Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro 2º CICLO DE ESTUDOS MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO COM ESPECIALIZAÇÃO EM SUPERVISÃO PEDAGÓGICA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA -INDISCIPLINA DISSERTAÇÃO TÍTULO: “SUPERVISÃO PEDAGÓGICA – INDISCIPLINA EM CONTEXTO ESCOLAR” ORIENTADOR Professora Doutora Ágata Cristina Marques Aranha MESTRANDO Dulce Isabel Galiza Ferreira da Costa Vila Real, 2012 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Tese de mestrado elaborada com vista à obtenção do grau de Mestre em Ciências da Educação, na especialidade de Supervisão Pedagógica, em conformidade com o Decreto-Lei nº 240/2007, de 13 de dezembro, sob a orientação de: Ágata Cristina Marques Aranha e coorientação de: António José Rocha Martins da Silva ii Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Agradecimentos O nosso elevado reconhecimento e apreço a todos os que contribuíram para a consecução deste trabalho: À Professora Doutora Ágata Cristina Marques Aranha e ao Professor Doutor António José Rocha Martins da Silva pela prontidão com que aceitaram orientar-nos, pela disponibilidade que manifestaram e pelo incentivo e confiança que nos transmitiu. Aos Docentes que participaram neste trabalho, sem a colaboração dos quais não teria sido possível a sua realização, pela valia dos seus contributos. À Direção do Agrupamento de Escolas em que se desenvolveu esta investigação, pela permissão concedida e abertura manifestada. iii Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar RESUMO: Nos últimos anos, os problemas de indisciplina na escola ganharam dimensão e contornos diferentes, tornando-se um dos pólos das preocupações dos professores, chegando mesmo a extravasar da escola, ecoando em largos setores da sociedade. Pretendemos então, com esta investigação, potenciar um pequeno contributo sobre esta problemática que jamais, em tempo algum, se assumiu de forma tão pertinente. De modo a facilitar a compreensão da estruturação deste trabalho organizamola em duas partes: a primeira referente à pesquisa teórica por nós realizada e a segunda diz respeito ao estudo empírico realizado através de inquéritos por questionários, dirigidos a professores e alunos. A primeira parte divide-se em dois capítulos e a segunda apresenta a parte metodológica e a análise de dados. No que respeita à primeira parte, o primeiro capítulo aborda a Educação e Supervisão, alguns pressupostos e princípios prévios, definição de conceitos e práticas, os elementos envolvidos no processo de supervisão, o professor no processo de supervisão, o ciclo e estratégias de supervisão. Ainda na primeira parte, o segundo capítulo está direcionado para a problemática da indisciplina no contexto escolar, definição de conceitos, a “descoberta” desta problemática na escola, fatores explicativos, o papel do professor, o aumento deste fenómeno, tipos de indisciplina, interação e conflitos de poder na escola, construir para a disciplina o professor como construtor e supervisão como medida preventiva da indisciplina e violência escolar. A segunda parte está direcionada para a metodologia e investigação, onde incluímos a definição do problema, objetivos do estudo, descrição da amostra, instrumento de recolha de dados e apresentação e análise dos resultados. Deste modo, o presente estudo assume-se como uma tentativa de compreensão do problema em questão, permitindo delinear os traços que caracterizam o “perfil” destes alunos. Com ele, propomo-nos estabelecer uma articulação entre a teoria e a prática provando, com opiniões concretas, quais as melhores estratégias para prevenir e combater a indisciplina. Palavras chave: supervisão pedagógica, indisciplina, escola, professores, alunos. iv Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar ÍNDICE GERAL: AGRADECIMENTOS III RESUMO IV ÍNDICE DE ANEXOS VII INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I – EDUCAÇÃO E SUPERVISÃO 10 1. 1. SUPERVISÃO E SUPERVISOR 11 1.2. SUPERVISÃO COMO ENSINO/APRENDIZAGEM PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO E DE 15 1.3. O PROFESSOR NO PROCESSO DE SUPERVISÃO 17 1.4. O CICLO DE SUPERVISÃO 19 CAPÍTULO II – INDISCIPLINA NO CONTEXTO ESCOLAR 22 2.1. ENQUADRAMENTO DO TEMA NA ATUALIDADE 23 2.2. O QUE É ISTO DE (IN) DISCIPLINA? 25 2.3. PREVENÇÃO DA INDISCIPLINA NA ESCOLA 30 2.4. INTERVENÇÃO FACE À PROBLEMÁTICA DA INDISCIPLINA 35 CAPÍTULO III- METODOLOGIA E INVESTIGAÇÃO 43 3.1. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA 44 3.2. OBJETIVOS DO ESTUDO 46 3.3. CONTEXTUALIZAÇÃO E PARTICIPANTES 47 3.4. HIPÓTESES 48 CAPÍTULO IV- ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 49 4.1. ANÁLISE DOS DADOS 50 4.2. RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO FACE AOS OBJETIVOS FORMULADOS 64 CAPÍTULO V - CONCLUSÕES 68 5. CONCLUSÕES 70 v Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 5.1. CONCLUSÕES DO ESTUDO 70 5.2.LINHAS FUTURAS DE INVESTIGAÇÃO 73 CAPÍTULO VI – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 74 6.1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 75 ANEXOS 80 vi Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar ÍNDICE DE ANEXOS: Anexo 1 Inquérito 66 Anexo 2 Apresentação do Instrumento de Recolha de Dados 71 Tratamento de dados 73 Anexo 3 vii INTRODUÇÃO Nos últimos anos, os problemas de indisciplina na escola ganharam dimensão e contornos diferentes, tornando-se um dos pólos das preocupações dos professores, chegando mesmo a extravasar da escola, ecoando em largos setores da sociedade. Nesta perspetiva, convirá relembrar que a escola atual assume papeis bem diferentes da escola de há uns anos atrás, deixando de “ (…) ser o lugar em que se aprende a ler, a escrever e contar, para ser orientada por objetivos mais vastos: o da formação integral do aluno, o do desenvolvimento de uma ação concreta no meio” Teixeira (1995) e que simultaneamente passou a estar ao alcance de todos. Com a introdução do conceito da escolaridade obrigatória na segunda metade do século entraram para a escola uma grande diversidade de alunos. Sentiu-se então a necessidade da individualização dos currículos, uma vez que passaram a frequentar a escola alunos vindos de ambientes sócio-familiares distintos, com interesses também diferentes. Com a estandarização do ensino surgiu o problema da adequação generalista dos conteúdos e das estratégias utilizadas. Como docentes, temos que estar preparados para enfrentar a indisciplina, pois ela efetivamente existe. Cabe-nos a nós, professores, possibilitar que a atos desviantes se sucedam comportamentos regidos por normas e valores de conduta, ou aliás, prevenir que esses atos se tornem realidades presentes nas escolas. De modo a facilitar a compreensão da estruturação deste trabalho organizamo-la em duas partes: a primeira referente à pesquisa teórica por nós realizada e a segunda diz respeito ao estudo empírico realizado através de inquéritos por questionários, dirigidos a professores. A primeira parte divide-se em dois capítulos e a segunda apresenta a parte metodológica e a análise de dados. No que respeita à primeira parte, o primeiro capítulo aborda a Educação e Supervisão, alguns pressupostos e princípios prévios, definição de conceitos e práticas, os elementos envolvidos no processo de supervisão, o professor no processo de supervisão, o ciclo e estratégias de supervisão. Ainda na primeira parte, o segundo capítulo está direcionado para a problemática da indisciplina no contexto escolar, definição de conceitos, a “descoberta” desta problemática na escola, fatores explicativos, o papel do professor, o aumento deste Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar fenómeno, tipos de indisciplina, interação e conflitos de poder na escola, construir para a disciplina o professor como construtor e supervisão como medida preventiva da indisciplina e violência escolar. A segunda parte está direcionada para a metodologia e investigação, onde incluímos a definição do problema, objetivos do estudo, descrição da amostra, instrumento de recolha de dados e apresentação e análise dos resultados. Deste modo, o presente estudo assume-se como uma tentativa de compreensão do problema em questão, permitindo delinear os traços que caracterizam o “perfil” destes alunos. Com ele, propomo-nos estabelecer uma articulação entre a teoria e a prática provando, com opiniões concretas, quais as melhores estratégias para prevenir e combater a indisciplina. 9 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar CAP. I – EDUCAÇÃO E SUPERVISÃO 10 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 1.1. Supervisão e supervisor A tarefa de supervisão, se nos referirmos à formação de professores, remonta aos anos 30 do passado século, embora se tenha vulgarizado a partir dos anos 50. No nosso país a utilização deste termo é bastante recente com uma aceitação considerada positiva das partes interessadas, como se pode comprovar em diversos cursos de pós-graduação realizados nesta área e com bastante afluência, bem como a realização de diversos grupos de trabalho no mesmo campo temático. Mas mesmo com ampla aceitação entre nós, a palavra “supervisão” ainda não é consensual e encontramos alguma resistência ao seu uso, talvez por a associarmos com diferentes sentidos que a mesma adquire noutros contextos onde a sua conotação nos remete para “imposição”, “chefia”, “autoritarismo”. No entanto, ao serem tomadas as medidas supracitadas (cursos de pósgraduação e estudos especializados), essa ambiguidade foi-se esbatendo lentamente contribuindo “… para uma melhor clarificação do conceito e uma crescente vulgarização e aceitação do mesmo termo”. Vieira (1993, p.74). Deste modo, podemos definir “supervisão” de acordo com o conceito de Blumberg (1978, p.91), como uma atuação de monitoração sistemática de prática pedagógica, especialmente através de procedimentos de reflexão e experimentação. Esta definição enquadra-se no contexto de formação de professores e tem subjacente os seguintes pressupostos: • A prática pedagógica do professor é o objeto de supervisão; • A supervisão tem como função primeira a manifestação desta mesma prática; • Os processos centrais de supervisão traduzem-se na reflexão e experimentação. (Idem). Ao interrogarmo-nos sobre quem é o sujeito ativo do processo de supervisão, verificamos que qualquer professor pode monitorar a sua própria prática pedagógica; contudo, qualquer outro indivíduo também o pode fazer num processo de formação formal e institucionalizado; neste último caso, encontramo-nos perante um orientador pedagógico ou supervisor. Parafraseando Naiman et. al. (1978), diremos que o supervisor, aliado às qualidades de ser professor com experiência de ensino, perspicácia, sensatez, inteligência, inovação e simpatia, deverá possuir imperativamente uma formação especializada; desta mesma opinião comunga Kipfer (1992), acrescentando que o supervisor deverá estar orientado para inovações curriculares e sempre recetivo a novas perspetivas. Wallace (1991), referindo-se aos papéis do supervisor e professor, 11 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar alerta-nos para o facto de distinguirmos duas formas clássicas de perspetivar esses papéis: o supervisor, entendido como uma autoridade do pensamento e atuação do professor a quem fornece lições de bom profissionalismo e visto como um modelo a seguir. É a chamada perspetiva prescritiva. O supervisor, encarado como um colega com mais experiência e saber, pronto a ajudar o professor que orienta e dotando-o de mais responsabilidade de modo a poder optar sempre que necessário for, e ajudando-o a desenvolver-se para a autonomia, por meio de uma prática sistemática de introspeção e de reflexão. É a chamada perspetiva colaborativa. Estas duas formas de exercer a supervisão são passíveis de encontrar definições intermédias. Dentro dos modelos de supervisão, referimos o modelo de supervisão clínica, o modelo psicopedagógico de Stones, e o modelo reflexivo que conferem ao supervisor o papel de facilitador das aprendizagens do professor. O primeiro que referimos, foi desenvolvido na Universidade de Harvard na década de 50 e é oposto a uma supervisão geral de caráter normativo, partindo da aula (que neste modelo é a clínica), para uma reflexão colaborativa do professor bem como do supervisor sobre a prática. A observação e respetiva análise de situações reais do ensino/aprendizagem constituem-se como o vértice de partida do desenvolvimento profissional do professor, adquirindo a supervisão uma dimensão experimental e reflexiva. Este processo implicava uma colaboração entre o professor e o supervisor e entre o professor e os colegas, mas “… implicava também uma atividade continuada que englobasse a planificação e avaliação conjuntas para além de observação e análise”Alarcão & Tavares (2007, p. 24). O principal objetivo era melhorar a prática de ensino dos docentes dentro da sala de aula, procedendo-se a uma análise em conjunto. Resumindo, este modelo baseia-se na colaboração entre os dois atores implicados no processo – professor e supervisor – tendo como objetivo primordial o aperfeiçoamento da prática educativa. É de salientar que este modelo se revela mais apropriado num contexto de formação contínua, revelando a sua potencialidade. Quanto ao segundo modelo que mencionámos – psicopedagógico – Stones (1979), defende que supervisão é ensinar, apoiando a sua teoria de ensino num conjunto de conhecimentos oriundos da psicologia do desenvolvimento de aprendizagem. Para o mesmo autor, o desenvolvimento da capacidade de solucionar problemas e tomadas de decisão conscientes são o principal objetivo do ensino/aprendizagem, acrescentando que estes devem ter como sustentáculo um corpo integrado, coerente e hierarquizado de conceitos, processos e atitudes. Neste enquadramento, todos os professores têm um denominador comum de caráter psicopedagógico. Todos nós ensinamos conceitos, 12 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar embora o façamos mediante o grau de desenvolvimento em que o aluno se encontra; do mesmo modo, ensinamos a adquirir e desenvolver habilidades e sentimos necessidade e simultaneamente prazer em dotarmos o aluno de mais saberes, encorajando-o a continuar. Tal como o professor, também o supervisor ensina conceitos e ajuda o professor a desenvolver competências e capacidades, ensinando-o a ultrapassar barreiras que a profissão docente implica e num clima também ele de encorajamento. Desta maneira, “professor e supervisor partilham um corpo de conhecimentos, só variando na medida em que a relação do supervisor com o professor é diferente da que este tem com o aluno”. Canário (1999). O modelo de Stones aproxima-se do modelo clínico; contudo, enquanto o modelo clínico está centrado no estágio pedagógico propriamente dito, o modelo de Stones aborda o problema da prática pedagógica mas também a sua relação com a componente psicopedagógica de índole teórica. Alarcão & Tavares (2007), salientam que Stones encara a formação inicial psicopedagógica dos docentes em três fases: conhecimento, observação e aplicação. O ciclo de supervisão da prática pedagógica assenta em três etapas: preparação da aula com o professor, discussão da mesma e avaliação do ciclo de supervisão. Stones propõe “to produce teachers who are independent pedagogical problem solvers” (1984, p. 49), pressupondo uma supervisão que respeite a autonomia e criatividade do aluno. O terceiro modelo, reflexivo, é defendido por Shohon (1987), com grande repercussão na formação de docentes. A sua génese é o valor da reflexão na ação e sobre a ação com vista à construção situada do conhecimento profissional, chamada de epistemologia da prática. Esta abordagem é de natureza construtivista, assenta na compreensão da atividade profissional como atuação flexível e inteligente e na consciência da imprevisibilidade dos contextos de ação profissional. Como o quotidiano profissional é caracterizado em grande parte pela impressibilidade, a formação que é transmitida segundo uma lógica de racionalidade técnica, formalista e objetiva, revela-se inoperante. Neste caso, deve ser utilizada uma mescla de técnica, arte e ciência, aliadas à criatividade e sensibilidade, assente num conhecimento inerente e tácito e simultâneo às ações do profissional. O processo formativo implica ação, experiência e reflexão sobre a ação, isto é, uma reflexão que seja capaz de dialogar sobre o que foi observado e o vivido, de modo a poder aprender a fazer fazendo e pensando (Shulman, 1997). Esta prática e conforme nos referem Alarcão & Tavares (2007), necessita de ser acompanhada por supervisores experientes capazes de orientar, estimular, exigir e avaliar, ou seja, capazes de saberem agir quando necessário e sistematizarem o conhecimento e a experiência de que devem ser dotados. 