Editorial Decretado extermínio do servidor público Alardeiam que a corrupção campeia desenfreada nas Policiais Civil e Militar, paralelamente à prática da arbitrariedade e da falta de respeito às leis. Hipocrisia das mais deslavadas, pois a corrupção funcionários fantasmas -, a arbitrariedade, a falta de respeito, e a subserviência são hospedeiras cativas da Assembleia Legislativa, onde se aprova tudo o que o Executivo encaminha, sem um exame aprofundado das questões, atropelando a lei e a ética, e o que é mais grave, extinguindo direitos adquiridos e esmagando, com atitudes criminosas, conquistas asseguradas dentro dos preceitos da democracia. Exemplo flagrante dessa subordinação insana e criminosa é o que aconteceu durante a apreciação do Projeto de Lei Nº 19.702/2012, pós greve, para os pagamentos de GAPs IV e V, do policiais militares. O relator do projeto, deputado Adolfo Menezes (PSD) rejeitou as 25 emendas propostas pela oposição, além das apresentadas pelo Capitão Tadeu e Sargento Isidório (exceções). Ficou comprovado que se o Poder Executivo encaminhar um projeto de lei decretando o extermínio puro e simples do servidor público, certamente será aprovado pelos deputados do bloco do Governo, sem o menor constrangimento. Deputados estaduais que agem como verdadeiros integrantes de grupos de extermínios prontos para liquidar ou tornar nulos os direitos dos servidores públicos. Uma aberração que continua acontecendo na Bahia, ao arrepio da lei e do respeito. Deputados da base aliada do governo estão agindo impiedosamente, sem oferecer condições de defesa às suas vítimas, no caso os servidores públicos, que veem os seus direitos serem abatidos sem misericórdia, num processo negligente e pecaminoso de votação. Projetos equivocados são aprovados despudoradamente, sem qualquer apreciação ou exame, com parlamentares dizendo “amém” mesmo antes da hora. Aprovam tudo como verdadeiros Al Capones a serviço do Governo, jogando no ralo do esgoto os direitos de uma categoria que é a mola propulsora da administração pública da Bahia. Carlos Nascimento Editor EXPEDIENTE A Revista Página de Polícia é uma publicação da TOCK de Mídia Editora e Produções Áudio Visuais. As matérias e artigos veiculadas podem ser reproduzidas desde que citada a fonte. “O conteúdo dos textos publicados é de inteira responsabilidade de seus autores e não expressa, necessariamente, as opiniões da revista”. Editor Carlos Nascimento Depto. Comercial Ênio Carreon e Thailcy Colman Jornalista Gustavo Medeiros Projeto Gráfico Erick Cerqueira Designer dos anúncios Diógenes Brandão Tiragem 20.000 exemplares Redação Rua Bela Vista do Cabral, 29 - 1º andar, Nazaré -Salvador - Bahia CEP 40.055-000 Tel: (71) 3487-1024 / 8851-2007 9276-8354 E-mail [email protected] Web Site paginadepolicia.com.br Edição Maio/ Junho de 2012 Impressão Muttigráfica - Salvador/BA Destaques do PáginaDePolícia.com.br O portal: paginadepolicia.com.br, disponibiliza notícias e informações de utilidade pública e de interesse dos profissionais da segurança. • Acesse o link Permuta Policial, um “classificado” onde o policial interessado em mudar de unidade de trabalho, envia seus dados (cargo, unidade, celular, e-mail, local e/ou unidade pretendida) para que outros colegas tenham acesso a essas informações e, estabeleçam contato. • Opção de anúncio na sessão Classificados, também dentro de uma ótima relação custo-benefício. 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Além disso, comentou a manipulação de informações feitas por veículos da grande mídia e, sobretudo, à gravação de escutas produzidas pela Rede Globo de Televisão com quem trava um processo judicial. “Não tiveram a preocupação de mostrar as verdades dos fatos,” afirma. Prisco ainda não confirmou a sua participação na vida pública como pré- candidato a vereador por Salvador nas eleições deste ano. Atualmente ele luta pela reabertura da ASPRA (Associação dos Policiais, Bombeiros e Familiares do Estado da Bahia), lacrada pela justiça, e pela sua reintegração à corporação. Principal protagonista do movimento grevista no estado, Prisco entrou para a corporação em 1999. Após a greve ocorrida em 2001, na gestão do então governador Cesar Borges, ele foi exonerado e expulso. A partir daí, o exsoldado do Corpo de Bombeiros se envolve em outros movimentos de policiais militares no país. Em 2010, se candidata a deputado estadual pelo PTC, porém não foi eleito. Em entrevista ao Pagina de Polícia ele destaca a atuação do movimento e a relação entre a Polícia Militar e a sociedade após o período da greve, expondo também a sua fé em Deus e na justiça. Além disso, o ex-soldado do Corpo de Bombeiros também torce para que o estado possa retomar as negociações que ficaram pendentes. “Esperamos que o governo sente a mesa, convoque e publique no Diário Oficial para a gente continuar essa negociação”, comenta. Página de Polícia - Quais foram os motivos para a eclosão da Greve da PM na Bahia? Prisco - A gente estava cansado de tanta promessa de um governo que foi eleito pelos trabalhadores e que no período da campanha eleitoral utilizou o nosso contracheque, prometendo que iria reintegrar os policiais demitidos na greve de 2001. E com o passar do tempo, fomos vendo as frustrações. Com isso, a categoria passou a sofrer demais. Nós tínhamos uma lei, a de nº7145 (Criada em 1997 no governo de Paulo Souto), a lei da GAP (Gratificação por Produção) que não foi cumprida por Wagner. E de lá para cá vemos as mesmas práticas: Tirar 20% da GAP e colocar no soldo, não tínhamos reajuste nem ganho real. A questão da reintegração, o governo não reintegrou ninguém. Ganhamos na justiça por três vezes e o governo não cumpriu, além de não ter cumprido a lei de anistia (Lei 5 nº 12191, sancionada em 2010 pelo Governo Lula). Dos 26 estados da federação, a Bahia ainda não cumpriu essa lei. Em 2011, Dilma sancionou outra Lei de Anistia e o estado, mais uma vez, não está cumprindo. Foram vários fatores que levaram a eclosão deste movimento e pela falta de dialogo do Governo do Estado com a categoria. PdP - Além do Pagamento das GAPS IV e V, principais pontos da pauta de reivindicação, existem também outras a serem feitas e não cumpridas pelo Governo Wagner? Prisco - Até agora estamos esperando o cumprimento do acordo para o movimento ser encerrado, que é a questão do pagamento das GAPS IV e V de forma parcelada. A anistia não está sendo cumprida, mesmo ainda com policiais presos e perseguidos. Wagner falou que logo após o movimento iria estabelecer uma mesa de negociação para negociar as outras pautas que é o plano de carreira para a categoria, a criação do código de ética, a regulamentação dos adicionais de salubridade, periculosidade e do auxilio acidente, que está na lei, e nada disso foi cumprido. È uma lacuna que ainda está aberta. Esperamos que o governo sente a mesa, convoque e publique no Diário Oficial para a gente continuar essa negociação e não haver uma outra insatisfação podendo, futuramente, voltar a haver um outro movimento, uma vez que não há um cumprimento do acordo. PdP - Dependendo do resultado dos rumos do movimento, você acha que a greve teria repercutido em outros estados, como no caso do Rio de Janeiro? Prisco - O Rio de Janeiro, historicamente, é um estado que nunca teve luta nessa categoria. Estamos satisfeitos com o pessoal que entrou agora no movimento