INSTITUCIONALIZAÇÃO DO TERCEIRO SETOR BRASILEIRO:
DA FILANTROPIA À GESTÃO EFICIENTE∗
Carlos Eduardo Guerra1 e Afrânio Carvalho Aguiar***
Resumo
Estudo de caráter exploratório, que objetiva compreender como as organizações do terceiro setor
brasileiro vêm respondendo às pressões e forças da ambiência, que cada vez exigem maiores
níveis de eficiência organizacional. Considera-se para este fim a utilização de elementos
históricos e de dados secundários de recentes pesquisas quantitativas, analisados à luz da teoria
institucional. Esta teoria demonstra que as organizações, em busca de legitimidade e aceitação
social, são pressionadas a conformar suas estruturas aos valores ambientais e aos conceitos
convencionados como socialmente corretos, assegurando dessa forma os recursos necessários
para suas operações. Da origem alicerçada nos princípios da filantropia e da caridade religiosa no
século XVI à contemporaneidade da gestão orientada ao desempenho, os processos e fatores de
institucionalização vistos se encontram em diferentes estágios e variações, tão diversos quanto as
organizações que atualmente compõem o setor.
Palavras-chave: Terceiro Setor, organizações sem fins lucrativos, teoria institucional,
isomorfismo, legitimidade.
Abstract
This study is undertook in an exploratory basis and aims at high-lighting how Third Sector
organizations in Brazil are reacting to the pressures and forces of the environment, which
increasingly require higher levels of organization efficiency. For that, the article take into
consideration historical elements and secondary data obtained from newly available quantitative
researches which were then analyzed according to the institutional theory framework. This theory
states that the organizations, looking for legitimacy and social acceptance, are pressed for
conforming their structures to values of the environment and to the concepts agreed to be
socially proper, then making it possible to obtain the resources the organization needs for its
operations. From their origins based on the principles of philanthropy and religious charity
prevailing in the XVI century to the contemporaneous management oriented towards desirable
levels of performance, the processes and factors of institutionalization identified can be related to
levels of development so different as the organizations which make up the sector themselves.
Key-words: Third Sector, non-profit organizations, administration, institutional theory,
isomorphism, legitimacy.
Introdução
∗
Este artigo foi produzido no contexto da pesquisa Organizações do Terceiro Setor: A Busca pela Legitimidade
Institucional, ora em andamento. A pesquisa é fomentada pelo Programa de Pesquisa e Iniciação Científica (ProPIC) da
Universidade FUMEC e tem o apoio institucional do Ministério Público-MG.
1
Mestrando em Administração / Universidade FUMEC.
***
Professor Adjunto / Universidade FUMEC.
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As organizações do terceiro setor vêm desempenhando papéis de grande relevância no
contexto sócio-econômico brasileiro à medida que, além de atenderem a diversas necessidades da
população, geram um número significativo de empregos e já representam uma parcela
considerável do PIB nacional. Tal participação vem ganhando força e chamando a atenção do
governo, empresas e organismos internacionais, que passaram a ser parceiros potenciais em
muitas ações e projetos. Paradoxalmente, alguns estudos demonstram que existe uma lacuna entre
as expectativas relacionadas ao papel do terceiro setor e a realidade das organizações que nele
atuam. Ainda que existam organizações bem estruturadas, a grande maioria delas funciona em
condições precárias, com carência de recursos financeiros, falta de pessoal e infra-estrutura, baixa
qualificação técnica e gerencial, que apontam limitações quanto à execução satisfatória de suas
atividades. Não obstante, essas limitações certamente chamam a atenção da opinião pública e
afetam a capacidade de interlocução das organizações com seus grupos de relacionamento.
O artigo se divide em cinco seções. Inicia-se apresentando um panorama geral do terceiro
setor brasileiro, fundamentado principalmente em duas pesquisas recentes: (i) a pesquisa
Fundações Privadas e Associações Sem Fins Lucrativos no Brasil, divulgada em 2004 pelo
IBGE e que demonstra a realidade do setor a partir de uma amostra de 276 mil organizações e (ii)
o Diagnóstico do Terceiro Setor de Belo Horizonte, divulgado em 2006 pelo Ministério Público
de Minas Gerais, com uma amostra de 1,3 mil organizações, das 1,8 mil que supostamente
existem nessa cidade. As pesquisas são respectivamente referenciadas neste trabalho por Fasfil e
Diagnóstico. Salienta-se que as pesquisas guardam entre si diferenças metodológicasi. São,
todavia, referenciadas neste artigo num sentido ilustrativo e de complementaridade.
A segunda seção trata da caracterização das organizações, tanto em relação aos seus
aspectos conceituais quanto legais. Aborda-se na terceira seção a Teoria Institucional. Em
seguida, evolui-se para a análise institucional do terceiro setor, recorrendo-se por vezes ao seu
contexto histórico. Por fim, são tecidas considerações que, muito mais que elucidativas, levantam
outras questões que sugerem o desenvolvimento de estudos teóricos e empíricos adicionais. Ao
abordar as organizações do terceiro setor, adotam-se também as variações terminológicas
“organizações sem fins lucrativos” e “organizações da sociedade civil”.
Panorama geral do Terceiro Setor Brasileiro
São diversas as visões sobre o terceiro setor, gerando debates teóricos em torno do
conceito que melhor o define. Segundo Fernandes (1994), o termo terceiro setor designa o
conjunto de iniciativas provenientes da sociedade voltadas à produção de bens públicos em geral,
do clube de lazer e da associação comunitária à prestação de serviços na área da saúde e da
educação. Ioschpe (2005) estratifica esta visão, referindo-se ao conjunto de organizações da
sociedade civil, sem fins lucrativos, que atuam na área social visando a solução de problemas
sociais. Já Falconer (1999:2) considera que o termo remete às organizações sociais, oriundas da
sociedade civil, mas também se refere ao trabalho voluntário de cidadãos, à ação social das
empresas e às organizações do poder público privatizadas na forma de fundações. Para esse autor,
“mais do que um conceito rigoroso ou um modelo solidamente fundamentado em teoria –
organizacional, política ou sociológica – terceiro setor, no Brasil, é uma idéia-força, um espaço
mobilizador de reflexão, de recursos e, sobretudo, de ação”.
