IV CONALI - Congresso Nacional de Linguagens em Interação
Múltiplos Olhares
05, 06 e 07 de junho de 2013
ISSN: 1981-8211
POESIA E IDENTIDADE JUVENIL
Ana Paula de Almeida Santos SAMPAIO (UEM)
Introdução
Até meados do século XX estudos da literatura voltados ao público juvenil praticamente não
existiam, mas a partir de então a literatura juvenil vem crescendo e buscando legitimidade cultural.
Temáticas voltadas ao leitor jovem, antes inseridas na categoria de literatura infantil, hoje vão ao
encontro de um leitor interessado e crítico. Assim, na contemporaneidade já é possível perceber o
grande número de obras destinadas especificamente para os jovens, principalmente pela grande
ampliação do mercado editorial.
O leitor jovem tem uma compreensão mais elaborada, consegue uma abstração maior, é um
leitor crítico, pois já alcançou uma maturidade afetiva e intelectual. Dessa forma, esse leitor busca
na literatura desafios, emoção, busca o conhecimento de si mesmo e do Outro.
Com relação à produção poética juvenil, os estudos são mais escassos ainda, talvez por sua
linguagem altamente imagética, subjetiva. A linguagem poética é diferente das demais, ela própria
sugere uma realização visual e vocal de signos linguísticos que estão carregados de significados não
linguísticos. Na linguagem poética, predomina o valor conotativo das palavras que passam a
significar aquilo que os sons, os ritmos, as inversões sintáticas entre outros elementos sugerem.
Considerando as ideias acima, este artigo tem como finalidade analisar o poema Minha
bicicleta, de Sérgio Caparelli e um poema sem título, de Bartolomeu Campos de Queirós com o
intuito de identificar os elementos formais e temáticos que os identificam como uma poesia juvenil.
Pretende-se também arrolar uma lista de autores e obras que se caracterizam como produções
voltadas ao público jovem a fim de conhecer o que está sendo produzido na atualidade com relação
a esse gênero.
Para atingirmos tais objetivos dividiremos esse estudo em dois tópicos. O primeiro,
intitulado Poesia e identidade juvenil, abordará algumas reflexões sobre o conceito de poesia
paralelo ao conceito de identidade juvenil. O segundo, A poesia juvenil em Queirós e Caparelli,
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contemplará as análises dos poemas dos referidos autores, com o intuito de identificar suas
características voltadas ao leitor jovem.
1. Poesia e identidade juvenil
O conceito de poesia assim como ela própria, muitas vezes é complexo e talvez seja esse um
dos motivos para que os leitores afastem-se desse gênero. A poesia não se confunde com o verso,
muito menos o verso metrificado. Pode haver poesia em prosa e poesia em verso livre [...] sabemos
inclusive que a poesia não se contém apenas nos chamados gêneros poéticos, mas pode estar
autenticamente presente na prosa de ficção. (CANDIDO, 2006, p.13)
Tavani (1983) afirma que:
A poesia é, com efeito, a forma mais complexa e mais sintética de expressão do
espírito humano, é ou pode ser (ao lado da música) a mais abstrata no sentido
matemático do termo; mas é também a mais direta, a que menos necessita de um
suporte concreto, a mais livre e popular, numa palavra, aquela que na fruição de suas
realizações históricas ou no aproveitamento dos seus potenciais criativos, está ou
parece estar ao alcance de todos. (TAVANI, 1983, p.24)
Ainda com relação ao conceito de poesia, Júdice afirma que “A linguagem comum descreve
o mundo no seu uso cotidiano e a linguagem poética tem suas características a nível de imagem e
formas, como as rimas, a métrica, etc.” (JÚDICE, 1998, p.16) Em suma,
para os autores
mencionados a poesia é caracterizada por fazer um uso diferenciado das palavras e não apenas por
estar expressa em versos, pois, como observaram os autores, a poesia também pode ser encontrada
em prosa.
O jovem leitor pode identificar-se muito com o gênero poético, é possível encontrar nas
poesias juvenis a representação do jovem em suas aspirações, suas emoções e sua relação com a
sociedade. A linguagem poética permite um mergulho na subjetividade, por isso há a possibilidade
do encontro com o Eu. O público alvo da poesia juvenil compõe-se de sujeitos instáveis, cheios de
conflitos e crises existenciais; são sujeitos em busca de uma identidade.
Boaventura de Souza Santos afirma
que hoje as identidades culturais não são rígidas nem, muito menos, imutáveis. São
resultados sempre transitórios e fugazes de processos de identificação. Mesmo as