lá do Rio. 6 Tentaram fazer uma ligação entre o movimento daqui e a do Rio. É uma mentira, uma falácia. Não há ainda uma organização nacional para isso. Estamos trabalhando essa organização não por questões salariais. Agora a nossa luta maior é pela desmilitarização e unificação das policias. Futuramente, o movimento pode até ser estendido a nível de Brasil com o objetivo de transformar a nossa polícia, pois não queremos mais esse modelo militarizado, que é um modelo falido. Queremos um novo modelo de policia para a sociedade. Apesar de terem errado ao esperar muito, poderia ter parado antes, o Rio de Janeiro despertou outras lideranças no Brasil. A nossa luta nunca foi corporativista, mas sim por uma segurança pública melhor para a sociedade, que paga os nossos salários e não suporta essa violência estabelecida no país. Está acontecendo agora no Mato Grosso do Sul uma greve com a PM de lá e isso prova que os movimentos vão continuar eclodindo. Essas lutas não vão parar, pois a gente entende que a segurança pública é um bojo e tem que haver uma melhora e não apenas propaganda. PdP - No que resultou a sua prisão para os rumos do movimento? Prisco- Eu vi minha prisão como uma forma arbitraria e absurda. A prática que o governo fez na Assembleia Legislativa era coisa que a gente tinha visto na época da Ditadura Militar. Não só a Assembleia, mas todo o Centro Administrativo (CAB) foi sitiado e cercado pelas forças do exercito. O direito de ir e vir do cidadão foi desrespeitado. O ato da prisão foi outro absurdo, arbitrário. A minha prisão, de fato, causou um dano ao movimento, mas ele continuou. Naquele momento estavam prendendo um trabalhador, um líder sindical. Até o Tribunal de Justiça foi fechado. Eu vi atiradores de elite em cima do TJ. Houve uma intervenção federal no estado. Vimos cenas que nos reportam à 1964 e que jamais esperaríamos ver. A força militar bélica que veio foi maior do que a que ocupou o Complexo do Alemão, e olha que aqui eles estavam lhe dando com trabalhador. Para a gente foi uma forma absurda e frustrante. Mas essa é uma luta continuada. PdP - Agora a sua luta é pela reabertura da ASPRA, que foi lacrada pela justiça, e pela reintegração à corporação Você já tem apoio suficiente para poder dar inicio a esses dois processos? Prisco - Nós estamos buscando apoio de todos os seguimentos da sociedade. Como é que pode uma entidade de classe, em pleno século XXI e protegida pelo artigo 7 da Constituição de 1988, ser fechada e ter a sua conta bloqueada pelo Governo do estado. É uma verdadeira aberração. Nós queremos a volta da nossa entidade que é de classe e legalmente constituída e não pode ficar fechada até hoje. Quanto à tentativa de barrar a minha reintegração é outra aberração jurídica, nós tivemos três pedidos impetrados no Poder Judiciário mandando me reintegrar a corporação, mas o governo não cumpre. Temos buscado apoio da sociedade e cobramos para que ela clame e grite contra essa aberração porque essa prática já foi abolida do nosso país. Pedimos apoio a vários deputados aqui na assembleia e estamos fazendo um documento oficial meu e da entidade para entregar a cada deputado em mãos para oficializar, porque eles acham um absurdo o que está ocorrendo. Estamos fazendo este documento e vamos protocolar em cada gabinete, ao presidente da assembleia, aos lideres do governo e da oposição para que seja cobrada uma posição em relação a isso. PdP - Como você considera os resultados que o movimento trouxe para a relação entre a polícia e a sociedade? Prisco - Para a visão que a gente teve da sociedade foi que movimento saiu vitorioso. Toda a sociedade baiana nos apoiou, após as mentiras e farsas produzidas pela Rede Globo que tinha o interesse pelo Carnaval do Rio de Janeiro e tentou criminalizar o movimento, já que a sociedade estava toda do nosso lado. A Globo não se preocupou com a segurança da população. Essa fraude caiu e estamos entrando com uma ação na justiça contra a emissora e está provado que a sociedade aprovou o nosso movimento, pois ela quer uma segurança melhor. PdP - Você está processando a Rede Globo pela manipulação em gravações de escutas telefônicas? Como anda o processo e como você vê o papel da mídia durante a greve? 7 Prisco - Eu vi com tristeza. Quase 90% da grande mídia mentiu, enganou e tentou comprar a mente das pessoas. Não tenho duvida nenhuma que para o termino da greve teve interesse da mídia, dos grandes empresários e só não pensaram naqueles que deveriam se preocupar mais que é a sociedade. Não tiveram a preocupação de mostrar as verdades dos fatos. Fico triste porque confio muito na Imprensa Brasileira e nós temos o quarto poder que é a mídia que tem a capacidade de mudar e transformar esse país. Espero que depois desse movimento aqui, muitas delas não fiquem como apêndice do governo, já que ele gasta quatro vezes mais em propaganda do que em segurança pública. Espero que a mídia faça o seu verdadeiro papel, como rege a Constituição deste país, que ela fique independente, que ela mostre a verdade. Mas parte da mídia também mostrou a verdade. As redes sociais estão de parabéns, pois essa mídia ninguém consegue calar. PdP - Você foi candidato a deputado estadual em 2010. Ainda há uma perspectiva de voltar a política como candidato a vereador em 2012? Prisco - Todo cidadão brasileiro tem o direito de ser candidato ou não. Eu sou um ser político. Lógico que eu não faço essa avaliação que eu serei candidato ou não ainda. Estou lutando pela soltura de três companheiros que se encontram presos e pela reabertura da sede da nossa entidade. E o futuro a Deus pertence, fica na vontade do Senhor e da categoria. A gente vai analisar mais sobre isso. PdP - Como líder de um movimento que parou o estado, você se sente como um herói? Prisco- Não me vejo não. Infelizmente, nos dias de hoje, é impossível você ser honesto. Mas vendo a política brasileira em si, o povo quer alguém que grite. Eu não quero me servir de herói, quero, sim, uma transformação social neste país e que o povo faça enxergar que nós podemos mudar a realidade deste país não só no lado da política, pois se não for pela política que seja nas ruas para transformar este país. PdP - Você está lutando para reabrir a ASPRA. Como as pessoas podem fazer para contribuir? Prisco - As redes sociais estão aí, as pessoas podem gritar através delas, podem reclamar sobre isso. Estamos passando também por uma dificuldade financeira muito grande. Por isso peço a todos os segmentos da sociedade que puder contribuir para a nossa luta que contribuam, pois ela é uma luta continuada. (Para ajudar na reabertura da ASPRA a Agencia é Banco do Brasil 3457-6 e o numero da conta é 36021-x) Por Gustavo Medeiros Jornalista DRT-BA 3890 8 Um desfecho bem no estilo “só se vê na Bahia” Telefone toca. - Alô? Jurandir? - Colé. - A porra inchou. Falei agora com Pé de Bode, que tá na cela da Mata Escura preso com o Prisco. - E daí? E daí que o cara é quente, véi…e disse que a PM não vai recuar não e que não vai ter carnaval mermo. - Puta que pariu! Tá maluco, esse viado? - É mermão. Fudeu. - Fudeu o caralho. É assim, é? Que porra é essa de acabar com o carnaval? Quem esse fdp pensa que é? - Já tá foda se virar nessa greve… o movimento caiu. Os bares vazios, a rua vazia…lojista se queixando de faturamento… nosso faturamento também caiu! Não tem gente na rua pra