UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA
ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ"
Piracicaba, 02 de outubro de 2008.
TERCEIRA QUEDA E AINDA MAIS ACENTUADA
Cepea, 02 – Os preços do leite recebidos pelos produtores recuaram pelo terceiro mês consecutivo,
conforme levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP. E
pelo que apontam 80% dos representantes de laticínios e cooperativas consultados pelo Centro, as
quedas podem ser repetir no próximo mês.
O recuo do preço bruto de setembro, referente ao leite entregue em agosto, foi de 5,5 centavos por
litro, de ou 7,62%, considerando-se os sete estados tradicionalmente incluídos na média ponderada
nacional (RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA). Assim, a média caiu para R$ 0,6574/litro (valor bruto).
Em Mato Grosso do Sul e no Rio de Janeiro, estados que ainda não compõem a média nacional do
Cepea, as quedas foram ainda maiores, chegando a 9 e 12 centavos por litro, respectivamente.
Tais recuos refletem uma acomodação dos preços tanto do leite ao produtor quanto dos derivados,
decorrente do aumento da oferta em ritmo mais acelerado que a demanda. Mesmo com a economia
brasileira mantendo bons índices de crescimento e as exportações batendo recordes, a produção de
leite nos oito primeiros meses deste ano é 19% maior que a de igual período de 2007.
Excluindo-se setembro do ano passado, o valor do último pagamento é cerca de 10 centavos maior
que o de setembro/2006 e de 2005, e pouco menor que o de setembro/2004 – a comparação é feita
com valores deflacionados pelo IPCA.
Com preços menos atrativos para os produtores, a recuperação da oferta que normalmente ocorre no
segundo semestre do ano, desta vez está mais lenta que nos anos anteriores. Conforme o Índice de
Captação de Leite do Cepea (ICAP-L), o volume de leite recebido pelas empresas em agosto foi
somente 1,28% superior ao de julho, enquanto no mesmo período do ano passado foi de 7%. Com
isto, em agosto especificamente, a diferença em relação ao índice do mesmo mês do ano passado foi
de apenas 4,2%, mas em abril o aumento beirou os 27%.
Apesar da falta de pastagem neste período de final de inverno (captação se refere a agosto), produtores
estariam mantendo o rebanho alimentado devido ao estoque de volumoso (silagens ou cana) que foi
produzido no último verão – final do ano passado/início deste. Naquela época, os produtores estavam
motivados com os preços recordes recebidos na entressafra recém-terminada – em setembro/07, a
média nacional chegou a R$ 0,80/litro, a maior em termos reais da série do Cepea.
Quanto aos derivados, suas cotações também seguem em queda, segundo pesquisas do Cepea. O leite
UHT vendido no atacado paulista em agosto, por exemplo, recuou 12,15% em relação a julho; o leite
pasteurizado teve desvalorização de 3,2% e os queijos mussarela e prato tiveram recuos de 8,5% e
10%, respectivamente. A menor queda foi a do leite em pó (sache de 400g), de apenas 2,7%.
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Considerando a média de preços dos derivados apurada em agosto (setembro ainda não disponível) e o
pagamento feito aos produtores em setembro, ambos no estado de São Paulo, um litro de UHT
equivaleu a 1,78 litro do produtor. No mês anterior, essa relação era de 1,90 e há um ano, de 2,14. Isso
indica que mesmo com a redução dos preços ao produtor, as indústrias, de modo geral, ainda
continuam perdendo poder de compra devido às quedas mais acentuadas em alguns derivados.
Nesse cenário, produtores podem interpretar a desaceleração do aumento da oferta como sinal de que
as quedas de preços podem cessar nos próximos meses. De fato, alguns agentes (representantes de
laticínios e cooperativas) consultados pelo Cepea começam a indicar a perspectiva de estabilidade das
cotações para os próximos 60 e 90 dias. No último levantamento, quando se perguntavam as
expectativas para o pagamento de outubro, 18,5%, apontavam estabilidade, apesar de 80% ainda
sinalizarem nova queda.
Por outro lado, o volume já ofertado neste ano é consideravelmente superior ao do ano passado, como
mostrado pelo ICAP-Leite, e os preços dos derivados seguem em queda mais acentuada que as do
leite ao produtor. Além disso, os custos de produção se mantêm em nível relativamente elevado,
mesmo com o milho tendo pequenas quedas – o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas-SP)
recuou cerca de 3% de setembro comparado com agosto.
Gráfico 1: ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite - AGOSTO/08. (Base 100=Junho/2004)
160
152,66
148,50
150
152,48
149,32
142,72
138,66
135,88
138,32
140
130
128,13
124,44
121,46
120
111,87
110
129,58
135,07
133,37
131,94
131,62
Patamar de Agosto de 2007
121,01
109,60
104,80
100
90
jun/04
jul/04
ago/04
set/04
out/04
nov/04
dez/04
jan/05
fev/05
mar/05
abr/05
mai/05
jun/05
jul/05
ago/05
set/05
out/05
nov/05
dez/05
jan/06
fev/06
mar/06
abr/06
mai/06
jun/06
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
80
ICAP-L/CEPEA-Esalq/USP
IBGE - PTL
Fonte: Cepea-Esalq/USP
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Tabela 1. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquidos) em SETEMBRO
referentes ao leite entregue em AGOSTO.
