Ano XV Nº 148
AGOSTO 2007
R$ 2,00
61 anos do círio fluvial
noturno em Oriximiná
Cortejo do Círio de Santo
Antônio: a balsa com a
berlinda, especialmente
ornamentada, é acompanhada
por barcos enfeitados com
bandeirolas coloridas e efeitos
luminosos. Na chegada ao cais,
buzinas, show pirotécnico,
aplausos, cantos e bandeirolas.
VARIEDADES | Pág 8.
Chegada da balsa com a imagem de Santo Antonio, recebida com fogos de artifício, aplausos, cantos e lágrimas: espetáculo de luz e cor e muita emoção dos fiéis que renovam promessas
FLAVYA MUTRAN
DESCOBERTA
EDUCAÇÃO
Própolis vira
remédio para
a malária
Óbidos pode Candidatura
sediar Escola de Priante em
agrotécnica Santarém
PREFEITURAS
O melhor é que não há efeitos
colaterais e a atividade pode
alavancar a economia.
Projeto de Lei nesse sentido
tramita na Câmara Federal,
em benefício da região.
A política ferve na Pérola do
Tapajós. Troca-troca de partidos e dissidências.
CIDADES | Pág 3.
CIDADES | Pág 3.
INFORMES | Pág 3.
Von, Luis Cunha e Guerreiro
OESTE DO PARÁ
Transporte
multimodal é
a solução
Conferência das Cidades pediu Luz Para Todos e hospital . P-2
MUNICÍPIO
ALCOA
Reforma feita Prêmio por
na delegacia arquitetura
Frente Parlamentar defende
gestão integrada rodo-fluvial
para eixos de integração.
REGIONAL | Pág 5.
SERVIÇO | Pág 2.
ATUALIDADES | Pág 7.
Produção de mel: além do benefício à saúde, geração de emprego e renda
Argemiro fez entrega dos equipamentos
ORIXIMINÁ
LENDA
Comunidades ganham
saneamento básico
Pescador diz que foi
atacado por criatura
Reservatórios de água atenderam antiga
reivindicação dos ribeirinhos em várias
comunidades do lago Sapucuá.
Jovem obidense jura que um ser encantado
tentou levá-lo ao fundo do rio. Curandeiro
e outros populares confirmam.
POLÍTICA | Pág 4.
As guaribas assustam, mas são mansas
ATUALIDADES | Pág 7.
PE. ELÍSIO GAMA
www.uruatapera.com
2
SERVIÇO
AGOSTO - 2007
Argemiro teve que reformar a Delegacia
O prefeito de Oriximiná, preocupado com
os problemas na área de
segurança pública, foi obrigado
a solucionar a situação precária
da carceragem na delegacia de
policia no município.
De acordo com o prefeito
Argemiro Diniz, a iniciativa se
tornou imprescindível depois
de várias fugas de prisioneiros
que estavam aguardando julgamento para serem transferidos ao presídio de Santarém.
“Enviamos diversos ofícios à
Secretaria de Segurança Pública do Estado e diretamente
à governadora, para que ao menos fosse possível um trabalho
em parceria na recuperação
da delegacia de polícia, mas,
infelizmente, apesar de tudo
isso, o Estado não nos deu nenhum apoio financeiro, apenas
concedeu a licença para mexer
no local”, lamenta.
Mesmo com a demora de mais de três meses, a
Prefeitura conseguiu a autorização e já está reformando o
prédio com recursos próprios.
“Se não bastassem as outras
obrigações que o município
contraiu por conta da segurança pública, como é o caso das
polícias militar, civil e mesmo
a alimentação dos presos,
ainda temos que arcar com o
prédio”, enfatizou o prefeito,
aduzindo que, mesmo sem
a manifestação do Governo
do Estado quanto às reivindicações que são enviadas
de Oriximiná, os trabalhos
continuam.
“Infelizmente a nossa
região está ficando às margens
do Estado como um todo. O
que está acontecendo com
Oriximiná e com outros municípios é que a ausência do
Estado está criando um clima
de separatismo, resultando
nesse plebiscito para a criação
do estado do Tapajós”, pontua
Argemiro Diniz.
Argemiro não se conforma em pagar despesas com o sistema carcerário, de responsabilidade do Estado, sem atenção do governo
Mais três famílias oriximinaenses ganharam casa própria
A prefeitura de Oriximiná, através da Secretaria Municipal do
Trabalho e promoção Social,
entregou no dia 07 de agosto
mais três unidades habitacionais de alvenaria, cada uma
com 42m² de área.
Desta vez as agraciadas
pelos imóveis foram: Carmelena Medeiros dos Santos, 44,
moradora no bairro de São
Pedro, mãe de cinco filhos;
Marlene Batista de Oliveira,
residente no bairro da área
pastoral, mãe de quatro filhos
e Luiza Graças, que reside no
bairro de Santa Terezinha, que
receberam as chaves em suas
próprias residências.
“Pedi muito a Deus que
me proporcionasse uma casa
Argemiro e Maria Diniz com Luiza Graça, de Santa Terezinha
digna para morar e graças a
Ele e ao prefeito Argemiro,
hoje estou recebendo minha
casa”, desabafou Carmelina
M. dos Santos, assim como
Marlene de Oliveira e Luiza
Graça que ficaram emocionadas e agradecidas ao receberem
a chave.
Com a entrega dessas
três residências, a admi-
nistração de Argemiro Diniz totaliza 13 residências
construídas apenas com
recursos próprios do município. Além destas já foram
entregues mais 38 casas,
graças a uma parceria entre
a Prefeitura e empresa Mineração Rio do Norte, que
totaliza 53 casas.
Durante a cerimônia de
Entrega de chave a Carmelena Santos, no Bairro de São Pedro
entrega o prefeito Argemiro
Diniz disse em entrevista aos
meios de comunicação que,
além dessas casas, a Prefeitura
Municipal, em parceria com
a Caixa Econômica Federal,
entregará ainda este ano mais
96 imóveis.
Na Secretaria do Trabalho e Promoção Social,
continua o cadastramento
de nomes de pessoas que
possuem terreno próprio e
que não têm condições para
construir o seu lar. Serão
mais 204 casas, que em
parceria com a Caixa serão
construídas no município
assim que tudo for avaliado
por profissionais da Secretaria do Trabalho e Promoção
Social.
Prefeito entregando casa a Marilene Almeida, na área Pastoral
Oriximiná realiza I Conferência das Cidades e pede Luz para Todos
O Conselho Municipal
das Cidades (COMCID) realizou no sábado, 28, em Oriximiná, a 1ª
Conferência Municipal das
Cidades. O evento discutiu o
desenvolvimento urbano, com
o tema “Avançando na Gestão
Democrática das Cidades”.
A conferência aconteceu no
Centro de Eventos Braz Mileo, no Parque de Exposições
José Diniz Filho.
Para que fossem desenvolvidas as melhores propostas, dois grupos foram
formados. O primeiro para
tratar sobre o desenvolvimen-
Diretora-Editora responsável
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Colaborador especial
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Tel. 0xx91.32300777
Hosiptal de referência é uma das reivindicações, além da regularização fundiária
to urbano e rural e controle
social. O outro sobre gestão
democrática e participação
popular.
Várias propostas nos
dois grupos foram discutidas
e as mais convincentes aprovadas. Do primeiro grupo a
plenária aprovou as seguintes
propostas: Projeto Luz Para
Todos no município de Oriximiná e reivindicação junto ao
estado de apoio técnico-financeiro nas questões ambientais
do município.
No segundo grupo
foram aprovadas a intensificação da recuperação das
malhas viárias municipais,
estaduais e federais e que
cada instância assuma sua
competência, podendo, para
tanto estabelecer convênio
entre as diversas esferas de
governo para a implementação dessas políticas. Outra
decisão foi criar uma política
articulada para a regularização fundiária, de acordo
com a realidade regional. Os
participantes ainda decidiram pela construção de um
hospital de referência para
melhorar a rede de atendimento para os usuários do
sistema de saúde.
PREFEITURA MUNICIPAL DE ORIXIMINÁ ÀS SUAS ORDENS
TELEFONES ÚTEIS
Gabinete do Prefeito – (93) 3544 1319
Secretaria Municipal de Cultura – (93) 3544 2681
Secretaria Municipal de Turismo –(93) 3544 2072
Hospital - Maternidade São Domingos Sávio – (93) 3544 1371
Secretaria Municipal de Educação – (93) 3544 1224
Hospital Municipal – (93) 3544 1370
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Secretaria Municipal de Bem-Estar e Assistência Social – (93) 3544 1169
Av. Independência, 1857
Oriximiná-PA. CEP 68270-000
Tel/Fax. 0xx91.32221440
CNPJ 23.060.825/0001-05
Secretaria Municipal de Saúde – (93) 3544 1587
Fórum – (93) 3544 1299
Secretaria Municipal de Infra-Estrutura – (93) 3544 1119
Polícia Civil – (93) 3544 1219
Defensoria Pública – (93) 3544 4000
CIDADES
AGOSTO - 2007 3
Óbidos pode ganhar informes
escola agrotécnica S
O município de Óbidos poderá ser aquinhoado com a Escola
Agrotécnica Federal do Baixo
Amazonas, se aprovado o
projeto de lei que tramita na
Câmara Federal, apresentado
pelo deputado Joaquim de
Lira Maia. A proposta contempla antiga reivindicação
local, de sediar em Óbidos
uma instituição de ensino
voltada para as peculiaridades
regionais.
