MESQUITA, J.C.P.; REGO, E.R.; SILVA, A.R.; CAVALCANTE, L.C.; SILVA NETO, J.J.; RÊGO, M.M. Caracterização morfoagronômica
e herdabilidade em genótipos de pimenteiras ornamentais (Capsicum annuum L.). In: II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos
Vegetais do Nordeste, 2015, Fortaleza. Anais do II Simpósio da RGV Nordeste. Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2015 (R
38).
Caracterização morfoagronômica e herdabilidade em genótipos de pimenteiras
ornamentais (Capsicum annuum L.)
1
2
3
Júlio Carlos Polimeni de Mesquita ; Elizanilda Ramalho do Rêgo ; Anderson Rodrigo da Silva ; Lucas
4
4
2
Chaves Cavalcante ; João José da Silva Neto ; Mailson Monteiro do Rêgo
1
Engenheiro Agrônomo. Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Av. General San Martin, 1371, CEP: 50761-000,
2
Bongi - Recife/PE, [email protected]; Docentes. Universidade Federal da Paraíba. CEP: 58397-000. Areia – PB.
3
Brasil, [email protected]; [email protected]; Instituto Federal Goiano, Rodovia Geraldo S. Nascimento, CEP
75790-000, Urutaí – GO, [email protected]; 4Estudantes de Pós-Graduação. Universidade Federal da
Paraíba. CEP: 58397-000. Areia – PB. Brasil, [email protected]; [email protected].
Palavras chave: variabilidade genética, heterose em pimenteira, recursos genéticos
Introdução
A ampla variabilidade morfológica presente nas pimenteiras lhes confere alto potencial de uso como
planta ornamental. Para tal, plantas baixas que formam um conjunto harmonioso com o vaso e que
apresentem coloração diversificada nas folhas, flores e frutos são ideais (Finger et al., 2012). Nesse
contexto, estimativas de herdabilidade fornecem subsídios para definição de estratégias de seleção, bem
como auxiliam na predição de ganhos obtidos. O presente trabalho teve como objetivos caracterizar
morfologicamente, e determinar a herdabilidade de características morfológicas e a variabilidade entre
populações de pimenteiras ornamentais.
Material e Métodos
Treze populações de pimenteiras ornamentais foram caracterizadas quando as plantas
apresentavam mais de 50% dos frutos maduros, de acordo com os descritores propostos para o Gênero
Capsicum pelo International Plant Genetic Resources Institute - IPGRI (1995). As avaliações foram
realizadas nos anos de 2013 e 2014. Foram mensuradas, em centímetros, as seguintes características: AP
– altura da planta, DDC - Diâmetro da copa, APB - altura da primeira bifurcação, DCL - diâmetro do caule,
CFL - comprimento da folha, LDF - largura da folha, CFR – comprimento do fruto, MADF – maior diâmetro
do fruto, MEDF – menor diâmetro do fruto, CP – comprimento do pedúnculo, EP – espessura do pericarpo,
CPL – comprimento da placenta, CD - relação comprimento/diâmetro de fruto, adimensional, PFR – peso do
fruto (grama), TMS – teor de matéria seca (percentual), e NSF – número de sementes por fruto. Foram
determinadas a herdabilidade no sentido amplo, a relação entre o coeficiente de variação genética e
ambiental e o coeficiente de variação experimental. O delineamento experimental empregado foi
inteiramente ao acaso. Os tratamentos foram compostos de 405 genótipos, sendo 400 provenientes de oito
famílias F3, cada uma com 50 plantas e cinco das médias de 5 testemunhas adicionais cada uma com dez
repetições. Com base nos dados das testemunhas adicionais, foi realizada a análise da variância de acordo
com o modelo fatorial (Genótipo x Ano), com dez repetições. Estimou-se o quadrado médio do erro, o qual
foi utilizado para a comparação das médias dos 405 genótipos. As médias foram agrupadas de acordo com
os critérios de Scott-Knott, ao nível nominal de 0,05 de probabilidade. Todas as análises foram realizadas
pelo software GENES (CRUZ, 2008).
Resultados e discussão
O resultado da análise de variância revelou a existência de interação (P≤0,01) entre genótipos e
anos para todas as características avaliadas, exceto para a APB e NSF, ou seja, essas características não
variaram em função do período de avaliação. No primeiro ano de avaliação, as características responsáveis
pela maior parte da variação foram a LDF (17 grupos), CD (15 grupos), TMS (14 grupos) e CFL (12 grupos)
(Tabela 1). No segundo ano, as características relativas à planta, que se destacaram foram: o DDC (15), o
CFL (13), LDF (12) e o DCL (11). Essa diversidade apresentada pelas características ligadas à morfologia
da planta é importante em um programa de melhoramento, pois essas características são as que tornam as
plantas mais atrativas aos olhos do consumidor (RÊGO et al.,2010).