identidades aparentemente mais sólidas, como a de mulher, homem, país africano,
país latino-americano ou país europeu, escondem negociações de sentido, jogos de
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polissemia, choques de temporalidades em constante processo de transformação,
responsáveis em última instância pela sucessão de configurações hermenêuticas que
de época para época dão corpo e vida a tais identidades. Identidades são, pois,
identificações em curso. (SANTOS, 1993, p.31)
Stuart Hall apud Martha (2010) propõe três diferentes concepções de identidade, ou seja, de
sujeitos. O primeiro é o sujeito do Iluminismo, o qual é um sujeito centrado, unificado, dotado das
capacidades da razão, de consciência; o segundo, denominado por Hall como sujeito sociológico,
apresenta um sujeito consciente de sua dependência e relação com outros sujeitos e o sujeito pósmoderno configura-se pela instabilidade, estado em que se encontram o eu lírico, os personagens e
leitores da obra a ser abordada.
As identidades dos sujeitos pós-modernos estão sempre em transformação, pois a sociedade
também está. Ainda com relação à identidade, Lukács, ao teorizar sobre o romance, afirma que o
mesmo surgiu em um mundo fragmentado, cheio de conflitos e incertezas, mundo este em que o
indivíduo tornou-se problemático: “O indivíduo épico, o herói do romance nasce desse alheamento
face ao mundo exterior. [...] quando a interioridade e a aventura estão para sempre divorciadas uma
da outra.” (LUKÁCS, 2000, p.66,67). O jovem contemporâneo encontra-se em uma sociedade
semelhante ou até mais caótica que o indivíduo do romance, uma sociedade individualista e
fragmentada.
O discurso sobre juventude tomou força após a Segunda Guerra Mundial. Na América, por
exemplo, os jovens eram vistos como uma estranha ameaça ao progresso do país e na Itália, eram
tidos como detentores de poder de uma missão salvadora. Passerini (1996, p.319) pontua que a
década da virada do século foi a fase determinante para a invenção da adolescência, que retoma em
termos psicológicos e sociológicos a ideia da juventude como turbulência e renascimento, germe de
nova riqueza para o futuro, força capaz de aniquilar a miséria do passado. Nesse período a juventude
passa a ser concebida como metáfora de mudança social. Hoje, percebe-se que a juventude é vista
como um perigo à sociedade e a si mesma, ao mesmo tempo em que precisa de proteção e ajuda.
Bianculli (1997, p. 31,39) apud Cademartori afirma que a juventude corresponde a uma faixa etária
que vai dos 15 aos 25 anos. Nesse período, espera-se que ocorra a maturação da personalidade do
sujeito e o início de sua integração na sociedade a que pertence.
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Sendo assim, a poesia tem o poder de integrar o jovem leitor ao meio em que ele vive, pois
segundo (Paz, 1982, p.15) “Poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de
transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza.” Apesar de o leitor em
questão inserir-se em uma época repleta de estímulos visuais e sensoriais, como a televisão, o
computador, a internet, celulares, vídeo games entres outros, a literatura como representação da
realidade não deixa de acompanhar esses avanços. As experiências de leitura de poesia, por
exemplo, estão cada vez mais estimulantes, mediante as temáticas, a linguagem, o projeto gráfico,
podendo, assim, fazer parte do desenvolvimento do jovem pelo prazer. O leitor ao se deparar com o
texto poético poderá produzir leituras significativas.
Conforme Beckett em seu estudo Romance para todos, os escritores para a juventude
contemporânea colocam em discussão as convenções, os códigos e as normas que regem
tradicionalmente o gênero. Eles lidam com os assuntos superando tabus e eles utilizam às vezes de
mais audácia que os autores que permanecem ao lado dos adultos, técnicas narrativas complexas
(polifocalisação, discurso metafísico, mistura de gêneros, final em aberto, intertextualidade, ironia,
paródia).
Com relação à poesia juvenil não se encontram muitos trabalhos, mas assim como a literatura
juvenil em si, apresenta alguns aspectos formais e temáticos que a qualifica como poesia voltada ao
leitor jovem, como a temática, o projeto gráfico, a linguagem, as imagens, etc.
2. Poesia juvenil em Queirós e Caparelli
Neste tópico, pretende-se analisar um poema sem título, de Bartolomeu Campos de Queirós