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O que parece ser consenso é que o terceiro setor vem crescendo em importância e em
abrangência em todo o mundo. Para Drucker (1997:X) “as instituições sem fins lucrativos são
agentes de mudança humana. Seu “produto” é um paciente curado, uma criança que aprende, um
jovem que se transforma em um adulto com respeito próprio”. Marcovitch (2005:124) aponta que
“a criação de associações de interesse público, de redes cooperação e de programas sociais no
âmbito de empresas e universidades é indicador de maturidade política e cultural”. Conforme se
observa na tabela 1, o universo de atuação das organizações do terceiro setor brasileiro, onde
parte significativa delas presta serviços de interesse público, enfatiza essa base consensual.
TABELA 1: Universo de atuação das organizações do terceiro setor brasileiro
Área de Atuação
Organizações
Quantidade
%
Habitação
322
0,12
Saúde
3.798
1,38
Cultura e recreação
37.539
13,61
Educação e pesquisa
17.493
6,34
Assistência social
32.249
11,69
Religião
70.446
25,53
Associações patronais e profissionais
44.581
16,16
Meio ambiente e proteção animal
1.591
0,58
Desenvolvimento e defesa de direitos
45.161
16,37
Outras não especificadas anteriormente
22.715
8,23
Fonte: IBGE (2004).
Por sua vez, as pesquisas registram um notável crescimento do número dessas organizações
principalmente a partir da década de 1990, conforme se observa na Tabela 2.
TABELA 2: Distribuição das organizações por período de criação
Pesquisa
Número de Organizações
De 1971 a De 1981 a De 1991 a De 2001 a 2002 (Fasfil)
1980
1990
2000
De 2001 a 2005 (Diag.)
10.998
32.858
61.970
139.197
30.882
200
110
273
367
276
Até 1970
Fasfil
Diagnóstico
Total
275.895
1.226
Fonte: Adaptado de IBGE, 2004; Ministério Público MG, 2006.
Na Fasfil, constata-se que no início da década de 90 havia 106 mil organizações atuando
no país. Em 2002, já eram 276 mil, o que caracterizou no período um aumento de 161% no
contingente de organizações do terceiro setor. As “sem fins lucrativos”, conforme se observa na
tabela 3, empregam 1,5 milhão de pessoas e, considerando os voluntários, a força de trabalho que
envolvem, ultrapassa 15 milhões de pessoasii. Em Belo Horizonte, como lembra Resende (2007),
o setor gera mais empregos que as empresas mineradoras de todo o estado de Minas Gerais. Uma
outra pesquisa recente, divulgada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD), em parceria com o John Hopkins Center for Civil Society Studies, revela a significativa
participação que o terceiro setor tem na vida econômica do Brasil, representando 5% do produto
interno bruto – PIB (ADITAL, 2006).
TABELA 3: Força de trabalho
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Pesquisa
Fasfil
Diagnóstico
Assalariados
1,5 milhões
34,5 mil
%
10,8%
54,4%
Força de trabalho
%
Voluntários
13,9 milhões 89,2%
28,9 mil 45,6%
Total
15,4 milhões
63,4 mil
Fonte: Adaptado de IBGE, 2004; Ministério Público MG, 2006.
Este cenário, em especial por sua magnitude e capilaridade territorial, tem possibilitado ao
terceiro setor um ganho de identidade e de atenção – e por vezes apoio potencial – do primeiro
setor, representado pelas atividades estatais que são realizadas visando fins públicos e do
segundo setor, representado pelas atividades da iniciativa privada que buscam atender a fins
particulares. (MELO NETO & FRÓES, 1999).
De fato, os governos percebem que, cada vez mais desgastados pela ineficiência de suas
ações, precisam priorizar e proporcionar o bem estar social esperado pela sociedade civil.
Observa-se aqui, que a emergência do Terceiro Setor brasileiro, contextualizada aos demais
países “periféricos”, partiu da necessidade de ofertar serviços básicos que não estão ou nunca
foram ofertados pelo Estado (SOUZA SANTOS, 1998, citado por SILVA, 2004). Ressalta-se
ainda que o Estado reconheceu sua incapacidade de operar no nível micro, com a agilidade e
flexibilidade necessárias para atender às demandas da sociedade. Supostamente, estes elementos
distantes da burocracia estatal, estariam contemplados nas organizações da sociedade civil.
Já as empresas, quer como genuíno exercício de sua responsabilidade social quer como
investimento estratégico, passaram a adotar a prática de apoiar projetos de proteção ambiental,
promoção social, educação, inclusão digital, dentre outros. O envolvimento empresarial
tipicamente se dá através de doações de recursos e parcerias com as organizações da sociedade
civil, além da implementação direta de programas. Através da pesquisa Ação Social das
Empresas, realizada pelo IPEA em 2006, pode-se constatar o crescente envolvimento do setor
“lucrativo” com o “não lucrativo”. Das 871 mil empresas identificadas no estudo,
aproximadamente 600 mil (69%) afirmaram desenvolver algum tipo de ação social para a
comunidade. Destas, 67% transferem recursos para organizações que executam projetos sociais.
Com relação à expectativa de crescimento da atuação social, 43% do empresariado nacional
declara ter planos de expandir os recursos e o atendimento à comunidade (IPEA, 2006).
Há de se considerar também o papel das entidades internacionais e órgãos de cooperação,
que tradicionalmente fomentam ações e projetos no terceiro setor, não só no Brasil como em todo
o mundo. Falconer (1999) considera que foram elas as grandes introdutoras do conceito e as
responsáveis pela valorização deste setor em todo o mundo subdesenvolvido. Instituições norteamericanas e européias vinham apoiando há décadas, em particular durante os anos da ditadura, o
desenvolvimento de projetos pioneiros voltados para o “fortalecimento da sociedade civil”, para o
estudo do terceiro setor e para temas como o desenvolvimento da filantropia e do voluntariado.
Reconhecimento à parte, o terceiro setor brasileiro tem seus paradoxos. Várias matérias
que recentemente vêm sendo veiculadas na mídia apontam limitações quanto à execução
satisfatória do seu papel. O jornal A Folha de São Paulo, em matéria de 12/11/2006 intitulada
“ONGs ineptas recebem 54% dos repasses ao setor”, evidenciou a auditoria que o Tribunal de
Contas da União - TCU realizou sobre 28 convênios celebrados com dez organizações que atuam
nas mais diversas áreas, de saúde indígena à capacitação profissional para o Primeiro Emprego.