gente roubar... Na Ilha do Rato não tem câmera de vídeo nem fotografia pra vender…não tem turista, véi… - Não mexa no meu carnaval, não… Porra ! Vamo perder dinheiro pra carai… - Foda que a gente não vai pular, né, véi? Porque a gente trabalha mas também se diverte nessa porra. - Porra, vai todo mundo se fuder… Minha tia Nalva, que me criou passou 8 horas num sol da porra pra se cadastrar pra ambulante, meu primo Nel tá com um sucesso pra estourar numa banda de pagode e aquela prima gostosa de Nova Brasília, sabe? Tá concorrendo a Musa do Carnaval…Essa greve vai fuder com a cadeia produtiva da minha família. - Porra, véi: Ivete broca… Tem que cantar nessa porra! Como é que a gente fica sem a pipoca do Chiclete, véi? Meus menino querem ir ver Carla Perez, mermão. Essa porra vai quebrar minha guia… - Porra, mermão, eu sou baiano nessa porra; não mexa no meu carnaval, não… essa porra é patrimônio. Esses fdp tão querendo roubar a gente… perái… sou bandido, mas sou baiano: ninguém acaba com o meu carnaval, não. - Resolve essa porra, Jurandir… liga pros caras e negocia. Você conhece quase todo mundo da polícia. Liga pro Muqueta, pro Quebra-Cela… a galera do governo não tá acertando… - Peraí, que eu tive uma ideia do caralho. A PM mostrou o lado bandido e, pra salvar o negócio, agora a bandidagem vai mostrar seu lado cidadão… - Hã? - Para garantir o carnaval de Salvador a bandidagem vai entrar em greve. Pronto. Sem bandido, esses filhos da puta não vão fazer falta nenhuma. Golpe de marketing. - Porra, Jurandir, você é o cara. Fala bonito pra porra… Já tô até vendo o Willian Bonner dando a notícia… - Porra de Willian Bonner… já tô vendo aquela morena gostosa nova falando: “Bandidos entram em greve e salvam carnaval de Salvador”. - Porra, me arrepiei … fechado. - Deixa de viadagem e desliga logo essa disgrama, que eu vou ligar pros caras. Tá resolvido. Pode avisar pra galera que, se depender dos bandidos, o carnaval tá salvo. Por Ana Luisa Almeida 9 POLICIAIS MORTOS DURANTE GREVE 10 Policial civil é assassinado com 15 tiros durante greve da PM Policial militar é morto em pizzaria próxima à Assembleia Lgeislativa da Bahia O policial civil João Carvalho Filho, 48 anos, foi morto próximo ao Hiper Posto, no bairro do Itaigara na manhã de sábado (04/02). O investigador João Carvalho, 48 anos, estava em seu carro na avenida ACM, quando um grupo de criminosos chegou e efetuou os disparos. De acordo com a assessoria da Polícia Civil, o policial levou a mulher ao médico e aguardava o retorno dela, dentro do carro do casal nas proximidades do shopping Iguatemi, quando foi abordado pelos bandidos. A polícia não informou se o policial reagiu ou se foi morto após os bandidos descobrirem que ele era policial. Os criminosos também roubaram a pistola do policial antes de fugirem do local do crime. O policial foi socorrido por uma viatura da PM e de acordo com o posto policial do HGE, não resistiu aos ferimentos e morreu depois de dar entrada na unidade médica. O policial militar Lenildo Costa, de 37 anos, foi morto no fim da noite de terça-feira, 7, em uma pizzaria localizada nas proximidades do Centro Administrativo da Bahia (CAB), onde PMs grevistas estão acampados desde a terça-feira passada. Costa participava do movimento desde o primeiro dia e, ontem à noite, decidiu encontrar a mulher e dois filhos para comer uma pizza, a pouco mais de dois quilômetros do local. Segundo testemunhas, dois homens chegaram em um carro, anunciaram um assalto ao estabelecimento, atiraram contra o PM e levaram a arma de Costa antes de fugir. “É uma tristeza muito grande perder um companheiro assim, mas é para que fique claro que a gente também sofre com a falta de segurança na Bahia”, diz um amigo do policial morto, também PM grevista. A Polícia Civil trabalha com as hipóteses de latrocínio ou vingança. Desinformação, redes sociais e o caos em Salvador Há quase 11 anos atrás uma greve da Polícia Civil da não-associados, a PM não desmentiu em tempo hábil a Bahia, organizada pelo então sindicalista Crispiniano greve. Talvez para forçar o diálogo com o Governo. Daltro, acabou incentivando uma paralisação por parte Resultado, o pânico se instalou nas redes sociais. A cada da Polícia Militar da Bahia, também. Mesmo à frente do minuto boatos sobre arrastões, assaltos a pontos de comando da greve das polícias, Daltro não conseguiu ônibus, tiros, assassinatos, desmandos dos grevistas, controlar os PMs baianos, com a mesma habilidade passaram a ilustrar as páginas do Twitter e Facebook, com a qual liderava os civis. Surgiu a figura do Soldado misturando-se a fatos verídicos. Prisco. Porém era difícil separar a verdade dos boatos, devido Prisco passou a coordenar algumas “ações de greve” e à falta de confirmação por parte da imprensa dos fatos. acabou virando alvo do então Governador César Borges Em busca de informações procurávamos em sites de e da cúpula da Secretaria de Segurança Pública alta confiabilidade, e não achávamos. Resultado: as do Estado, que pediram a exoneração e mídias sociais geraram um pânico tão grande, prisão do soldado grevista. Exonerado, quanto os policiais de capuz e armas em “as Prisco conseguiu escapar da prisão punho atirando para o alto em frente a mídias sociais com a ajuda de um certo partido de um shopping de grande circulação da geraram um pânico tão oposição, o PT. cidade. Hoje, sob o comando do PT, a grande, quanto os policiais O caos gerado pela greve começou a Bahia viveu dias de horror. Mais de de capuz e armas em punho mudar a opinião pública. Antes a favor 160 assassinatos em apenas dez da PM e contra o governo Wagner, no atirando para o alto em dias, mais de 200 carros roubados, final da greve a população começou a frente a um shopping de saques, arrombamentos, mudar de ideia, devido aos prejuízos arrastões e incêndios criminosos. causados à economia local. grande circulação da Policiais encapuzados ordenando o A Bahia parou. Contudo as imagens de um cidade.” fechamento do comércio dos bairros, Estado sem comando viajou o mundo inteiro. rasgando na faca pneus de viaturas, Com isso, o carnaval de Salvador, principal invadindo a Assembleia Legislativa da Bahia, manifestação popular e turística do mundo, foi um travando avenidas com ônibus e atirando para o alto dos mais fracos dos últimos anos. Economicamente para gerar o pânico em algumas regiões do Estado. foi um fracasso e turistas que viriam para Salvador O Governador, daquele certo partido de oposição do escolheram outros destinos, como Fortaleza e Recife. passado, agora disse não tolerar o vandalismo e os Nem a Força Nacional e a Polícia do Exército conseguiu desmandos do grupo de policiais grevistas, e se recusou proteger a imagem da Cidade da Folia, Capital da Alegria a aceitar em uma audiência, quem diria, o ex-soldado e Coração do Mundo. Só a imprensa, e muito marketing, Prisco e seu grupo de policiais grevistas. ajudou a minimizar os prejuízos da minha Salvador, A greve da PM foi considerada ilegal pela justiça. Porém, nesse carnaval. E passado a folia dos “arrastões de os grevistas não voltaram ao trabalho e quase 80% da bandidos” e dos cidadãos de bem cidade parou nesses dias sem PMs nas ruas. Até um saqueando lojas como ladrões, jogo do Campeonato Baiano de Futebol, teve grevistas ficamos numa quarta-feira-deà frente do estádio impedindo o time do Bahia de entrar cinzas