O projeto dispõe que a
Escola Agrotécnica Federal do
Baixo Amazonas contará com
recursos do Orçamento da
União, para sua manutenção
e estrutura. Lira Maia justificou a iniciativa argumentando
que o Pará é o segundo maior
Estado do país, com população
estimada em 7.110.465 habitantes, distribuída em cerca de
1.247.690 km² de território. As
grandes distâncias e a escassez
de vias de ligação entre os centros urbanos e as demais cidades dificultam o transporte e,
conseqüentemente, o acesso
da população à educação.
Apesar de sua expressiva
extensão territorial, o Pará
tem participação praticamente insignificante na rede federal de educação tecnológica:
conta com apenas 2 Escolas
Agrotécnicas, em Castanhal
e Marabá; um CEFET em
Belém (com 3 Unidades de
Ensino Descentralizadas em
Marabá, Altamira e Tucuruí);
e 2 Escolas Técnicas vinculadas à Universidade Federal do
Pará - a Escola de Música e a
Escola de Teatro e Dança. Só
que essas instituições se concentram no leste do Estado,
enquanto o Baixo Amazonas
fica completamente desassis-
tida em termos de oferta de
educação profissional.
O Baixo Amazonas
abrange 14 municípios, agrupados em 3 microrregiões:
Almerim, Óbidos e Santarém.
A economia é baseada no
extrativismo mineral e de
madeira, agricultura, pecuária, pesca e potencial turístico.
“Temos que oferecer à população maior participação na
vida produtiva do Estado e do
País, mediante formação de
pessoal técnico especializado
nessas atividades”, defende o
parlamentar.
Uso de própolis vai ajudar na erradicação da malária
A descoberta ajudará no
enfrentamento de uma
das maiores causas de
óbitos no Pará, a malária. A
tese é do apiterapeuta (especialista em mel e derivados)
catarinense Gilvan Barbosa
Gama, que estuda há 13 anos
essa resina natural.
Trata-se de uma cera, às
vezes escura, às vezes esverdeada, que as abelhas usam para
vedar a colméia e, ao mesmo
tempo protegê-la contra toda
sorte de bactérias oportunistas
e vírus”, explica o cientista.
A malária infecta uma
em cada dez pessoas no mundo e fica atrás apenas da tuberculose em termos de impacto sobre a saúde pública.
Ainda não há vacina contra
a doença. Maleita, impaludismo e febre terçã (devido
aos episódios intermitentes
de calafrios seguidos de febre
alta, seus principais sintomas)
são outros nomes da malária,
causada por protozoários que
se multiplicam nos glóbulos
vermelhos do sangue humano, transmitidos pelos mosquitos do gênero Anopheles
(o anofelino).
A própolis não tem contra-indicação e para tratar
gripes, resfriados e afecções
respiratórias (laringite, rouquidão, faringite, rinite, sinusite e bronquite) já vem sendo
usada em gotas ou misturada
ao mel. A bala de própolis e a
própolis em spray servem para
as afecções da boca, garganta e
combate à tosse.
Quem ingere constantemente a substância exala um
cheiro que impede a aproxi-
mação do mosquito transmissor da doença. Mas, para
isso, é preciso tomar 7,5 ml
de própolis, diluída em meio
copo de água-de-coco.
Embora não seja reconhecida como antimalárica
no Brasil, a própolis é aceita e
praticada com sucesso na África, principalmente em Angola
e Moçambique.
Os medicamentos contra a malária não têm eficácia
completa, além de produzirem efeitos colaterais. Não
raro, o parasita resiste e sobrevive no organismo do
hospedeiro. Os pesquisadores
Mauro de Oliveira Jr. e Maria
Amélia Barata da Silveira, da
Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade
de São Paulo (USP) sintetizaram compostos existentes
na própolis e dizem que alguns deles podem servir de
matéria-prima para produzir
novos fármacos antimaláricos.
Testes específicos ainda não
foram feitos, mas um ácido
encontrado na própolis deve
ser eficaz no tratamento da
doença. O p-hidroxicinâmico
é um bactericida potente, com
alta atividade farmacológica: é
capaz de combater a leucemia
e outros tipos de câncer, além
de eliminar bactérias, entre as
quais a Helicobacter pylori,
responsável por úlceras estomacais. A falta de vacina é
um dos grandes obstáculos ao
controle da malária; mesmo
assim, o número de notificações da doença no Pará, de
janeiro a abril de 2007, caiu em
31,4% em relação ao mesmo
período do ano passado.
FLAVYA MUTRAN
ucessão em Santarém em plena ebulição.
José Priante planeja ser candidato a
Prefeito de Santarém. Já está providenciando mudança de domicílio eleitoral
e residência. Não se sabe como o PMDB irá
conciliar essa decisão com a recente adesão de
Helenilson Pontes, que se mudou de mala e cuia
do PPS justamente para se candidatar a prefeito
– e indicado pelo presidente regional do partido,
deputado federal Jader Barbalho. Sem falar em
como ficará a aliança política com o PT, já que
Maria do Carmo será recandidata. Jogue-se nesse caldeirão o novo peemedebista Odair Corrêa,
que também mudou de galho para garantir que
irá influenciar no pleito, e o deputado Antonio
Rocha, que afinal de contas seria o candidato
natural do partido. Enquanto isso, na sala de
Justiça, em Gotham City...
Troca de galho
O vereador Luiz Alberto, vice-presidente da Câmara Municipal de Santarém, sai do PMDB para
o PP. Ele foi reeleito pelo PSDB, depois migrou
para o PPS, pelo qual disputou eleição a deputado estadual em 2006, foi para PMDB e, agora,
passa para o PP, por onde andou quando a sigla
era comandada pelo então deputado Benedito
Guimarães, já falecido. Sua volta foi costurada
em Belém com o próprio presidente do partido
no Pará, deputado federal Gérson Peres.
Agulha & linha
Arnaldo Jordy, que preside o PPS no Estado e lidera a bancada na Alepa, alinhava o que sobrou
do partido em Santarém. O deputado trabalha
com duas opções: desencavar uma liderança
para lançar candidatura própria, como quer a
executiva nacional, ou fazer dobradinha com
o PMDB, como já acertou em Santo Antonio
do Tauá.
Separatistas contra-atacam
Em revide à Câmara de Belém, que considerou
o vice-governador Odair Corrêa “persona non
grata”, os líderes do movimento Pró-Estado do
Tapajós articulam para que as Câmaras municipais dos municípios que poderão integra o futuro
Estado repudiem o ato e declarem “personas non
gratas” os deputados Zé Geraldo, Zenaldo Coutinho, Nilson Pinto e outros que se manifestaram
contra a criação de novos Estados.
Preliminares da campanha
O deputado petista Airton Faleiro, líder do Governo na Alepa, declarou que vai concorrer à
Prefeitura de Altamira, onde o deputado Domingos Juvenil (PMDB), presidente da Assembléia, já
anunciou que quer ser prefeito. A disputa promete. Alexandre Von (PSDB) está resolvendo com o
federal Lira Maia (DEM) qual dos dois vai disputar
a Prefeitura de Santarém. Em Monte Alegre, a deputada Josefina do Carmo pode ser indicada pelo
PMDB. Júnior Ferrari (PTB) diz que não mas deve
ser candidato à Prefeitura de Oriximiná. Antonio
Rocha, Megale, Júnior Hage e Gabriel Guerreiro
fazem mistério. E Carlos Martins, é claro, apóia
Maria do Carmo.
Candidatos proliferam
Luiz Gonzaga Viana é candidatíssimo em Oriximiná, pelo PV. O prefeito Argemiro Diniz (PSDB)
pretende se recandidatar. Leôncio Souza quer
tentar outra vez, pelo PMDB. Como o município
não tem segundo turno, ou as lideranças coligam
ou vão perder feito para Gonzaga, que desde que
deixou o cargo continua nos píncaros de intenção
de voto.
Solução barata, natural e sem contra-indicações. De quebra, poderá alavancar a produção de mel, gerando renda
Obras nas estradas do oeste do Pará
Cerca de 55 mil agricultores familiares e
pequenos produtores
rurais unicípio de Santarém
e de outros municípios vizinhos, como Placas e Uruará,
serão beneficiados com a pavimentação de 63 km da PA-370
(Santarém/Curuá-Una) e dos
24 km da PA-431 (Santarém/
Mojuí dos Campos).
A Secretaria de Estado
de Transportes abriu quatro
frentes de trabalho para finalizar a terraplanagem das
rodovias. A conclusão da
pavimentação, incluindo o
asfaltamento, está prevista
para novembro deste ano. O
governo do Estado investiu
nas duas rodovias cerca de R$
34 milhões. As obras fazem
parte do Plano de Investimentos para 2007.
