saúde da Criança e do Adolescente.
Orientador
Profa. Dra. Marília de Carvalho Lima
Coorientadora
Profa. Dra Sophie Helena Eikmann
Linha de Pesquisa: Crescimento e desenvolvimento: avaliação, fatores
determinantes e programas de intervenção.
RECIFE
2011
Reichert, Altamira Pereira da Silva
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de
lactentes na estratégia de saúde da família / Altamira
Pereira da Silva Reichert. – Recife : O Autor, 2011.
142 folhas ; Il., fig., tab.
Orientador: Marília de Carvalho Lima
Tese (doutorado) – Universidade Federal de
Pernambuco. CCS. Saúde da criança e do adolescente,
2011.
Inclui bibliografia, anexos e apêndices.
1. Desenvolvimento infantil.
saúde. 3. Saúde da família.
Educação em Saúde. I. Título.
612.654
2. Atenção primária a
4. Enfermagem.
5.
CDD (22.ed.)
UFPE
CCS2011-13
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
REITOR
Prof. Dr. Amaro Henrique Pessoa Lins
VICE-REITOR
Prof. Dr. Gilson Edmar Gonçalves e Silva
PRÓ-REITOR DA PÓS-GRADUAÇÃO
Prof. Dr. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DIRETOR
Prof. Dr. José Thadeu Pinheiro
COORDENADOR DA COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO DO CCS
Profa. Dra. Heloisa Ramos Lacerda de Melo
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
COLEGIADO
Profa. Dra. Gisélia Alves Pontes da Silva (Coordenadora)
Profa. Dra. Luciane Soares de Lima (Vice-Coordenadora)
Profa. Dra. Marília de Carvalho Lima
Profa. Dra. Sônia Bechara Coutinho
Prof. Dr. Pedro Israel Cabral de Lira
Profa. Dra. Mônica Maria Osório de Cerqueira
Prof. Dr. Emanuel Savio Cavalcanti Sarinho
Profa. Dra. Sílvia Wanick Sarinho
Profa. Dra. Maria Clara Albuquerque
Profa. Dra. Sophie Helena Eickmann
Profa. Dra. Ana Cláudia Vasconcelos Martins de Souza Lima
Profa. Dra. Maria Eugênia Farias Almeida Motta
Prof. Dr. Alcides da Silva Diniz
Profa Dra. Maria Gorete Lucena de Vasconcelos
Profa. Dra. Sílvia Regina Jamelli
Profa. Dra. Cleide Maria Pontes
Maria Cecília Marinho Tenório (Representante Discente – Doutorado)
Joana Lidyanne de Oliveira Bezerra (Representante Discente – Mestrado)
SECRETARIA
Paulo Sergio Oliveira do Nascimento
Juliene Gomes Brasileiro
Janaína Lima Paz
Recife
2011
À minha mãe, pela dedicação, amor e por sempre cuidar de mim.
A Zalmir, pelo companheirismo e apoio incondicional nessa jornada, mesmo diante dos
percalços da vida.
A Lucas e Gabriel, pelo amor, carinho e pela compreensão das ausências frequentes impostas
por este processo.
Amo vocês!
Agradecimentos
A Deus, por ter me dado sabedoria para realizar este trabalho e mais uma oportunidade de
crescimento pessoal e profissional.
À minha orientadora, profª Drª Marília Lima, pela competente orientação, com quem aprendi
muito e que, muitas vezes, ultrapassou seu papel de orientadora, sendo conselheira e
apoiadora nos momentos difíceis que vivenciei nessa jornada.
À minha coorientadora, profª Drª Sophie Eickmannn, pela rica contribuição e sabedoria,
sempre com boa vontade em colaborar em várias fases deste trabalho, desde seu projeto até
sua finalização.
À profª Drª Maria Gorete Vasconcelos, por me ajudar no artigo qualitativo, sempre com
solicitude e empatia.
À Drª Amira Figueiras, por contribuir ricamente com o trabalho ao me preparar para a
capacitação dos enfermeiros, disponibilizar material para me auxiliar e esclarecer todas as
minhas dúvidas ao longo dessa jornada.
À profª Drª Neusa Collet, por sua presença na minha vida como amiga e colega de trabalho e
pelas suas palavras de apoio e sabedoria.
Aos docentes da banca examinadora, pelas sugestões e contribuições a este trabalho, que tanto
ajudaram para a construção do conhecimento.
Aos colegas de turma, pelo companheirismo, incentivo e apoio, especialmente a Paula
Andrea, Magaly e Ana Maria, por todos os momentos que passamos juntas e pela ajuda
constante, cada uma com sua peculiaridade.
À minha amiga Profª Drª Rosa Carneiro, pelo incentivo e apoio na fase inicial do doutorado.
À Ana Flávia, por não medir esforços para me auxiliar na coleta de dados.
Aos funcionários do Programa de Pós-graduação em Saúde da Criança e do Adolescente, pelo
apoio e auxílio durante todo o Doutorado.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo apoio
financeiro.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo
fornecimento de bolsa de estudos no início do doutorado.
À Universidade Federal da Paraíba, que me concedeu liberação integral das atividades e às
minhas companheiras de área que cobriram a minha ausência nas atividades docentes para que
eu realizasse o Doutorado.
Aos funcionários do Distrito Sanitário III de João Pessoa, pela disponibilidade em me ajudar
e, especialmente, à diretora do Distrito, por liberar as Enfermeiras de suas atividades para
participarem das oficinas, e pelo fornecimento de espaço físico para a realização destas.
A todas as pessoas que, direta e indiretamente, me apoiaram e contribuíram para a realização
deste trabalho.
E, especialmente, às Enfermeiras do Distrito Sanitário III e às mães que se disponibilizaram a
participar desta pesquisa, sem as quais nada disso seria possível.
DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!
Mario Quintana - Espelho Mágico
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Resumo
Resumo
O acompanhamento sistemático do desenvolvimento neuropsicomotor nos dois primeiros
anos de vida é de fundamental importância, pois é nesta fase que as crianças melhor
respondem aos estímulos do meio ambiente, facilitando o desenvolvimento adequado ou
recuperação de um possível atraso em tempo hábil. Observa-se que os enfermeiros não estão
preparados para realizar a vigilância do desenvolvimento infantil, pois sua consulta está mais
dirigida para o acompanhamento do crescimento, em detrimento da avaliação do
desenvolvimento neuropsicomotor. Esta tese teve como objetivo implementar e avaliar o
impacto de um programa de capacitação em vigilância do desenvolvimento infantil no
contexto da Atenção Integral às Doenças Prevalentes da Infância (AIDPI), dirigido a
enfermeiros e avaliar as dificuldades e facilidades enfrentadas por eles durante o processo de
operacionalização desta intervenção educativa. O estudo realizado inicialmente foi quase
experimental, do tipo antes-depois, em uma amostra constituída por 45 enfermeiros do
Distrito Sanitário III da cidade de João Pessoa-PB, que atuam em Unidades de Saúde da
Família, e 225 mães de crianças menores de dois anos. A intervenção consistiu da realização
de oficinas de capacitação com os enfermeiros sobre vigilância do desenvolvimento infantil.
Para a capacitação, foi utilizado, como referência, o Manual de Vigilância do
Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI. A coleta de dados ocorreu de novembro de
2008 a abril de 2009, em três etapas: a primeira correspondeu à avaliação das práticas dos
enfermeiros com relação à vigilância do desenvolvimento infantil. As mães também foram
entrevistadas após atendimento do seu filho pelo enfermeiro; na segunda etapa, aplicou-se um
pré-teste com os enfermeiros para avaliar seus conhecimentos relacionados ao
desenvolvimento infantil antes da capacitação; na terceira etapa, esses mesmos instrumentos
foram repetidos quatro meses após a capacitação para os enfermeiros e mães. Houve aumento
significante de 1,2 pontos na média de acertos das questões sobre os marcos do
desenvolvimento infantil após a intervenção. As práticas de vigilância do desenvolvimento
aumentaram de 80% para 91%. Todos os enfermeiros passaram a perguntar a opinião das
mães sobre o desenvolvimento dos seus filhos e houve um aumento na utilização de
instrumento sistematizado para avaliação do desenvolvimento. Todos os enfermeiros
afirmaram orientar as mães sobre como estimular o desenvolvimento da criança.
Posteriormente, no período de maio a junho de 2009 realizou-se um estudo com abordagem
qualitativa com onze enfermeiros que participaram de oficinas de capacitação. Os dados
foram analisados a partir do método de análise de conteúdo, utilizando-se a modalidade
temática. Foram identificados três núcleos temáticos: pontos dificultadores para aplicar os
conhecimentos adquiridos; pontos facilitadores proporcionados pelo curso e transformação da
prática a partir dos conhecimentos adquiridos na capacitação. Conclui-se que a intervenção
educativa se mostrou efetiva, levando a transformação das práticas dos enfermeiros, a partir
da inclusão da vigilância do desenvolvimento infantil, às ações realizadas na Estratégia de
Saúde da Família. Recomendamos a necessidade de incorporar conteúdos sobre esta temática
no ensino de graduação em Enfermagem, Pediatria e em Residências de saúde da família,
saúde da criança e na Estratégia de Saúde da Família.
Descritores: Desenvolvimento infantil, Atenção Primária à Saúde, Saúde da Família,
Enfermagem; Educação em Saúde.
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Abstract
Abstract
The systematic follow-up of neuropsychomotor development during the first two years of life
is of fundamental importance, as this is the period infant’s best answer to environmental
stimulation, thus guaranteeing their adequate development or timely recovery from a delay. It
is noticed that nurses are not prepared to conduct developmental surveillance, as their
consultation is far more directed to growth follow-up, to the detriment of the
neuropsychomotor assessment. This thesis aimed to implement and assess the impact
produced by a training program in developmental surveillance within the context of the
Integrated Management of Childhood Illness (IMCI), directed to nurses and to assess the ease
or difficulty experienced by them during the application of this educational intervention.
Initially, it was conducted a before-after quasi-experimental study with a sample of 45 nurses
who work in the Family Health Units of the 3rd Health District of the city of João Pessoa,
Paraíba State, and 225 mothers of under two years old infants. The intervention consisted of
the holding of training workshops with the nurses on infant developmental surveillance. The
Manual on Infant Developmental Surveillance within the context of IMCI was used as a
reference for the training. Data collection was undertaken between November 2008 and April
2009, in three stages: the first corresponded to the assessment of child developmental
surveillance conducted by nurses. The mothers were also interviewed after their children had
been attended by the respective nurse. In the second stage a pre-test was applied to the nurses
to assess their prior knowledge of child development. In the third stage, these same
instruments were again applied for nurses and mothers four months after the training course.
At this moment there was a significant 1.2 point increase in the mean number of corrected
answers to the questions on developmental milestones. The practices related to developmental
surveillance increased from 80% to 91%. All the nurses asked mothers´ opinion on the
development of their children and there was also an increase in the use of standardized
instrument for the assessment of development. All nurses said they advised the mothers on
how to stimulate the development of their child. Later, a study was conducted from May to
June 2009, using a qualitative approach with eleven nurses who took part in the workshops
for developmental surveillance training. Data were analyzed on the basis of Content Analysis
methodology, using the theme modality. Three thematic nuclei were identified: points which
made the application of the acquired knowledge difficult; facilitating points provided by the
course, and the transformation of the nurses´ practice on the basis of the knowledge acquired
during the training course. It was concluded that the educational intervention proved to be
effective, leading to the transformation of the nurses´ practices on the basis of the inclusion of
infant developmental surveillance in the actions carried out within the Family Health Strategy.
We recommend that the material used in this intervention should be incorporated into the
Nursing and Pediatrics undergraduate teaching and in the Family Health internships, as well
as in the Family Health Strategy.
Key-words: Infant Development, Primary Health Care, Family Health, Nursing, Health
Education.
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Lista de Figura e Tabelas
Lista de Figura e Tabelas
Figura 1
Abordagem metodológica
51
Tabela 1
Características sociodemográficas da família, reprodutivas maternas
e biológicas das crianças, antes e após a intervenção
69
Avaliação
dos
conhecimentos
dos
enfermeiros
desenvolvimento infantil antes e após a intervenção
70
Tabela 2
Tabela 3
Tabela 4
sobre
Informações dos enfermeiros sobre práticas de vigilância do
desenvolvimento infantil antes e após a intervenção
71
Informações maternas sobre práticas de vigilância do
desenvolvimento infantil realizadas pelos enfermeiros antes e após a
intervenção
72
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Lista de Abreviaturas
Lista de Abreviaturas
ECA
- Estatuto da Criança e do Adoelescente
USF
- Unidade de Saúde da Família
ESF
- Estratégia de Saúde da Família
AAP
- Academia Americana de Pediatria
AIDPI
- Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância
OPAS
- Organização Panamericana de Saúde
PACS
- Programa de Agente Comunitário de Saúde
NASF
- Núcleo de Apoio à Saúde da Família
CAIS
- Centro de Atenção Integral à Saúde Especializada
CAPS
- Centro de Atenção Psicossocial
EPS
- Educação Permanente em Saúde
SUS
- Sistema Único de Saúde
SPSS
- Statistical Package for the Social Sciences
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Sumário
Sumário
1
APRESENTAÇÃO
16
2
2.1
2.2
2.2.1
2.2.2
2.2.3
2.2.4
2.2.5
2.3
REVISÃO DA LITERATURA
Considerações iniciais
Vigilância em saúde e do desenvolvimento infantil
Vigilância do desenvolvimento infantil na Estratégia de Saúde da Família
Vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da AIDPI
Instrumentos de triagem do desenvolvimento infantil
O papel do enfermeiro na vigilância do desenvolvimento infantil
Razões para a não realização rotineira da vigilância do desenvolvimento
Programas de intervenção voltados para a vigilância do
desenvolvimento infantil
Capacitação dos profissionais de saúde
Educação continuada e permanente na área da saúde
Impacto da capacitação nas ações dos profissionais de saúde
Teoria construtivista da aprendizagem significativa de David Ausubel
21
21
23
25
27
28
31
33
36
2.4
2.4.1
2.4.2
2.4.3
3
MÉTODOS
3.1
Local do estudo
3.2
Artigo 1: Estudo Quantitativo
3.2.1
Intervenção: descrição da capacitação
3.2.1.1 Conteúdo programático das oficinas de capacitação em vigilância do
desenvolvimento infantil
3.2.2
Operacionalização das oficinas de capacitação
3.2.3
Avaliação
3.2.3.1 Avaliação das práticas dos enfermeiros relacionadas à vigilância do
desenvolvimento infantil
3.2.3.2 Entrevista com as mães sobre as práticas de vigilância do
desenvolvimento realizadas pelo enfermeiro
3.2.3.3 Avaliação dos conhecimentos dos enfermeiros sobre desenvolvimento
infantil
3.2.3.4 Reavaliação dos enfermeiros e mães
3.2.4
Processamento e análise estatística
38
39
42
45
51
52
53
53
54
54
55
55
56
56
56
57
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Sumário
3.3
3.3.1
3.3.2
3.4
Artigo 2: Estudo Qualitativo
Coleta dos dados empíricos
Processamento e análise dos dados
Considerações éticas
57
57
58
59
4
ARTIGO ORIGINAL 1
Impacto de uma intervenção educativa com enfermeiros para vigilância do
desenvolvimento de lactentes
61
Resumo
Abstract
Métodos
Resultados
Discussão
Referências
61
61
63
67
72
76
ARTIGO ORIGINAL 2
Avaliação da implementação de uma intervenção educativa em vigilância
do desenvolvimento infantil com enfermeiros
80
Resumo
Abstract
Resúmen
Introdução.
Objetivo
Método
Resultados
Temática 1: Pontos dificultadores para aplicar os conhecimentos
adquiridos
Temática 2: Pontos facilitadores proporcionados pelo curso
Temática 3: Transformação da prática a partir dos conhecimentos
adquiridos
Discussão
Conclusões
Referências
80
80
81
81
82
83
84
6
CONSIDERAÇÕES FINAIS
97
7
REFERÊNCIAS
5
85
87
89
90
92
93
100
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Sumário
8
APÊNDICES
115
Apêndice A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos
enfermeiros para coleta de dados quantitativos.
Apêndice B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido das mães.
Apêndice C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos
enfermeiros para coleta de dados qualitativos.
Apêndice D - Formulário de coleta de dados sobre práticas de vigilância
do desenvolvimento com enfermeiros.
Apêndice E – Formulário de coleta de dados das mães.
Apêndice F – Formulário de coleta de dados sobre conhecimentos dos
enfermeiros.
Apêndice G – Roteiro de entrevista qualitativa.
9
ANEXOS
Anexo A – Certidão de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.
Anexo B – Instruções para Publicação no Journal of Developmental and
Behavioral Pediatrics.
Anexo C - Instruções para Publicação na Revista da Escola de
Enfermagem da USP.
Anexo D - Confirmação de Submissão do Artigo Original 2 a Revista da
Escola de Enfermagem da USP
129
CAPÍTULO I
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Apresentação
16
1 Apresentação
Os primeiros anos de vida são essenciais no processo de formação da saúde física e
mental do ser humano, pois é na infância que o crescimento e o desenvolvimento ocorrem em
ritmo intenso, do ponto de vista biológico, psicossocial e emocional, sendo esta fase
vulnerável à influência tanto de fatores de risco, como de proteção. Por esse motivo, é
necessário priorizar programas voltados para a promoção da saúde infantil que estimulem as
famílias a participar ativamente do cuidado à criança e adotar estilos de vida saudáveis. Essas
são ações efetivas, que podem diminuir o impacto de acontecimentos negativos que as
crianças possam vir a sofrer (ERDMANN; SOUSA, 2009).
Na infância é comum surgirem agravos à saúde, sendo as alterações no
desenvolvimento neuropsicomotor, como distúrbios ou incapacidades cognitivas, de
linguagem, psicossocial, comportamental ou motora, considerados problema de saúde pública
em todo o mundo, por terem potencial para tornar o indivíduo menos produtivo no futuro
(ERTEM et al., 2009). Por isso, a identificação precoce de problemas no desenvolvimento
neuropsicomotor é um desafio para os profissionais de saúde, visto que existem alterações de
difícil detecção nos primeiros anos de vida, sendo apenas evidenciadas quando a criança está
na fase escolar. Isso porque é nesse momento em que a criança aprende a ler, escrever e
desenvolver outras tarefas complexas que requerem habilidades cognitivas e comportamentais
emergentes a partir dessa fase da vida. Por outro lado, crianças com problemas detectados
precocemente e encaminhadas para intervenção têm maiores possibilidades de reversão do
problema e, consequentemente, de apresentar desenvolvimento satisfatório com repercussões
futuras como bom rendimento escolar, vida independente, capacidade no trabalho, menor
risco de gravidez na adolescência e de delinquência (LUNG et al., 2010; WILLIAMS;
HOLMES, 2004).
Como estratégia para promover o desenvolvimento infantil saudável, vários países
estão redefinindo o cuidado em saúde e se empenhado em monitorar o desenvolvimento de
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Apresentação
17
crianças pequenas. Isso se tornou mais evidente com a redução da mortalidade infantil em
países em desenvolvimento, o que motivou o interesse em utilizar modelos que otimizem o
desenvolvimento infantil e que reduzam suas alterações. Portanto, países que investem na
saúde das crianças, além de contribuírem para a defesa dos direitos humanos universais,
trilham um eficiente percurso socioeconômico em busca de um futuro promissor (ERTEM et
al., 2008; UNICEF, 2007).
No Brasil, em 1990, foi promulgado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
assegurando legalmente a saúde como direito da criança e sua promoção como dever do
Estado e da sociedade. Portanto, o acompanhamento do desenvolvimento infantil é direito de
toda criança, o qual lhe assegura o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social,
em condições de liberdade e de dignidade. Entretanto, a realidade do País não reflete ainda
essa consciência sobre os direitos das crianças, isso porque o Brasil ainda mantém uma grande
parte de suas crianças vivendo em situação de vulnerabilidade e exclusão social (UNICEF,
2010; BRASIL, 1991).
Diante dessa realidade, o presente estudo propõe uma nova forma de acompanhamento
de crianças menores de dois anos que frequentam as Unidades de Saúde da Família (USF),
porque, apesar de o modelo de atenção básica na saúde da criança estar em consonância com a
Estratégia de Saúde da Família (ESF), que possibilita à equipe uma compreensão ampliada do
processo saúde-doença e das necessidades de intervenção para além das curativas, falta aos
enfermeiros que atuam nas USF um esquema metodológico de acompanhamento do
desenvolvimento neuropsicomotor infantil adequado para o atendimento sistemático da
criança na atenção primária à saúde (VASCONCELOS et al., 2009; MELLO et al., 2009).
Esse aspecto foi constatado, na prática, em atividades de preceptoria com alguns
enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família do município de João Pessoa, onde se percebeu
que a consulta de puericultura estava mais dirigida para a aferição do peso, verificação do
esquema de vacinação e orientação nutricional, enquanto que a avaliação do desenvolvimento
neuropsicomotor infantil não era realizada. A partir daí, surgiu a necessidade de capacitar
enfermeiros para o acompanhamento do desenvolvimento infantil, como uma forma de tentar
reduzir esse problema e proporcionar melhor qualificação profissional, por acreditarmos que
pequenas iniciativas levam a grandes mudanças.
Diante do exposto, acredita-se que um programa de capacitação em vigilância do
desenvolvimento nos primeiros dois anos de vida, ministrado aos enfermeiros que atuam na
Estratégia de Saúde da Família, levará a um aumento do conhecimento desses profissionais e
da frequência da avaliação do desenvolvimento infantil na consulta do lactente. Isso porque a
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Apresentação
18
consulta realizada pelo enfermeiro poderá ser mais efetiva se forem estabelecidas rotinas e se
este tiver conhecimento do que não pode deixar de ser avaliado e orientado, e se for
desenvolvida uma relação de confiança, paciência e carinho com a criança e sua família
(MOITA; QUEIROZ, 2005).
Acredita-se que, com essa iniciativa, seja possível aperfeiçoar o atual modelo
assistencial à saúde da criança no município de João Pessoa, mais especificamente na
Estratégia de Saúde da Família, no sentido de potencializar o uso dos recursos existentes,
visando qualificar a atenção prestada. Para isso, é necessário que o cuidado à saúde da criança
esteja pautado no princípio da integralidade, compreendendo o desenvolvimento das ações de
prevenção e assistência aos agravos como objetivos para além da redução da mortalidade
infantil, numa perspectiva que possibilite à criança crescer e desenvolver-se com todo o seu
potencial (NASCIMENTO; MADUREIRA; AGNE, 2008).
Esta tese se insere na linha de pesquisa de Crescimento e Desenvolvimento do
Programa de Pós-graduação em Saúde da Criança e do Adolescente, sendo estruturada em
seis capítulos, cujo primeiro consiste na apresentação do conteúdo da tese, o segundo na
revisão de literatura sobre aspectos relacionados à vigilância do desenvolvimento infantil e
processos educativos voltados para o profissional de saúde, a partir de artigos científicos
indexados nos bancos de dados LILACS, SciELO e MEDLINE, como também, teses e
dissertações,
utilizando-se
os
descritores:
desenvolvimento
infantil,
vigilância
do
desenvolvimento infantil, triagem do desenvolvimento, programa de saúde da família,
programa de intervenção, intervenção educativa, educação permanente em saúde e
aprendizagem significativa.
O terceiro capítulo corresponde ao caminho metodológico percorrido para a realização
dos dois artigos originais.
O quarto capítulo trata de um artigo original cujo objetivo foi implementar e avaliar o
impacto de um programa de capacitação em vigilância do desenvolvimento infantil na
consulta à criança menor de dois anos de idade, realizado por enfermeiros vinculados à
Estratégia de Saúde da Família no Distrito Sanitário III de João Pessoa – PB. Este artigo se
intitula Impacto de uma intervenção educativa em vigilância do desenvolvimento de lactentes,
e será submetido para publicação no Journal of Developmental and Behavioral Pediatrics1.
O quinto capítulo trata do segundo artigo original, com abordagem qualitativa, que
teve como objetivo avaliar as dificuldades e facilidades enfrentadas durante o processo de
1
Normas no anexo B
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Apresentação
19
implementação da intervenção educativa sobre vigilância do desenvolvimento infantil com
enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família. Este artigo é intitulado Avaliação da
implementação de uma intervenção educativa em vigilância do desenvolvimento infantil com
enfermeiros e será submetido para publicação na Revista da Escola de Enfermagem da USP2.
O último capítulo tece considerações sobre os achados destes estudos e faz algumas
sugestões para a inclusão de conteúdos que priorizem questões voltadas para a vigilância do
desenvolvimento infantil no ensino de graduação em Enfermagem e pós-graduação, a
exemplo das residências de saúde da família, Pediatria e em saúde da criança. Também
destaca a necessidade de desenvolvimento de pesquisas futuras e melhoramento da assistência
à criança menor de dois anos, considerando que o êxito de um programa de capacitação
contempla um contexto multifacetado que envolve toda uma estrutura pessoal e
organizacional.
2
Normas no anexo C
CAPÍTULO II
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Revisão da Literatura
21
2 Revisão da Literatura
2.1 Considerações iniciais
A saúde integral da criança alcançou uma dimensão relevante na sociedade, levando a
uma preocupação sobre a forma como as crianças estão crescendo e se desenvolvendo. O
desenvolvimento neuropsicomotor infantil adequado pode ser considerado um elemento
básico para a saúde da população em geral, tendo impacto futuro até no desenvolvimento
econômico de uma nação. Este último é explicado pelo fato de que crianças que não atingem
seu potencial para o desenvolvimento provavelmente se tornarão adultos pouco produtivos
economicamente (GRANTHAM-MCGREGOR et al., 2007). Além disso, o desenvolvimento
infantil é um processo multifacetado, com múltiplos fatores protetores e de risco, indicando
mais a situação de saúde de uma determinada comunidade do que os indicadores de morbimortalidade (MOLINARI; SILVA; CREPALDI, 2005).
A promoção da saúde integral da criança, o desenvolvimento das ações de prevenção
aos seus agravos e a redução da mortalidade infantil apontam para o compromisso de se
prover qualidade de vida para a criança, ou seja, que ela possa crescer e desenvolver todo o
seu potencial (BRASIL, 2005a). Assim, torna-se imprescindível a promoção do
desenvolvimento neuropsicomotor saudável, pois, apesar de não haver dados exatos sobre as
taxas de seu atraso em países em desenvolvimento, milhões de crianças apresentam
dificuldades
em
alcançar
seu
desenvolvimento
satisfatoriamente
(GRANTHAM-
MCGREGOR et al., 2007).
Em países em desenvolvimento, a prevalência dos transtornos psicomotores é
estimada entre 12 e 16%, número este que aumenta significativamente ao incorporar
problemas do comportamento e dificuldades escolares. Devido à mudança no perfil
epidemiológico e biodemográfico ocorrido na população e com o aumento da sobrevida de
crianças portadoras de doenças crônicas, vislumbra-se um aumento da prevalência de crianças
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Revisão da Literatura
22
com déficit no desenvolvimento e com necessidades especiais (SCHONHAUT; ROJAS;
KAEMPEFER, 2005).
Diante dessa realidade, a intervenção precoce em crianças com problemas no
desenvolvimento neuropsicomotor apresenta benefícios tanto com relação ao custo com a
saúde, como também, com prognóstico mais favorável devido à maior chance de se obter
sucesso quando esta se inicia precocemente. Isso acontece devido à intensa plasticidade do
cérebro humano nos primeiros anos de vida, tornando-se um período crítico para o
desenvolvimento cerebral, pelo fato deste ser sensível e estar mais susceptível a sofrer
influências positivas ou negativas das experiências vivenciadas pela criança. Portanto, esse é
o período ideal para intervir no sentido de prevenir problemas no desenvolvimento
(WILLRICH; AZEVEDO; FERNANDES, 2008; WILLIAMS; HOLMES, 2004).
Sendo assim, a evolução das crianças com alterações no desenvolvimento
neuropsicomotor poderia ser melhorada pelo diagnóstico e intervenção precoces. Quanto mais
cedo iniciar a estimulação, maior será o aproveitamento da plasticidade cerebral, e,
consequentemente, menor serão as chances de apresentarem alterações no seu
desenvolvimento. Por esse motivo, a Academia Americana de Pediatria (AAP) preconiza a
identificação de crianças com atraso do desenvolvimento antes de dois anos de idade
(HERNÁNDEZ-MUELA;
MULAS;
MATTOS,
2004;
MIRANDA;
RESEGUE;
FIGUEIRAS, 2003).
O desenvolvimento neuropsicomotor é de difícil mensuração por ser um processo
dinâmico e pelo fato de os marcos serem complexos e inter-relacionados. Por isso, uma
avaliação simples, apenas de uma habilidade e realizada num momento estanque, poderá não
detectar atrasos e desvios que surjam ao longo da infância ou detectar alterações transitórias,
sem significado clínico. Portanto, é importante a realização de avaliações sistematizadas do
desenvolvimento para constatar se a criança está se desenvolvendo adequadamente ou se as
observações encontradas são preocupantes, definindo diagnósticos e elaborando planos
amplos e interdisciplinares de intervenção (AAP, 2001).
As ações voltadas para a promoção da saúde infantil devem ir além de ações
específicas baseadas nos indicadores de morbimortalidade. É preciso promover o
desenvolvimento neuropsicomotor saudável em vários aspectos e de forma mais ampla,
considerando a saúde física e mental da criança de forma integrada, devendo observar a
influência do ambiente físico e social, porque é nele que a criança se estrutura como um ser
individual e social (SILVA; SANTOS; GONÇALVES, 2006).
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Revisão da Literatura
23
Promover o desenvolvimento infantil pressupõe ir além da aplicação de escalas de
desenvolvimento neuropsicomotor, baseadas no desempenho das crianças. São necessárias
ações articuladas que atendam às amplas possibilidades de estímulos saudáveis às crianças,
através do aumento do conhecimento dos profissionais e das mães, como também de práticas
adequadas ao estabelecimento de relações de afeto. Estas potencializam as oportunidades de
aprendizagem e aos cuidados com a saúde e proteção das crianças, pois o que elas vivenciam
neste período tem impacto para toda a vida (UNICEF, 2004).
Esta revisão abordará inicialmente o papel do enfermeiro na vigilância do
desenvolvimento infantil e as razões para a não realização rotineira deste procedimento, os
instrumentos de triagem do desenvolvimento e a vigilância do desenvolvimento infantil no
contexto da Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI) e da Estratégia
Saúde da Família. Em seguida, apresentamos aspectos sobre a educação continuada e
permanente, seu impacto na capacitação de profissionais na área de saúde e considerações
sobre a teoria construtivista da aprendizagem significativa de Ausubel. Finalmente,
apresentamos os resultados de alguns programas de intervenção voltados para melhorar a
vigilância do desenvolvimento infantil.
