CONCURSO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE FARIAS BRITO/CE - 2014
PROVA DE PROFESSOR DE PORTUGUÊS (NÍVEL SUPERIOR)
1ª PARTE: Língua Portuguesa
PRIMEIRA CENA
O rapaz que viaja à minha frente no trem não olha com bons olhos o senhor escrevendo numa caderneta. Veio de Potengi morar no Crato, hospedou­se na casa do sogro com a esposa e dois filhos, vai procurar trabalho em Juazeiro, na única profissão que aprendeu: a de vaqueiro. Não parece fácil. Boa parte dos rebanhos morreu em três anos de estiagem, agravando a decadência da agricultura e da pecuária. Se não encontrar emprego, volta ao Potengi. Não, ele não bebe, em respeito aos pais da esposa, ambos evangélicos. Também não sai de casa à noite e não gosta de responder perguntas. Nem o dinheiro da passagem de volta ele possui. Um real. O jeito será fazer o percurso a pé, doze quilômetros. Nada pede ao escritor. A confissão de indigência fere seu orgulho. Recebe com dignidade os dois reais que o homem saca da carteira e, ao descer do vagão, não olha para trás.
As ranhuras nos vidros das janelas são propositais? Ninguém enxerga a plenitude da miséria em torno, o lixo descendo pelas encostas, restos de mato, poças d’água e riachos que no passado eram exuberantes, e agora são indefinidos como as pinturas de Monet velho e quase cego. Nos painéis das Ninféias, uma paisagem aquática com plantas, galhos, reflexos de árvores e nuvens. Aqui, as imagens da natureza destruída assombram o senhor de barba e cabelos grisalhos. Fez o mesmo percurso entre Juazeiro e Crato, há 46 anos. Um tempo grande, o bastante para ele também sofrer mudanças e cobrir­se com outras formas de lixo. Anota impressões no caderno. As frases lhe parecem falsas, vazias. Compara o lixo atirado pelos moradores nos barrancos aos rabiscos do caderno de notas.
Faz calor, os vagões do trem fechado não refrigeram bem. No passado, abriam­se as janelas. Escrever tornou­se um pesadelo. Quais os choques permanentes do escritor? O choque de se ver confrontado com desafios simples e irrefutáveis. O vaqueiro não se rende à miséria e luta por uma profissão em declínio, por seu lugar no mundo em ruínas. O choque de entrever suas próprias camuflagens, seus truques, seus clichês. O entulho das palavras no caderno de notas, as frases de efeito, o enfadonho exercício de criar a beleza sem verdade. O choque de sentir a imensidão dos seus recursos inexplorados. O choque de ser obrigado a se perguntar por que é um escritor. O choque de descobrir que escrever é uma arte à qual é necessário consagrar­se totalmente, de uma maneira monástica e absoluta. Felizmente o trem chega ao destino. As pessoas descem vagarosas. O vaqueiro ficou duas estações atrás: duro, cruel contra si mesmo, exigindo um único papel no mundo, um modo de vida autêntico naquele lugar do planeta.
SEGUNDA CENA
É custoso enfiar o pé 43 na bota de borracha número 40. Mas é necessário para atravessar a lama e chegar ao Jardim. Dias de chuva continuada, riachos e grotas encharcaram a terra. A cada passo um atoleiro, o corpo se desequilibra, afunda, ameaça cair. “Você tem certeza que dá para chegar?” “Chega fácil. Só hoje, fui e voltei duas vezes.” O lugar fica onde o Jardim se espalha, ganha profundidade e se presta ao banho. “A cheia veio nesse ponto?” “Choveu muito, graças a Deus.” O Jardim deságua no Carás, que deságua no Salgado, que deságua no Jaguaribe, e este no mar. É um dos rios da minha infância, onde eu nadava nos meses de férias. Tento alcançar o poço de Dona Naninha Biliu, já que é impossível chegar ao remanso que pertenceu à minha avó.
