ESUD 2013 – X Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância
Belém/PA, 11 – 13 de junho de 2013 - UNIREDE
ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE NA MODALIDADE DE
EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
Janyne Dayane Ribas1, Derdried Johann2, Mitzy Tannia Reichembach Danski3, Marineli
Joaquim Meier4, Jorge Vinícius Cestari Felix5
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Universidade Federal do Paraná, [email protected]
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Universidade Federal do Paraná, [email protected]
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Universidade Federal do Paraná, [email protected]
4
Universidade Federal do Paraná, [email protected]
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Universidade Federal do Paraná, [email protected]
Resumo – Objetivou-se descrever o processo de organização de um curso de
especialização em saúde, na modalidade de Educação a Distância, para professores
do ensino fundamental e médio de escolas públicas do estado do Paraná, bem como
relatar seu desenvolvimento em parceria com o Departamento de Enfermagem da
Universidade Federal do Paraná (UFPR). O desenho do estudo foi pesquisa
bibliográfica e documental. As análises qualitativas e quantitativas possibilitaram a
descrição do projeto pedagógico do curso, bem como resultados de duas turmas
formadas. Ressalta-se que mais de 70% dos alunos que se matricularam concluíram
o curso satisfatoriamente. Destaca-se a contribuição social na formação de docentes
multiplicadores de informações sobre prevenção e promoção à saúde de crianças e
adolescentes, visando o desenvolvimento de cidadãos saudáveis e a contribuição do
Departamento de Enfermagem na construção histórica da educação à distância na
UFPR.
Palavras-chave: Educação à distância; Educação em Saúde; Enfermagem.
Abstract – The aim of this study was to report the process of creating a
specialization course in health, in the form of distance education. The course was
offered for teachers of primary and secondary public schools in the state of Paraná.
We also aimed to report the development of the course in partnership with the
Department of Nursing of the Federal University of Paraná (UFPR). It was used the
bibliographic and documental type of research. The qualitative and quantitative
analyzes enabled the description of the course's pedagogical project as well as the
results from two classes that have already been accomplished. It is worth to note that
more than 70% of the students successfully completed the course. We highlight the
social contribution of the course for the teacher education. The course has qualified
them to teach their students about health topics such as health prevention and
promotion aiming to develop healthy citizens. We also take in account the
contribution of the Department of Nursing in the historical construction of the
programs of distance education in UFPR.
Keywords: Distance Education; Health Education; Nursing.
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1. Introdução
A Educação à Distância (EaD) é reconhecida como modalidade de educação com
características singulares na qual há espaços para gerar, promover e implementar situações
que convergem para o efetivo aprendizado do estudante (Litwin, 2002). Embora remota, a
EaD é relativamente nova como ação educacional sistematizada; encontra resistência e
preconceito por parte da comunidade acadêmica e sociedade quanto à sua eficácia. No
entanto, oferecer possibilidades de educação formal e convencional indistintamente às
pessoas, atendendo as necessidades de formação e qualificação do mundo do trabalho se
constitui ação praticamente impossível na atualidade. Faz-se necessário, então, uma
organização capaz de realizar educação permanente com a sociedade (Danski et al., 2012)
No Brasil, a partir da década de 30, por meio da Rádio-Escola Municipal de Edgard
Roquete Pinto, os estudantes recebiam folhetos e esquemas de aula e utilizavam a
correspondência para estabelecer contatos (Gonzalez, 2005). Assim, foram criados institutos,
universidades, projetos, movimentos, programas que promoveram a EaD, alguns com apoio e
parceria do governo federal, igreja católica e/ou empresas privadas. Neste contexto, o rádio e
a televisão contribuíram para a disseminação da EaD. Entre os anos 70 e 90 Fundações e
Universidades públicas começaram a oferecer cursos de EaD com ênfase no ensino
fundamental, profissionalizante, especialização e pós-graduação (Nisker, 1999; Gonzalez,
2005; Nunes, 2007).
O desenvolvimento da EaD, nos últimos anos, propiciou a implementação de projetos
educacionais diversos e para complexas situações, como cursos para o ensino de ofícios,
capacitação para o trabalho, divulgação científica, campanhas de alfabetização e formação nos
níveis e campos do sistema educacional. Essas múltiplas possibilidades se relacionam com a
flexibilidade que caracteriza os programas de EaD. Ressalta-se que o desenvolvimento das
tecnologias da informação e comunicação favoreceu as interações entre professores e
estudantes, diminuindo as distâncias nessa modalidade de educação (Litwin, 2002).