13 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar O processo de supervisão apresenta outros modelos, mas pareceu-nos pertinente pormenorizar um pouco os suprarreferidos pela importância que nos merecem, sem contudo menosprezarmos ou ignorarmos os restantes. 14 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 1.2. Supervisão como processo de desenvolvimento e de ensino/aprendizagem Ao definirmos escola reflexiva, comungamos das ideias de Alarcão (2000), quando esta refere que é entendida como “… organização que continuamente se pensa a si própria, na sua missão social e na sua estrutura, e se confronta com o desenrolar da sua atividade num processo simultaneamente avaliativo e formativo. (p. 13)” Ou seja, é criada pelo pensamento e pela prática que a individualiza, pela razão de ser da sua existência, pelas características da sua identidade, pelos constrangimentos que a afetam e pelas potencialidades que detém. Podemos auferir que uma escola com estas características, pode ser considerada como uma organização em pleno desenvolvimento e em constante aprendizagem. Contudo, a vida na escola reflete o que se passa na sociedade atual, marcada pela complexidade, ambiguidade, heterogeneidade, repleta de sinais contraditórios, ou seja, uma sociedade sofisticada mas simultaneamente indefesa, de grande riqueza histórica mas de enorme incerteza humana e social. E tal como na sociedade também na escola a vida é complexa, ambígua e heterogénea, do mesmo modo marcada por incertezas e contradições (Idem). Emerge, deste modo, necessidade de repensar a escola reformando o pensamento sobre a mesma; para tal, é necessário a contribuição de todos os agentes implicados no processo educativo, assumindo-a como organismo dinâmico e vivo, pronto a atuar e interagir sempre que necessário for e aprender a construir conhecimentos sobre si mesma. Formosinho (2002), refere que a supervisão é geradora de criar condições para uma melhor atuação de todos e maximizar o desenvolvimento dos implicados, encontrar alternativas de ação com vista a um melhoramento substancial, criar momentos de reflexão que permitam estabelecer troca de experiências e saberes, e criar estratégias facilitadoras de detetar o tipo de vínculo que se estabelece entre os diversos parceiros. Assim, é necessário que a supervisão “contribua decisiva e decididamente para a formulação coletiva de projetos de saídas para os desafios propostos” (Alves, et. al., 1997). À supervisão caberá a árdua tarefa de “depurar a didática” para esta ser visualizada com mais clareza e facultar a identificação de possibilidades reais de atuação Nuthall & Snook (s/d), e deverá propor alternativas de modo que, cada elemento, possa crescer profissionalmente. Revela-se como um requisito essencial para a construção de 15 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar qualidade das experiências educativas, tendo como objetivo principal responder aos interesses dos professores no seu desenvolvimento individual e profissional. A supervisão não se deve limitar ao contexto de formação inicial nem de profissionalização em serviço, mas sim alargar-se acompanhando o professor ao longo do exercício da sua profissão, ou seja, uma formação continuada de forma sistematizada. Segundo Alarcão (2005), a supervisão é geradora de desenvolvimento profissional dos professores, considerada uma atividade de natureza psicossocial de construção inter e interpessoal, “enraizada no conhecimento do eu, do outro e dos contextos em que os atores interagem” (p. 65), propicia o desenvolvimento de capacidades, conhecimentos e atitudes e o respetivo contributo destes para a “competência profissional, esse de natureza integrada e holística” (p. 66). Ou seja, o processo de supervisão é gerador de desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem, aprendizagem esta que se revela como um modelo de melhor compreendermos o mundo que nos rodeia e sabermos usar os nossos recursos para podermos nele agir. Parte das competências que hoje são exigidas são dificilmente ensináveis, mas têm de ser desenvolvidas e o processo de supervisão é uma mais – valia neste contexto. Criar, estruturar e dinamizar situações de aprendizagem podem ser desenvolvidas através de um processo de supervisão bem delineado, necessário aos paradigmas de formação das pessoas e do funcionamento das instituições (Idem). A supervisão assume um papel relevante na ajuda ao desenvolvimento destas capacidades, pois pretendemos que os professores sejam seres pensantes, intelectuais, capazes de gerir a sua ação profissional. 16 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 1.3. O professor no processo de supervisão A abertura de cursos profissionalizantes em universidades portuguesas nos anos 70, gerou reação em muitos universitários, pois partiam do princípio que a universidade não tinha por missão profissionalizar, mas sim construir e difundir o saber cultural Tavares & Alarcão (1996). Pelo contrário, atualmente pretende-se consagrar a necessidade de preparar o professor como profissional, embora comecem a amontoar-se algumas dúvidas sobre a capacidade da universidade preparar bons professores e exercer a sua ação formativa ao longo da formação contínua. Parte destas dúvidas surgiram do facto de as mesmas não terem sabido entender todas as exigências para uma formação integral e simultaneamente não terem prestado o devido valor “ … à dimensão prática da formação profissionalizante como núcleo de desenvolvimento construtivo e pessoal do futuro professor” (idem: p. 26). Contudo, estamos convencidos de que com equipas formativas com uma preparação especial, facilmente se contornariam todas estas dificuldades e se acabaria com algumas dúvidas. Geddis (1988), refere que os professores devem desenvolver capacidades / estratégias de pensar e especialmente de pensar sobre o que pensar, pois são seres em pleno e constante desenvolvimento, embora com um passado de experiências diversas e um futuro promissor e cheio de possibilidades. Da mesma ideia compartilham Zeichner (2000) e Vieira (2001), salientando que, deste modo, emerge necessidade de criar professores autónomos, professores reflexivos, com abertura de espírito capazes de admitir a existência do erro, e emendá-lo, capazes de ponderar sobre as consequências de ações realizadas e acima de tudo, professores empenhados, dedicados. O papel da supervisão incide em promover estratégias que desenvolverão nos professores a reflexão e vontade de evoluir cada vez mais e melhor, nas vertentes profissional e humana. No processo de supervisão, o professor tem possibilidades de otimizar o seu desenvolvimento, com vista à aprendizagem e desenvolvimento dos seus alunos Alarcão (2005). A supervisão, promovendo atitudes reflexivas no professor tanto em formação inicial como contínua, deverá monitorar, mas sem dirigir em excesso, a formação do mesmo; a reflexão vai dotar o professor de capacidades de investigar sobre as ações, bem como conceptualizar teorias subjacentes, transformando-o em gerador de teorias, que de linguagem mais simplificada, é certo, não deixam de ser válidas, uma vez que tiveram a sua génese na investigação e observação sobre a sua prática. A supervisão exerce, pois, um papel relevante no desenvolvimento do professor, entendida como 17 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar atividade de apoio, orientação e formação, não obstante a heterogeneidade das suas práticas. É geradora de dinâmicas e processos de crescimento profissional, questionadora e analítica da ação do professor, apoiando e regulando o processo formativo. O professor, rodeado de um ambiente formativo estimulante, sente-se apoiado no seu processo de desenvolvimento, e de aprendizagem consciente com repercussões na sua prática pedagógica, suscetível de otimizar, num percurso sustentado de progressivo desenvolvimento da sua autonomia profissional. As suas capacidades são maximizadas como pessoa e profissional que é, desenvolvendo aptidões para tomar decisões apropriadas no sentido de melhorar a relação com os seus alunos e respetiva aprendizagem. 18 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 1.4. O ciclo de supervisão Em todo o processo envolvendo o ciclo de supervisão não podemos esquecer que deverá estar sempre presente uma atitude pedagógica – relacional visando a construção profissional, e subjacente a todas as fases deve existir um diálogo construtivo e comunicativo, de modo a que a supervisão se dote de uma auréola reflexiva, clínica e dialógica. Esta é a ideia presente em Alarcão & Tavares (2007), e com a qual estamos em plena concordância, uma vez que as atitudes ao longo do processo supervisivo são de grande influência na construção profissional. Deste modo e durante o ciclo de supervisão, podemos considerar quatro frases essenciais, a salientar: • Pré-observação – segundo Alarcão & Tavares (2007), envolve um encontro entre o supervisor e o formando que deverá realizar-se antes da observação de uma atividade educativa. Este encontro tem como finalidade ajudar o professor a analisar e resolver problemas e que podem ser de várias espécies, desde a preparação de uma aula até ao controlar dos alunos; decidir também qual o aspeto a ser analisado, pois terá de ser o professor a identificar os problemas, cabendo ao supervisor a tarefa de escolher e utilizar as estratégias para ajudar o professor a ultrapassar essas dificuldades. Para o processo alcançar resultados positivos para ambas as partes, deverá revestir-se de uma comunicação natural. Ansiedade e desconhecimento dos papéis a desempenhar, podem ser sérios entraves a todo o processo. Assim, o supervisor deverá ser preciso nas suas conceções, objetivos e atitudes, estabelecendo as funções de cada um para não criar qualquer dúvida. As molas impulsionadoras do processo deverão ser a precisão, transparência, clareza e falta de ambiguidade. Os formandos identificam problemas de diversa ordem especialmente na fase inicial, variando conforme o grau de conhecimento, saber e experiência dos mesmos. Planificações de aula, indisciplina e mesmo violência, conteúdos a lecionar, são alguns dos principais problemas iniciais. Progressivamente vão sendo de outra ordem, mais específicos, mais relacionados com o impacto do ensino na aprendizagem dos seus alunos. O trabalho de colaboração é fundamental, ajuda a estreitar relações, embora o professor tenha de assumir responsabilidades e tomar decisões. Observação – podemos apelidá-la de um grupo de atividades das quais podemos obter informações e dados sobre o processo ensino /aprendizagem para mais tarde poderem ser analisadas Alarcão & Tavares (2007). 19 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Giroux (1988), chama a atenção para a diferença entre interpretação e observação que estão muito relacionadas, a tal ponto que nos permite quase dizer que a segunda compreende o registo de tudo que se vê mas também a interpretação do sentido do que se viu. O supervisor deve saber como observar e quais as estratégias para tal, que devem depender do objetivo que se pretende alcançar, do que se pretende observar e da natureza da observação. Na década de 70, desenvolveram-se instrumentos de observação, como os instrumentos de categorias e sinais e grelhas de análise, como é referido por Flanders (1970) e Sinclair et. al., (1974), citados em Alarcão & Tavares (2007). Eram instrumentos para fins de investigação e bastante complexos, o que faziam com que nem sempre se adaptassem ao que deles se esperava. Esta avaliação era uma avaliação do tipo quantitativo, e foi muito divulgada e aperfeiçoada na década de 80; assim, temos de referir o trabalho desenvolvido por Estrela (1986), nesta área, desempenhando uma grande influência no uso rigoroso e criterioso de técnicas de observação na sala de aula. Outro tipo de avaliação, a avaliação qualitativa, cujas técnicas sofreram um desenvolvimento mais apurado, foi defendido por diversos interaccionistas simbólicos, tais como Stubbs & Delamont (1976). Neste tipo de observação, o observador leva consigo uma ideia geral do que quer observar na sala de aula, regista o que acontece e mais tarde é que os vai agrupar e relacionar. Parece-nos a nós, simples professores sem pretensões a detentores de todo o saber, que o ideal seria combinar estes dois tipos de observação, revelando-se um tipo de observação conjugada com a perceção dos elementos envolvidos no processo. • Análises de dados – no final da observação, os dados recolhidos necessitam de ser ordenados e sujeitos à respetiva análise. Os dados de uma observação quantitativa, de um modo geral são expressos em percentagens ou proporções. Os dados de observação do tipo qualitativo têm um tratamento diferente, com incidência em acontecimentos observáveis com interesse ou constantes significativas na atuação dos agentes de ensino. É também necessária uma leitura atenta das notas tiradas durante a aula com vista à identificação de aspetos com interesse. Tal como nos referem Alarcão & Tavares (2007), não devemos esquecer as vantagens que as novas tecnologias ao nosso dispor, oferecem em toda a tarefa de registo, análise e tratamento de dados. São ótimos meios que capturam quase tudo que se passa durante uma aula; no entanto, seja qual for o meio tecnológico e por mais sofisticado que seja, não pode, de modo algum, substituir a atuação do supervisor. 