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As matas foram derrubadas e vendidas para as olarias. Cada 100 tijolos fabricados queimaram uma ingazeira, uma cajazeira, um angico. As casas se edificam sobre cemitérios de árvores. Erguem­se as paredes, abrem­se as janelas, o corpo se debruça num parapeito, o olhar busca lá fora, mas só enxerga o deserto. Não existem mais poços d’água cobertos de vegetação, parecendo cavernas. “Lembra que você gostava de se esconder neles?” “Lembro.” Agora as águas correm a céu aberto e quando o sol bate, secam depressa. “O sol ficou mais quente, reparou?” “Reparei.” “E você quer tomar um banho pra matar a saudade?” “Não sei se a saudade se mata ou se ela mata a gente.”
Assis Gonçalves ri da conversa fiada, levanta a bermuda até as coxas, agora estamos os dois no meio da água, olhando a correnteza acima. “Ali é bom de mergulhar, não vai tomar banho?” “Não sei, dá trabalho tirar a roupa, descalçar as botas.” As águas passam ligeiras, há muito balseiro nas margens do Jardim, enganchado em arames, nas unhas de gato. Tudo o que não presta o rio foi deixando para trás. Assis Gonçalves me pergunta se a literatura serve para alguma coisa, ou se é apenas balseiro. Não quer ofender­me, é incapaz disso. Fala­me sobre o dia em que o genro pediu a mão de sua filha em casamento. Enquanto narra a história, enche d’água a concha das mãos e molha a cabeça, como se desejasse esfriá­la. Os gestos são precisos, teatrais, nenhuma energia se perde a cada movimento. Estamos cercados pelas águas. Meu avô morreu adiante e por bem pouco a enchente não carregou o seu corpo. Assis Gonçalves esfrega as nódoas dos braços, lava o rosto. Não perco nenhum dos seus gestos e gostaria de transformá­
los em literatura. Como é difícil, constato. “Você não vai se banhar?”, insiste. “Não”, respondo. Quando era menino, passava o dia no rio. Nadar era o que eu mais sabia fazer. Agora, viciei­me em ver e pensar. Mas também sinto, sinto muito, bem mais do que quando me debatia com os braços e as pernas. Acho que a literatura é responsável por isso. Talvez. Para alguma coisa ela deve servir.
RONALDO CORREIA DE BRITO. ([email protected])
01. Através de uma leitura geral do texto é CORRETO inferir:
A) Subdividido em dois grandes eixos intitulados de cenas, os fragmentos são totalmente independentes, não há qualquer relação entre eles.
B) Apresentando independência de enredo, personagens, tempo e espaço, o texto estabelece uma inter­
relação no que se refere à reflexão do fazer artístico.
C) Os textos denotam a alegria e bem estar do eu que fala. Estes sentimentos estão sintetizados nas seguintes expressões: “O choque de descobrir que escrever é uma arte à qual é necessário consagrar­
se totalmente, de uma maneira monástica e absoluta.” (texto 01) e “O choque de descobrir que escrever é uma arte à qual é necessário consagrar­se totalmente, de uma maneira monástica e absoluta.” (texto 02)
D) Intitulados por primeira e segunda cenas os textos apresentam em suas estruturas mais ação que reflexão.
02. Dado o fragmento: “O choque de se ver confrontado com desafios simples e irrefutáveis.” O termo em destaque pode ser substituído sem alterar o sentido, por:
A) Irreversíveis.
B) Intransferíveis.
C) Escápoles.
D) Evidentes.
03. ” A confissão de indigência fere seu orgulho.” O termo em destaque é:
A) Um pronome remissivo e refere­se ao escritor.
B) Um pronome remissivo e refere­se ao vaqueiro.
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C)
D)
Um pronome predissente que se refere ao narrador.
Um pronome predissente que se refere ao vaqueiro.