O cenário, no qual as tecnologias da informação e comunicação se encontram
presentes em todas as atividades humanas, nas empresas, nas indústrias, nas escolas, no lazer,
suscita a necessidade dos profissionais que atuam na educação possuam, além da formação de
nível superior, habilidades no uso das ferramentas tecnológicas de interatividade. Assim,
torna-se premente a capacitação e educação permanente do professor a fim de facilitar a
seleção e a utilização dos recursos tecnológicos de informação e comunicação na sustentação
das práticas educativas.
Ressalta-se que a tecnologia ocupa lugar importante na EaD. Entretanto, o sucesso de
um projeto pedagógico não está focado primordialmente nos meios tecnológicos utilizados,
mas sim nas necessidades de aprendizado do estudante. Porquanto, é fundamental considerar
o conhecimento discente bem como sua base cultural, social e econômica, suas experiências,
interesses, idade, nível escolar e a familiaridade com a modalidade EaD (Gonzales, 2005).
A Universidade Federal do Paraná – UFPR, a partir de 1998, engajou-se na
implantação da EaD no Estado e no país, com o intuito de reduzir a exclusão social e
desenvolver cidadania. O primeiro passo foi a elaboração da proposta do Núcleo de Educação
a Distância – NEAD/UFPR, como órgão vinculado à Pró-Reitoria de Graduação. A proposta
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foi aprovada pelo Conselho Universitário, que institucionalizou o Programa a partir da criação
do NEAD, em 2 de fevereiro de 1999.
Após a aprovação a UFPR regulamentou internamente a institucionalização da EaD e
solicitou autorização do Ministério da Educação – MEC, para o uso da modalidade em nível
de graduação e ensino profissionalizante. Credenciada em 5 de abril de 1999, tornou-se uma
das cinco Universidades do país atuantes em EaD. A formação em EaD dos recursos humanos
da UFPR foi o ponto inicial ao trabalhar com esta modalidade de ensino, pois exige
competência específica e uma lógica de pensamento diferenciada. O NEAD/UFPR oferece à
clientela estudantil (estimada em milhares de alunos) cursos em EaD, em nível de extensão,
Pós-Graduação e dois cursos em nível de Graduação. Os cursos são autorizados pelo
Conselho de Ensino e Pesquisa – CEPE da UFPR e pelas Pró-reitorias de Pós-Graduação e
Extensão da UFPR, analisados à luz de Resoluções específicas para EaD.
A partir de 2004, com a incorporação das tecnologias da informação e comunicação
(TIC) nos materiais, metodologias e recursos de ensino-aprendizagem à distância, o NEAD
busca atender às demandas de atualização e aprimoramento dos quadros docentes e técnicos
da sua comunidade interna e da sociedade em geral, mediante a oferta de cursos. Para tanto, o
NEAD criou plataforma de aprendizagem, a UFPR Virtual, que hospedada em seu site
(www.cipead.ufpr.br), promove o processo de interação e interatividade mediante a utilização
de linguagem iconográfica, hipertextos, vídeos digitalizados, entre outros recursos. A partir de
2007, o NEAD iniciou a migração dos seus cursos para o Moodle (Modular Object-Oriented
Dynamic Learning Environment).
Em janeiro de 2009, o NEAD recebe status de CIPEAD – Coordenação de integração
de Políticas de Educação à Distância. Atualmente, em parceria com a CIPEAD, o
Departamento de Enfermagem, oferece a terceira turma na modalidade à distância do curso de
“Especialização em Saúde para Professores do Ensino Fundamental e Médio”.
O Departamento de Enfermagem, localizado no Setor de Ciências da Saúde da UFPR,
é responsável pelo Curso de Graduação em Enfermagem e pelo Programa de Pós-Graduação
em Enfermagem (PPGENF), o qual oferece cursos de Mestrado acadêmico em Enfermagem
(início em 2003), Doutorado em Enfermagem (início em 2010) e Mestrado Profissional
(início em 2011). O PPGENF conta com seis Grupos de Pesquisa, registrados no Conselho
Nacional de Pesquisa e dois periódicos Cogitare Enfermagem e Família, Saúde e
Desenvolvimento.