20 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar • Pós-observação – este encontro entre supervisor e formando deve promover a reflexão do segundo sobre o que se passa na sua interação com os alunos, de modo a poder alterar futuramente algum aspeto menos positivo. Terá a ajuda do supervisor nesta reflexão, e poderá utilizar dados que recolheu e analisou para melhor processar a sua ação. Se houver uma reflexão conjunta tanto melhor, pois a colaboração é fundamental entre supervisor e formando. 21 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar CAP. II – INDISCIPLINA NO CONTEXTO ESCOLAR 22 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 2.1. Enquadramento do tema na atualidade O tema da indisciplina apresenta-se atualmente como uma problemática muito pertinente no universo dos professores. Esta problemática não é propriamente recente, pois muito antes de existir a escola dos nossos dias sempre existiu educação e consequentemente o corolário da indisciplina. É neste contexto de educação que já nas ruínas da antiga Suméria um arqueólogo mostrou provas de ter descoberto a antiguidade do tema da (in) disciplina. Durante os seus trabalhos de pesquisa terá encontrado nas escavações placas de argila que registavam um diálogo que se tinha desenrolado entre um adulto e um adolescente. De acordo com a tradução que foi feita pelo arqueólogo, o jovem era repreendido pelo adulto nos termos seguintes: “ Vê se cresces. Para de passear pela praça pública e de andar rua abaixo, rua acima. Vai para a escola. Dia e noite me torturas. Dia e noite desperdiças o teu tempo em diversões.” Sprinthall, et al (1993) Sendo estas palavras proferidas há mais de 4000 anos começámos a apercebermo-nos da antiguidade do tema. Com o passar dos tempos a escola mudou e foi evoluindo. Fenómenos de indisciplina começaram a tornar-se cada vez mais constantes, à medida que o alargamento da escolaridade obrigatória foi aumentando. Assim, podemos dizer que certos comportamentos tidos como desviantes aparecerão com maior frequência, à medida que o número de alunos aumentar na escola. Trata-se, então, de uma questão extremamente atual, que cada vez mais surge nas escolas e cujos profissionais ligados à educação têm dificuldades na sua evitação e superação, mostrando-se cada vez mais preocupados. É, portanto, um fenómeno que se vem alargando já desde longa data e, como diz Estrela, “talvez nem seja de estranhar a extensão social do fenómeno, se pensarmos, entre muitas razões, como a população escolar se multiplicou nos últimos decénios em função das leis de escolarização obrigatória, como mudou a estrutura social, sem que a escola tenha manifestado grande capacidade de adaptação à diversidade sociocultural do seu novo público, como vivem milhares de alunos em espaços que foram concebidos 23 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar para umas centenas, como a vida social se tornou insegura, violenta e afetada por desequilíbrios de toda a ordem que, naturalmente, se refletem na vida quotidiana do aluno e consequentemente na vida escolar.” Com a chegada à escola de toda esta heterogeneidade de situações, os problemas começam a surgir. Situações que se podem refletir na forma como muitos jovens encaram a escola, questionando qual a sua utilidade prática e que a percecionem como um dever, uma obrigação, uma fonte de insatisfação e de incertezas e não como um direito, um espaço de desenvolvimento, de prazer e de estabilidade. Jamais em tempo algum esta questão foi tão atual como nos tempos que decorrem, talvez pelo facto do número de estudantes nunca ter atingido os números de hoje, podendo referir também que o sistema e as metodologias de outros tempos não davam “asas” a certos tipos de comportamentos. Simultaneamente, a formação de professores revela-se frequentemente inadequada, face às novas exigências da profissão docente, uma vez que tem incidido mais na preparação para transmitir conteúdos programáticos, do que no treino para gerir as relações interpessoais na sala de aula, levando a que esta gestão/coordenação seja muitas vezes efetuada sem linhas teóricas orientadoras. Assim, é de extrema importância que se distingam as práticas inadequadas muitas vezes usadas pelos professores nas situações de indisciplina, das estratégias cognitivo-motivacionais, enquadradas numa perspetiva relacional, confrontando as implicações decorrentes de umas e de outras. O que parece preocupar os investigadores e toda a comunidade escolar, não é propriamente o tema da (in) disciplina, mas sim a extensão e amplitude que esta parece estar a tomar. 24 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 2.2. O que é isto de (in) disciplina? A disciplina/indisciplina, na escola, é um fenómeno que decorre da sociedade e do seu sistema de ensino, mas é também um fenómeno essencialmente escolar, tão antigo como a própria escola, e tão inevitável como ela. A escola, sendo um sistema aberto e que vive permanentemente em contacto com a sociedade, reflete, porém, os seus problemas. Impensável seria dizer que os desequilíbrios sociais, conflitos e tensões várias não se repercutem nas escolas dos nossos dias. A escola não tem a capacidade de ficar imune a estes desequilíbrios e, quer queira quer não, vai torná-los mais evidentes, uma vez que é nela que também se vão fazer sentir. Desta forma, o conceito de indisciplina inicia uma preocupação constante de todos os intervenientes escolares. Primeiramente, há que existir uma definição de uma determinada problemática para depois se poder falar no seu oposto. Neste caso, teremos que abordar o conceito de disciplina para poder falar no conceito de indisciplina, entendendo-se este como a negação do primeiro. Disciplina trata-se de um conceito predominantemente escolar, não obstante o sentido com que muitas vezes o utilizamos na vida social, uma vez que, para tudo, existem regras, existem normas, existe portanto disciplina. No dicionário da Porto Editora, o termo disciplina assume os seguintes significados: “conjunto de leis ou ordens que regem certas coletividades; instrução e educação dadas por um mestre ao seu discípulo; doutrina; conjunto de conhecimentos especiais que se professam em cada cadeira de um estabelecimento de ensino; autoridade; boa ordem; castigo; mortificação. Verificamos, portanto, que se trata de um termo intimamente ligado à educação e à escola, refletindo uma síntese de toda a atividade pedagógica que se realiza no ambiente educativo que tem como pressuposto o seu funcionamento correto. Segundo Estrela (2002), “ (…) quando falamos de disciplina, tendemos, não só a evocar as regras e a ordem delas decorrentes, como as sanções ligadas aos desvios e o 25 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar consequente sofrimento que elas originam. Por isso, para muitos, o conceito adquiriu um sentido pejorativo.” Convém frisar que este conceito não deve ser abordado sem uma ligação a um determinado contexto histórico-espacial. A disciplina pode ser entendida sob um ponto de vista militar, religioso partidário, familiar, escolar e sob tantos outros pontos de vista. É certo, pois, que para a nossa investigação o conceito disciplina está intimamente ligado à escola. A educação tem como seu principal objetivo inserir o indivíduo numa sociedade dita ordenada, para que com ela possa usufruir do seu desenvolvimento de uma forma harmoniosa, situação esta que se atinge com a chamada disciplina. O conceito de indisciplina aparece relacionado com o anterior descrito, como sendo a sua negação. “ Um comportamento indisciplinado é qualquer ato ou omissão que contraria alguns princípios do regulamento interno ou regras básicas, estabelecidas pela escola, pelo professor ou pela comunidade. A indisciplina é uma resposta à autoridade do professor”. Verificamos, portanto, que a indisciplina pode revestir variadas formas, tendo todas elas em comum um objetivo: colocar entraves ao decorrer normal de todos os processos relacionados com o desvio da norma. Por vezes, é através de certos fenómenos, ditos indisciplinados, que nos poderemos aperceber de que algo não está bem, uma vez que a indisciplina pode ser entendida como uma forma de contestação e reprovação de algo a que nos opomos. Deste modo, é através dela que poderemos ir buscar os seus fundamentos e as razões porque certos alunos agem de certa forma com comportamentos tidos como desviantes. Mas será que todos nós atribuímos o mesmo significante ao mesmo significado? Cada pessoa usufrui de um sistema de valores e, tendo em conta esse mesmo sistema de valores, o que para um pode ser um ato de indisciplina para outro pode não o ser. 26 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Quando consideramos um ato desviante, poderemos estar a entrar em divergência com outro colega que não o considere. De que limiar partimos quando designamos um comportamento como desajustado? Existirá alguma referência em que nos apoiamos para aceitar ou reprovar determinado ato? Todos sabemos que a nossa vida se desenrola numa sociedade, e, como tal, a vida em sociedade exige regras que todos nós, mais ou menos, temos presentes, modelando os nossos comportamentos e pensamentos, de acordo com o que “parece ficar bem” aos olhos dos outros para não termos que sentir na própria “pele” as críticas e os olhares indiscretos de outros que nos reprovam se algo não se processa dentro de valores e princípios que estão definidos por essa mesma vida em sociedade. Como tal, é seguindo os princípios que nos foram incutindo e os valores que fomos construindo através do nosso conhecimento empírico que aprovamos, ou não, determinado ato. Cada pessoa é uma pessoa, usufrui de uma ideologia própria e, partindo dos princípios com que nos regemos, constrói os seus valores proporcionando assim a aceitação ou a reprovação de algo. Será por estes motivos que uma definição de indisciplina é algo um pouco subjetivo e, como tal, os elementos que entram no definido estão, por mais que tentemos elaborar uma regra ou um limiar de partida, ligados implicitamente à natureza de cada pessoa. Grande escala de professores teimam a ser (ainda) somente transmissores de conhecimentos, não atendendo às diferenças individuais dos alunos, ritmos de aprendizagem, aspirações, objetivos, etc. Apesar das recentes reformas educativas e das novas metodologias que se defendem, a verdade é que os professores continuam a monopolizar o “contexto sala de aula” controlando inclusivamente os próprios sentimentos dos alunos, quase modelando as crianças para um ser inativo, mas com a atenção para o professor, puro recetor do conhecimento, de modo a que a sua tarefa seja simplificada e que não tenha que enfrentar intervenientes que dificultem o seu trabalho. Parece não existir interesse em perceber que é na discussão das matérias e das ideias que se conseguem as melhores aprendizagens. 27 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar O que efetivamente se passa é o distanciamento da relação professor/aluno e a sua interação. O professor tende a ser o mestre que ensina e que seleciona o saber, dita as normas, controla tudo o que se passa na sala de aula, chegando mesmo a ser ele próprio a definir o que é verdadeiro e o que é falso, bom ou mau. Neste monopólio do ensino por parte do professor está implícita uma disciplina e ordem que o professor controla e que os alunos têm de obedecer, permanecendo inativos no processo ensino - aprendizagem. Com esta tentativa de controlo de tudo e todos que possam perturbar o seu monopólio de transmissão de saber, o professor muitas das vezes perde mais tempo na imposição da ordem do que propriamente com a aula em si. Os alunos veem-se a braços com uma situação de controlo à qual têm que obedecer, respeitando e acatando as regras que lhe são impostas. Como refere Estrela (1998), “o que mais pode aspirar neste tipo de pedagogia é a passagem da disciplina imposta à disciplina consentida, levando o aluno a compreender e aderir voluntariamente às regras do jogo que ele se vê obrigado a jogar.” Deste modo, o conceito de disciplina foi evoluindo com o passar dos tempos. De uma disciplina rigorosa e imposta pelo professor, os alunos foram-se acomodando e a disciplina passou a ser consentida. Mas o que se pretende é uma educação que jogue com a autodisciplina, ou seja, uma educação com um fim prioritário de autonomia levando à formação de um cidadão responsável conduzido por autodisciplina, para que a vida em sociedade se processe de uma forma harmoniosa. Mas para que isto aconteça, é necessário que as metodologias e pedagogias enveredem por um lado mais democrático, pois, só assim conseguiremos como profissionais da educação, a formação de um cidadão autónomo com sentido de responsabilidade e detentor de espírito de grupo. Nesta escola democrática, o conceito de disciplina que outrora vigorava não faz sentido, uma vez que as sanções e coerções de que dela derivam diretamente darão lugar a uma disciplina marcada pelo autocontrole, uma espécie de cada um perante os factos tomar consciência do que está realmente correto e incorreto. Não é deixar que cada um faça aquilo que quer, mas que os alunos criem as suas próprias regras. Como foram os seus criadores sentir-se-ão na obrigação e no direito de as preservar. 