que integra o livro Diário de Classe e o poema Minha bicicleta, de Sérgio Caparelli, pertencente ao
livro Tigres no quintal objetivando demonstrar que a estrutura, os aspectos linguísticos e o eu
poético dos poemas em questão corroboram para o processo da identidade juvenil e apresentando
assim, elementos que os identificam como literatura direcionada ao jovem.
O primeiro poema a ser analisado, como se afirmou anteriormente, se encontra no livro
Diário de Classe (2003). A obra como um todo remete de uma forma criativa ao ambiente escolar, o
título refere-se à caderneta que o professor anota o dia a dia escolar, como a lista de alunos por
ordem alfabética, o registro da frequência dos mesmos, o registro de conteúdos, avaliações, enfim,
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tudo relacionado a esse universo. O projeto gráfico da obra é significativo, a capa, como pode ser
observada na figura abaixo, apresenta como plano de fundo o alfabeto completo, reiterando a ideia
de ser um diário escolar.
Figura 1. Capa do livro “Diário de Classe”, de Bartolomeu Campos de Queirós
As imagens que ilustram os poemas são em preto e branco, o que já se distanciam do mundo
infantil, são simples, mas bem sugestivas, todas se adéquam ao poema a que se referem. Assim,
antes mesmo de adentrar ao conteúdo do poema, o leitor já pode identificar-se com a obra; as
ilustrações simples, próximas da realidade do mesmo permitem essa identificação com o universo
juvenil. Os poemas são organizados em ordem alfabética, pois toda a obra é composta de poemas
cujo assunto refere-se aos diferentes nomes próprios e o eu poético explora o jogo verbal em todos
eles. Relacionados aos nomes, encontram-se temas voltados ao jovem leitor, tais como amizade,
amor, imaginação, relações familiares, sonhos, cotidiano, desilusão, amor não correspondido,
saudade, oração.
Os poemas se organizam da seguinte forma: do lado esquerdo está o acróstico com o jogo
verbal dos nomes e, do lado direito, o poema. Com essa organização, Bartolomeu Campos de
Queirós brinca com os nomes próprios, retirando deles novos significados e revelando sua
sensibilidade em “ouvir” as palavras: “Se olho para uma palavra, descubro, dentro dela, outras
palavras. Assim, cada palavra contém muitas leituras e sentidos [...] Por isso digo sempre: é a
palavra que me dirige.” (QUEIRÓS, 2003, p.3)
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O poema escolhido para análise, presente na figura abaixo, não tem título, como todos os
outros, e encontra-se nas páginas 14 e 15.
Figura 2 – Poema do livro Diário de classe, de Bartolomeu Campos. p.14e 15
Primeiramente o autor brinca, através do acróstico, com o nome da menina, Carolina, que faz
surgir novas palavras: caro, colina, aro, Carla, Lina, ia, ai, crina e Ana; esses novos vocábulos
tornam-se a base para compor o poema e os nomes próprios convertem-se em figuras poéticas.
Estruturalmente, o poema é composto de quatros estrofes: a primeira estrofe é um dístico, a segunda
um terceto; a terceira um quarteto e a última outro dístico. Os versos possuem métricas irregulares
reforçando a liberdade criadora do autor e a imaginação do leitor.
A sonoridade é presente através das rimas alternadas “Lina/ colina”, da segunda estrofe; as
rimas “colina/ Carolina”, da terceira e das rimas encadeadas “colina / Lina”, também da terceira
estrofe. Candido (1987) afirma que:
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Todo poema é basicamente uma estrutura sonora. Antes de qualquer aspecto
significativo mais profundo, tem esta realidade liminar, que é um dos níveis ou
camadas da sua realidade total. A sonoridade do poema, ou seu “substrato fônico”,
pode ser altamente regular, muito perceptível, determinando uma melodia própria na
ordenação dos sons, ou pode ser de tal maneira discreta que praticamente não se
distingue da prosa. (CANDIDO, 2006, p.23)
O texto não apresenta uma grande variedade de sons, mas os que aparecem ocupam um papel
importante no ritmo e na significação do mesmo. A assonância da vogal “a”, por exemplo, reflete o
ambiente alegre em que as personagens se encontram; da mesma forma que a anáfora da palavra
“onde” no início dos versos sugere um ritmo de brincadeira. Além disso, a aliteração da consoante
nasal “n” auxilia na construção do ritmo, pois como afirma Massaud Moisés em seu Dicionário de
termos, a aliteração exerce uma função de construção e de ritmo. O vocabulário é simples, com a