O Departamento de Enfermagem possui professores com formação em EaD, titulados
na UFPR e convênio com a Fundação Osvaldo Cruz (FIOCRUZ), como especialista na
docência e tutoria. No ensino à distância o Departamento ofereceu dois cursos lato sensu: o
primeiro com quatro turmas consolidadas, o “Curso de Especialização em Projetos
Assistenciais em Enfermagem”; o segundo, em parceria com a FIOCRUZ, com duas turmas,
o “Curso de Especialização aos Professores do Programa de Profissionalização dos Auxiliares
de Enfermagem (PROFAE)”.
Com duas turmas finalizadas (2009 e 2011) o curso “Especialização em Saúde para
Professores do Ensino Fundamental e Médio”, mantém sua terceira turma em andamento
(2013). Assim, objetivou-se descrever o processo de organização desse curso e relatar seu
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desenvolvimento em parceria com o Departamento de Enfermagem.
2. Método
O desenho do estudo foi o de pesquisa bibliográfica e documental, a qual baseia-se em
diferentes materiais de consulta, respectivamente, artigos científicos e demais produções
bibliográficas, bem como documentos sem tratamento analítico, que incluem atas, registros,
relatórios, entre outros (GIL, 2002). Os documentos analisados foram artigos científicos
publicados em interfaces de dados, atas das reuniões entre coordenadores e tutores, relatórios
dos cursos e de avaliação discente, materiais publicados em meios informatizados ,
plataforma Moodle, e no site do CIPEAD.
O recorte temporal adotado foi de março de 2008 a março de 2013, correspondente ao
período da primeira turma do curso até a turma vigente. Os dados foram coletados no período
de janeiro a fevereiro de 2013 e analisados quantitativa e qualitativamente. As informações
numéricas foram tabuladas em planilhas eletrônicas, com posterior análise descritiva simples.
Os dados qualitativos da caracterização do processo de organização do curso foram
categorizados a partir dos conteúdos emergidos dos registros.
3. Resultados
3.1. Dados Qualitativos
Um total de seis categorias emergiram da análise temática e qualitativa dos dados, descritas a
seguir.
Curso
O Curso de Especialização em Saúde para Professores da Educação Fundamental e Média é
um projeto que visa oferecer gratuitamente aos professores da rede municipal e estadual no
Estado do Paraná um curso de qualidade com a conveniência do estudo à distância,
desenvolvido numa perspectiva centrada no aluno.
Este curso faz parte do Projeto Universidade Aberta do Brasil – UAB – que foi criado
pelo Ministério da Educação, em 2005, no âmbito do Fórum das Estatais pela Educação, para
a articulação e integração de um sistema nacional de educação superior à distância, visando
sistematizar as ações, programas, projetos e atividades definidas pelas políticas públicas
voltadas à ampliação e interiorização da oferta do ensino pós-graduação Lato sensu, de forma
gratuita. Adequado às necessidades dos professores do nível fundamental e médio para o
aprimoramento e construção do conhecimento sobre saúde a serem desenvolvidos junto aos
escolares.
Tem como público alvo os professores com formação superior, atuantes nas escolas da
rede municipal e estadual, aprovados em processo seletivo específico, atendendo aos
requisitos exigidos pela instituição pública vinculada ao Sistema Universidade Aberta do
Brasil.
O Curso possui o objetivo geral de transformar o conhecimento científico já produzido
em saúde, em saber disponível para os professores do ensino fundamental e médio para que
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eles, posteriormente, desenvolvam um conjunto de competências básicas relativas à saúde,
necessárias para o exercício da docência e as utilizem em suas práticas educativas, como
recurso para a formação de cidadãos saudáveis.
A evolução tecnológica em saúde deve ser disponível a todo cidadão. Assim, é
imprescindível promover diferentes formas de acessibilidade a este saber, sendo a Escola um
ambiente favorável e instigador para disseminação desta produção. Espera-se que o professoraluno seja capaz de trabalhar questões de saúde no âmbito da promoção e prevenção da saúde
integral, nos conteúdos programáticos do ensino fundamental e médio.
Anualmente, dispõe-se de aproximadamente 200 vagas, divididas em diversas cidades
do Estado do Paraná, definidos de acordo com a demanda e com a condições de infraestrutura
dos pólos da UAB.