O TCU, a partir dessa amostra, sugere que organizações que não apresentavam condições para
executar convênios com a União receberam, entre 1999 e 2005, 54% das verbas públicas
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transferidas para a execução de atividades não-exclusivas do Estado. As irregularidades
constatadas incluem falta de clareza nos objetivos de convênios, metas vagas, superfaturamento
de preços, notas fiscais frias e a inexistência de pareceres dos órgãos públicos necessários para o
estabelecimento dos convênios. Na mesma reportagem, o TCU aponta que se gasta muito na área
social e os resultados considerados eficazes não parecem proporcionais ao investimento, com
conseqüentes danos ao erário e à sociedade. O órgão, através da intensificação dos processos de
fiscalização, espera não só identificar organizações fraudulentas, como também aquelas que são
ineficientes, restringindo o acesso de recursos públicos apenas para as organizações preparadas e
em condições de cumprir os objetivos a que se propõem.
De fato, ao avaliar o desempenho das ONGs brasileiras, o Banco Mundial concluiu que,
em termos de eficiência, apresentam limitações na área administrativa, como desempenho
gerencial, profissionalização de pessoal, diminuição de custos indiretos, entre outros elementos
relativos a sua operacionalização. Em termos de eficácia, por vezes o resultado alcançado por
essas organizações pode ser questionado (TENÓRIO, 2006). Não obstante, essas limitações e
deficiências certamente chamam a atenção da opinião pública e afetam a capacidade de
interlocução das organizações com seus grupos de relacionamento.
As próprias pesquisas também reiteram elementos que põem em xeque o desempenho da
grande maioria das organizações da sociedade civil, mas também evidenciam, em menor
quantidade, organizações que se mostram bem estruturadas e que operam com maiores níveis de
eficiência. Segundo a Fasfil, o setor é predominantemente composto por organizações muito
pequenas, sendo que cerca de 77% delas não têm sequer um empregado e contam basicamente
com a força de trabalho voluntária e de estagiários, ou com a contratação de temporária de
serviços autônomos. Por outro lado, 66% dos trabalhadores assalariados estão concentrados em
1% das organizações. Da mesma forma, o Diagnóstico demonstra que quase 75% das
organizações possuem de 0 a 9 empregados, mas é em 8% delas que se encontram 63% dos
trabalhadores.
Outras informações que constam no Diagnóstico continuam a enfatizar estas dicotomias,
evidenciando a existência de diferentes perfis e de organizações: 59,2% dos 29 mil voluntários
atuam legalmente, mas o restante deles está nas organizações sem o termo de adesão ao trabalho
voluntário, mecanismo instituído pela lei 9.608/98 que visa, além da formalização da relação,
descaracterizar qualquer possível vínculo trabalhista entre voluntário e organização. Quanto ao
resultado de suas ações, 27% das organizações afirmam não deter nenhuma metodologia
apropriada para avaliá-los, enquanto 5% dizem utilizar de metodologias fornecidas por parceiros
ou “importadas” do exterior. Em relação ao controle social, 70% afirmam que este se dá através
de controles internos da própria organização, enquanto em 16% este controle é realizado por
instituições financiadoras ou auditorias externas. Ainda, enquanto algumas organizações são
transparentes e prestam contas de suas atividades a todo o seu grupo de relacionamento, 4% das
organizações não prestam contas de suas atividades a ninguém, 73% não o fazem a doadores de
recursos e 81% não prestam contas à comunidade em que está inserida.
Portanto, sem desconsiderar a magnitude e a importância do terceiro setor brasileiro,
corrobora-se aqui, em parte, a visão de Falconer (1999:7), que “[...] para um setor que surge com
tão elevadas expectativas a respeito de suas qualidades e seu potencial de atuação, o Terceiro
Setor brasileiro parece mal equipado para assumir este papel”. Segundo Salamon (2005), existe
uma premente necessidade de que o setor demonstre sua capacidade e competência. Ainda, pela
maioria das organizações desempenhar funções de interesse público, são crescentes as pressões
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para que aperfeiçoem seus sistemas de administração e seu desempenho, sendo ao máximo
transparentes nos relacionamentos com a comunidade, beneficiários, parceiros e financiadores.
Caracterização das Organizações do Terceiro Setor
Segundo o Handbook on Nonprofit Institutions in the System of National Accounts
(Manual sobre as Instituições sem Fins Lucrativos no Sistema de Contas Nacionais), elaborado
pela Divisão de Estatísticas das Nações Unidas em conjunto com a Universidade John Hopkins,
as organizações do terceiro setor se enquadram, simultaneamente, em cinco critérios: (i) são
organizações privadas; (ii) não têm fins lucrativos, sendo vetada a distribuição de lucro para
associados ou diretores, devendo o excedente de capital ser aplicado em sua atividade fim; (iii)
são institucionalizadas, ou seja, legalmente constituídas; (iv) operam de forma autoadministradas, gerenciando suas próprias atividades e; (v) são voluntárias, na medida em que
podem ser constituídas livremente por qualquer grupo de pessoas. (IBGE, 2004). Tais critérios
acabam por englobar ao campo do terceiro setor uma grande diversidade de organizações, com as
mais diversas finalidades, origens e filosofias, como já observado na seção anterior.
Notam-se alguns esforços teóricos no estabelecimento de classificações que considerem
toda essa diversidade. Neder (1996) propõe o agrupamento das organizações naquelas orientadas
pela: (i) beneficência e filantropia religiosas, envolvendo igrejas e missões, além de obras sociais,
associações comunitárias e escolas relacionadas; (ii) beneficência e filantropia seculares,
considerando as associações civis, obras sociais particulares e comunitárias; (iii) fins
educacionais, culturais e saúde pública, incluindo fundações, universidades, escolas e hospitais;
(iv) defesa de interesses profissionais, através dos sindicatos, associações, federações e
confederações profissionais e; (v) atividades desportivas, considerando clubes profissionais e
comunitários. Falconer, citado por Albuquerque (2006), sugere uma classificação de forma não
muito diferenciada de Neder (1996), chamando a atenção para as organizações que se
caracterizam como empreendimentos sem fins lucrativos, em que a comunidade paga pela
utilização dos serviços oferecidos (escolas, clubes, etc.); para as “organizações nãogovernamentais” como um modelo mais contemporâneo que lida predominantemente com a
defesa de direitos e para as fundações e institutos empresariais, englobando a atuação organizada
das empresas através do movimento da responsabilidade social.