Para o agricultor Raimundo de Lima Mesquita,
o Peba, vice-presidente do
Sindicato dos Trabalhadores
Rurais de Santarém, as obras
vão garantir que a produção
de farinha, arroz, feijão e
frutas chegue ao mercado de
Santarém em boas condições
de consumo. O que não acontecia antes, com as estradas
em péssimas condições de
tráfego.
“O abastecimento das
feiras dos municípios próximos com a produção dos
agricultores familiares estará
garantido. A estrada vai trazer
políticas públicas importantes
para os agricultores”, reforça
a presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Santarém, Ivete Bastos.
A sindicalista lembra
que a pavimentação das duas
rodovias era um sonho antigo. “Fizemos paralisações,
abaixo-assinados, reuniões e
peregrinações por gabinetes
em busca dessa realização.
Estamos suportando a poeira, mas sabemos que agora a
obra vai sair.” Ivete destaca
a participação da população
beneficiadas na fiscalização
das obras e da aplicação dos
recursos.
O secretário Valdir Ganzer lembra que os grupos de
acompanhamento e fiscalização das obras, que estão sendo
constituídos em todo o Estado
a partir de reuniões com as
comunidades e autoridades
municipais, têm como objetivo otimizar os investimentos.
Raimundo Mesquita
destaca que as obras em andamento também beneficiarão
grandes produtores que escoam sua produção para outros
Estados. E usa como exemplo
a pavimentação da Santarém/
Curuá-Una. “Quem precisa
se locomover entre Altamira
e Santarém vai poder fazer
uma economia de cerca de 200
km. Essa obra vai encurtar esse
caminho”, afirma.
Outro importante benefício aos agricultores, segundo
Peba, é a possibilidade de criação de um plano de desenvolvimento rural sustentável.
Sigilo no Çairé
Falta menos de um mês para o Çairé, e até agora
ninguém sabe o que está sendo progaramado.
Os organizadores garantem que a festa vai ser
um sucesso e fazem boca de abiu, não se sabe
o porquê.
Oti na Cosanpa
Oti Santos vai assumir a Regional Baixo Amazonas
da Cosanpa, com sede em Santarém. A empresa
aguarda apenas a liberação da Emater, de onde o
ex-prefeito de Belterra é funcionário. A Cosanpa,
com recursos financeiros do PAC e do governo
do Estado, promete solucionar o problema de
abastecimento de água em Santarém, inclusive
expandido a rede. Há projeto, também, para implantar um sistema em Alter do Chão.
Justa homenagem
Ao inaugurar a reforma das instalações do fórum
de Santarém, a desembargadora Albanira Bemerguy, com muita justiça, lembrou a figura do
saudoso promotor público Nestor Orlando Miléo,
para ela e para todos os santarenos exemplo e
símbolo de competência, humildade, dedicação
e amor ao próximo, notadamente às pessoas
carentes.
4
POLÍTICA
AGOSTO - 2007
Comunidade do Sapucuá recebeu
instalação elétrica, TV e parabólica
No ultimo sábado, 18,
o prefeito Argemiro
Diniz, acompanhado
do presidente da Câmara,
vereador Antonio Odinélio
(Ludugero); do diretor de
patrimônio do município,
Amarildo de Sousa; e do Promotor de Justiça de Manaus,
Lauro Tavares, entregou na
comunidade Lêro de Dentro,
no lago Sapucuá, 1.100 metros
de instalação de rede elétrica,
um televisor e uma antena parabólica para sete famílias que
residem naquele lugar.
Segundo Adalberto Gemaque Amaral, que lidera
aquela comunidade, há muito
tempo as famílias vinham
reivindicando essas necessidades e nunca eram atendidas.
“Nem estou acreditando que
o nosso sonho finalmente
foi realizado e a gente nem
esperava que esses bens fossem entregues pelo próprio
prefeito Argemiro Diniz e
ainda com a presença de outras
autoridades, estamos muito
felizes”, disse, emocionado.
Os comunitários agora poderão assistir a programação em
rede nacional.
Além da entrega dos
bens, o prefeito Argemiro
Diniz reservou um tempo
para ouvir os anseios dos moradores. Na oportunidade, reforçou a importância da união
na comunidade, lembrando
que todos são responsáveis
pelo patrimônio entregue
pela Prefeitura Municipal. “É
da união que sai a força. Da
desunião sai a discórdia, sai a
confusão, a briga e os ressentimentos do atraso. Os países
mais atrasados do mundo
são aqueles desunidos, então
queremos que vocês cresçam
e se desenvolvam porque, a
nós, compete ajudá-los”, recomendou Argemiro Diniz .Os
ribeirinhos expuseram suas
demandas e o prefeito assumiu
o compromisso de viabilizálas o mais breve possível.
Prefeito Argemiro Diniz assinando documento de entrega de 1.100 metros de instalação de rede elétrica, aparelho de TV e antena parabólica
Argemiro, Ludugero e comunitários benefiados do Lero de Dentro
Prefeito anunciando os benefícios para a comunidade
Corrida de motos no Dia dos Pais evidencia hospitalidade oriximinaense
Oriximiná realizou, no
dia 12 de agosto, em
homenagem ao Dia dos
Pais, uma corrida de motos
no Sítio Tucumã, localizado
na zona rural do município.
Motoqueiros dos municípios
vizinhos foram participar da
corrida, e pagaram R$ 20,00
como taxa de inscrição, minutos antes da largada.
O evento acabou sendo a
maior prova de que a rivalidade entre os municípios é coisa
do passado e só permanece nas
brincadeiras entre equipes esportivas. Óbidos, cidade com
tradições culturais fortíssimas,
contou com a participação
maciça da torcida, o que surpreendeu os oriximinaenses
porque, apesar de estar se-
diando o evento, a torcida de
Oriximiná não compareceu.
O resultado é que Óbidos foi
campeã nas duas modalidades
em que competiu: na Categoria Tornado, com Éder Vieira
(Kiko) que, como premiação,
ganhou um pneu, e Darvin,
campeão na Categoria 125,
e que recebeu um capacete
como prêmio.
Os esportistas comemoraram a vitória e a convivência
pacífica ao invés do antigo
bairrismo, que já causou muitos dissabores pela intolerância
injustificada. “Sinto-me honrado em poder representar
Óbidos neste evento, e o que
me deixa mais feliz ainda é ter
sido campeão, pois isso mostra
que apesar de sermos amado-
res, mostramos que sabemos
competir e, o que é melhor,
brincar na paz sem violência
e isso com certeza eleva o
nome de nosso município, é
por essas e outras razões que
sempre recebemos convites
como esses para participar
desses eventos”, falou Kiko.
O casal Wilson e Maydina Florenzano funcionou
como mediador para que
os motoqueiros de Óbidos
participassem da corrida, e
coordenou a equipe.
Todos os participantes elogiaram a iniciativa de
Oriximiná ao promover o
evento, o espírito esportivo e
a hospitalidade com que foram
tratados os competidores de
outros municípios.
Prefeitura entrega material de saneamento na zona rural
A comunidade do Castanhal, no lago Sapucuá, recebeu da Prefeitura Municipal de Oriximiná,
no último sábado 18, sessenta
e seis reservatórios de água e
sessenta e seis pedras sanitárias. Uma solicitação que foi
feita pela comunidade para
melhoria no saneamento básico dos comunitários.
Segundo Elizeu Freitas,
responsável pelo Posto de
Saneamento da Cidade Nova,
cada tanque entregue tem a
capacidade para 100 litros de
água.
Durante a entrega
desses materiais o prefeito Argemiro Diniz esteve
presente e na oportunidade
conversou também com os
comunitários esclarecendo
sobre a importância dos bens
que são entregues e que todos os líderes comunitários
têm prioridade em seu gabinete para tratar assunto da
comunidade.
“Com as pedras sanitárias e os tanques a qualidade de vida na comunidade
vai melhorar principalmente
quanto à higiene sanitária”,
disse o presidente da comunidade do Castanhal, Sandro
de Oliveira.
Além da comunidade
Castanhal foram entregues
também esses mesmos materiais na comunidade Santa
Maria Goretti no Aimim.
Entrega de tanques e pedras sanitárias na Comunidade do Castanho
REGIONAL
AGOSTO - 2007 5
Frente defende gestão integrada da
hidrovia do Tapajós, BR-163 e BR-230
Os deputados Luis
Cunha, presidente,
Alexandre Von, vice- presidente e Gabriel Guerreiro,
relator da Frente Parlamentar
Pró-Hidrovias do Pará, ao
lado de mais 35 deputados
estaduais, estão ultimando
agenda positiva para realizar
uma série de debates com a
população, entidades do setor
produtivo e de navegação,
acerca do potencial hidroviário
do Pará. O primeiro tema é a
hidrovia Tapajós -Teles Pires
-Juruena, em evidência no
Plano Nacional de Logística
de Transportes, instrumento
do governo federal que prevê
ações e ferramentas para incrementar o setor em todo o País,
com foco no desenvolvimento
regional e sustentável. A intenção é apontar ações que contemplem a vocação do Estado,
cujos rios são as estradas naturais. Vários municípios pólos
do oeste do Pará, como Santarém, Oriximiná e Itaituba,
figuram como sede de amplas
reuniões destinadas a viabilizar
o empreendimento.