Carga horária e Encontros
A duração do curso é de 12 meses, com carga horária total de 450 horas e 30 horas de
ambientação virtual. Pode ser prorrogado por seis meses para término do Trabalho de
Conclusão, perfazendo 18 meses. Há encontros presenciais, no decorrer dos Módulos, com a
finalidade de propiciar a troca de experiências de aprendizagem e vivências com os
professores. Outros encontros presenciais são promovidos nos pequenos grupos com seus
respectivos tutores, conforme as necessidades identificadas pelos alunos especializandos.
São propostos encontros na modalidade virtual, como fóruns, e-mails, chats, atividades
em wiki, coordenados pelos professores e/ou tutores à distância, moderados pelo tutor
presencial, disponibilizando momento de aproximação entre os participantes do curso.
Atendendo às legislações, o Curso respeita a proporcionalidade de encontros
presenciais para cada módulo, perfazendo dois encontros presenciais por módulo, sendo um
de avaliação do processo. A finalização do curso constitui-se de um Seminário Integrador,
onde ocorrem as apresentações dos Trabalhos de Conclusão com a presença de uma banca
examinadora.
Proposta curricular do Curso
O material de apoio didático atende aos propósitos do curso interligando os saberes sobre
saúde, educação e trabalho, articulando estes conhecimentos com a realidade social.
Possibilita a implementação nas práticas educativas no cotidiano dos alunos, como recurso
para a formação de cidadãos com práticas de atitudes saudáveis. Disponibilizado de forma
impressa e também em ambiente virtual, dividido em quatro módulos conforme descrição a
seguir. O Quadro 1 retrata sucintamente a divisão dos módulos.
Módulos I e II – Contextuais - Nesses módulos, através de informações e estímulos,
espera-se que o aluno seja capaz de construir um referencial teórico de análise e reflexão
crítica sobre as contribuições teórico-práticas no campo da saúde para a sua atuação cotidiana
enquanto docente do ensino fundamental e médio. Para isso abordam-se conteúdos sobre o
processo saúde-doença, formas de prevenção de doenças e promoção de saúde bem como
sobre Políticas de Saúde, Sistema Único de Saúde e a participação e controle social sobre as
ações de saúde promovidas pelo Estado e a sua importância no currículo do ensino
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fundamental e médio.
Módulos III e IV – Integradores - Pretende-se integrar as bases teórico-práticas
trabalhadas nos módulos anteriores e a prática docente no ensino fundamental e médio,
enfatizando a importância da abordagem do conteúdo de saúde dentro das práticas
pedagógicas, para a transformação social. Aprofunda a especificidade da prática docente
articulando os conteúdos desenvolvidos no curso com o processo de trabalho na educação.
Quadro1 – Descrição dos módulos, conteúdo e carga horária.
Ênfase e Título do Módulo
Conteúdos
Carga horária
(horas)
I. Contextual introdutório Ensino, pesquisa e projeto de
intervenção
EAD
Metodologia em Educação
Metodologia da Pesquisa
Ética em saúde
90
II. Contextual – Saúde Coletiva e
Políticas em Saúde
Políticas de Saúde
Sistema Único de Saúde
Processo Saúde Doença
Vigilância a Saúde
90
III. Integrador – Práticas de
Educação em Saúde I
Perfil epidemiológico
Ciclo vital
Programas de saúde I
Saúde e qualidade de vida
135
IV. Integrador – Práticas de
Educação em Saúde II
Programas de saúde II
Programação e planejamento de proposta
de intervenção em saúde
135
Total
450
Fonte: Autores, 2013.
Ambiente virtual de ensino
A plataforma de aprendizagem, hospedada no site “www.cipead.ufpr.br” promove o processo
de interação e interatividade mediante a utilização de linguagem iconográfica, hipertextos,
vídeos digitalizados, entre outros recursos. Na forma virtual o acesso se dá por login e senha
individual disponibilizado a cada aluno após sua matricula, a qual é cancelada em casos de
desistência ou trancamentos do curso. O acesso possibilita a postagem das atividades
avaliativas, participação em fóruns, leitura de textos, consultas e comunicação com
coordenadores, professores e tutores, bem como colegas de turma.