Ainda que as próprias tentativas de classificação – apesar de guardarem aspectos comuns
– tendam a se manter tão diversas quanto as organizações que compõem o setor, considerando o
novo Código Civil brasileiro, são três as figuras jurídicas a que podem se adequar: associações,
fundações ou organizações religiosas. As associações constituem-se pela união de pessoas que se
organizam para fins não-econômicos. As fundações são criadas por um instituidor, mediante
escritura pública ou testamento, a partir da dotação especial de bens livres, especificando o fim a
que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Já as organizações religiosas
se enquadravam anteriormente como associações, mas a partir do novo Código, foram
consideradas como uma categoria em específico. (IBGE, 2004). Observa-se no Diagnóstico que
81% das organizações adotam a forma jurídica de associação, 11% a de fundação e 9% a de
organização religiosa.
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Ocorre que grande parte dessas organizações presta serviços de interesse público e, por
esta razão, aquelas legalmente constituídas podem pleitear junto ao Poder Público alguns títulos e
certificações que as possibilitam obter uma série de benefícios, tais como isenções tributárias,
benefícios fiscais para seus doadores, facilidades para estabelecimento de parcerias com o
governo, etc. A tabela 4 demonstra as principais concessões e as organizações que as detém.
TABELA 4: Títulos e Qualificações
Título ou Qualificação
% de Organizações
Utilidade Pública Federal
16,0%
Utilidade Pública Estadual
14,3%
Utilidade Pública Municipal
15,6%
Oscip Federal
2,0%
Oscip Estadual
0,5%
Oscip Municipal
0,1%
CEBAS
14,2%
Fonte: Adaptado de Ministério Público MG, 2006
Os títulos de Utilidade Pública e de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
(OSCIP) se dão nas três esferas governamentais. O Certificado de Entidade Beneficente de
Assistência Social (CEBAS) se dá em âmbito federal, através do Conselho Nacional de
Assistência Social (CNAS). Ressalta-se aqui, conforme certas áreas de atuação, que as
organizações precisam se vincular a determinados conselhos, como o já citado CNAS, os
Conselhos de Direito da Criança e do Adolescente, etc.
Teoria Institucional
Esta teoria teve como principais formuladores Selznick (1948), March e Olsen (1984),
Meyer e Rowan (1991), Dimaggio e Powell (1991), Scott(1995). O primeiro autor é considerado
por muitos o pai da Teoria Institucional, conforme afirma Hatch (1997).
No esforço de desenvolver um corpo teórico complexo e denso, mas coerente, os
institucionalistas têm trabalhado com temas tais como “valores, poder, cooptação, inovação,
modernização, formalismo, conformidade, resistência, contestação, adaptação ambiental,
intersubjetividade, linguagem, formação de coalizões políticas e mecanismos de estabelecimento
da ordem e da mudança social”iii .
A Teoria Institucional foi formulada com base da observação de que as organizações
evoluem não apenas impelidas pelas pressões de grupos internos, mas também por causa de
valores da sociedade externa, se adaptando às pressões dos ambientes, não orientadas somente
por questões de racionalidade e eficiência, mas também pela necessidade de legitimação e
aceitação social. Machado-da-Silva e Gonçalves (1999:222) chamam a atenção para a ampliação
conceitual da visão de ambientes em ambientes técnicos e institucionais, salientando que foram
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Meyer e Rowan, no artigo publicado em 1977iv, que propuseram em primeira mão a abordagem
desses ambientes como facetas de uma mesma dimensão. Com efeito, os ambientes podem
apresentar às organizações demandas de duas formas diferentes: (i) técnicas e econômicas
(“market-driven”), que requerem da organização produção e troca de seus produtos e serviços;
são demandas do ambiente técnico, em cujo âmbito as organizações serão avaliadas pela
eficiência do seu trabalho; (ii) sociais e culturais, que requerem das organizações o desempenho
de papéis específicos na sociedade, mantendo certas aparências externas, que constituem
demandas do ambiente institucional. Nele são elaborados e disseminados sistemas e regras
sociais, tanto formais quanto informais, cujo adequado atendimento por parte das organizações
contribui para lhes proporcionar suporte e legitimidade, aumentando suas chances de
sobrevivência. A Figura 1 esquematiza a coexistência e interconexão entre o ambiente técnico e o
ambiente institucional, acrescentando a existência dos mecanismos isomórficos que serão
tratados adiante.
Ambiente Técnico
Eficiência
Legitimidade
Sobrevivência
Regras
Formais e
Informais
Isomorfismo
Ambiente Institucional
Fig. 1: Interconexão entre ambientes técnico e institucional
Adotando-se essa categorização estabelecida para o ambiente por Meyer e Rowan (1977),
não se pode considerar excludentes os ambientes técnico e institucional (SCOTT, 1995;
MACHADO-DA-SILVA E GONÇALVES, 1999). Levá-los em conta constitui uma razão clara
para a utilização da Teoria Institucional no estudo de organizações cujo desempenho precisa ser
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visto tanto pelo lado objetivo relativo aos serviços oferecidos à sociedade como também pelo
lado subjetivo correspondente à sua adequação a símbolos, normas e valores dessa mesma
sociedade, como é o caso do terceiro setor brasileiro.
A ambiência oferece condicionantes à ação da organização, ao mesmo tempo em que
recebe suas demandas, e é constituída por todos os elementos internos e externos que interagem
diretamente com a organização. No terceiro setor, entre estes elementos, só para citar alguns,
estão a sociedade civil, a força de trabalho assalariada e voluntária, beneficiários, órgãos
governamentais e financiadores, além das próprias organizações com toda sua diversidade de
causas e valores.
Das interações entre a organização e sua ambiência resultam incertezas e dependências. A
fim de sobreviver neste ambiente complexo, entre a organização e sua ambiência procedem-se
trocas através de fluxos de recursos de diferentes naturezas; também “fluem” relações sociais
importantes entre os atores nessas organizações (POWELL e DiMAGGIO, 1991). A ambiência,
se atendida de forma eficiente, geralmente retribui às organizações conferindo-lhes possibilidade
de maior acesso a recursos.