04. Observe o fragmento e responda corretamente: “....., o corpo se desequilibra, afunda, ameaça cair.”
A) Há no trecho acima uma justaposição de ações e a supressão do sujeito na segunda e terceira orações serve de elemento coesivo para tais orações.
B) Há um período composto por subordinação.
C) O corpo se desequilibra é a oração principal.
D) O se é índice de indeterminação do sujeito.
05. “Enquanto narra a história, enche d’água a concha das mãos e molha a cabeça, como se desejasse esfriá­la.” O termo em destaque é classificado como:
A) Futuro do pretérito do indicativo.
B) Imperativo afirmativo.
C) Imperfeito do subjuntivo.
D) Pretérito mais que perfeito do indicativo.
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2ª PARTE: Didática e Legislação
06. Para Libâneo (2013), o trabalho docente, deve ser entendido como atividade pedagógica do professor, que deverá ter como objetivos principais: Marque a opção correta. A) No Projeto Político­Pedagógico da escola, é onde se explicitam a concepção pedagógica do corpo docente, as bases teóricas e metodológicas da filosofia pedagógica escolhida pela escola, a contextualização da escola: situação geográfica, perfil de aluno atendido, estruturas: curricular, organizacional e administrativa e a concepção de avaliação. B) Na contextualização do Projeto Politico­ Pedagógico da escola deve constar o relato minucioso e detalhado dos embates políticos ocorridos no seu processo de elaboração; perfil étnico, sexual e político dos corpos discente e docente; os objetivos e metas promulgados pelo sistema oficial de ensino. C) No Projeto Político­Pedagógico da escola deve obrigatoriamente constar os discursos dos representes dos poderes executivos, e as diretrizes propostas pelas comunidades cientifica e pelas instituições religiosas para a condução administrativa e organizacional da escola. D) No Projeto Politico­Pedagógico da escola A) Assegurar aos alunos um sólido domínio dos saberes populares; Criar as condições e os meios para que os alunos desenvolvam sua autonomia de pensamento; Ajudar os alunos a fazer escolhas e a terem capacidade de agir diante dos problemas e situações da vida real. B) Assegurar aos alunos um sólido domínio dos conhecimentos científicos; Criar as condições e os meios para que os alunos desenvolvam sua autonomia de pensamento e capacidade de inovar nos métodos de estudos; Ajudar os alunos a fazer escolhas e a terem capacidade de agir diante dos problemas e situações da vida real. C) Dotar os alunos de competências e habilidades específicas, de acordo com as necessidade do mercado de trabalho; Criar as condições e os meios para que os alunos se adaptem às normas e regras sociais vigentes. Ajudar os alunos a fazer escolhas e a terem capacidade de agir diante dos problemas e situações da vida real. D) Assegurar aos alunos um sólido domínio dos saberes experienciais adquiridos na vida; Criar as condições e os meios para que os alunos possam ser autodidatas e a se distanciarem dos problemas e situações da vida real. devem constar os princípios e diretrizes pedagógicas adotadas pela escola, pelas associações comunitárias e pelo sindicato dos professores; os objetivos e metas dos órgãos fiscalizadores; estrutura organizacional e administrativa da escola.
08. Segundo Luckesi apud Libâneo (2013), a avaliação consiste numa apreciação qualitativa sobre dados relevantes diagnosticados a partir do processo de ensino e aprendizagem e deve servir para auxiliar o professor na tomada de decisões sobre seu trabalho docente. Com base neste pensamento, podemos interpretar que não é avaliação qualitativa:
A) A tarefa didática que se realiza regularmente e de forma permanente no trabalho do professor, acompanhando passo a passo o processo de ensino aprendizagem.
07. Quanto aos aspectos fundamentais e necessários que devem compor o Projeto Político­Pedagógico (PPP) da Escola, é correto afirmar:
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B) A ação do professor de dar nota ao aluno, considerando o desenvolvimento do aluno numa única habilidade e através de único procedimento.