Avaliação
As avaliações ocorrem de forma processual durante o desenvolvimento do curso. Em
momento presencial realiza-se controle de frequência, avalia-se o envolvimento do aluno e
participação nas atividades. O processo de avaliação de desempenho considera os objetivos
previstos para cada módulo, representado pela produção de exercício proposto ao final do
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módulo. Na avaliação à distância, são considerados: exercícios produzidos, apresentados em
cada módulo, que atendam os objetivos propostos e o prazo de envio previsto. Quando
necessário, é solicitado pelo professor responsável pelo módulo, exercícios que emergem da
realidade dos debates e trocas de experiências. Essas atividades compreendem estudos
dirigidos, de caso, sínteses, resumos, relatórios, sinopses, respostas discursivas,
planejamentos, entre outros.
A avaliação final, que permite a Certificação dos participantes, se dá por meio da
elaboração do trabalho de conclusão de curso denominado de Projeto de Intervenção
individual, mediante apresentação à banca julgadora/avaliadora.
Equipe multidisciplinar: corpo docente, tutores e pessoal técnico/administrativo
Docentes Coordenadores – Os docentes responsáveis pela Coordenação pedagógica e
Coordenação de Tutoria são lotados no Departamento de Enfermagem/UFPR. Possuem
formação e experiência em EAD, com titulação de Mestrado ou Doutorado, com perfil de
competência técnico-científica, gerencial, pedagógica, social, política, comunicação,
flexibilidade didático pedagógica.
Docentes da gestão acadêmica – A gestão acadêmica acontece por meio de docentes
vinculados ao Departamento de Enfermagem e CIPEAD/UFPR, com formação e experiência
em EaD, bem como perfil de competência técnico-científica, gerencial, pedagógica, social,
política, comunicação, flexibilidade didático pedagógica
Tutores à distância – São membros da comunidade universitária da UFPR, tais como:
docentes, técnicos administrativos e alunos dos Cursos de Pós Graduação dos Cursos do Setor
de Ciências da Saúde.
Tutores presenciais – São profissionais da área da saúde da própria comunidade/pólo
em que o curso está sendo ofertado.
Os critérios para compor o quadro de tutoria abrangem: ser graduado na área da saúde,
ter e/ou participar do curso de tutoria em EaD, domínio das ferramentas básicas em Internet;
conhecimento em percorrer site de interesse e bibliotecas virtuais, ter experiência em
educação à distância, possuir curso de pós-graduação lato sensu.
Equipe técnica /administrativa de apoio à gestão do curso – A equipe
técnica/administrativa é alocada no CIPEAD, com experiência na gestão de cursos na
modalidade de EAD.
3.2. Dados quantitativos
Considerando que o curso está em sua terceira edição, contabilizou-se dados quantitativos
referentes ás turmas finalizadas e em andamento, conforme descrição a seguir.
Número de turmas e pólos de aprendizagem
Até o presente momento três edições deste curso foram oferecidas à comunidade docente com
formação superior atuantes nas escolas da rede municipal e estadual do Paraná, discriminadas
no Quadro 2.
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Quadro 2 – Divisão das turmas por pólos e vagas.
Pólos
Turmas
Vagas
Turma 2007-2009
5
5
160
Turma 2008-2010
5
5
160
Turma 2012-2013 (em andamento)
3
5
200
Fonte: Autores, 2013.
As turmas são divididas em pólos de diferentes municípios do interior do estado. As
cidades contempladas foram: Nova Londrina, Paranaguá, Paranavaí, Pato Branco, Foz Iguaçu,
Cruzeiro do Oeste, Ibaiti, NovaTebas, Cidade Gaúcha, Siqueira Campos, Colombo e Lapa.
Destaca-se que em algumas cidades há ou houve mais de uma turma.
Alunos por turma
O número de vagas ofertadas é dividido em turmas disponíveis, contemplando em média 32
alunos por turma. Os dados das Tumas 1 e 2 serão apresentados no Quadro 3. Por estar em
curso, os dados da Turma 3 não serão apresentados nesta categoria.
Quadro 3 – Relação de vagas ofertadas, alunos matriculados e concluintes Turmas 1 e 2.
Etapa do curso
Turma 1 Turma 2
Total
Inscritos no processo de seleção
427
402
829
Alunos matriculados inicialmente
160
160
320
Alunos concluintes com Certificados de Especialização
107
83
190
Alunos concluintes com Declaração de Aperfeiçoamento
19
21
40
Alunos desistentes
18
25
43
Alunos reprovados
Fonte: Autores, 2013
16
31
47
Destaca-se que alunos que não desenvolveram ao final do curso o projeto de
intervenção, bem como sua apresentação à banca avaliativa, receberam apenas “Declaração de
Aperfeiçoamento”.