predominância dos substantivos próprios e a linguagem é bem próxima do universo do leitor jovem.
Assim, todos esses recursos estruturais ligam-se ao conteúdo do poema.
O poema é um diálogo entre o eu lírico e um interlocutor que não é identificado e nele o eu
lírico volta a brincar com as palavras, criando novos vocábulos a partir dos já existentes. Por
exemplo, o nome Lina está contido na palavra Carolina, assim como, onde está presente em
esconde. O texto constitui-se basicamente pelas indagações do eu lírico: “Onde se esconde Carla?/
Onde corre Lina? / Onde anda Ana?” e sua projeções. O tema do texto é a amizade, a cumplicidade
e a busca de si mesmo, pois quando se encontra o Outro, há uma identificação com o Eu. A
juventude é o momento do autoconhecimento e o nome guarda muitas ideias, muitos sonhos; o
nome é a principal marca da individualidade, por isso acredita-se que o poema em questão reflete o
universo do leitor juvenil.
O poema de Caparelli faz parte de uma antologia que reuni autores internacionais e nacionais
incluindo o próprio Caparelli. Este livro apresenta poemas voltados ao público infanto-juvenil e a
escolha do poema Minha bicicleta deve-se ao fato de acreditar-se que o mesmo apresenta elementos
de uma literatura voltada ao leitor jovem. Dessa forma, segue abaixo o poema para análise.
Minha bicicleta
Com minha bíci
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eu roubo a lua
pra enfeitar
a minha rua.
Com minha bíci
dou nó no vento
e até fantasma
eu espavento.
Com minha bíci
jogo o anzol
no horizonte
e pesco o sol.
Com minha bíci
caio e não dói
eu sou um herói.
Com minha bíci
eu vou a fundo
pelas estradas
do fim do mundo.
Com minha bíci...
CAPARELLI, Sérgio. Tigres no quintal. São Paulo, Global, 2008.
O poema compõe-se de seis estrofes, sendo cinco quartetos e um monóstico. E apesar de
apresentar essa quantidade de estrofes, a leitura flui facilmente. Todas as estrofes apresentam rimas
alternadas: “lua/rua”, “vento/espavento”, “anzol/sol”, “dói/herói”, “fundo/mundo” as quais dão
ritmo e musicalidade ao poema. A repetição do primeiro verso “com minha bíci” remete à ideia de
movimento, como se o eu lírico estivesse pedalando em sua bicicleta, recurso que auxilia no ritmo e
enfatiza a velocidade das atividades dos adolescentes, pois sempre estão envolvidos em várias
atividades ao mesmo tempo.
O conteúdo e a linguagem coloquial do poema (bicí, pra) permitem afirmar que o eu lírico é
um jovem que anseia por liberdade e conhecimento do mundo. Utilizando-se da bicicleta, um meio
de transporte muito utilizado pelos jovens e que traz a sensação de liberdade, o jovem sente-se capaz
de fazer tudo, ele é capaz de roubar a lua: “Com minha bíci/eu roubo a lua/pra enfeitar/a minha rua;
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pescar o sol “Com minha bíci / jogo o anzol/ no horizonte / e pesco o sol”; além de sentir-se capaz
de ir a qualquer lugar: “Com minha bíci /eu vou a fundo/ pelas estradas/do fim do mundo.” O eu
lírico reflete muitas situações as quais os jovens passam, como, por exemplo, a bravura e ousadia
que os acompanham: “Com minha bíci /dou nó no vento/e até fantasma/ eu espavento; Com minha
bíci/caio e não dói/eu sou um herói.”
Muitas são as transformações, conflitos e indecisões da juventude, por isso identificar-se
com o eu lírico e com as situações pelas quais ele passa, permite ao leitor uma identificação de
identidade, como se afirmou anteriormente, permite o autoconhecimento. A ilustração, por sua vez,
é uma imagem em preto e branco de uma bicicleta, uma imagem simples, como se fosse desenhada
por um adolescente, corrobora com esse processo de autoconhecimento e autoafirmação.
Todas essas características dos poemas, a estrutura, a linguagem, a temática aproximam o
leitor jovem do texto lido, e assim, como afirma Adorno (2003), a distância estética que antes era
fixa, ou seja, o leitor apenas contemplava os fatos, agora, na contemporaneidade, é encurtada pela
linguagem, pela temática e também pelos recursos linguísticos da poesia que aproxima o leitor
mediante a subjetividade.
À luz do exposto, constatou-se que os poemas de Bartolomeu Campos de Queirós e Sérgio
Caparelli apresentam muitos elementos direcionados ao leitor juvenil e que os mesmos corroboram
no processo da construção de identidade. E para fins de futuras pesquisas segue abaixo uma lista de
obras e autores contemporâneos que produziram poesia voltada para o público jovem:

Os espelhos de Ana Clara, de Mercedes Calvo > Ed. SM

Vagalovinis, de Antonio Barreto > Ed. Autêntica

Galante, de João Proteti > Cortez Editora

Senda Florida, de Francisco Moura Campos > Ed. Dedo de Prosa

Diário da Montanha, de Roseana Murray > Ed. Manati

Aguardados, de Ayssa > Ed. Paulinas

Poemas minimalistas, de Simone Pedersen > Ed. RHJ

Ela tem olhos de céu, de Socorro Acioli > Ed. Gaivota

Amores em pré-estréia, de Neusa Sorrenti > Ed. RHJ

Bestiário, de Gláucia de Souza > Ed. Projeto

Cavaleiros das sete luas, de Bartolomeu Campos de Queirós > Global Editora
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
Poeplano, de Dilan Camargo > Ed. Projeto

Vendo poesia, de Leo Cunha > Ed. FTD

Em tempo escuro, a palavra (a) clara, de José Paulo Paes > Global Editora

Do alto do meu chapéu, de Gláucia de Souza> Ed. Projeto

Poesia do Dia: Poetas de Hoje Para Leitores de Agora, de Mário Bortolotto; et al > Ed.
Ática

Manual da delicadeza de A a Z, de Roseana Murray >FTD

Bicho de sete cabeças e outros seres fantásticos, de Eucanaã Ferraz > Ed. Companhia das
Letras