Para os membros da
Frente, integrada por 38 dos
41 deputados estaduais, a hidrovia do Tapajós tem como
perspectiva a abertura da fronteira agrícola do Pará e Mato
Grosso e pode ser considerada importante opção para
o comércio exterior, com
sensíveis reflexos para geração
Ana Cunha, Valdir Ganzer, Bosco Gabriel, Tetê Santos, Carlos Martins, Guerreiro, Parsifal Pontes, Luis Cunha e Von: todos os partidos estão na luta.
de empregos e surgimento
de novos empreendimentos.
As discussões que envolvem
a implantação do projeto se
estendem há vários anos entre
o Ministério dos Transportes,
líderes indígenas, representantes do poder público e empresas privadas das regiões Norte
e Nordeste de Mato Grosso e
Centro-sul do Pará. Há um
mês, o projeto de Lei do Senado nº 184/2007, de autoria
do senador Flexa Ribeiro, que
inclui a hidrovia do Tapajós no
Plano Nacional de Viação e na
Relação Descritiva do Sistema
Hidroviário Nacional, foi
aprovado e enviado à Câmara
Federal.
“A hidrovia traz importantes benefícios à nossa região
e é mais um caminho para
sanar os problemas de infraestrutura que impedem o
desenvolvimento sócio-econômico do Pará”, argumenta o deputado Luis Cunha,
prevendo uma grande virada
sócio-econômica para toda a
região, com a ampliação de
frentes de trabalho. “É um sonho acalentado e que começa
a tomar corpo. Tudo mostra a
viabilidade, a vantagem competitiva para a região e o estado, e não mediremos esforços
para que se torne realidade
em curto espaço de tempo”,
diz, otimista. Ele defende
a hidrovia como a melhor
alternativa para o transporte
da produção de grãos do Centro-Oeste/Norte do País, que
deve dobrar em pouco tempo
com um aumento substancial
da produtividade por hectare, citando informações da
Embrapa.
O deputado Alexandre
Von lembra que a hidrovia
Tapajós-Teles Pires -Juruena
tem, hoje, apenas 343 quilômetros navegáveis e, para a
navegação livre ao longo dos
1.043 quilômetros - a extensão viável economicamente, é
preciso que o governo federal
tenha vontade política e invista
no projeto. Mas os recursos
previstos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC)
para as hidrovias somam R$
735 milhões, menos de 1,26%
do total previsto em logística.
“Falta visão estratégica para
o transporte hidroviário”,
alfineta.
“A Frente Parlamentar
é uma iniciativa para consolidar o setor hidroviário
como importante ferramenta
de logística de transportes
do país e, em particular, do
nosso Pará”, frisa o deputado
Gabriel Guerreiro, que aponta
a questão ambiental como a
principal aliada das hidrovias,
ao contrário do que pregam os
detratores do projeto. “Nestes
tempos em que a insensatez
ataca os empreendimentos
hidroviários, tachando-os de
agressores do meio ambiente,
é preciso salientar que com o
transporte hidroviário há uma
redução de cerca de 90% na
emissão de gases tóxicos na
atmosfera em relação a outros
modais como o rodoviário,
por exemplo, para um mesmo
volume de carga transportada. Além disso, é da maior
importância manter a mata
protegida, a fim de garantir a
navegabilidade”. De acordo
com o deputado, o País ainda
não acordou para as vantagens
do modal em termos da economia de fretes.
Idéia é conciliar preservação ambiental com desenvolvimento
O Tapajós, afluente da
margem direita do rio Amazonas, tem 851 Km até a confluência dos rios Teles Pires
e Juruena e sua foz, junto a
Santarém, fica a 950 Km de
Belém e 750 Km de Manaus.
A hidrovia, juntamente com
a pavimentação da BR-163
e da BR-230, proporciona
novo cenário de incremento
do fluxo de pessoas, expansão
agrícola e pecuária e dinamização do desenvolvimento
econômico, acreditam os
parlamentares.
Citando estudo feito
pelo engenheiro do Dnit
– Departamento Nacional de
Infra-Estrutura de Transportes, Fred Crawford, o presidente da Frente Pró-Hidrovias questiona: “Se a foz do
rio Amazonas fosse ladeada
por terras indígenas, poderíamos impedir a navegação
de embarcações que demandam o Peru, por exemplo? A
resposta é não, em respeito à
Convenção pactuada entre o
Império do Brasil e a República do Peru, em 1851, que
foi internalizada no País pelo
Decreto imperial n.º 2.442, de
16 de julho de 1859. Tal convenção garante a navegação de
vapores peruanos e brasileiros
pelo rio Amazonas e seus
confluentes. E a navegação
tratada na convenção é a que
se dá ou pode se dar no rio
Amazonas e seus confluentes,
não apenas nos rios compartilhados com a República do
Peru, mas todo e qualquer rio
da Bacia Hidrográfica Ama-
zônica, como o rio Tapajós,
por exemplo. E as convenções
internacionais não são alteradas por revoluções internas
ou mesmo por novas ordens
constitucionais de um dos
convenentes. Se assim fosse,
a base naval norte-americana da baía de Guantânamo
teria sido recuperada pelos cubanos na década de
1960, e a possessão inglesa
de Hong-Kong teria passado
ao domínio chinês no início
da revolução maoísta, assim
como a possessão portuguesa
de Macau”, fulmina.
Para o deputado Luis
Cunha, não se trata de “civilizar tribos selvagens” fazendo
uso da navegação, mas também não se quer que o direito
constitucional de os índios
Alepa vai ganhar TV aberta e está informatizada
O presidente da Assembléia Legislativa,
deputado Domingos
Juvenil (PMDB) anunciou
que a partir do dia 5 de setembro as sessões legislativas
paraenses serão transmitidas
em tempo real pela internet.
O programa “Assembléia vai
a todos”, levará aos 143 municípios do Pará os trabalhos
dos deputados.
Trata-se do primeiro
passo para a implantação
da TV Legislativa, objeto
de interesse de todos os
presidentes de Assembléias
Legislativas do Brasil, que recentemente reuniram com o
ministro das Comunicações,
Hélio Costa. Ficou acertada
a concessão de um canal na
TV aberta para os legislativos estaduais implantarem
suas emissoras de TV. Hélio
Costa deu um prazo de 120
Deputado Domingos Juvenil
dias para a regulamentação
do serviço.
“Teremos que criar uma
Fundação Pública da Alepa
para pleitear imediatamente
esse canal de TV”, declarou o
presidente Domingos Juvenil.
“Com essa decisão, iremos ao
encontro dos anseios da classe
política e da sociedade. Vamos
trabalhar neste sentido de
acordo com o nosso orçamento e capacidade operacional”,
enfatizou o deputado.
O presidente da Alepa vem implantando projeto
de modernização que já está
oferecendo a informatização
do plenário, com inscrição
para apresentação de projetos
de lei e outras proposições
através da intranet. A medida,
além da economia de papel e
de gastos com copiadoras, agiliza os trabalhos parlamentares
e permite agilidade no armazenamento de informações,
que podem ser resgatadas a
qualquer tempo sem necessidade de gastos adicionais.
A atual Mesa Diretora
já reajustou o valor do tíquete
alimentação e da cesta básica
ofertada aos servidores, e o
presidente Domingos Juvenil
estuda a concessão de um
aumento salarial que supere
as perdas acumuladas nos
últimos anos.
se organizarem socialmente
segundo suas tradições, costumes, crenças e línguas se
traduza em isolamento e no
cerceamento do direito de
passagem por águas públicas.
Alexandre Von defende um
eixo do oeste paraense integrado pela Santarém/Cuiabá
e pela hidrovia do Tapajós,
com utilização racional e integrada dos recursos hídricos,
visando o desenvolvimento
sustentável. O deputado prega, ainda, o aproveitamento
da inter e intramodalidade
entre as BR- 163 e BR-230 e
a hidrovia, de modo a externalizar a produção agrícola
para fronteiras nacionais e
internacionais e internalizar
os efeitos positivos gerados
pela exploração dos recursos
minerais e hídricos do Estado.
“É assim que será possível
estimular a geração de oportunidades de investimento,
de empregos diretos e indiretos e efeitos que ampliem
a atividade econômica para
atender ao mercado local e
criar programas e projetos
integrados que formem uma
mesma cadeia produtiva ou
complexo de setores economicamente articulados”,
avalia o parlamentar.
Na nossa região, são
inúmeras as oportunidades
de investimento, como exploração sustentável de produtos da floresta, ecoturismo,
biotecnologia, agropecuária,
agroindústria, exploração
mineral e serviços, destaca o
deputado Luis Cunha, para
quem a gestão ambiental
integrada é fundamental. “A
Santarém/Cuiabá está inserida na denominada Área do
Tapajós – região centro-oeste
do Pará, envolvendo parte
da rodovia Transamazônica
e os municípios de Itaituba,
Rurópolis, Santarém, Novo
Progresso, Trairão, Aveiro,
Jacareacanga, entre outros. É
preciso atentar para a gestão
ambiental integrada, descentralizada e participativa dos
ecossistemas e das áreas urbanizadas no Pará, a fim de que
se garanta a sustentabilidade
dos recursos naturais, a conservação da biodiversidade e
a recuperação de áreas degradadas, bem como a melhora
do padrão de saúde ambiental
da população.