2.2 Vigilância em saúde e do desenvolvimento infantil
Com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), surge um novo modelo de
atenção à saúde, cujas ações se deslocam do foco do tratamento e cura, voltando-se para a
promoção da saúde e prevenção de doenças. Com isso, a vigilância em saúde torna-se um eixo
reestruturante, no qual os problemas de saúde passam a ser analisados e enfrentados de forma
integrada, considerando os determinantes sociais, os riscos ambientais, epidemiológicos e
sanitários associados e os desdobramentos, em termos de doença. O processo de prestação de
serviços se desloca do eixo da recuperação da saúde de indivíduos doentes para a prevenção
de riscos e agravos e promoção da saúde das pessoas e dos grupos populacionais, o que
implica enfocar os problemas de saúde e seus determinantes. Esse modelo de atenção à saúde
propõe que o indivíduo seja o objetivo final das ações de saúde, não sendo considerado
isoladamente, mas como parte da família, da comunidade e do ambiente social. Ou seja,
qualquer ação de saúde que se pretenda realizar deverá incidir sobre este conjunto (CAMPOS,
2003; TEIXEIRA, 2002).
A dimensão das ações de vigilância em saúde é tamanha, ao ponto de mudar as
práticas dos profissionais. Isso porque, com a ampliação do conceito de assistência à saúde,
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Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Revisão da Literatura
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decorrente da vigilância em saúde, surge um novo elemento que é a determinação social do
processo saúde-doença e a educação em saúde como um dos pilares da vigilância/promoção
da saúde, considerando que, na medida em que aumenta a consciência do cuidado em saúde
dos cidadãos, intensificam a participação dos mesmos na definição de prioridades. Com isso,
surge uma nova relação do profissional de saúde com cada usuário do serviço, viabilizando
canais de informações capazes de torná-los sujeitos ativos na promoção e proteção de sua
saúde (ALVES, 2006; CAMPOS, 2003).
No programa de vigilância em saúde da criança, a atuação do profissional deve ser
integral, e a ideia central deve ser a de não perder oportunidades de atuação, seja na
prevenção, como na promoção e/ou assistência, mantendo o vínculo com a família e
estimulando a responsabilidade contínua e conjunta (serviço e família) na atenção à criança.
Vários programas fazem parte do modelo de vigilância à saúde da criança, como o de
imunização, a detecção de abusos e violência contra a criança, o monitoramento do
crescimento e de algumas doenças crônicas, a promoção da saúde e de hábitos de vida
saudáveis, além da vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor. Esta última compreende
todas as atividades relacionadas à promoção do desenvolvimento normal e à detecção de
problemas no desenvolvimento durante a atenção primária à saúde da criança. É um processo
contínuo, flexível, envolvendo informações dos profissionais de saúde, pais, professores e
outros (HALL; BLAIR, 2006; FIGUEIRAS et al, 2005; BRASIL, 2005a).
As ações de vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor consistem em ouvir o
que os pais têm a dizer sobre o desenvolvimento da criança, pela importância que estes têm
com relação à fidedignidade das informações sobre o desenvolvimento dos seus filhos, manter
um registro da história do seu desenvolvimento, realizar sistematicamente exame físico e
avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor de maneira minuciosa, identificar a presença de
fatores de risco e registrar todos os procedimentos realizados na criança e os achados das
consultas (AAP, 2006).
Um dos pilares da vigilância do desenvolvimento infantil é a identificação de fatores
de risco para alteração no desenvolvimento neuropsicomotor. Os fatores considerados de
risco, dentre outros incluem: prematuridade, baixo peso ao nascer, desmame precoce e
desnutrição infantil, intercorrências neonatais (RESSEGUE; COLLUCCI, 2005; BRASIL,
2002). Por outro lado, crianças biologicamente saudáveis também podem ter o
desenvolvimento influenciado negativamente por fatores de risco ambientais relacionados às
condições de habitação, desigualdade social, analfabetismo, desemprego e baixos salários dos
pais, violência doméstica e urbana, grandes concentrações de pessoas nas cidades, mães
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Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Revisão da Literatura
25
solteiras, perda de autoridade dos pais, desintegração da família (separação, emigração,
morte), uso de drogas, nascer numa família numerosa com mais de cinco filhos, famílias que
só têm pai ou mãe, ser uma criança indesejada (NASCIMENTO; MADUREIRA; AGNE,
2008; SÁNCHEZ, 2007; OPAS, 2003).
Para que as ações de vigilância do desenvolvimento sejam eficazes, é necessária
também a referência das crianças com sinais de anormalidade para serviços especializados, a
fim de que possa haver intervenção do problema o mais precocemente possível. Para isso, a
equipe que atua na atenção à saúde infantil deverá conhecer os aspectos mais relevantes do
desenvolvimento e estar preparada para fazer algumas intervenções, se necessário, mas
principalmente identificar com clareza aquelas crianças que devem ser referidas para
tratamento especializado (BRASIL, 2002).
A Academia Americana de Pediatria (2001) recomenda que, para haver uma vigilância
do desenvolvimento eficaz, é necessário que o profissional que atenda a criança siga os
seguintes
passos:
a)
manter
os
conhecimentos
atualizados
sobre
avaliação
do
desenvolvimento, fatores de risco, técnicas de triagem, recursos na comunidade para
acompanhar a criança, tais como serviço de estimulação precoce, escolas e outros programas
comunitários para referência e intervenção da criança com alterações no desenvolvimento; b)
ter habilidade na administração e interpretação de técnicas de triagem do desenvolvimento,
apropriada para a população; c) desenvolver estratégias para realizar periodicamente a triagem
do desenvolvimento no contexto da atenção primária em saúde, incluindo o reconhecimento
de sinais de anormalidade da criança durante uma consulta de rotina; d) reconhecer os fatores
de risco na criança, sempre buscando dados familiares na consulta de rotina; e) realizar a
triagem do desenvolvimento em todas as crianças consultadas na puericultura; f) apresentar os
resultados da triagem aos pais da criança, usando linguagem apropriada para a família e
referir toda criança com problemas no desenvolvimento, no tempo apropriado, para serviços
de estimulação precoce ou outro programa disponível na comunidade.
2.2.1 Vigilância do desenvolvimento infantil na Estratégia de Saúde da Família
As ações de vigilância do desenvolvimento infantil devem ser realizadas mais
efetivamente pelos profissionais que atuam na atenção básica, especificamente na Estratégia
de Saúde da Família, isso porque a identificação precoce de atrasos no desenvolvimento
neuropsicomotor são ações inerentes dos cuidados primários em saúde. Para o Ministério da
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Revisão da Literatura
26
Saúde, a atenção básica envolve ações de promoção e proteção a agravos, desenvolvidas por
equipes orientadas a resolver os problemas de saúde de maior prevalência e incidência na
região. A estratégia de saúde da família é considerada sua principal ação no âmbito dos
sistemas públicos (RIBEIRO et al., 2010; AAP, 2006).
Apoiado nos preceitos da atenção básica de saúde, a Estratégia de Saúde da Família,
implantada no Brasil em 1994 com o nome Programa de Saúde da Família, surge com uma
proposta de modificar e expandir o acesso da população aos serviços, reorientando as práticas
de saúde em coerência com a abordagem da vigilância da saúde, conferindo integralidade à
atenção e tornando-se a porta de entrada do sistema. Ou seja, o principal propósito da
Estratégia de Saúde da Família era a organização da prática à saúde, substituindo o modelo
tradicional, por um modelo que se aproximasse mais das famílias, a fim de que houvesse
melhoria na qualidade de vida e saúde dos brasileiros (RONCALLI; LIMA, 2006; BRASIL,
2001).
Esta estratégia propõe a atenção centrada nos princípios da vigilância da saúde com as
ações de caráter individual e coletivo, enfatizando a promoção e prevenção, sem descuidar do
tratamento e da reabilitação, atendendo ao indivíduo de forma integral e buscando a
resolubilidade dos seus problemas de saúde (SLOMP et al., 2007; LIMA; ALVES; FRANCO,
2007; ALVES, 2006).
Nesse cenário encontra-se o enfermeiro com ações fundamentais para a melhoria dos
indicadores de saúde da criança, ampliação do vínculo com as famílias, comunidade e
inovação das práticas de saúde. Essas ações estão fundamentadas nas linhas de cuidados à
criança menor de seis anos, destacadas pelo Ministério da Saúde como ações prioritárias, as
quais devem ser realizadas em sua plenitude. São elas a promoção do nascimento,
crescimento, desenvolvimento e alimentação saudável, com enfoque prioritário para a
vigilância à saúde das crianças de maior risco e cuidado às doenças prevalentes. São
abordadas também outras temáticas, a exemplo da saúde bucal e violência contra criança
(MELLO et al., 2009; SLOMP et al., 2007; BRASIL, 2005a).
Segundo a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (2002), na Estratégia de Saúde da
Família, o enfermeiro é o profissional que monitoriza a evolução da criança, apoia e orienta a
família numa relação interacional, compreendendo e lidando com os efeitos de determinantes
culturais, sociais e ambientais e intervindo de forma apropriada para manter a criança
saudável.
Portanto, esta estratégia pode proporcionar a vigilância do desenvolvimento infantil,
uma vez que atende o indivíduo como singular e parte integrante de um contexto mais amplo
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que envolve a família e comunidade. Sendo assim, os profissionais de saúde deverão estar
aptos para identificar crianças com alterações no desenvolvimento e encaminhá-las para
tratamento especializado (BRASIL, 2002).
2.2.2 Vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da AIDPI
A estratégia de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância tem sido
considerada de grande importância na redução da morbimortalidade de crianças menores de
cinco anos de idade, sendo provavelmente a intervenção que mais impacto tem causado para
reduzir as oportunidades perdidas na consulta à criança (PERIAGO, 2003).
Tem como objetivo diminuir a mortalidade em menores de cinco anos, causada pelas
doenças prevalentes e que podem ser evitadas ou tratadas a partir da avaliação, classificação,
tratamento, seguimento e orientações à família para o cuidado com a criança no domicílio. É
considerada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) como a mais eficiente
ferramenta para melhorar a condição de saúde da criança e não só contribuir diretamente na
redução de óbitos e vários episódios das doenças, mas fortalecer a capacidade do profissional
de saúde, da família e de toda a comunidade para prestar os cuidados necessários ao
crescimento e desenvolvimento saudável das crianças (OPAS, 2001).
Diante dos vários casos de crianças com atraso do desenvolvimento sem diagnóstico
e de outras sendo encaminhadas tardiamente para os serviços de estimulação precoce para
tratamento especializado, a OPAS optou por implantar o Programa de Vigilância do
Desenvolvimento Infantil na atenção primária à saúde no contexto da AIDPI, a fim de
estimular o profissional a avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor da criança menor de
dois anos. Para isso, foi elaborado um instrumento para capacitação dos profissionais de saúde
da atenção básica sobre desenvolvimento infantil, utilizando a metodologia da AIDPI
(SANTOS et al., 2002).
O conteúdo de vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da AIDPI aborda
temas referentes à importância da identificação de fatores de risco para o atraso do
desenvolvimento infantil; define os marcos para avaliação do desenvolvimento de crianças
por faixa etária, ou seja, menores de dois meses e de dois meses a dois anos de idade; sugere
critérios para classificar o desenvolvimento e condutas a serem adotadas; e orienta as mães
para a promoção do desenvolvimento infantil saudável (FIGUEIRAS et al., 2005; OPAS,
2005).
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Dessa forma, a incorporação da vigilância do desenvolvimento infantil como parte da
AIDPI vem corresponder ao compromisso ético de trabalhar simultaneamente pela
sobrevivência da população infantil e permitir uma melhor oportunidade para a criança
alcançar seu máximo potencial para crescer e se desenvolver efetivamente (BENGUIGUI,
2005). Portanto, o êxito desta estratégia está relacionado à possibilidade de aperfeiçoar
mecanismos que permitam estabelecer uma relação construtiva entre o profissional de saúde e
a família, no sentido de compreender e aplicar medidas adequadas para a redução de
problemas de saúde da criança e promoção do desenvolvimento saudável, fazendo com que as
mães assumam essas medidas com participação responsável (VERÍSSIMO et al., 2002).
2.2.3 Instrumentos de triagem do desenvolvimento infantil
Apesar da importância da observação dos pais na detecção de problemas no
desenvolvimento da criança, é fundamental que o desenvolvimento neuropsicomotor seja
avaliado por profissionais qualificados e que esta avaliação seja feita utilizando testes de
triagem com procedimentos simples, padronizados e confiáveis, bem como, apropriados para
a população que está sendo atendida. A triagem do desenvolvimento é uma das ferramentas
utilizadas para identificar precocemente crianças aparentemente normais, mas que podem
apresentar desvios e necessitar de uma avaliação mais minuciosa, tendo como foco crianças
menores de dois anos de idade (BLAIR; HALL, 2006; FRANKENGURG, 2002; AAP, 2001).
O monitoramento sistemático do desenvolvimento infantil por meio de uma
metodologia simples, de baixo custo e facilmente aplicada por profissionais da rede pública
de saúde, pode constituir um meio importante de detecção precoce de desvios do
desenvolvimento, sendo sua implantação viável na Estratégia de Saúde da Família como
forma de realizar a vigilância do desenvolvimento infantil. Em países desenvolvidos, o
monitoramento das crianças, através da vigilância do desenvolvimento infantil nos serviços de
atenção primária à saúde, está sendo considerada como excelente estratégia para a detecção
precoce e manejo de crianças com distúrbios do desenvolvimento (AMORIM et al., 2009;
ERTEM et al., 2008; MOUSMANIS; WATSON, 2008).
Nos países da União Européia, o Programa de Saúde da Criança recomenda a
vigilância do desenvolvimento infantil em todos os encontros dos profissionais de saúde com
a criança. A filosofia deste programa defende que, como não existe consenso internacional
quanto a um método eficaz de monitoramento que inclua a avaliação do desenvolvimento
neurológico, intelectual, de linguagem e social, a vigilância é o método que melhor
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acompanha o desenvolvimento infantil por ser flexível, contínuo e deve incluir observações
dos pais, professores e outros profissionais (KÖLER; RIGBY, 2003).
A Academia Americana de Pediatria recomenda que a vigilância do desenvolvimento
seja incorporada à consulta de puericultura, com utilização de teste de triagem para o
desenvolvimento a ser aplicado aos nove, dezoito e trinta meses, podendo este último ser
antecipado para 24 meses, caso o profissional perceba que a mãe não irá comparecer com a
criança aos trinta meses (AAP, 2006).
No Brasil, a recomendação do Ministério da Saúde é que a criança, durante os dois
primeiros anos de sua vida, seja avaliada em consulta de puericultura aos quinze e trinta dias,
dois, quatro, seis, nove, doze, dezoito e 24 meses, e que cada contato desta com o serviço de
saúde, independente do fato ou queixa que o motivou, seja visto como oportunidade para
realização de uma avaliação integrada e preditiva de sua saúde (BRASIL, 2002).
A utilização de instrumentos de triagem nessas situações é importante porque, quando
o profissional que atende a criança usa apenas o exame clínico ao invés de uma avaliação com
instrumento padronizado, corre o risco de estimar o seu desenvolvimento de forma imprecisa.
Por esse motivo, a triagem do desenvolvimento ajuda a aumentar a precisão do processo de
vigilância do desenvolvimento. Os benefícios da triagem e vigilância do desenvolvimento não
estão limitados à criança com problemas no desenvolvimento, mas beneficia todas as
crianças, e também os profissionais, por ser um guia antecipatório da condição de saúde da
criança (EARLS; SHACKELFORD, 2006; AAP, 2006).
Não existe um teste de triagem de desenvolvimento apropriado para todas as crianças e
idades, mas sim, uma variedade de testes que abordam aspectos gerais do desenvolvimento, e
outros que avaliam aspectos mais específicos, como habilidades motoras ou linguagem.
Assim, a escolha do teste vai depender da população e do tipo de problema a ser avaliado e o
tempo gasto para aplicar o teste. Esses testes facilitam e auxiliam o profissional tanto na
triagem e diagnóstico, quanto no planejamento e condução do tratamento, caso alguma
anormalidade seja detectada. Portanto, um instrumento de avaliação do desenvolvimento
válido, confiável e de fácil aplicação é de fundamental importância para a detecção precoce de
desvios do desenvolvimento neuropsicomotor da criança (LUNG et al., 2010; VIEIRA;
RIBEIRO; FORMIGA, 2009; AAP, 2006).
Sabe-se que os profissionais que atuam na Estratégia de Saúde da Família dispõem de
pouco tempo para a consulta à criança devido à grande demanda de atendimento, sendo assim,
faz-se necessário que o teste a ser escolhido seja tanto preciso quanto rápido e simples de ser
aplicado. Portanto, a rapidez e o baixo custo são essenciais, requerendo a utilização de
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instrumento de fácil aplicabilidade, que seja agradável para a criança e bem aceito pelas
famílias. Testes extensos dificultam a avaliação do desenvolvimento, não só pelo tempo gasto,
como pela maior demanda de conhecimentos na sua aplicação, e, por serem cansativos para a
criança, podem levar a recusas e falhas no desempenho de itens que esta é capaz de realizar
(SOUZA et al., 2008; DRACHLER, 2000).
O instrumento proposto para a vigilância do desenvolvimento no contexto da Atenção
às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI) avalia a criança através de informações sobre os
fatores de risco, a opinião das mães sobre o desenvolvimento de seus filhos, verificação do
perímetro cefálico e observação de alterações fenotípicas ao exame físico, como também,
observação de algumas posturas, comportamentos e reflexos presentes em determinadas
faixas etárias e se a criança realiza ou não as habilidades esperadas para sua faixa etária. Com
esses dados, o profissional classifica o desenvolvimento e decide qual a conduta a ser adotada,
se orienta a mãe a estimular a criança e retornar para reavaliação ou se a refere para um
serviço de estimulação precoce. A escolha da avaliação desses aspectos mencionados
baseou-se nas escalas de Bayley, Frankenburg e Dodds (Denver II), Gesell e Amatruda, Pinto,
Vilanova e Vieira (FIGUEIRAS et al., 2005).
Crianças que não apresentam dois ou mais marcos do desenvolvimento da faixa etária
anterior à sua idade é considerada como tendo provável atraso no desenvolvimento,
necessitando, portanto, de avaliação futura para investigar se esse atraso é decorrente de uma
variação normal do seu ritmo de desenvolvimento ou se está relacionado a problemas como
paralisia cerebral, atraso cognitivo, autismo entre outros (CAPPIELLO; GAHAGAN, 2009;
FIGUEIRAS et al., 2005).
Estudos indicam que a técnica de avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor mais
comumente utilizada nos serviços de atenção primária é a avaliação clínica informal,
utilizando apenas os conhecimentos básicos que os profissionais têm sobre desenvolvimento
infantil, adquiridos apenas no período de formação, e que poucos pediatras usam um
instrumento padronizado nas consultas de rotina, inclusive profissionais de países em que a
vigilância do desenvolvimento já é regulamentada. Esta atitude é preocupante, visto que, na
ausência de um instrumento padronizado para a avaliação do desenvolvimento
neuropsicomotor, os profissionais de saúde deixam de identificar crianças com problemas,
não referindo aos serviços especializados, e tendem a não considerar os fatores de risco para
distúrbios no desenvolvimento (SAPORALLI; ADAMI, 2007; SAND et al., 2005; SICES et
al., 2004; AAP, 2003).
REICHERT, A. P. S.
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2.2.4 O papel do enfermeiro na vigilância do desenvolvimento infantil
Uma das formas efetivas do papel do enfermeiro para a promoção e proteção da saúde
da criança consiste em estimular as famílias a desenvolverem habilidades de afeto e de
cuidados efetivos. Com isso, é importante planejar condições ambientais e comportamentais
junto com a família, visando à otimização do potencial de desenvolvimento da criança. Um
atendimento à criança de forma humanizada e individualizada, pautado na promoção da saúde
e integralidade, não pode se dissociar do contexto educativo e cultural no qual se insere o
binômio criança-família. É preciso que o enfermeiro busque entender a família, compreender
e respeitar seu modo de vida, para prestar um melhor atendimento à criança, assim como,
compreender suas necessidades, para servir como ponto essencial na elaboração dos projetos
de intervenção relacionados ao desenvolvimento infantil (FERREIRA et al., 2010; PEREZ,
2003).
Para isso, é necessário que, na consulta de enfermagem, além de levantamento
ampliado da história de vida da criança, haja uma avaliação adequada do seu
desenvolvimento, com a utilização de um instrumento confiável para a identificação
apropriada e precoce do problema. Sendo assim, a utilização nesta consulta de um roteiro de
observação que contemple os principais dados para guiar os enfermeiros na avaliação do
desenvolvimento e a normatização de condutas facilita a operacionalização da vigilância do
desenvolvimento (MOUSMANIS; WATSON, 2008; SAPORALLI; ADAMI, 2007;
SCHEFFLER et al., 2007; BRASIL, 2001).
É importante também orientar as famílias sobre aspectos relacionados ao
desenvolvimento infantil adequado, esperando-se que os conhecimentos influenciem
positivamente o cuidado com as crianças e, consequentemente, proporcionem condições para
que estas se desenvolvam conforme o esperado para a sua idade. Essas orientações devem
contemplar conteúdos acerca dos períodos mais prováveis para aquisição de habilidades
motoras, perceptuais e cognitivas; fatores que podem influenciar o desenvolvimento; informar
sobre as próximas aquisições e os estímulos que irão contribuir para o desenvolvimento pleno,
como também, sobre os cuidados com a higiene e segurança da criança, sempre numa relação
de interação com a mãe (VIANA; ROMANINI, 2006; MOURA et al., 2004) .
Apesar da importância do pai no desenvolvimento infantil, a figura materna tem maior
peso nesse contexto, visto ser ela a pessoa que geralmente está com maior frequência em
contato com a criança e ser a sua principal cuidadora. Por isso, neste estudo, o enfoque será
dado à mãe na estimulação do desenvolvimento infantil.
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Revisão da Literatura
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Sendo assim, torna-se necessário intervir juntamente com as mães o mais
precocemente possível, visando ao desenvolvimento integral de seus filhos, mesmo aquelas
que têm pouca escolaridade, pois a intervenção precoce em crianças com risco, tanto
biológico quanto social, apresenta um impacto positivo no desenvolvimento cognitivo,
inclusive, crianças com famílias de baixo nível de educação formal podem alcançar excelentes
benefícios no seu desenvolvimento cognitivo (RAMEY; RAMEY, 1999).
O conhecimento da mãe quanto aos marcos do desenvolvimento infantil tem um papel
fundamental na sua interação com o filho, principalmente se este conhecimento englobar
crenças acerca dos períodos mais prováveis para aquisição de habilidades motoras,
perceptuais e cognitivas, fatores que podem influenciar o desenvolvimento das crianças e
cuidados de higiene e segurança. Assim, se as mães acreditam equivocadamente que seus
filhos não ouvem, é provável que elas acabem por criar poucas oportunidades de estimulação
auditiva, por exemplo. Portanto, torna-se relevante que as mães compreendam o significado
das aquisições dos seus filhos, para lhe oferecer oportunidades próprias da fase que eles estão
vivenciando (LOPES et al., 2009; MOURA et al., 2004).
A literatura ressalta que as mães são boas observadoras e detectoras das deficiências
de seus filhos, mostrando uma alta sensibilidade, especificidade e valor preditivo da sua
opinião na detecção de anormalidades no desenvolvimento dos mesmos (HAQUIN
LARREQUIBEL; CABEZAS, 2004; BRASIL, 2002). Vários autores defendem que a
avaliação do desenvolvimento, quando auxiliada pelas informações dos pais, além de serem
fidedignas, ajudam os profissionais a diagnosticar problemas com um menor tempo de
consulta (MELLO; ANDRADE, 2006; HAQUIN; LARREQUIBEL; CABEZAS 2004;
FRANKENGURG, 2002).
A Academia Americana de Pediatria recomenda que, na consulta à criança, o
profissional de saúde deve sempre ouvir os pais sobre o desenvolvimento do filho, estar atento
à interação mãe-filho pela história familiar ou pela sua observação e sempre apresentar os
resultados dos testes de avaliação do desenvolvimento para a família, utilizando termos que
lhes sejam compreensíveis. Também recomenda que o cuidado à criança deva seguir o
modelo centrado na família, e que as informações por elas fornecidas são importantes para as
decisões clínicas. Este modelo de atenção à criança conta com a colaboração de pacientes,
familiares, médicos, enfermeiros e outros profissionais para o planejamento e avaliação do
cuidado em saúde. Dentre os princípios, destacam-se: respeitar cada criança e sua família;
respeitar a diversidade racial, étnica, cultural e socioeconômica e seu efeito na experiência e
percepção de cuidado da família; reconhecer e construir a potencialidade de cada criança e
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Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Revisão da Literatura
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sua família, mesmo em situações de dificuldades e desafios; dar oportunidade de escolha para
a família com relação ao plano de cuidado, fornecendo informações sinceras, claras e sem
preconceitos, e assegurar acompanhamento da criança e sua família desde a gestação até a
fase adulta (AAP, 2003; AAP, 2001).
Assim, na perspectiva da vigilância do desenvolvimento, as mães têm papel crucial na
promoção da saúde da criança, de modo que, sem o envolvimento destas, as ações não terão
sucesso. Portanto, a falta de orientação do enfermeiro pode resultar em atraso no diagnóstico
ou intervenção apropriada. Entretanto, para que a participação das mães na vigilância do
desenvolvimento aconteça efetivamente é necessário que sejam treinadas para tal atividade, a
partir de um planejamento conjunto dos cuidados à criança (PEDROSO; ROSA, 2009; DEL
CIAMPO et al., 2006).
Portanto, na ação vigilante do enfermeiro é fundamental a promoção da saúde por
meio de ações educativas que promovam a aquisição de competências para atender também
outras necessidades da criança, tais como comunicação, higiene, imunização, sono, nutrição,
afeto, amor, solicitude e segurança. Para isso, é necessário que as mães sejam orientadas,
incentivadas e se sintam seguras nos cuidados com a criança (OLIVEIRA; CADETE, 2007).
2.2.5 Razões para a não realização rotineira da vigilância do desenvolvimento
Nos últimos anos, tem havido um aumento no debate para consolidar a inclusão da
vigilância do desenvolvimento infantil na consulta à criança com a utilização de instrumentos
padronizados de triagem. Isto é constatado tanto pelo aumento de artigos científicos
abordando o tema, como pela sua regulamentação por entidades ligadas à criança, a exemplo
da Academia Americana de Pediatria. Apesar desses esforços, a utilização de um instrumento
padronizado e validado de triagem ainda não faz parte da rotina da puericultura
(SCHONWALD; HORAN; HUNTINGTON, 2009a).
Pesquisas realizadas pela Academia Americana de Pediatria constatam que existem
obstáculos enfrentados pelos profissionais da atenção primária à saúde para a não realização
da avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor, mais especificamente relacionados ao uso
de instrumentos padronizados para triagem do desenvolvimento. As barreiras mais relatadas
pelos médicos são tempo insuficiente para aplicar todo o instrumento durante a consulta e o
não pagamento de honorários por esta atividade. Outro motivo identificado nas pesquisas
inclui a falta de familiaridade com as ferramentas de triagem, a ausência de um ajudante para
auxiliar na triagem do desenvolvimento e a falta de conhecimentos relacionados aos
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Revisão da Literatura
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procedimentos de avaliação (AAP, 2003; AAP, 2000). Essas razões são corroboradas por
Sand et al. (2005) ao constatarem que, nos Estados Unidos, apenas 23% dos pediatras
pesquisados por eles utilizavam um instrumento sistematizado para avaliar o desenvolvimento
em toda consulta de puericultura.
Resultados semelhantes foram observados na Turquia, em um trabalho realizado por
Ertem et al. (2009) com médicos e enfermeiros, sendo os seguintes motivos relatados para o
precário acompanhamento do desenvolvimento infantil: tempo insuficiente para dar atenção à
criança devido à grande quantidade de pacientes; baixa referência das crianças com problemas
de desenvolvimento devido ao despreparo dos profissionais da atenção primária em saúde
sobre diagnóstico de crianças com problemas no desenvolvimento e manejo destas; ausência
de honorários para o acompanhamento do desenvolvimento infantil. Para amenizar essas
dificuldades, os participantes da pesquisa sugeriram a realização de treinamento em avaliação
do desenvolvimento infantil para os profissionais que atendem no nível secundário e terciário
de saúde, a elevação dos conhecimentos dos cuidadores das crianças sobre a importância do
desenvolvimento infantil através de materiais educativos como pôsteres e a inclusão da
vigilância do desenvolvimento infantil no pagamento de honorários aos profissionais que
atendem a criança.
Entretanto, um estudo realizado por Sand et al. (2005), nos Estados Unidos, constatou
que médicos que aplicaram testes de triagem do desenvolvimento na consulta de puericultura
tiveram tempo suficiente para fazê-lo, como também, não necessitaram de outro profissional
para auxiliá-lo, contrariando as justificativas de outros profissionais para a não realização do
monitoramento do desenvolvimento na consulta. Corroborando estes resultados, um estudo
desenvolvido nos Estados Unidos por Schonwald et al. (2009b) destacou que os profissionais
ganhavam tempo na consulta ao aproveitar o momento de diálogo informal com os pais para
investigar os marcos do desenvolvimento e observar o comportamento da criança.
Também foi observado em outro estudo, com mães de crianças menores de dezoito
meses e pediatras no Canadá, que não há necessidade de aumentar a acurácia do teste de
triagem do desenvolvimento, mas um maior envolvimento dos profissionais de saúde, de
políticas públicas e de pesquisas que visem a uma melhora do acompanhamento do
desenvolvimento infantil (RYDZ et al., 2006).
Diante disso, percebe-se que os três argumentos mais mencionados para a não
realização da vigilância do desenvolvimento, associados com aplicação do teste de triagem
pelos profissionais de saúde, não são justificáveis, conforme resultados das pesquisas
destacadas acima.
REICHERT, A. P. S.
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Revisão da Literatura
35
No Brasil, apesar da escassez de trabalhos que abordam as barreiras para a não
realização da vigilância do desenvolvimento infantil, um estudo realizado por Figueiras
(2006) chegou aos seguintes resultados: grande demanda de crianças para serem atendidas
pelos médicos nos serviços de atenção básica à saúde; a maioria desses médicos tinha mais de
dez anos de formados, e os currículos dos cursos de medicina daquela época contemplavam
pouco o desenvolvimento infantil; os baixos salários pagos aos médicos contribuem para a
necessidade de uma maior jornada de trabalho e para a falta de motivação dos profissionais
causada não só pelos baixos salários, mas também pelas precárias condições de trabalho
oferecidas no atendimento na atenção primária. Outro estudo brasileiro (GLONEK; BÖING,
BRIDA 2006) apresenta como obstáculos para a realização da vigilância do desenvolvimento
infantil a exigência de produtividade por parte dos gestores, contabilizada pelo grande número
de consultas individuais dos profissionais que atuam na atenção básica, a falta de
planejamento adequado para a equipe de saúde desenvolver ações de promoção à saúde, a
desproporção entre o número de equipes de saúde da família e a população adscrita, o que
prejudica a formação de vínculo e continuidade do acompanhamento do desenvolvimento
infantil e das ações de promoção da saúde.