permanente, nessa terra, no estádio, com o seu ônibus. que já foi, da felicidade. A confusão começou quando uma associação de policiais militares, liderados pelo ex-soldado Prisco, Erick da Silva Cerqueira Publicitário, filho, sobrinho e neto de policial. decretaram a greve. Mesmo sem o apoio, declarado, dos www.erickcerqueira.com 11 O dia 9 de fevereiro de 2012 será lembrado por muito tempo como a data que entrou para a história da Bahia e do Brasil. Quando um aglomerado de policiais militares deixou as dependências da Assembleia Legislativa da Bahia, depois que Marco Prisco, presidente da Aspra (Associação dos Policiais, Bombeiros e Familiares do Estado da Bahia), aceitou desocupar o local em troca da sua prisão e do ex-cabo Paulo Hohenfeld, para evitar um derramamento de sangue. Apesar do que foi dito por grande parte da imprensa, pouca gente sabe o que realmente aconteceu nos bastidores da greve da PM, que durou dez dias com a ocupação da parte externa da Assembleia Legislativa da Bahia. O que foi dito até então não passa de boatos de pessoas que nem sequer estiveram na câmara dos deputados baianos, onde nós pensávamos que se tratava da “Casa do Povo”. A assembleia dos policiais militares foi organizada pela Aspra que tinha como pautas principais o cumprimento da lei 7.145 de 1997, com pagamento imediato da GAP IV, incorporação da GAP V ao soldo, regulamentação do pagamento de auxílio acidente, periculosidade e insalubridade, cumprimento da lei da anistia e a criação do código de ética, além da criação de uma comissão para discutir um plano de carreira para a categoria. Durante o ato, os representantes das diversas entidades e associações da categoria em nível nacional e local explicaram os problemas enfrentados pelos policiais militares da Bahia, mostrando que o estado não é diferente de outras unidades da Federação. E que o atual governo do PT, na Bahia, ajudou na greve de 2001, com apoio logístico e financeiro para desestruturar o 12 então governo de César Borges. Após os aplausos e gritos de ordem, Prisco reiniciou seu discurso, informando a presença esperada do deputado Cap. Tadeu. O que os policiais desejavam naquele momento não passava de cinco letras. Contudo os mais de cinco mil militares presentes queriam muito mais. O que naquele momento nem Prisco, e nem os demais representantes da categoria imaginavam era a decisão de greve por partes dos policiais. Os ânimos se encontravam à “flor da pele” e o “Zarário” iria ser feito. Naquele momento ninguém em sã consciência iria se opor a dizer que não era hora de fazer greve. Decisão tomada pela plenária e agora o que fazer? Surge então, a proposta de Prisco ocupar a ALBA, e assim pressionar o governo. Uma grande carreata foi organizada até a Assembleia Legislativa da Bahia no CAB (Centro Administrativo da Bahia). Passava pouco mais das 20h, quando os PMs chegaram na ALBA, os poucos funcionários presentes se assustavam com tantas pessoas no local. Não demorou muito as dependências da “Casa do Povo” estava repleta de repórteres e cinegrafistas, registrando a ocupação pacífica dos servidores da segurança pública. O presidente da Casa, deputado Marcelo Nilo, convidou uma comissão de policiais para uma conversa e convocou os jornalistas para acompanhar a reunião. O que seria o início de um diálogo para abrir um canal de negociação entre os policiais e o deputado serviu apenas para mostrar uma faceta de um legislador subserviente ao Executivo. Após quarenta minutos de desconforto por parte do deputado diante da comissão dos policiais, o parlamentar disse que não iria mediar qualquer negociação junto ao governador. Foi o início da intransigência por parte da uma pessoa que se diz representante do povo. Sem expressar qualquer tipo de compreensão, o parlamentar alegou não entender os pleitos dos policiais e, por isso, não iria intervir ou se posicionar a respeito, até por que acabava de saber que o presidente da ASPRA, Marco Prisco, não era mais policial militar. Os PMs se retiraram do gabinete da presidência e se dirigiram até a parte externa da Assembleia, onde permaneceriam por toda a greve. Os jornais e sites de Salvador cobriram os primeiros dias da greve dando apenas a versão do governo sobre a greve da PM e a ocupação naALBA. Alguns apresentadores clamavam das autoridades uma solução, já que o chefe do executivo estava fora do país em visita diplomática. A cúpula da SSP argumentava que a paralisação dos militares era minoritária e não havia motivos para a população se preocupar, pois a segurança estava garantida. Os noticiários anunciavam que estavam acontecendo saques e arrastões em várias partes da cidade e a população começava a ficar preocupada com as notícias. Encontrava-me desde início da tarde do dia 2 na ALBA, quando recebemos a informação de que o Comando da PM ordenaria a desocupação através do Batalhão de Choque, com apoio de policiais civis do Centro de Operações Especiais (COE). Os policiais decidiram fazer várias barricadas com ônibus na entrada do CAB, para evitar uma possível desocupação. Alguns policiais que estavam se deslocando até o CAB fecharam parte da via com dois ônibus na Paralela. Por todo cidade só se ouvia falar em saques e arrastões. Bancos foram metralhados, o número de homicídios quintuplica, passam da média de cinco por dia, em menos de 24 horas para 26 assassinatos e até o final da greve passaria de mais duzentos homicídios. Por todo o dia as notícias nos telejornais e rádios da cidade eram apenas sobre a greve dos PMs, não se tinha outro assunto em voga, naquela semana. Naquela noite dia 3, eu era demitido da TV Aratu. Após a demissão, sem nenhuma justificativa, tomei uma decisão que mudaria minha vida para sempre. Cheguei à ALBA e informei o que tinha acontecido aos policiais. Para minha surpresa, fui acolhido como um membro da família. Diante daquela recepção pedi ao líder do movimento a palavra, nem sequer sabia o que ia dizer, apenas deixaria o meu coração falar. Minha mente processava as ideias e meu espírito o guiava, meu sentimento era de raiva por ter procurado a verdade e saber que os homens que estavam ali queriam melhores condições de trabalho e a oportunidade de estar bem com suas famílias. Os policiais dormiam no chão, outros dentro dos seus carros. Pela manhã o clima da ALBA era muito bom, os policiais acordavam como se fosse o primeiro dia da ocupação, o rancho foi improvisado na parte externa da Assembleia. O comentário entre os policiais era se o governo aceitaria ou não negociar com a Aspra. As horas se passavam e nenhum resposta por parte do governo, apenas a imprensa reproduzia as notícias da Secom (Secretaria de Comunicação do Estado), que ditava o que sairia nos jornais. Mesmo com presença de vários profissionais de imprensa acompanhando ocupação da ALBA, as noticias vinculadas aos meios de comunicação era que os policiais eram intransigentes e que só estavam preocupados com o aumento salarial. Prisco se mantêm à frente em contatos com outras unidades e policiais no interior para que a greve fosse fortalecida, mesmo que muitos policiais participassem da ocupação nas horas de folga, e depois iam trabalhar. O movimento paredista pecava pela falta de informação e a falta de apoio das companhias especializadas, que se comportavam como outra polícia por causa das gratificações diferenciadas dos demais policiais. Começava