A herdabilidade ficou acima de 91,18% (DCL), no primeiro ano de avaliação, e 85,75% (TMS %), no
segundo ano. Rêgo et al. (2011) avaliando características quantitativas de pimenteiras ornamentais,
também encontraram elevados valores de herdabilidade, os quais indicam a possibilidade de sucesso com
a seleção. A relação entre o coeficiente de variação genética e o coeficiente de variação ambiental
(CVg/CVe) foi superior a 1,0 para todas as características avaliadas, com exceção para o DCL (0,91), C/D
(0,89) e TMS (0,60). Os coeficientes de variação (CV) experimental variaram de 4,38% (CFL) a 28,18%
(NSF) sendo, portanto, considerados satisfatórios, já que foram observadas diferenças significativas entre
II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste
Fortaleza, 10-13 de novembro de 2015
Valorização e Uso das Plantas da Caatinga
os genótipos avaliados (Tabela1). De acordo com Silva et al. (2011) a magnitude dos valores de CV%
variam de acordo com as características, genótipos e espécies.
Tabela 1. Número de grupos, média, amplitude e herdabilidade para características morfoagronômicas de
pimenteira, que apresentaram interação entre os fatores. Areia – Paraíba – Brasil, UFPB, 2015.
ANO 2013
Caracter.
Nº de
grupos
Média
Amplitude
ANO 2014
CVg/
h2
Nº de
(%)
grupos
Média
Amplitude
h2 (%)
CVe
CV
AP (cm)
7
26,43
12,0 - 38,90
98,33
8
34,73
19,00 – 53,00
96,62
1,87
12,33
DDC
7
27,98
13,00 - 33,65
94,97
15
42,21
19,00– 52,50
98,20
1,54
8,40
DCL
9
0,70
0,48 – 1,50
91,18
11
1,11
0,51 – 1,64
96,02
0,91
10,55
CFL (cm)
12
6.86
2,83 – 7,72
99,10
13
5,84
1,43 – 6,88
99,40
3,22
4,38
LDF (cm)
17
2,10
0,87 – 2,60
99,69
12
1,83
0,80 – 2,27
99,45
4,78
5,26
PFR (g)
4
3,92
0,24 – 6,57
99,38
3
2,78
0,20 – 4,67
99,47
4,00
16,68
CFR
1
2,99
0,73 – 4,00
99,73
1
2,56
0,83 – 3,28
99,43
5,03
7,41
MADF
1
1,69
0,52 – 2,30
99,78
1
1,72
0,65 – 1,98
99,65
6,00
6,49
MEDF
1
1,02
0,35 – 1,60
99,83
1
0,89
0,29 – 1,26
99,44
4,88
7,19
C/D
15
1,78
0,91 – 2,81
95,56
12
1,71
0,16 – 2,12
90,94
0,89
7,46
CP (cm)
12
2,53
1,11 – 3,10
98,40
8
2,24
1,49 – 2,53
97,02
1,65
6,61
EP (cm)
1
0,19
0,06 – 0,25
99,62
5
0,16
0,02 – 0,19
99,07
3,98
7,46
CPL (cm)
10
2,08
0,47 – 2,84
99,51
1
1,74
0,48 – 2,27
99,33
4,12
8,72
TMS (% )
14
12,43
3,61 – 26,32
94,68
12
16,04
7,59 – 30,56
85,75
0,60
13,65
AP – altura da planta, DDC - Diâmetro da copa, APB - altura da primeira bifurcação, DCL - diâmetro do
caule, CFL - comprimento da folha, LDF - largura da folha, do PFR – peso do fruto, CFR – comprimento do
fruto, MADF – maior diâmetro do fruto, MEDF – menor diâmetro do fruto, CD - relação
comprimento/diâmetro de fruto, CP – comprimento do pedúnculo, EP – espessura do pericarpo, CPL –
comprimento da placenta, TMS – teor de matéria seca, e NSF – número de sementes por fruto.
Conclusão
As características relativas à planta: LDF, CFL, DCL, DDC e AP foram as que formaram maior
número de grupos, nos dois anos de avaliação, evidenciando a presença de maior diversidade. Assim, é
possível selecionar dentro das populações estudadas plantas de porte mais baixo e com características de
folhas desejáveis para porte ornamental, para avançar gerações segregantes, pois a herdabilidade
encontrada para estas características sugerem ganhos com a seleção.
Referências
CRUZ, C. D. Programa Genes – Diversidade Genética. Viçosa, UFV, 2008. 278p.
FINGER, F. L.; RÊGO, E. R.; SEGATTO, F. B.; NASCIMENTO, N. F. F.; RÊGO, M. M. Produção e potencial
de mercado para pimenta ornamental. Informe Agropecuário, v.33, p.14-20, 2012.
INTERNATIONAL PLANT GENETIC RESOURCES INSTITUTE. Descriptors for Capsicum (Capsicum
spp.).Rome, 1995. 49p.
RÊGO, E. R.; SILVA, D. F.; RÊGO, M. M.; SANTOS, R. M. C.; SAPUCAY,M. J. L. C.; SILVA, D. R.
Diversidade entre linhagens e importância de caracteres relacionados à longevidade em vaso de linhagens
de pimenteiras ornamentais. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, v.16, 165-168, 2010.
RÊGO, E. R.; SILVA, D. F.; RÊGO, M. M.; SANTOS, R. M. C.; SAPUCAY, M. J. L. C.; SILVA, D. R.
Diversidade entre linhagens e importância de caracteres relacionados à longevidade em vaso de linhagens
de pimenteiras ornamentais. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental .v.16, p. 165-168, 2011.
SILVA, A. R.; CECON, P. R.; RÊGO, E. R.; NASCIMENTO, M. Evaluation of the experimental coefficient of
variation of pepper traits. Revista Ceres v.58, p.168-171, 2011.
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