Monografias apresentadas
Assim como a categoria anterior a contabilização das monografias referem-se apenas às
Turmas 1 e 2, sendo 107 e 83 apresentadas respectivamente.
O objeto das monografias corresponde aos temas emergentes da área da saúde na
realidade de cada aluno. Nesta análise, aproximou-se temas semelhantes em categorias
descritas no Quadro 4, apresentado a seguir:
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Quadro 4 – Temas de monografias apresentadas: Turma 1 e Turma 2.
Temas
Turma 1
Turma 2
Total
Álcool e Drogas
6
9
15
Alimentação Saudável e Obesidade infantil
34
17
51
Doenças e agravos de saúde não transmissíveis
15
0
15
Doenças e agravos de saúde transmissíveis
3
6
9
DST’s e AIDS
2
4
6
Ergonomia
1
4
5
Exercício físico e Qualidade de Vida
6
1
7
Higiene e Saúde bucal
15
12
27
Hospitalização e educação
2
0
2
Outros
5
9
14
Portadores de Necessidade Especiais/Déficits
cognitivos
5
3
8
Saúde mental
3
1
4
Sexualidade e Gravidez na Adolescência
8
13
21
Violência
2
4
6
107
83
190
Total
Fonte: Autores, 2013.
3.3. DISCUSSÃO
O principal objetivo do Curso de Especialização em Saúde para Professores é o de capacitar
os professores do ensino fundamental e médio para que estes desenvolvam um conjunto de
competências básicas relativas à saúde, necessárias para o exercício da docência e as utilizem
em suas práticas educativas, como recurso para a formação de cidadãos saudáveis.
A julgar pelos temas das monografias apresentadas e pela relevância dos temas
abordados, considera-se que o curso alcança seus objetivos, pois tem causado transformações
nas práticas dos professores. Ao despertar nos professores do ensino fundamental e médio da
rede pública um olhar para a saúde e formação cidadã de seus alunos, espera-se causar efeito
benéfico para a sociedade. Além disso, a modalidade de EaD na formação de professores,
viabiliza a participação no Curso e democratiza o ensino para um contingente de pessoas que
talvez, no atual momento da vida e/ou da carreira, não teriam disponibilidade de participar de
cursos tradicionais presenciais.
Considerando a necessidade de formar, qualificar e atualizar os profissionais das
diversas áreas, bem como a ampliação do conhecimento técnico-científico, a equipe de
docentes do Departamento de Enfermagem/UFPR reconhece e acredita na contribuição da
EaD neste processo, assim, coordenando cursos nesta modalidade.
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No contexto da saúde, ressalta-se que este departamento desenvolve suas atividades,
de forma criativa e inovadora, pois atende o preconizado pela legislação vigente, propicia o
desenvolvimento integral de seus alunos, oferece mediante o ensino teórico-prático maior
proximidade com a realidade do cuidado à saúde no Brasil e estimula a análise da situação
encontrada e o desenvolvimento do senso crítico (Danski et al., 2012).
O Departamento de Enfermagem participa ativamente, por meio do corpo docente e
discente na construção e organização do Sistema Único de Saúde – SUS. Está presente nas
Conferências em Saúde municipal e estadual, contribuindo na consolidação da Política de
Educação Permanente; incentiva o desempenho técnico-científico dos profissionais de
enfermagem e da saúde; prioriza a oferta de cuidados diferenciados que privilegiem o ser
humano em todas as suas dimensões, bem como, que os profissionais entendam, sejam atores
e multiplicadores para a efetiva participação popular nas diferentes instâncias previstas no
SUS (Danski et al., 2012).
O Curso de Especialização em Saúde para professores do ensino fundamental e médio
contribui para formação de professores das redes públicas de ensino do estado do Paraná
como parte do programa UAB. Destaca-se que em uma mesma configuração e com esse
púublico alvo não foram encontrados outros cursos (UAB, 2013).