Segundo Maria-Mengel e Linhares (2007), a dificuldade dos profissionais que atuam
na atenção primária em identificar precocemente alterações no desenvolvimento pode ser pelo
fato de que estes não são treinados para observar aspectos do indivíduo relacionados à
promoção da saúde. Pode ser também que a prática de vigilância do desenvolvimento infantil
não seja realizada por esses profissionais pelo fato de suas ações estarem centradas na
prevenção e tratamento de doenças e não na promoção da saúde, embora esta ação seja
preconizada (GLONEK, BÖING, BRIDA, 2006).
Merece destaque o fato de que, em países em desenvolvimento, a não realização
rotineira da vigilância do desenvolvimento está relacionada aos poucos encontros que as
crianças têm com os profissionais de saúde, por não existir o hábito das mães levarem as
crianças sadias para a consulta de puericultura, mas apenas na vigência de uma doença aguda
(ERTEM et al., 2006). Este aspecto é corroborado por Vitolo, Gama e Campagnolo (2010)
que, ao avaliarem a frequência da utilização de um serviço público de puericultura e os fatores
associados a essa prática com 393 crianças na região sul do Brasil, observaram que 53% das
crianças não são levadas para acompanhamento na puericultura. Os autores associaram este
comportamento à percepção de que as mães têm de saúde como ausência de doença e que a
procura pela assistência à saúde, na maioria das vezes, é motivada pelo adoecimento da
criança.
REICHERT, A. P. S.
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Revisão da Literatura
36
Para Moita e Queiroz (2005), os enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família
enfrentam dificuldades na comunidade devido à pouca aceitação da puericultura, por ser
acostumada com a medicalização, valorização de consultas que resultam em uma prescrição
medicamentosa e solicitação de exames, em detrimento do acompanhamento e das
orientações relativas à saúde da criança.
Num estudo realizado nas regiões Nordeste e Sul do Brasil, ficou evidenciado que a
cobertura do atendimento à criança sadia nos dois primeiros ano de vida, adotando como
critérios nove ou mais consultas, alcançou apenas um quarto das crianças. Os autores
destacam que isso pode ocorrer pelo fato de as mães preferirem cuidados especializados para
seus filhos, alegando que os profissionais da Estratégia de Saúde da Família, por serem
submetidos a uma ampla variedade de demandas da população, estariam menos aptos para as
necessidades específicas da criança, reforçando o comportamento das mães de apenas
procurarem o serviço quando a criança apresenta um problema de saúde (PICCINI et al.,
2007).
Em contrapartida, Pina et al. (2009) destacam que os fatores que podem influenciar na
forma como os cuidadores de crianças se vinculam à unidade de saúde estão relacionados à
capacidade de escuta qualificada dos profissionais, aliada ao desempenho clínico destes e à
interação da equipe de saúde com as famílias.
2.3 Programas de intervenção voltados para a vigilância do desenvolvimento infantil
Embora a vigilância do desenvolvimento infantil seja fundamental para a promoção da
saúde e prevenção de doenças, são poucos os estudos brasileiros sobre este tema. Como
exemplo, há o estudo realizado por Figueiras (2002) sobre a avaliação das práticas e
conhecimentos de médicos e enfermeiros que atuam em serviços de atenção primária em
saúde quanto à vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor. Este estudo gerou o manual
para vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da AIDPI, publicado pela OPAS, em
2005. Tem o objetivo de orientar os profissionais de saúde que atuam na rede básica, para
detecção precoce de atrasos ou desvios do desenvolvimento da criança menor de dois anos de
idade. Esta autora avaliou o programa de vigilância do desenvolvimento infantil na atenção
primária à saúde no município de Belém, após capacitação de médicos e enfermeiros. Os
resultados revelaram que houve melhorias na aquisição de conhecimentos e de práticas destes
profissionais frente à criança após o processo de capacitação (FIGUEIRAS, 2006).
REICHERT, A. P. S.
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Revisão da Literatura
37
Outro estudo realizado por Maria-Mengel (2007) teve como objetivo sistematizar e
avaliar um procedimento de vigilância do desenvolvimento em crianças na faixa etária de seis
a 44 meses, cadastradas em um Programa de Saúde da Família no município de Ribeirão
Preto. Os resultados evidenciaram que o modelo utilizado naquele estudo mostrou ser sensível
para detecção de riscos no desenvolvimento das crianças após um ano da avaliação, podendo
ser utilizado para contribuir no planejamento de intervenções mais adequadas às necessidades
das famílias usuárias da Estratégia de Saúde da Família.
Apesar destes estudos nacionais, a maioria dos esforços e publicações que abordam a
vigilância do desenvolvimento infantil está concentrada na literatura internacional. Schonwald
et al. (2009a) realizaram um estudo de intervenção com o objetivo de investigar o tempo de
consulta de puericultura e a percepção dos pais antes e depois a introdução de um instrumento
de avaliação do desenvolvimento de crianças de origem latina num centro de saúde em
Boston. Os autores constataram que houve melhora no relacionamento entre o pediatra e os
pais e na satisfação destes com a consulta, evidenciado pelo aumento do interesse dos pais em
falar sobre suas preocupações e sobre outros aspectos da saúde da criança, mesmo quando não
solicitados.
A literatura mostra que os pais querem falar sobre o desenvolvimento dos filhos
durante a consulta à criança, e ficam satisfeitos com a mudança de comportamento dos
profissionais de saúde ao dialogar com eles sobre a criança, em especial, com relação à
valorização da informação destes, quanto ao desenvolvimento do filho (OLSON et al., 2004).
Outro estudo realizado por Schonwald et al. (2009b) avaliou o impacto de um
programa de intervenção visando à implementação de uma ferramenta de triagem do
desenvolvimento na consulta de puericultura. Observou-se que a confiança dos profissionais
na sua própria habilidade em avaliar o desenvolvimento aumentou depois da implementação
do instrumento de triagem, sendo evidenciado por um aumento de 61% nas avaliações, sem
haver aumento do tempo na consulta e sem excessos de referências das crianças para serviços
especializados.
Na tentativa de melhorar a consulta à criança doente, Ertem et al. (2006) realizaram
um estudo de intervenção visando preparar médicos na Turquia para a avaliação do
desenvolvimento,
juntamente com o curso de AIDPI. Os autores observaram que os
profissionais treinados passaram a identificar e tratar melhor as crianças com atraso do
desenvolvimento e fornecer aconselhamento apropriados aos seus cuidadores. Também foi
constatado que os cuidadores das crianças se mostraram satisfeitos com a mudança de atitude
dos profissionais.
REICHERT, A. P. S.
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Revisão da Literatura
38
Resultados semelhantes foram observados por Mckay (2006) ao avaliar o impacto de
um treinamento com pediatras e médicos da família para melhorar a vigilância do
desenvolvimento e a referência de crianças com problemas no desenvolvimento
neuropsicomotor para serviços especializados. Constatou-se um aumento na identificação de
crianças com problemas no desenvolvimento, com consequente aumento de referência destas,
como também, aumento na avaliação do desenvolvimento nas consultas à criança.
Apesar dos resultados positivos dessas pesquisas, alguns estudos de intervenção não
apresentaram resultados semelhantes, a exemplo do desenvolvido em Taiwan para avaliar o
impacto de um treinamento com enfermeiras nas suas habilidades cognitivas e capacidade
para observar e avaliar o comportamento e desenvolvimento de recém-nascidos pré-termo em
uma UTI neonatal. Os resultados constataram aumento de conhecimento, evidenciado pela
elevação na média de acertos no pós-teste, entretanto não houve mudança satisfatória na
prática assistencial dessas enfermeiras com relação à capacidade para observar e avaliar o
desenvolvimento dos recém-nascidos (LIAW, 2003).
Diante da constatação da importância da vigilância do desenvolvimento infantil para a
prevenção de distúrbios no desenvolvimento e promoção da saúde da criança como um todo e
de resultados positivos de alguns estudos, recomendamos a implantação de programas de
intervenção que visem capacitar enfermeiros que atuam na Estratégia de Saúde da Família,
como uma forma de fazer valer o direito ao desenvolvimento saudável das crianças por eles
assistidas.
2.4 Capacitação dos profissionais de saúde
Os profissionais que atuam na Estratégia de Saúde da Família enfrentam vários
desafios no cotidiano do trabalho e entre os mais comuns está a deficiência de conhecimentos
para atender as demandas do serviço, tendo em vista que seu trabalho exige conhecimentos
variados do ciclo de vida das pessoas. Por isso, urge a necessidade de capacitação desses
profissionais para dar respostas às demandas da população a que eles assistem.
Entretanto, a capacitação do trabalhador não é solução isolada para os atuais
problemas do setor saúde. Todavia, ela pode fortalecer estratégias que envolvam a construção
de um modelo assistencial que contemple o homem como ser integral e cidadão e que
transforme as rígidas estruturas e modelos organizacionais. Por esse motivo, a formação
profissional tem sido muito discutida e deve ser um processo contínuo para que as reformas
do setor saúde sejam consolidadas (SUDAN; CORRÊA, 2008; BADUY, 2002). Nesse
REICHERT, A. P. S.
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Revisão da Literatura
39
sentido, abordaremos os conceitos de educação continuada e permanente em saúde, por serem
estas modalidades as mais utilizadas para dar continuidade à formação dos profissionais no
ambiente de trabalho.
2.4.1 Educação continuada e permanente na área de saúde
Nos últimos tempos, as Universidades e os Ministérios da Saúde e da Educação tem se
empenhado em melhorar a formação dos profissionais de saúde. Apesar disso, as práticas
pedagógicas adotadas pelas instituições de ensino superior ainda não são eficazes para
capacitar os estudantes para a vida profissional, fazendo com que o profissional egresso não
esteja preparado para a realidade do trabalho em saúde. Além disso, devido ao acúmulo de
conhecimentos, traduzido em tecnologias e indicadores da qualidade dos processos de
trabalho, aumentaram as exigências para que os profissionais adquiram novas habilidades e
competências que só serão apreendidas efetivamente no serviço de saúde (RICALDONI;
SENA, 2006).
Partindo desse pressuposto e em face ao desenvolvimento exponencial do
conhecimento científico e ao dinamismo das transformações tecnológicas, o processo de
formação acadêmica deve ser visto como uma etapa do processo de educação permanente,
iniciado na formação acadêmica e tendo continuidade, e não como uma estrutura acabada em
que o indivíduo não precisa mais aperfeiçoar seus conhecimentos. Corroborando com esse
aspecto, Oguisso (2000) destaca que a evolução das ciências acontece de forma tão rápida que
os profissionais de saúde se veem necessitados em buscar programas de educação permanente
ou de educação continuada ao longo de toda a sua carreira profissional, como um processo
integral, dinâmico e participativo, para suprir suas necessidades pessoais, da equipe de saúde,
do serviço e em conformidade com o sistema de saúde vigente.
As Organizações Mundial e Pan-americana de Saúde conceituam educação continuada
como sendo um processo de ensino e aprendizagem ativo que tem início após a formação
básica do trabalhador e está destinada a atualizar e melhorar a capacidade de uma pessoa ou
grupos, em face da evolução tecnológica, científica e das necessidades sociais (GIRADE;
CRUZ; STEFANELLI, 2006; SUDAN; CORRÊA, 2008; SAUPE; CUTOLO; SANDRI,
2008).
Pode ser conceituada também como o conjunto de experiências subsequentes à
formação inicial, que permitem ao trabalhador manter, aumentar ou melhorar sua
competência, para que esta seja compatível com o desenvolvimento de suas habilidades e
REICHERT, A. P. S.
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Revisão da Literatura
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responsabilidades, configurando, assim, a competência como atributo individual. Englobam as
atividades de ensino após o curso de graduação, com finalidades mais restritas de atualização,
aquisição de novas informações, atividades de duração definida e com metodologias
tradicionais. Está voltada para o desenvolvimento do indivíduo no espaço institucional, com a
finalidade de adaptá-lo à sua função no local de trabalho, envolvendo principalmente o seu
aspecto técnico, a manutenção de normas e rotinas pré-estabelecidas e a reprodução de
comportamentos padronizados (SUDAN; CORRÊA, 2008; PASCHOAL, 2004).
Pautada na concepção de educação como transmissão de conhecimento e pela
valorização da ciência como fonte do conhecimento, a educação continuada é pontual,
fragmentada e construída de forma não articulada à gestão e ao controle social, com enfoque
na capacitação técnico-científica e com base nas necessidades individuais do profissional
(PEDUZZI et al., 2009).
Já a Educação Permanente em Saúde tem como objeto a transformação do próprio
processo de trabalho, no sentido de melhoria da qualidade da assistência. Pautada na
concepção pedagógica transformadora e emancipatória, a proposta de Educação Permanente
em Saúde vem sendo construída com base nos pressupostos da aprendizagem significativa e
de problematização que, segundo Freire (2005), é uma ação transformadora da realidade, que
surge a partir da visão crítica do mundo, ou seja, a partir dos problemas diários que ocorrem
no cotidiano da atuação profissional, levando em consideração os conhecimentos e
experiências prévias da equipe (FARIA, 2008; CECCIM, 2005a; BRASIL, 2004).
A Educação Permanente em Saúde pode ser compreendida como aprendizagem no
trabalho e leva em consideração os conhecimentos e as experiências que as pessoas têm.
Articula e coloca diferentes sujeitos no contexto, destinando a todos um lugar de condutores
dos sistemas locais de saúde para solução de problemas. Tem o desafio de estimular o
desenvolvimento dos profissionais sobre um contexto de responsabilidades e necessidades de
atualização, uma vez que é um processo de reflexão e crescimento com transformações,
considerando, para isso, o serviço, o trabalho, o cuidado, a educação e a qualidade da
assistência (RICALDONI; SENA, 2006; BRASIL, 2005b; CECCIM; FEUERWERKER,
2004).
O processo de trabalho é visto na perspectiva da Educação Permanente em Saúde
como centro privilegiado da aprendizagem, por se configurar como objeto de transformação e
de investigação da realidade concreta. Entretanto, esta abordagem não procura transformar
todos os problemas em educacionais, mas buscar as lacunas de conhecimento e as atitudes
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Revisão da Literatura
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identificadas como problemas no cotidiano dos serviços de saúde (RIBEIRO; MOTTA,
1996).
Portanto, as demandas para capacitação, nos moldes da Educação Permanente em
Saúde, não são definidas a partir de necessidades individuais de atualização, nem de
orientações dos níveis centrais da gestão, mas, a partir da observação dos problemas que
acontecem no dia a dia do trabalho. As mudanças que promovem não são de ordem
puramente técnica, já que envolvem mudanças nas relações, nos processos, nos atos em saúde
e nas pessoas. Por isso, esse tipo de capacitação profissional requer ações no âmbito da
formação técnica, de graduação e pós-graduação, da organização do trabalho, da interação
com as redes de gestão e de serviços de saúde e de outros serviços e do controle social
(GIRADE; CRUZ; STEFANELLI, 2006; BRASIL, 2005b; BRASIL, 2004).
O objetivo principal da Educação Permanente em Saúde é garantir uma atenção à
saúde de qualidade, com transformação do processo de trabalho orientado para a equidade do
cuidado e acesso aos serviços de saúde. Tem como pilares de sustentação o desenvolvimento
da autonomia da população em relação à sua própria saúde, satisfazendo suas necessidades de
saúde e de educação em saúde, fazendo com que ela seja capaz de exercer conscientemente a
participação popular e o controle social das políticas públicas do setor. O processo educativo
deverá voltar-se não apenas para formar bons técnicos, mas bons profissionais, criativos no
pensar, no sentir, no querer e no atuar (BRASIL, 2005b; RIBEIRO; MOTTA, 2008; BRASIL,
2004).
Nesse contexto, Saupe, Cutolo e Sandri (2008) propõem um conceito ampliado de
educação permanente, devendo considerá-la como direito de cidadania que inclui a produção,
incorporação, elaboração, aplicação e testagem de conhecimentos, habilidades e atitudes, com
uma relação dialógica e participativa entre diferentes saberes dos sujeitos sociais, sempre
acontecendo de maneira negociada entre os envolvidos no processo de ensino e
aprendizagem. Os espaços de interação desta educação incluem a vida cotidiana, a educação
formal e informal, a gestão do serviço de saúde, o trabalho, o controle social, a cultura e o
lazer. Nesse cenário surge o conceito de “quadrilátero da formação”, que envolve o ensino, a
gestão, a atenção em saúde e o controle social na figura do usuário (CECCIM;
FEUERWERKER, 2004).
Diante desses conceitos percebe-se que essas modalidades de educação têm caráter de
continuidade do processo ensino-aprendizagem, e que ambas são importantes para o
desenvolvimento dos trabalhadores na atenção primária em saúde, mas com diferentes
metodologias, apesar do caráter complementar. Todavia, a educação permanente é mais
REICHERT, A. P. S.
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Revisão da Literatura
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ampla, por fundamentar-se na formação do sujeito e caracterizar-se pela problematização das
práticas de saúde, com participação multiprofissional para responder às necessidades de saúde
da população, enquanto que a educação continuada está contemplada apenas a partir do
cenário do trabalho e tem caráter individual; entretanto, esta pode ser articulada à educação
permanente. Ou seja, a Educação Permanente em Saúde é mais ampla por iniciar-se ainda na
academia, no processo de formação básica do profissional e continuar no trabalho, enquanto
que a educação continuada só é desenvolvida depois do indivíduo ser graduado, a partir do
contexto profissional, com o sujeito já inserido no mercado de trabalho (PEDUZZI et al.,
2009; PASCHOAL; MANTONAVI; MÉIER, 2007).
Com relação à saúde da criança, Feliciano et al. (2008) defendem que é inegável a
efetividade da educação permanente na melhoria da atenção à saúde destas, uma vez que tem
se revelado essencial para reduzir a vulnerabilidade da população infantil. Por esse motivo,
acreditamos ser este o melhor modelo para a formação dos enfermeiros, tendo em vista que
esta modalidade não considera apenas a qualificação profissional, mas a construção de um
conhecimento que dê respostas às demandas do serviço, com atuação efetiva do quadrilátero
da formação.
2.4.2 Impacto da capacitação nas ações dos profissionais de saúde
A capacitação dos enfermeiros que atuam na Estratégia de Saúde da Família é
fundamental para melhorar o processo de trabalho e a atenção à saúde da criança. No entanto,
para obter êxito é necessário elaborar uma capacitação que parta da realidade vivenciada por
cada equipe, como também, conhecer os aspectos que podem interferir no sucesso desse
processo. Usaremos o termo treinamento em substituição à capacitação, pelo fato de a
maioria da literatura que aborda avaliação de processos de capacitação estar concentrada na
área da administração e fazer referência ao termo treinamento, podendo ser considerada pela
área da saúde como uma atividade de educação permanente, desde que parta das reais
necessidades da equipe.
Treinamento é definido por Borges-Andrade (2002) como uma ação organizacional,
planejada de forma sistemática, que possibilita a aquisição de habilidades motoras,
intelectuais e de comportamento que podem tornar o indivíduo mais preparado para
desempenhar suas funções, utilizando-se uma obordagem didática. É uma importante
alternativa para a mudança de atitudes, conhecimentos ou habilidades necessárias ao
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Revisão da Literatura
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desempenho adequado do capital humano no trabalho (PILATI; ABBAD, 2005; LACERDA;
ABBAD, 2003).
Já o impacto do treinamento no trabalho corresponde aos efeitos produzidos pelo
treinamento com relação ao desempenho, motivação, autoconfiança e mudanças nos
processos de trabalho do indivíduo. No Brasil, a literatura sobre avaliação de treinamento, em
sua maioria, faz referência apenas à avaliação da aprendizagem, e a pequena quantidade que
apresenta dados sobre aprendizagem e impacto do treinamento no serviço é inconsistente
(ABBAD; GAMA; BORGES-ANDRADE, 2000).
Pesquisas destacam situações nas quais alguns participantes de treinamentos, apesar de
demonstrarem interesse e satisfação, e obter bons resultados nas avaliações de aprendizagem,
não transferem para o trabalho as novas habilidades aprendidas. Por isso, a explicação da
eficácia de um treinamento depende de uma complexa gama de variáveis pertencentes ao
local de trabalho, tipo de treinamento, ao sujeito e ao ambiente em que este vive independente
do trabalho (TAMAYO; ABBAD, 2007).
Segundo Lacerda e Abbad (2003), os fatores determinantes para os resultados
positivos de um treinamento dizem respeito à relação entre as características pessoais dos
participantes (cognição, afeto e motivação) e a eficácia dos treinamentos. Entretanto, Pilati e
Borges-Andrade (2005) enfatizam que as variáveis que afetam o resultado de um treinamento
são divididas em três categorias: variáveis instrucionais, que dizem respeito ao planejamento
e execução do treinamento, incluindo seu conteúdo; variáveis contextuais, relacionadas os
conjunto de fatores externos ao treinamento, presentes no ambiente de trabalho, influenciando
na transferência do conteúdo aprendido e, finalmente, as variáveis individuais que dizem
respeito às características dos participantes do treinamento, relacionadas à personalidade e
atitudes no trabalho.
Com relação às variáveis individuais, os aspectos relacionados ao processo
ensino-aprendizagem que se destacam são o aspecto cognitivo, relacionado à aprendizagem
dos conteúdos apresentados aos participantes do treinamento; o aspecto afetivo, relacionado
às crenças, atitudes e valores que sustentam e estimulam a participação; por último, o
processo psicomotor, representado pelo desenvolvimento de habilidades e competências que
propiciam as ações do indivíduo no trabalho (MONTE-SERRAT, 2007; ALVES, 2006;
BERTOLINI; SILVA, 2005).
O aspecto afetivo não apenas interfere no processo educativo; ele é um sustentáculo
desse processo. E mais, toda aprendizagem contém afetividade, já que ocorre a partir das
interações sociais, num processo de vinculação. Ou seja, a aprendizagem não acontece
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Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Revisão da Literatura
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puramente no campo cognitivo, existe uma base afetiva permeando as relações nos ambientes
de aprendizagem (MONTE-SERRAT, 2007; TASSONI, 2000). As emoções são tão
relevantes que Monte-Serrat (2007) afirma que o grande pilar da educação é a habilidade
emocional, e que é impossível desenvolver habilidade cognitiva e social sem o uso da
emoção.
Outro aspecto que merece destaque é a motivação para aprender, uma vez que a
qualidade e a intensidade do envolvimento nas aprendizagens dependem de motivação, sendo
esta definida como direção, esforço, intensidade e persistência com que os profissionais se
engajam nas atividades orientadas para aprendizagem antes, durante e depois do treinamento.
As variáveis motivacionais mostram-se mais fortes preditoras do sucesso individual no
treinamento do que capacidade cognitiva. Existem duas orientações motivacionais: a
extrínseca e a intrínseca. Um indivíduo extrinsecamente motivado almeja realizar uma tarefa
para obter recompensas externas, que podem ser materiais, como aumento de salário, ou
sociais, visando ao reconhecimento, ou demonstrar sua competência; enquanto que um
indivíduo intrinsecamente motivado aprecia a tarefa por pura satisfação. Há motivação
intrínseca quando a pessoa se envolve em determinada atividade sem qualquer recompensa
externa ou pressão, mas por razões de foro íntimo (BERTOLINI e SILVA, 2005; LACERDA
e ABBAD, 2003; GUIMARÃES, BZUNECK; SANCHES, 2002).
A motivação do indivíduo para aprender poderá contribuir positivamente para a
transferência do conteúdo aprendido. Vale considerar que a transferência do que foi aprendido
num treinamento está relacionada ao comportamento pró-ativo do indivíduo no trabalho. Este
comportamento representa uma iniciativa pessoal para a melhoria de circunstâncias existentes
ou criação de novas situações de trabalho, ao invés de adaptação às condições atuais (PILATI;
BORGES-ANDRADE, 2005).
A transferência de aprendizagem corresponde à aplicação eficaz no trabalho dos
conhecimentos, habilidades e atitudes adquiridas em treinamento. Aquilo que o treinando
transfere ou aplica no trabalho é uma nova forma de desempenhar antigas tarefas e/ou um
novo tipo de desempenho que antes não havia sido exibido. Estudos sugerem que indivíduos
comprometidos com a filosofia e com os valores da instituição tendem a transferir mais as
novas aprendizagens no seu ambiente de trabalho (PILATI; BORGES-ANDRADE, 2005;
PANTOJA et al., 2005; PILATI; BORGES-ANDRADE, 2004).
Para o indivíduo transferir o que foi aprendido, é necessário que haja suporte de
transferência, este sendo definido como os fatores que podem interferir, positiva ou
negativamente, na aplicação dos conhecimentos adquiridos num treinamento, que variam
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Revisão da Literatura
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desde a disponibilidade de equipamentos no serviço, infraestrutura, até os aspectos
relacionados ao apoio da chefia e dos colegas. Isso porque pode haver barreiras para a
aplicação das habilidades e conhecimentos adquiridos. Portanto, se houver suporte ao
desempenho do funcionário no trabalho e interesse deste, haverá condições necessárias à
aplicação do que foi aprendido no treinamento (TAMAYO; ABBAD, 2006; PILATI;
BORGES-ANDRADE, 2004; MELLO; FAGUNDES, 1999).
2.4.3 Teoria Construtivista da Aprendizagem Significativa de David Ausubel
O termo construtivismo surge na psicologia com Jean Piaget para indicar o papel ativo
do sujeito na construção de suas estruturas cognitivas. Piaget defende que a construção do
conhecimento é resultante da interação do sujeito com o objeto, através de um processo de
estruturação interna, sendo estes os dois polos da interação ou da formação de uma realidade
intelectual que se autoconstrói (FERREIRA, 2003; LAJONQUIÈRE, 1997).
Para o construtivismo, o indivíduo constrói suas representações de mundo, de forma
que não recebe passivamente interpretações causadas pelos objetos. O sujeito é visto como
proativo e foco das atividades, numa relação interativa com o ambiente. Nessa abordagem, o
aluno é visto como tendo um papel ativo e central nas aprendizagens, entendidas como
coconstruções progressivas de conhecimento e destrezas (CASTAÑON, 2005).
Contrapondo-se à prática corrente do ensino tradicional, na prática construtivista o
professor assume o papel de provocador do raciocínio do aluno, procurando gerar
desequilíbrios cognitivos (conflitos, problemas) em relação ao objeto de conhecimento, a fim
de possibilitar interações ativas com o conhecimento que leve o aluno a uma aprendizagem
significativa (CYRINO; TORRALLES-PEREIRA, 2004).
Outro aspecto relevante para o construtivismo é o erro, por ser visto como uma
importante fonte de aprendizagem, onde o aprendiz deve questionar-se sobre as
consequências de suas atitudes e, a partir dos erros e acertos, ir construindo seus conceitos
(ARGENTO, 2007).
Existem várias teorias construtivistas que fundamentam o processo ensinoaprendizagem, mas deter-nos-emos na teoria de Ausubel pelo fato de esse teórico defender o
processo de construção do conhecimento como sendo dinâmico, permanente, interacionista,
com uma relação de troca entre o professor e o aluno, e por acreditarmos que esta se aproxima
dos pressupostos da educação permanente em saúde. Esta teoria fundamenta-se na
aprendizagem significativa, sendo definida como um processo pelo qual uma nova
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Revisão da Literatura
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informação se relaciona de forma não arbitrária a uma estrutura cognitiva apropriada e
relevante para apreensão daquele novo conhecimento (AUSUBEL, 2000).
Não se pretende aqui fazer um aprofundamento da teoria de Ausubel no que concerne
a estruturas, funções, estágios e outros conceitos importantes, mas discorrer sobre alguns
conceitos essenciais abordados por este teórico, a fim de compreender melhor os referenciais
da aprendizagem significativa, por considerarmos-los fundamental para os processos
educativos na formação dos profissionais da saúde.
David Ausubel é um psicólogo contemporâneo que desenvolveu sua teoria na corrente
cognitivista e construtivista da aprendizagem. Diferente de Piaget, a teoria de Ausubel
direciona-se aos processos de ensino e aprendizagem de adolescentes e adultos, e não de
crianças, como visto na teoria piagetiana. Tem seu enfoque na aprendizagem cognitiva,
segundo a qual as informações são armazenadas na mente do sujeito que aprende de forma
organizada, denominando esse complexo de estrutura cognitiva (PRAIA, 2000).
Com relação à estrutura cognitiva, Ausubel destaca que os indivíduos apresentam uma
organização cognitiva interna baseada em conhecimentos organizados por conceitos, sendo
que a sua complexidade depende muito mais das relações que estes estabelecem entre si, do
que do número de conceitos presentes. Defende o desenvolvimento cognitivo como um
processo dinâmico, no qual os novos conhecimentos estão em constante interação com os já
existentes. Assim, a estrutura cognitiva se apresenta progressivamente mais diferenciada e
tende a organizar hierarquicamente os conceitos e proposições, partindo dos mais gerais (ou
inclusivos) para os menos inclusivos, que são assimilados aos primeiros. Essa relação de
interação entre os conhecimentos se traduz em um processo de modificação mútua tanto da
estrutura cognitiva existente, como do conteúdo que é preciso aprender, caracterizando-se
como o núcleo da aprendizagem significativa (TAVARES, 2005; MARTÍN; SOLÉ, 2004;
NOBRE et al., 2003; PELIZZARI et al., 2002).
Ausubel conceituou alguns processos de aprendizagem, ou seja, por recepção, por
descoberta, mecânica ou repetitiva e significativa. A aprendizagem por recepção ocorre
quando o conteúdo a ser aprendido é apresentado ao aluno de uma forma finalizada. Trata-se
de um processo automático, mas que pode ser revestido de caráter significativo. Na
aprendizagem por descoberta, o conteúdo principal a ser aprendido não é dado, mas deve ser
descoberto pelo aluno antes que possa ser incorporado significativamente à sua estrutura
cognitiva. É um tipo de aprendizagem útil para a resolução de problemas do quotidiano. Por
outro lado, na aprendizagem mecânica ou repetitiva, o sujeito adquire informações com pouca
ou nenhuma interseção com os conceitos ou proposições relevantes existentes na sua estrutura
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Revisão da Literatura
47
cognitiva. Nesse tipo de aprendizagem, o indivíduo memoriza a informação para um
determinado propósito que, frequentemente, é perdida logo que esse propósito tenha sido
cumprido. Caracteriza-se também pela falta de disposição do aluno em aprender
significativamente e do material de aprendizagem não ser significativo. Por último, a
aprendizagem significativa ocorre com a aquisição de novos significados. Pressupõe a
existência de conceitos e proposições relevantes na estrutura cognitiva do sujeito,
predisposição para aprender e um material de aprendizagem potencialmente significativo
(PONTES NETO, 2006; MARTÍN; SOLÉ, 2004; NOBRE et al., 2003; PELIZZARI et al.,
2002; PRAIA, 2000; CAVALCANTE, 1996).