28 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Estas pedagogias baseadas nos interesses de todos e indo de encontro às leis naturais do processo de desenvolvimento são pressupostos para o alcance da autonomia, responsabilidade, autodisciplina. O clima de aula marcado por uma liberdade comedida e a autonomia que daí resulta conduz à autodisciplina. Mas, surge aqui uma questão que tem a ver com os ritmos de cada um. Cabe ao professor dosear o grau de autonomia que poderá imprimir ou não a cada aluno. Trata-se de um lento processo de reconhecimento por parte do professor e aluno que só com o diálogo é que se conseguirá atingir. Tentemos seguir os pressupostos da escola democrática, deixando deste modo o aluno sofrer as consequências dos seus atos e refletir sobre as suas decisões. As punições neste contexto deixam de fazer sentido em detrimento de um explorar de diálogos que conduzam a soluções. A desordem e a indisciplina vão mostrar aos alunos que terá que existir ordem e disciplina, para que se consiga atingir os objetivos e trabalhar em harmonia. Com a chamada escola democrática, o trabalho de grupo e individual na sala de aula fomentam uma nova disciplina e uma atitude, por parte dos docentes, diferente no que diz respeito ao seu poder. Será importante referir que (in) disciplina é um fenómeno dado a um tempo que lhe exige mudanças. Daquela disciplina inicialmente imposta, deriva uma disciplina consentida. Estas entram em desuso e com os movimentos da escola democrática dos nossos dias o que se pretende é a formação de um cidadão livre, responsável, com sentido crítico, preparado para a vida em sociedade e com forte sentido de autodisciplina 29 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 2.3. Prevenção da indisciplina na escola Para que a indisciplina não brote quase por geração espontânea, é útil que o professor tenha bem presente a importância dos aspetos relacionais com os seus alunos. Se o professor continuar a valorizar apenas a sua função de instrução, ou seja a de transmitir conhecimentos, é mais provável que os conflitos disciplinares apareçam. Para evitar tal situação, a tónica da ação da escola deverá centrar-se na prevenção da indisciplina e não na forma de a controlar. O papel do professor, tradicionalmente confinado à transmissão de conhecimentos, teve de evoluir e o professor tem hoje de ser um gestor da sala de aula, um organizador da aprendizagem, detentor de um conjunto de competências relacionais a par das competências didáticas e das inerentes à meteria que leciona. O facto dos comportamentos de indisciplina se manifestarem com uns professores e não com outros, revela que o professor deve assumir a sua cota parte de responsabilidade, e não atribuí-la totalmente ao aluno. Inclusivamente, muitos alunos referem que “o professor pode atuar como fator de indisciplina porque são poucas as oportunidades para a tomada de decisões e para a troca de opiniões ou confronto de pontos de vista, atividades essenciais para a satisfação das necessidades dos alunos.” Jesus (2000) Se o professor se quer assumir como agente de desenvolvimento pessoal e interpessoal dos alunos, deve atender às necessidades de autonomia e de interação destes. Para isso, deverá, não só procurar identificar os comportamentos de indisciplina manifestos pelos seus alunos, como também conhecer os motivos desses comportamentos, utilizando estratégias de intervenção cognitivo – motivacionais, enquadradas num modelo relacional. Segundo este modelo, não é suficiente intervir “exteriormente” ao nível dos antecedentes e das consequências dos comportamentos do aluno, sendo imprescindível atuar ao nível dos motivos desse comportamento, responsabilizando o aluno pelas mudanças que possam ocorrer. Entre os motivos que podem estar na base de comportamentos indisciplinados contam-se: não perspetivar a transição de ano ou a obtenção de uma nota positiva na disciplina em causa; desagrado em relação às temáticas abordadas na aula ou à forma como o professor as explora; insatisfação face às relações interpessoais permitidas ou promovidas pelo professor na 30 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar sala de aula; pretender assumir-se como o líder informal da turma ao manifestar coragem para enfrentar o professor. “Os professores, por vezes, procuram manter o respeito e a disciplina na sala de aula com uma postura autoritária e de distanciamento em relação aos alunos. No entanto, muitos casos de indisciplina ocorrem em relação a professores que promovem este tipo de relações. Pelo contrário, com base numa relação de agrado Ribeiro (1991) e de negociação Crozier & Friedberg (1977), em que se desenvolvem processos de identificação, o professor parece ter maior influência sobre os seus alunos e estes parecem ter maior respeito por ele. “ Aliás, os professores têm consciência de que o diálogo é a via mais adequada para lidar com as situações de indisciplina “ Braga da Cruz, Dias, Sanches, Ruivo, Pereira & Tavares (1998), podendo atuar “bons modelos” de atitude e de comportamentos para os seus alunos. O grande equívoco da escola atual, é pensar que podemos ensinar turmas completamente heterogéneas e pensar que tudo pode ser ensinado da mesma maneira. Os alunos sobredotados são frequentemente postos à margem, têm enormes dificuldades, os alunos com problemas também as têm e aqueles que estão no meio vão mais ou menos conseguindo progredir. Os professores refletem pouco sobre a sua relação pessoa a pessoa com os alunos dentro da turma. Costumam dizer “esta turma é assim, esta turma é assado, esta turma é boa, esta turma é má”, e não existe isso uma vez que a turma é por definição um sistema com pessoas completamente diferentes. Não existe uma turma excelente, péssima, boa ou mal comportada. Isso são abstrações que as pessoas, por necessidade pessoal, usam para falar das dificuldades que têm. Segundo Sampaio (1997), “enquanto os professores não compreenderem que é através da dinâmica relacional dos docentes da turma e da análise circunstanciada e detalhada do que se passa no seio do grupo – turma que podem melhorar a sala de aula, não irão longe.” Enquanto a escola estiver a estudar as estratégias para combater a indisciplina, a escola não se debruça sobre as estratégias para promover a disciplina, e a disciplina promove-se a partir do espaço de liberdade. Se nós estivermos num espaço de liberdade, se fizer sentido o que nós estamos a fazer num determinado momento, a nossa atitude emocional e a nossa resposta comportamental são disciplinadas. 31 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar É preciso que os professores se debrucem cada vez mais sobre a construção da disciplina a partir de um espaço de liberdade, a partir de um ofício de aluno com sentido, como diz Perrenoud. Este fala do ofício do aluno, do sentido do ofício do aluno e enquanto o aluno não tiver este sentido do ofício, obviamente que mesmo um aluno sem dificuldades particulares tende a não ser disciplinado na sala de aula. Depois, era importante que na sala de aula o professor tivesse, em vez de comportamentos reativos, comportamentos proactivos. Isto é essencial para a construção da disciplina, porque de facto o que se passa é que grande parte das atividades dos professores na sala de aula são, hoje em dia, passadas a dominar ocorrências acidentais. Portanto o professor consome-se e consome tempo dentro da sala de aula, para dominar o aluno que se levanta, ou que diz um palavrão, ou que se volta para trás, ou que não faz o trabalho, ou que está a copiar, ou que tira uma caneta, … enfim todas estas situações que os professores conhecem muito bem. Portanto, o professor reage e está permanentemente pedindo estratégias. É fundamental que o professor seja capaz de antecipar as situações, que de uma forma proactiva possam definir um conjunto de técnicas pedagógicas que lhe permitam ocupar os alunos, tê-los profundamente ativos e evitar que as situações de disrupção surjam. Para isso, entramos numa coisa sobre a qual os professores aparentemente não se têm debruçado, que é aquilo a que se chama pedagogia diferenciada. É que não é possível hoje em dia estar numa sala de aula sem que o professor desenvolva a sua formação no campo da pedagogia diferenciada. Quer isto dizer que o professor, duma forma proactiva, tem em primeiro lugar que conhecer a turma (e não criar expectativas antes de a conhecer, através dos comentários dos colegas) tanto quanto possível e é muito fácil fazer isso, basta fazer com que eles escrevam um texto, ou um desenho, ou falem de um filme de que gostam, ou de um programa de televisão. Portanto, se fosse possível os professores organizarem um pouco a sua ação através do feedback que recebem sobre os alunos a partir deles próprios, seriam muito capazes de porem em ação estratégias pedagógicas diferenciadas. Então aí há muitas coisas que podem ser feitas, como trabalhos de grupo, trabalho – projeto, exposições, etc. e a partir daí, a partir do conhecimento que é possível ter dos próprios alunos, o professor vai, obviamente para cada turma e em cada contexto, criar situações que tenham a ver com aqueles alunos. Por outro lado, nós podemos partir do projeto educativo da escola, mas a filosofia da escola tem de estar, obviamente, em ligação com o exterior, com a comunidade que 32 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar está em volta da escola. E depois, o espaço dentro da sala de aula tem de fazer sentido com o projeto da escola mas tem de ser um espaço de criatividade entre o professor e o aluno. Esse espaço de criatividade tem de ser coconstruído em conjunto por alunos e professores. Só quando formos capazes de, dentro da sala de aula, nas diversas vertentes das disciplinas e com estratégias de pedagogia diferenciadas, quando formos capazes de coconstruir esse espaço de liberdade, então estaremos a construir a disciplina e estaremos a construir a aprendizagem, porque o insucesso escolar, não é um insucesso dos alunos, é um insucesso da escola, do sistema de ensino. Todas as pessoas hoje são capazes de aprender, têm é de aprender de maneira diferente. Uma pessoa com mongolismo pode aprender muitas coisas, agora não pode aprender da mesma forma que aprende uma pessoa com Q.I. elevado, mas aprende. Portanto, a escola, tem de definir o seu espaço de trabalho dentro da sala de aula, de modo a que haja aprendizagem. Não é muito importante preocuparmo-nos com como é que vamos ensinar, com que estratégias, esquemas, computador. Agora é a ideia de que o computador é que vai ajudar a escola. O computador é apenas uma máquina que se nós não pusermos lá coisas inteligentes não ajuda nada, portanto é um equívoco pensar que se se equiparem as escolas com computadores, os alunos vão aprender mais. É um terrível equívoco, porque se perde constantemente dia após dia, aquilo que é essencial no processo de aprendizagem que é o processo de relação entre o adulto e uma pessoa mais nova. É no fundo o processo da família – os nossos filhos e os nossos netos aprenderam connosco a crescer, a desenvolverem-se, a aumentarem as suas capacidades e as suas competências. Os alunos só poderão trabalhar de uma forma mais eficaz se forem capazes de estabelecer com os professores uma relação que permita aprender. “Embora não haja “receitas” para situações de indisciplina, visto serem relacionais e circunstanciais, parece-nos que, para gerir adequadamente as relações interpessoais na sala de aula, o professor deve, não só salientar ou prestar atenção aos comportamentos indesejados, mas sobretudo enfatizar os comportamentos alternativos pretendidos, procurando envolver os alunos nas tarefas de aprendizagem. A inovação educacional deve começar por existir ao nível das atitudes dos professores. A responsabilização do aluno deverá substituir categorização e a punição.”Jesus (2000) Os novos desafios que a escola enfrenta não podem ser resolvidos pela exclusão dos setores mais desfavorecidos da sociedade. É preciso procurar respostas que passam 33 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar pela criação de melhores condições nas escolas, pela formação inicial e contínua dos professores em áreas como a sociologia, pelo envolvimento das famílias e da comunidade e pelo trabalho de equipa multidisciplinares. Lá diz o ditado: “Mais vale prevenir que remediar!” 34 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 2.4. A intervenção face à problemática da indisciplina Para a eliminação de certo tipo de comportamento e o aparecimento de outros, não existem receitas nem modelos fixos de intervenção. Cada situação é única e é como tal que deve ser abordada, procurando definir claramente o problema e selecionar o modo de ação que melhor se adapte, reajustando esse processo sempre que haja necessidade. Como tal, a nossa investigação, neste capítulo, tentará evidenciar algumas estratégias e considerações para alterar o comportamento disruptivo. Uma vez identificado o aluno com comportamentos disruptivos, como futuros docentes, devemos desenvolver estratégias para lidar com comportamentos desviantes e eliminá-los. Deste modo, com a intenção de modificar este tipo de comportamentos, a nossa preocupação baseia-se em três pilares principais, sendo eles: diminuir o comportamento inadequado, aumentar o comportamento adequado e manter o referido comportamento ao longo do tempo em diferentes situações. Para a obtenção de êxito neste processo, a eliminação de um comportamento só é eficaz quando este é tomado por outro adequado e nunca por um comportamento inadequado. Teremos que ter presente que qualquer comportamento disruptivo está inserido num contexto de antecedentes e consequências, que podem tomar a forma de recompensas ou punições. Os antecedentes dizem respeito aos acontecimentos que ocorrem antes do comportamento, e que assinalam a sua ocorrência. Encara-se agora o comportamento como uma parte de um todo, onde os antecedentes e as consequências interagem entre si e geram o comportamento de indisciplina. O professor detentor de todo o contexto que envolve o aluno indisciplinado, poderá então utilizar estratégias para modificar o comportamento, tais como: 35 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Reforço social Gestão de contingências Contratos comportamentais Sistema de créditos Ensino positivo Autogestão Reforço Social O reforço social é um “feedback” que consiste em dar a um aluno uma resposta (consequência positiva após o comportamento), o que faz com que a frequência deste aumente. Existem diversos elogios que qualquer professor pode utilizar, por exemplo um sorriso, certas expressões como “bom trabalho” ou “estou muito orgulhosa do teu trabalho”, bater expressivamente no ombro do aluno, entre outras. Estes são alguns gestos que reforçam as atitudes dos alunos e muito fáceis de efetuar por parte dos professores. Segundo Ramsey (1997), “As três primeiras regras de um bom ensino são: 1 – elogiar, 2 – elogiar, 3 – elogiar!” No entanto, dever-se-á elogiar os alunos por reforços positivos sinceros e realizações autênticas, caso contrário um elogio falso poderá levar a sonhos e expectativas falhadas. No reforço social devemos ignorar sistematicamente o comportamento inadequado. O comportamento desejado será então reforçado e elogiado até que este substitua o comportamento que se pretende eliminar. É de crucial importância que estes elogios sejam feitos quando o aluno se “porta bem”, em vez de prestar atenção e punir apenas quando os comportamentos não são os mais próprios. Esta técnica tenderá a ignorar os comportamentos considerados desajustados, dado que estes são alimentados pela atenção que se lhes dá. 36 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar A atenção deverá ser sempre positiva e nunca em aspetos negativos. A utilização desta técnica social deve seguir-se imediatamente ao comportamento positivo, para que a criança se aperceba do tipo de atitude que teve e assim compreender que está perfeitamente correta. No entanto, se o reforço positivo não for feito no momento certo perde muito da sua força e o professor corre o risco do aluno não se recordar do que fez anteriormente e corretamente. O reforço social deverá ser individualizado e atendendo à especificidade de cada aluno, pois o aluno pode, ou não, gostar de determinados elogios, que não sejam utilizados para os seus colegas, e o resultado pode ser o contrário ao esperado. O comportamento disruptivo é um hábito na vida escolar do aluno. É essencial dar todo o tempo necessário ao aluno com o intuito de poder existir uma adaptação, estimulando-o a persistir com a tentativa de comportamentos corretos. Quando o comportamento esperado faz parte das atitudes do aluno então será necessário reforçar a ocorrência para evitar que o