C) A apreciação qualitativa dos resultados das provas, exercícios, trabalhos e respostas elaboradas pelos alunos, que permite a tomada de decisão sobre os passos seguintes dentro do processo pedagógico.
D) São tarefas da avaliação: verificação, a qualificação e apreciação qualitativa dos resultados alcançados.
09. Na LDB (9.394/96), no Art. 11 estão definidas as incumbências dos municípios, dentre outras incumbências podemos destacar. Marque a opção CORRETA:
A) Se constitui em responsabilidade dos municípios: organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando­os às politicas e planos educacionais da União e dos Estados.
B) Baixar normas complementares para o sistema estadual de ensino. C) Autorizar, credenciar, supervisionar os estabelecimentos do sistema de ensino dos municípios circunvizinhos.
D) Oferecer a educação infantil em creches e pré­escola, e, com prioridade, o ensino médio profissionalizante.
10. Na LDB (9.394/96), no Art. 12, estão definidas as incumbências dos estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino. Marque a opção que não se define como responsabilidade dos estabelecimentos de ensino.
A) Elaborar e executar sua proposta pedagógica.
B) Administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros. C) Velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente.
D) Assegurar que os professores façam estudos e pesquisas anuais sobre as causas da evasão nas séries finais do ensino fundamental.
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3ª PARTE: Conhecimentos Específicos
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor
Texto I (Questões 11 a 25)
O QUERERES
Caetano Veloso
Onde queres comício, flipper­vídeo
E onde queres romance, rock'n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus
Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão
O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz­me querer­te bem, querer­te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E eu querendo querer­te sem ter fim
E, querendo­te, aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim.
Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês
11. Em uma leitura global do texto podemos inferir:
I.
Predominantemente metafórico, o eu lírico lança mão de diversos recursos literários, tais como: antítese, metonímia, hipérbatos, hipérboles, etc.
II. Pode­se dizer que a grande temática do texto se pauta na eterna insatisfação do ser humano, que, por ser dual, vive em uma constante incompletude.
III. O mecanismo de textualidade intitulado de intertextualidade é uma constante ao longo do texto.
IV. Utilizando­se de recursos estilísticos próprios da poesia, o eu lírico ressalta a ideia de que o homem, perdido de si mesmo e dos outros, deve conformar­se, assim como nos ensinam os elementos naturais.
V. A grande ideia do texto é que ele induz o homem a sair do seu estado letárgico de alienação, apontando­lhe uma possibilidade de transformação do estar­no­mundo: o querer.
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor
Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói
Eu queria querer­te amar o amor
Construir­nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és
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A)
B)
C)
D)
Marque a alternativa CORRETA:
Apenas I, III e V são verdadeiras.
Apenas II, IV e V são verdadeiras.
Apenas III, IV e V são verdadeiras.
Apenas I, II e III são verdadeiras.
D)
Prenuncia uma preocupação estética e apresenta um rigor formal.
15. As estrofes em que aparecem informações sobre o fazer poético, são:
A) A quarta e a sexta estrofes excetuando o refrão.
B) A terceira e a quarta estrofes excetuando o refrão.
C) A oitava e a décima estrofes incluindo o refrão.
D) A quinta estrofe e a sexta incluindo o refrão.
12. Para expor sua temática textual, o eu lírico utiliza de um mecanismo em que aproxima elementos contrastivos que requerem conhecimento prévio do receptor. A este recurso denominamos:
A) Ironia.
B) Catacrese.
C) Sinestesia.
D) Antítese.
16. Dado o fragmento:
“ (...)
Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
(...) “
O verso em destaque apresenta um elemento coesivo (figura de sintaxe), denominado:
A) Elipse.
B) Anáfora.
C) Catáfora.
D) Hiperônimo.
13. Observe o fragmento:
“Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor”
O trecho acima separa o texto em três grandes blocos de duas estrofes de oito versos, cada. Sobre esse refrão é correto afirmar, EXCETO:
A) Sugere que a flor, sendo ao mesmo tempo frágil e bela, é a própria metáfora da vida, em suas contradições de essência.