Apesar da importância da aprendizagem significativa, em algumas circunstâncias
faz-se necessária a utilização da aprendizagem mecânica, como no caso de um treinamento de
procedimentos e rotinas, situação em que o indivíduo não possui conhecimentos prévios sobre
o conteúdo. Contudo, é evidente que a memorização simples, como aquela realizada no
momento da aprendizagem mecânica, rapidamente leva à perda dos conhecimentos adquiridos
(GOMES et al., 2010).
Embora Ausubel faça referência a esses tipos de aprendizagem, a ênfase é colocada na
aprendizagem significativa. Nessa teoria, aprendizagem diz respeito à assimilação de
significados, que são concebidos como o conteúdo que emerge quando um conhecimento é
incorporado à estrutura cognitiva do sujeito (PONTES NETO, 2006).
Na teoria da assimilação, são destacadas condições imprescindíveis para que o aluno
possa realizar aprendizagens significativas: primeiro, é necessário que o aluno manifeste
disposição para aprender de modo significativo; em segundo lugar, o material a ser aprendido
deverá ser potencialmente significativo do ponto de vista lógico, relacionável com a sua
estrutura cognitiva, ou seja, que a estrutura cognitiva do indivíduo apresente ideias-âncora
específicas com as quais o novo material seja relacionável. Em outras palavras, o aluno deve
contar com conhecimentos prévios pertinentes que possam relacionar de forma substancial
com o conteúdo novo a ser aprendido, necessitando que a informação nova seja relevante para
outros conhecimentos já existentes (MARTÍ; SOLÉ, 2004; PELIZZARI, et al., 2002;
AUSUBEL, 2000) .
Monteiro et al. (2006) enfatizam a importância do aluno na teoria da aprendizagem
significativa de Ausubel, afirmando que não haverá aprendizagem dos conhecimentos se o
aluno não manifestar esforço e disposição para relacionar o novo material potencialmente
significativo à sua estrutura cognitiva, não importando o quanto o material seja significativo,
se ele apenas tiver interesse em “decorar” a nova informação.
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Revisão da Literatura
48
Ausubel propõe que o conhecimento se construa pela associação da nova informação,
a qual está sendo apresentada pela primeira vez, a conhecimentos já aprendidos e vivenciados,
isto é, a nova informação deve ser incluída em um cabedal de conhecimentos prévios,
denominado de “subsunçor” (traduzido do inglês subsumer) ou “ideia âncora”, que pode ser
um conceito ou proposição, devendo servir de ancoradouro para uma nova informação a ser
aprendida, de modo que adquira significado para o aluno (NOBRE, 2003; MOREIRA et al.,
2000; CAVALCANTE, 1996).
Caso os conhecimentos pré-existentes não possuam informações que possam atuar
como subsunçores para a nova aprendizagem, Ausubel sugere o uso de organizadores prévios.
Esses correspondem a um conteúdo de maior nível de generalidade do que aquele a ser
aprendido, que relaciona ideias contidas na estrutura cognitiva, com ideias contidas na tarefa
de aprendizagem. Desse modo, eles funcionam como pontes cognitivas, na medida em que
fornecem um suporte para a incorporação e retenção de novos conceitos. Esses organizadores
orientam os alunos na compreensão da nova informação apresentada pelos professores ou
pelos materiais didáticos. Estes devem ser apresentados pelo professor antes do material
instrucional, para facilitar a aprendizagem significativa e devem ser elaborados em termos de
linguagem e conceitos já familiarizados pelo aluno, mas não devem conter informações sobre
o próprio material de aprendizagem, podendo ser textos escritos, discussões ou
demonstrações, filmes, etc. (TAVARES, 2008; PONTES NETO, 2006; NOBRE, 2003).
Enfim, para que a aprendizagem seja significativa é fundamental que o conteúdo esteja
relacionado com os conhecimentos prévios do aluno, exigindo deste uma atitude favorável,
capaz de atribuir significados próprios aos conteúdos que assimila, e do professor, uma
postura mobilizadora para que tal aprendizagem ocorra. Dessa forma, o professor assume um
papel importante na aprendizagem do aluno, acompanhando e modelando as suas
aprendizagens, estimulando a aprendizagem por confronto de posições individuais e também
na cooperação dos pares. Assim sendo, a aprendizagem significativa, na teoria de Ausubel,
não é somente utilizável, mas essencial como instrumento para o alcance de ganhos
cognitivos adquiridos num contexto em que o sujeito é agente ativo da construção do seu
saber (GOMES et al., 2008; CYRINO; TORRALLES-PEREIRA, 2004).
Portanto, capacitar os enfermeiros para as ações realizadas na Estratégia de Saúde da
Família é um desafio a ser enfrentado, pois é urgente a necessidade de aprimoramento dos
seus conhecimentos para contribuir, dentre outras ações, na promoção do desenvolvimento
saudável, de modo a atuar efetivamente com as famílias no que concerne à vigilância do
desenvolvimento neuropsicomotor. Para isso, a formação dos profissionais que integram a
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Revisão da Literatura
49
equipe de Saúde da Família necessita contemplar o paradigma da proteção integral da criança,
sob pena de continuarem atuando num modelo que não reconhece as crianças como sujeitos
de direito. (LIMA; ALVES; FRANCO, 2007; FERRIOLLI et al., 2007; MOITA; QUEIROZ,
2005)
Diante desse contexto, destaca-se a importância de teoria de Ausubel na capacitação
em vigilância do desenvolvimento infantil para enfermeiros da Estratégia de Saúde da
Família, tendo em vista que poderá proporcionar a estes uma aprendizagem significativa, em
que os conhecimentos apresentados sejam ancorados aos já existentes e assimilados, de modo
que os enfermeiros passem a realizar a vigilância do desenvolvimento das crianças
acompanhadas por eles de maneira sistemática e com embasamento científico.
CAPÍTULO III
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Métodos
51
3 Métodos
Considerando a complexidade que envolve o impacto de uma capacitação na melhoria
da assistência à saúde da criança, o objeto desta pesquisa requereu abordagens diferenciadas
para aproximar as múltiplas facetas envolvidas no processo. Assim sendo, optou-se por
trabalhar na vertente quantiqualitativa por acreditar ser a melhor maneira de atingir os
objetivos propostos neste estudo, pelo fato de as abordagens quantitativas e qualitativas
isoladamente serem, muitas vezes, insuficientes para contemplar toda a realidade observada.
(BRÜGGEMANN; PARPINELLI, 2008)
Os métodos quantitativos e qualitativos de pesquisas são diferentes, porém não
excludentes,
embora
abordem
questões
diversas,
baseadas
em
construções
teórico-metodológicas com princípios diferenciados. Por isso, é possível trabalhar de forma
complementar com essas metodologias, no sentido de que os resultados de uma questão
suscitem novas questões que só possam ser colocadas dentre os princípios qualitativos, ou
vice-versa. Portanto, o emprego dessas duas abordagens contribui na aproximação,
compreensão e explicação da realidade a ser estudada, permitindo a interpretação da
magnitude do fenômeno, trazendo potencialidades complementares na interpretação entre a
subjetividade e objetividade, conforme representação gráfica abaixo. (MINAYO; GÓMEZ,
2003; VÍCTORA; KNAUTH; HASSEN, 2000)
Dimensão Objetiva
Analisar os conhecimentos e
atitudes dos enfermeiros da ESF
antes e após uma intervenção
educativa.
Figura 1: Abordagem metodológica
Dimensão Subjetiva
Intervenção
Educativa
Dificuldades e facilidades
enfrentadas por enfermeiros da
ESF durante o processo de
implementação de uma
intervenção educativa.
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Métodos
52
Neste estudo, a abordagem quantitativa avaliou o impacto de um programa de
capacitação em vigilância do desenvolvimento infantil, dirigido aos enfermeiros da Estratégia
de Saúde da Família, enquanto que a abordagem qualitativa buscou compreender as
dificuldades e facilidades enfrentadas por eles, em relação à implementação da intervenção
educativa.
3.1 Local do estudo
O estudo foi realizado na cidade de João Pessoa, capital do estado da Paraíba, que tem
uma área geográfica de 210,80 km², com uma população de 674.762 habitantes, considerada
totalmente urbana (IBGE, 2007). A rede de atenção municipal à saúde está estruturada da
seguinte maneira: rede de atenção básica, rede de atenção especializada e rede de atenção
hospitalar. A rede de atenção básica é formada por 180 Equipes de Saúde da Família, três
equipes Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e dez Equipes do Núcleo de
Apoio à Saúde da Família (NASF), com mais três equipes em processo de implantação e
quatro Unidades Básicas de Saúde. Os serviços especializados estão distribuídos em três
Centros de Atenção Integral a Saúde Especializada (CAIS), um Centro de Referência para o
Idoso, um Centro de Testagem e Aconselhamento em DST/AIDS e três Centros de Atenção
Pscicossocial (CAPS).
A assistência à saúde é descentralizada e organizada em cinco
Distritos Sanitários (JOÃO PESSOA, 2009).
O Distrito Sanitário III foi escolhido para realização do estudo por estar na área de
abrangência da Universidade Federal da Paraíba e ser campo de atuação dos docentes daquela
Universidade. Possui uma população de 182.000 habitantes, com 53 Equipes de Saúde da
Família cobrindo 90,5% das famílias daquela área. Este distrito possuía 4.354 crianças
menores de dois anos de idade cadastradas nas Unidades de Saúde da Família até agosto de
2009.
A principal política adotada pela Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa, na
atual gestão, é a Educação Permanente em Saúde (EPS), visando à integralidade da atenção e
à reestruturação do SUS municipal. Sua construção e a institucionalização na rede municipal
compreendem a aprendizagem cotidiana nos serviços e ações, a fim de construir o cuidado
integral em saúde (JOÃO PESSOA, 2009).
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Métodos
53
Devido à abordagem quantiqualitiva do presente estudo, os procedimentos utilizados
em cada um deles serão apresentados separadamente.
3.2 Artigo 1: Estudo Quantitativo
O desenho do estudo quantitativo consiste de um modelo quase experimental, do tipo
antes-depois, que pretendeu comparar o conhecimento de enfermeiros sobre a vigilância do
desenvolvimento infantil, bem como a frequência da sua avaliação na consulta de
enfermagem à criança menor de dois anos de idade. Além disso, foram obtidas informações
maternas quanto às práticas dos enfermeiros na consulta a essas crianças, antes e após o
programa de capacitação.
A amostra foi inicialmente constituída por todos os 53 enfermeiros que atuam no
Distrito Sanitário III, entretanto, oito não participaram, (três por recusa e cinco por não
participarem da segunda etapa da pesquisa), ficando a amostra final constituída por 45
enfermeiros. Para cada enfermeiro, foram selecionadas cinco mães, totalizando 225 mães de
crianças menores de dois anos de idade na primeira fase do estudo e mais 225 na segunda,
totalizando 450 mães cadastradas nas Unidades de Saúde da Família (USF) do referido
Distrito. Os cinco pares de mães/crianças eram selecionados de maneira aleatória,
consecutivamente após o atendimento da consulta de enfermagem, à medida que
compareciam à USF.
As características sóciodemográficas dos enfermeiros estudados foram idade, tempo
de formado e tempo de atuação na Estratégia de Saúde da Família, enquanto que as
características das mães e crianças foram renda familiar, escolaridade materna, número total
de pessoas e de crianças menores de cinco anos residentes no domicílio e idade da criança.
3.2.1 Intervenção: descrição da capacitação
Inicialmente, foram realizadas reuniões com os gestores municipais (Coordenadora da
Atenção Básica e Diretora do Distrito Sanitário III) para explicar a proposta e os objetivos do
programa de capacitação. Posteriormente, todos os enfermeiros do Distrito Sanitário III foram
contatados para serem apresentados ao projeto e opinarem sobre o programa de capacitação.
REICHERT, A. P. S.
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Métodos
3.2.1.1
Conteúdo
programático
das
oficinas
de
capacitação
em
vigilância
54
do
desenvolvimento infantil
O conteúdo do curso de capacitação em vigilância do desenvolvimento infantil foi
elaborado por Figueiras et al. (2005), publicado pela OPAS e incluído no conteúdo do curso
de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI). Este curso aborda temas
referentes à importância da vigilância do desenvolvimento em crianças menores de dois anos
de idade, aos fatores de risco para o atraso do desenvolvimento infantil, aos marcos para
avaliação do desenvolvimento de crianças menores de dois meses e de dois meses a dois anos
de idade, aos critérios para classificação do desenvolvimento e respectivas condutas a serem
adotadas, e finalmente, sugere orientações às mães para a promoção do desenvolvimento
infantil saudável.
3.2.2. Operacionalização das oficinas de capacitação
As oficinas de capacitação aconteceram nos meses de novembro e dezembro de 2008,
sendo realizadas três oficinas com carga horária de dezesseis horas cada uma, distribuídas em
dois dias, para uma média de quinze participantes. As atividades de capacitação foram
teórico-práticas e objetivaram atualizar os conhecimentos dos enfermeiros sobre o
desenvolvimento infantil e sensibilizá-los para a importância de sua vigilância. As atividades
teóricas foram desenvolvidas através de aulas, utilizando metodologias ativas, as quais
empregam a problematização como estratégia de ensino-aprendizagem, com o objetivo de
alcançar e motivar o enfermeiro (MITRE et al., 2008). Nas atividades práticas, realizou-se
avaliação do desenvolvimento de crianças previamente agendadas para esta atividade.
As oficinas foram ministradas por uma enfermeira com a colaboração de uma
neurologista, especialista em desenvolvimento infantil. Inicialmente, a neurologista fazia uma
exposição dialogada, com auxílio de slides, abordando vários aspectos do desenvolvimento
infantil, visando sensibilizar os participantes quanto à sua importância. Em seguida, após a
enfermeira fazer uma explanação introdutória sobre o curso e seu conteúdo, o grupo iniciava a
leitura do material instrucional (Manual de Vigilância do Desenvolvimento Infantil no
Contexto da AIDPI), com algumas pausas para esclarecimento de dúvidas e realização de
exercícios contidos no material instrucional.
O método de ensino utilizado teve como princípio a Teoria de Aprendizagem
Significativa de Ausubel, na qual a aprendizagem é vista como um processo interno e pessoal,
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Métodos
55
em que o aluno participa ativamente do processo de construção do conhecimento que progride
de acordo com seus interesses e capacidades. Neste tipo de aprendizagem, é necessário que o
conteúdo esteja relacionado com seus conhecimentos prévios, exigindo deste uma atitude
favorável e capaz de atribuir significados próprios aos conteúdos que assimila (CYRINO;
TORALLES-PEREIRA, 2004; GOMES et al., 2008).
Entre as atividades práticas, era apresentado um vídeo com conteúdo abordado no
manual, o qual servia para consolidar os conhecimentos adquiridos durante o curso. Esse
vídeo também continha exercícios em que eram apresentadas crianças menores de dois anos
com problemas no desenvolvimento, a fim de possibilitar que os enfermeiros exercitassem os
conhecimentos adquiridos em relação à avaliação do desenvolvimento para diferentes faixas
etárias.
Em seguida, eram realizadas atividades de avaliação do desenvolvimento de crianças
previamente agendadas, utilizando-se um kit com objetos simples e de fácil aquisição. Este
era composto por um pom-pom vermelho, seis cubos com cores variadas, uma caneca, um
chocalho, uma bola, papel e lápis de cera, um pote contendo contas para avaliação do
movimento de pinça da criança e uma fita métrica para aferição do perímetro cefálico. Além
desse material, os enfermeiros receberam um folder contendo figuras variadas do convívio da
criança (menina, flor, pássaro, cachorro e carro), para serem utilizados na avaliação cognitiva
no momento da consulta.
3.2.3 Avaliação
1ª Etapa
3.2.3.1 Avaliação das práticas dos enfermeiros relacionadas à vigilância do desenvolvimento
infantil
Essa avaliação foi realizada antes de os enfermeiros participarem da capacitação, por meio de
um instrumento com questões que investigavam a realização de consulta de acompanhamento
do desenvolvimento neuropsicomotor; se o enfermeiro perguntava a opinião da mãe sobre o
desenvolvimento da criança; se fazia avaliação rotineira do desenvolvimento e qual a
frequência dessa avaliação; se utilizava instrumento sistematizado para avaliar o
desenvolvimento e se orientava a mãe sobre como estimular o desenvolvimento da criança
(Apêndice D). Para aplicação desse instrumento, foi agendado um horário conveniente para o
enfermeiro na USF, a fim de que o mesmo pudesse preencher o questionário sem interrupção.
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Métodos
56
3.2.3.2 Entrevista com as mães sobre as práticas de vigilância do desenvolvimento realizadas
pelo enfermeiro
As mães foram entrevistadas na USF nos dias agendados para consulta de
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento de crianças menores de dois anos,
imediatamente após seus filhos serem atendidos pelo enfermeiro. Para esta entrevista foi
utilizado um questionário, visando verificar a atitude do profissional naquele atendimento,
relacionada à vigilância do desenvolvimento infantil. O instrumento aplicado às mães
questionava se o enfermeiro avaliou o desenvolvimento da criança naquela consulta e se a
orientou como estimular o desenvolvimento do seu filho em casa (Apêndice E).
2ª Etapa:
3.2.3.3 Avaliação dos conhecimentos dos enfermeiros sobre desenvolvimento infantil
O questionário para avaliar o conhecimento dos enfermeiros sobre desenvolvimento infantil
continha questões com múltipla escolha sobre os marcos do desenvolvimento das áreas
motora, de linguagem, pessoal-social e cognitiva e sobre os principais fatores de risco para o
atraso do desenvolvimento (Apêndice F). Este questionário foi aplicado imediatamente antes
das oficinas de capacitação, no momento da chegada dos enfermeiros ao local da oficina, ou
seja, antes de terem contato com o conteúdo abordado no curso, e recolhido logo após o
preenchimento do mesmo.
3ª Etapa:
3.2.3.4 Reavaliação dos enfermeiros e mães
Quatro meses após as oficinas de capacitação, os mesmos enfermeiros tiveram seus
conhecimentos reavaliados quanto aos fatores de risco e marcos do desenvolvimento infantil e
as suas práticas referentes à vigilância do desenvolvimento. Mães com crianças menores de
dois anos também foram selecionadas de maneira aleatória e entrevistadas quanto à consulta
do enfermeiro: se este avaliou o desenvolvimento da criança naquela consulta e se a orientou
a como estimular o desenvolvimento do seu filho no domicílio.
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Métodos
57
3.2.4 Processamento e análise estatística
Os questionários foram revisados quanto à consistência no seu preenchimento e
digitados em dupla entrada para validação da digitação, utilizando-se o software EPI-INFO,
versão 6,04.
As análises estatísticas foram realizadas por este programa e pelo Statistical Package
for the Social Sciences (SPSS) versão 12. Utilizou-se o teste do quiquadrado para verificar a
associação entre variáveis categóricas. O teste t pareado também foi empregado para
comparar os acertos das perguntas relacionadas aos conhecimentos sobre desenvolvimento
infantil, antes da capacitação e quatro meses após. Adotou-se um nível de significância
estatística de 5%.
3.3 Artigo 2: Estudo Qualitativo
A escolha pelo modelo qualitativo se deu a partir das inquietações surgidas após as
oficinas de capacitação em vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da AIDPI.
Naquele momento, surgiu a necessidade de saber como seria a experiência dos enfermeiros
após o treinamento, no tocante às dificuldades e facilidades em pôr em prática os
conhecimentos adquiridos na referida capacitação.
A pesquisa qualitativa não busca estudar o fenômeno em si, mas entender ou
interpretar seu significado individual ou coletivo para a vida das pessoas. Outra característica
desse tipo de pesquisa é que ela ocorre em um cenário natural, onde o pesquisador vai ao local
de inserção do participante, na tentativa de entender os significados que as pessoas atribuem
aos fenômenos vividos. Essa atitude permite o alcance de detalhes sobre os participantes da
pesquisa, o local e as suas experiências (CRESWELL, 2007; DENZIN et al., 2006;
TURATO, 2005).
3.3.1 Coleta dos dados empíricos
Valendo-se do critério de saturação teórica para delimitação da amostragem
(MINAYO, 2006) e após sorteio, foram entrevistados onze enfermeiros que participaram da
oficina de capacitação em vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da AIDPI e
continuaram a exercer suas atividades nas Unidades de Saúde da Família do Distrito III da
cidade de João Pessoa.
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Métodos
58
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um roteiro semiestruturado
(Apêndice G), contendo as seguintes questões norteadoras: Como você avalia a oficina de
capacitação em vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da AIDPI? Relate as
dificuldades e as facilidades enfrentadas por você para aplicar na prática os conhecimentos
adquiridos na capacitação em vigilância do desenvolvimento infantil? A partir da oficina de
capacitação, que aspectos lhe motivaram a aplicar os conhecimentos na sua prática diária?
O período de coleta aconteceu seis meses após a realização das oficinas, nos meses de
maio e junho de 2009. Para realização das entrevistas, foi agendado um horário conveniente
para o enfermeiro na USF. Cada entrevista durou de dez a trinta minutos, as quais foram
gravadas em MP4 player, após anuência dos entrevistados, a fim de captar informações
indispensáveis à realização do estudo. Buscou-se realizar as entrevistas em ambiente com
privacidade, silencioso e isento de interferências externas. Para assegurar o anonimato dos
enfermeiros, os discursos foram identificados com a letra “E” em referência à palavra
enfermeiro, seguido do número, conforme a sequência da entrevista no momento da coleta de
dados.
3.3.2 Processamento e análise dos dados
Os dados foram analisados, utilizando-se a técnica de análise de conteúdo, modalidade
de análise temática transversal que recorta as falas, levando em conta a frequência dos temas
extraídos dos discursos, descobrindo núcleos de sentido que compõem a comunicação e cuja
presença dá significado ao objetivo da análise, elegendo, a seguir, as categorias ou temas
(BARDIN, 2009). Cada entrevista foi processada separadamente, e durante a transcrição
optou-se por padronizar com o símbolo [...] para representar o momento em que as falas
foram suprimidas.
A técnica de análise de conteúdo, modalidade temática, foi desenvolvida em três
etapas: a primeira, compreendendo a pré-análise, na qual aconteceu uma leitura flutuante do
conjunto das comunicações; organização do material de forma a responder a algumas normas
de validade como exaustividade, representatividade, homogeneidade e pertinência;
formulação de hipótese e objetivos em relação ao material qualitativo; definição das unidades
de registro que pode ser palavra-chave ou frase (MINAYO, 2006).
Na segunda etapa, realizou-se a codificação dos dados visando alcançar o núcleo de
compreensão do texto. Nesse momento, ocorreu leitura exaustiva e repetida dos textos; e
constituição de um corpus de comunicações (processo de aprofundamento da análise e
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Métodos
59
relevância de algum tema que tem o objetivo de refazer e refinar o movimento classificatório).
Por fim, realizou-se o tratamento dos resultados obtidos e a interpretação com base em
inferências previstas no quadro teórico.
A partir do processo de análise dos dados, foram identificados três núcleos temáticos,
sendo eles: pontos dificultadores para aplicar os conhecimentos adquiridos; pontos
facilitadores proporcionados pelo curso; transformação da prática a partir dos conhecimentos
adquiridos na capacitação.
3.4 Considerações Éticas
O estudo foi submetido a Gerência de Educação na Saúde do município de João
Pessoa, como também, ao Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal da Paraíba com protocolo nº 0216 (anexo A), obtendo parecer
favorável. Os enfermeiros e as mães foram informados sobre os objetivos da pesquisa e
solicitados os consentimentos livres e esclarecidos por escrito para participar da mesma
(Apêndices A e B).
CAPÍTULO IV
REICHERT, A. P. S.
Impacto de uma intervenção educativa com enfermeiros para vigilância . . .
Artigo original I
61
IMPACTO DE UMA INTERVENÇÃO EDUCATIVA COM ENFERMEIROS PARA
VIGILÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE LACTENTES3
RESUMO
Objetivo: implementar e avaliar o impacto de um programa dirigido a enfermeiros para
capacitação em vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da Atenção Integral às
Doenças Prevalentes da Infância (AIDPI). Métodos: estudo do tipo antes-depois foi realizado
com 45 enfermeiros e 225 mães de crianças menores de dois anos na cidade de João Pessoa,
Nordeste do Brasil. Na capacitação, foi utilizado o Manual de Vigilância do Desenvolvimento
Infantil no Contexto da AIDPI. A coleta de dados ocorreu em três etapas: a primeira
correspondeu à avaliação das práticas dos enfermeiros com relação à vigilância do
desenvolvimento infantil. As mães também foram entrevistadas quanto à consulta do seu filho
pelo enfermeiro; na segunda etapa aplicou-se um pré-teste com os enfermeiros para avaliar os
seus conhecimentos sobre desenvolvimento infantil antes da capacitação; na terceira etapa,
esses mesmos instrumentos foram repetidos quatro meses após a capacitação para as
enfermeiras e mães. Resultados: houve um aumento significante de 1,2 pontos na média de
acertos das questões sobre os marcos do desenvolvimento infantil após a intervenção.
Também se verificou um aumento na avaliação rotineira do desenvolvimento e na frequência
dos enfermeiros em perguntar a opinião das mães sobre o desenvolvimento dos seus filhos.
Houve elevação significante de 42% para 91% na utilização de instrumento sistematizado na
consulta. Após a capacitação, todos os enfermeiros afirmaram orientar as mães para estimular
o desenvolvimento da criança. Conclusões: a intervenção contribuiu para o aumento dos
conhecimentos dos enfermeiros e implementação da vigilância do desenvolvimento infantil na
consulta de enfermagem à criança na atenção primária à saúde.
PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento infantil, Atenção Primária à Saúde, Saúde da
Família, Enfermagem, Educação em Saúde.
IMPACT OF AN EDUCATIONAL INTERVENTION INVOLVING NURSES ON
INFANTS’ DEVELOPMENTAL SURVEILLANCE
ABSTRACT
Objective: to implement and assess the impact of a training program to nurses on infant
developmental surveillance within the context of Integrated Management of Childhood Illness
(IMCI). Methods: a before-after study was undertaken with 45 nurses and 225 mothers and
their under two years old infants in the city of João Pessoa, Northeastern Brazil. The Manual
on infant developmental surveillance within the context of IMCI was used as a reference for
the training. Data were collected in three stages: the first corresponding to the supervision of
the practices of the nurses as regards the infant’s developmental surveillance. The mothers
also were interviewed regarding the consultation of their infant by the nurse. A pre-test was
applied to the nurses in the second stage to assess their prior knowledge of infant
development. In the third stage, these same instruments were repeated four months after the
training course for the nurses and mothers. Results: there was a significant increase of 1.2
points in the mean of correct answers to the questions on the development milestones after the
training. There was also an increase in the routine assessment of development and in the
frequency with which the nurses asked mother’s opinion on the development of their infants.
There was a significant increase from 42% to 91% in the systematic use of the instrument
during the consultation. After the training course, all the nurses informed that they gave the
3
Artigo será submetido ao Journal of Developmental and Behavioral Pediatrics (normas no anexo B).
REICHERT, A. P. S.
Impacto de uma intervenção educativa com enfermeiros para vigilância . . .
Artigo original I
62
mothers guidance on how to stimulate the development of their infants. Conclusions: the
intervention contributed to an increase in the nurses´ knowledge and in the implementation of
infant’s developmental surveillance during the nurses` consultation in the primary health care.
KEY-WORDS: Infant development, Primary Health Care, Family Health, Nursing, Health
Education.
A fase inicial da vida constitui uma das etapas mais importantes para a qualidade de
vida e saúde, por ser esse um período de significativas modificações no crescimento linear e
desenvolvimento neuropsicomotor. Por isso, faz-se necessário um acompanhamento regular
da criança, visando prevenir ou atenuar possíveis agravos à sua saúde. É de grande relevância
o papel do enfermeiro na promoção da saúde da criança, no sentido de viabilizar um adequado
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, visto que essa ação é fundamental para
se obter melhor qualidade de vida das crianças, assim como da população em geral. Isso
porque crianças que não atingem seu potencial para o desenvolvimento, provavelmente se
tornarão adultos pouco produtivos em várias áreas, inclusive economicamente 1.
No Brasil, o Ministério da Saúde, estabeleceu em 2005, ações estratégicas que visam à
redução da morbimortalidade infantil. Dentre essas ações, está o acompanhamento do
desenvolvimento infantil, entretanto, apesar dessas orientações, o que se observa na prática de
enfermeiros é o despreparo em realizar esse tipo de seguimento. Em geral, a consulta do
enfermeiro está centrada na aferição do peso, verificação do esquema de vacinação,
orientação nutricional, sendo a avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor realizada
apenas em um número insuficiente de crianças. Por conseguinte, os desvios do
desenvolvimento são detectados tardiamente, quando a criança já apresenta sinais mais graves
de comprometimento, dificultando o tratamento, na maioria dos casos2.
A necessidade de qualificação dos enfermeiros para realizar a vigilância do
desenvolvimento infantil é uma prioridade, visto que muitas crianças que frequentam as
unidades de saúde se encontram em risco para o desenvolvimento. Esse fato foi confirmado
em pesquisa realizada no Brasil3 que, ao avaliar 1.363 crianças com 12 meses de idade,
constatou que 34% destas apresentavam suspeita de atraso no desenvolvimento avaliado pelo
teste de Denver II. Há estimativas de que, em países menos afluentes, mais de 200 milhões de
crianças menores de cinco anos estão se desenvolvendo aquém do seu potencial, gerando
baixa escolaridade, baixa aquisição de renda, alta fertilidade, cuidados inadequados com a
prole e contribuindo para transmissão intergeracional da pobreza1.
Por isso, é fundamental que os enfermeiros sejam qualificados para realizar vigilância
do desenvolvimento infantil, por meio de capacitação técnico-pedagógica, tendo em vista a
REICHERT, A. P. S.
Impacto de uma intervenção educativa com enfermeiros para vigilância . . .
Artigo original I
63
fragilidade do atendimento às crianças menores de dois anos de idade e o impacto dessas
ações na saúde infantil4, 5. Acredita-se que um programa de capacitação em vigilância do
desenvolvimento, nos primeiros dois anos de vida, ministrado aos enfermeiros da Estratégia
de Saúde da Família, levará a um aumento do conhecimento desses profissionais e,
consequentemente, da frequência da avaliação do desenvolvimento infantil. Portanto, este
estudo visa implementar e avaliar o impacto de um programa de capacitação em vigilância do
desenvolvimento infantil, dirigido a enfermeiros que atuam na Estratégia de Saúde da
Família. Esta Estratégia é uma política do governo brasileiro que tem foco nas ações de saúde
centradas na família e na comunidade, tendo como princípio a vigilância da saúde, nas qual,
tanto os profissionais quanto os usuários do serviço são vistos como agentes da produção de
saúde6, 7.
MÉTODOS
Local do Estudo e Participantes
O estudo foi realizado na cidade de João Pessoa, Nordeste do Brasil, que tem uma
população de 674.762 habitantes e dispõe de 180 Equipes de Saúde da Família responsáveis
pela assistência à saúde de 82% dos bairros, o que representa o acompanhamento de 568.082
pessoas distribuídas em seus cinco Distritos Sanitários.