poder estimulante do reforço diminua. A ideia será então dedicar mais tempo para este tipo de alunos quando se portam bem e ignorar as tentativas que eles fazem para chamar a atenção de forma negativa. Gestão de Contingências Em qualquer situação, o aluno tem tendência a exibir um certo tipo de comportamentos. Segundo Rutherford (1994), “A gestão de contingências é uma técnica para reforçar sistematicamente os comportamentos “agradáveis” ou “prováveis” que são contingentes a outros comportamentos menos agradáveis e reforçadores.” Os professores concebem ambientes de aula onde os alunos deverão exibir comportamentos de alta probabilidade (CAP) consequentes aos comportamentos de baixa probabilidade (CBP), isto é “se fizeres isto, então podes fazer aquilo”. Ora, esta situação acontece todos os dias, quando os professores informam que assim terminados os exercícios em curso, poderão ir para o recreio ou para casa. 37 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar O sucesso deste tipo de gestão de contingências, reside no facto dos comportamentos de alta probabilidade dependerem da concretização dos comportamentos de baixa probabilidade. Contudo, os alunos disruptivos não veem ligação entre o comportamento adequado e as consequências positivas. Mas se repetirmos com eles o sistema de recompensa através do recurso a um CAP, por eles escolhido após a realização de um comportamento desejado, é provável que comecem a enveredar pela direção correta para usufruir das recompensas. Contrato Comportamental O contrato comportamental reveste a forma de um acordo entre duas ou mais pessoas, estipulando as responsabilidades dos intervenientes, no que diz respeito a comportamentos e suas recompensas. Trata-se de uma forma de aplicar a gestão de contingências, embora a um nível mais formal uma vez que envolve um acordo escrito. Deverá ser elaborado e assinado pelos seus intervenientes (professor/aluno) com o acordo de ambos, descriminando os comportamentos que deverão ser abolidos e a respetiva recompensa, isto porque se o aluno não o considerar legítimo não o irá cumprir certamente. Não devemos esquecer que a recompensa deverá ser imediata à realização do comportamento alvo de contrato. Desta forma deverá ser dada ao aluno autonomia suficiente para que ele próprio possa avaliar o seu progresso e o cumprimento do seu papel enquanto interveniente do contrato. Sistema de Créditos Este sistema de créditos é uma forma mais elaborada de utilizar o reforço na aula, consistindo em recompensar o aluno com determinados créditos imediatamente após um comportamento positivo. Os créditos assumem a forma de pontuação que se vai acumulando, sendo mais tarde trocados pelo reforço de apoio. 38 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Trata-se de um sistema de créditos que pode ser utilizado por toda a turma, por um grupo ou então por um só aluno perturbador. É utilizado para estabelecer os comportamentos considerados adequados podendo depois ser modificado ou gradualmente retirado, assim que esses comportamentos estejam estabelecidos e se tornem correntes. Segundo Rutherford (1994), “os comportamentos a reforçar devem constar de um contrato preferencialmente escrito e ser específicos (…), os créditos devem ser distribuídos logo após a ocorrência do comportamento (…), deve estabelecer-se um número específico de reforços de apoio ou prémios que os alunos poderão “comprar” com os créditos acumulados (…), é necessário determinar um momento específico para trocar os créditos pelos reforços de apoio.” Os créditos poderão assumir a forma de qualquer tipo de objeto que seja fácil de distribuir. Em si mesmos têm pouco valor mas podem ser trocados por atividades ou materiais adquirindo desta forma valor de troca. Para se introduzir este jogo há que fazer com que seja fácil ganhar e ser bem sucedido, para que num primeiro momento os alunos se sintam motivados. O grande número de reforçadores de apoio e a variedade de escolha aumentará a eficácia do sistema. Quanto mais escolher, mais probabilidades existem do aluno encontrar aquilo por que está disposto a lutar. Desta forma, as vantagens do sistema de créditos são evidentes. Primeiramente o sistema de créditos são fáceis de dar e o seu número pode ser ajustado às necessidades dos alunos. Em segundo lugar, os créditos podem ser dados de imediato, o que não acontece com os prémios, já que estes últimos induzem um rápido efeito de saciação. A recompensa rápida dos créditos não diminui a motivação do aluno e fornece-lhe uma estimativa credível do seu nível de desempenho. Em terceiro lugar, através dos créditos podemos ver se o aluno está a portar-se bem. Por último, os alunos poderão sentir-se cansados de um determinado reforço, existindo assim outras oportunidades de recompensa. Ensino Positivo Quando falamos de ensino positivo, entendemo-lo como uma atitude geral do professor perante os alunos, perante si próprio e perante o ato de ensinar do que propriamente como uma técnica. 39 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Quanto mais alargada for a experiência do professor, mais provável é que se aperceba não só dos problemas comportamentais dos alunos como dos efeitos do meio sobre esses problemas. O ensino positivo concentra-se nos aspetos antecedentes ao comportamento perturbador e implica uma estruturação do estilo de ensino e do dia de aula, para diminuir as oportunidades de disrupção, uma vez que o professor adapta as aulas tornando-as mais “interessantes” e motivadoras. Muitos alunos com comportamentos disruptivos, são produto de circunstâncias que enfrentam todos os dias e que levam à indisciplina. Se um professor se torna consciente das circunstâncias que desencadeiam um comportamento disruptivo desenvolvendo estratégias para o evitar será perfeitamente natural que esse comportamento vá cessando. Será então nos antecedentes ao ato de indisciplina que teremos que atuar para o evitar utilizando, por exemplo, as seguintes formas: - Dispor de uma forma mais sossegada e espaçosa as carteiras; - Posicionar o aluno mais próximo do professor, ou mais longe de acordo com as circunstâncias; - Escolher bem os companheiros de carteira, pois podem influenciar e muito o comportamento; - Alterar a rotina das apresentações das diferentes matérias; - Introduzir pausas no trabalho; - Proporcionar atividades de caráter lúdico; - Retirar o que possa servir de distração; - Etc. Nunca devemos esquecer que da boa relação professor/aluno e vice-versa emerge a harmonia educativa. “Um ensino positivo configura-se como uma forma extremamente eficaz, segura e duradoura de elevar o rendimento académico dos alunos e de desenvolver uma 40 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar “prevenção primária” face à possível emergência de comportamentos perturbadores.” Rutherford (1994) Autogestão Quando nos empenhamos na mudança de um comportamento, tentamos por tudo incutir no aluno a necessidade de regras de conduta e comportamentos corretos que farão falta durante toda a sua vida. A autogestão possibilita uma tomada de consciência por parte do aluno, que poderá influir na modificação do seu comportamento. “Deixar os alunos envolverem-se na gestão do seu próprio comportamento pode, pois, constituir uma forte motivação para o processo de modificação de comportamentos na aula uma vez que os alunos, como qualquer outra pessoa, gostam de se pronunciar sobre aquilo que lhes diz diretamente respeito.” O professor deverá ajudar os alunos a desenvolver as suas competências de autogestão, o que nem sempre acontece, dado o ainda monopólio da aula por parte do professor. Se isso se verificasse os alunos adquiriam, de certo, um melhor controlo sobre as respetivas vidas e aprenderiam de a assumir a responsabilidade dos seus atos. Para que isso aconteça urge a necessidade de: - Estabelecer os comportamentos que pretendemos que os alunos assumam, ou seja, o professor terá que estabelecer comportamentos mínimos e se possível deixar que os alunos aprendam a lidar com eles para que a aula decorra sem problemas; - Estabelecer até que ponto o professor está disposto a colocar poder nos alunos, pois “qualquer passo em direção à autogestão, dará aos alunos maior liberdade (…)” - O professor estabelecer publicamente aos alunos as suas expectativas acerca deles. Ao dizer ao aluno aquilo que pretende, este pode tornar-se consciente de uma expectativa do professor que até aí desconhecia. Os alunos adquirem, através deste sistema, um melhor controlo sobre as respetivas vidas, aprendem a assumir a responsabilidade pelos seus atos e o professor partilha com eles o encargo de planear e implementar as rotinas e atividades diárias. 41 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar A utilização do reforço social, dos contratos e do sistema de créditos, servem para aumentar e manter as competências de autogestão, pois incutem nos alunos, principalmente naqueles que sofrem de comportamentos de indisciplina, o desenvolvimento do sentido de responsabilidade essencial à vida em sociedade. Estas são algumas estratégias que os professores podem utilizar no sentido de uma maior facilidade na gestão da disciplina dos alunos na sala de aula. No entanto, não há receitas universais, pelo que cada professor deve procurar aprender a partir da própria experiência, sendo coerente consigo próprio. Fundamentalmente, se o professor quer ser respeitado pelos seus alunos, tem que ele próprio respeitar-se e apreciar as suas qualidades pessoais e profissionais. Assim, uma das regras que o professor deve ter em conta é tentar analisar o seu próprio comportamento face a situações de indisciplina dos alunos e procurar aprender com essas experiências, no sentido de um maior auto- conhecimento e aperfeiçoamento progressivo. 42 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar CAP. III – METODOLOGIA E INVESTIGAÇÃO 43 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 3.1. Definição do problema A preferência por este estudo e a forma como foi abordado pretende clarificar o que potencia a indisciplina nos alunos e que impactos causam no professor. A problemática em questão despertou-nos bastante interesse, uma vez que, como professores que somos, temos conhecimento de diversos incidentes que têm ocorrido dentro e fora das escolas e que muito têm preocupado toda a comunidade escolar, famílias, autarquias e toda a população, em geral. Interessa-nos conhecer as causas deste fenómeno que tem vindo a crescer nos últimos anos de forma a podermos preveni-la, sendo que a supervisão e o papel do supervisor são cruciais em todo este processo. Deste modo, procuramos conhecer os fatores que poderão estar na origem da indisciplina. A nossa atitude reflexiva servirá para tirar ensinamentos para o futuro, que poderão ser úteis para outros docentes e para as escolas, na medida em que pode permitir uma intervenção atempada. A temática abordada remete para um problema sentido pelos professores do agrupamento, a indisciplina. Este problema foi discutido com frequência nas reuniões de conselho docentes, registado em atas, e contemplado no projeto educativo e plano de ação de necessidades de formação do agrupamento. A indisciplina dos alunos parece evidenciar elevados índices de stress em elementos da comunidade educativa. As várias reuniões realizadas sobre os comportamentos indisciplinados dos alunos no contexto sala de aula tornaram-se frequentes e pouco esclarecedoras do verdadeiro problema ou da clara dificuldade docente. Reconhecendo a complexidade da problemática foi elaborado um inquérito por questionário que irá permitir recolher grande quantidade de informação e um tratamento fácil e rápido facilitando a categorização das respostas. Os inquiridos podem expressar livremente as suas convicções em virtude do anonimato que lhe é subjacente; envolve um risco quase nulo de distorção dos dados pois não há a influência do inquirido. O questionário divide-se em quatro secções e é constituído por 30 questões distribuídas por 4 páginas (anexo 1). Apresenta-se em anexo o instrumento de recolha de dados numa tentativa de responder ao porquê de cada questão elaborada (anexo 2). No geral, com as oito questões iniciais o objetivo é caracterizar o indivíduo que responde ao inquérito. Num segundo momento, inquire-se o sujeito sobre a sua opinião e nível de apreciação qualitativa relativamente aos recursos físicos e humanos disponíveis. De seguida, o objetivo é caracterizar o grupo - turma do inquirido sobre indisciplina no 44 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar contexto sala de aula. Por fim, pretende-se evidenciar alguns fatores que, através da atuação do professor, possam favorecer o surgimento de indisciplina. 45 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 3.2. Objetivos do estudo O objetivo primordial deste estudo é conhecer a problemática da indisciplina. Para este fim utilizaremos questionários direcionados a professores. Deste modo, pretendemos conhecer: O conceito de indisciplina na escola. Identificar de uma forma inequívoca as causas da indisciplina na sala de aula compreendendo os fatores catalisadores da mesma. Distinguir um ato de indisciplina e um episódio esporádico de mau comportamento. Compreender a influência de diferentes práticas pedagógicas no comportamento dos alunos e consequentemente no seu aproveitamento. Aplicar na sala de aula estratégias de prevenção de incidentes críticos. Encontrar pistas que ajudem na resolução de situações problemáticas de disciplina / indisciplina. Ultrapassar uma visão didática de indisciplina, contextualizando-a na turma e na escola. Analisar as estratégias já utilizadas na resolução da indisciplina e criar alternativas. Encontrar na interface escola/família um auxílio no combate à indisciplina. 46 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 3.3. Contextualização e participantes Depois de termos feito, na componente teórica, uma breve abordagem sobre a supervisão e sua implicação no processo de ensino/aprendizagem, para além da problemática da indisciplina, a prevenção da mesma, algumas estratégias para combater comportamentos disruptivos, procurámos investigar na componente prática a opinião de professores. A amostra surge da necessidade de pesquisar uma parte da população. Segundo Fortin (1999) a amostra é considerada “uma réplica em miniatura da população alvo, deve ser por isso representativa da população estudada, possuindo as suas características”. Na perspetiva de Lakatos e Marconi (1996) “a amostra é uma parcela convenientemente selecionada do universo”. Para fundamentar este estudo, foi escolhida uma amostra de professores para se poder apurar a problemática em estudo. Assim, participaram neste estudo uma amostra de 30 professores do Ensino Básico do Agrupamento de Escolas de Frei João, do concelho de Vila do Conde . 