MANUAL DE AMOSTRAGEM DE GRÃOS
Apresentação
A amostragem de grãos constitui – se, em nível de armazenagem, na
primeira preocupação a ser considerada por estar relacionada à identificação ou
diagnóstico dos eventuais serviços necessários a serem prestados aos mesmos
como limpeza e secagem além das características técnicas – operacionais
indispensáveis à sua adequada preservação.
Esta operação deve efetuar – se da forma mais cuidadosa possível com a
finalidade de obtenção de uma amostra que, mediante sua análise, indique com
precisão a qualidade real do lote ou partida de grãos seja em sua entrada,
transferência e propriedade, saída ou nas inspeções que porventura ocorram.
Uma amostragem deficiente resultará sempre em resultados errôneos na análise
posterior o que vai impossibilitar o estabelecimento de um manejo adequado para
a perfeita estocagem e conservação dos grãos.
Lembramos, ainda, que erros de análise proveniente de amostragem
deficiente podem representar, ao final da retirada de um lote ou partida de grãos,
uma insuficiência na cobertura de eventuais quebras de peso ocorridas, dentro
dos padrões adotados o que, caso constatada a deficiência técnica – operacional,
certamente reverterá à responsabilidade daquelas pessoas direta ou indiretamente
envolvidas na operação.
Índice
01 – Introdução
02 – Conceituações e objetivos
03 – Equipamentos utilizados
04 – Roteiro para coleta de amostras de produtos a granel
05 – Roteiro para a coleta de amostras de produtos ensacados
06 – Operações posteriores
07 – Precauções e cuidados especiais
MANUAL DE AMOSTRAGEM DE GRÃOS
1. Introdução
A origem (em primeiro plano) dos danos causados ao grão a ser estocado,
encontra – se relacionada ao manejo da cultura, estado de maturidade do grão
forma de colheita e transporte. Assim sendo, os primeiros cuidados a serem
observados para o início de uma atividade armazenadora estariam intimamente
relacionados ao conhecimento da sanidade, teor de umidade e grau de impurezas
do grão.
Desse modo, o procedimento de amostragem relativo a um determinado
lote ou partida de grãos a partir de seu recebimento em uma unidade
armazenadora é um dos pontos de grande importância para o sucesso de seu
armazenamento já que a mesma vai proporcionar o perfeito conhecimento das
condições qualitativas dos grãos no decorrer de sua armazenagem nos armazéns
e silos.
Torna – se por conseguinte, indispensável o estabelecimento de instruções
técnico – operacionais a serem seguidas, visando – se uma uniformização na
obtenção da amostras sempre representativas do original quantitativo total de
grãos, bem como a padronização da classificação para os vários produtos com os
quais trabalhamos.
2.0 Conceituações e Objetivos
2.1 – Amostra é parte, porção, fragmento ou unidade de produto natural ou
fabricado, sem valor comercial e destinada a indicar a sua natureza, qualidade e
tipo.
2.2 – A amostragem dos grãos é a prática que consiste em obter – se uma
porção representativa de um lote ou partida de grãos, objetivando – se o
conhecimento de sua qualidade.
2.3 – A representatividade é conseguida quando a amostra final, obtida a
partir da mistura de pequenas quantidades de grãos retiradas de diferentes pontos
de um lote ou partida, possui todas as características dessa carga amostrada.
2.4 – Esta instrução operacional visa, principalmente, a verificação das
condições dos grãos, para sua comercialização e armazenagem em função da
identificação se suas características básicas.
2.5 – Essas características que orientam a atividade armazenadora são
estabelecidas a partir da determinação, por meio de amostragem efetuada e
através de aparelhagem especializada, do teor de umidade, percentual de
impurezas, sanidade e tipo do produto submetido à análise desde a sua entrada
na unidade armazenadora.
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3.0 Equipamentos Utilizados
Os seguintes equipamentos são usados na amostragem de grãos sob
diferentes circunstâncias e na manutenção da representatividade da amostra
durante o período necessário.
3.1 Caladores simples
São extratores metálicos utilizados para a retirada de amostras em sacaria
de aniagem ou algodão através de simples furação dos sacos contendo produtos
como arroz, feijão, milho, soja, trigo e etc.
