Ponto de vista
A auditoria do futuro começa agora
A visão da Deloitte e de sua prática de Auditoria no Brasil sobre as
transformações pelas quais vem passando o exercício dessa função
Por Edimar Facco, sócio-líder de Auditoria da Deloitte
A
“Por entender que, em
algum ponto, a necessidade
de transformação que vem
impactando os mercados
também chegaria à própria
atividade de auditoria, a
Deloitte decidiu se antecipar
e se envolver, desde já, com
esse movimento. Mais do
que isso, ela se coloca hoje
entre os agentes que
deverão liderá-lo.”
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confiança, nas últimas décadas, foi a base da
evolução do mercado de capitais. A partir de
sua consolidação, o capital passou a circular
com maior fluidez entre empresas, setores e
investidores, ajudando a promover o desenvolvimento
das economias ao redor do mundo. Proteger a
confiança envolve o compromisso de uma cadeia inteira,
dos conselheiros de grandes companhias listadas em
bolsa a pequenos investidores que compram seus papeis,
por exemplo. Grande parte dessa responsabilidade,
porém, repousa sobre o papel do auditor, que manteve
a natureza de seu trabalho praticamente inalterada
durante esse período. Por entender que, em algum
ponto, a necessidade de transformação que vem
impactando os mercados também chegaria à própria
atividade de auditoria, a Deloitte decidiu se antecipar
e se envolver, desde já, com esse movimento. Mais
do que isso, ela se coloca hoje entre os agentes que
deverão liderá-lo.
“Audit of the future” é, justamente, o nome de uma
pesquisa lançada pela Deloitte após consultar 250
agentes investidores, executivos financeiros e membros
de comitês de auditoria nos Estados Unidos. Os dados
colhidos lançaram luz sobre os caminhos que a auditoria
deverá seguir de agora em diante.
Ficou claro que o mercado compreende o peso dessa
transformação. Mais de dois terços dos entrevistados
entendem o auditor como uma figura-chave para
manter a confiança no ambiente de negócios e no
mercado de capitais. A mesma parcela percebe as
informações submetidas ao crivo de uma auditoria
como mais importantes do que as não auditadas.
Questionados sobre a partir de onde a área se
transformará, os profissionais abordados apontaram
três focos principais: a necessidade de análises mais
profundas, mais agilidade e eficiência nas entregas e
uma abordagem inovadora do trabalho, apoiada pela
tecnologia.
Há estímulos importantes movendo essa transformação.
Empresas e investidores esperam que os auditores sejam
mais proativos e prospectivos – 46% dos membros de
comitês e 59% dos profissionais do setor financeiro
entrevistados apontaram essa necessidade. Há diversos
meios para chegar a esse fim – que passam, todos eles,
por uma revolução na prática.
“Eis o paradigma a ser quebrado:
o olhar do auditor deve se voltar
para o futuro.”
A expectativa é de que os auditores incorporem
inteligência de negócios e tecnologias às suas
obrigações regulamentadas, indo além das análises
retroativas de demonstrações financeiras. Dois terços
dos entrevistados, afinal, acreditam que os auditores
não podem mais se limitar às informações contidas
nos relatórios tradicionais. Da mesma forma, três entre
quatro consultados creem que as auditorias deveriam
lançar mão de tecnologias avançadas.
Há, ainda, um consenso de que os profissionais da área
precisam avançar no mapeamento das mudanças no
cenário econômico e de negócios, adaptando-se mais
rapidamente. E, também, de que seu trabalho seja cada
vez mais amplo, holístico e inovador.
Em suma – e na prática –, empresas e investidores
buscam conclusões mais abalizadas e informativas, que
os auxiliem a tomar decisões mais inteligentes. Isso
requer investimentos significativos e uma mentalidade
mais ousada do que a vista nas auditorias do passado.
É preciso responder novas questões – e as
questões de sempre
A Deloitte entende que esses avanços – profundos e
complexos – são inevitáveis e fundamentais. A auditoria
do futuro começa a ser forjada agora. O termo “futuro”,
nesse caso, aponta para uma mudança radical de
perspectiva. A auditoria tradicional trabalha com o
passado. Meses separam o fechamento de um balanço
da divulgação dos dados auditados. A falta de sincronia
faz com que a atuação do auditor seja vista como
hermética, limitada e indiferente ao longo prazo.
Eis o paradigma a ser quebrado: o olhar do auditor
deve se voltar para o futuro.
A capacidade de lidar com temas exteriores ao escopo
da auditoria tradicional ganhará importância conforme
o auditor reconfigurar sua atuação. Neste percurso,
estarão presentes a identificação de tendências de
mercado, a análise de riscos, a segurança na área de
tecnologia da informação e o emprego de inteligência
artificial na compilação de dados, por exemplo.
Ao incorporar as novas demandas e as ferramentas
necessárias para atendê-las, a auditoria do futuro
também poderá responder a velhas questões. A
principal é o descompasso claro entre a expectativa
que há sobre o auditor e o trabalho efetivamente
desempenhado por ele. Os públicos que lidam com
os dados fornecidos pelas auditorias – gestores
de empresas, investidores, analistas de mercado e
outros – querem informações completas, atualizadas e
divulgadas de maneira imediata.
O auditoria do futuro começa agora
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A realidade, porém, ainda é diferente – e não é apenas
consequência de um modelo de trabalho tradicional. É
preciso considerar as particularidades de uma atividade
altamente regulamentada, inserida em um ambiente
regulatório que ganha mais complexidade em ciclos
cada vez menores – um fator fora do controle da
auditoria no momento de redefinir seu papel.