Há 100 anos a UFPR oferece ensino de qualidade à estudantes de várias localidades do
país. Assim como outras universidades públicas, disponibiliza as vagas de seus cursos por
meio de processos seletivos nacionais, o que diminui as chances da população paranaense de
ingressar nesta instituição. Seus campi estão concentrados na capital e região metropolitana,
com poucas opções no interior do estado. Desta forma, o curso descrito nesta pesquisa,
oportunizou a participação exclusiva de estudantes do estado do Paraná e em número
significativo, além de alcançar diversas cidades longínquas de campus da UFPR, onde o
ensino tradicional demoraria para vigorar.
Nestes termos, a EaD propicia mudança profunda na educação. Mostra-se opção
relevante para cursos de curta e longa duração em vários níveis de ensino, tais como:
educação formal, informal, continuada, profissional e corporativa. É crescente a percepção de
que países de grandes extensões territoriais, como o Brasil, só superarão sua defasagem
educacional com auxilio intensivo de tecnologias em rede, flexibilização de tempos e espaços
de aprendizagem e integração entre modelos presenciais e digitais. A EaD é capaz de
flexibilizar a necessidade da presença física de alunos e professores, reorganizando os espaços
e tempos, mídias, linguagens e processos presenciais e digitais (Moran, 2013)
Esta pesquisa aponta que aproximadamente 70% dos alunos matriculados concluíram
sua formação, e, destes mais de 80% realizaram um projeto de intervenção em seu ambiente
escolar. Estudo anterior, realizado pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo
da Fundação Getúlio Vargas, em 2005, sobre o índice de evasão em educação superior à
distância demonstrou taxa de evasão ao redor de 25% em cursos de extensão e especialização.
Nesse contexto, os resultados desta pesquisa apontam que a taxa de evasão observada no
Curso de Especialização em Saúde vai ao encontro do descrito na literatura em cursos de
especialização na modalidade EAD no Brasil (Maia, 2005; Fávero, 2006).
Os 30% de alunos que não concluíram os estudos remetem à reflexão sobre a
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evasão/reprovação destes discentes. O especialista em mudanças na educação presencial e à
distância, Jose Manuel Moran faz uma crítica ao mínimo avanço da EaD, relatando a
dificuldade de adaptação de professores e alunos à modalidade. Aos professores, alerta-se que
não basta a reprodução de técnicas praticadas no ensino presencial, mas a necessidade de
adquirir a competência de gerenciar fóruns, atividades digitais, de serem proativos, mesmo
com alunos introvertidos. Instiga-se os alunos a gerenciar suas atividades em tempos
flexíveis, sem supervisão direta. O apoio presencial e a execução de ordens de atividades
prontas, também dificulta o desenvolvimento de autonomia intectual e digital, visto que os
ambientes virtuais são silenciosos, distantes, cheios de materiais e ferramentas que os
confundem (Moran, 2013).
Considera-se a escola como contexto social e que os alunos são atraídos pela
oportunidade de sociabilidade, característica improvável na modalidade EaD, com poucos
ambientes de grupo, capazes de criar vínculos entre os participantes (Moran, 2013).
Finalizando, entende-se por educação em saúde a combinação de aquisição de
informações e aptidões básicas como, autonomia, solidariedade e responsabilidade dos
indivíduos por sua própria saúde e pela da comunidade, capacitando indivíduos mediante
metodologias adequadas às suas necessidades e perfil epidemiológico, de modo a motivar a
utilização dessas informações. Neste contexto a enfermagem subsidia o conhecimento à
população, aproximando-a à realidade do indivíduo, tornando os cidadãos conhecedores e
contribuintes da promoção em saúde. E ainda, se possível, participar de reformulações de
políticas públicas eficazes e voltadas para as reais necessidades da população (Trigueiro et al.,
2009).
4. Conclusão
Destaca-se a contribuição social na formação de docentes multiplicadores de informações
sobre prevenção e promoção à saúde de crianças e adolescentes, visando o desenvolvimento
de cidadãos saudáveis. A modalidade EaD mostrou-se opção concreta de aperfeiçoamento aos
professores da educação pública.
Ao descrever o processo de organização do curso de especialização em saúde, na
modalidade EaD e relatar sua parceria com o Departamento de Enfermagem, ressalta-se a
colaboração deste Departamento na construção histórica da EaD na UFPR, bem como a
possível contribuição deste documento para subsidiar a criação e organização de outros cursos
voltados à educação em saúde.
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especialização em saúde na modalidade de educação à