O Distrito Sanitário III, local onde foi realizado o estudo, possui uma população de
182.000 habitantes, com 53 equipes de saúde da família que assistem a 90,5% das famílias
daquela área. Em 2009, este distrito possuía 4.354 crianças menores de dois anos de idade,
cadastradas nas Unidades de Saúde da Família.
Desenho do Estudo e Amostra
Esta pesquisa consiste de um estudo quase experimental, do tipo antes-depois, com a
finalidade de examinar a efetividade de um programa de capacitação de enfermeiros em
vigilância do desenvolvimento de crianças menores de dois anos. As variáveis avaliadas,
antes e após a capacitação, foram o conhecimento de enfermeiros sobre aspectos da vigilância
do desenvolvimento infantil, a frequência da realização da vigilância do desenvolvimento na
consulta de enfermagem aos menores de dois anos de idade e informações maternas quanto às
práticas dos enfermeiros na consulta a essas crianças.
A amostra foi inicialmente constituída por todos os 53 enfermeiros que atuam no
Distrito Sanitário III, entretanto, a amostra final foi constituída de 45 enfermeiros, em virtude
de três recusas e cinco desistências na segunda etapa da pesquisa. Em relação à amostra
REICHERT, A. P. S.
Impacto de uma intervenção educativa com enfermeiros para vigilância . . .
Artigo original I
64
materna, para cada enfermeiro foram selecionadas cinco mães, totalizando 225 mães de
crianças menores de dois anos de idade na primeira fase do estudo, e mais 225 na segunda,
totalizando 450 mães cadastradas nas Unidades de Saúde da Família do referido Distrito. Os
cinco pares de mães/crianças eram selecionados de maneira aleatória, consecutivamente após
o atendimento da consulta de enfermagem, à medida que compareciam à Unidade de Saúde da
Família.
As características sociodemográficas dos enfermeiros estudados foram idade, tempo
de formado e tempo de atuação na Estratégia de Saúde da Família, enquanto que as
características das mães e crianças foram renda familiar, escolaridade materna, número total
de pessoas, de filhos e de crianças menores de cinco anos residentes no domicílio e idade da
criança.
Intervenção: descrição da capacitação
Conteúdo programático das oficinas de capacitação em vigilância do desenvolvimento
infantil
O conteúdo do Curso de Capacitação em Vigilância do Desenvolvimento Infantil foi
publicado pela OPAS em 20054 e incluído no conteúdo do curso de Atenção Integrada às
Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI). Este curso aborda temas referentes à importância
da vigilância do desenvolvimento em crianças menores de dois anos de idade, identificação de
fatores de risco para o atraso do desenvolvimento infantil, marcos para avaliação do
desenvolvimento de crianças menores de dois meses e de dois meses a dois anos de idade,
critérios para classificação do desenvolvimento e respectivas condutas a serem adotadas e,
finalmente, orienta às mães para a promoção do desenvolvimento infantil saudável.
Operacionalização
As oficinas de capacitação aconteceram nos meses de novembro e dezembro de 2008,
sendo realizadas três oficinas com carga horária de dezesseis horas cada uma, distribuídas em
dois dias, para uma média de quinze participantes. As atividades de capacitação foram
teórico-práticas e objetivaram atualizar os conhecimentos dos enfermeiros sobre o
desenvolvimento infantil e sensibilizá-los para a importância de sua vigilância. As atividades
teóricas foram desenvolvidas através de aulas, utilizando metodologias ativas e, nas práticas,
realizou-se avaliação do desenvolvimento de crianças previamente agendadas para esta
atividade.
As oficinas foram ministradas por uma enfermeira com a colaboração de uma
neurologista, especialista em desenvolvimento infantil. Inicialmente, a neurologista fazia uma
exposição dialogada, com auxílio de slides, abordando vários aspectos do desenvolvimento
REICHERT, A. P. S.
Impacto de uma intervenção educativa com enfermeiros para vigilância . . .
Artigo original I
65
infantil, visando sensibilizar os participantes quanto à sua importância. Em seguida, após a
enfermeira fazer uma explanação introdutória sobre o curso e seu conteúdo, o grupo iniciava a
leitura do material instrucional (Manual de Vigilância do Desenvolvimento Infantil no
Contexto da AIDPI)4, com algumas pausas para esclarecimento de dúvidas e realização de
exercícios contidos no material.
O método de ensino utilizado teve como princípio a Teoria de Aprendizagem
Significativa de Ausubel, na qual a aprendizagem é vista como um processo interno e pessoal
que implica a participação do aluno na construção do conhecimento, que progride de acordo
com seus interesses e capacidades, sendo necessário que o conteúdo esteja relacionado com
seus conhecimentos prévios, exigindo deste uma atitude favorável, capaz de atribuir
significados próprios aos conteúdos que assimila 8, 9.
Entre as atividades práticas, era apresentado um vídeo com conteúdo abordado no
manual, o qual servia para consolidar os conhecimentos adquiridos durante o curso. Esse
vídeo também continha exercícios no qual eram apresentadas crianças menores de dois anos
com problemas no desenvolvimento, a fim de possibilitar aos enfermeiros o treino dos
conhecimentos adquiridos em relação à avaliação do desenvolvimento para diferentes faixas
etárias.
Em seguida, eram realizadas atividades de avaliação do desenvolvimento de crianças
previamente agendadas, utilizando-se um kit com objetos simples e de fácil aquisição. Este kit
era composto por um pom-pom vermelho, seis cubos com cores variadas, uma caneca, um
chocalho, uma bola, papel e lápis de cera, um pote contendo contas para avaliação do
movimento de pinça da criança e uma fita métrica para aferição do perímetro cefálico. Além
desse material, os enfermeiros receberam um folder contendo figuras variadas do convívio da
criança (menina, flor, pássaro, cachorro e carro), para serem utilizados na avaliação cognitiva
no momento da consulta.
Avaliação
1ª Etapa
Avaliação das práticas dos enfermeiros relacionadas à vigilância do desenvolvimento
infantil
Essa avaliação foi realizada antes de os enfermeiros participarem da capacitação, por
meio de um instrumento com questões que investigavam a realização da consulta de
acompanhamento do desenvolvimento neuropsicomotor; se o enfermeiro perguntava a opinião
da mãe sobre o desenvolvimento da criança; se fazia avaliação rotineira do desenvolvimento e
REICHERT, A. P. S.
Impacto de uma intervenção educativa com enfermeiros para vigilância . . .
Artigo original I
66
qual a frequência dessa avaliação; se utilizava instrumento sistematizado para avaliar o
desenvolvimento e se orientava a mãe sobre como estimular o desenvolvimento da criança.
Para aplicação desse instrumento, foi agendado um horário conveniente para o enfermeiro na
Unidade de Saúde da Família, a fim de que o mesmo pudesse preencher o questionário sem
interrupção.
Entrevista com as mães sobre as práticas de vigilância do desenvolvimento realizadas
pelo enfermeiro
As mães foram entrevistadas na Unidade de Saúde da Família nos dias agendados para
consulta de enfermagem, imediatamente após seus filhos serem atendidos pelo enfermeiro.
Esta entrevista visava verificar a atitude do profissional naquele atendimento, relacionada à
vigilância do desenvolvimento infantil. O instrumento aplicado às mães questionava se o
enfermeiro avaliou o desenvolvimento da criança naquela consulta e se a orientou a como
estimular o desenvolvimento do seu filho em casa.
2ª Etapa:
Avaliação dos conhecimentos dos enfermeiros sobre o desenvolvimento infantil
O questionário para avaliar o conhecimento dos enfermeiros sobre desenvolvimento
infantil continha 13 questões com múltipla escolha sobre os marcos do desenvolvimento das
áreas motora, de linguagem, pessoal-social e cognitiva e sobre os principais fatores de risco
para o atraso do desenvolvimento. Este questionário foi aplicado imediatamente antes da
capacitação, ou seja, antes de terem contato com o conteúdo abordado no curso e recolhido
logo após o preenchimento do mesmo.
3ª Etapa:
Reavaliação dos conhecimentos dos enfermeiros e das informações maternas
Quatro meses após as oficinas de capacitação, os mesmos enfermeiros tiveram seus
conhecimentos reavaliados quanto aos fatores de risco e marcos do desenvolvimento infantil e
as suas práticas referentes à vigilância do desenvolvimento. Mães com crianças menores de
dois anos também foram selecionadas de maneira aleatória e entrevistadas para prestar
informações quanto à consulta do enfermeiro: se este avaliou o desenvolvimento da criança
naquela consulta e se a orientou em como estimular o desenvolvimento do seu filho no
domicílio.
Processamento e Análise Estatística
Os questionários foram revisados quanto à consistência no seu preenchimento e
REICHERT, A. P. S.
Impacto de uma intervenção educativa com enfermeiros para vigilância . . .
Artigo original I
67
digitados em dupla entrada, para validação da digitação, utilizando-se o software EPI-INFO,
versão 6,04.
As análises estatísticas foram realizadas por este programa e pelo Statistical Package
for the Social Sciences, versão 12. Utilizou-se o teste do qui-quadrado para verificar a
associação entre variáveis categóricas e o teste t pareado para comparar a pontuação média
dos acertos relacionados aos conhecimentos sobre desenvolvimento infantil, antes e após a
intervenção. Adotou-se como significante o valor de P ≤ 0,05.
Considerações Éticas
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de
Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba com protocolo nº 0216, como também
pela gerência de educação na saúde do município de João Pessoa. Os enfermeiros e as mães
foram informados sobre os objetivos da pesquisa e solicitados o consentimento livre e
esclarecido por escrito para participar da mesma.
RESULTADOS
Dos 45 enfermeiros que participaram deste estudo, todos eram do sexo feminino, com
faixa etária predominante entre 41 a 50 anos (42,2%), seguida das com idade entre 30 e 40
anos (28,9%). Com relação ao tempo de formado, cerca da metade possuía de 10 a 21 anos.
No que diz respeito ao tempo de atuação na Estratégia de Saúde da Família, 75,6% deles
informaram trabalhar entre 5 e 9 anos, coincidindo com o período em que houve expansão das
equipes de saúde da família no município de João Pessoa.
Verifica-se que as características sociodemográficas apresentadas na Tabela 1 foram
semelhantes entre o grupo de mães participantes antes e após a intervenção. De um modo
geral, observa-se que as famílias apresentavam baixa condição socioeconômica, pois cerca de
70% tinham renda familiar de até meio salário mínimo mensal per capita; no entanto, metade
da amostra apresentou escolaridade de 9 a 11 anos de estudo. Com relação ao número de
residentes no domicílio, vê-se que, em quase metade da amostra, as famílias tinham ente 4 a 5
pessoas, havendo predomínio de famílias com apenas um filho. Houve diferença significante
apenas na idade das crianças estudadas, antes e após a intervenção, especialmente na faixa
etária de 7 a 12 meses.
Na Tabela 2, encontram-se os itens utilizados para avaliar o conhecimento dos
enfermeiros quanto ao desenvolvimento infantil. As questões que apresentaram elevação na
frequência de acertos, quando comparados os resultados do pré-teste com a avaliação após a
intervenção, foram razão pela qual a criança com dois meses não acompanha objetos com os
olhos, questão relativa à avaliação do desenvolvimento motor e conhecimento geral sobre o
REICHERT, A. P. S.
Impacto de uma intervenção educativa com enfermeiros para vigilância . . .
Artigo original I
68
desenvolvimento da criança. Com relação à comparação da média de acertos, antes e após a
intervenção, houve um aumento de 7,3 para 8,5, sendo essa diferença estatisticamente
significante.
A Tabela 3 apresenta as informações prestadas pelos enfermeiros sobre suas práticas
de vigilância do desenvolvimento antes e após a intervenção. Verifica-se que cerca de 96%
afirmaram realizar esse tipo de consulta antes da intervenção, e este percentual se manteve
semelhante após a intervenção; entretanto, quando questionados sobre a avaliação rotineira
do desenvolvimento, esses valores foram de 80% vs 91%, respectivamente. Quanto à prática
dos enfermeiros em perguntar às mães, no momento da consulta, a opinião delas sobre o
desenvolvimento dos seus filhos, houve um aumento significante na frequência de 73% para
100%. Com relação à utilização de instrumento sistematizado para avaliação do
desenvolvimento, houve uma elevação significante da sua frequência de 42% para 91%. No
que se refere à orientação às mães sobre como estimular o desenvolvimento da criança, 91%
afirmaram realizar essa prática antes da intervenção, com elevação para 100% após a mesma.
De acordo com os dados apresentados na Tabela 4, verifica-se que houve uma
diferença significante das informações prestadas pelas mães sobre as práticas de vigilância do
desenvolvimento realizadas pelos enfermeiros na consulta à criança, com elevação das
frequências após a intervenção, no que se refere à atitude desses profissionais em perguntar a
opinião da mãe sobre o desenvolvimento da criança, em realizar a avaliação do
desenvolvimento e em prestar informação à mãe de como estimular o desenvolvimento da
criança.
REICHERT, A. P. S.
Impacto de uma intervenção educativa com enfermeiros para vigilância . . .
69
Artigo original I
Tabela 1 – Características sociodemográficas da família, reprodutivas maternas e biológicas das
crianças antes e após a intervenção.
Variáveis
Intervenção
Antes (n=225)
Após (n=225)
n
%
n
%
p
Renda familiar mensal per
capita (SM) *
≤ 0,25
0,26 a 0,50
> 0,50
70
86
56
33,0
40,6
26,4
76
68
50
39,2
35,1
25,8
0,39
Escolaridade materna (anos)
0a4
5a8
9 a 11
12 a 15
34
77
102
12
15,1
34,2
45,3
5,3
34
65
113
13
15,1
28,9
50,2
5,8
0,45
Pessoas na residência
2a3
4a5
6 a 12
70
107
48
31,1
47,6
21,3
59
103
63
26,2
45,8
28,0
0,22
Número de filhos
1
2
3a6
111
67
47
49,3
29,8
20,9
106
68
51
47,1
30,2
22,7
0,87
Crianças <5 anos na residência
1
2a4
164
61
72,9
27,1
167
58
74,2
25,8
0,83
Idade da criança (meses)
1a6
7 a 12
13 a 24
111
54
60
49,3
24,0
26,7
89
88
48
39,6
39,1
21,3
0,003
SM – salário mínimo (1SM = R$ 465,00)
* 13 registros sem informação antes e 31 após a intervenção.
REICHERT, A. P. S.
Impacto de uma intervenção educativa com enfermeiros para vigilância . . .
Artigo original I
Tabela 2 – Avaliação dos conhecimentos dos enfermeiros sobre desenvolvimento infantil
antes e após a intervenção.
Intervenção
Questões
Antes (n=45) Após (n=45)
p
Acertos
n
%
n
%
Causa da criança com 2 meses não
acompanhar objetos com os olhos
Faixa etária que a criança senta sem
apoio
Período em que a audição da criança
está presente
Idade em que a criança desenvolve a
linguagem
Conhecimentos quanto ao
desenvolvimento motor
Conhecimento geral sobre
desenvolvimento da criança
Fatores de risco relacionados ao déficit
de desenvolvimento neuropsicomotor
Identificação de atraso da linguagem
Identificação de habilidades esperadas
para a idade
Conhecimento sobre reflexos
primitivos
Identificação do domínio de funções
do desenvolvimento
Percepção do ser criança em
desenvolvimento
Conhecimento geral sobre habilidade
motora
Média de acertos (DP)
* teste t pareado
Sim
Não
27
18
60,0
40,0
39
06
86,7
13,3
0,009
Sim
Não
38
07
84,4
15,6
30
15
66,7
33,3
0,09
Sim
Não
32
13
71,1
28,9
34
11
75,6
24,4
0,81
Sim
Não
28
17
62,2
37,8
33
12
73,3
26,7
0,37
Sim
Não
10
35
22,2
77,8
25
20
55,6
44,4
0,002
Sim
Não
22
23
48,9
51,1
33
12
73,3
26,7
0,03
Sim
Não
36
09
80,0
20,0
37
08
82,2
17,8
1,00
Sim
Não
30
15
66,7
33,3
34
11
75,6
24,4
0,49
Sim
Não
29
16
64,4
35,6
32
13
71,1
28,9
0,65
Sim
24
53,3
29
64,4
0,39
Não
21
46,7
16
35,6
Sim
Não
15
30
33,3
66,7
14
31
31,1
68,9
1,00
Sim
Não
25
20
55,6
44,4
29
16
64,4
35,6
0,52
Sim
Não
12
33
26,7
73,3
12
33
26,7
73,3
0,81
7,3
(2,3)
8,5
(2,2)
0,001*
70
REICHERT, A. P. S.
Impacto de uma intervenção educativa com enfermeiros para vigilância . . .
Artigo original I
71
Tabela 3 – Informações dos enfermeiros sobre práticas de vigilância do desenvolvimento
infantil antes e após a intervenção
Intervenção
Vigilância do desenvolvimento
Antes (n = 45 )
Após (n=45)
p
informada pelos enfermeiros
n
%
n
%
Realiza consulta de
acompanhamento do
desenvolvimento?
Sim
Não
43
2
95,6
4,4
44
1
97,8
2,2
1,00*
Faz avaliação rotineira do
desenvolvimento das crianças?
Sim
Não
36
9
80,0
20,0
41
4
91,1
8,9
0,23
Pergunta a opinião da mãe sobre o
desenvolvimento da criança?
Sim
Não
33
12
73,3
26,7
45
0
100,0
0
< 0,001
6
8
22
9
13,3
17,8
48,9
20,0
10
5
26
4
22,2
11,1
57,8
8,9
0,27
17
19
9
37,8
42,2
20,0
0
41
4
0
91,1
8,9
<0,001
41
4
91,1
8,9
45
0
100,0
0
0,12*
De dez crianças atendidas, em
quantas é avaliado o
desenvolvimento?
3a6
7a9
10
Não avalia o desenvolvimento
Como avalia o desenvolvimento?
Utilizando apenas os conhecimentos
Utilizando instrumento sistematizado
Não avalia o desenvolvimento
Orienta a mãe sobre como
estimular o desenvolvimento da
criança?
Sim
Não
* Teste exato de Fisher
REICHERT, A. P. S.
Impacto de uma intervenção educativa com enfermeiros para vigilância . . .
72
Artigo original I
Tabela 4 – Informações maternas sobre práticas de vigilância do desenvolvimento infantil
realizadas pelos enfermeiros antes e após a intervenção
Intervenção
Vigilância do desenvolvimento
Antes (n = 225 )
Após (n=225)
p
informada pelas mães
n
%
n
%
Perguntou a opinião da mãe sobre o
desenvolvimento da criança?
Sim
Não
Avaliou o desenvolvimento da
criança?
Sim
Não
Orientou como estimular o
desenvolvimento da criança?
Sim
Não
53
172
23,6
76,4
132
93
58,7
41,3
< 0,001
108
117
48,0
52,0
178
47
79,1
20,9
< 0,001
75
150
33,3
66,7
124
101
55,1
44,9
< 0,001
DISCUSSÃO
Este estudo consistiu de uma intervenção comunitária voltada para a capacitação de
enfermeiros sobre os marcos do desenvolvimento infantil e as práticas relacionadas à sua
vigilância, visando aumentar a frequência da sua avaliação nas consultas de enfermagem,
realizadas durante o atendimento à criança na atenção primária em saúde. Ao tomar
conhecimento da ocorrência da capacitação, os enfermeiros demonstraram grande interesse
em
participar
desta
atividade,
alegando
insuficiência
de
conhecimentos
sobre
desenvolvimento infantil e reconhecendo sua importância para a melhoria da qualidade do
atendimento à criança.
A atividade educativa proposta neste estudo demonstrou ser efetiva, considerando-se
que, após a intervenção, houve uma elevação significante de 1,2 pontos na média de acertos
das questões sobre os marcos do desenvolvimento. Esses resultados estão consonantes com
alguns estudos de avaliação de habilidades e conhecimentos após treinamentos específicos
para a vigilância do desenvolvimento infantil. Dentre este, citamos um estudo realizado na
Turquia, que constatou aumento na média de conhecimentos de médicos e enfermeiros,
especialmente com relação ao aconselhamento das mães sobre medidas para promoção do
desenvolvimento da criança, identificação e acompanhamento de crianças com risco para
atraso do desenvolvimento e referência de crianças para serviços de intervenção precoce10.
REICHERT, A. P. S.
Impacto de uma intervenção educativa com enfermeiros para vigilância . . .
Artigo original I
73
Nos Estados Unidos, um estudo realizado em Connecticut evidenciou que a
intervenção promoveu mudança de práticas destes profissionais, aumentando o número de
crianças identificadas com problemas no desenvolvimento neuropsicomotor e de crianças
referidas para serviços de estimulação precoce 11. Também se constatou na Jamaica que, após
treinamento, os profissionais que acompanham crianças no domicílio incorporaram as
atividades de promoção do desenvolvimento saudável ao serviço de atenção primária, com
consequente melhora do desenvolvimento das crianças e aumento dos conhecimentos e
práticas maternas no cuidado geral à criança12.
Ao se analisar os resultados de cada questão utilizada para avaliar o conhecimento dos
enfermeiros sobre o desenvolvimento infantil, percebe-se que houve, em sua maioria, uma
elevação nos percentuais de acertos após a intervenção, com exceção das questões
relacionadas à idade em que a criança senta sem apoio, identificação do domínio das funções
do desenvolvimento que devem ser avaliadas durante a consulta e conhecimento geral sobre
habilidade motora. Não se sabe o que dificultou a retenção desses conhecimentos, tendo em
vista que os enfermeiros tinham conhecimento prévio sobre o assunto. Pode ser que os
enfermeiros não costumassem avaliar estes aspectos no cotidiano e nem orientassem a mãe
sobre os mesmos, ou também, não tivessem afinidade com esse conteúdo, o que dificultou a
aprendizagem, pois, segundo a teoria de Ausubel, para que a aprendizagem seja significativa,
é necessário que o indivíduo tenha conhecimento prévio sobre o assunto, vivencie e tenha
vontade de aprofundá-lo8.
Na perspectiva da Teoria da aprendizagem significativa de Ausubel13, o aluno tem que
estar disponível para aprender significativamente, ou seja, para relacionar o conhecimento que
já tem com o que deve aprender. Caso contrário, poderá aprender de modo automático, apenas
memorizando conceitos de forma arbitrária e literal que, provavelmente, serão esquecidos
rapidamente.
Observam-se respostas contraditórias dos enfermeiros em relação às questões sobre
práticas rotineiras de vigilância do desenvolvimento nas consultas às crianças, pois a maioria
destes profissionais afirmou realizar esta atividade mesmo antes da capacitação. Esta
informação está provavelmente superestimada, o que é constatado quando comparada com as
informações maternas que apresentaram afirmativas inferiores às dos enfermeiros,
especialmente antes da capacitação. Esta atitude pode ser pelo fato de os enfermeiros, ao
serem questionados sobre suas práticas, percebessem a importância da vigilância do
desenvolvimento infantil para a promoção da saúde da criança e, por se darem conta de que
não estão realizando esta prática a contento, tentam omitir as lacunas na ação profissional, ou
REICHERT, A. P. S.
Impacto de uma intervenção educativa com enfermeiros para vigilância . . .
Artigo original I
74
então, por se sentirem avaliados, afirmam realizar a vigilância do desenvolvimento numa
frequência além da realidade.
Apesar disso, de um modo geral, houve aumento da frequência da realização do
acompanhamento do desenvolvimento nas consultas de puericultura, o que foi confirmado
pelas respostas das mães. É possível que os enfermeiros participantes do estudo realizem essa
avaliação em um percentual menor, embora maior do que o referido pelas mães, porém, por
não envolvê-las no processo, estas podem não perceber o procedimento14.
Informações superestimadas em relação à vigilância do desenvolvimento, são
observadas mesmo em situações em que a avaliação do desenvolvimento já é sistematizada,
como nos Estados Unidos. Esta atividade não é unânime na prática diária de pediatras,
conforme constata um estudo realizado15, no qual apenas metade das famílias afirma que os
pediatras avaliam o desenvolvimento da criança em todas as consultas de puericultura,
embora os dados da Academia Americana de Pediatria revelem que, aproximadamente, 96%
dos pediatras pesquisados afirmam avaliar o desenvolvimento das crianças menores de 36
meses16.
A opinião das mães sobre o desenvolvimento da criança durante a consulta é de
fundamental importância para a anamnese do desenvolvimento neuropsicomotor, pois esta,
quando é auxiliada pelas informações dos pais, além de serem em geral fidedignas, auxiliam
no diagnóstico de alterações com um menor tempo de consulta
15
. Pesquisas sugerem que a
opinião dos pais, quando bem interpretadas e valorizadas pelo profissional, pode levar a
decisões certas sobre a necessidade de encaminhamento de crianças com problemas no
desenvolvimento para serviços de estimulação precoce18, 19.
Os dados revelam também que houve um aumento na utilização de um instrumento
sistematizado para avaliação do desenvolvimento das crianças atendidas pelos enfermeiros
participantes da pesquisa, com a quase totalidade destes afirmando o uso desta ferramenta
após a capacitação. Esta prática é de fundamental importância na assistência à criança, porque
a utilização de um instrumento sistematizado facilitará a realização da vigilância do
desenvolvimento infantil. É possível que o uso do instrumento de avaliação fornecido tenha
sido utilizado quatro meses após a capacitação; no entanto, não podemos prever por quanto
tempo o mesmo será utilizado, ou se será incorporado à consulta à criança. Isso porque,
mesmo em países onde a utilização de instrumento sistematizado para avaliação do
desenvolvimento é incentivada e normatizada, os profissionais não o utilizam em todas as
consultas16, 20.
REICHERT, A. P. S.
Impacto de uma intervenção educativa com enfermeiros para vigilância . . .
Artigo original I
75
Já é consenso entre os pesquisadores a importância da utilização de instrumento
sistematizado para avaliar o desenvolvimento das crianças durante a consulta, caso contrário,
crianças que estão com um leve atraso deixarão de ser detectadas, devido à sutileza dos sinais.
Nos Estados Unidos, a implementação do acompanhamento do desenvolvimento e a detecção
precoce de problemas no desenvolvimento têm sido limitados nos casos em que o profissional
não utiliza um instrumento sistematizado e nem segue os protocolos recomendados pela
Academia Americana de Pediatria 20, 21, 22. Em pesquisa realizada por Sices et al.23 constatouse que, na ausência de um instrumento sistematizado para a avaliação do desenvolvimento, os
profissionais de saúde deixam de identificar crianças com alterações no desenvolvimento, não
referindo aos serviços especializados, e tendem a não considerar os fatores de risco para
distúrbios no desenvolvimento, isto porque a avaliação do desenvolvimento pode ser
imprecisa quando se utiliza apenas a impressão clínica21.
Consideramos, como aspecto positivo do presente estudo, o fato de o mesmo ter
proporcionado aumento dos conhecimentos dos enfermeiros e sensibilizá-los para incluir a
vigilância do desenvolvimento infantil nas suas práticas de puericultura, considerando que a
grande maioria não avaliava o desenvolvimento neuropsicomotor antes da capacitação e
tinham deficiência de conhecimentos nessa área. Foi capacitado quase que a totalidade dos
enfermeiros do Distrito Sanitário III, o que fortalece a consulta de puericultura naquela região.
Outro aspecto positivo se refere a participação das mães que atuaram, confrontando as
informações prestadas pelos enfermeiros. São poucos os estudos de intervenção voltados para
melhorar a vigilância do desenvolvimento infantil que contemplam as mães nas suas
amostras.
Por outro lado, uma limitação do estudo foi a ausência de grupo controle, no qual não
seria realizado a capacitação, mas apenas avaliação dos conhecimentos e práticas sobre
vigilância do desenvolvimento infantil em outro distrito. Contudo, os achados deste estudo
foram semelhantes aos que utilizaram grupo controle 11, 12, 24. Outro aspecto a ser considerado
é o fato de os enfermeiros saberem, antecipadamente, que seus conhecimentos sobre
desenvolvimento neuropsicomotor seriam avaliados novamente após a capacitação, assim
como suas práticas seriam avaliadas através de entrevistas às mães imediatamente após a
consulta à criança. Apesar de os enfermeiros desconhecerem o conteúdo das informações
fornecidas pelas mães, o fato de saberem que estavam sendo avaliados pode ter modificado a
forma de atender a criança e se empenhando em realizar os procedimentos corretamente, a fim
de ocultarem possíveis falhas durante a consulta.
REICHERT, A. P. S.
Impacto de uma intervenção educativa com enfermeiros para vigilância . . .
Artigo original I
76
Verifica-se a necessidade de avaliar os conhecimentos e práticas dos enfermeiros após
um ano da intervenção, a fim de investigar se as práticas de vigilância do desenvolvimento
foram incorporadas à rotina desses profissionais. Também se faz necessário verificar se houve
impacto não só nos conhecimentos e práticas dos profissionais, mas também na mudança de
comportamento das mães com relação às orientações recebidas pelo profissional.
Esta intervenção proporcionou aumento do conhecimento dos enfermeiros sobre
desenvolvimento infantil e da frequência das suas avaliações nas consultas realizadas às
crianças menores de dois anos, contribuindo para a detecção precoce de alterações do
desenvolvimento.
A partir dos resultados, recomenda-se a utilização da vigilância do desenvolvimento
infantil no contexto da AIDPI na Estratégia de Saúde da Família, tendo em vista ser um
instrumento de rápida aplicação e com utilização de material de baixo custo para detecção de
crianças com risco de alterações no desenvolvimento. Também se evidencia a necessidade de
utilização de tecnologias educativas na busca de superação de fragilidades na prática dos
enfermeiros, especialmente dos que trabalham na atenção primária à saúde da criança.
Agradecimentos
Às mães e enfermeiros participantes do estudo, aos assistentes de pesquisa, aos funcionários
do Distrito Sanitário III e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) pelo financiamento a esta pesquisa e pela bolsa de produtividade em
pesquisa de Marília Lima.
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CAPÍTULO V
REICHERT, A. P. S.
Avaliação da implementação de uma intervenção educativa em vigilância . . .
Artigo original II
80
AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DE UMA INTERVENÇÃO EDUCATIVA EM
VIGILÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL COM ENFERMEIROS4
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo avaliar as dificuldades e facilidades enfrentadas por
enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família durante o processo de implementação de uma
intervenção educativa em vigilância do desenvolvimento infantil. A abordagem utilizada foi
qualitativa com onze enfermeiros que participaram de oficinas de capacitação em vigilância
do desenvolvimento no contexto da Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância. Os
dados foram coletados nos meses de maio e junho de 2009 e analisados a partir do método de
análise de conteúdo, utilizando-se a modalidade temática. Foram identificados três núcleos
temáticos: pontos dificultadores para aplicar os conhecimentos adquiridos; pontos
facilitadores proporcionados pelo curso e transformação da prática a partir dos conhecimentos
adquiridos na capacitação. Destaca-se a premência de incorporar conteúdos que priorizem
questões voltadas para a vigilância do desenvolvimento infantil no ensino de graduação em
enfermagem e na residência em saúde da família.