À medida que o mercado amadurece, no entanto,
a discussão sobre as responsabilidades do auditor
ganha novos contornos e parâmetros – como causa
e também resultado de a auditoria se voltar ao
futuro. Os auditores passarão a relatar os principais
assuntos abordados em cada um de seus trabalhos,
compreendendo os procedimentos realizados, as
decisões que impactaram seu planejamento e as
considerações de ética. É uma maneira de responder
proativamente ao mercado, ajudando-o a entender
definitivamente os procedimentos de auditoria
executados sobre as demonstrações financeiras.
Ao redirecionar o foco, o profissional reforçará o alicerce
da prática com características que poderiam já estar
presentes (e tornam-se ainda mais relevantes) ou que
eram pouco consideradas – mas ficam essenciais. Esses
aspectos, reunidos, configuram o que se convencionou
como os 5Is: acrônimo formando pelas iniciais dos
termos em inglês para inteligente, intuitivo, informado,
integrado e esclarecedor.
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Os 5Is da auditoria do futuro1
Intelligent
Ferramentas e tecnologia levam a experiência da
auditoria a um patamar mais elevado.
Intuitive
Acessar dados em tempo real torna o processo mais
intuitivo e ainda mais transparente.
Informed
A execução passa a exigir conhecimentos sobre riscos,
regulações, mercados e setores.
Integrated
A entrega ultrapassa fronteiras, exigindo também maior
interação em um ambiente global.
Insightful
Além de fomentar confiança e transparência, também
beneficia a tomada de decisões.
1Termos
em inglês para inteligente, intuitiva, informada,
integrada e esclarecedora
Os caminhos para o futuro da auditoria
Nenhuma evolução irá ocorrer sem considerar ao menos
dois pontos: tecnologia e capacitação. Entrelaçadas,
essas frentes são a base da abordagem cognitiva
que, de uma maneira mais direta, define a prática
da auditoria do futuro. As ferramentas tecnológicas
e as habilidades profissionais do auditor presentes
no processo serão beneficiadas, ambas, pelo caráter
transformador da auditoria do futuro – partindo da
inovação e, ao mesmo tempo, a promovendo. Não se
tratará de ter mais trabalho, mas de trabalhar melhor
a partir de um círculo virtuoso em que se conectam
plataformas, soluções, recursos e, obviamente, pessoas.
Por isso mesmo, as inovações tecnológicas têm papel
fundamental na construção da auditoria do futuro. A
aplicação do conceito de analytics ao trabalho dos
auditores, por exemplo, permite uma amostragem
mais qualificada das informações a ser analisadas. Será
possível usar o banco de dados para fazer previsões,
apontar tendências e criar expectativas que possam
ser comparadas com os números apresentados nas
demonstrações financeiras.
Há ainda, a caminho, novos formatos de relatórios, que
valorizem a pesquisa empreendida e que consigam
incluir informações mais amplas (como dados sobre o
capital humano das empresas). Os recursos de business
intelligence (BI), por sua vez, podem trazer agilidade e
profundidade ao trabalho do auditor. São artifícios que
já transformaram outras práticas e mercados. Agora,
serão também empregados a favor da auditoria.
Do ponto de vista da capacitação, o caminho para
o auditor do futuro inclui atualização constante
e observância às normas. O Conselho Federal de
Contabilidade (CFC) já exige o atendimento a programas
de educação profissional continuada, com treinamentos
sobre aspectos de auditoria e contabilidade – e caberá
às empresas e aos profissionais da área, fora das
obrigações regulatórias, buscar um novo leque de
competências, que incluem conhecimento do negócio
auditado, matemática financeira e informações sobre o
mercado.
A auditoria do futuro como parte de um
propósito
A Deloitte tem o propósito muito claro de fazer o
que é realmente importante para seus clientes, seus
profissionais e a sociedade. Ao debruçar-se sobre a
auditoria do futuro – e, mais do que isso, empregar
esforços para desenvolvê-la em seu dia a dia –, a
expectativa é ajudar a promover um grande impacto
positivo, aumentando ainda mais a confiança no
mercado de capitais e no ambiente de negócios como
um todo.
Como benefícios adicionais, a Deloitte espera apoiar na
criação de um cenário de negócios mais favorável ao
progresso de seus clientes; um ambiente de trabalho
com maiores oportunidades de desenvolvimento e
reconhecimento para os auditores; e – a partir desses
objetivos –, um maior avanço da transparência, que
permita às economias desenvolver-se com maior solidez,
beneficiando, assim, a sociedade em geral.
O compromisso da Deloitte está – e estará, sempre –
em dois motores dessa revolução: a qualidade, como
propulsora de um trabalho de confiança, e a inovação,
como agente transformador da mudança.
Se há a chance de mover uma cadeia tão grande de
impactos positivos, que o futuro da auditoria comece
agora mesmo.
“Nenhuma evolução irá ocorrer sem
considerar ao menos dois pontos:
tecnologia e capacitação. Entrelaçadas,
essas frentes são a base da abordagem
cognitiva que, de uma maneira mais direta,
define a prática da auditoria do futuro.”
A Deloitte refere-se a uma ou mais entidades da Deloitte Touche Tohmatsu Limited, uma sociedade privada, de responsabilidade limitada, estabelecida no Reino Unido (“DTTL”), sua rede de firmas-membro, e entidades a ela relacionadas. A DTTL e cada uma de suas firmas-membro constituem entidades legalmente separadas e independentes. A DTTL (também chamada “Deloitte Global”)
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O auditoria do futuro começa agora
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