B) Ressalta a ideia de que a flor, rica em simbologias em todas as civilizações, é a síntese do homem e da vida.
C) Considera a importância da natureza para a humanização do homem, tornando­o, assim, mais sensível e amoroso e menos desejante.
D) Conota o ser humano instável e sequioso que, fremente, ultrapassa seus próprios limites em buscas efêmeras e instantâneas.
17. “(...)Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal (...)”.
O termo em destaque é formado por:
A) Prefixação e sufixação.
B) Derivação imprópria.
C) Parassíntese.
D) Anglicismo.
18. “Eu queria querer­te amar o amor
Construir­nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação”
Sintaticamente, o termo em destaque, é:
A) Adjunto adnominal restritivo.
B) Predicativo do objeto.
C) Sujeito simples.
D) Objeto direto.
14. Sobre o título do texto:
A) Apresenta um determinante dissonante do sintagma nominal, porém, o texto literário foge das regras gramaticais ao prazer do fazer artístico.
B) Há uma forte carga semântica, pois, além da substantivação (do já nominal) verbo, o título apresenta uma pluralização deste, sugerindo a inconstância e volubilidade do ser.
C) Apresenta prolixidade e digressão constante.
19. O quarto verso da quarta oitava apresenta uma figura de sintaxe, denominada:
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A)
B)
C)
D)
23. Marque a alternativa em que nem todas as palavras apresentam sufixo de grau diminutivo:
A) Poemeto; maleta.
B) Rapazola; bandeirola.
C) Menininho; carinho.
D) Lugarejo; vilarejo.
Elipse.
Pleonasmo.
Zeugma.
Polissíndeto.
20. As quarta e sexta oitavas se distinguem das demais, pois:
A) Sintaticamente apresentam um período mais longo e quanto ao aspecto semântico, representam a síntese da angústia humana frente às vicissitudes da vida.
B) São compostas de um maior número de elementos descritivos, sintaticamente não apresentam nenhum desvio da norma o que facilita a compreensão da mensagem.
C) Apresentam uma linguagem sem arcaísmos e neologismos, fato que possibilita a fluidez da leitura e compreensão e, portanto, não comportam nenhuma figura de pensamento, de linguagem e de sintaxe.
D) O único elemento divergente nestas estrofes é que elas não apresentam a figura de sintaxe – anáfora das demais do texto.
24. Marque a alternativa em que o conectivo e indica a ideia de consequência:
A) Ela chegou zangada e começou a discutir.
B) A professora falava e falava.
C) O carro passou e os policiais viram o traficante.
D) Trabalhamos nas férias e o patrão nos pagou.
25. Considere o enunciado:
“O público está inquieto, é preciso, pois, cautela.”
O termo em destaque pode ser substituído, sem alterar o sentido do enunciado, por:
A) Mas.
B) Por conseguinte.
C) Porquanto.
D) Não obstante.
21. A exemplo do título do texto: “O quereres”, o uso do determinante, no processo morfológico, além de substantivar, serve como indicador do gênero. Marque a alternativa em que aparece uma inadequação quanto ao gênero do substantivo:
A) A crisma é uma cerimônia da Igreja Católica.
B) O padre utiliza o crisma em um Sacramento religioso.
C) A cozinha estava vazia, não havia uma grama de açúcar.
D) A contemporaneidade não valoriza a moral.
Texto II (Questões 26 a 34)
A VELHA CONTRABANDISTA
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega ­ tudo malandro velho ­ começou a desconfiar da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:
­ Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
22. Marque a alternativa em que apresenta um substantivo com função de predicativo do objeto:
A) Os colegas elegeram­no coordenador do curso de português.
B) O amante sente­se feliz.
C) O povo vota conscientemente.
D) Os amigos a admiram muito.