3.2 Caladores (sondas manuais)
São extratores metálicos utilizados na amostragem de grãos a granel,
possuem divisões (septos) no seu interior , permitindo a retirada de muitas
pequenas amostras de uma só vez, em várias profundidades, podendo – se
observar a qualidade do produto armazenado nos pontos coletados, são dotados
de dois cilindros, um deles acoplado - se perfeitamente no interior do outro,
possuindo aberturas no sentido longitudinal reguladas pelo movimento giratório do
cilindro interno. Os caladores são os equipamentos mais indicados na obtenção de
amostras na expedição de grãos, seja uma retirada FOB ou transferência interna.
3.3 Sondas Pneumáticas
São equipamentos que retiram as amostras através de sucção dos grãos.
Deve – se observar que o uso desses equipamentos na recepção de grãos não é
permitido já que pode causar erros na amostragem devido à retirada de mais
quantidades de impurezas leves do que deveria e menos impurezas pesadas do
que realmente possa existir. Poderá ser utilizada em fábricas que receba produtos
limpos e secos.
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3.4 Sondas Torpedo
São extratores utilizados para coleta de amostras de produtos a granel a
grandes profundidades e dotados de varetas auxiliares que vão se encaixando
uma na outra pelo sistema de roscas, possuindo, ainda, um terminal para facilitar
a sua introdução no interior da massa de grãos. Tais equipamentos são próprios
para o controle de armazenagem, ou verificação parcial da qualidade de um silo
ou graneleiro.
3.5 Pelicanos
São coletores de amostras de produtos a granel em queda livre (dutos de
descarga) ou na saída dos transportadores como correias transportadoras,
elevadores de caneca, roscas sem fim, os baldes devem ser utilizados para
depósito das pequenas amostras à medida que elas vão sendo retiradas, visando
posterior homogeneização.
Tais equipamentos são adotados como padrão na coleta de amostras de
produtos descarregados em nossas moegas, não podendo em hipótese alguma
ser utilizados outros equipamentos.
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4.0 Roteiro para coleta de amostras de produtos a granel
4.1 Épocas de coleta.
a)
b)
c)
d)
e)
Antes de efetuar – se a pesagem do veículo pré – amostragem
dos grãos, seja ainda na fila de espera ou já no pátio do
armazém. Essa operação dará informações sobre a qualidade do
produto, através de determinações de sua sanidade, teor de
umidade e de impurezas, permitindo escolher o local e/ou moega
onde será descarregado ou optar pela rejeição do mesmo.
Tal procedimento além de facilitar a secagem devido à separação
de produtos de mesma umidade, agiliza o recebimento na
unidade. O equipamento indicado para a pré – amostragem é o
calador.
Durante a descarga nas moegas, será feita a amostragem oficial
utilizando – se o pelicano. A partir dessas amostras depois de
homogeneizadas, faz – se a determinação da qualidade dos
grãos, visando orientar as atividades de comercialização e
armazenagem da filial.
No decorrer do período de armazenamento, deverão ser
realizadas amostragens da massa de grãos a título de inspeção,
objetivando – se verificar o estado qualitativo e fito sanitário do
produto estocado. Para esta atividade deverão ser utilizados
sondas torpedo na coleta de amostras superficial e o pelicano na
coleta de amostras pelas bocas de descarga.
Por ocasião da expedição do produto, deverão ser retiradas
amostras de modo a dirimir dúvidas a posterior quanto à natureza
e características do produto expedido. Se a expedição for de
transferência de filial para filial pode –se utilizar o pelicano
durante o carregamento, todavia o calador é o mais indicado.
Na retirada FOB (em armazéns de terceiros) é obrigatório o uso
dos caladores como instrumentos de amostragens. A coleta de
amostras deve ocorrer depois de completada à carga, forma a
não permitir – se qualquer fraude na mesma.
4.2 Quantidades a Extrair
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Na amostragem propriamente dita (recepção, transferência e retirada FOB)
deverão ser retiradas 20 kg por cada carga no caso do uso de pelicanos ou no
mínimo 12 coletas com uso do calador.