ali a entender que o que estava acontecendo era um verdadeiro “vale tudo”. Se por um lado o governo utiliza a imprensa comprometida com as propagandas, por outro, a omissão dos policiais que não queriam se envolver na greve para não perder a moral com os peixes (oficiais). A APPM e Força Invicta estavam no meio de um impasse. Nunca houve negociações, apenas a imposição do governo em querer que Prisco desistisse do movimento. Nos bastidores até o Sindpoc foi colocado como interlocutor do impasse. Uma questão de honra para o governo era a devolução das viaturas que foram trazidas para frente da ALBA nos primeiros dias da greve. Para muito policiais as viaturas eram o símbolo da greve, para Prisco a devolução das viaturas abriria um canal de negociação e mostraria para a sociedade que os policiais grevistas queriam sim o diálogo. Ficou acertado que até a manhã de domingo as viaturas seriam entregues. O problema foi a má fé do governo em dizer à imprensa que a devolução das viaturas estava sendo feita por força de um mandado judicial. Mesmo depois de ser dito aos jornalistas que se tratava de um acordo para abrir o canal de negociação 13 com a Aspra, a imprensa mais uma vez escondia a verdade da população. O domingo foi bastante animado entre os policiais por causa de suas esposas e filhos que foram passar o dia. Um pula-pula foi instalado em frente à ALBA, palhaços, brinquedos, doces, pipocas e um bolo para comemorar o aniversário de Prisco e do filho de um policial que estava acampado. Um verdadeiro dia no parque. Mesmo com toda alegria sabíamos das intenções do governo que anunciava que Forças Federais do grupamento de paraquedistas estavam se deslocando para Salvador. No local era tudo improvisado, foi criado um suporte de alimentação para passar os dias, embora alguns alimentos já se encontrassem no QG, uma pequena sala abaixo das escadas que dava acesso a galeria das ex-deputadas. Por todo o dia, mais policiais chegavam à Assembleia, a fim de ver como estavam os seus colegas e amigos. A noite chegava e alguns policiais deixavam a ALBA para ir para suas casas, enquanto outros nem pensavam em sair do local. As 19h era servido o café para um batalhão de policiais. Um televisor foi colocado ao lado do busto do ex-deputado Luis Eduardo Magalhães. Os policiais assistiam a todos os noticiários atentamente, as notícias eram as mesmas, falava do medo da população e intransigência por parte dos PMs, o clima de terror nos bairros causado pelo vandalismo de bandidos que pintavam o terror, de certa forma os noticiários indicavam que eram os policiais grevistas eram os responsáveis pelo que estava acontecendo. A cada comercial nos questionávamos como estavam sendo manipuladas as informações pela imprensa para população. As notícias vinculadas nos telejornais deixavam os policiais apreensivos. Principalmente com a informação de que o exército mandaria mil paraquedistas com intuito de realizar a desocupação. As ditas negociações vinham se arrastando há quatro dias, as repostas eram sempre as mesmas. Dormimos aquela noite apreensivos. Eu sabia que não estava havendo nenhuma negociação apenas a intenção de convencer Prisco a abandonar a ideia da greve por causa da proximidade do carnaval. Um grupo de 30 policiais se revezava na guarda 14 para a segurança dos demais policiais. Mesmo sabendo que ninguém dormia tranquilamente. Já passavam da 5h30min, quando fomos acordados com um ALFA11. O clima de tranquilidade passou para estado de terror, a iminência de uma invasão agora era real e o confronto era certo. Em menos de 20 minutos, o exército começa a tomar o perímetro. Alguns policiais infiltrados entre nós desde o início da ocupação debandaram como ratos em um navio a pique, fugiram pegando suas motos ou correndo para os carros que estavam à espera fora do estacionamento da ALBA, outros permaneceram. Assistimos toda movimentação sem falar uma palavra sequer. Naquele momento sabíamos se alguém avançasse em direção até nós, aconteceria um confronto sem precedentes nos dias atuais. Em meio àquela tensão Prisco pega o celular e começa a pedir apoio a outros policiais que estavam em casa ou nos quartéis para que viessem para o CAB. Se Prisco soubesse não teria pedido ajuda e certamente não acabaria caindo na armadilha do Guardião (grampo). Com o cerco do exército começava a guerra psicológica de força contra os policiais da ALBA, a guerra passava a ser declarada pelo governo. Dois helicópteros faziam voos rasantes para mostrar os atiradores de elite. Centenas de familiares se deslocaram para o CAB, jornalistas começavam a digerir as versões oficiosas do governo. Como esperado, houve o primeiro confronto com soldados do exército. O clima ficou muito tenso. A imagem de vários policiais chegando correndo todos juntos no “hope” fez com que todos os policiais se emocionarem e voltamos a cantar “Ohhh a PM parooou”. Por trás das linhas do Exército, outro exército de policiais militares a paisana cantavam também “Ohhh a PM paroou”. O exército teve que reforçar o seu contingente devido aos policiais que ameaçavam invadir e engrossar ainda mais o número dos acampados. Dois policiais conseguiram furar o cerco do exército e entrar na ALBA, sendo recebidos como heróis. Mas em todo momento de alegria a de tristeza, no meio da confusão dois policiais saíram feridos por causas das balas de borrachas e gases lacrimogêneos atirados pelos paraquedistas. A violência por parte do exército foi encarado pela imprensa como necessária e oportuna. O rancho improvisado passaria a fornecer duas refeições por dia. As poucas frutas se tornaria um item de luxo. Os biscoitos creme crack, seriam servidos no café da noite e os últimos pães com café, leite e chocolate. À noite assistíamos os telejornais e ficávamos mais revoltados com a forma como a situação era tratada. A segunda-feira nem tinha amanhecido somos acordados por um novo ALFA 11. Os policiais que estavam de guarda perceberam a movimentação dos soldados do exército e deram o sinal de alerta, ficamos todos sobressaltados com o informe e ninguém mais dormiu. O dia clareou, mas sabíamos que não podíamos vacilar. Por volta das 9h mantive contato com Marcos Mauricio, presidente do Sindpoc, que me informou já estar a caminho. Disse para ele que precisávamos de alimentos e água. “Levarei para vocês, só não sei como passar pelos soldados”, falou. Disse para Marcos jogar por cima deles. Depois de 30 minutos as garrafas de água mineral foram jogadas por cima dos soldados do exército, depois disso, os alimentos começaram a chegar. E com a liberação do general Gonçalves Dias, recarregamos o estoque do rancho com quase meia tonelada de alimentos e muitas frutas, até uma churrasqueira foi entregue, que acabou não sendo usada. O cardápio do dia tinha feijão tropeiro, arroz, marcarão, frango assado e calabresa. Aquele gesto de caridade do general não passava de uma tática de guerra para ganhar a confiança do inimigo. Assim que os repórteres ficaram sabendo da liberação o general foi desqualificado pela sua atitude ao ponto de perder o comando da missão. O único civil a ter acesso a entrar na ALBA cercada pelo exército foi Marcos Mauricio, que pôde conversar com Prisco e comigo também e a sua preocupação era sobre a iminência de uma invasão que era dita como certa. Na terça-feira, depois do jantar, recebemos a visita do cabo do Corpo