Já em ambientes dominados por demandas sociais, as organizações adquirem apoio social
e legitimidade, com isto aumentando suas chances de sobrevivência em ambientes turbulentos, ao
atenderem as demandas institucionais - inequívocas influências do ambiente - se adequando a
valores, normas, regras e crenças da sociedade. Tornarem-se mais eficazes e mais legitimadas
são formas de as organizações reduzirem suas incertezas e dependências (HATCH, 1997). A
autora chama ainda a atenção para o fato de que a diferença entre ambientes institucionalizados e
não-institucionados pode muitas vezes parecer uma questão apenas de racionalidade. Nestas
condições, o fator sucesso técnico/econômico é visto como um produto do processo racional de
tomada de decisões. Com efeito, a conformidade com as demandas sociais, buscada pela maioria
das organizações da sociedade civil, faz com que ganhem apoio social e reduzam suas incertezas,
não por este fato torná-las mais eficientes, mas por coadunarem com as convenções aceitas. No
entanto, é preciso reconhecer que as ações efetivamente racionais, que tenham a eficiência como
referencial, sejam mais facilmente institucionalizadas porque serão mais facilmente
compreendidas.
Ainda, a tomada de decisão que apenas superficialmente se conforma com as normas de
racionalidade pode ser um modo eficaz de legitimar escolhas, muitas vezes tomadas em bases
predominantemente emocionais. Meyer e Rowan (1991), citados por Hatch (1997:85), “sugerem
que, nas organizações, estes argumentos racionalizados tomam a forma de mitos que não podem
ser objetivamente testados, mas que são tomados como racionais na base de que todo o mundo os
conhece como verdadeiros. Mitos racionalizados fazem parte do contexto institucional no qual as
organizações operam e aos quais elas se adaptam, a fim de manter sua legitimidade social”.
Machado-da-Silva e Gonçalves (1999:220) comentam que, na visão de Tolbert e Zucker
(1999), na Teoria Institucional predominam pesquisas de natureza restritiva, visto que “tratam as
organizações como dadas pelo ambiente, e a institucionalização como um estado qualitativo:
dado arranjo estrutural está ou não institucionalizado na organização”. Tolbert e Zucker
(1999:204-5) conceituam então três etapas, que não se apresentam necessariamente de forma
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seqüencial, podendo se sobrepor-se em parte e em certos momentos: (i) habitualização definida
como o “desenvolvimento de comportamentos padronizados para a solução de problemas e a
associação de tais comportamentos a estímulos particulares”, geralmente caracterizada pela
multiplicação das estruturas; (ii) objetificação entendida como o “desenvolvimento de
significados gerais socialmente compartilhados ligados a esses comportamentos”, quase sempre
acompanhada de intensa atividade de teorização; (iii) sedimentação, quando as ações adquirem a
qualidade da “exterioridade”, ou seja, as ações tipificadas são “vivenciadas como possuindo uma
realidade própria”, tendendo à consolidação e estabilidade .
A idéia de processo é também de Scott (1995:xx), segundo o qual “a institucionalização é
tanto uma condição quanto um processo”, que ocorre quando as ações são repetidas, adquirindo
significado similar para outros. Então, não apenas organizações, mas também ações tornam-se
instituições das sociedades nas quais elas são repetidas, recebendo significados que são
compartilhados. A repetição se dá por força de regras explícitas que a incentivam (influências
legais e políticas) ou porque as ações repetidas correspondem a padrões socialmente sancionados
(influências culturais) ou porque visam imitar outras estruturas que tenham recebido aprovação
social (influência social).
Powell e DiMaggio (1991) identificam e rotulam essas três diferentes pressões
institucionais, criando o conceito de isomorfismo organizacional. De caráter restritivo, o
mecanismo isomórfico muitas vezes força as organizações a se parecerem uma com as outras
mais pela busca da legitimidade de suas ações do que pela eficiência do modelo em questão. De
acordo com esses autores, quando a pressão para o isomorfismo vem de regulamentações
governamentais ou mesmo de outras fontes cujas organizações mantêm interdepedendência,
então pressões coercitivas institucionais existem; quando as pressões vêm de expectativas
culturais, por exemplo via treinamento profissional de membros da organização, então o que há
são pressões normativas institucionais. O desejo manifestado por uma organização de se parecer
com outras organizações consideradas bem sucedidas ou experimentadas, constitui o que
denominam pressão mimética institucional surgida de uma compreensível necessidade de reduzir
incertezas por meio da cópia de outras estruturas, práticas e produção de outras organizações.
Diante de um ambiente orientado por regras, March e Olsen (1987:21) salientam que “[...]
regras podem refletir lições sutis de experiência acumulada, e o processo pelo qual regras
adequadas são determinadas e aplicadas envolve altos níveis de inteligência humana,
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verbalização e deliberação”. Por regras entende-se: rotinas, procedimentos, convenções, papéis,
estratégias, formas organizacionais, e tecnologias com as quais a atividade política é construída.
Também querem dizer: “crenças, paradigmas, códigos, culturas e conhecimento que cercam,
suportam, elaboram e contradizem estes papéis e rotinas” (p.23). Para esses autores, “a
conformidade às regras pode ser vista como contratual, um acordo implícito para agir de forma
apropriada como retribuição por ser tratado de forma adequada [...]” (p.23). A adesão a esse
contrato, no entanto, nem sempre pode ser determinada por um ato de voluntarismo, sendo, ao
contrário, exigida pelas convenções do grupo social.
A conceituação dos autores remete a outra questão: a interpretação das regras, que irá
moldar o comportamento e a ação dos atores sociais, depende dos esquemas cognitivos dos
indivíduos, como apontam Machado-da-Silva, Fonseca e Fernandes (2000). Nesta mesma visão, a
própria eficiência, ou melhor dizendo, a percepção do que é ser eficiente está relacionada a
construção de modelos mentais que dizem o que é ou não é ser eficiente, com base na cadeia de
valores desses atores. O ambiente institucional, neste viés, se estende ao ambiente técnico,
conduzindo-o ao domínio do simbólico (CARVALHO e SACHS, 1996).
A construção desse complexo edifício da Teoria Institucional compreensivelmente não se
daria sem freqüentes desacordos. Seus artífices, por exemplo, percebem o ambiente ou de forma
mais objetiva ou, ao contrário, por seus aspectos mais simbólicos. Alguns autores argúem que o
processo de tomada de decisão é mais moldado por crenças institucionais, enquanto outros o
entendem como fruto de decisão racional. A maioria dos autores enfatiza os aspectos macroorganizacionais, enquanto outros focalizam os micro níveis das estruturas. E neste eixo
paradigmático contribuições diversas vão, assim, constituindo uma alternativa teórica
crescentemente mais rica e capaz de melhor explicar uma ampla gama de fenômenos sociais.
Como lembram Tolbert e Zucker (1999:196), “[...] ironicamente, a abordagem institucional ainda
há que se tornar institucionalizada”.