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A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu: ­ É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
­ Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
­ Mas no saco só tem areia! ­ insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
­ Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?
­ O senhor promete que não "espáia"? ­ quis saber a velhinha.
­ Juro ­ respondeu o fiscal.
­ É lambreta.
Stanislaw Ponte Preta
C)
D)
É em terceira pessoa, dá voz as personagens, mas em alguns instantes utiliza­se do discurso indireto, aproxima­se muito da oralidade.
Há uma separação distinta entre a voz narrativa e a voz das personagens. O narrador restringe­se ao ato de narrar em detrimento de trechos descritivos.
27. O cronista inicia o texto usando a expressão “Diz que” e, mais a frente ele a repete. Ao usar essa estrutura, a intenção que se quer causar no leitor é de:
A) Espanto quanto à veracidade da história.
B) Surpresa quanto ao desfecho da história.
C) Dúvida quanto à veracidade da história.
D) Indiferença quanto ao desfecho da história.
28. Ainda sobre a estrutura do texto, é CORRETO afirmar:
A) É um texto narrativo e, além de todos os outros elementos estruturais, apresenta o discurso direto quando apresenta a voz das personagens.
B) Com unidade de tempo, espaço e ação, o texto apresenta uma linguagem clara e não há elementos situacionais indicadores do espaço.
C) É um texto narrativo reflexivo em que o narrador se aproveita de um fato normal e corriqueiro para apresentar suas ideias e defendê­las.
D) É uma narrativa recheada de expressões próprias da fala, tanto na voz dos personagens, quanto na voz narrativa.
29. Compare as seguintes sequências do texto: “A velhinha sorriu...” e “Aí quem sorriu foi o fiscal.” As intenções da velhinha e do fiscal, ao sorrirem, foram respectivamente:
A) Ironizar e disfarçar.
B) Disfarçar e ironizar.
C) Debochar e chatear.
D) Chatear e ironizar.
26. Sobre o narrador do texto, podemos afirmar:
A) É em terceira pessoa ­ observador, neutral e resume­se em contar a história.
B) É em terceira pessoa, interventivo, onisciente e neutral.
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a.
b.
30. Marque a alternativa CORRETA quanto ao elemento que marca o humor do texto:
A) O fato de uma velha andar de lambreta.
B) O contrabando realizado em lambreta.
C) O fato de só haver areia no saco.
D) O fiscal não ter descoberto o contrabando.
31. Associe a primeira coluna com a segunda, de modo que os termos destacados na primeira sejam substituídos por verbos da segunda. Em seguida, marque a opção CORRETA:
1. “... ordenou à velhinha que fosse em frente.” 2. “Ela montou na lambreta e foi embora...”
3. “Não dou parte, nem apreendo,...”
4. “... não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer...”
(
(
(
(
) partiu
) denuncio
) silêncio
) prosseguisse
A)
B)
C)
D)
2, 3, 4, 1.
2, 4, 3, 1.
1, 3, 4, 2.
1, 4, 3, 2.
c.
d.
e.
f.
Permaneceram todos calados.
Diz­me, vovozinha, que carregas nesta lambreta.
Este vaso é teu presente.
Aquele caso não foi desvendado por ele. Temos necessidade de ajuda.
Ela sorriu de covarde.
(
(
(
(
(
(
) complemento nominal.
) predicativo do sujeito.
) adjunto adnominal.
) vocativo.
) agente da passiva.
) adjunto adverbial.
A)
B)
C)
D)
a; c; e; d; b; f.
d; b; a; c; f; e.
b; f; d; a; e; c.
e; a; c. b; d; f.
34. Marque a alternativa em que apresenta o substantivo flexionado INCORRETAMENTE:
A)
B)
C)
D)
Quintas­feiras.
Autoelogios.
Grãos­duques.
Bate­bocas.
Texto III (Questões 35 a 40)
A VINHA DOS ESQUECIDOS (Fragmento)
Érico Veríssimo
32. Observe o fragmento do texto:
“... Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista. ...”