47 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 3.4. Hipóteses Depois de termos abordado, na componente teórica, a problemática da indisciplina, a prevenção da mesma, algumas estratégias para combater comportamentos disruptivos e uma breve abordagem sobre supervisão, procurámos investigar na componente prática a opinião de professores que, tiveram ou não alunos indisciplinados, as estratégias mais usadas para prevenir a indisciplina e consequentemente se os professores contribuem com o seu desempenho para o aumento ou diminuição da mesma. De acordo com Goode e Hatt (1969: 75), citado por Gil (1995: 60) hipótese é “uma proposição que pode ser colocada à prova para determinar a sua validade”. O papel fundamental da hipótese é referir a explicação para os factos. Para a problemática em estudo torna-se indispensável alicerçar as seguintes hipóteses: O grau de indisciplina aumenta na proporção do processo de socialização. Determinados comportamentos desajustados dos alunos são suscetíveis de ser provocados pela indefinição de regras existentes na instituição escolar. Desenquadramento do currículo gera falta de motivação. 48 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar CAP. IV – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 49 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 4.1. Análise dos dados Foram distribuídos aleatoriamente e preenchidos trinta inquéritos de entre os professores de primeiro ciclo do agrupamento representando cerca de 86% da população alvo. Gráfico 1: Idade 100 80 60 40 20 0 <25 anos 26-35 anos 36-45 anos 46-55 anos >=56 anos Gráfico 3: Situação Profissional 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 PQE PQZ PC Outra Gráfico 4: Tempo de Serviço 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0-5 6-10 11-15 50 16-20 >= 21 anos Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Gráfico 5: Tempo de Serviço Estabelecimento Ensino 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0-3 4-6 7-10 11-14 >= 15 anos A leitura dos gráficos (1,3,4,5) demonstra que as idades da população-alvo concentram-se no intervalo de 26 a 55 anos de idade o que corrobora com a situação profissional (em que 73 % pertence aos Quadros), com o tempo de serviço prestado na carreira docente (onde 50% possui mais de 16 anos de serviço e 20% entre 11 e 15) e com o tempo de serviço prestado no estabelecimento de ensino (onde se verifica que existe uma certa estabilidade, continuidade e relação temporal com a escola/ agrupamento). Gráfico 2: Habilitações Literárias 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Bacharelato Licenciatura Mestrado Doutoramento Os inquiridos evidenciam um elevado grau de habilitações literárias em que 93% dos inquiridos possuem o grau de licenciado e, destes, 23 % o de mestre. Observa-se uma percentagem baixa de professores com o grau de bacharel, cerca de 7% (gráfico 2). 51 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Gráfico 6: N.º Alunos por Turma 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 < 15 16-20 21-24 >= 25 Gráfico 11: Frequência de Casos de Indisciplina 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Nunca Diariamente 2-3 dias 4-5 dias >= 5 dias Outra Verifica-se uma relação direta entre o número de alunos (gráfico n.º 6) e o número de frequência de casos de indisciplina (gráfico n.º 11), pelo que o número de alunos parece favorecer o surgimento de comportamentos indisciplinados. A formação dos pais parece não estabelecer relação direta com a frequência de comportamentos indisciplinados. Gráfico 8: Equipamentos/materiais pedagógicos 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Maus Razoáveis Bons 52 Muito bons Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Gráfico 9: Recursos Humanos 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Maus Razoáveis Bons Muito bons Da observação efetuada resulta que a maioria dos inquiridos, mais de 70%, considera que os equipamentos/ materiais pedagógicos e os recursos humanos que a escola possui são razoáveis. Os restantes evidenciam apreciar estes recursos classificando-os como bons (gráficos nº 8 e nº 9). Relativamente aos espaços físicos existentes na escola a maioria, 60%, consideram-nos razoáveis e 40% bons ou muito bons (gráfico nº 10). Gráfico 11: Frequência de Casos de Indisciplina 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Nunca Diariamente 2-3 dias 4-5 dias >= 5 dias Outra Pela observação do gráfico nº 11 é evidente a ocorrência frequente de casos de indisciplina na sala de aula. Verifica-se que 47% dos inquiridos afirma ter diariamente registo de ocorrências de casos de indisciplina na sala de aula e 36% dos inquiridos registam que ocorrem em intervalos de 2 a 3 dias ou de 4 a 5 dias. 53 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Gráfico 12: N.º Alunos c/ Comportamento Indisciplinado 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0 1-2 3-6 7-10 >10 Verifica-se que a grande parte destas ocorrências advêm de 1 a 2 alunos (gráfico nº 12) representando 63%. Evidencia-se ainda uma percentagem significativa, 30%, relativa à categoria de 3 a 6 alunos, sendo que 7% dos inquiridos afirmam não ter nenhum aluno que tenha este tipo de comportamento o que está diretamente relacionado com os 7% (observados no gráfico nº 11) que não têm ocorrências de casos de indisciplina na sala de aula. Gráfico 13: A Quem se Direciona a Indisciplina 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Aos professores Aos alunos Aos funcionários Outros Não responde Observa-se ainda que a maioria das ocorrências de casos de indisciplina se direciona a alunos (67%) e professores (27%), como se observa no gráfico nº 13. 54 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Falta de autoridade do professor Bullying Falta de normas de condutas sociais Falta de motivação do professor Influência dos colegas Ambiente sala de aula Falta de motivação do aluno Falta de acompanhamento dos pais Problemas familiares Gráfico n.º 14: Razões de indisciplina 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Para os inquiridos, os problemas familiares e a falta de normas de condutas sociais (22%) constituem os principais motivos de indisciplina (gráfico nº 14). Observa-se ainda que 20% refere-se à falta de acompanhamento por parte dos pais e 14% à desvalorização social da imagem do professor (gráfico nº 14). Outra Regista a ocorrência e define estratégias de resolução ou encaminha Condiciona o acesso de aluno a certos espaços escolares Comunica aos pais Aplica processo disciplinar Adverte o aluno Planifica tarefas/ atividades de integração escolar 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 A atuação dos inquiridos, perante a ocorrência dos casos de indisciplina, é adequada. Os principais procedimentos adotados pelos docentes na ocorrência de casos de 55 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar indisciplina são em 34% a advertência ao aluno, 28% a comunicação aos pais, 16% o registo da ocorrência e definição de estratégias de resolução (gráfico nº 15). O procedimento que nunca ocorreu foi a aplicação de um processo disciplinar. Gráfico 17: Resolução deve Envolver 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Os professores Os pais Os alunos Os funcionários/ AAE Outro Afirmam que a resolução dos casos de indisciplina deve envolver quer os professores (32%), os pais (32%), os alunos (25%) e os funcionários (12%) (gráfico nº 17). Gráfico 16: Dificuldade no Trabalho Escolar 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Discordo totalmente Discordo Sem opinião Concordo Concordo totalmente Afere-se que 77% dos professores inquiridos concordam totalmente e 23% concordam que os casos de indisciplina lhes dificultam o trabalho escolar na sala de aula (gráfico nº 16). 56 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Gráfico 18: Organização, Desenvolvimento, Avaliação 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 da organização do desenvolvimento da avaliação Discordo totalmente Discordo Sem opinião Concordo Concordo totalmente A opinião dos professores inquiridos relativamente à organização, desenvolvimento e avaliação o processo de ensino-aprendizagem tendo em conta as características do aluno e do meio é de concordância total ou concordância (gráfico nº 18). Gráfico 19: Explicitação do Valor Aprendizagem 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre Observa-se pelo gráfico nº 19 que a frequência de explicitação aos alunos das tarefas ocorre muitas vezes (50%) ou sempre (43%). 57 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Gráfico 20: Uso das TIC 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre Dos 30 inquiridos verifica-se que apenas 3% usa sempre as TIC na sala e 57% usa às vezes (gráfico nº 20). Não conseguimos apurar se estamos perante a inexistência de computadores, se os inquiridos não o consideram como um recurso relevante ou se existe falta de formação nesta área. Gráfico 21: Adequação do Espaço Sala 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre No que diz respeito à adequação do espaço sala de aula às diversas atividades propostas, afere-se que 3% das pessoas raramente muda a sala, enquanto 43% muda muitas vezes e 37% às vezes (gráfico nº 21). 58 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Gráfico 22: Adequação da Comunicação 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre Adequar o tipo comunicação aos diferentes elementos da turma é realizado muitas vezes por 60% dos professores e sempre por 30%, no entanto, ainda se verificam 10% que só adequa às vezes (gráfico nº 22). Gráfico 23: Promoção Diálogo na Gestão Conflitos 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre A promoção do diálogo entre os alunos na gestão de conflitos na sala de aula é visto como um fator importante pois 70% dos inquiridos revela que o promove muitas vezes e 17% sempre (gráfico nº 23). Observa-se ainda 13% dos inquiridos que só às vezes é que o faz. 59 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar TABELA 4 Correlações 22 23 0 0 0 0 3 4 18 21 9 5 A adequação da comunicação ao tipo de aluno parece estar relacionada com a promoção do diálogo na gestão de conflitos (tabela 4). 0,959243 Gráfico 24: Promoção Ativa na Construção Regras Comuns 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre A grande maioria dos inquiridos, 43%, promove muitas vezes com os alunos a sua participação ativa na construção de regras de convivência comuns, na sala de aula, 37% sempre e 20% às vezes (gráfico nº 24). Verifica-se que no estabelecimento de regras de convivência comuns a maioria, 63%, estabelece muitas vezes essas regras e 20% às vezes. Parecem existir evidências de que os inquiridos apesar de promoverem a participação dos alunos na construção de regras de convivência comuns muitas vezes também as estabelecem. Ou seja, o professor promove o diálogo para construção de regras de convivência comuns e, ao mesmo tempo, também estabelece parâmetros de convivência comuns na sala de aula. 60 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Gráfico 26: Fomenta Valores Democráticos 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre Gráfico 27: Alunos Intervêm quando Solicitados 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Sem importância Pouco importante Importante Muito importante Parece evidente que existe uma contrariedade entre a fomentação de valores democráticos (iniciativa, cooperação, respeito pelos outros) e a intervenção do aluno na sala de aula. Pois ao mesmo tempo que afirma desenvolver valores democráticos, 87% sempre ou muitas vezes (gráfico nº 26), para 70% dos inquiridos é importante que o aluno intervenha somente quando solicitado seguindo-se 20% que considera muito importante (gráfico nº 27). 61 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Gráfico 29: Concentra-se nas Consequências 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre Muitas vezes Sempre Gráfico 28: Procura Conhecer Causas 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Nunca Raramente Às vezes Verifica-se que os docentes muitas vezes (70%) se concentram nas consequências dos comportamentos incorretos dos alunos (gráfico nº 29) mas em simultâneo parece evidente que também muitas vezes (60%) os inquiridos procuram conhecer as causas dos comportamentos incorretos dos alunos (gráfico nº 28). 62 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Gráfico 30: Já frequentou antes alguma ação 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Sim Não Observa-se que 77% dos inquiridos nunca frequentou uma ação de formação sobre a temática abordada no questionário (gráfico nº 30). 63 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 4.2 Resultados da investigação face aos objetivos formulados Perfil de Indisciplina traçado a partir dos questionários As leituras efetuadas, relacionadas com a indisciplina na sala de aula, demonstraramnos que esta poderá ter alguma relação com a falta de formação dos professores. Tendo em conta Estrela (2002) “ (…) uma pedagogia assente na prática da liberdade e da responsabilidade exige da parte do professor competências técnicas e relacionais que a escola tradicional não exigia, o que pressupõe uma formação profissional adequada que raras vezes é facultada ao professor.” Segundo a autora o termo disciplina surge nos dias atuais, com um sentido pejorativo, na medida que ao referir o termo, temos tendência de nos remeter a regras e à ordem delas decorrentes. Indisciplina será o termo apontado como a negação de disciplina. É a privação, a desordem que surge em virtude da quebra de regras previamente estabelecidas. Seja disciplina ou indisciplina, ambos os termos nunca poderão estar dissociados do contexto sócio - histórico em que ocorrem, pois as regras são sempre resultantes de mundivivência. Tanto Maria Teresa Estrela (2002) como Lemos e Carvalho (2002) apontam como principais fatores de indisciplina no contexto sala de aula: O poder centrado no professor; Autoridade professoral; O professor como único detentor do saber; Imposição de uma cultura padrão (sem dar oportunidade ao aluno de transmitir a sua própria cultura); Inexistência da construção e reconstrução do espaço - sala de acordo com as aprendizagens e as necessidades; Turmas numerosas; Falta de motivação por parte dos alunos; Dificuldades comunicacionais entre os diferentes sujeitos da relação pedagógica; Pouca importância dada ao diálogo como promotor da gestão de conflitos; Pouca relevância à adaptação dialogante dos professores à realidade de cada aluno; Pouca abertura das escolas aos pais; 64 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Isolamento do professor; Dinâmicas de aula pouco atrativas; Fraca utilização de recursos informáticos; Fracos recursos: Humanos, físicos e materiais; Falta de conhecimentos, ao nível de indisciplina, por parte dos professores; Professores com dificuldades em perceber quais os principais fatores e causas de indisciplina por parte dos alunos; Crescente responsabilidade dada à escola por parte dos pais. Perante tal quadro de possibilidades, vários são os autores unânimes em afirmar que não existem receitas ou soluções certas para a resolução dos problemas de indisciplina. Os contextos em que ocorrem são diferentes, logo as causas também não são iguais e as soluções terão de ser adaptadas às realidades. Segundo o perfil de desempenho profissional do professor do ensino básico, o professor deve organizar, desenvolver e avaliar todo o processo de ensino tendo como principal base a análise de cada situação em concreto. Deve ter em conta a diversidade de conhecimentos, de capacidades e de experiências que cada aluno já possui antes de iniciar o seu processo de ensino-aprendizagem na escola. É igualmente importante que promova a “participação ativa dos alunos na construção de regras de convivência, fomentando a vivência de práticas de colaboração e respeito solidário no âmbito da formação para a cidadania democrática” (Decreto-Lei nº 241/2001, de 30 de agosto). A procura de soluções deve envolver todos os sujeitos da relação pedagógica e é pedido que o professor se relacione “positivamente com crianças e com adultos, no contexto da especificidade da sua relação com as famílias e com a comunidade, proporcionando, nomeadamente, um clima de escola caracterizado pelo bem-estar afetivo que predisponha para as aprendizagens.” [idem]. Contrapondo o Modelo Real de Indisciplina do Agrupamento com um Modelo Ideal Tendo em conta os resultados obtidos a partir dos inquéritos e da pesquisa literária sobre a temática, construiu-se um quadro onde traçamos a situação real do agrupamento versus a situação ideal, que a seguir se apresenta. 