Análise institucional do Terceiro Setor Brasileiro
Hudson (1999) ressalta a importância do terceiro setor, afirmando que o mesmo tem tão
grande alcance e relevância que chega a afetar praticamente a todos na sociedade, seja pela
associação direta com uma organização, seja pelo benefício proporcionado pela ação desta. Tais
características de reconhecimento, alinhadas ao panorama até aqui traçado, apontam para o
processo de institucionalização do terceiro setor brasileiro.
Berger e Luckmam (1985), afirmam que uma estrutura que se tornou institucionalizada é
aquela que é considerada pelos membros de um grupo social como necessária e eficiente. Tal
constatação, conforme lembra Resende (2007), pode ser verificada na área de saúde pública, onde
as organizações do terceiro setor atendem a quase 80% da demanda pública de internação
hospitalar. Nas áreas de assistência social e educação, observa-se o atendimento em maior
quantidade, com mais qualidade e por até três vezes menor custo do que o serviço público. Basta
acompanhar os trabalhos da Pastoral da Criança que têm à frente D. Zilda Arns, o Instituto
Telemig Celular que vem fomentando a criação de Conselhos Municipais para as crianças e
adolescentes, o Instituto Airton Sena, com a escola pública de qualidade, dentre muitos outros
exemplos que cotidianamente recebem a atenção da mídia, muitas vezes enaltecendo ações que
atingiram níveis de reconhecimento capazes de lhes garantir o estado de organização consolidada,
institucionalizada, conforme cânones da Teoria Institucional. Visto assim, eis o porque das
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organizações do terceiro setor terem significativo apoio do governo, de empresas, de organismos
internacionais e da própria sociedade civil.
Por conseguinte, a estruturação de organizações vem se tornando forma habitual para
estimular comportamentos e encontrar soluções para diversos problemas da sociedade, ao mesmo
tempo em que são desenvolvidos significados e valores compartilhados atribuídos a esses
comportamentos e problemas. Se consideradas no todo, poder-se-ia inferir a predominância da
fase de habitualização no processo de institucionalização das organizações, visto que na Fasfil
61,6 % delas foram criadas a partir da década de 90, e no Diagnóstico, 52,4%. Naturalmente, no
contexto de institucionalização dessas estruturas organizacionais, institucionalizam-se também
valores, paradigmas, conhecimento, rotinas, procedimentos, convenções, papéis, estratégias e
tecnologias.
Todavia, a contemporaneidade observada é relativa diante da existência de organizações
como as Santas Casas de Misericórdia, que remontam à segunda metade do século XVI e se
encontram atuantes até hoje. Nesse ínterim, surgiram as mais variadas organizações, com as mais
diversas finalidades, origens e filosofias. Do período colonial até o início do século XX,
predominaram as organizações que prestavam algum tipo de assistência às comunidades carentes
que ficavam às margens das políticas sociais básicas, principalmente nas áreas de saúde e
educação. Nas décadas de 20 e 30, a industrialização e a urbanização proporcionaram o
surgimento de novas instituições, como os sindicatos e as associações, federações e
confederações profissionais, bem como levaram ao crescimento das tradicionais instituições
assistenciais, diante da intensificação dos problemas sociais. Na década de 70, para defender
direitos políticos e humanos tornados precários pela ditadura militar, surgiram as organizações
autodenominadas de não-governamentais (ONGs)v, marcando uma postura de distinção quanto às
ações governamentais. Por fim, reitera-se o exponencial crescimento das organizações da
sociedade civil na década 90, além do surgimento de novas instituições, como aquelas
relacionadas ao movimento da responsabilidade social empresarial. (ASHOKA, 2001; BNDES,
2001).
Acrescenta-se ao contexto histórico que 4% das organizações registradas pela Fasfil tem
mais de 50 anos de funcionamento; no Diagnóstico, esse contingente se eleva para 16,3%, sendo
que 90% delas jamais sofreram descontinuidade. Constata-se então o sentido de permanência,
próprio de organizações institucionalizadas, já operando certamente na fase de sedimentação.
Essa constatação vem reafirmar a heterogeneidade do terceiro setor, suscitando que os processos
e fatores de institucionalização se encontram em diferentes estágios e variações.
Um dos fatores a considerar é a constituição legal das organizações. Marcovitch (2005)
ressalta que a legitimidade das iniciativas é assegurada somente quando ela adquire personalidade
moral através de sua existência jurídica. Observa-se que provavelmente pela inexistência de
muitas regras para sua constituição, a maioria das organizações que compõem o setor, conforme
observa o Diagnóstico, se enquadram na figura jurídica de associação (81%). Ainda que
incipiente, este enquadramento legal, além de evidenciar um dos pilares institucionais,
caracteriza-se como influência que conduz ao isomorfismo institucional, especificamente aquele
de caráter coercitivo. Estas influências se intensificam e vão conduzindo as organizações à
conformidade na medida em que obtêm (ou almejam) títulos e certificações do poder público.
Obter tais concessões significa se adequar às regras do jogo, que exigem muitos documentos, a
existência de dispositivos específicos na estrutura da organização e no seu estatuto, além de
registro prévio em outros órgãos e conselhos. Em específico, a Lei n.º 9.790/99, fruto do recente
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marco legal do setor, em seu art. 4º, evidencia que para uma organização obter o título de
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), deve ser regida por estatuto cujas
normas expressamente disponham sobre a observância dos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência. (BRASIL, 1999).
Outro aspecto coercitivo observado é a influência das organizações financiadoras nas
atividades desenvolvidas. Os órgãos governamentais, agências internacionais e outras entidades
especializadas em financiamento selecionam os projetos que decidem apoiar a partir de propostas
recebidas em atendimento a seus Editais em que novamente regras são definidas. O
procedimento, se de um lado restringe a criatividade das soluções planejadas e favorece o
isomorfismo, por outro reduz incertezas tanto para as organizações financiadoras quanto para as
financiadas, apresentando talvez mais vantagens do que desvantagens. Ressalta-se que em um
passado recente, somente a existência de uma organização do terceiro setor ou a validade da
causa defendida por ela seriam suficientes para justificar o aporte de recursos, sem maiores
exigências de resultados. Conforme observa Silva (2004), houve, por parte dos financiadores,
uma mudança no tratamento com o endurecimento da postura referente à apresentação periódica
de relatórios com informações sobre desempenho, resultados obtidos, número de assistidos,
aplicação de recursos, etc.