Preços Pagos em SETEBMRO/2008
referente à produção de
AGOSTO/2008
UF
RS
RS
SC
SC
PR
PR
PR
SP
SP
SP
MG
MG
MG
GO
GO
BA
BA
Preço Bruto
Inclusos frete e CESSR
(ex-Funrural)
Preço
Líquido
Var%
Bruto
Var%
Líquido
Mesorregião
Noroeste
Metropolitana Porto Alegre
Média Estadual - RS
Oeste Catarinese
Vale do Itajaí
Média Estadual - SC
Centro Oriental Paranaense
Oeste Paranaense
Norte Central Paranaense
Média Estadual - PR
São José do Rio Preto
Macro Metropolitana Paulista
Vale do Paraíba Paulista
Média Estadual - SP
Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba
Sul/Sudoeste de Minas
Vale do Rio Doce
Média Estadual - MG
Centro Goiano
Sul Goiano
Média Estadual - GO
Centro Sul Baiano
Sul Baiano
Média Estadual - BA
Máximo
0,6506
0,6651
0,6506
0,7090
0,6700
0,6853
0,6646
0,6779
0,6946
0,6605
0,7776
0,7672
0,7699
0,7723
0,7311
0,7103
0,6913
0,7076
0,7419
0,7284
0,7337
0,6293
0,7000
0,6708
Mínimo
0,3641
0,4334
0,3816
0,5451
0,4900
0,5325
0,6298
0,5005
0,4308
0,5290
0,5702
0,6142
0,7685
0,6371
0,6035
0,5606
0,5805
0,5926
0,6662
0,4952
0,5618
0,4599
0,4500
0,5034
Médio
0,6305
0,5906
0,6052
0,5900
0,6000
0,5839
0,6451
0,6013
0,5802
0,6067
0,7193
0,6731
0,7686
0,7173
0,6853
0,6444
0,6591
0,6642
0,7220
0,6423
0,6734
0,5580
0,6400
0,6180
Médio
0,5674
0,5448
0,5530
0,5684
0,5600
0,5567
0,6252
0,5859
0,5384
0,5770
0,6735
0,6438
0,7047
0,6776
0,6434
0,6114
0,6329
0,6304
0,6872
0,6022
0,6353
0,5409
0,6250
0,6011
SET/AGO
-7,38%
-7,57%
-6,67%
-6,79%
-6,25%
-6,90%
-9,81%
-4,92%
-15,31%
-8,83%
-8,14%
-1,11%
-1,19%
-6,08%
-7,20%
-9,53%
-3,48%
-9,28%
-4,11%
-8,49%
-6,71%
-5,99%
-1,54%
-3,77%
SET/AGO
-7,28%
-9,00%
-6,22%
-6,90%
-5,88%
-7,66%
-9,86%
-5,18%
-15,10%
-8,96%
-8,18%
-1,10%
-1,15%
-5,56%
-7,10%
-9,59%
-3,64%
-9,42%
-4,02%
-8,79%
-6,84%
-3,83%
-1,57%
-2,70%
Média NACIONAL
0,7101
0,5569
0,6574
0,6204
-7,62%
-7,58%
0,6466
0,5903
0,6512
0,5540
0,4320
0,4907
0,6699
0,6152
0,6668
0,5728
0,5553
0,5637
0,5976
0,6047
0,6250
0,4949
0,5294
0,5128
-19,72%
-1,64%
-15,01%
-11,45%
-15,28%
-13,45%
-20,30%
4,06%
-14,87%
-14,89%
-13,24%
-14,01%
Fonte: Cepea-Esalq/USP
Médias estaduais das novas regiões – RJ e MS
RJ
RJ
MS
MS
Noroeste Fluminense
Centro
Média Estadual - RJ
Leste
Sudoeste
Média Estadual - MS
0,6923
0,6300
0,6793
0,5885
0,6082
0,5987
Fonte: Cepea-Esalq/USP
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R$/litro
Gráfico 2: Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionada pelo IPCA
(média de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA)
0,86
0,84
0,82
0,80
0,78
0,76
0,74
0,72
0,70
0,68
0,66
0,64
0,62
0,60
0,58
0,56
0,54
0,52
0,50
0,48
0,46
0,44
0,42
2007
2008
2004
2005
Média Histórica 2001 a 2007
2006
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
Fonte: Cepea-Esalq/USP
Outras informações sobre o mercado lácteo: www.cepea.esalq.usp.br/leite e através do Laboratório
de Informação do Cepea, com o pesquisador Gustavo Beduschi e prof. Sergio De Zen: 19-3429-8837 /
8836 e [email protected]
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