de Bombeiros carioca Benevenuto Daciolo, junto com o juiz militar José Barroso Filho, e Cap. da PM baiana que não quis se identificar para conversar com Prisco, por mais de quatro horas. Eu sabia que Prisco não aceitaria se entregar, a proposta era de ele ser escoltado por agentes da polícia federal em duas pick-ups pelo fundo para que os demais policiais saíssem da ALBA. A saída de Daciolo junto com o juiz federal de cabeça baixa era um sinal de que terminavam as negociações naquela noite. Iniciava mais um dia de apreensão e muito nervosismo por todos nós. Há três dias eu vinha elevando a moral da tropa, chamando para correr e cantar a música da greve, até Prisco não resistiu e acabou indo correr conosco e cantar. A apreensão aumentava. A quarta-feira, dia 8 de fevereiro, estava terminando. No início da noite recebia várias ligações informando que a invasão não passaria daquela noite. Falei com alguns policiais que sempre estavam em contato e avisei a eles, falei também com Prisco e mais outros policiais que faziam a segurança dele. Não tinha muito tempo, eu teria que fazer alguma coisa, nos dias anteriores vinha mantendo contato com o repórter Marcelo Sperandio da revista Veja, que prometeu fazer uma matéria contando toda a verdade sobre a greve da PM na Bahia. O problema era que teria que sair da ALBA e levar todo material que tinha para da a ele. Porém eu temia pela minha integridade física e por isso seria necessário ir para um lugar seguro. Falei que podíamos ir para São Paulo. Só assim, ele também não sofreria pressão do governo. Ele concordou e marcamos nos encontrar no aeroporto para ir para São Paulo. Depois de tudo acertado, gravei vários vídeos com os policiais e também com Prisco. Sabia que se eu não fizesse alguma coisa poderia acontecer uma tragédia no local, iria contar para o mundo a verdade. Antes de sair da ALBA liguei para outros policiais que estavam do lado de fora do cerco do exército, avisando que ia sair e precisava de ajuda para me escoltar até o aeroporto onde me encontraria com o repórter. Depois de tudo acertado saí da ALBA e logo fui cercado por vários jornalistas que me perguntavam por que estava saindo. Respondi que era para evitar uma tragédia que estava prestes a acontecer, que eu estaria indo para São Paulo, para contar a verdade sobre a greve. Assim que eu falei com os jornalistas fui levado por policiais que me levaram até o aeroporto onde me encontrei com Marcelo Sperandio e passei todo o material que tinha feito durante a greve, embora ele alegasse que não poderia voltar para São Paulo, por que não se tinha nenhum voo naquele horário. Ele me garantiu que iria publicar tudo o que falei e o que eu entreguei a ele, o que não aconteceu. Voltei para casa e mantive contato com Prisco, sem resposta por que nossos celulares estavam grampeados. Tive então que ligar para o celular de um policial que o avisou. Sabia que se Prisco optasse a manter o movimento ele não sairia vivo como os demais policiais. E naquele momento a prudência teria que colocar em jogo as vidas de todos. Depois de desligar o celular entendi que a decisão estava nas mãos do líder do movimento. Já passava das 4h, quando recebo uma nova ligação me avisando que Prisco iria se render como parte de um acordo, no qual Prisco e Paulo Hohenfeld sairiam presos pelo fundo da ALBA e os demais policiais sairiam sem ser revistados, e todos salvos. Quinta-feira 9 de fevereiro, chegava o fim do movimento paredista de 2012. Até hoje escuto pessoas que não estiveram na ALBA dizerem que não haveria invasão. Eu respondo que o que você e toda Bahia não sabe é que o COT (Centro de Operação Tática da Polícia Federal) já tinha invadido a ALBA. A decisão de Prisco se entregar se baseou na minha saída e no pedido de um dos policiais que fazia sua segurança. Ao fazer a ronda nos corredores depois de sair o policial que fazia a segurança de Prisco se deparou com um grupo de federais a vinte metros de onde Prisco se encontrava. Não dava para avançar, apenas recuar e avisar a Prisco. Texto e fotos Valdeck Filho Exclusivo para a Revista Página de Polícia 15 Acordo acontece após um mês do fim da greve dos militares do Estado Menos de um mês após o fim da greve da Polícia Militar, a Assembleia Legislativa do Estado aprovou, na madrugada de quartafeira (07/03), em regime de urgência, o Projeto de Lei Nº 19.702/2012, para os pagamentos de Gratificações por Atividade Policial nas referências níveis 4 e 5 (GAPs 4 e 5). Após mais de 14 horas de sessão, iniciada às 14h45 de terça-feira (6) e acompanhada por representantes de associações dos policiais militares, os textos, que preveem pagamentos fracionados das gratificações até 2015, foram aprovados praticamente na íntegra. A única alteração foi a retirada de um inciso que determinava o pagamento a cada policial apenas após a aprovação de seu superior hierárquico. A bancada de oposição tentou incluir 25 emendas ao projeto, como uma que beneficiava os policiais aposentados com a incorporação das GAPs, mas não obteve sucesso. O deputado Adolfo Menezes (PSD), relator do projeto, apresentou seu parece favorável ao projeto, e deixou de fora das gratificações os militares da reserva e pensionista. Apenas parte do inciso terceiro do artigo oito, que dispõe sobre decisão de conceder a GAP apenas aos policiais escolhidos pelos seus hierárquicos foi modificada. A avaliação para quem receberá a gratificação será de desempenho coletivo para a corporação. A Assembleia também aprovou o reajuste linear dos salários do funcionalismo baiano, incluindo os PMs, em 6,5%, retroativo a janeiro. Outra emenda apresentada 16 pela oposição e vetada na Assembleia visava a corrigir os valores das GAPs com o índice de reajuste salarial. Com os pagamentos, de acordo com o governo, os salários dos PMs terão reajuste de 38,89% até 2015. O depósito da GAP 4 será realizado em duas parcelas, em novembro e abril próximos, e o da GAP 5, entre 2014 e 2015. O impacto dos pagamentos no orçamento do Estado é estimado em R$ 365,5 milhões por ano. Os projetos agora voltam ao executivo, para sanção do governador Jaques Wagner. O Capitão Tadeu (PSB) declarou que o projeto aprovado vais suscitar a apresentação de 12 mil processos originários dos policiais da reserva, que buscaram a garantia dos seus direitos. “Lutei 15 anos pelas GAPs 4 e 5 e sempre escutei do governo que não havia dinheiro para pagar. Como posso acreditar agora que não há recursos para pagar aos aposentados?”, questionou. Policiais militares protestaram nesta terça-feira, em Salvador. Eles se concentraram em frente à Assembleia Legislativa, onde ficaram acampados por duas semanas durante uma greve no início deste ano. Eles acompanharam toda a votação. Confira a Lei na íntegra no site paginadepolicia.com.br A macabra dança dos números Governo baiano comemora redução de homicídios em Salvador e RMS; taxa de 51,53 mortes para 100 mil habitantes supera a média nacional, que é de 22/100 mil. Ao contrário do que deixa transparecer o governo do Estado, com uma taxa de 53,51 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes, Salvador e região metropolitana (RMS) não têm o que comemorar. O índice supera a taxa nacional (22 para 100 mil) e fica muitíssimo acima do limite aceitável segundo os parâmetros da Organização das Nações Unidas (ONU), que é de 10 homicídios para cada 100 mil