Essas pressões em torno de maior desempenho, se atendidas, facilitam a legitimação das
organizações, além de contribuir para que, ao longo do tempo, elas adotem comportamentos
miméticos que resultem em isomorfismo pelo menos de estruturas e práticas de gestão. De fato,
observa-se que as organizações vêm incorporando à sua base de valores elementos como o
planejamento estratégico, gestão de projetos, finanças, auditoria, accountability, marketing e
empowerment. Tal postura, não obstante, vem acompanhada da lógica empresarial, predecessora
de todos estes conceitos, o que reflete claramente o contexto de “imitação”.
Há também que se considerar os aspectos normativos do mecanismo isomórfico, que se
dá numa perspectiva de profissionalização dos profissionais das organizações. Com uma base de
conhecimento comum, eles propagam normas e práticas legitimadas, que tendem também a levar
as organizações para a convergência. Desse modo, a necessidade de serem eficientes – seja para
alcançar sua missão ou mesmo para se reportar ao governo e financiadores – leva as organizações
a se iniciarem no caminho da profissionalização. Conforme afirma Falconer (1999:9):
[...] há um virtual consenso entre estudiosos e pessoas envolvidas no cotidiano de
organizações sem fins lucrativos de que, no Brasil, a deficiência no gerenciamento
destas organizações é um dos maiores problemas do setor, e que o aperfeiçoamento da
gestão - através da aprendizagem e da aplicação de técnicas oriundas do campo de
Administração - é um caminho necessário para atingir melhores resultados.
Tal premissa pode ser observada diante do recente surgimento de iniciativas de
aperfeiçoamento da gestão, através da educação continuada, assessorias e adoção de práticas
modernas de administração.
Ainda que muitas vezes o mecanismo isomórfico force as organizações a se parecerem
uma com as outras mais pela busca da legitimidade do que pela eficiência de práticas e modelos,
como se observou, diante de pressões coercitivas, miméticas e normativas, a eficiência toma foco
no contexto institucional. Obter legitimidade pode necessariamente vincular o sucesso
organizacional à adoção de comportamentos e práticas que proporcionem às organizações serem
eficientes no ambiente.
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Retoma-se aqui a posição entre os diferentes perfis de organizações, que como já
observado, sugere que algumas se mostram melhor estruturadas, exercendo suas atividades com
desempenhos mais elevados que outras. Disposta em um contínuo, essa dicotomia qualitativa de
que uma organização é ou não é eficiente, de que está ou não está institucionalizada, se dispersa
no próprio processo de institucionalização, onde aceder a um padrão institucional significa
interpretar e compartilhar determinados valores, sendo que estas estão intimamente ligados a
instâncias contextuais, simbólicas e temporais.
Talvez seja justamente nessas instâncias que a questão da eficiência possa ser melhor
posicionada, não como um estado atual, mas como um processo de produção e reprodução,
permissão e constrição, característico do processo que o terceiro setor brasileiro vem passando ao
longo de cinco séculos. Para melhor compreensão, regride-se novamente às origens histórica do
setor, cujo alicerce está fundamentado nos princípios da filantropia e no vínculo à igreja católica.
Do período colonial até o século XIX, distante do princípio da eficiência, o terceiro setor
prosperou sob uma base valorativa, caracterizada pela generosidade para com outrem e pela
prática da caridade. Ainda que estes valores se mantivessem inalterados, no início do século XX
o Estado passou a exigir prestação de contas das organizações que financiava, submetendo-as a
um controle até então inexistente. Todavia, mudanças significativas viriam a ocorrer apenas na
década de 80, passando a eficiência a tomar foco no ambiente institucional do setor. Com a
abertura política e econômica de países do leste Europeu e o agravamento das crises sociais no
continente africano, grande parte dos recursos internacionais foram redirecionados para
programas de desenvolvimento destas regiões. Ainda, como já visto, as instituições financiadoras,
especialmente aquelas internacionais, passaram a atuar com maior rigor na seleção das
organizações e projetos financiados, exigindo a gestão eficiente das organizações. Paralelamente,
os recursos governamentais tornaram-se mais escassos. Esse cenário de pressões ambientais e de
escassez forçou as organizações a se iniciarem no caminho da profissionalização e a buscarem
alternativas para sua sustentabilidade. (ASHOKA, 2001; BNDES, 2001).
Por fim, foram os acontecimentos ocorridos na década de 90 que delinearam a questão da
eficiência no terceiro setor brasileiro. A entrada organizada das empresas no setor, através do
movimento da Responsabilidade Social, veio a reforçar a tendência de modernização e de
profissionalização das organizações. Também se tornou uma prática a sistematização e
disseminação de metodologias utilizadas pelas organizações, culminando inclusive na criação de
diversos prêmios de qualidade e eficiência para o terceiro setor, tais como o Prêmio ECO da
AMCHAM, Prêmio Bem Eficiente da Kanitz e Associados e o Empreendedor Social da Ashoka
& Mckinsey (BNDES, 2001). A profissionalização do Terceiro Setor e a exigência por eficiência
também seriam colocadas em pauta nas discussões em torno de um novo marco legal, que
resultou na Lei n.º 9.790/99, já mencionada nesta seção.
Assim, ao longo de cinco séculos, o terceiro setor brasileiro veio ampliando seu espaço de
atuação, fruto das próprias demandas sociais da população. Não obstante, a ambiência
estabeleceu critérios mais rígidos para a operação das organizações e resultados alcançados,
caracterizando uma mudança institucional em que cada vez mais a sobrevivência das
organizações e a manutenção da legitimidade de suas ações passam a se vincular ao alcance de
níveis satisfatórios de eficiência, conforme explica a Teoria Institucional. Drucker (1997: XIV)
caracteriza bem este momento de incorporação da eficiência à base valorativa do setor: "as
organizações não lucrativas estão, é evidente, ainda dedicadas a ‘fazer o bem’. Mas também já
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verificaram que as boas intenções não podem substituir a gestão e a liderança, a responsabilidade,
o desempenho e os resultados”.
Considerações Finais
Machado-da-Silva et al.(2003:187), referindo-se a Rigss (1968), aponta a heterogeneidade
como elemento característico da sociedade brasileira, onde coexistem “(...) o atrasado e o
avançado, o novo e o velho, e podem ser observadas disparidades sob a forma de elementos
tecnológicos modernos e antigos, bem como nas condutas humanas”. Como se observou no
percurso até aqui trilhado, o terceiro setor reflete esta heterogeneidade, disposta na diversidade
das organizações que o compõem e nos diferentes fatores e estágios de institucionalização em
que se encontra.