4.3 Procedimento operacional propriamente dita
a)
Na coleta de amostras realizadas durante a retirada FOB, com a
introdução em posição obliqua do calador na massa de grãos, o
esquema de coleta a ser utilizado será determinado pelo
classificador que poderá alternar para cada operação, de modo
ao transportador ou proprietário da mercadoria não saber “a
priori” onde irão ser coletadas as amostras dessa maneira os
pontos de coleta poderão ter diversas distribuições para a
conseqüente realização da operação conforme é demonstrado
pelas ilustrações a seguir:
Esquema “A”
Esquema “B”
Lembra – se que a amostragem com calador deve ser adotada
obrigatoriamente na retirada FOB, sendo recomendado para transferência de filial
a filial.
b)
As amostras relativas à entrada do produto na unidade de
armazenagem, deverão ser coletadas com uso de pelicanos. Tal
coleta se dá durante toda a descarga, com no mínimo três giros
no caminhão (um no início, um no meio e outro no fim da
descarga). No caso de veículos com grande número de bocas de
descarga deve – se procurar coletar em todas elas
alternadamente, e em veículos convencionais, retirar pequenas
quantidades em vários pontos de ambas as laterais do início ao
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término da descarga. Nos caminhões basculantes a coleta á
semelhante à realizada nos caminhões convencionais.
Obs.: A divisão da tarefa de amostragem em três partes distintas na recepção dos
veículos de transporte a granel conforme exposto, diz respeito à importância de
coleta de amostras em várias profundidades da carga, para obtenção de uma
melhor representatividade, já que durante as viagens as impurezas mais leves
tendem a ficar na parte de baixo, além do risco de umedecimento na parte
superior pela ação de eventuais chuvas ou perda de umidade da mesma na época
de clima seco.
c)
No caso de inspeções em silos e possíveis transferência de
propriedade pode – se estabelecer para coleta de amostras os
quatro pontos cardeais e o centro da massa a alturas pré –
determinadas da massa de grãos como mostra e esquema
abaixo:
as amostras podem ser coletadas com sonda pneumática, sonda
torpedo ou mesmo caladores (a preferência por determinado equipamento
será efetuada em função da maior ou menor facilidade e disponibilidade
que o mesmo apresente por ocasião de introdução na massa de grãos).
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neste tipo de amostragem, as amostras devem ser analisadas
separadamente, segundo as diferentes alturas em que forem coletadas
para verificação da existência de possíveis “bolsas” de calor ou umidade.
no caso de armazéns graneleiros ou piscinas, o procedimento é
semelhante, devendo – se apenas aumentar o número de pontos de coleta
e distribuí – los de acordo com o dimensionamento das estruturas
armazenadoras em questão.
d)
Na expedição da umidade para outra filial ou fábrica, as amostras
poderão ser coletadas nos dutos de carregamento com uso do
pelicano ou na própria carga já completa, com uso do calador. Se
for utilizado o pelicano, a coleta deve estender – se do início ao
término ao término do carregamento.
5.0 Roteiro para coleta de amostras de produtos ensacados
5.1 Épocas de coleta
a)
A operação deverá ser realizada por ocasião do recebimento e
expedição do produto bem como em casos de transferência de
propriedade, visando a determinação de seu percentual de umidade e de
impurezas.
b)
Por ocasião de recebimento da mercadoria, a amostragem visa a
verificação das condições que os grãos apresentam de modo a estabelecer
– se para os mesmos em adequado fluxo operacional a partir da
determinação da necessidade de sua passagem por equipamentos de
secagem e/ou limpeza ou da opção pelo seu armazenamento imediato
quando as características de teor de umidade e impurezas assim o
permitirem.
c)
No decorrer do período de armazenagem, amostragens poderão
ser realizadas a título de inspeção sempre que houver indícios de
infestação por insetos ou de deterioração no produto estocado.
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5.2 Quantidades a extrair
a)
Nos lotes de produtos ensacados, proceder – se – a retirada de
amostras em no mínimo 10% do total de sacas, numa proporção mínima de
30 gramas de cada saca, esse procedimento deverá ser adotado
independentemente das espécies de produto, em suas entradas e saídas
bem como nas eventuais inspeções ou transferências de propriedade.