O termo em destaque apresenta uma característica própria da comunicação oral, pertence ao campo da “parole”, obedece às situações comunicativas, chamada:
A) Etnoleto.
B) Ecoleto.
C) Diatópica.
D) Dialetal.
Improvisado o jantar, Zacarias senta­se à porta de casa. E fica olhando a noite, simplesmente. Não quer pensar. Uma preguiça morna o imobiliza, tira­lhe o ânimo. De longe, vem o som festivo de uma sanfona. Deve ser alguma dança. Mas não é para o lado das casas das mulheres. Por que não ia ver, dançar talvez? A vida gira em torno da sua casa, apagada, dolente como a toada que enche a noite.
E Alice? Não pagara à mulher. Procedimento incorreto, fora dos seus hábitos. Estava fugindo ao cerco de Maria. A caboclinha vinha falar com ele na fábrica, discreta, mas assídua. E ele se deixava levar, não alimentando a conversa, não dizia nada. Mas gostaria de que ela estivesse ali ao seu lado, os dois falando como conversam à noite todo casal.
33. Preencha os parênteses da segunda coluna de acordo com o resultado da análise dos termos destacados na primeira. Marque a alternativa que corresponde ao que preencheu:
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CONCURSO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE FARIAS BRITO/CE - 2014
PROVA DE PROFESSOR DE PORTUGUÊS (NÍVEL SUPERIOR)
35. É correto afirmar que com a frase “A caboclinha vinha falar com ele na fábrica...”, o narrador:
A) Funde o ponto de vista e o pensamento da personagem.
B) Converte a fala da personagem em discurso direto.
C) Passa o foco de terceira para primeira pessoa.
D) Descarta a onisciência da fala da personagem.
A)
B)
C)
D)
Marque o CORRETO:
Todas estão corretas.
Apenas I e II estão corretas.
Apenas II e III estão corretas.
Apenas I e III estão corretas.
39. Escreva nos parênteses V ou F, conforme as palavras ou expressões retiradas do texto mantenham ou não relação de sinonímia entre si, e, a seguir, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
(
) “preguiça” – “tira­lhe o ânimo”
(
) ”discreta” – “”assídua”
(
) ”Alice” – “caboclinha”
36. De acordo com o texto:
I.
A autoconsciência de Zacarias, acerca de seus confusos sentimentos, não lhe permite uma escolha entre Maria e Alice.
II. Zacarias, ao fugir “ao cerco de Maria”, mostra seu desejo de ser fiel ao amor de Alice, com quem tem uma dívida.
III. A auto avaliação de Zacarias sobre seus próprios sentimentos leva­o a imaginar­se como par de Maria.
Marque a opção CORRETA:
A) Apenas I é verdadeira.
B) Apenas II é verdadeira.
C) Apenas III é verdadeira.
D) I e II são verdadeiras.
A)
B)
C)
D)
V; F; F.
V; V; F.
F; V; F.
F; F; V.
40.
A)
B)
C)
D)
Em: “... não alimentava a conversa...”, há:
Metonímia.
Catacrese.
Sinestesia.
Metáfora.
37. Observe o fragmento e responda:
“A vida gira em torno da sua casa, apagada, dolente como a toada que enche a noite.”
A sequência apresenta três recursos estilísticos, denominados respectivamente:
A)
B)
C)
D)
Antítese, sinestesia e hipérbole.
Prosopopeia, gradação e símile.
Oximoro, assíndeto e metáfora.
Hipálage, oximoro e hipérbole.
38. De acordo com o texto:
I.
No primeiro parágrafo, os termos “senta­se” e “tira­lhe” têm o mesmo referente.
II. Em “fora de seus hábitos”, no segundo parágrafo, o termo tem Alice como referente.
III. A expressão “A caboclinha”, no segundo parágrafo, refere­se a Maria.
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