É no mínimo instigante observar que tantas organizações sobrevivam mesmo sem se
apresentarem como estruturadas e eficientes, contrariando a lógica de que a ausência de tais
elementos as conduziria ao fracasso. Aparentemente, a ascensão a níveis mais elevados do
processo de institucionalização, ao contrário do que prevalece especialmente nas organizações
empresariais, não se dá necessariamente por consecução de altos índices de desempenho e
elevada eficiência. Ao contrário, a harmonização dos objetivos organizacionais com os valores,
crenças e expectativas da sociedade parece prevalecer no avanço pela escala de
institucionalização. Resulta daí o risco freqüente de que as ações propostas acabem por constituir
“mitos racionalizados”, não redundando no cumprimento de objetivos legítimos ou que se
coadunem com as “boas práticas” necessárias ao uso do dinheiro público, pela dificuldade de
mensuração da eficiência com que são empreendidas. O escândalo da compra de ambulâncias
superfaturadas por fundações sociais vinculadas a políticos é, lamentavelmente, fato recente na
história brasileira.
Tal constatação torna relativo o já exposto por Berger e Luckmann (1985), onde uma
estrutura que se tornou institucionalizada é aquela considerada, pelos membros de um grupo
social, como necessária e eficiente. Diante dessa ambigüidade, observa-se que a crença na
eficiência e necessidade de tais estruturas está realmente sujeita a controvérsias. Meyer e Zucker
(1989), citados por Tolbert e Zucker (1998), chamam a atenção para o fato de que as
organizações podem sobreviver, mesmo tendo baixo desempenho, o que por sua vez implica na
possibilidade da existência de organizações em “constante fracasso”.
Ainda assim, como se observou, pressões coercitivas, miméticas e normativas vêm cada
vez mais estreitando legitimidade e eficiência de forma que obter legitimidade pode
necessariamente vincular o sucesso organizacional aos fatores que proporcionem às organizações
serem eficientes no ambiente. Entretanto, vale ressaltar alguns aspectos relacionados aos
mecanismos isomórficos. No aspecto coercitivo, considera-se que muitas vezes as pressões
excedam a busca de eficiência, partindo para exigências que implicam na transgressão dos
princípios e valores destas organizações. Resta saber até que ponto as organizações abrem mão
ou flexibilizam suas missões para dar lugar a estas exigências. Já no aspecto mimético, observa-se
uma tendência de apropriação das práticas empresarias pelas organizações. Levanta-se a questão
de até que ponto a transposição dos modelos e técnicas tradicionais se aplicam diretamente à
realidade do terceiro setor. Corroborando Pace e Basso (2003), a especificidade do setor não
lucrativo em aspectos como o financiamento, a definição dos beneficiários, a articulação entre
pessoal remunerado e os voluntários sugerem a necessidade de adaptação dos conceitos e técnicas
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de gestão. No aspecto normativo, reforçando a lacuna existente entre a aplicação de práticas e
conceitos entre os setores, a profissionalização funcional deve ser balizada nas demandas e
especificidades do terceiro setor, considerando em especial o contexto brasileiro.
Importante salientar, conforme demonstram Tolbert e Zucker (1998), que a alteração e
criação de estruturas organizacionais constituem custos para a organização. Neste sentido, a
elevação dos níveis de eficiência pode se mostrar relativamente complexa, visto que a maioria
das organizações do terceiro setor demanda ainda da criação de uma estrutura de base em um
ambiente onde a escassez de recursos é uma constante.
Não menos relevante é o próprio campo de estudo do terceiro setor, que como afirma
Falconer (1999:1) é “[...] uma das áreas mais novas e verdadeiramente multidisciplinares das
Ciências Sociais, unindo pesquisadores de disciplinas como Economia, Sociologia, Ciência
Política e áreas acadêmicas aplicadas como Serviço Social, Saúde Pública e Administração”. No
caso brasileiro, ainda que incipiente e dispersa, observa-se uma produção ascendente tanto em
termos quantitativos quanto qualitativos, principalmente naqueles estudos com enfoque
organizacional, como se pôde observar na revisão da literatura deste artigo. Importante registrar
que este esforço de teorização corresponde ao que Tolbert & Zucker (1999) apontam como uma
das características da etapa semi-institucional – objetificação – das estruturas em processo de
institucionalização. Diante do exposto, ainda há de se registrar uma outra vertente dos estudos
em Teoria Institucional: o chamado modelo discursivo do processo de institucionalização
(AMARAL FILHO e MACHADO-DA-SILVA, 2006), que pode ser utilizado para a
compreensão da produção textual e discursiva supra citada.
Por fim, cabe aqui ressaltar o propósito exploratório deste artigo e que conclusões mais
elucidativas sobre muitas das questões levantadas devem ser retiradas de amostras mais
estratificadas das organizações, seja por área de atuação (ex. cultura, saúde, educação, etc.), por
natureza jurídica (associação, fundação ou organização religiosa), por tamanho (através do
orçamento ou do número funcionários), dentre outras possibilidades, o que por sua vez sua vez
abre espaço para o desenvolvimento de novos estudos teóricos e empíricos.
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i
Pela Fasfil, haveria em Belo Horizonte um total de 4.239 organizações. No Diagnóstico , chegou-se à supor a
existência de 1.807 organizações. Em função de diferenças metodológicas sobre a caracterização das organizações
compõem o setor e também de filtros que incluíram a exclusão de organizações inoperantes, chegou-se a um número
– ainda que expressivo – relativamente menor do que o identificado pelo IBGE.
ii
A estimativa de voluntários consta na Fasfil, mas refere-se a dados secundários do trabalho de LANDIM e
SCALON, Doações e trabalho voluntário no Brasil: uma pesquisa. Rio de Janeiro: 7Letras, 2000.
iii
MACHADO-DA-SILVA, C. VASCONCELOS, F. (org) Fórum Especial: A Teoria Institucional em um contexto
brasileiro: Dinâmicas de Inovação e Imitação (Chamada de Trabalhos). RAE – Rev. Adm. Empresas. v. 43, n.1,
jan/mar 2003. p.9.
iv
Artigo original publicado em 1977 no American Journal of Sociology, v. 83, p.340-63. Institutionalized
Organizations: Formal Structure as Myth as Ceremony.
v
Foi daí que surgiu o termo ONG, hoje comumente utilizado para designar qualquer tipo de organização sem fins
lucrativos.
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