Deputados defendem municípios mineradores
No 8º Encontro Nacional dos Municípios
Mineradores, em Minas
Gerais, no último dia 23, o aumento da Contribuição Financeira pela Exploração Mineral
paga pelas mineradoras aos
municípios, foi o ponto alto
dos debates. Das 80 prefeituras
representadas no encontro, 25
são do Pará, e todas querem
elevar a CFEM, dos atuais 2%
sobre a produção líquida para
4% sobre a produção bruta. A
deputada Bernadete Ten Caten
(PT), presidente da Comissão
de Mineração da Assembléia
Legislativa do Pará, e o deputado Gabriel Guerreiro, líder do
PV, participaram do evento, e
assumiram o compromisso de
defender a idéia.
O evento serviu para
troca de experiências e debate
de alternativas para avanços
socioeconômicos e ambientais
Bernadete Ten Caten
na compensação pela exploração mineral. O movimento
será reforçado pela Associação
Brasileira dos Municípios
Mineradores, no dia 17 de
setembro, em Brasília.
“O lucro da Vale, previsto para este ano, é de R$
22 bilhões. Enquanto isso, a
pobreza no Pará cresce”, observou Bernadete Ten Caten,
afirmando que o Pará tem
muito a aprender com o exem-
plo mineiro. Nas audiências
públicas, antes dos projetos se
instalarem, os municípios de
Minas formalizaram acordos
para garantir programas de
sustentabilidade social, ambiental, econômica, cultural
e educacional. “A descoberta
dos débitos das mineradoras
na ordem de R$ 600 milhões
com o Pará e de R$ 2,6 bilhões
em Minas Gerais, por irregularidades no recolhimento da
CFEM, nos últimos três anos,
detectado em fiscalização do
Departamento Nacional de
Produção Mineral, vai ajudar
os municípios”, comemora a
deputada. Outro ganho foi o
fim do abatimento do custo
de transporte das mineradoras no CFEM. Com isso,
será ampliada a compensação
financeira de Parauapebas em
R$ 2 milhões por mês, segundo a parlamentar.
6
OPINIÃO
AGOSTO - 2007
JOSÉ
WILSON
MALHEIROS
www.wilsonmalheiros.mus.br
As encomendas
A
lô, Franssi. Semana passada, fui ao Aeroporto.
Tive o prazer de encontrar um
amigo que não via a mais ou
menos trinta anos. Quase não
nos reconhecíamos. Os cabelos
enbranquecendo, a barriguinha saliente, a terceira idade
chegando...
Ele vinha de Santarém, com
a mulher e uma filha. Para rememorar os antigos e felizes tem-
pos de Bar Mascote, sentamos
para conversar e tomar – hoje
em dia - refrigerante.
Papo vem, conversa vai e ele
me cutuca: tem muita gente ali
pela nossa região que na década
de sessenta e setenta fez fortuna
graças ao contrabando de ouro.
Vou contar a estória que
corria na boca de todo mundo
à época. É como diz aquele conhecido humorista de televisão:
WALCYR
MONTEIRO
[email protected]
O casamento
É
comum do interior paraense as mulheres lavarem roupa nos rios e igarapés.
Ás vezes formam-se grupos
que reúnem as vizinhas e, ao
mesmo tempo em que vão
lavando a roupa, ou batendo
ou ainda colocando para secar,
vão conversando e sabendo das
novidades, que geralmente não
são muitas, a não ser quando os
maridos vão à sede do município ou quando são visitadas
por alguém. As visitas também
pouco acontecem: parentes ou
poucas amizades que vêm da
capital ou de outro município
vizinho. De qualquer forma, é
uma atividade que promove o
encontro social das interioranas
e a alegria das crianças. Sim,
porque geralmente as crianças
acompanham as mães e para elas
é uma grande diversão banhar-se
no rio ou igarapé ou brincar de
mil e uma maneiras. Só que as
crianças nem sempre sabem dos
perigos das águas e das matas da
Amazônia... Aos poucos, com os
ensinamentos dos mais velhos
e a própria vivência, é que vão
aprendendo que águas e matas
tem seus senhores, que tem
suas leis, que tem seus horários,
enfim, que tem seus segredos...
e que todos tem que ser respeitados, senão...
Maria Auxiliadora da Silveira Leão, mais conhecida por Lia,
é filha de Primavera e é quem
conta a história que segue.
Como de praxe, D. Tercília
foi com os filhos, um menino
e uma menina, lavar roupa no
ADEMAR
AYRES DO
AMARAL
[email protected]
Amante de telefone
A
rmando salta do carro
quase correndo para não
perder a fila do elevador. Arremete atropelando a velha gorda
do sétimo.
-Veja lá como entra!
-Mil desculpas, D.
Reginalda!
Quinze minutos pras seis
da tarde. O ponteiro do relógio
correndo e o elevador desafobado, parando em cada andar.
Finalmente, o dele. Empurra
a porta e atira-se qual possesso
pelo corredor, já arrancando a
gravata. Nervoso, na fechadura,
entra. Vai deixando no apartamento um rasto de pertences
íntimos, ganhando pole position
na porta do banheiro com a
cueca no pé. Olha o maldito
relógio.
-Putz, tenho cinco
minutos.
Entra no chuveiro e deixa-se
ficar por instantes refrescando o
central. Daí a pouco, enrolado
na toalha, entra no quarto.
Roda, no toca-fita, o Bolero
de Ravel e, com todo cuidado,
tira de dentro do armário embutido, a potente luneta. Uma
preciosidade comprada na Zona
Franca de Manaus, que podia
até mesmo distinguir, à grande
distância, um mosquito disfarçado de mucuim.
Apressa no que pode a armação do tripé, porque o ponteiro já se aproximava da hora
combinada. Mira na direção
do luxuoso edifício e inicia a
contagem: terceiro, quarto...
oitavo, nono, décimo andar.
Pára. Ajusta a nitidez da imagem
e gira com precisão o parafuso
do vernier, centralizando o foco
na janela do apartamento.
Exatamente às seis horas,
nem um minuto a mais nem a
menos, a bela figura de mulher
entra na lente do aparelho.
Tira vagarosamente a roupa,
peça por peça, revelando toda
sua nudez escultural. Espreguiça-se, põe também uma fita
e começa a ginástica ritmica,
contorcendo-se e deixando a
quando o povo fala, ou foi, ou
é ou será.
Por via das dúvidas, si non
è vero é bene trovato (pode não
ser verdadeiro, mas é muito
provável que seja).
Na época era costume do
pessoal de Santarém mandar
“por mão própria”, pelos passageiros do avião que fazia a
linha para a capital, as famosas
“encomendas”. Enviava-se farinha d’água, piracuí, e, principalmente, os gostosos tucunarés,
tambaquis, acaris etc.
Vez por outra remetiam
veados, pacas ou outros animais
caçados nas matas vizinhas da
cidade santarena.
O aeroporto de Santarém,
na hora dos vôos para a capital, se
enchia de “encomendas” muito
bem empacotadas em caixas de
papelão ou de isopor, com gelo
dentro.
Em Belém era a mesma
coisa, quando chegava o avião:
as pessoas se acotovelavam para
esperar os passageiros que desembarcavam com as “encomendas”, muitas vezes sem
saber quem era o destinatário.
Em Santarém:
Vai pra capital?... Então
leve pra mim este isopor com
peixe... Sabe como é, né, meu
compadre gosta de um tucunarezinho... Faz tanto tempo que
ele não come um peixinho aqui
da região... Pode deixar, que tem
gente lá na chegada pra fazer
procuração...não tem trabalho...
a gente paga o excesso de bagagem e manda deixar lá dentro do
avião...você só leva o “ticket”....
Mas eu nem conheço
você, meu caro, e nem conheço
o destinatário, também...
Não faz mal, amigo,
essas “encomendas” já são tradicionais por aqui e fazem parte
do folclore local. Se você chega
por lá sem trazer nada os teus
amigos vão achar ruim...
E a fiscalização lá no
aeroporto de Belém?
Que nada, amigo, o
pessoal já está acostumado e a
polícia nem olha mais... Eles já
sabem que é comida regional...
No aeroporto da capital:
Vem de Manaus?...
Não, senhor, de Santarém.
Sabe quem vem
trazendo uma encomenda
para... (dava-se o nome do
destinatário)
Que encomenda?
Um isopor cheio de
comida, com gelo...
Ah! Sim, o portador
sou eu... Aqui está o “ticket”.
É só retirar o pacote... Já veio
despachado...
Muito obrigado,
amigo!
Meu prezado leitor, talvez
você vá ter uma surpresa.
Na maioria das vezes, a
“encomenda” fraterna, segundo falavam, trazia muito bem
escondido, dentro da boca dos
peixes gelados, dentro isopor,
nada mais nada menos do que
cem, duzentos, quinhentos
gramas de ouro... Sim, o-ur-o... Ouro em pepitas ou em
pó.
Some grama por grama, peixe por peixe, ano por ano e veja
quantas toneladas de ouro foram
contrabandeadas de Santarém e
do país, nas ventrechas saborosas
dos pirarucus, nas bocas dos
tambaquís e tucunarés, nos estômagos das pacas e veados.