Descritores: Desenvolvimento Infantil; Saúde da Família; Enfermagem em saúde
comunitária; Educação em Saúde.
ABSTRACT
This research aimed to assess the difficulties and facilities faced by nurses from the Family
Health Strategy during the process of implementation of an educational intervention on
developmental surveillance. It was used a qualitative approach with eleven nurses who took
part in the workshops for developmental surveillance training within the context of the
Integrated Management of Childhood Illness. Data were collected from May to June 2009 and
were analyzed on the basis of content analysis methodology, using the theme modality. Three
thematic nuclei were identified: difficult points which impair application of the acquired
knowledge; facilitating points provided by the course, and practice transformation on the basis
of knowledge acquired during the training course. It is highlighted the urgency of
incorporating subjects that give priority on questions concerned to infants’ developmental
surveillance in the undergraduate nursing teaching as well as in the family health internship.
Key words: Child development; Family Health; Community health nursing; Health
Education.
RESÚMEN
Esta investigación tiene como objetivo evaluar las dificultades y facilidades enfrentadas por
enfermeros de la Estrategia de Salud de la Familia durante el proceso de implementación de
una intervención educativa en vigilancia del desarrollo. El abordaje utilizado fue cualitativa
con once enfermeros que participaron de talleres de capacitación en vigilancia del desarrollo
en el contexto de la Atención Integrada a las Enfermedades Prevalecientes en la Infancia. Los
datos fueron levantados en los meses de mayo y junio de 2009 y analizados a partir de la
técnica de análisis de contenido, con la modalidad temática. Se identificaron tres núcleos
4
Artigo submetido à Revista da Escola de Enfermagem da USP (comprovante no anexo D)
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Avaliação da implementação de uma intervenção educativa em vigilância . . .
Artigo original II
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temáticos: puntos dificultadores para aplicar los conocimientos adquiridos; puntos
facilitadores proporcionados por el curso, y transformación de la práctica a partir de los
conocimientos adquiridos en la capacitación. A partir de los resultados, se destaca la urgente
necesidad de incorporar contenidos que prioricen cuestiones volcadas hacia la vigilancia del
desarrollo infantil en la enseñanza de graduación en enfermería y residencias en salud de la
familia.
Descriptores: Desarrollo Infantil; Salud de la Familia; Enfermería en Salud Comunitaria;
Educación en Salud.
INTRODUÇÃO
Com a redução da mortalidade infantil em países em desenvolvimento, os aspectos
relacionados ao bem-estar das crianças estão tendo maior relevância na atenção à saúde, com
esforços se voltando para a vigilância do desenvolvimento infantil(1). Esta compreende todas
as atividades relacionadas à promoção do desenvolvimento normal e à detecção de problemas
no desenvolvimento durante a atenção primária à saúde da criança. É um processo contínuo,
flexível, envolvendo informações dos profissionais de saúde, pais, professores e outros(2).
O acompanhamento longitudinal do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes é
fundamental, uma vez que esse é um período de intensa transição na espécie humana, quando
se processam as mais importantes modificações em curtos períodos de tempo, sendo uma
etapa caracterizada por aquisições que repercutirão na vida adulta.
Essa ação é
imprescindível porque, em países em desenvolvimento, a prevalência dos transtornos
psicomotores é estimada entre 12 e 16%, número este que aumenta significativamente ao
incorporar problemas do comportamento e dificuldades escolares(3).
Estima-se que mais de 300 mil indivíduos com menos de 21 anos de idade, nos
Estados Unidos, têm baixo desenvolvimento cognitivo que poderiam ter sido prevenidos
através de intervenção precoce e contínua. Cerca de 17% das crianças têm deficiência no
desenvolvimento ou comportamento, tais como autismo, retardo mental, déficit de atenção,
hiperatividade. Porém, menos da metade destas são identificadas antes de ingressar na escola,
quando, em alguns casos, a oportunidade de tratamento e intervenção já tem sido perdida, e as
crianças já estão com o problema instalado(4).
Frente ao enfermeiro, como um dos membros da equipe que atua na Estratégia de
Saúde da Família(5) e da realidade aqui apresentada, percebeu-se a necessidade de qualificá-lo
para as ações de vigilância do desenvolvimento infantil, visto que muitas crianças que
frequentam as Unidades de Saúde da Família (USF) se encontram em risco de apresentar
atraso no desenvolvimento. Existem evidências de que, em países menos afluentes, mais de
200 milhões de crianças menores de cinco anos estão se desenvolvendo aquém do seu
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Avaliação da implementação de uma intervenção educativa em vigilância . . .
Artigo original II
82
potencial, gerando uma baixa escolaridade e, a mais longo prazo, baixa aquisição de renda,
alta fertilidade, cuidados inadequados com as crianças, contribuindo para transmissão intergeracional da pobreza(6).
Além disso, a literatura enfatiza a existência de uma lacuna entre o conhecimento dos
profissionais e a habilidade em avaliar o desenvolvimento infantil, demonstrando baixo
desempenho nessa atividade(4). Também destaca a existência de barreiras para a realização da
vigilância do desenvolvimento, dentre elas, falta de conhecimento dos profissionais de saúde
e insegurança em conduzir a avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor(7).
Partindo deste contexto, foi realizado um programa de intervenção educativa com
oficinas de capacitação em vigilância do desenvolvimento infantil para qualificação de
enfermeiros que atuam na Estratégia de Saúde da Família em João Pessoa-PB. A avaliação
dos conhecimentos e práticas quanto à vigilância do desenvolvimento infantil foi realizada
antes das oficinas e após quatro meses, visando averiguar a efetividade deste programa. Esta
intervenção propiciou a oportunidade de, através de uma abordagem qualitativa, analisar as
repercussões da referida capacitação na prática diária.
OBJETIVO
Avaliar as dificuldades e facilidades enfrentadas pelos enfermeiros durante o processo de
implementação dos conhecimentos adquiridos em um programa de capacitação em vigilância
do desenvolvimento infantil, dirigido a enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família.
MÉTODO
A escolha pelo modelo qualitativo se deu a partir das inquietações surgidas após as
oficinas de capacitação em vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da Atenção
Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI). Naquele momento, surgiu a
necessidade de saber como seria a experiência dos enfermeiros após o treinamento, no tocante
às dificuldades e facilidades em pôr em prática os conhecimentos adquiridos na referida
capacitação.
Portanto, no presente estudo, foram analisadas as falas de enfermeiros que
participaram das oficinas de capacitação em vigilância do desenvolvimento infantil no
contexto da AIDPI, realizadas em uma Unidade de Saúde da Família pertencente ao Distrito
Sanitário III da cidade de João Pessoa-PB.
O programa educativo consistiu de uma intervenção do tipo antes-depois, conduzida
entre os meses de novembro de 2008 e abril de 2009. Nos dois primeiros meses, foram
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Avaliação da implementação de uma intervenção educativa em vigilância . . .
Artigo original II
83
realizadas três oficinas de capacitação em vigilância do desenvolvimento infantil, cada uma
com carga horária de 16 horas, distribuídas em dois dias, para uma média de 15 participantes.
As atividades teóricas foram desenvolvidas através de aulas, utilizando metodologias ativas,
com a problematização como estratégia de ensino-aprendizagem, com o objetivo de
sensibilizar e motivar os enfermeiros(8).
Para auxiliar na avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor da criança, foi
disponibilizado aos enfermeiros um material que consiste de quadros indicando os passos a
serem seguidos durante a consulta e um kit contendo objetos simples e de fácil aquisição. Este
é composto por um pom-pom vermelho, seis cubos com cores variadas, uma caneca, um
chocalho, uma bola, papel e lápis de cera, um pote contendo contas para avaliação do
movimento de pinça da criança e uma fita métrica para aferição do perímetro cefálico. Além
desse material, os enfermeiros receberam um folder contendo figuras variadas do convívio da
criança (menina, flor, pássaro, cachorro e carro), para ser utilizado na avaliação cognitiva no
momento da consulta. O conteúdo do curso foi publicado pela OPAS em 2005(9) e incluído no
conteúdo do curso de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI).
Valendo-se do critério de saturação teórica para delimitação da amostra e após sorteio,
foram entrevistados onze enfermeiros que participaram de todas as etapas do programa de
intervenção e que continuaram atuando em uma das Unidades de Saúde da Família do Distrito
Sanitário III da cidade de João Pessoa.
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um roteiro semiestruturado,
contendo as seguintes questões norteadoras: Como você avalia a oficina de capacitação em
vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da AIDPI? Relate as dificuldades e as
facilidades enfrentadas por você para aplicar na prática os conhecimentos adquiridos na
capacitação em vigilância do desenvolvimento infantil? A partir da oficina de capacitação,
que aspectos lhes motivaram a aplicar os conhecimentos na sua prática diária?
O período de coleta do presente estudo aconteceu nos meses de maio e junho de 2009.
Para realização das entrevistas, foi agendado um horário conveniente para o enfermeiro na
Unidade de Saúde da Família. Cada entrevista durou de 10 a 30 minutos, as quais foram
gravadas em MP4 player, após anuência dos entrevistados, a fim de captar informações
indispensáveis à realização do estudo. Buscou-se realizar as entrevistas em ambiente com
privacidade, silencioso e isento de interferências externas. Para assegurar o anonimato dos
enfermeiros, os discursos foram identificados com a letra “E” em referência à palavra
enfermeiro, seguido do número, conforme a sequência da entrevista no momento da coleta de
dados.
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O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da
Saúde da Universidade Federal da Paraíba com Protocolo nº 0216, como também à Gerência
de Educação na Saúde do município de João Pessoa, obtendo parecer favorável. Os
enfermeiros, após serem informados sobre a finalidade da pesquisa, assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
Os dados foram analisados, utilizando-se a técnica de análise de conteúdo, modalidade
de temática transversal que recorta as falas, levando em conta a frequência dos temas
extraídos dos discursos, descobrindo núcleos de sentido que compõem a comunicação e cuja
presença dá significado ao objetivo da análise, elegendo, a seguir, as categorias ou temas(10).
Cada entrevista foi processada separadamente, e, durante a transcrição, optou-se por
padronizar com o símbolo [...] para representar o momento em que as falas foram recortadas.
RESULTADOS
As onze participantes eram do sexo feminino, com faixa etária entre 28 e 49 anos, com
7 a 23 anos de formadas. No que diz respeito ao tempo de atuação na Estratégia de Saúde da
Família, apenas uma delas referiu 11 anos de trabalho, com o restante atuando menos de 9
anos, coincidindo com o período em que houve expansão das equipes de saúde da família no
município de João Pessoa. Pelo fato da amostra ser majoritariamente feminina, utilizaremos o
termo enfermeiras, ao nos referir às participantes deste estudo.
Os resultados apontaram inicialmente que, na opinião das entrevistadas, a capacitação
em vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da AIDPI foi valorizada em função da
aplicação de uma atividade educativa com ótima metodologia, por ter partido do
conhecimento prévio do público alvo, material didático motivador e facilitadores competentes
quanto ao processo educativo. Por outro lado, destacaram que a carga horária do curso foi
curta, diante de suas necessidades de conhecimentos nessa área, conforme depoimentos
abaixo:
[...] Eu acho, assim, que ela foi muito boa nesse sentido de que ela
buscou o que a gente também tinha de conhecimentos, a forma
prática, o manual que você forneceu, o material didático pra gente
também bem sucinto, direcionado pra nossa prática[...](E7).
[...] a gente está acostumado a ir e ver o quê? A ver um slide, uma
fotografia, e a gente ali teve uma oportunidade de vivenciar uma
prática que ajuda muito porque o fazer é totalmente diferente do ver e
do ler, né? O executar, o treinar é muito importante. Eu acho que
você foi perfeita nisso aí, foi um novo pra gente, né?(E9).
REICHERT, A. P. S.
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Artigo original II
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[...] a forma que foi dada e a metodologia empregada foi ótima, não
teve estresse e nem cansaço, sempre aquela motivação de todos(E3).
[...] A parte que eu achei insuficiente foi só o tempo. Eu acho que
tinha que ter um tempo maior, porque ficou corrido[...] E o restante
eu amei. O material, a professora, as colaboradoras, as orientadoras,
muito competentes, muito boas, foi muito legal aquela fala delas
[...](E1).
A partir dessa concepção inicial acerca das oficinas, foram identificados três núcleos
temáticos, sendo eles: pontos dificultadores para aplicar os conhecimentos adquiridos; pontos
facilitadores proporcionados pelo curso; transformação da prática a partir dos conhecimentos
adquiridos na capacitação.
Temática 1: Pontos dificultadores para aplicar os conhecimentos adquiridos
Com a introdução da avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor nas consultas de
enfermagem à criança na atenção primária, esta ficou mais longa, levando as mães a
demonstrarem insatisfação em ter que esperar mais tempo do que o de costume para a criança
ser atendida, isso porque, antes da capacitação, a maioria das enfermeiras não realizava o
acompanhamento do desenvolvimento infantil, conforme relatos abaixo:
[...] A dificuldade está mais relacionada com a pressa da mãe em ser
atendida pra voltar logo pra casa. [...] Porque elas não têm o hábito
de vir fazer puericultura [...] (E4).
[...] A gente acompanhava muito o crescimento da criança e não o
desenvolvimento dela. Então, faltava subsídios para que a gente
pudesse colocar isso em prática. Agora, eu senti dificuldades porque
as mães não têm muita paciência em esperar essa avaliação toda pela
demanda exagerada que a gente tem de crianças na unidade [...]
(E7).
[...] mas, assim, o que torna um pouco mais difícil é que demanda
mais tempo, né? É diferente, a consulta que a gente fazia de estar
percebendo só o crescimento e aí media e tal, era rapidinho [...] (E8).
Apesar do maior dispêndio de tempo na consulta, como contraponto, observa-se que as
mães, que anteriormente se incomodavam com a espera, ficam satisfeitas ao notarem que seus
filhos estão tendo melhor assistência, e essa aprovação repercute diretamente no aumento da
procura pela consulta de puericultura.
[...] agora avalia o sistema neuropsicomotor, então aplicando todos
aqueles procedimentos, então isso aí a gente observa que toda a
clientela, ela ficou interessada muito, as mães né? Elas se interessam
REICHERT, A. P. S.
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Artigo original II
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muito agora em acompanhar o seu filho aqui na Unidade de Saúde da
Família. Então, tive que aumentar mais um turno porque a demanda
aumentou (E3).
[...] Eu acho que as mães estão muito mais satisfeitas. Eu sempre tive
uma demanda boa de puericultura, mas, mais do que nunca, elas não
faltam mais (E5).
[...] todas elas estão vindo pra mim e cada dia está aumentando.
Então, eu estou feliz. [...] Então eu estou pondo em prática e cada dia
eu estou aumentando, e as mães estão buscando mês a mês, vindo
realmente fazer não só por criança doente não, elas vêm para o
acompanhamento do crescimento, desenvolvimento [...] (E6).
Outro aspecto considerado pelas enfermeiras como dificultador para o acompanhamento
sistemático das crianças diz respeito ao ambiente de trabalho, especificamente, a precária
infraestrutura da unidade de saúde e o excesso de atividades a que o profissional é submetido.
[...] Houve certa dificuldade devido, assim, as múltiplas tarefas que a
gente tem, né? Pra isso...[...] até que você vê que a sala aqui não é
uma sala totalmente disponível; então, pra eu fazer um trabalho desse
tipo. Nós temos uma estrutura aqui que não é das melhores, mas,
mesmo com o que a gente tem, a gente faz, a gente não deixa de
fazer!(E11).
[...] outra coisa que eu acho, assim, durante a consulta [...] Eu não
posso dar conta da minha assistência porque eu tenho que sair,
vacinar, porque eu tenho que sair para resolver uma outra coisa, e eu
não fico só com aquelas mães naquela direção de fazer o crescimento
e desenvolvimento naquele dia, não é só o CD (E1).
Embora a capacitação tenha propiciado uma nova proposta de atendimento à criança,
com instrumentos de avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor que visam facilitar o
trabalho do enfermeiro e tornar a consulta sistematizada, percebe-se, nos discursos de
algumas entrevistadas a dificuldade em lidar com estes instrumentos, especialmente no que se
refere à memorização dos passos a serem seguidos para avaliação dos marcos específicos para
cada faixa etária.
[...] agora, eu tenho uma dificuldade na decoreba da análise dos
meninos de um mês, dois meses [...] aí eu tenho que estar com aquela
tua planilha de lado pra me auxiliar, porque, porque eu não decoro
não (E2).
[...] Eu tive dificuldades, algumas dificuldades naqueles marcadores,
né?[...] E eu reli aquela apostilhazinha que está sempre aqui ao meu
lado que pra mim facilitou bastante [....](E6).
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[...] aquele quadrinho que eu tenho que estar o tempo todo olhando,
tanto é que eu coloquei no prontuário pra não ficar o tempo todo com
a tabelinha do lado (E9).
Mesmo diante das dificuldades enfrentadas inicialmente devido a pouca habilidade em
utilizar os instrumentos de avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor, as enfermeiras
demonstram motivação e interesse em aplicá-los em todas as consultas, referindo satisfação e
zelo ao preencher os instrumentos.
[...] Melhorou a qualidade da consulta, o interesse, inclusive hoje
quando eu vou começar aqui, eu pego o material, fica aqui em cima,
meu material pra fazer a avaliação [....] (E3).
[...] E a gente, por si só, já tem mais aquele zelinho de estar
preenchendo tudo bem direitinho, tudo mais detalhado e tudo, aí a
gente se sente mais segura [...] (E4).
[...] Eu aplico todos os dias que faço puericultura e uso todos os
instrumentos. Eu já não sei fazer puericultura sem aplicar [...] (E5).
Temática 2: Pontos facilitadores proporcionados pelo curso
Um aspecto facilitador da prática, considerado por várias enfermeiras pesquisadas está
relacionado ao material disponibilizado para auxiliar na avaliação do desenvolvimento
neuropsicomotor da criança que, segundo elas, este material proporcionou praticidade e
facilidade na realização da consulta, tornando-a mais sistematizada e com melhor qualidade,
conforme se constata nos depoimentos abaixo.
[...] o material que a gente pode estar sempre consultando em caso
de dúvida, uma coisa pra estar sempre ali, consultando [...].[...] aí
com o Kit, a gente consegue fazer tudo mais fácil, e os instrumentos
foram, que é o principal motivo, né? Facilita muito na consulta, muito
mesmo! (E1).
[...] Facilidades foi o instrumento que você tinha criado, né? Aquelas
tabelinhas ajudaram bastante a vontade realmente de aprimorar a
qualidade do serviço e também de avaliar realmente aquilo que a
gente não avaliava que eram aquelas questões neuropsicomotoras
(E5).
[...] ficou, assim, mais lúdica, né? Eu acho que até reforça a
qualidade da puericultura na visão da mãe [...]. [...] Mas, uma coisa é
você ficar só com o instrumento da fala, e outra é você vir com um
instrumento lúdico que é um chocalhinho, um copinho... então aquilo
ali, ele dá não só dá uma impressão a mim e a mãe, não? ele é
REICHERT, A. P. S.
Avaliação da implementação de uma intervenção educativa em vigilância . . .
Artigo original II
88
realmente um salto qualitativo, né? são instrumento visuais que
encantam, além da questão da qualidade, encantam!(E9).
Outro aspecto relevante, proporcionado pela capacitação e identificado nos discursos
das enfermeiras, é que, com a aquisição de conhecimentos sobre a vigilância do
desenvolvimento infantil, estas passaram a identificar os problemas no desenvolvimento das
crianças atendidas por elas e encaminhá-las precocemente, prática que não era feita antes da
realização das oficinas.
[...] Até então, eu ainda não tinha encaminhado nenhuma criança,
né? Pra o serviço especializado, e eu tive oportunidade de ter uma
criança e encaminhei primeiramente pra pediatra que é minha colega
de trabalho. Então, assim, tá sendo muito positivo, teve benefícios
mesmo (E3).
[...] O fato de aplicar o que a gente aprendeu, é... ter condições
de...teve uma criança que eu pude encaminhar, isso também me
trouxe muita gratificação, porque, satisfação mesmo de poder estar
identificando [...] Não tive dificuldade de encaminhar a criança [...]
(E5).
[...] Tinha que ser uma coisa muito gritante pra que a gente
percebesse [...] agora a gente tem como encaminhar e dar, assim...
descrever quais são os pontos que a gente observou, se existe algum
atraso, se existe alguma coisa que a gente precisa ser mais avaliado
por um profissional. Então, eu consigo agora referenciar essa
criança com algum atraso já com pontos hipotéticos! Então, eu
consigo ali dizer assim o que eu encontrei; de repente, não é nada de
importante, mas eu consigo referenciar (E7).
Temática 3: Transformação da prática a partir dos conhecimentos adquiridos
É exigido do profissional que trabalha na Estratégia de Saúde da Família o
desenvolvimento de competências, dentre elas, conhecimentos diversos para atender aos
indivíduos nos vários ciclos de vida. Entretanto, a sobrecarga de trabalho em que este é
submetido dificulta a busca de conhecimentos, causando déficits que comprometem o
atendimento à clientela. Nesse contexto, segundo as enfermeiras pesquisadas, a capacitação
veio agregar conhecimentos sobre desenvolvimento infantil, ao ponto de proporcionar
transformação de suas práticas, pois estas incorporaram fundamentação científica à avaliação
do desenvolvimento infantil nas consultas, proporcionando, assim, um salto qualitativo na
assistência à criança.
[...] Principalmente com a questão da gente estar também... de ter
assim instigado a gente ir mais a fundo um pouquinho nas consultas
REICHERT, A. P. S.
Avaliação da implementação de uma intervenção educativa em vigilância . . .
Artigo original II
89
[...]. [...] porque você está fazendo um serviço mais...mais assim,
aprimorou mais sua realização, até o nosso desempenho, né? porque
ficou uma coisa mais científica, uma coisa que você está avaliando
com mais critério, né?(E4).
[...] Eu acho que engrandeceu o trabalho, sabe? E até como
profissional também, eu me senti melhor até para estar
acompanhando essas crianças, fazendo algo a mais que a gente não
fazia (E5).
[...] Eu gostei, eu acho que você atendeu mais do que a minha
expectativa porque não foi só um trabalho seu, foi uma transformação
nossa (E9).
[...] Pra mim, foi uma experiência nova, e eu acredito que eu melhorei
muito depois disso, porque eu precisava fazer um curso desse tipo.
[...] foi uma coisa nova e que só me acrescentou. [...]eu passei agora
a avaliar melhor a parte do desenvolvimento; então, pra mim, isso
acrescentou o meu conhecimento [...] (E11).
Para algumas enfermeiras, esta transformação foi marcante não só pelo fato de a
consulta passar a ser realizada com base científica, mas também, passaram a ver a criança
com um novo olhar, de maneira mais próxima da integralidade.
[...] Isso aí nos incentivou porque antes nós não tínhamos, né? Essa
prática, esse novo olhar pra criança e hoje nós já temos esse olhar
[...] (E3).
[...] Então essa foi a grande vantagem: um novo olhar pra essas
crianças que estavam escapando as prioridades (E7).
DISCUSSÃO
Com base nas entrevistas, é quase unanimidade o sentimento de que o tempo
programado para a oficina foi insuficiente, tendo em vista a necessidade emergente de
conhecimentos para as enfermeiras atuarem conforme as diretrizes do programa de atenção à
saúde da criança. Para melhorar essa realidade, as participantes do estudo sugerem que seja
oferecido o curso completo de AIDPI. Essa deficiência na capacitação ocorre porque a
qualificação de profissionais voltada a este público, cujos benefícios são observados em curto
prazo pela satisfação dos clientes, e em longo prazo, por meio da redução da morbidade e
mortalidade infantil, não desperta interesse dos gestores de saúde, refletido na ausência de
treinamentos para os profissionais da Estratégia de Saúde da Família(11).
Para dirimir esta problemática, a melhor maneira de aprofundamento de
conhecimentos e busca de respostas para as demandas por conhecimentos na área da saúde da
REICHERT, A. P. S.
Avaliação da implementação de uma intervenção educativa em vigilância . . .
Artigo original II
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criança está na estratégia de educação permanente, por se revelar como essencial para reduzir
a vulnerabilidade da população infantil. Mas, para que a aprendizagem ocorra eficazmente, é
fundamental que parta da real necessidade dos profissionais, que seja deslocado para o
ambiente de serviço e considerado como fonte de conhecimento(12).
Isso se torna importante porque atuar na Estratégia de Saúde da Família requer que o
profissional tenha conhecimentos básicos em relação ao desenvolvimento infantil, que fiquem
atentos aos fatores que influenciam este processo e às possibilidades de intervenção, tendo em
vista que a unidade de saúde da família configura-se como principal modalidade de atuação
da atenção básica, sendo a porta de entrada do sistema de saúde, devendo, dessa forma, ter
poder de resolutividade(12).
As enfermeiras referiram que, com a aquisição de conhecimentos proporcionados pelo
curso de capacitação, houve aumento da confiança e autonomia na prática profissional, com
crescente satisfação, à medida que se sentiram capazes de realizar a consulta de puericultura
de maneira mais completa. Este aspecto é fundamental, porque o desempenho clínico
profissional e a interação com os usuários são fatores que podem influenciar na forma como
estes se vinculam à unidade de saúde, em especial, com as mães de crianças menores de dois
anos(13).
Por outro lado, não é tarefa fácil formar vínculo com o usuário, principalmente quando
o profissional tem que lidar com a pressão psicológica decorrente da pressa das mães para que
seus filhos sejam atendidos. É apenas por meio do vínculo que são construídos laços de
compromisso e corresponsabilidade entre as enfermeiras e as mães. Entretanto, lidar com
emoções não é uma tarefa fácil, pois requer ações eficazes, com paciência e escuta sensível, o
que reflete na prática clínica da enfermeira, quando considera o cuidado numa perspectiva
integral, humanizada e com qualidade(14). Sendo assim, é importante que elas tentem construir
uma relação de confiança, produza vínculo com as mães, qualificando assim a sua prática
clínica.
O objetivo principal da vigilância do desenvolvimento infantil é monitorar as crianças
de maneira a detectar precocemente problemas do desenvolvimento e encaminhá-la, com
maior brevidade possível, para o devido tratamento, a fim de que esta não apresente danos
posteriores. Isso porque a intervenção precoce em crianças com alterações no
desenvolvimento fará com que estas tenham melhor rendimento nos estudos, no trabalho,
tenham uma vida independente, assim como, prevenirá problemas como gravidez na
adolescência e delinquência(15).
REICHERT, A. P. S.
Avaliação da implementação de uma intervenção educativa em vigilância . . .
Artigo original II
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Nesse contexto, percebe-se que, com a capacitação, algumas enfermeiras conseguiram
detectar crianças com possível atraso no desenvolvimento e, segundo relatos, tomaram as
medidas necessárias, encaminhando para pediatras ou orientando a mãe para estimular a
criança e retornar para avaliação após um período determinado, conforme preconiza o manual
de vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da AIDPI(9).
Esta atitude está condizente com os princípios norteadores do cuidado à criança, tendo
em vista que a avaliação constitui o primeiro passo para um acompanhamento seguro, pois
fornece subsídios para diagnósticos e estratégias efetivas para resolução de problemas que
possam surgir(16). Além disso, agindo dessa forma, as enfermeiras não estão só realizando o
que é esperado do profissional competente, mas estão atuando de acordo com padrões
internacionais, conforme preconizado pela Academia Americana de Pediatria(17).
Assim sendo, as enfermeiras consolidam o principal objetivo da vigilância do
desenvolvimento, porque a avaliação de todas as crianças menores de dois anos levará à
identificação precoce de distúrbios no desenvolvimento, com possibilidade de determinar uma
intervenção adequada, e as que tiverem diagnóstico de atraso possam ter maior probabilidade
de seguir a mesma sequência que as crianças com desenvolvimento normal.
Esta constatação nos leva a acreditar que a capacitação cumpriu com sua função
educativa, ao proporcionar aquisição de novos conhecimentos às participantes do estudo e
motivá-las para aplicar os novos conteúdos na prática. Sabemos que esta mudança de atitude
ocorreu também pela vontade das enfermeiras em mudar suas práticas, porque, na perspectiva
da teoria da aprendizagem significativa(18), o indivíduo tem que estar disponível para aprender
significativamente, ou seja, para relacionar o conhecimento que já tem com o que deve
aprender. Caso contrário, poderá aprender de modo automático, apenas memorizando
conceitos de forma arbitrária e literal, o que leva a um rápido esquecimento do conteúdo
aprendido.
A possibilidade de desencadear o processo de aprendizagem significativa para
assimilar novos conhecimentos pressupõe que o indivíduo manifeste uma predisposição
positiva para relacionar de forma não arbitrária e substantiva o novo material a sua estrutura
cognitiva e que o material de aprendizagem seja potencialmente significativo para aquela
pessoa em particular(18), e, ao que nos parece, as enfermeiras corresponderam a esses
pressupostos, sendo evidenciado pela mudança de atitude.
Os achados desta pesquisa estão em consonância com outros estudos nos quais os
autores apontam mudança de atitude dos profissionais de saúde após capacitação para
avaliação do desenvolvimento infantil, com aumento da detecção precoce de desvios e
REICHERT, A. P. S.
Avaliação da implementação de uma intervenção educativa em vigilância . . .
Artigo original II
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encaminhamento para intervenção em tempo hábil(19-20).
Porém, apesar da satisfação das enfermeiras com a capacitação e da motivação em
aplicar os conteúdos apreendidos, isto não é suficiente para garantir que todas realizem a
vigilância do desenvolvimento e, entre as que incorporaram na consulta, por quanto tempo
esta prática será mantida. Com relação a este aspecto, a literatura destaca, como fatores
limitantes da qualidade do trabalho realizado na Estratégia de Saúde da Família, o grande
número de pessoas cadastradas e de atividades assistenciais e gerenciais sob responsabilidade
do enfermeiro, tornando a disponibilidade de tempo insuficiente para um atendimento
integral, humanizado e singular(11).
CONCLUSÕES
A intervenção educativa propiciou transformação nas práticas das enfermeiras, ao
incorporarem a vigilância do desenvolvimento infantil às ações realizadas na Estratégia de
Saúde da Família, cenário este propício para prevenção de agravos à saúde da criança, tendo
em vista que algumas crianças assistidas na unidade de saúde se encontram em risco para
apresentarem distúrbios do desenvolvimento.
Com a capacitação baseada na aprendizagem significativa, a consulta tornou-se mais
científica, sistematizada e lúdica, com consequente aprovação das mães, isto sendo constatado
com o aumento da procura pelo atendimento à criança. Se, antes, a maioria das mães
procurava a unidade de saúde apenas para uma necessidade de saúde da criança, ou no
período de vacinação, após a implantação da vigilância do desenvolvimento, passaram a levar
as crianças para a consulta de puericultura com assiduidade e satisfação.