O poeta e o passarinho, de Ricardo Viveiros > Ed. Biruta

Museu desmiolado, de Alexandre Brito > Ed. Projeto

O incrível bicho-homem, de Elias José > Ed.FTD

Poesia em 4 tempos, de Marina Colasanti > Global Editora

Feito bala perdida e outros poemas, de Ricardo Azevedo > Ed. Ática

Recados do corpo e da alma, de Roseana Murray > Ed. FTD

Tigres no quintal, de Sérgio Caparelli > Ed. Global

Receitas de olhar, de Roseana Murray > Ed. FTD

Ver de ver, de Maria Dinorah > Ed. FTD

Restos de Arco-íris, de Sérgio Caparelli > Ed.L&PM
Considerações finais
O artigo em questão pretendeu analisar a poesia de Bartolomeu Campos de Queirós,
juntamente com a poesia de Sérgio Caparelli e constatou-se que tanto os poemas como todo o
projeto gráfico das obras apresentam características de uma literatura voltada ao leitor juvenil.
Público este que vivencia um momento único em suas vidas, o momento de inserirem-se na
sociedade, momento de aprendizado, de incertezas, de procura. A crise individual permeia o
universo juvenil. Dessa forma, as experiências de leitura de poesia podem oferecer um caminho de
reflexão, conhecimento, alegria, podem oferecer ao jovem leitor uma nova visão de mundo.
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À medida que cada ser humano vai impregnando-se de poesia, a visão se abre, o perceber se
alarga, as vivências se intensificam, os valores se enriquecem. O encontro do leitor com a poesia é o
reencontro do leitor consigo mesmo, numa reintegração de emoções: ritmo, ideias, ideais, beleza,
perfeição se interpenetram e elevam e movem o fruidor. (OLIVEIRA, 1975, p.2)
A riqueza dos poemas analisados está no fato de eles não serem textos com teor pedagógico,
mas sim, textos que permitem ao leitor uma reflexão acerca da sociedade em que vivem, além de
permitir o autoconhecimento. O tema da amizade, do cotidiano e dos sentimentos, a linguagem
simples dos poemas, as estrofes curtas e os versos na ordem direta, atuam como uma forma de
interação entre o leitor e o mundo.
Enfim, observou-se que tanto a poesia juvenil de Bartolomeu Campos de Queirós quanto a
de Sérgio Caparelli constituem-se como uma produção poética significativa e contribuem para a
formação do leitor jovem.
Referências
ADORNO, Theodor W. Notas de Literatura I. Tradução de Jorge de Almeida. São Paulo: Duas
Cidades. 2003.
BECKETT. Sandra L. Romans pour tous? Tradução de Joaquim Francisco dos Santos Neto.
BIANCULLI, Carlos H. Realidad y propuestas para continencia de la transición adolescente en
nuestro medio. IN: CADEMARTORI, Ligia. O professor e a literatura: para pequenos, médios e
grandes. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.
CANDIDO, Antonio. O estudo analítico do poema. São Paulo: 6ª ed., São Paulo: Humanitas, 2006.
CAPARELLI, Sérgio. Tigres no quintal. São Paulo: Global, 2008.
HALL, Stuart (2003). A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva e
Guaracira Lopes Louro. 7. ed. Rio de Janeiro: DP&A. IN: MARTHA, A. A P. Alice ainda mora
aqui:
narrativa
juvenil
contemporânea.
Disponível
em:
http://www.gelbc.com.br/pdf_revista/3602.pdf. Acessado em: 20/02/2013.
JÚDICE, Nuno. As máscaras do poema. Lisboa: Aríon, 1998.
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LUKÁCS, Georg. A teoria do romance: Um ensaio histórico-filosófico sobre as formas da grande
épica. Tradução, posfácio e notas de José Marcos Mariani de Macedo. São Paulo: Duas Cidades; Ed.
34, 2000.
MOISÉS, Massaud. Dicionário De Termos literários. São Paulo: Cultrix, 1999.
OLIVEIRA, A. L. O menino poeta: orientação pedagógica. Disponível em:
http://www.editorapeiropolis.com.br/wpcontent/uploads/2010/06/OMeninoPoeta.pdf Acessado em:
04/03/13
PASSERINI, Luisa. A juventude, metáfora da mudança social. Dois debates sobre os jovens: a
Itália facista e os Estados Unidos da década de 1950. In: LEVI, Giovanni (Org.) História dos
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SANTOS, Boaventura de Souza. Modernidade, identidade e a cultura de fronteira. Tempo Social;
Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 5(1-2): 31-52, 1993.
TAVANI, Giuseppe. Poesia e ritmo. Lisboa: Sá da Costa, 1983.
MALTA, I. Os adolescentes escrevem mal porque são burros, ou são burros porque escrevem mal?.
Disponível em: <www.blogpaedia.com.br>. Acesso em: 30 dez. 2008.
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Mariani et. al. Campinas: Ed. da Unicamp, 1990. p. 61-162.
SADE, L. A. O cibergênero homepage e suas funções sociais e comunicativas. In: SIMPÓSIO
INTERNACIONAL DE ESTUDOS DE GÊNEROS TEXTUAIS – SIGET, 4, 2007, Santa Catarina.
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