Muita gente enriqueceu
por conta da gentileza dos inocentes transportadores dessas
“encomendas”, gostosas que,
vistas do lado de fora, pareciam
espalhar a fraternidade via aérea,
mas na realidade não eram tão
inocentes, assim.
Rio da Pedreira, nos campos de
Mirasselva. E lá ficou entretida
em seu trabalho, enquanto os
filhos brincavam. Completamente absorvida em sua faina,
não reparou o que acontecia
com o casal. Somente quando a
menina gritou, chamando-a, é
que D. Teca – como atende D.
Tercília – virou-se e verificou
que apenas a menina estava ali,
o menino havia desaparecido. D.
Teca inquiriu a menina.
- Onde está o teu irmão?
- A mulher levou ele....
- Que mulher? Que história
é esta?
- Foi, mamãe... Nós estava
brincando e banhando rio mais
abaixo, prá não atrapalhar seu
trabalho, quando surgiu uma
mulher no rio e chamou a gente!
Eu não fui, mas sabe como é
o mano, né? Ele foi... Ela me
chamou também, mas eu fiquei
com medo... Não sei por que,
mas fiquei com medo... Ela era
bonita e estava rindo...
- Mas que negócio é este?
Que mulher? Não tem nenhuma mulher aqui...
- Mas já lhe disse... Ela apareceu no rio e chamou a gente.
Ela era muito bonita e estava
achando graça e nos chamava
prá gente ir lá com ela...
- Ir lá aonde, menina? Perguntava D. Teca já se
desesperando.]
- Lá onde ela estava, no
meio do rio... eu fiquei com
medo... o mano foi e...
- E aí, o que aconteceu?
- Ele deu a mão para ela e os
dois sumiram no rio...
- Não é possível, não é
possível.
D. Teca saiu procurando o
menino rio acima e rio abaixo e
nada. Procurou na mata próxima
e não encontrou seu filho. Correu à sua casa, avisou os vizinhos
e foram todos ao local, onde
realizaram uma grande busca...
e igualmente nada.
Depois de vários dias de
procura sem resultado, aconselhada por amigos e vizinhos, D.
Teca resolveu procurar o pajé
do local.
Em lá chegando, após contar
o caso, D. Teca viu o pajé concentrar-se e, em seguida, com
voz grave, dizer-lhe: - Seu filho
está encantado no fundo do rio.
A mãe do rio se agravou dele e
encantou ele.
- E o que devo fazer? Perguntou, nervosa, D. Teca.
- A senhora não tem muita
coisa a fazer, não... Entretanto,
vai ter uma oportunidade para
seu filho ser desencantado... Mas
tem de ser feito como eu digo!
- Diga, diga o que devo
fazer, que farei...
- Mas não é a senhora que
tem de fazer. Olhe, se acalme e
me ouça com atenção. Como já
disse, o curumim foi encantado
e agora vive no fundo do rio...
Mas só quem pode desencantar
ele é a madrinha. Ele vai aparecer encantado na forma de uma
cobra, uma pequena cobra, na
casa de vocês. A madrinha dele
deve estar lá. Quando ver a
cobra, deve jogar em cima dela
o pano com que o curumim foi
batizado. A cobra não vai se mexer. Então deve cortar o rabo da
cobra. Se isto for feito tal como
estou dizendo, o seu filho será
desencantado!
D. Teca saiu da casa do pajé
direto para a casa de sua irmã,
que era a madrinha do menino.
Lá contou tudo o que acontecera, convidando-a para ir passar
uns tempos em sua casa, até a
cobra aparecer e poder realizar
o desencante.
A irmã de D. Teca aceitou de
imediato o convite. Procuraram
o pano usado no batismo e encontraram. E ficaram no aguardo dos acontecimentos...
E lá um dia... não demorou
muito, mas... quando menos
esperavam eis que... Mas faltou
dizer ainda que a madrinha do
menino fizera uma autêntica
preparação. Vivia com o pano
de batismo do menino seguro
na sua vestimenta, bem como
estava com uma faca sempre por
perto. Não queria que, quando
a cobra aparecesse, ela estivesse
desprevenida, mesmo porque o
pajé dissera que haveria única
oportunidade.
E lá um dia... não demorou
muito... quando menos esperavam, eis que uma cobra, tal
como o pajé dissera, aparece para
a madrinha do menino, bem no
meio da sala. Não era uma cobra
grande, pelo contrário, devia ter
no máximo uns sessenta centímetros. Mas a madrinha, como
se estivesse hipnotizada, ficou
olhando a cobra atravessar a sala,
sair pela porta da rua em direção
ao mato da frente e sumir, sem
que conseguisse se mexer, quanto mais lançar o pano de batismo
do menino em cima da cobra e
ainda corta-lhe o rabo...
O menino não apareceu
até hoje.
Dizem os moradores do
local que se encontra encantado,
em forma de cobra, no fundo do
Rio da Pedreira...
sensualidade tomar conta do
seu corpo.
Pele morena, cabelos lisos
e negros, muito mais pra dona
que pra menina. Linda de tudo.
Bunda de fazer inveja a muita
cocotinha musculosa, peito rijo
e firme apontando para o sol
das manhãs. Levada à exaustão
depois da demorada ginástica,
joga-se na cama pingando suor
e vira o belo traseiro na direção
da janela. Armando chega no
zoom e apanha o detalhe mais
de perto. Sem despregar o olho,
apanha o telefone estrategicamente colocado e disca. Vê
Salete levar a mão preguiçosa
e atender.
-Armando...
-Alô, meu tesão!
Fazia três meses essa cerimônia. Armando beirava os
quarenta e cinco anos, por aí.
Idade que ele sabia disfarçar
tanto quanto qualquer mulher nessa fase. Caminhadas
na praça, academia três vezes
na semana, sauna e vitaminas. Enfim, coroão de não
se jogar fora. Funcionário
antigo do Banco do Brasil,
ganhava o suficiente para ir
levando. Transava pouco,
imaginava muito. Raramente
saía. Vez por outra derrubava
uma baiana da madame Dulce, ali na discreta alameda
da Sudam. Coisa mecânica,
mera troca de óleo. Pagava
direitinho. E bem. Na pensão, cliente de primeira com
certas regalias. No emprego,
era tido como garanhão, alvo
de comentários.
-Nada, eu, hoje, só faço
aplaudir...- e dava um sorriso
meio comprometedor.
-Quê-que é isso, seu Armando, solteiro, grana no bolso... deve comer Belém inteira.
Antes assim, melhor que
ser confundido com alguma
bichona de meia-idade. A luneta
foi a solução que caiu do céu.
Com tão poderoso alcance, ele
passou a vasculhar a cidade.
Levou Belém pra dentro do seu
apartamento, da sua solidão. Via
de tudo. Cenas de carinho, de
desamor, tapas, o diabo. E, há
três meses, por acaso, deu de
olho na ginástica da Salete.
Um dia, numa bela manhã
de sábado, passa na porta do
prédio onde a bela morava.
Conversa com o porteiro, molha a mão dele e recebe a ficha
completa: Salete era casada, séria
e honestíssima.
-Bote honesta nisso,
doutor!
-D.Salete é a melhor mulher de Belém- comentou o
moleque lavador de carro, que
ouvia a conversa.
Pra chegar no telefone foi
um pulo. Depois de um mês
não resistiu, ligou.
-D.Salete, meu nome é
Armando, a senhora não me
conhece, eu...
Contou a verdade sem nada
esconder. Derreteu-se mais do
que vela em dia de finados. Debulhou-se. Nem deu conta do
quê e do quanto falou. No fim,
após um silêncio desesperador,
ouve:
-Liga amanhã.
Assim, passados três meses,
o papo já tinha evoluído pra
pura sacanagem. Apenas isso,
nada mais.
-Oi, meu tesão!
-Salete, não dá mais, não
está dando pra agüentar...
-Bem, vai que eu já tô
indo.
-Porra, Salete, não é isso!
Insiste.
-Eu preciso te ver, te
pegar...
-Não! Isso não!
-Salete, vê se entende, masturbação na minha...
Ia dizendo a palavra “idade”,
mas conserta:
-Masturbação não faz bem
pra saúde... eu estou há três
meses...
-Não posso, Armando, sou
mulher honesta!
-Ah, se você visse minha
parede... tem pena de mim.
-Não dá, Armando, não vou
trair meu marido.
Aí ele foi fatalista:
-Qualquer dia eu ainda
cometo uma bobagem.
Reforçou:
-Você sabia? Sabia que paixão mata?
-Armando, eu hein, pára de
besteira.
-Juro, ainda me jogo aqui de
cima, deixo bilhete!
-Meu Deus, Armando, que
drama...
-Pense, um escândalo e você
nunca mais sai na coluna do
Isaac Soares.
Depois de tanto puxa-encolhe, lenga-lenga, a colunável
reluta, mas acaba cedendo.
No outro dia, às cinco da
tarde, depois de passarem a
chuva no motel, o feliz Armando encosta o carro na Batista
Campos.
-Eu fico aqui pra não dar na
vista - ela diz.
-Amanhã, de novo?
-Nunca mais!
-Ahn? Como é?