habitantes. Apesar desse fiasco, o governo do estado prefere jogar para a plateia. Mostra o que interessa – a ligeira redução nos índices de homicídios dolosos na capital e RMS – e protela a divulgação de assuntos incômodos, como a elevação nos dados referentes a roubo de veículos, por exemplo. E no interior do estado, como andam as estatísticas referentes a crimes contra a pessoa? Tem mais. O fato de Salvador ter reduzido as ocorrências de homicídios em quase 13 pontos percentuais não impressiona. Alguma relação direta com o aumento nesse tipo de crime nas cidades vizinhas? Quem assistiu ao filme Tropa de Elite (primeira versão) pôde ver como, às vezes, nem sempre as estatísticas são o que parecem ser: numa cena em que a ficção se aproxima da realidade, uma guarnição policial desova um cadáver fora de sua jurisdição para maquiar os números referentes à violência. Um total de 2.037 homicídios dolosos em um ano é um número expressivo: quase 170 por mês, quase seis por dia. Isso, admitindo-se que todos os crimes de morte tenham sido notificados e devidamente registrados pela SSP-BA. E desses, quantos tiveram a autoria determinada? Quantos desses autores foram indiciados, denunciados e aguardam julgamento perante um júri popular? Quando busca explicar os números astronômicos da violência na Bahia, o governo tem um discurso pronto: trata-se de uma consequência direta do tráfico de drogas, mais especificamente da epidemia que configura o vício do crack. Que o narcotráfico tem influência no aumento da criminalidade é indiscutível. Mas não é o único fator. A certeza da impunidade e a falta de oportunidades para crianças e jovens são outros dos ingredientes desse caldo de cultura em que viceja o crime. Enquanto isso, assistimos a mais uma encenação em que novos atores recitam textos velhíssimos Não é a primeira vez que um gestor da SSPBA comemora uma modesta redução no índice de homicídios, esquecendo que, quando se trata de morte (e morte violenta) não há o que festejar. Afinal, se para as autoridades, a dança dos números é motivo de júbilo, para milhares de pessoas, trata-se da perda de filhos, pais, irmãos, amigos. Não de uma, mas de 2.037 vidas humanas. Jaciara Santos (jaciara@ aqueimaroupa.com.br) é sergipana de Aracaju, atua como jornalista profissional em Salvador-BA, já há quase três décadas. 17 12 dias que pararam a Bahia A greve dos policiais militares teve início na noite de 31 de janeiro, quando os policiais acamparam em frente à Assembleia Legislativa e posteriormente ocuparam o prédio. Cerca de 10 mil PMs, do efetivo de 32 mil homens, aderiram ao movimento. A paralisação provocou uma onda de violência na capital e região metropolitana, dobrando o número de homicídios em comparação ao mesmo período do ano anterior. Shows e eventos foram cancelados, a ausência de policiamento motivou saques e arrombamentos. Centenas de carros foram roubados e dezenas de lojas destruídas. Os manifestantes reivindicavam pagamento da GAP nas referências IV e V, adicionais de periculosidade e insalubridade, anistia para policiais punidos, revisão do valor do auxílio-alimentação e melhores condições de trabalho, entre outros pontos. O governador Wagner solicitou o apoio do governo 18 federal para reforçar a segurança e cerca de 3 mil homens das Forças Armadas e Força Nacional foram enviados a Salvador. Dois dias após a paralisação, a Justiça decretou a ilegalidade da greve e determinando que a Associação de Policiais e Bombeiros da Bahia (ASPRA) suspendesse o movimento. Doze mandados de prisão contra líderes grevistas foram expedidos. Em 9 de fevereiro, Marco Prisco, o principal líder do movimento grevista, foi preso após a desocupação do prédio da Assembleia. A decisão ocorreu um dia após divulgação de gravações telefônicas que mostravam lideranças do movimento planejando ações de vandalismo na capital baiana. Um dos trechos mostrava Prisco ordenando a um homem que ele bloqueasse uma rodovia federal. Confira a Linha do Tempo da Greve, com fotos e videos, no site paginadepolicia.com.br Pensionistas reivindicam ao Deputado Damasceno VIÚVAS DE POLICIAIS CLAMAM POR JUSTIÇA! As viúvas dos policiais baianos estão vivendo em estado famélico. Não só elas, todos que dependem diretamente da pensão deixada pelos profissionais da Segurança Pública da Bahia sobrevivem, literalmente, com os “pires na mão”. O descaso dos Poderes Públicos é evidente quando se observa, mais atentamente, o Projeto de Lei nº 19.702 / 2012, cujo conteúdo exclui, ou melhor, esquece dos direitos das viúvas, pensionistas e reservas ao recebimento das pensões na sua integralidade. Seria justo deixar as viúvas, as pensionistas e os reservas que clamam por justiça fiquem aquém de uma vida digna? Seria justo conceber que as famílias daqueles que deram sua vida para proteger o próximo fiquem sem receber as suas pensões atualizadas ou recebendo valores não condizentes com o cargo ocupado pelo falecido? Exemplo: viúvas de coronéis recebendo valores de um sargento; viúvas de um soldado recebendo um salário mínimo e assim sucessivamente. Essa situação vivida pelas viúvas, reservas e pensionistas não é algo novo no cenário baiano, basta lembrar, por exemplo, dos movimentos das viúvas vestidas de preto na Assembléia Legislativa do Estado da Bahia, clamando por atenção e justiça. Esse grito de socorro não cessou. Ele ecoa, se multiplica nas vozes das viúvas, reservas e pensionistas e atravessa o tempo, sem êxito. Não deixemos mais essa situação perdurar por muitos anos. Vamos pleitear aos Deputados para que juntamente ao Governador possamos restabelecer a dignidade, os valores das pensões e vencimentos sem constrangimento, sem essa dor. Maria da Paixão de F. Pereira Presidente da APRASPEBA 19 FOTO VALDECK FILHO Greve da Polícia Militar na Bahia Por Walter Takemoto O “Jornal Nacional” divulgou conversas telefônicas entre o Prisco e outros dirigentes de associações de PMs e Bombeiros, articulando apoios para greve e ações voltadas para criar confusão e pânico nas cidades. A partir da divulgação dessas gravações voltaram com mais força as ofensas ao Prisco e outras lideranças da greve. Bandidos. Criminosos. Terroristas. Tucanos. Ao mesmo tempo, nas redes sociais circulam cartazes com “Desocupa Prisco”, “Fora Prisco”, entre outros. E alguns lançam desafios aos que defendem a greve para se manifestarem após a matéria do JN. Pois bem, eu me manifesto pois a defesa que faço não tem nada a ver com a matéria do JN ou de qualquer outro órgão de imprensa. Defendo a partir dos princípios que sempre defendi e que acreditava que os companheiros que estão no governo também compartilhavam. Em primeiro lugar, pergunto a quem ataca os grevistas por articularem uma greve nacional: qual é a categoria de trabalhadores que não se articula nacionalmente para elevar sua capacidade de luta e de negociação? 