Entretanto, apesar dos aspectos facilitadores da intervenção educativa, defendemos a
educação permanente como o melhor caminho para o aprimoramento e continuidade da
vigilância do desenvolvimento das crianças atendidas na Estratégia de Saúde da Família, pois
é por meio desta que os enfermeiros terão motivação para buscar respostas para os vários
problemas que surgirão no cotidiano do trabalho.
O monitoramento sistemático do desenvolvimento infantil por meio de metodologia
simples, de baixo custo e fácil de ser aplicada por profissionais da Estratégia de Saúde da
Família, como a referida neste estudo, pode constituir um meio importante de detecção
precoce de desvios do desenvolvimento e sua consequente prevenção.
Diante do exposto, a vigilância do desenvolvimento infantil de menores de dois anos
deve ser vista como uma estratégia capaz de atender às necessidades globais da criança, de
forma integral, pois só assim a criança será considerada como um ser em crescimento e
REICHERT, A. P. S.
Avaliação da implementação de uma intervenção educativa em vigilância . . .
Artigo original II
desenvolvimento.
Deste
modo,
facilitaria
a
operacionalização
da
vigilância
93
do
desenvolvimento se esta estratégia fosse normatizada, ocorrendo assim um salto qualitativo ao
cuidado integral. Finalmente, recomendamos a incorporação de conteúdos que priorizem
questões voltadas para a vigilância do desenvolvimento infantil ao ensino de graduação em
Enfermagem e residências de saúde da família e da criança.
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CAPÍTULO VI
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Considerações finais
96
7 Considerações finais
Este estudo foi desenvolvido, utilizando dados objetivos e subjetivos para implementar
e avaliar o impacto de um programa de capacitação em vigilância do desenvolvimento infantil
dirigido a enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família, como também, avaliar, através de
uma abordagem qualitativa, suas dificuldades e facilidades durante o processo de
implementação desta intervenção.
Os resultados revelam que a intervenção educativa proposta foi eficaz, por
proporcionar mudança de comportamento na maioria das enfermeiras, evidenciada pelo
aumento de conhecimentos sobre desenvolvimento infantil e implantação da vigilância do
desenvolvimento na maioria das consultas a criança menor de dois anos. Se antes a enfermeira
acompanhava apenas o crescimento da criança, após a capacitação, a maioria passou a avaliar
sistematicamente o desenvolvimento neuropsicomotor e orientar as mães para estimular a
criança com base em conhecimentos científicos.
Segundo as enfermeiras, as oficinas proporcionaram crescimento profissional e
melhoria na qualidade das consultas à criança, além de mudança de conceito do ser criança,
em que esta não é vista apenas na sua condição biológica, e sim, como um ser em
desenvolvimento, que necessita ser monitorado pelo profissional e sua família, para que
cresça e se desenvolva na sua plenitude.
Percebemos a satisfação das enfermeiras em ter participado da capacitação, ao relatar
que, a partir desta, se sentiram mais valorizados profissionalmente, pois várias mães estão
preferindo que seus filhos sejam atendidos por eles nas consultas.
Apesar dos resultados favoráveis da intervenção, acredita-se ser isto apenas o início de
um processo de educação permanente, que deve ocorrer com discussões a respeito de temas
relacionados ao desenvolvimento neuropsicomotor infantil e a outros que auxiliem na
melhoria do cuidado à criança. Dessa forma, espera-se que os espaços de reflexão constituam-
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Considerações finais
97
se em prática rotineira na Estratégia de Saúde da Família, e não apenas em momentos
pontuais, e que sejam extensivos a todos os membros da equipe.
Também se faz necessária a inclusão deste tema na formação superior dos
profissionais de saúde, tanto no ensino de graduação, como nos diversos níveis de
pós-graduação (residências e especialização), a fim de capacitar o profissional para identificar
precocemente, realizar intervenções pertinentes e encaminhamentos oportunos das crianças
com problemas no desenvolvimento neuropsicomotor.
Reitera-se, contudo, a necessidade de apoio e atualização dos conhecimentos das
enfermeiras quanto ao conteúdo das oficinas de capacitação, para que se mantenham seguras
em suas habilidades e conhecimentos e continuem realizando a vigilância do desenvolvimento
infantil. É necessário também o apoio dos gestores de saúde, no sentido de proporcionar
condições favoráveis para o desenvolvimento das atividades realizadas na Estratégia de Saúde
da Família, pois, sem este apoio, muitas das atividades propostas serão inexequíveis, devido à
grande demanda de atividades a que o profissional é submetido e à precária infraestrutura de
algumas USF.
Acredita-se que o material disponibilizado as enfermeiras contribuiu para a
sistematização da avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor, pois a consulta se tornou
mais científica e lúdica, com aprovação das mães e consequente aumento da procura pelo
atendimento à criança. Ademais, é fundamental destacar a importância da disponibilidade do
profissional em continuar utilizando esta estratégia, juntamente com a valorização da opinião
das mães, a fim de obter o efetivo acompanhamento do desenvolvimento infantil.
Diante desse contexto, recomenda-se a incorporação da vigilância do desenvolvimento
infantil no contexto da AIDPI como estratégia utilizada no acompanhamento do
desenvolvimento neuropsicomotor de todas as crianças menores de dois anos que procuram as
Unidades de Saúde da Família, por ser esta uma estratégia simples e de fácil aplicabilidade.
Destaca-se também a relevância de sua aplicação, pelo fato de que grande parte das crianças
que procuram este serviço se encontra em risco para o desenvolvimento, pertencem a famílias
pobres e vivem em condições ambientais adversas, com violência e privação de estímulos
ambientais.
É importante capacitar os enfermeiros dos demais Distritos de João Pessoa, a fim de
que esta estratégia seja implantada em todo o município. Também se recomenda a capacitação
não só de enfermeiros, mas dos médicos, a fim de que a criança seja acompanhada de forma
integral por toda a equipe de saúde da família.
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Considerações finais
98
Espera-se que os resultados desta pesquisa e as reflexões realizadas contribuam para
que outros profissionais de saúde repensem seu trabalho junto à criança e sua família e
passem a incorporar a vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor na sua prática diária.
Como desdobramento, estudos futuros serão necessários para investigar se realmente
as práticas de vigilância do desenvolvimento foram incorporadas à rotina das enfermeiras
pesquisadas, e não apenas no período da pesquisa. Além disso, faz-se necessário verificar se
houve impacto não só nos conhecimentos e práticas dos profissionais, mas também na
mudança de comportamento das mães com relação às orientações recebidas pelo profissional.
Pelo fato desta pesquisa apresentar abordagem quantiqualitativa, este modelo permitiu
a complementaridade da compreensão do objeto de estudo, uma vez que contribuiu para
chegar a uma melhor compreensão do impacto da capacitação em vigilância do
desenvolvimento na prática diária das enfermeiras pesquisadas, como também, compreender
suas dificuldades e facilidades em implementar esta intervenção educativa ao atender as
crianças menores de dois anos que procuram as Unidades de Saúde da Família.
O estudo também permitiu refletir sobre a importância da vigilância do
desenvolvimento infantil como ferramenta indispensável para a promoção da saúde das
crianças menores de dois anos, pois, além de prevenir problemas no seu desenvolvimento
neuropsicomotor, propõe novas formas de relacionamento entre profissionais de saúde e suas
famílias. Caso contrário, estaremos perdendo uma importante oportunidade para identificar
crianças com problemas no desenvolvimento e intervir no tempo oportuno para alterar
favoravelmente sua trajetória de vida.
Os resultados obtidos confirmam a hipótese de que um programa de capacitação em
vigilância do desenvolvimento nos primeiros dois anos de vida, ministrado aos enfermeiros da
Estratégia de Saúde da Família, leva a um aumento do conhecimento desses profissionais e da
frequência da avaliação do desenvolvimento infantil na consulta do lactente. Além disso,
pode-se afirmar que a capacitação trouxe satisfação as enfermeiras por se sentirem
valorizadas e por constatarem a confiança das mães com a nova forma de atender a criança,
em que esta passou a ser acompanhada sistematicamente e de maneira integral.
Por fim, para consolidar a vigilância do desenvolvimento nas práticas da atenção
primária em saúde, é necessário que haja um maior envolvimento dos profissionais de saúde,
de políticas públicas e de pesquisas nesta área.
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APÊNDICES
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Apêndice A
115
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DOS
ENFERMEIROS PARA COLETA DE DADOS QUANTITATIVOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Capacitação de Enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família em Vigilância do
Desenvolvimento de Lactentes: Um Estudo de Intervenção
Esta pesquisa é sobre capacitação de enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família em
vigilância do desenvolvimento de lactentes e está sendo desenvolvida pela professora Altamira
Pereira da Silva Reichert do Curso de Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba do
Departamento de Enfermagem de Saúde Pública e Psiquiatria – DESPP e aluna do Doutorado em
Saúde da criança e do adolescente da UFPE. Tem por objetivo implementar e avaliar o impacto de
um programa dirigido a enfermeiros para capacitação em vigilância do desenvolvimento
infantil no contexto da Atenção Integral às Doenças Prevalentes da Infância (AIDPI) na
consulta à criança menor de 2 anos de idade, realizada por enfermeiros da Estratégia de Saúde da
Família no Distrito Sanitário III de João Pessoa - PB.
A (o) senhora (o) irá responder a um questionário sobre desenvolvimento infantil, que visa
identificar as áreas mais carentes de conhecimentos sobre o assunto, os quais embasarão futuras
capacitações. Não haverá remuneração financeira para participação no projeto, mas sim a garantia de
sua inclusão, se assim o desejar, em treinamento teórico prático sobre vigilância do desenvolvimento
infantil, aumentando assim os seus conhecimentos sobre a temática e, consequentemente, melhorando
a sua prática profissional. Você não terá despesas em qualquer fase do estudo, estando o custo do
mesmo previsto no orçamento da pesquisa.
Em qualquer etapa do estudo você terá acesso a responsável pela pesquisa, podendo dirigir-se à
Altamira Pereira da Silva Reichert, fone: 91067674. Você terá total liberdade para retirada do seu
consentimento em participar da pesquisa em qualquer etapa do estudo, sem qualquer prejuízo ou
constrangimento à sua pessoa.
As informações obtidas com o estudo serão analisadas em conjunto com a de outros
profissionais, não sendo divulgado a identificação de nenhum profissional, sendo o material utilizado
somente para esta pesquisa.
Declaro estar ciente a respeito das informações que recebi sobre o estudo, ficando claro para
mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, as garantias de sigilo e
de esclarecimentos permanentes. Ficou também claro que minha participação é isenta de despesas e
que tenho garantia de treinamento sobre desenvolvimento infantil, caso tenha interesse. Concordo
voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer
momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que
eu possa ter adquirido.
__________________________________________________
Data:___/___/___
Assinatura do profissional
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Apêndice B
116
APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DAS MÃES
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Capacitação de Enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família em Vigilância do
Desenvolvimento de Lactentes: Um Estudo de Intervenção
A senhora irá responder a um questionário sobre a atenção recebida durante a consulta que seu
filho acaba de ter. As perguntas têm por objetivo conhecer o atendimento que está sendo dado ao seu
filho neste serviço de saúde sobre o desenvolvimento da criança, para melhorar o atendimento às
crianças que freqüentam esta unidade de saúde da família. Não haverá pagamento para sua
participação nesta pesquisa e a senhora não terá gastos neste estudo.
Se desejar, a senhora poderá entrar em contato com a responsável pela pesquisa, podendo
procurar por Altamira Pereira da Silva Reichert, fone: 91067674. A senhora terá total liberdade para
retirada do seu consentimento em participar da pesquisa em qualquer momento, sem qualquer prejuízo
à sua pessoa, nem ao tratamento do seu filho nesta unidade de saúde.
As informações dadas pela senhora serão analisadas em conjunto com a de outras mães, não
sendo divulgado a identificação de ninguém, sendo utilizadas somente para essa pesquisa.
Declaro estar ciente das informações que recebi sobre a pesquisa, ficando claro para mim quais
são os objetivos da minha participação neste estudo, as garantias de sigilo e de esclarecimentos das
dúvidas, sempre que eu precisar. Ficou também claro que minha participação é livre e que não terei
nenhum gasto em participar do estudo. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e
poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem prejuízo ou
perda de qualquer benefício que eu ou meu filho possa ter adquirido.
__________________________________________________
Assinatura do representante da criança
___________________________________
Assinatura do(a) Pesquisador(a) Responsável
Endereço (Setor de Trabalho) do Pesquisador Responsável:
Departamento de Enfermagem de Saúde Pública e Psiquiatria – DESPP
Centro de Ciências da Saúde da UFPB
Telefone para contato: 91067674
Data:___/___/___
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Apêndice C
117
APÊNDICE C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DOS
ENFERMEIROS PARA COLETA DE DADOS QUALITATIVOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Avaliação da Implementação de uma Intervenção Educativa em Vigilância do
Desenvolvimento Infantil com Enfermeiros
Esta pesquisa é sobre Avaliação da implementação de uma intervenção educativa em vigilância
do desenvolvimento infantil com enfermeiros e está sendo desenvolvida pela professora Altamira
Pereira da Silva Reichert do Curso de Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba do
Departamento de Enfermagem de Saúde Pública e Psiquiatria – DESPP e aluna do Doutorado em
Saúde da criança e do adolescente da UFPE. Está sendo realizada após a capacitação em vigilância do
desenvolvimento infantil, para podermos ter uma visão qualitativa do impacto desta na sua prática
com a consulta à criança menor de 2 anos. Tem por objetivo avaliar as dificuldades e facilidades
enfrentadas durante o processo de implementação dos conhecimentos adquiridos na Capacitação
em Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI.
Em qualquer etapa do estudo você terá acesso ao profissional responsável pela pesquisa,
podendo dirigir-se à Altamira Pereira da Silva Reichert, fone: 91067674. Você terá total liberdade para
retirada do seu consentimento em participar da pesquisa em qualquer etapa do estudo, sem qualquer
prejuízo ou constrangimento à sua pessoa.
As informações obtidas com o estudo serão analisadas em conjunto com a de outros
profissionais, não sendo divulgada a identificação de nenhum profissional, sendo o material utilizado
somente para esta pesquisa.
Declaro estar ciente a respeito das informações que recebi sobre o estudo, ficando claros para
mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Concordo voluntariamente em participar deste
estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem
penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido.
__________________________________________________
Data:___/___/___
Assinatura do profissional
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Apêndice D
118
APÊNDICE D – FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS SOBRE PRÁTICAS DE VIGILÂNCIA
DO DESENVOLVIMENTO COM ENFERMEIROS
PROJETO DE CAPACITAÇÃO PARA VIGILÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO UFPE/UFPB/CNPq
QUESTIONÁRIO SOBRE PRÁTICAS DE VIGILÂNCIA DO
DESENVOLVIMENTO COM ENFERMEIROS (VIGCDENF)
IDENTIFICAÇÃO
1.Número do questionário: ____________
NUMERO
2.Nome da Unidade de Saúde _______________________
DATAVAL
3.Data da avaliação _____/______/________
PERGUNTAS SOBRE DESENVOLVIMENTO
4. Você realiza consulta de acompanhamento do desenvolvimento?
CONSUL
(1) Sim (2) Não
NCONSUL
5. Se respondeu NÃO à pergunta “4”, qual a principal justificativa?
(1) Não tem tempo suficiente para realização da consulta
(2) Falta material para a realização da consulta
(3) A consulta é realizada apenas pelo médico
(4) A consulta de puericultura não é rotina deste serviço
(5) Outros: _____________________________________
PERGMAE
(8) Respondeu SIM à pergunta “4”
6. Você costuma perguntar às mães sobre o que elas acham do desenvolvimento dos seus SIMPERG
filhos?
(1) Sim (2) Não
7. Qual a principal justificativa para sua resposta à pergunta “6”?
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Apêndice D
7.1) Se respondeu SIM à pergunta “6”, qual a principal justificativa?
(1) Considera a mãe um elemento importante na promoção do desenvolvimento da criança
(2) Considera a mãe um elemento facilitador para o diagnóstico do desenvolvimento da
criança
(3) Faz parte da rotina do serviço
(4) Para testar o conhecimento, observação e percepção da mãe
(5) Quando percebe algum atraso
(6) Outros: ______________________________________
(8) Respondeu NÃO à pergunta “6”
7.2) Se respondeu NÃO à pergunta “6”, qual a principal justificativa?
(1) Direciona a anamnese às queixas da mãe
(2) Não há tempo suficiente durante a consulta
(3) Não se sente seguro dos conhecimentos para abordar o assunto
(4) Desconsidera a opinião da mãe por não confiar nos seus conhecimentos
(5) Segue apenas as perguntas que estão anexadas ao roteiro de anamnese do prontuário da
criança
(6) Outros: ____________________________________
(8) Respondeu SIM à pergunta “6”
119
NAOPERG
AVDES
FREQAVD
8. Você faz avaliação rotineira do desenvolvimento das crianças que atende em sua
prática diária?
NAOAVAD
(1) Sim (2) Não
9. Qual a principal justificativa para sua resposta à pergunta “8”?
9.1) Caso respondeu SIM a pergunta “8”, de cada 10 crianças que atende, quantas você
avalia o desenvolvimento? ____________
(88) Respondeu NÃO à pergunta “8”
9.2) Caso respondeu NÃO à pergunta “8”, qual a principal justificativa?
(1) O tempo da consulta é insuficiente
(2) Avalia só criança com risco para o desenvolvimento
(3) Direciona o exame para a queixa da mãe
(4) Falta experiência para fazer este tipo de avaliação
(5) Avalia apenas o estado geral da criança e não avalia o desenvolvimento
(6) Outros: _______________________________
(8) Respondeu SIM à pergunta “8”
10. Caso você avalia o desenvolvimento, como você faz?
(1) Utilizando meus conhecimentos, sem uso de instrumento de avaliação sistematizado
(escalas).
(2) Utilizando algum instrumento sistematizado de avaliação de desenvolvimento (escala).
Qual instrumento: _______________________________________
(8) Não avalia o desenvolvimento
11. Caso respondeu na pergunta “10” que avalia o desenvolvimento utilizando apenas
os seus conhecimentos, justifique porque não utiliza os instrumentos de avaliação
(escalas)?
(1) Meus conhecimentos sobre desenvolvimento infantil são suficientes.
(2) Os instrumentos sobre avaliação do desenvolvimento infantil são muito complexos e
COMOAV
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Apêndice D
tomam muito tempo para serem aplicadas.
120
ORIESTIM
(3) Não tenho conhecimento aprofundado sobre instrumentos de avaliação do
desenvolvimento para utilizá-las na minha prática clínica.
(4) Outros motivos__________________________________
(8) Utiliza instrumentos (escalas) para avaliação do desenvolvimento
12.Você costuma dar as mães alguma orientação sobre como estimular o
desenvolvimento de seus filhos?
(1) Sim (2) Não
13. Qual a principal justificativa para sua resposta à pergunta “12”?
13.1) Se respondeu SIM à pergunta “12”, qual a principal justificativa?
(1) É função do profissional de saúde dar orientações às mães
(2) As orientações são importantes para a promoção de uma boa qualidade de vida, sendo as NAORIEN
mães um elemento importante para executá-las
(3) O processo de estimulação é contínuo e começa em casa
(4) Quando há alguma alteração ou quando a criança não tem um bom desenvolvimento
(5) Para prevenir problemas de desenvolvimento
(8) Respondeu NÃO à pergunta “12”
13.2) Se respondeu NÃO à pergunta “12”, qual a principal justificativa?
(1) Falta tempo na consulta
(2) Não sabe orientar as mães
(3) Encaminha a criança para o especialista
(4) Acha que as mães já têm muitas tarefas em casa
(8) Respondeu SIM à pergunta “12”
14. Caso respondeu SIM a pergunta “12” cite dois tipos de orientações que você
costuma dar
1) __________________________________________________________________
__________________________________________________________________
2) __________________________________________________________________
__________________________________________________________________
CONDUTA
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Apêndice D
121
15. Quando você detecta uma criança menor de 2 anos com atraso no desenvolvimento,
qual a sua conduta?
(1) Encaminha ao pediatra
(2) Encaminha ao especialista
(3) Encaminha para o serviço de referência
(4) Não encaminha, mas acompanha a criança dando orientações às mães.
(5) Outros: ______________________________________
16. Você gostaria de receber algum treinamento sobre como avaliar o desenvolvimento,
o que fazer após a avaliação e como orientar as mães a estimular o desenvolvimento de
seus filhos?
(1) Sim
(2) Não
RECTREIN
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Apêndice E
122
APÊNDICE E - FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS DAS MÃES
PROJETO DE CAPACITAÇÃO PARA VIGILÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO UFPE/UFPB/CNPq
QUESTIONÁRIO SOBRE PRÁTICAS DE VIGILÂNCIA DO
DESENVOLVIMENTO COM MÃES (VIGCDM)
Obs: Só realizar a entrevista com mães de crianças que estão aprazadas
IDENTIFICAÇÃO
1.Número do questionário (enfermeira): ____________
NUMERO
2. Número do questionário da mãe: __________
NUMEROM
3.Nome da Unidade de Saúde _______________________
4.Data da avaliação _____/______/________
DATAVAL
5. Qual a idade da sua criança?
_______ (ano) ________ (meses)
IDMES
(Registrar ao lado em meses)
6. Você tem quantos filhos vivos atualmente, incluindo este? __________
NFILHOS
7. Você frequentou a escola?
(1) Sim
(2) Não
FREQESC
8. Se frequentou, qual a última série que você completou?
ESCMAE
______ série do __________ grau (registrar ao lado em anos de escolaridade)
(88) Nunca foi a escola
GRAUINS
8.1) Grau de Instrução da mãe
(1) Ensino fundamental incompleto
(2) Ensino fundamental completo
(3) Ensino médio incompleto
(4) Ensino médio completo
(5) Superior incompleto
(6) Superior completo
(8) Nunca foi a escola
(9) Não sabe informar
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Apêndice E
123
CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS
9. Quantas pessoas moram na casa com você? (Total incluindo essa criança)
__________________
QUANTMOR
10. Quantas crianças menores de 5 anos moram na casa? ____________
CRIMENOR
11. No mês passado, quanto ganhou cada pessoa que mora na sua casa?
1a pessoa: R$ ___ ___ ___ ___ ___/mês
2a pessoa: R$ ___ ___ ___ ___ ___/mês
3a pessoa: R$ ___ ___ ___ ___ ___/mês
Total: R$ ___ ___ ___ ___ ___/mês
00000 – Nenhuma renda
99999 – Não sabe informar a renda
RENDA
PERGUNTAS SOBRE DESENVOLVIMENTO
12. A enfermeira que atendeu sua criança hoje perguntou o que a senhora acha sobre
o desenvolvimento do seu filho?
(1) Sim
(2) Não
(3) Não lembra.
PERMDES
13. A enfermeira observou e lhe perguntou hoje algo sobre o desenvolvimento da sua
criança?
(citar os marcos que deveriam ser investigados para sua faixa etária)
(1) Sim
(2) Não
(3) Não lembra
.
14. Caso tenha respondido “Sim” a pergunta “13”, o que ela perguntou ou observou?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
OBPERDES
15. A enfermeira lhe orientou como estimular (brincar) com seu filho?
(1) Sim
(2) Não
(3) Não lembra
ORIESTIM
16. Caso tenha respondido "Sim" a pergunta “15”, o que ela lhe orientou?
________________________________________________________________
OQORIDES
__________________________________________________________________
OQPERDES
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Apêndice F
124
APÊNDICE F - FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS SOBRE CONHECIMENTOS DOS
ENFERMEIROS
PROJETO DE CAPACITAÇÃO PARA VIGILÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO UFPE/UFPB/CNPq
QUESTIONÁRIO DE CONHECIMENTOS SOBRE
DESENVOLVIMENTO COM ENFERMEIROS (AVCDENF)
IDENTIFICAÇÃO
1.Número do questionário: ____________
NUMERO
2.Nome da Unidade de Saúde _______________________
3.Data da avaliação _____/______/________
DATAVAL
4. Qual a sua idade?
IDADENF
_______ anos
5. Você tem quantos anos de formada em enfermagem?
_________ anos
6. Há quantos anos você atua no PSF? __________
AFORM
TPSF
PERGUNTAS SOBRE DESENVOLVIMENTO
7. Lígia tem dois meses. Durante a consulta, o profissional observou que a criança não olhava PERG7
a mãe enquanto mamava e não seguiu com o olhar um objeto colocado cerca de 30 cm de seus
olhos. Marque a alternativa correta:
(1) Lígia apresenta uma reação normal para sua idade, pois as crianças começam a enxergar a
partir dos 3 meses.
(2) Lígia está com um possível atraso no seu desenvolvimento devendo ser mais bem avaliada.
(3) Lígia não enxerga e precisa ser encaminhada ao oftalmologista.
(4) Lígia está iniciando um processo autista, por isto não se comunica com as pessoas e o meio
ambiente.
8. Em que faixa etária a maioria das crianças senta sem apoio?
(1) 3 a 6 meses.
(2) 6 a 9 meses
(3) 9 a 12 meses
(4) 12 a 15 meses
PERG8
9. Quanto à audição da criança, podemos dizer:
PERG9
(1) Está presente já na gestação, sendo fundamental conversar com a criança para estimular o
desenvolvimento da linguagem.
(2) Está presente já na gestação, porém a capacidade de localização do som vai surgir após os
12 meses de idade.
(3) Começa a se desenvolver após o 3º mês de vida extra-uterina, porém a capacidade de
localização do som vai surgir após os 6 meses de idade.
(4) Começa a se desenvolver após o 3º mês de vida extra-uterina, porém a capacidade de
localização do som vai surgir após os 12 meses de idade.
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Apêndice F
10. Em relação à linguagem, assinale a alternativa correta:
(1) A criança aos 24 meses forma frases corretamente.
(2) A criança aos 15 meses não fala, mas se comunica por gestos.
(3) A criança de 9 meses fala pelo menos duas palavras sequenciais.
(4) A criança de 4 meses sorri emitindo sons.
125
PERG10
11. Quanto ao desenvolvimento motor da criança, podemos afirmar que:
PERG11
(1) As crianças que não andam aos 12 meses de idade apresentam atraso no desenvolvimento.
(2) A sustentação da cabeça ocorre, na maioria das crianças, entre 4 e 6 meses de idade.
(3) Aos 6 meses a criança apanha objetos pequenos com os dedos polegar e indicador em
forma de pinça.
(4) A maioria das crianças engatinha entre 9 e 10 meses de idade.
12. Assinale a alternativa incorreta:
PERG12
(1) Aos 4 meses a criança é capaz de pegar objetos colocados em sua mão.
(2) Aos 6 meses a criança é capaz de apreender um objeto colocado a sua frente,
voluntariamente.
(3) Aos 9 meses a criança reconhece o rosto de seus familiares e reage frente a estranhos.
(4) Aos 12 meses a criança anda e sobe escadas com passos alternados.
13. Dentre os fatores de risco relacionados, qual deles não está associado ao déficit de PERG13
desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) na criança:
(1) Anóxia neonatal
(2) Baixo peso ao nascer
(3) Raça
(4) Infecções congênitas
14. Paulo tem 12 meses, engatinha e anda com apoio; consegue apanhar objetos, reconhece a
PERG14
mãe, porém não emite som algum. Assinale a alternativa correta:
(1) Paulo tem um possível atraso no desenvolvimento, pois não anda e não fala.
(2) Paulo tem um desenvolvimento normal para sua idade.
(3) Paulo tem atraso na aquisição da linguagem, sendo necessária investigação de sua
acuidade auditiva.
(4) Paulo tem atraso na aquisição da linguagem, provavelmente devido à falta de estimulação
de seus familiares.
15. Assinale a alternativa correta:
PERG15
(1) Aos 12 meses a criança consegue entregar um objeto à outra pessoa quando solicitado.
(2) Aos 15 meses a criança chuta bola com um pé.
(3) Aos 18 meses a criança é capaz de abotoar e desabotoar sua roupa e comer sozinha sem
derramar.
(4) Aos 24 meses a criança colabora com o exame e se constitui no melhor momento para
avaliação da acuidade auditiva e visual.
16. Na avaliação do desenvolvimento da criança, o desaparecimento dos reflexos primitivos é PERG16
um item de grande importância a ser considerado. Assinale a alternativa que apresenta
corretamente a cronologia mais freqüentemente esperada para o desaparecimento de alguns
desses reflexos:
(1) Moro: 3 a 4 meses
(2) Cutâneo-plantar em extensão: 6 a 8 meses
(3) Preensão palmar: 10 a 12 meses
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Apêndice F
126
(4) Reflexo de apoio plantar (marcha reflexa): 6 a 8 meses
17. São vários os domínios de funções relacionados ao desenvolvimento da criança e que PERG17
devem ser considerados na sua avaliação. Assinale a alternativa correta:
(1) Habilidades motoras grosseiras referem-se ao uso de grandes músculos como os do tronco
e de membros superiores e inferiores.
(2) Habilidades motoras finas referem-se ao uso de pequenos músculos das mãos a serem
avaliadas a partir do segundo ano de vida.
(3) Habilidades motoras finas referem-se ao uso de pequenos músculos das mãos a serem
avaliadas após o desaparecimento dos reflexos primitivos.
(4) O desenvolvimento cognitivo está relacionado à memória e aprendizagem, devendo ser
avaliado somente na faixa etária do escolar.
PERG18
18. Com relação ao desenvolvimento da criança, assinale a alternativa correta:
(1) A criança é reconhecida como ser ativo capaz de reagir ao meio e às pessoas desde o
nascimento.
(2) A criança é reconhecida como ser ativo, sendo que o ambiente somente deverá exercer um
papel importante após a socialização.
(3) A criança é um ser passivo, dependente de outros seres humanos por longo período da
vida, sendo seu desenvolvimento resultante de sua vivência sócio-cultural.
(4) A criança é um ser passivo, sendo o adulto, a mãe em especial, o mediador da criança com
o meio.
19. No que se refere ao desenvolvimento motor da criança, assinale a alternativa correta:
PERG19
(1) A intensidade e simetria dos reflexos primitivos expressam a integridade de plexos
nervosos, porém são pouco úteis para a avaliação da integridade do SNC.
(2) No final do primeiro ano de vida, há um nítido predomínio do padrão extensor sobre o
flexor.
(3) O controle muscular na criança é um processo progressivo, iniciando-se pela musculatura
dos membros, tronco e, finalmente, cervical.
(4) Ao nascimento, a criança apresenta nítido predomínio do tônus flexor dos membros e
intensa hipotonia para-vertebral.
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Apêndice G
127
APÊNDICE G – ROTEIRO DE ENTREVISTA QUALITATIVA
PROJETO DE CAPACITAÇÃO PARA VIGILÂNCIA DO
DESENVOLVIMENTO - UFPE/UFPB/CNPq
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Avaliação da Implementação de uma Intervenção Educativa em Vigilância do
Desenvolvimento Infantil com Enfermeiros
ROTEIRO DE ENTREVISTA
1. Como você avalia a capacitação em vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da
AIDPI?