-Isso mesmo que você acabou de ouvir. Nunca mais!
Armando agarra-se nela,
chora, beija-lhe as mãos, suplicante, como se fossem as do
arcebispo.
-Mas por quê? Por que!?
A resposta inesperada o
atingiu como um raio.
-Sabe, Armando, meu marido transa melhor do que você.
-Quer dizer que acabou?
Acabou tudo?
-Não, seu bobinho, na cama
meu marido é melhor, em
compensação...
-Em compensação...
Salete respira fundo.
-Bem... no telefone você é
insuperável.
Sai, dá a volta e abaixa-se até
a janela do carro. Acaricia-lhe
a fronte com ternura e sapeca
um longo beijo de despedida.
Segreda:
-Quero que você seja meu
amante de telefone.
Armando está perplexo.
-Amanhã, liga na mesma
hora. Estou molhadinha só de
pensar...
ATUALIDADES
AGOSTO - 2007 7
Criatura ataca banhista em Óbidos
O pescador Miracildo Cerdeira Vieira, 21 anos,
viveu uma história fantástica ao ser atacado
por um ser encantado que tentou levá-lo para
as profundezas do rio Amazonas. Pelo menos
é o que ele não cansa de repetir.
C
onta o rapaz que resolveu aproveitar o último
dia 12, um belo domingo de
agosto, para passear com a
família na praia no “Porto de
Cima”. E assim levou mulher,
enteado, sogra, cunhado, sobrinhos e aparentados para o
convescote. Tomou logo umas
doses de cachaça para “começar os trabalhos” e resolveu dar
um mergulho para refrescar.
Só que sumiu da vista de todos
e, depois de dez minutos, a
família começou a entrar em
pânico, achando que ele tinha
morrido afogado.
Pediram ajuda e, numa
bajara (embarcação de pequeno porte) foram atrás de
Miracildo, que localizaram
no meio do rio, levantando
os braços desesperadamente,
antes de afundar. Cunhado e
sobrinho nadaram em direção
a ele, que estava desmaiado,
pegaram-no pelo cabelo e o
arrastaram até a praia.
Ao voltar a si, Miracildo
deixou todos de cabelo em pé
ao contar sua aventura: “Ao cair
na água, um ser muito peludo,
de mais ou menos 1 metro e 80
centímetros de altura, trançou
uma espécie de rabo na minha
perna, foi me arrastando e eu
relutando com ele. Nessa luta
ele ia para o meio do rio e dizia
nitidamente: ´vou te levar...,
vou te levar...`. Até que consegui me desprender e as forças
só deram para pedir socorro
levantando os braços. Daí,
não lembro mais de mim”,
disse Miracildo, que capricha
na entonação para destacar
os momentos de terror que
diz ter vivenciado, atracado
à estranha criatura, em luta
pela vida.
A família tratou de levar
o jovem pescador para ser
benzido por um curandeiro,
que vaticinou na hora: “Essa
história é pura verdade. Você
teve é muita sorte, porque lá
nesse ponto do rio é o encante
de uma Guariba-Amboia, e
ainda vai sumir mais gente lá
se não tiverem cuidado. Não
volte mais naquele lugar”,
disse o curandeiro, que receitou uns “banhos” e garrafadas
em Miracildo para afastar a
assombração.
A história parecia ter
acabado por aí, mas a notícia se
espalhou e a mulher de Miracildo foi entrevistada na Rádio
Comunitária Sant’Ana, para
alertar a população para tomar
cuidado com o monstro. No
ar, a rádio recebeu a ligação de
uma senhora garantindo que
essa mesma criatura já tinha
atacado o marido dela, mas ele
tinha conseguido sobreviver.
Miracildo jura de pés
juntos que foi Deus que
o salvou, do fundo do rio.
“Quando as pessoas ficam do
que aconteceu comigo, não
acreditam. Mas eu vi e lutei
com bicho.”. E quem quiser,
que conte outra, como diria
Monteiro Lobato.
Apesar do relato dos nativos, não há registro científico da existência da criatura lendária descrita, apenas dos macacos
Ciência não registra Guariba-Amboia
A origem do nome vem da língua tupi-guarani. “Guár - ayba” (guariba) quer dizer indivíduo feio e ruim.
Os macacos Guaribas são corpulentos
e ágeis. Têm cabeça maciça, queixo
barbado, principalmente nos machos
velhos cujo pescoço se avoluma em
demasia, devido ao osso característico.
A cauda (considerada como quinto
membro) apresenta uma musculatura
desenvolvida, e sua porção inferior da
ponta é desprovida de pêlos e dotada
de grande sensibilidade.
Pesam em média 7 quilos e
estão entre os maiores primatas das
Américas. Vivem aproximadamente
20 anos em vida livre. Os machos
são avermelhados e brilhantes com
reflexos dourados. Já as fêmeas têm
coloração castanha muito escura,
quase negra. O ventre e o peito são
regiões de poucos pêlos. Além destas,
os machos apresentam cabeça mais
desenvolvida acompanhada de um
“cavanhaque”.
Seu hábitat costuma variar,
de florestas montanhosas tropicais
úmidas a vegetação mais aberta como
a caatinga, cerrado, babaçual ou de
araucária. Gostam muito de matas
densas, e que geralmente estejam próximas de rios ou de lugares úmidos.
Não se entusiasmam com áreas secas
e próximas do homem.
São quietos, preguiçosos e
mansos. Seus gritos aterrorizantes,
especialmente durante a manhã,
fim da tarde ou quando molestados,
são ouvidos até a 5 Km de distância.
A maior parte do tempo ficam no
alto das grandes árvores, descendo
apenas para tomar água e atravessar
rios. Devido a isto, antigamente, os
naturalistas acreditavam que eram
incapazes de andar no chão.
Dizem que costumam dar pauladas nos infratores e em animais que
os maltrate.
Alcoa ganha prêmio por arquitetura sustentável em Juruti
Graças ao uso de materiais nativos e de baixo
impacto ambiental,
o projeto da Alcoa em Juruti
foi premiado no quarto concurso de arquitetura corpora-
tiva organizado pela empresa
brasileira Flex Eventos. O
arquiteto Márcio Mazza recebeu o prêmio na categoria
de edificações sustentáveis.
A unidade de mineração de
bauxita reúne cerca de 30
edifícios com 1.400 metros
quadrados de superfície construída. Os prédios incluem as
instalações da empresa e uma
série de centros comunitários.
Entre outros materiais, foram
utilizados tijolos produzidos
seguindo o método tradicional
dos povos indígenas da região,
com processo de secagem ao
ar livre.
O presidente da Alcoa
na América Latina, Franklin
L. Feder, entregou à Prefeitura de Juruti dois caminhões, destinados para a
coleta e compactação de lixo
da cidade, no valor de R$
640 mil. A doação faz parte
dos recursos destinados na
Agenda Positiva para contribuir com a limpeza pública e
o saneamento.
"Trilha da Excelência" leva a recorde na segurança da produção
Empregados da Alcoa
e de empresas contratadas para atividades
na área do porto e do beneficiamento participaram de um
diálogo diário de segurança
especial e um almoço, em
comemoração à superação da
marca de cinco milhões de
homens/hora trabalhadas em
total segurança na Mina de Juruti. A meta, agora, é alcançar
dez milhões de HHT.
“O único momento
em que podemos atuar pela
prevenção contra qualquer
incidente é o dia de hoje. Esse
é o nosso desafio: vencer o
presente. As cinco milhões
de homens hora trabalhadas
comprovam a nossa capacidade de vencer esse desafio”, disse Nilson Souza,
vice-presidente de Produtos
Primários da Alcoa América
Latina.
VICENTE
MALHEIROS
DA FONSECA
[email protected]
Carlos Gomes e o marcapasso
N
a edição de maio/2003,
escrevi neste jornal um
artigo sob o título “JOSÉ
AGOSTINHO, CARLOS
GOMES, VILLA-LOBOS e
WILSON FONSECA”, onde
narrei sobre curiosos encontros musicais ocorridos entre
esses quatro gênios da música
brasileira.
Retorno ao tema, com
novas informações que ilus-
tram os contatos pessoais
entre meu avô José Agostinho
da Fonseca (1886-1945) e o
Maestro Carlos Gomes (18361896), falecido em Belém.
Em longas e proveitosas
conversas com meu tio e padrinho Wilde Fonseca (Maestro Dororó, 87 anos), que
veio a Belém para implantar
um marca-passo, agreguei aos
fatos, que me foram transmiti-
A Alcoa tem incentivado
os empregados a ações seguras
por meio de um programa
de reconhecimento ao bom
desempenho em saúde, segurança e meio ambiente, o
“trilha da excelência”. Todo
mês, as equipes com maior
número de comportamentos
seguros são reconhecidas e
premiadas. No mês de julho,
a equipe do encarregado de
produção da Camargo Corrêa,
Edmilson Araújo, foi a vencedora. “A equipe se destacou
como a que fez mais sugestões
para eliminação de riscos, não
apresentou qualquer violação
e acidente com lesão e foi a
que mais reportou quaseacidentes.” afirmou Paulo
Rodrigues, superintendente
de Segurança da Alcoa Mina
de Juruti.