5.3 Procedimento operacional propriamente dita
a)
Na recepção das mercadorias, a própria prática inerente àqueles
que trabalham com armazenamento ditará a separação dos volumes
contendo grãos apresentando vestígios de deterioração ou outros fatores
adversos à sua armazenagem em conjunto com o restante do lote, devendo
– se realizar uma amostragem separada desses volumes.
b)
As amostras são obtidas através da furação dos volumes (sacas)
com caladores simples. A operação consiste em introduzir – se o calador no
sentido de baixo para cima, promovendo – se o movimento vai e vem para
facilitar o deslizamento do produto.
c)
As sacas a serem caladas devem ser escolhidas ao acaso sempre
representando a expressão media do lote.
d)
Após cada extração dos grãos, o operador deve recompor a
posição das malhas do tecido, riscando, no referido local, uma cruz ou x
com a ponta do próprio furador.
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e)
A amostragem, por ocasião da recepção do produto, deverá ser
realizada concomitantemente com a operação de descarga desde que as
características operacionais da unidade armazenadora assim o permitam,
caso isto não seja possível por quaisquer razões à operação deverá ser
realizada logo após a formação das pilhas correspondentes ao lote em
questão, devendo a coleta de amostras abranger sacas nas quatro faces e
topo de cada pilha, de acordo com o percentual estipulado no item 5.2.
6.0 Operações posteriores
6.1 Homogeneização e contra amostras
a)
Até agora foi mostrado o que deve ser feito para retirar as
amostras de um lote ou para retirar as amostras de um lote ou partida de
grãos, no entanto não recomenda – se fazer análises de todas essas
amostras simples (pequenas amostras) devido à perda de tempo e erros
nas determinações, sendo preferível trabalhar com uma única amostra
resultante da mistura de todas as amostras simples.
b)
Assim, as amostras extraídas segundo o roteiro descrito
anteriormente deverão ser levadas à sala de análises para sua mistura ou
homogeneização, que permite uma razoável mistura das amostras
internamente em fórmica de forma a não reter as impurezas finas em sua
superfície.
c)
Posterior à sua homogeneização, duas amostras são coletadas
com auxílio de uma pá. Uma destinada à classificação e outra ao arquivo
(contra – amostra).
6.2 Identificação e destinação das amostras
a)
Das duas vias obtidas, uma será utilizada na determinação dos
percentuais de umidade e impurezas do produto, sendo que toda sobra
resultante após a efetuação da análise referida, será devolvida ao lote ou
partida em questão.
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b)
A contra – amostra deverá ser acondicionada em sacos plásticos
rotulados, próprios para este fim. Nos casos de retirada FOB ou
transferências, é obrigatório o envio da contra – amostra junto à carga,
devidamente identificada e lacrada.
6.3 Arquivamento das amostras
a)
O arquivamento das amostras constituí – se em fator importante e
deve ser realizado, após e seu respectivo lacre, em móvel próprio (armário
para amostras) para o qual recomenda – se, em sua construção, apenas o
critério de economia, sem prejuízo de um mínimo de estética. Um tipo de
modelo para esse armário pode ser visto na figura da próxima página:
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b)
A permanência da amostra em arquivo deverá ser de no mínimo
15 dias.
7.0 Precauções e cuidados especiais
7.1 Não usar, em hipótese alguma, as mãos em contato direto com os grãos tanto
nas operações de coleta e homogeneização bem como quando na realização, em
laboratório, de sua análise;
7.2 Quando se estiver retirando amostras em transportes como correias, roscas –
sem – fim e segurança durante a operação, por causa dos acidentes que podem
ocorrer nesses transportadores às amostras devem ser retiradas nas bocas de
saída dos grãos, alçapões apropriados ou moegas de carga;
7.3 Nunca fazer determinações de umidade e de impurezas sem antes realizar a
homogeneização e redução das amostras;
7.4 Deve – se dispensar cuidado especial para com as amostras, evitando – se
trocas das mesmas e cuidando – se de sua preservação não só em relação de
evitar que elas venham a se constituir num foco de infestação para as demais
amostras já guardadas e para as próprias mercadorias armazenadas. Assim, em
relação aos cuidados necessários com as amostras chamamos a atenção para:
a) coloca – las em lugar seguro, não acessível às pessoas estranhas ao
serviço;
b) não deixa – las expostas aos raios solares, as chuvas e aos vêntos;
c) não deixa – las expostas a pássaros e roedores.
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