2. Relate as dificuldades enfrentadas por você para aplicar na prática os conhecimentos
adquiridos na capacitação em vigilância do desenvolvimento infantil.
3. E quais as facilidades? Fale sobre elas.
4. A partir da oficina de capacitação, que aspectos lhe motivaram a aplicar os conhecimentos
na sua prática diária?
ANEXOS
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Anexo A
129
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Anexo B
130
ANEXO B – INSTRUÇÕES PARA PUBLICAÇÃO NO JOURNAL OF DEVELOPMENTAL
AND BEHAVIORAL PEDIATRICS ONLINE SUBMISSION AND REVIEW
SYSTEM
Journal of Developmental and Behavioral
Pediatrics
Online Submission and Review System
SCOPE
The Journal of Developmental and Behavioral
Pediatrics is a peer-reviewed, multidisciplinary
journal directed to an audience of professionals in
child development and pediatrics. The Journal
publishes original articles in the form of clinical
and basic research, scientific advances, and
selected abstracts from international journals.
Checklist
Instructions for Authors (this page)
Copyright Transfer (PDF)
Reprint Ordering
Permissions Requests
Reprints
Ethical/Legal Considerations: A submitted manuscript must be an original contribution not
previously published (except as an abstract or a preliminary report), must not be under
consideration for publication elsewhere, and, if accepted, must not be published elsewhere in
similar form, in any language, without the consent of Lippincott Williams & Wilkins. Each
person listed as an author is expected to have participated in the study to a significant extent.
Although the editors and referees make every effort to ensure the validity of published
manuscripts, the final responsibility rests with the authors, not with the Journal, its editors, or
the publisher. All manuscripts must be submitted on-line through the journal's Web site
at http://jdbp.edmgr.com/. See submission instructions under On-line manuscript
submission.
Patient Anonymity and Informed Consent. It is the author's responsibility to ensure that a
patient's anonymity be carefully protected and to verify that any experimental investigation
with human subjects reported in the manuscript was performed with informed consent and
following all the guidelines for experimental investigation with human subjects required by
the institution(s) with which all the authors are affiliated. Authors should mask patients' eyes
and remove patients' names from figures unless they obtain written consent from the patients
and submit written consent with the manuscript. A letter of release (consent) from both
parents/guardians or from the patient involved must accompany photographs in which
recognition is possible.
Copyright. All authors must sign a copy of the Journal's Authorship Responsibility, Financial
Disclosure, and Copyright Transfer form and submit it at the time of manuscript submission.
Compliance with NIH and Other Research Funding Agency Accessibility Requirements.
A number of research funding agencies now require or request authors to submit the postprint (the article after peer review and acceptance but not the final published article) to a
repository that is accessible online by all without charge. As a service to our authors, LWW
will identify to the National Library of Medicine (NLM) articles that require deposit and will
transmit the post-print of an article based on research funded in whole or in part by the
National Institutes of Health, Wellcome Trust, Howard Hughes Medical Institute, or other
funding agencies to PubMed Central. The revised Copyright Transfer Agreement provides the
mechanism.
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Anexo B
131
Permissions. Authors must submit written permission from the copyright owner (usually the
publisher) to use direct quotations, tables, or illustrations that have appeared in copyrighted
form elsewhere, along with complete details about the source. Any permissions fees that
might be required by the copyright owner are the responsibility of the authors requesting use
of the borrowed material, not the responsibility of Lippincott Williams & Wilkins.
MANUSCRIPT SUBMISSION
A submitted manuscript must be an original contribution not previously published (except as
an abstract or preliminary report), must not be under consideration for publication elsewhere,
and, if accepted, must not be published elsewhere in similar form, in any language, without
the consent of Lippincott Williams & Wilkins. Each person listed as an author is expected to
have participated in the study to a significant extent. Although the editors and referees make
every effort to ensure the validity of published manuscripts, the final responsibility rests with
the authors, not with the Journal, its editors, or the publisher.
Submissions that have a clear focus, well presented results and crisp discussion will be more
attractive to our readership. The following are guidelines designed to reach that goal.
Manuscripts should be 5,000 words. Tables and Figures should be 4 or less in number and
references should be 30 in total. Authors who feel they cannot adhere to these guidelines
should provide justification in the cover letter to the editor. The editor retains the right to hold
length adjustment as a condition of publication.
On-line Manuscript Submission. All manuscripts must be submitted on-line through the
web site at http://jdbp.edmgr.com/. First-time users: Please click the Register button from
the main menu and enter the requested information. On successful registration, you will be
sent an e-mail indicating your user name and password. Print a copy of this information for
future reference. Note: If you have received an e-mail from us with an assigned user ID and
password, or if you are a repeat user, do not register again. Just log in. Once you have an
assigned ID and password, you do not have to re-register, even if your status changes (that is,
author, reviewer, or editor). Authors: Please click the log-in button from the menu at the top
of the page and log in to the system as an Author. Submit your manuscript according to the
author instructions. You will be able to track the progress of your manuscript through the
system. If you experience any problems, please contact Mary Sharkey, Managing Editor, email: [email protected].
Corresponding Author. One author must be specifically designated as the correspondent. He
or she will receive all communications from the Editor, as well as the galley proofs and copyedited manuscript, for approval. Provide telephone and fax numbers, email address, and
complete mailing address for the correspondent, and promptly notify the Editor of any change
in this information.
Preparation of Manuscript: Manuscripts that do not adhere to the following instructions
will be returned to the corresponding author for technical revision before undergoing peer
review.
Title Page. Include on the title page (a) complete manuscript title; (b) a running head of not
more than 56 characters (including spaces), (c) authors' full names, highest academic degrees,
and affiliations (Affiliations should include division, department, institution, city, and state.
Do not include academic [e.g., Associate Professor] or administrative [e.g., Head, Division of
Behavioral Pediatrics] titles.); (d) name and address for correspondence, including fax
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Anexo B
132
number, telephone number, and e-mail address; (e) address for reprints if different from that
of corresponding author; and (f) all sources of support, including pharmaceutical and industry
support, that require acknowledgment.
The title page must also include disclosure of funding received for this work from any of the
following organizations: National Institutes of Health (NIH); Wellcome Trust; Howard
Hughes Medical Institute (HHMI); and other(s).
Abstract and Key Terms. Abstract must be submitted as a separate file. Abstract should
be structured and include the headings, "Objective," Method, "Results," and "Conclusion."
Limit the abstract to 250 words. It must be factual and comprehensive. Limit the use of
abbreviations and acronyms, and avoid general statements (e.g., "the significance of the
results is discussed"). List three to five key terms or phrases.
Text. Organize the manuscript into appropriate headings (e.g., Methods, Results, Discussion).
The manuscript should not exceed 5,000 words of text. Do not use any type of line-numbering
option. When multiple levels of headings are needed, clarify the paper's structure by using the
appropriate heading styles. Primary headings should be centered and typed in capital letters.
Secondary subheadings should be typed flush left in capital and lowercase letters. Tertiary
subheadings are typed in underlined capital and lowercase letters, indented, followed by a
period and run into the text. Define abbreviations (except those for metric units) at first
mention in each major section of the text and in each table and figure. If a brand name is
cited, supply the manufacturer's name and address (city and state/country). Acknowledge all
forms of support, including pharmaceutical and industry support, in an Acknowledgments
paragraph.
Abbreviations. For a list of standard abbreviations, consult the Council of Biology Editors
Style Guide (available from the Council of Science Editors, 9650 Rockville Pike, Bethesda,
MD 20814) or other standard sources. Write out the full term for each abbreviation at its first
use unless it is a standard unit of measure.
References. The authors are responsible for the accuracy of the references. Key the references
(double-spaced) at the end of the manuscript. Cite the references in text in the order of
appearance using Arabic numbers. Cite unpublished data — such as papers submitted but not
yet accepted for publication and personal communications, including e-mail communications
— in parentheses in the text. If there are more than three authors, name only the first three
authors and then use et al. Refer to the List of Journals Indexed in Index Medicus for
abbreviations of journal names, or access the list at
http://www.nlm.nih.gov/tsd/serials/lji.html. Sample references are given below:
Journal Article
1. Smith BL, Jones MA, Shaw LB, et al. Understanding the child from birth to adolescence: a
review. J Dev Behav Pediatr. 2003;307:851-856.
Book Chapter
2. Smith BL. Understanding the Child. In: Jones MA, ed. The Problem Child. Vol 2, ch 7. 3rd
ed. Baltimore, MD: Williams & Wilkins; 2005: 50-55.
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Anexo B
133
Entire Book
3. Abel LB. Understanding the Child. Baltimore, MD: Williams & Wilkins; 2006.
Presentation
4. Smith BL. Understanding the Child. Paper presented at: 132nd Annual Meeting of the
Society for Child Development; February 22-24, 2005; New Orleans, LA.
Software
5. Epi Info [computer program]. Version 6. Atlanta, GA: Centers for Disease Control and
Prevention; 2004.
Online Journals
6. Friedman SA. Preeclampsia: A review of the role of prostaglandins. Obstet Gynecol [serial
online]. January 1988;71:22-37. Available from: BRS Information Technologies,
McLean,VA. Accessed December 15, 2006.
Database
7. CANCERNET-PDQ [database online]. Bethesda, MD: National Cancer Institute; 2006.
Updated March 29, 2006.
World Wide Web
8. Gostin LO. Drug use and HIV/AIDS [JAMA HIV/AIDS Web site]. June 1, 1996. Available
at: http://www.amaassn.org/special/hiv/ethics. Accessed June 26, 2007.
Figures. Art should be created/scanned and saved and submitted as either a TIFF (tagged
image file format). An EPS (encapsulated PostScript) file, or a PPT (PowerPoint) file. Line art
must have a resolution of at least 1200 dpi (dots per inch), and electronic photographs –
radiographs, CT scans, and so on – and scanned images must have a resolution of at least 300
dpi. If fonts are used in the artwork, they must be converted to paths or outlines or they must
be embedded in the files. Color images must be created/scanned and saved and submitted as
CMYK files. Please note that artwork generated from office suite programs such as
CorelDRAW and MS WORD and artwork downloaded from the Internet (JPEG or GIF files)
cannot be used. Cite figures consecutively on the site, and number them in the order in which
they are discussed. All electronic art that cannot be successfully uploaded must be submitted
on a 3 ½-inch high-density disk, a CD-ROM, or an Iomega Zip disk, accompanied by highresolution laser prints of each image.
Detailed Figure Instructions: For a step-by-step guide for submitting Digital Art, please
visit www.LWWonline.com. Clck “For Authors” and click “Digital Art Checklist” and “5
Steps for Creating Digital Artwork” in the menu to the right.
Figure Legends. Include legends for all figures. They should be brief and specific, and they
should appear on a separate manuscript page after the references. Use scale markers in the
image for electron micrographs, and indicate the type of stain used.
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Anexo B
134
Color Figures. The journal does not routinely accept color figures for publication. Authors
who submit color figures will receive an estimate of the cost for color reproduction. If they
decide not to pay for color reproduction, they can request that the figures be converted to
black and white at no charge.
Supplemental Digital Content
Supplemental Digital Content (SDC): Authors may submit SDC via Editorial Manager to
LWW journals that enhance their article's text to be considered for online posting. SDC may
include standard media such as text documents, graphs, audio, video, etc. On the Attach Files
page of the submission process, please select Supplemental Audio, Video, or Data for your
uploaded file as the Submission Item. If an article with SDC is accepted, our production staff
will create a URL with the SDC file. The URL will be placed in the call-out within the article.
SDC files are not copy-edited by LWW staff, they will be presented digitally as submitted.
For a list of all available file types and detailed instructions, please visit
http://links.lww.com/A142.
SDC Call-outs
Supplemental Digital Content must be cited consecutively in the text of the submitted
manuscript. Citations should include the type of material submitted (Audio, Figure, Table,
etc.), be clearly labeled as "Supplemental Digital Content," include the sequential list number,
and provide a description of the supplemental content. All descriptive text should be included
in the call-out as it will not appear elsewhere in the article.
Example:
We performed many tests on the degrees of flexibility in the elbow (see Video, Supplemental
Digital Content 1, which demonstrates elbow flexibility) and found our results inconclusive.
List of Supplemental Digital Content
A listing of Supplemental Digital Content must be submitted at the end of the manuscript file.
Include the SDC number and file type of the Supplemental Digital Content. This text will be
removed by our production staff and not be published.
Example:
Supplemental Digital Content 1. wmv
SDC File Requirements
All acceptable file types are permissible up to 10 MBs. For audio or video files greater than
10 MBs, authors should first query the journal office for approval. For a list of all available
file types and detailed instructions, please visit http://links.lww.com/A142.
Tables. Tables should be comprehensible to the reader without reference to the text. Create
tables using the table creating and editing feature of your word processing software (eg,
Word, WordPerfect). Do not use Excel or comparable spreadsheet programs. Group all tables
in a separate file. Cite tables consecutively in the text, and number them in that order. Each
table should appear on a separate sheet and should include the table title, appropriate column
heads, and explanatory legends (including definitions of any abbreviations used). Do not
embed tables within the body of the manuscript. They should be self-explanatory and should
supplement, rather than duplicate, the material in the text.
Style. Pattern manuscript style after the American Medical Association Manual of Style (9th
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Anexo B
135
edition). Stedman's Medical Dictionary (27th edition) and Merriam Webster's Collegiate
Dictionary (10th edition) should be used as standard references. Refer to drugs and therapeutic
agents by their accepted generic or chemical names, and do not abbreviate them. Use code
numbers only when a generic name is not yet available. In that case, supply the chemical
name and a figure giving the chemical structure of the drug is required. Copyright or trade
names of drugs should be capitalized and placed in parentheses after the name of the drug.
Names and locations (city and state in USA; city and country outside USA) of manufacturers
of drugs, supplies, or equipment cited in a manuscript are required to comply with trademark
law and should be provided in parentheses. Units of measure should be expressed in the
metric system, and temperatures should be expressed in degrees Celsius. Conventional units
should be written as SI units as appropriate.
Address all inquiries regarding manuscripts not yet accepted or published to the Journal's
editorial office. The editorial office will acknowledge receipt of your manuscript and will give
you a manuscript number for reference.
Manuscript Checklist (Before Submission)
•
Cover letter
•
Title page
•
Abstract
•
References double-spaced in AMA style
•
Corresponding author designated (in cover letter and on title page)
•
E-mail address of corresponding author included in cover letter and on title page
•
Permission to reproduce copyrighted materials or signed patient consent forms
•
Acknowledgments listed for grants and technical support
•
Authorship Responsibility, Financial Disclosure, and Copyright Transfer form signed
by each author
•
Mandatory Manuscript Submission Checklist
•
High-quality resolution of electronic art
•
Tables created using table software feature
Statistical Guidelines:
When presenting grouped data in text, tables, or figures, include measures of dispersion (e.g.,
standard deviations or standard errors of means), as well as measures of central tendency
(e.g., means, medians), except for those nominal data for which these measures are not
applicable. When nominal data are presented, include percentages as well as frequency
values. Statistical tests used should be explicitly identified, with a reference cited for
relatively unfamiliar procedures. For more complex techniques, such as multivariate analyses,
include a brief explanation of the logic and structure of the procedure. (Your description and
discussion of results should relate to this explanation.)
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Anexo B
136
Review and Publication Procedures:
Receipt of all manuscripts will be acknowledged, and a manuscript number will be assigned.
Refer to the manuscript number in all subsequent correspondence. All manuscripts will be
evaluated by two or three reviewers. Papers accepted for publication are subject to
copyediting; the correspondent will be provided with galley proofs and the edited manuscript
for approval. The author is responsible for all material in the paper, including copyediting
changes, accuracy of reference citations, and numerical values.
AFTER ACCEPTANCE:
Page Proofs and Corrections. Corresponding authors will receive electronic page proofs to
check the copyedited and typeset article before publication. Portable document format (PDF)
files of the typeset pages and support documents (eg, reprint order form) will be sent to the
corresponding author by e-mail. Complete instructions will be provided with the e-mail for
downloading and printing the files and for faxing the corrected page proofs to the publisher.
Those authors without an e-mail address will receive traditional page proofs. It is the author's
responsibility to ensure that there are no errors in the proofs. Changes that have been made to
conform to journal style will stand if they do not alter the authors' meaning. Only the most
critical changes to the accuracy of the content will be made. Changes that are stylistic or are a
reworking of previously accepted material would be disallowed. The publisher reserves the
right to deny any changes that do not affect the accuracy of the content. Authors may be
charged for alterations to the proofs beyond those required to correct errors or to answer
queries. Proofs must be checked carefully and corrections faxed within 24 to 48 hours of
receipt, as requested in the cover letter accompanying the page proofs.
Reprints. Authors will receive a reprint order form and a price list with the page proofs.
Reprint requests should be faxed to the publisher with the corrected proofs, if possible.
Reprints are normally shipped 6 to 8 weeks after publication of the issue in which the item
appears. Contact the Reprint Department, Lippincott Williams & Wilkins, 351 W. Camden
Street, Baltimore, MD 21201 with any questions.
Publisher's Contact. Send corrected page proofs, reprint order form, and any other related
materials as outlined in the Welcome Kit that is sent to authors when manuscripts are received
by the Publisher.
Special Sections:
Brief Reports. Single case studies, case series, and preliminary research results are presented
in this section. Manuscripts should be no longer than 10 pages, including references; there
should be no more than two tables.
Review and Special Articles. These papers are usually solicited by the Review and Special
Article Editors or the Editor, and generally represent either an overview or an in depth
analysis of specific topic areas. Manuscripts should be submitted via the online submission
web site, www.edmgr.com/jdbp
Commentary. This section provides a vehicle for the expression of opinion on provocative
topics in developmental and behavioral pediatrics and related areas. Readers are invited to
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Anexo B
137
respond to these articles; responses will be sent to the original author and published, at the
Editor's choice, either in this section or as Letters to the Editor.
Letters to the Editor. Letters of up to 500 words are welcome and will be published as space
permits. Letters critical of a published article will be sent to the author(s) for reply. Letters
should be submitted via the online submission web site, www.edmgr.com/jdbp
Book Reviews. Reviews are generally solicited by the Book Review Editor. Authors
interested in preparing a review should contact:
Pamela C. High, M.D.
Infant Developmental Center
Women and Infants Hospital
101 Dudley Street
Providence, RI 02905
News of the Society. Items concerning the Society for Developmental and Behavioral
Pediatrics can be sent to either the President or the Secretary/Treasurer of the Society.
Announcements. The journal will publish, on a space available basis, brief announcements of
relevant conferences and programs sponsored by non-profit organizations. Such
announcements must be received in the editorial office at least four months prior to the
program date.
The Society for Developmental and Behavioral Pediatrics. The Society for Developmental
and Behavioral Pediatrics is an interdisciplinary organization whose goal is to improve the
health care of infants, children, and adolescents by promoting research and teaching in
developmental and behavioral pediatrics. SDBP sponsors the Journal of Developmental and
Behavioral Pediatrics and conducts annual scientific meetings. Annual dues are $150 for
regular members and $95 for trainees and non-doctorates; membership includes a subscription
to the Journal. For information, please contact Ms. Laura Degnon, SDBP, 6728 Old McLean
Village Drive, McLean, VA 22101; phone: (703) 556-9
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Anexo C
138
ANEXO C – INSTRUÇÕES PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA DA ESCOLA DE
ENFERMAGEM DA USP
INSTRUÇÕES AOS AUTORES
REVISTA DA ESCOLA DE ENFERMAGEM DA USP
Escopo e política
Os manuscritos, que poderão estar em português, inglês e espanhol, devem ser inéditos e destinar-se
exclusivamente à Revista da Escola de Enfermagem da USP, não sendo permitida sua apresentação
simultânea a outro periódico, tanto no que se refere ao texto, como figuras ou tabelas, quer na íntegra
ou parcialmente, excetuando-se resumos ou relatórios preliminares publicados em Anais de Reuniões
Científicas.
Desde setembro de 2009 (volume 42 n.3) a Revista passou a ter uma edição no idioma inglês, que está
editada na versão online. No momento em que o trabalho for aceito para publicação, os autores deverão
providenciar a tradução para o idioma inglês de acordo com as orientações da REEUSP.
Nas pesquisas envolvendo seres humanos, os autores deverão enviar uma cópia de aprovação emitida
pelo Comitê de Ética, reconhecido pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), segundo
as normas da Resolução do Conselho Nacional de Saúde - CNS 196/96 ou órgão equivalente no país de
origem da pesquisa.
A REEUSP apóia as políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial da Saúde
(OMS) e do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), reconhecendo a importância
dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em
acesso aberto. Sendo assim, somente serão aceitos para publicação, a partir de 2007, os artigos de
pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios
Clínicos validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis
no site do ICMJE. O número de identificação deverá ser registrado ao final do resumo.
O(s) autor(es) dos textos são por eles inteiramente responsáveis, devendo assinar e encaminhar a
Declaração de Responsabilidade e de Cessão de Direitos Autorais.
DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE E DE CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS
Vimos submeter à aprovação da REEUSP o manuscrito
.................................................................................... e informamos que todos os procedimentos éticos
devidos foram observados. Declaramos que o trabalho é inédito, está sendo enviado com exclusividade
à Revista. Concordamos que em caso de aceitação do artigo, os direitos autorais a ele referente
passarão a ser propriedade exclusiva da REEUSP.
Categoria do artigo *____________________________________________________
Assinaturas dos autores
Data: ___/____/____
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Anexo C
139
* Verifique nas normas os tipos de colaborações aceitos pela Revista.
Categorias de manuscritos aceitos pela Revista
•
Artigo original: trabalho de pesquisa com resultados inéditos e que agreguem valores à área
de Enfermagem. Limitado a 15 páginas. Sua estrutura deve conter:
- Introdução: apresentação e delimitação do assunto tratado, os objetivos da pesquisa e outros
elementos necessários para situar o tema do trabalho.
- Objetivos: especifica de maneira clara e sucinta a finalidade da pesquisa, com detalhamento
dos aspectos que serão ou não abordados. Os objetivos podem ser definidos como gerais ou
específicos a critério do autor.
- Revisão da Literatura: levantamento selecionado da literatura sobre o assunto que serviu de
base à investigação do trabalho proposto. Proporciona os antecedentes para a compreensão do
conhecimento atual sobre um assunto e esclarece a importância do novo estudo. Em algumas
áreas, já existe a tendência de limitar a revisão apenas aos trabalhos mais importantes, que
tenham relação direta com a pesquisa desenvolvida, priorizando as publicações mais recentes.
Quando não houver necessidade de um capítulo para a Revisão da Literatura em função da
extensão histórica do assunto, ela poderá ser incluída na Introdução.
- Método: descrição completa dos procedimentos metodológicos que permitam viabilizar o
alcance dos objetivos. Devem ser apresentados: tipo de pesquisa, dados sobre o local onde foi
realizada a pesquisa, população estudada, tipo de amostra, variáveis selecionadas, material,
equipamentos, técnicas e métodos adotados para a coleta de dados, incluindo os de natureza
estatística.
- Resultados: devem ser apresentados de forma clara e objetiva, sem interpretações ou
comentários pessoais, podendo para maior facilidade de compreensão, estarem acompanhados
por gráficos, tabelas, figuras, fotografias etc.
- Discussão: deve restringir-se aos dados obtidos e aos resultados alcançados, enfatizando os
novos e importantes aspectos observados e discutindo as concordâncias e divergências com
outras pesquisas já publicadas.
- Conclusões: corresponde aos objetivos ou hipóteses de maneira lógica, clara e concisa,
fundamentada nos resultados e discussão, coerente com o título, proposição e método.
•
Estudo teórico: análise de construtos teóricos, levando ao questionamento de modelos
existentes e à elaboração de hipóteses para futuras pesquisas. Limitado a 15 páginas.
•
Artigo de Revisão:
- Revisão sistemática: método de pesquisa amplo, conduzido por meio da síntese rigorosa de
resultados de estudos originais, quantitativos ou qualitativos objetivando responder uma
pergunta claramente formulada sobre um problema específico. Limitado a 15 páginas.
- Revisão integrativa: método de pesquisa que apresenta a síntese de múltiplos estudos
publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de uma área específica de estudo,
contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado. Limitado a 15
páginas.
•
Relato de experiência profissional: estudo de caso, contendo análise de implicações
conceituais, ou descrição de procedimentos com estratégias de intervenção, evidência
metodológica apropriada de avaliação de eficácia, de interesse para a atuação de enfermeiros
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Anexo C
140
em diferentes áreas. Limitado a 10 páginas.
•
À beira do leito: questões com respostas objetivas sobre condutas práticas. Limitada a 10
páginas.
•
Carta ao editor: destinada a comentários de leitores sobre os trabalhos publicados na revista,
expressando concordância ou não sobre o assunto abordado. Limitada a meia página.
Descrição dos procedimentos
Cada artigo submetido à Revista é inicialmente analisado quanto ao cumprimento das normas
estabelecidas nas Instruções aos Autores, sendo sumariamente devolvido em caso de não atendimento.
Se aprovado, é encaminhado para avaliação de dois relatores, que o analisam com base no Instrumento
de Análise e Parecer elaborado especificamente para tal finalidade, bem como, opinam sobre o rigor
metodológico da abordagem utilizada. Havendo discordância nos pareceres, o manuscrito é
encaminhado a um terceiro relator. O anonimato é garantido durante todo o processo de julgamento.
Os pareceres dos relatores são analisados pelo Conselho editorial que, se necessário, indica as
alterações a serem efetuadas. Os trabalhos seguem para publicação somente após a aprovação final dos
pareceristas e do Conselho Editorial.
Relações que podem estabelecer conflito de interesse, ou mesmo nos casos em que não ocorra, devem
ser esclarecidas.
O público potencial e real são: enfermeiros, profissionais da área da Saúde e estudantes da
Enfermagem e área da Saúde.
Forma e preparação de manuscritos
Preparo dos manuscritos
Os textos devem ser digitados usando-se o processador MsWord com a seguinte configuração de
página: papel tamanho A4, entrelinha 1,5, fonte Times New Roman, tamanho 12, margens inferior e
laterais de 2cm e superior de 3cm.
Página de identificação: deve conter o título do artigo (máximo de 16 palavras) em português,
inglês e espanhol, sem abreviaturas e siglas; nome(s) do(s) autor(es), indicando no rodapé da página
a função que exerce(m), a instituição a qual pertence(m), títulos e formação profissional, endereço
(cidade, estado e país) para troca de correspondência, incluindo e-mail e telefone. Se for baseado em
tese ou dissertação, indicar o título, ano e instituição onde foi apresentada.
•
Citações - deve ser utilizado o sistema numérico na identificação dos autores mencionados,
de acordo com a ordem em que forem citados no texto. Os números que identificam os
autores devem ser indicados sobrescritos e entre parênteses. Se forem seqüenciais, deverão
ser indicados o primeiro e o último, separados por hífen, ex.: (1-4) ; quando intercalados, os
números deverão ser separados por vírgula, ex.: (1-2,4).
•
Notas de rodapé - deverão ser indicados por asterisco, iniciadas a cada página e restritas ao
mínimo indispensável.
•
Depoimentos - frases ou parágrafos ditos pelos sujeitos da pesquisa devem seguir a mesma
regra de citações, quanto a aspas e recuo, porém em itálico, e com sua identificação
codificada a critério do autor, entre parênteses.
•
Tabelas - a elaboração das tabelas deve seguir as "Normas de Apresentação Tabular"
estabelecidas pelo Conselho Nacional de Estatística e publicadas pelo IBGE (1993),
limitadas ao máximo de cinco. Quando a tabela for extraída de outro trabalho, a fonte
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Anexo C
141
original deve ser mencionada abaixo da Tabela.
•
Apêndices e anexos - devem ser evitados, conforme indicação da norma NBR 6022.
•
Fotos - serão publicadas exclusivamente em P&B, sem identificação dos sujeitos, a menos
que acompanhadas de permissão por escrito de divulgação para fins científicos.
•
Agradecimentos - contribuições de pessoas que prestaram colaboração intelectual ao
trabalho como assessoria científica, revisão crítica da pesquisa, coleta de dados entre outras,
mas que não preencham os requisitos para participar de autoria, devem constar dos
"Agradecimentos", no final do trabalho, desde que haja permissão expressa dos nomeados.
Também poderão ser mencionada, as instituições que deram apoio, assistência técnica e
outros auxílios.
•
Errata: após a publicação do artigo, se os autores identificarem a necessidade de uma errata,
deverão enviá-la à Secretaria da Revista imediatamente e de preferência por e-mail.
Observação: As ilustrações (tabela, quadro, figura, foto, gráfico, etc.) não podem ultrapassar o total
de cinco.
Resumo: deve ser apresentado em português (resumo), inglês (abstract) e espanhol (resumen), com
até 150 palavras (máximo de 900 caracteres), explicitando o objetivo da pesquisa, método, resultados
e conclusões.
Descritores: devem ser indicados de três a cinco descritores que permitam identificar o assunto do
trabalho, acompanhando o idioma dos resumos: português (Descritores), inglês (Key words) e
espanhol (Descriptores), extraídos do vocabulário DeCS (Descritores em Ciências da Saúde),
elaborado pela BIREME e/ou (MeSH) Medical Subject Headings, elaborado pela NLM (National
Library of Medicine).
Referências: Limitadas a 22, exceto nos artigos de revisão. Devem ser normalizadas de acordo com
Estilo "Vancouver", norma elaborada pelo International Committee of Medical Jounals Editors
(http://www.icmje.org), e o título do periódico deve ser abreviado de acordo com a List of Journals
Indexed (http://www.nlm.gov/tsd/serials/lji.html). A lista apresentada no final do trabalho deve ser
numerada de forma consecutiva e os autores mencionados de acordo com a seqüência em que foram
citados no texto, sem necessidade do número entre parênteses. Ex: 1. Gomes A.
Envio de manuscritos
O manuscrito deverá ser encaminhado diretamente por via letrônica (on-line) - Site:
http://submission.scielo.br/index.php/reeusp/login
REICHERT, A. P. S.
Vigilância do desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes na estratégia . . .
Anexo D
142
ANEXO D – CONFIRMAÇÃO DE SUBMISSÃO DO ARTIGO ORIGINAL 2 A REVISTA
DA ESCOLA DE ENFERMAGEM DA USP
Altamira Pereira da Silva Reichert,
Agradecemos a submissão do seu manuscrito "Avaliação da implementação
de uma intervenção educativa em vigilância do desenvolvimento infantil
com enfermeiros" para aRevista da Escola de Enfermagem da USP. Através da
interface de administração do sistema, utilizado para a submissão, será
possível acompanhar o progresso do documento dentro do processo editorial,
bastanto logar no sistema localizado em:
URL do Manuscrito:
http://submission.scielo.br/index.php/reeusp/author/submission/47154
Login: altreichert68
Em caso de dúvidas, envie suas questões para este email. Agradecemos o
interesse em publicar em nossa Revista.
Arlete de Oliveira Batista
Revista da Escola de Enfermagem da USP
2010
Revista da Escola de Enfermagem da USP
http://www.scielo.br/reeusp
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altamira pereira da silva reichert