65 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Situação real Situação ideal Turmas com 21 a 24 alunos. Turmas menos numerosas, até 18 alunos. Equipamentos/materiais pedagógicos razoáveis. Equipamentos/materiais pedagógicos devem ser bons ou muito bons. Recursos humanos razoáveis Recursos humanos devem ser bons ou muito bons. Espaços físicos razoáveis. Espaços físicos devem ser bons ou muito bons. Ocorrência diária de casos de indisciplina. Prevenir e/ou evitar ocorrências de casos indisciplinares na sala de aula. 1 a 2 alunos por turma têm comportamentos indisciplinados. Turmas sem comportamentos indisciplinados. A indisciplina direciona-se a alunos e professores. Promover sempre que possível o relacionamento positivo entre os diferentes sujeitos de forma a criar um clima de bemestar e confiança na sala de aula. As principais razões de indisciplina são a falta de acompanhamento dos pais e problemas familiares. A Escola potencializa/ utiliza o recurso família como um auxílio no combate à indisciplina. O principal procedimento é advertir o aluno. Elaborar estratégias de intervenção disciplinar com a turma e pais para resolução de conflitos. Os comportamentos indisciplinados dificultam o trabalho escolar dos professores. Aplicar na sala de aula estratégias de prevenção de incidentes críticos negociados com os alunos e pais. A resolução da indisciplina deve envolver pais, professores e alunos. Envolver a comunidade educativa no encontro de estratégias de resoluções. Explicitam, muitas vezes o valor da aprendizagem. Explicitar sempre o valor das aprendizagens das diferentes tarefas. Usam, muitas vezes as TIC. Fazer uso das TIC de forma equilibrada e contextualizada com outras estratégias de aprendizagem sempre que possível, necessário e pertinente. Adequam, muitas vezes o espaço sala. Adequar sempre o espaço sala de acordo com as diferentes atividades a realizar. Adequam, muitas vezes a comunicação. Adequar sempre o tipo de comunicação a cada aluno. 66 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Promovem, muitas vezes o diálogo na gestão de conflitos. Devem promover sempre que necessário, o diálogo na gestão dos conflitos. Promovem, muitas vezes, a participação ativa dos alunos na construção e prática de regras. Fomentar, sempre que possível, a vivência de práticas de colaboração e respeito solidário no âmbito da formação para a cidadania democrática. Estabelecem, muitas vezes, regras de convivência. As regras devem ser negociadas e dialogadas sempre que necessário e possível. É importante que os alunos intervenham só quando solicitados. Os alunos devem ter em conta as regras de convivência previamente negociadas e intervir com respeito e com ordem. Procura conhecer muitas vezes as causas dos comportamentos incorretos dos alunos. Identificar, sempre, de uma forma inequívoca as causas da indisciplina na sala de aula. Concentram-se, muitas vezes, nas consequências dos comportamentos incorretos dos alunos. Procurar compreender sempre as consequências que os comportamentos incorretos dos alunos trazem no aproveitamento individual e coletivo da turma. 67 CAP. V – CONCLUSÕES Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 5. Conclusões 5. 1. Conclusões do estudo Ao concluir esta nossa investigação, ficámos conscientes que a questão da indisciplina não está completamente estudada, nem tão pouco resolvida. De toda esta análise, pensámos ter proporcionado um pequeno contributo para uma melhor articulação do tema com a realidade escolar com que nos deparamos atualmente. A abordagem de um tema desta natureza não foi de maneira alguma muito fácil, mas tornou-se muito gratificante uma vez que nos possibilitou adquirir conhecimentos que, mais tarde ou mais cedo, poderemos utilizar como profissionais ligados à educação. No decorrer de toda esta problemática e tudo que explícita ou implicitamente se relaciona com ela, constatámos que o fenómeno da indisciplina sempre existiu, existe e existirá no futuro. Uma sociedade de plenos direitos começa com uma escola onde todas as crianças são integradas, onde o respeito pela diferença e a tolerância levará à igualdade de oportunidades e à realização pessoal. Esta mistura de culturas, saberes, diferenças e também objetivos quando juntos, podem resultar certos comportamentos tidos como desviantes. Como diz Olga Magalhães (1996), “um comportamento indisciplinado é aquele que de alguma forma perturba ou impede o normal decurso do processo ensino / aprendizagem.” Todos sabemos que a indisciplina existe, mas também sabemos que pode ser tratada, dando lugar a comportamentos considerados corretos. É de salientar que a relação pedagógica surge-nos como um fator determinante na gestão de comportamentos de indisciplina. Se esta for positiva, comportamentos tidos como desviantes aparecerão com menor frequência. 70 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar A postura do professor é também outro fator que pode provocar o aumento ou a diminuição da indisciplina. Um professor que imponha autoridade mas sem ser autoritário vai certamente conseguir melhores resultados dentro da sala de aula. Sabemos que não podemos, nem devemos, ignorar comportamentos tidos como desviantes, devendo os mesmos ser alvo de atenções pormenorizadas. Desta forma, com empenhamento, aplicando determinadas estratégias pedagógicas, poderemos tornar a sala de aula num local mais feliz e produtivo para todos. Embora não existindo fórmulas totalmente eficazes para a gestão do espaço educativo, parece-nos que a prevenção pode ser uma atitude mais inteligente do que a remediação. Toda a atenção que o professor possa despender com o aluno será uma maisvalia, um contributo para a valorização do segundo, para o seu enriquecimento pessoal e mais tarde, profissional, uma vez que a escola proporciona uma aprendizagem que se continuará pela vida fora. Tal como o aluno, também o professor deverá estar atento aos restantes alunos indisciplinados, implicativos, que gostam de se exibir muitas vezes humilhando os mais novos, que necessitam de ser norteados, encaminhados, que por vezes gostam de ser ouvidos, de merecer uma determinada atenção e que, muitas vezes, quando compreendidos, quando objeto de uma conversa informal, tendem a melhorar o comportamento e o rendimento escolar. Do mesmo modo é importante estarmos atentos ao grupo de pares, uma vez que é com ele que o aluno passa a maioria do tempo. Em todo este enquadramento, a supervisão revela-se uma mais valia, que pode ajudar os professores a crescer ainda mais como profissionais e como seres humanos. Deste modo, o presente trabalho pode ajudar os demais colegas a otimizar determinadas práticas educativas, criando alternativas que ajudem os alunos a não enveredar por comportamentos que não se desejam e que não se ajustam aos valores que a escola veicula e transmite. Pode ajudar a prevenir determinadas atitudes indisciplinadas ou violentas, que muitas vezes, com uma conversa amiga, podem levar um rumo correto norteado pelas boas maneiras e por posturas adequadas. Este estudo foi realizado com a plena certeza de poder ajudar outros professores, corrigindo determinadas situações e erros com que nos defrontamos diariamente. Todos nós somos diferentes, é certo, mas é precisamente esta diferença 71 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar que constitui a nossa riqueza. E todos nós devemos fomentar maior riqueza, respeitando a singularidade de cada um. Por isso é que é uma tarefa cada vez mais um desafio sermos professores na atualidade. 72 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 5.2. Linhas futuras de investigação Embora consideremos que este estudo exploratório possa ter contribuído para um aprofundar de conhecimentos e práticas na área da supervisão, entendemos no entanto, que, ele não constitui um fim em si mesmo podendo ser aprofundado e explorado noutras vertentes. Assim, ponderamos indicar algumas sugestões que poderão vir a constituir um contributo para o desenvolvimento de investigação nesta área: A aplicação deste tipo de estudo noutros contextos de forma a permitir abordagens comparativas; Estudo complementar a este, em que se faça um inquérito, por questionário, a uma amostra de professores de 2º/3º ciclos de forma a perceber se as questões de indisciplina se vão agravando ou não com o avançar da idade e da escolaridade; Relativamente a pequenos projetos futuros que possam ser desenvolvidos, propõe-se um ensaio de otimização de formação contínua a professores nesta área. 73 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar CAP. V – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 74 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 6.1. Referências bibliográficas 6.1. Referências bibliográficas AIRES, L. (2004). Investigação Naturalista em Educação. Porto, Edições ASA. ALARCÃO, I. (1996). Formação Reflexiva de Professores - Estratégias de Supervisão. Porto, Porto Editora. ALARCÃO, I. et al. (2000). Escola Reflexiva e Supervisão. Porto, Porto Editora. ALARCÃO, I. (2005). Professores Reflexivos em uma Escola Reflexiva. Brasil, Cortez Editora. ALARCÃO, I. & Tavares, J. (2007). Supervisão da Prática Pedagógica. Uma perspetiva de desenvolvimento e aprendizagem. Coleção de Ciências da Educação e Pedagogia. Coimbra, 2ª ed. ALVES, N., et. al. (1997). Educação e Supervisão – o trabalho coletivo nas escolas. S. Paulo, Cortez Editora. ARANHA, A. ; GONÇALVES, F. (2007). Métodos de Análise de Conteúdo. Vila Real, Setor Editorial dos SDE. BARDIN, L. (2007). Análise de Conteúdo. Lisboa, Edições 70, Lda. BLUMBERG, A. (1978). Supervision as Interpersonal Intervention. The Journal of Classroom Interaction, Vol. 13. BOGDAN, R.; BIKLEN, S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação. Porto, Porto Editora. BRAGA DA CRUZ, M. ; DIAS, A. R. ; SANCHES, J. F.; RUIVO, J. B. ; PEREIRA, J. S. & TAVARES, J. C. (1988). A Situação do Professor em Portugal. 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Docencia Universitaria e Inovación. Barcelona. 79 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar ANEXOS 80 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar ANEXO 1 - INQUÉRITO Universidade de Trás–os–Montes e Alto Douro Questionário Este questionário insere-se no âmbito de um estudo de investigação a desenvolver no contexto do Mestrado de Ciências da Educação, Área de Especialização em Supervisão Pedagógica, tendo como temática: A Supervisão Pedagógica/Indisciplina em contexto escolar O questionário é anónimo e confidencial sendo que os resultados serão analisados e tratados de acordo com os objetivos inerentes a este projeto investigativo. Desde já agradeço a sua colaboração. 1. Idade <25 anos (assinale 1 opção) 26 – 35 anos 36 – 45 anos 46 – 55 anos ≥ 56 anos 2. Nível de habilitações literárias Bacharelato (assinale 1 opção) Licenciatura Mestrado Doutoramento 3. Situação profissional (assinale 1 opção) Professor do Quadro (escola ou agrupamento) Professor Contratado Professor do Quadro de Zona Pedagógica Outra. Qual? _____________________________ 4. Tempo de serviço 0 – 5 anos (assinale 1 opção) 06 – 10 anos 11 – 15 anos 16 – 20 anos ≥ 21 anos 5. Tempo de serviço prestado neste estabelecimento de ensino 0 – 3 anos 4 – 6 anos 7 – 10 anos (assinale 1 opção) 11 – 14 anos ≥ 15 anos 6. Número de alunos por turma: < 15 (assinale 1 opção) 16 - 20 21 - 24 81 ≥ 25 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 7. Assinale, em média, as habilitações literárias dos pais da turma: Ensino básico incompleto Ensino secundário Ensino básico completo Ensino superior (assinale até 2 opções) Outro. Qual? __________________________ CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA 8. Os equipamentos/ materiais pedagógicos existentes na escola são: Maus Razoáveis (assinale 1 opção) Bons Muito bons 9. Os recursos humanos existentes na escola são: Maus (assinale 1 opção) Razoáveis Bons Muito bons 10. Os espaços físicos existentes na escola são: Maus (assinale 1 opção) Razoáveis Bons Muito bons CARACTERIZAÇÃO DA TURMA 11. Com que frequência ocorrem casos de indisciplina na sala de aula (dias úteis)? Nunca Diariamente 2 – 3 dias ≥ 5 dias Outra. Qual? __________________ (assinale 1 opção) 4 – 5 dias 12. Em média, quantos alunos têm comportamentos indisciplinados na sala de aula? 0 1-2 3-6 7 - 10 13. A indisciplina que se verifica na turma direciona-se, em geral: Aos professores Aos alunos Aos funcionários 82 (assinale 1 opção) > 10 (assinale 1 opção) Outros Qual? ________________________ Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 14. Quais as principais razões para os casos de indisciplina? (assinale até 3 opções) Problemas familiares Falta de acompanhamento por parte dos pais Falta de motivação do aluno Ambiente sala de aula Influência dos colegas Falta de motivação do professor Falta de normas de conduta sociais Bullying Falta de autoridade por parte do professor Estilo permissivo de educação na família Desvalorização social da imagem do professor Estilo permissivo de educação do professor Ausência de equipas multidisciplinares nas escolas Ausência de uma política social e laboral de apoio às famílias Outra. Qual? ______________________________ PROFESSOR NA SALA DE AULA 15. Que procedimentos adota, com mais frequência, para solucionar os problemas de indisciplina na sala de aula? Planifica tarefas/ atividades de integração escolar Adverte o aluno Comunica aos pais Condiciona o acesso do aluno a certos espaços escolares (assinale até 3 opções) Aplica processo disciplinar Regista a ocorrência e define estratégias de resolução ou encaminhaa Outra. Qual? ____________________ 16. Concorda que a indisciplina dos alunos dificulta o seu trabalho escolar? Discordo totalmente Discordo Sem opinião Concordo 17. A resolução da indisciplina deve envolver: O (s) professor Os pais (assinale 1 opção) Concordo totalmente [assinale a(s) sua (s) opção (ões)] Os alunos (es) 83 O (s) funcionários/ A.A.E. Outro. Qual?