Outro fator que contribui muito são as campanhas
promovidas nos locais de trabalho. Uma delas, a campanha
“mãos protegidas”, que tem
conscientizado os trabalhadores sobre os cuidados com as
mãos e dedos, que são as partes
do corpo mais comumente
envolvidas nos incidentes em
obras.
Maurício Macedo, gerente de Sustentabilidade e
Assuntos Institucionais da
Alcoa Mina de Juruti, diz que
“a meta deve ser diária e o
esforço individual, para que a
pessoa faça um compromisso
consigo mesmo para não se
acidentar”, acrescentando
que, para isso, a equipe de
segurança vai buscar amadurecer as ferramentas de
prevenção a incidentes e
ampliar os programas de
conscientização, através de
treinamentos educativos e de
comportamento seguro.
dos por meu pai (Wilson Fonseca, Maestro Isoca), outras
informações preciosas sobre
os encontros musicais de meu
avô e o maestro campineiro.
Esses contatos pessoais ocorreram tanto no Conservatório
de Música, então dirigido por
Carlos Gomes, em Belém,
como nas ocasiões em que o
grande maestro brasileiro visitava o Instituto de Educandos
Artífices (depois, Instituto
Lauro Sodré), onde meu avô
estudou. E não há dúvida de
que José Agostinho da Fonseca, então com 10 anos de
idade, participou das exéquias
do Maestro Carlos Gomes,
em setembro de 1896, na
capital paraense, na condição
de membro da famosa Banda
de Música do Instituto de
Educandos Artífices. Além
das narrativas de meu saudoso pai, confirmadas por
meu tio Dororó, louvo-me
das informações de Vicente
Salles e Clóvis Moraes Rego,
com os quais conversei sobre
o assunto. Aquele Instituto era
considerado um dos principais
estabelecimentos de ensino,
no gênero, no Brasil, onde
lecionavam professores especializados na Europa. Por isso,
o destaque no cortejo fúnebre
de Gomes.
No livro “Carlos Gomes no Pará” (Clóvis Moraes
Rego), L & A Editora, 2004,
UFPa, que me foi ofertado,
com dedicatória do próprio
autor, há diversas evidências da participação destacada
da famosa banda de música
daquele Instituto, inclusive
com fotografias, que revelam
a magnitude e a autêntica
apoteose das homenagens
fúnebres a Carlos Gomes, em
Belém. Por isso, meu avô ja-
mais esqueceu do memorável
e histórico evento, narrado
para seus filhos.
Esse fato deve ser motivo não apenas de orgulho para
nós, seus descendentes, como
também dever que temos de
preservar a memória de nossos
ancestrais.
O tio Dororó me confessou que jamais havia assistido alguma ópera ao vivo. Já
ouvira muitas e sua preferida
era justamente “O Guarany”,
de Carlos Gomes. Cuidei
então de levá-lo ao Theatro da
Paz, onde se realiza o excelente
Festival de Ópera da Amazônia. Embora convalescente da
recente cirurgia cardíaca, meu
tio conseguiu realizar um velho sonho. Aceitou o convite e
lá fomos nós ao teatro, acompanhados de familiares. Diante de nós, a mais conhecida
ópera do famoso compositor
paulista, cuja abertura é tocada
no início da “Voz do Brasil”,
nas estações de rádio. A produção foi magnífica. Depois
da récita, fomos jantar e encontramos o regente da ópera,
Maestro Roberto Duarte,
carioca, membro da Academia
Brasileira de Música, que nos
revelou ter conhecimento e
bom conceito da obra musical
de meu pai.
Ainda no hospital, entreguei ao tio Dororó as partituras
de arranjos que escrevi para a
primeira e a última composição musical de meu avô: “Idílio do Infinito” (1906), para
Quinteto de Sopros; e “Ave
Maria” (1938), para Quarteto
de Cordas. Retornei para casa
e compus o chorinho “Marcapasso” (Duo para Flauta
e Piano), que lhe dediquei,
por sugestão de minha irmã
Conceição.
8
AGOSTO - 2007
61 anos do círio fluvial
noturno de Santo Antonio
FOTOS: PE. ELÍSIO GAMA
Oriximiná comemorou neste mês de agosto, 61 anos de sua festa
maior, o Círio Fluvial Noturno de Santo Antônio, cuja
primeira celebração foi no dia
04 de agosto de 1946. Naquela data histórica, a imagem
do Santo foi conduzida em
uma canoa de 30 palmos que
pertencia ao Sr. José Vicente
Calderaro (Carapina), guiada
por oito bons remadores. A
procissão foi acompanhada
pelo barco a motor Urucari
- na época, o único barco desse tipo que existia na cidade
pertencia ao antigo SESP, hoje
Secretaria de Saúde Pública
-, algumas lanchas a vapor e
canoas de vários tamanhos,
todos enfeitados com bandeirinhas e tochas para iluminar
o percurso. Nos primeiros
Círios era comum a presença
de canoas enfeitadas com fitas
e bandeirinhas de papel de
seda coloridos.
A animação na praça
era de responsabilidade do Sr.
Pedro Martins, que apresentava Jazz no Coreto da Praça,
além de variado repertório
de músicas populares que
animavam o ambiente, lembram as professoras Etelvina
Queiroz e Maria Salete Soares,
que resgataram a história do
Círio, em extenso trabalho de
pesquisa.
Hoje, a romaria é acompanhada por barcos iluminados que oferecem um espetáculo de luz, cor e magia sobre
as águas escuras do caudaloso
Trombetas. As barquinhas coloridas e iluminadas, fabricadas em Aninga e papel de seda
multicor, confeccionadas pela
comunidade escolar e pelos
romeiros, iluminam a extensão do rio durante o cortejo.
São milhares de pontos de luz
que espelham as águas, como
as estrelas reluzem nos céus.
Antigamente, as barquinhas eram cuias com velas
que marcavam o caminho e
levavam os pedidos de bênçãos, escritos pelos fiéis, em
pequenos papéis. Contam
os historiadores que a idéia
surgiu após a queda acidental
de um balão nas águas do
Trombetas que, por possuir o
fundo de papelão grosso, ficou
a flutuar iluminando o rio.
Nos anos posteriores, com o
restante de madeira que sobrava do forro do Salão Paroquial,
foram confeccionadas 500
barquinhas. Cada barquinha
levava uma vela acesa dentro
de um balão de papel de seda
colorido, e eram espalhadas no
início da procissão fluvial. O
efeito visual é de uma cidade
flutuante se aproximando da
A balsa conduzindo a imagem de Santo Antônio, com alegoria reproduzindo a igreja Matriz
Fogos de artifício, um show à parte na chegada da romaria
Fervor da multidão acompanhando a procissão do padroeiro
Em frente à igreja especialmente decorada e iluminada, a missa em louvor ao santo padroeiro
Preparação para a chegada da berlinda e missa campal
orla de Oriximiná.
O cortejo do Círio
de Santo Antônio é orientado
por uma balsa que conduz a
berlinda com a imagem de
Santo Antônio, especialmente ornamentada para a ocasião, acompanhada por outras
embarcações decoradas com
bandeirolas coloridas e efeitos
luminosos. Com a chegada
dos barcos ao cais, o santo é
saudado com as buzinas dos
barcos, show pirotécnico e
uma multidão que espera a
imagem do padroeiro com
aplausos, cantos religiosos e
bandeirolas. A emoção toma
conta dos fiéis, que agradecem
graças recebidas e encomen-
dam novas promessas. Começa a procissão terrestre que
vai até a Igreja Matriz, onde é
celebrada a Missa.
O Círio de Santo Antônio é uma das maiores manifestações de fé do Oeste
do Pará. E Oriximiná já se
destaca pela singularidade
da expressão cultural de sua
população.
A devoção pelo padroeiro começou a ser celebrada
com pequenas procissões
terrestres que aconteciam do
dia 1º até o dia 15 de agosto,
anualmente. Nesse período,
diariamente, a imagem do
Santo saía da casa de uma
família da comunidade até a
A multidão se aglomerou para assistir às apresentações culturais na praça de Santo Antonio
Detalhe da decoração da berlinda, com flores regionais
Igreja Matriz, onde se realizava trezenas e ladainhas em
louvor ao santo. Somente a
partir de 1946, o Círio deixou
de ser terrestre e passou a ser
fluvial.
Como todos os anos, a
prefeitura de Oriximiná participa de forma ativa na programação do Círio do padroeiro
do município, assim como na
ornamentação da cidade e no
patrocínio dos fogos, um dos
momentos mais esperados do
evento.
Este ano a Prefeitura
investiu mais de R$ 100 mil,
através de um convênio firmado com a igreja católica
para atender as necessidades
do evento. “O Círio de Santo
Antonio, além de ser uma
tradição de Oriximiná, tem
uma particularidade que o
torna único, sendo fluvial e
noturno”, disse Argemiro
Diniz, prefeito de Oriximiná,
satisfeito em colaborar com
as festividades do padroeiro,
todos os anos, durante 15 dias,
iniciando no primeiro domingo de agosto e encerrando do
terceiro domingo.
Milhares de pessoas acompanharam o círio de Santo Antonio e participaram dos eventos festivos
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Agosto - Uruá