20 Principalmente quando até os postes sabem que os policiais estão lutando para aprovar a PEC que institui o piso salarial nacional. Estranho seria se eles não organizassem nacionalmente suas lutas. Mas o pior, o estranho e a burrice é a surpresa dos governantes diante das greves que ocorreram e estão ocorrendo nos estados. Será fruto da prepotência ou da incompetência mesmo? Em segundo lugar, como parte dos que estão chamando de bandidos e criminosos os PMs por atravessarem ônibus nas ruas, mostrarem armas em vias públicas, entre outros atos violentos, não são desinformados ou alienados, muito pelo contrário, são muito bem esclarecidos, parte militante do PT ou da estrutura partidária, cabe umas perguntas: Irão chamar os militantes do MST de bandidos e criminosos quando invadirem a sede das empresas e depredarem laboratórios? Irão chamar os militantes do MST de invasores de propriedade privada e criminosos quando matarem bois, destruírem plantações? Eu sinceramente espero que não, pois o MST é um dos raros movimentos E para os que gritaram “Desocupa Prisco”, “Fora que se mantém organizado nas bases, vinculado aos Prisco”, quero dizer que não o conheço, nunca vi e assim trabalhadores rurais, organizando-os e formando-os continuará sendo. No entanto é engraçado como o politicamente. E o MST radicaliza suas ações e formas sujeito que algum tempo atrás era bem quisto por parte de luta diante da radicalidade da direita retrógrada do PT, inclusive fazendo campanha para o partido, agora ruralista e da incompetência dos governos em tratar a é demonizado, o novo ACM da Bahia. E cabe ressaltar questão rural com a prioridade que merece. que esse Prisco, que o governo diz não ser nem mesmo Voltando à greve da Bahia. Não sou favorável a destruir policial, foi expulso da PM na greve de 2001 e anistiado o patrimônio público, incendiar ônibus ou disseminar o por lei sancionada pelo Lula e ainda ganhou na Justiça o pânico como forma de luta em uma greve. Esses direito de ser reincorporado à PM. E qual o motivo não são os métodos mais apropriados, em de ainda não ter sido reincorporado? Só J. Em especial em uma conjuntura na qual Wagner pode responder! nome da existem espaços possíveis de luta Esse é o método mais odioso de se coerência política e política e sindical mais amplos e que fazer a luta política, que visa destruir ideológica, e da repercussão permitem articular outros setores o sujeito sem a necessidade de da sociedade no embate com o responder ao que defende. É que as ações que fizermos hoje governo. terão nos enfrentamentos futuros simples: Prisco é tucano, quer No entanto, e sempre cabe ser eleito vereador, mandou com a direita, não posso, e não um porém, em nome da assassinar moradores de rua (ouvi coerência política e ideológica, consigo admitir que companheiros isso sem que fosse apresentada o façam, tratar trabalhadores, uma única prova ou indício de e da repercussão que as ações que fizermos hoje terão nos veracidade!), ordenou saquear mesmo fardados, como enfrentamentos futuros com a lojas, etc. Difundida a calúnia, deixa criminosos e bandidos direita, não posso, e não consigo de ser necessário combater suas ideias admitir que companheiros o façam, e o que defende na condição de dirigente tratar trabalhadores, mesmo fardados, como de uma entidade e de uma greve que parou a criminosos e bandidos, pois no limite isso significa PM no estado. Se as calúnias não destruírem a pessoa, criminalizar uma luta sindical que é justa nas suas sempre será possível recorrer a uma picareta! reivindicações e que chegou no limite da radicalização Espero, sinceramente, que os companheiros que estão por incompetência do governo em se relacionar com contra a greve continuem sendo, mas que pelo menos os trabalhadores do serviço público, como já se viu nas revejam o método que estão utilizando para tentar greves dos professores e de outras categorias. combater um movimento que Já ouvi alguns dizerem que esses policiais são truculentos, reivindica as mesmas questões bandidos, corruptos e que o governo tem que ser desde o início do governo J. duro mesmo com eles. Ora, se são tudo isso, quem Wagner e, como outras categorias, os mantém na ativa? Quem ainda não implementou ouvem promessas que nunca se políticas voltadas para requalificar a corporação concretizam. Como já se disse profissionalmente? Quem é responsável pela política de antes, a história nos julgará. segurança pública? É o PM que além da jornada como policial faz outra como bico para aumentar o salário de Walter Takemoto é psicólogo e consultor educacional de secretarias de Educação. fome que ganha e com a autorização velada de seus comandantes? 21 Saúde com segurança Saúde cardiovascular No ranking dos avanços médicos da década, os cientistas assinalam a redução da mortalidade por doença cardiovascular, através de recursos como drogas capazes de desbloquear a circulação do sangue nas coronárias e Angioplastia com colocação de stent, espécie de prótese inserida na artéria obstruída que mantém o fluxo sanguíneo livre. “A Angioplastia com a introdução do stent no local da obstrução da coronária é a opção terapêutica primordial nas primeiras horas do infarto agudo”, afirma o especialista em cardiologia intervencionista, com experiência em hospitais de referência em Salvador, Nilson Ramos. Ela alerta que, diante dos sintomas típicos de um ataque cardíaco, a rapidez na busca do atendimento de emergência é decisiva para minimizar os danos causados ao músculo cardíaco e o risco de morte. “Os procedimentos realizados em modernas unidades de hemodinâmica permitem diagnosticar e tratar diversas doenças vasculares cerebrais, torácicas, cardíacas, na região abdominal e nos membros superiores e inferiores”, diz o hemodinamicista Nilson Ramos. Ele acrescenta que o equipamento disponível nesta unidade é dotado de softwares de última geração capazes de visualizar os vasos com grande nitidez e sob diversos ângulos. No exame é possível identificar anomalias congênitas e adquiridas, tais como aneurismas, obstruções e estreitamentos em qualquer segmento do sistema circulatório. De uma forma simplificada, o método consiste na introdução de um fino cateter na artéria do paciente para a realização do procedimento. Esta técnica 22 possibilita diversas intervenções como as cirurgias endovasculares, que exigem mínimas incisões ou cortes e proporcionam ao paciente ter alta hospitalar com mais rapidez.Também é empregada no cateterismo cardíaco, exame diagnóstico através de imagens de contraste que permitem observar a presença de placas de gordura nas artérias ou outras anormalidades no interior do coração. É utilizada, ainda, na angioplastia coronária, destinada ao tratamento das obstruções coronárias. Novos tratamentos farmacológicos também são aliados no tratamento dos males que comprometem o sistema circulatório, com a diminuição do risco de eventos cardiovasculares e maior sobrevida do paciente, entre outros ganhos. “Houve um extraordinário avanços no tratamento e prevenção de cardiopatias, com o suporte de recursos de diagnóstico por imagem de alta precisão e novos estudos e protocolos que subsidiam as condutas médicas”, informa o cardiologista Nilson Ramos. Estimativas da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) indicam que, na Bahia, 30% dos óbitos são decorrentes de doenças cardiovasculares, dos quais 11% são resultantes de acidente vascular cerebral (AVC). As doenças cardiovasculares continuam na liderança como a principal causa de morte dos brasileiros. Entretanto, a taxa de mortalidade por enfartes, derrames e problemas coronarianos vem caindo gradativamente, em função da assistência especializada e da melhoria no atendimento prestado. Esta tendência se confirma na Bahia, onde o AVC causou a morte de 3.695 homens, em 2006, e 3.014, em 2007, e levou ao óbito 1.909 mulheres, em 2006, e outras 1.545, em 2007.