_____________ Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 18. Concorda que no processo de ensino-aprendizagem se deverá ter em conta a diversidade de conhecimentos, capacidades e experiências de cada aluno, no âmbito: da organização? do desenvolvimento? [assinale a sua opinião] da avaliação? Discordo totalmente Discordo totalmente Discordo totalmente Discordo Discordo Discordo Sem opinião Sem opinião Sem opinião Concordo Concordo Concordo Concordo totalmente Concordo totalmente Concordo totalmente 19. Torna explícito aos alunos o valor da aprendizagem de uma determinada tarefa? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes 20. Usa as TIC como recurso no processo ensino-aprendizagem? Nunca Raramente Às vezes Raramente Muitas vezes Às vezes Muitas vezes 22. Adequa o tipo de comunicação a cada aluno? Nunca Raramente Raramente Às vezes Muitas vezes Raramente Às vezes Muitas vezes Às vezes Muitas vezes 25. Estabelece regras de convivência comuns para os alunos, na sala de aula? Nunca Raramente (assinale 1 opção) Sempre Às vezes 84 Sempre (assinale 1 opção) 24. Promove a participação ativa dos alunos na construção e prática de regras de convivência comuns, na sala de aula? Nunca Sempre (assinale 1 opção) 23. Promove o diálogo na gestão de conflitos na sala de aula? Nunca Sempre (assinale 1 opção) 21. Adequa o espaço da sala de aula tendo em conta o tipo de atividade? Nunca (assinale 1 opção) Muitas vezes Sempre (assinale 1 opção) Sempre (assinale 1 opção) Sempre Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 26. Na sala de aula, fomenta valores democráticos como a iniciativa, a cooperação, o respeito pelos outros? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes 27. Na sala de aula, considera importante que os alunos intervenham só quando solicitados? Sem importância Pouco importante Importante Raramente Às vezes Muitas vezes 29. Concentra-se nas consequências dos comportamentos incorretos dos alunos? Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes 30. Já frequentou uma ação de formação sobre indisciplina? Sim Sempre (assinale 1 opção) Muito importante 28. Procura conhecer as causas dos comportamentos incorretos dos alunos? Nunca (assinale 1 opção) (assinale 1 opção) Sempre (assinale 1 opção) Sempre (assinale 1 opção) Não AGRADECEMOS A SUA COLABORAÇÃO 85 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar ANEXO 2 – APRESENTAÇÃO DO INSTRUMENTO DE RECOLHA DE DADOS O questionário divide-se em três secções e é constituído por 30 questões distribuídas por 4 páginas. A indisciplina na sala de aula é o problema a estudar. Através da aplicação do inquérito pretende-se recolher uma amostra dos conhecimentos, atitudes, valores e comportamentos de professores perante o tema. CARACTERIZAÇÃO DO INQUIRIDO Nas seis questões iniciais o objetivo é caracterizar o indivíduo que responde ao inquérito. 1. Caracterizar a idade do público-alvo da formação 2. Formação do público-alvo 3. Estabilidade profissional do docente 4. Experiência profissional 5. Tempo de conhecimento / relação / ligação com a escola 6. Saber o número de alunos por turma. O número de alunos favorece o surgimento de comportamentos indisciplinados? 7. Caracterizar a formação dos pais. Será que exerce influência no surgimento de indisciplina? CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA O objetivo é inquirir o sujeito sobre a sua opinião e nível de apreciação qualitativa. 8. Perceção e avaliação que o docente faz acerca dos meios que tem ao seu dispor e que envolvem a escola 9. Perceção e avaliação dos recursos humanos, tais como, professores de apoio, psicólogos. 10. Perceção e avaliação dos espaços físicos existentes na escola: recreios, biblioteca, pavilhões. CARACTERIZAÇÃO DA TURMA O objetivo é caracterizar o grupo- turma do inquirido. 11. Com que frequência ocorrem os casos de indisciplina. 12. Saber quantos alunos têm comportamentos indisciplinados. 13. A indisciplina é direcionada para quem? 14. O que o professor julga ser o porquê da indisciplina. PROFESSOR NA SALA DE AULA Pretende-se evidenciar alguns fatores que, através da atuação do professor, possam favorecer o surgimento de indisciplina. 15. Saber se os procedimentos que o professor usa são os mais adequados, ou se são esses mesmos, motor de indisciplina. 86 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 16. Saber a opinião do professor relativamente à dificuldade em desenvolver o seu trabalho escolar devido à indisciplina. 17. Opinião do professor relativamente aos intervenientes na resolução do problema da indisciplina. 18. Saber a opinião do professor relativamente à organização, desenvolvimento e avaliação o processo de ensinoaprendizagem tendo em conta as características do aluno e do meio. 19. Explica aos alunos as tarefas e o que se pretende com elas (frequência do acontecimento). 20. Utiliza as novas T.I.C. como recurso motivador para o desenvolvimento (frequência do acontecimento). 21. Adapta o espaço de acordo com a atividade a realizar (frequência do acontecimento). 22. Se o tipo de comunicação diferenciado é utilizado como uma estratégia para fomentar a disciplina (frequência do acontecimento). 23. Se os alunos são chamados a dialogar sobre os conflitos da sala aula (frequência do acontecimento). 24. Se os alunos são chamados a participar na construção e pratica de regras de convivência (frequência do acontecimento). 25. Se estabelece regras de conduta na sala de aula sem negociar com os alunos (frequência do acontecimento). 26. Se desenvolve com os alunos valores democráticos (por exemplo, iniciativa, cooperação, respeito pelos outros) (frequência do acontecimento). 27. Se o professor só permite a intervenção dos alunos na aula quando solicitados (frequência do acontecimento). 28. 29. Verificar se a docente se foca mais na resolução/ consequências do que nas causas do problema (frequência do acontecimento). 30. Saber se possuíam conhecimentos sobre o tema da indisciplina. 87 ANEXO 3 – TRATAMENTO DE DADOS Gráfico 2: Habilitações Literárias Gráfico 1: Idade TABELA 1 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 100 80 60 40 20 0 <25 anos 26-35 anos 36-45 anos 46-55 anos >=56 anos Correlações Bacharelato Licenciatura Mestrado Doutoramento 1 4 2 7 8 2 12 6 7 7 1 8 Gráfico 3: Situação Profissional 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -0,49443 PQE PQZ PC Outra Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Gráfico 4: Tempo de Serviço Gráfico 5: Tempo de Serviço Estabelecimento Ensino 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 TABELA 2 Correlações 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0-5 6-10 11-15 16-20 >= 21 anos 0-3 4-6 7-10 11-14 >= 15 anos Gráfico 7: Habilitações Literárias Pais Turma Gráfico 6: N.º Alunos por Turma 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 16-20 21-24 5 7 9 2 5 6 4 7 8 8 4 0,227273 E. B. Incompleto E. B. Completo Ensino Secund. Ensin. Superior < 15 4 >= 25 89 Outro Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Gráfico 8: Equipamentos/materiais pedagógicos Gráfico 9: Recursos Humanos TABELA 3 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Correlações Maus Maus Razoáveis Bons Razoáveis Bons Muito bons Muito bons Gráfico 10: Espaços Físicos 8 9 10 0 0 0 21 22 18 9 7 10 0 1 2 Gráfico 11: Frequência de Casos de Indisciplina 100 9 e 10 0,990293 9 e 11 0,989646 10 e 11 0,97024 100 90 90 80 80 70 70 60 60 50 50 40 40 30 30 20 20 10 10 0 0 Maus Razoáveis Bons Muito bons Nunca Diariamente 90 2-3 dias 4-5 dias >= 5 dias Outra Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Gráfico 12: N.º Alunos c/ Comportamento Indisciplinado Gráfico 13: A Quem se Direciona a Indisciplina 100 90 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0 1-2 3-6 7-10 >10 Aos professores 91 Aos alunos Aos funcionários Outros Não responde Falta de autoridade do professor Bullying Falta de normas de condutas sociais Falta de motivação do professor Influência dos colegas Ambiente sala de aula Falta de motivação do aluno Falta de acompanhamento dos pais Problemas familiares Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Gráfico n.º 14: Razões de indisciplina 92 Outra Regista a ocorrência e define estratégias de resolução ou encaminha Condiciona o acesso de aluno a certos espaços escolares Comunica aos pais Aplica processo disciplinar Adverte o aluno Planifica tarefas/ atividades de integração escolar Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 93 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Gráfico 16: Dificuldade no Trabalho Escolar Gráfico 17: Resolução deve Envolver 100 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 90 80 70 60 50 40 30 20 10 Discordo totalmente Discordo Sem opinião Concordo Concordo totalmente Gráfico 18: Organização, Desenvolvimento, Avaliação 0 Os professores Os pais Os alunos Os funcionários/ AAE Outro Gráfico 19: Explicitação do Valor Aprendizagem 100 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 90 80 70 60 da organização 50 do desenvolvimento da avaliação 40 30 Discordo totalmente Discordo Sem opinião Concordo Concordo totalmente 20 10 0 Nunca 94 Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Gráfico 20: Uso das TIC Gráfico 21: Adequação do Espaço Sala 100 100 90 90 80 80 70 70 60 60 50 50 40 40 30 30 20 20 10 TABELA 4 Correlações 22 23 0 0 0 0 3 4 18 21 9 5 10 0 0 Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre Gráfico 22: Adequação da Comunicação Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre Gráfico 23: Promoção Diálogo na Gestão Conflitos 100 100 90 90 80 80 70 70 60 60 50 50 40 40 30 30 20 20 10 10 0 0,959243 0 Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre Nunca Raramente 95 Às vezes Muitas vezes Sempre Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Gráfico 24: Promoção Ativa na Construção Regras Comuns Gráfico 25: Estabelece Regras de Convivência TABELA 5 Correlações 100 100 90 90 80 80 70 70 24 25 0 0 0 0 6 6 13 19 11 5 60 60 50 50 40 40 30 30 20 20 10 10 0 0 Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Gráfico 26: Fomenta Valores Democráticos Sempre Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Gráfico 27: Alunos Intervêm quando Solicitados 100 100 90 90 80 80 70 70 60 60 50 50 40 40 30 30 20 20 10 0,840568 10 0 0 Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre Sempre Sem importância 96 Pouco importante Importante Muito importante Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar Gráfico 29: Concentra-se nas Consequências Gráfico 28: Procura Conhecer Causas 100 100 90 90 80 80 70 70 60 60 50 50 40 40 30 30 20 20 10 TABELA 6 Correlações 26 27 0 1 0 2 4 21 11 6 10 0 0 Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre Nunca Raramente Gráfico 30: Já frequentou antes alguma ação Às vezes Muitas vezes Sempre 15 100 90 0,260312 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Sim Não 97 QUESTÃO 1: Máximo 12 Mínimo 1 Média 6 Parâmetros Moda 36-45 anos centrais Mediana 36-45 anos Parâmetros Variância 20,5 de dispersão Desvio padrão da idade 4,52769257 26-35 anos 27 8 <25 anos 7 2 36-45 anos 40 12 46-55 anos 23 7 >=56 anos 3 1 % n.º QUESTÃO 2: Bacharelato 7 2 Licenciatura 70 21 Mestrado 23 7 Doutoramento 0 0 % n.º QUESTÃO 3: PQE 53 16 PQZ 20 6 PC 27 8 Outra 0 0 % n.º QUESTÃO 4: 0-5 23 7 6-10 7 2 11-15 20 6 16-20 23 7 >= 21 anos 27 8 % nº 11-14 27 8 >= 15 anos 13 4 % nº QUESTÃO 5: 0-3 30 9 4-6 17 5 7-10 13 4 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar QUESTÃO 6: < 15 0 0 16-20 47 14 21-24 53 16 >= 25 0 0 % nº QUESTÃO 7: E. B. Incompleto 60 18 E. B. Completo 40 12 Ensino Secund. 0 0 Ensin. Superior 0 0 Outro 0 0 Muito bons 0 0 % nº QUESTÃO 8: Maus 0 0 Parâmetros centrais Parâmetros de dispersão Razoáveis 70 21 Bons 30 9 Máximo Mínimo Média Moda Mediana Variância Desvio padrão da idade 21 0 8 Razoáveis 29, 9 9,949874371 QUESTÃO 9: Maus 0 0 Razoáveis 73 22 Bons 23 7 Muito bons 3 1 % nº QUESTÃO 10: Maus 0 0 Razoáveis 60 18 Bons 33 10 99 Muito bons 7 2 % nº % nº Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar QUESTÃO 11: Nunca 7 2 Diariamente 47 14 2-3 dias 23 7 4-5 dias 13 4 >= 5 dias 3 1 Outra 7 2 % nº QUESTÃO 12: 0 7 2 1-2 63 19 3-6 30 9 7-10 0 0 >10 0 0 % nº Não responde 3 1 % nº QUESTÃO 13: Aos professores 27 8 Aos alunos 67 20 Aos funcionários 0 0 Outros 3 1 QUESTÃO 14: Problemas familiares Falta de acompanha mento dos pais Falta de motivação do aluno 22 19 20 17 6 5 Ambiente Influência sala de aula dos colegas 0 0 Falta de motivação do professor Falta de normas de condutas sociais Bullying Falta de autoridade do professor 0 0 22 19 0 0 0 0 10 9 Desvalorização social da imagem do professor Ausência de uma política social e laboral de apoio às famílias Estilo permissivo de educação do professor Ausência de equipas multidisciplinares na escola Outra N resp. 14 12 0 0 0 0 1 1 0 0 2 2 100 % nº Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar QUESTÃO 15: Comunica aos pais Condiciona o acesso de aluno a certos espaços escolares Regista a ocorrência e define estratégias de resolução ou encaminha Outra 0 28 9 16 0 % 0 24 8 14 0 nº Planifica tarefas/ atividades de integração escolar Adverte o aluno Aplica processo disciplinar 13 34 11 29 QUESTÃO 16: Discordo totalmente 0 0 Discordo Sem opinião Concordo 0 0 0 0 23 7 Concordo totalmente 77 23 % nº QUESTÃO 17: Os professores Os pais Os alunos 32 30 32 30 25 24 Os funcionários/ AAE 12 11 Outro 0 0 QUESTÃO 18: da organização do desenvolvimento da avaliação Discordo totalmente Discordo Sem opinião Concordo Concordo totalmente 0 0 0 0 0 0 0 0 0 52 48 52 48 52 48 0 0 0 0 0 0 0 0 0 15 14 15 14 15 14 101 % nº Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar QUESTÃO 19: Nunca 0 0 Raramente 0 0 Às vezes 7 2 Muitas vezes 50 15 Sempre 43 13 % nº Muitas vezes 37 11 Sempre 3 1 % nº Muitas vezes 43 13 Sempre 17 5 % nº Muitas vezes 60 18 Sempre 30 9 % nº Muitas vezes 70 21 Sempre 17 5 % nº Muitas vezes 43 13 Sempre 37 11 % nº QUESTÃO 20: Nunca 0 0 Raramente 3 1 Às vezes 57 17 QUESTÃO 21: Nunca 0 0 Raramente 3 1 Às vezes 37 11 QUESTÃO 22: Nunca 0 0 Raramente 0 0 Às vezes 10 3 QUESTÃO 23: Nunca 0 0 Raramente 0 0 Às vezes 13 4 QUESTÃO 24: Nunca 0 0 Raramente 0 0 Às vezes 20 6 102 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar QUESTÃO 25: Nunca 0 0 Raramente 0 0 Às vezes 20 6 Muitas vezes 63 19 Sempre 17 5 % nº Muitas vezes 37 11 Sempre 50 15 % nº Muitas vezes 60 18 Sempre 33 10 % nº Muitas vezes 70 21 Sempre 20 6 % nº QUESTÃO 26: Nunca 0 0 Raramente 0 0 Às vezes 13 4 QUESTÃO 27: Sem importância 3 1 Pouco importante 7 2 Importante 70 21 Muito importante 20 6 % nº QUESTÃO 28: Nunca 0 0 Raramente 0 0 Às vezes 7 2 QUESTÃO 29: Nunca 0 0 Raramente 0 0 Às vezes 10 3 QUESTÃO 30: Sim 23 7 Não 77 23 % nº 103 Supervisão/Indisciplina no Contexto Escolar 104