COMUNICADO DE IMPRENSA Embargado até 28 de novembro de 2014, 13.30 GMT A Sociedade Civil condena o apoio do Banco Africano de Desenvolvimento e de outras organizações internacionais à privatização na Educação Marraquexe, 28 novembro 2014 Numa declaração conjunta lançada hoje em Marraquexe no Fórum de Educação do Fórum Mundial de Direitos Humanos, as organizações internacionais da sociedade civil levantaram sérias preocupações em relação ao ênfase dado ao envolvimento do setor privado na educação em África num relatório recente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) , da Comissão da União Africana (CUA), e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O relatório, que foca o progresso nos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) em África, é importante porque irá moldar o debate sobre o próximo quadro de desenvolvimento internacional pós 2015. A declaração recebeu o apoio esmagador de mais de 60 organizações, particularmente de coligações nacionais de educação em África, refletindo a importância deste assunto para África e para o resto do mundo. A Declaração sublinha que as políticas de privatização aumentam a desigualdade no acesso à educação, não garantem a sua qualidade e minam a noção de que a educação é um bem público. A Declaração apela que o Relatório ODM 2014: Avaliando o Progresso de África rumo aos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio seja retirado, a fim de se reconsiderar as recomendações de apoio à privatização na educação e de se apresentar outras que sejam consistentes com o direito humano à educação. Limbani Nsapato, da African Network Campaign on Education for All (ANCEFA) - Campanha da Rede Africana de Educação para Todos, uma das organizações que submeteram a Declaração disse: “Estamos muito perturbados com as recomendações feitas neste relatório no sentido de um maior envolvimento do setor privado na provisão de educação, uma vez que estas ignoram as evidências crescentes de que a privatização na educação cria desigualdade e leva à segregação, como estamos a ver acontecer agora no Gana”. “Apesar de reconhecer que as duas políticas de educação – a eliminação de propinas e os investimentos na educação feitos a longo prazo pelo Estado – têm sido particularmente eficazes na expansão do acesso à educação e participação, os apelos feitos no relatório a uma intervenção maior de atores privados levam o caminho da educação em África para o sentido oposto e põem em risco os resultados conseguidos no aumento do acesso à educação” disse David Archer, da ActionAid. Caroline Pearce, da Global Campaign for Education (GCE) – Campanha Global pela Educação – comentou “Sabemos que as propinas escolares e outros custos na educação são o maior obstáculo no acesso à educação. Grande parte do aumento dramático dos ingressos no ensino primário em África desde 2000 aconteceu após a eliminação das propinas. No entanto, este relatório propõe mais privatização o que, invariavelmente, significa escolas com propinas”. Conforme reconhecido no Relatório sobre os ODM 2014, muitos países Africanos “ainda enfrentam grandes diferenças na escolaridade entre as famílias mais pobres e as mais ricas”. A União Africana, através do Plano de Ação para a Segunda Década de Educação (2006-2015), reiterou a necessidade de assegurar equidade. Estes princípios são também fortemente protegidos pela lei internacional. Contudo, o aumento da participação do setor privado na educação é um forte motor para a segregação e para a desigualdade de oportunidades. Como o Relator Especial das Nações Unidas para o direito à educação referiu recentemente, a privatização “espelha os fundamentos de base discriminatória proibidos nas convenções internacionais de direitos humanos, nomeadamente em relação a “origem social”, à “condição económica”, ao “nascimento” ou à “propriedade”. A Declaração da sociedade civil também alerta para que a privatização na educação leva a violações da lei internacional de direitos humanos. Sylvain Aubryo, da Global Initiative for Economic, Social and Cultural Rights – Iniciativa Global para os Direitos Económicos –, Sociais e Culturais, disse “Fizemos pesquisa sobre a privatização na educação que está a ocorrer no Gana, em Marrocos, no Uganda, no Chile, e no Quénia, e encontrámos violações da lei internacional, em particular no que toca ao direito à educação, ao direito à não-discriminação, à obrigação de o Estado providenciar educação gratuita de qualidade, e ao fracasso dos governos em regular e monitorizar as escolas privadas”. O Relatório sobre ODM 2014 justifica o apelo ao aumento da participação do setor privado na educação com base no fundamento de que isso trará melhorias na qualidade da educação. Contudo, as evidências não sustentam este argumento. Fred van Leeuwen, da Education International – Internacional de Educação – comentou “A qualificação e a formação adequadas de professores e as condições decentes o seu trabalho são fatores cruciais para assegurar a qualidade da educação. No entanto, em muitos países, as escolas privadas empregam professores não qualificados ou com formação insuficiente. No Gana, por exemplo, apenas 9,2% dos professores do nível primário no setor privado são formados, comparativamente a 69,4% nas escolas públicas”. A qualidade da educação no privado é também problemática em Marrocos, onde decorre o Fórum Mundial de Direitos Humanos. Ahmed Sehouate, da Coligação Marroquina de Educação para Todos disse “em Marrocos os investimentos privados na educação não são o mesmo que investir na qualidade. Depois de quase 15 anos com um aumento rápido do investimento privado na educação, as escolas privadas não conseguiram formar professores e, em vez disso, dependem extensivamente em professores do setor público, enfraquecendo-o desta forma”. Está claro na lei internacional que a educação é um bem público, que tem de ser protegido da mercantilização e a comercialização. Os Estados enfatizaram há poucos meses atrás no chamado Acordo de Muscat ,“através dos governos, o Estado é o guardião da educação de qualidade como bem público”. Apesar disso, o Relatório sobre os ODM 2014 apela explicitamente a favor da comercialização do setor da educação que é “propícia a retornos lucrativos sobre o investimento” para investidores na educação. Pearce, da GCE sublinha “Lucrar com a educação, especialmente quando está em causa a aspiração de famílias mais pobres a uma vida melhor, é inaceitável”. Contactos African Network Campaign on Education for All (ANCEFA): Limbani Eliya Nsapato, [email protected] / +260977511250 Education International (EI): Mireille de Koning, [email protected], / +31 6 48 95 80 39 / +32 48 824 83 37 Global Initiative for Economic, Social and Cultural Rights (GI-ESCR): Sylvain Aubry, [email protected] / +212 6 22 37 86 37 / + 33 7 81 70 81 96 Material A declaração completa está disponível em http://globalinitiative-escr.org/wpcontent/uploads/2014/11/141127_Statement-privatisation-AfDB.pdf O Relatório sobre os ODM 2014: Avaliando o Progresso de África rumo aos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio está disponível em http://www.afdb.org/en/knowledge/publications/millennium-development-goals-mdgsreport/ O último relatório do Relator Especial das Nações Unidas sobre o direito à educação está disponível em http://www.right-to-education.org/sites/right-to-education.org/files/resourceattachments/UNSR_Report_to_UNGA_Privatisation_2014.pdf A pesquisa sobre o impacto da privatização no direito à educação está disponível em http://globalinitiative-escr.org/advocacy/privatization-in-education-research-initiative/ Organizações signatórias Submetida pela African Network Campaign on Education for All (ANCEFA), pela Education International (EI), pela ActionAid, e pela Global Initiative for Economic, Social and Cultural Rights (GI-ESCR). Esta declaração tem o apoio das seguintes organizações: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. Alliance2015 Alphabétisation et Développement (Alpha Dev) ASO-EPT Niger Association Nationale pour l’Alphébétisation, Senegal (ANAFA) Coligação do Burundi pela Educação para Todos Centre for Social Impact Studies (CeSIS) Civil Society Action Coalition on Education for All Civil Society Action Coalition on Education for All (CSACEFA) Civil Society Education Coalition, Malawi (CSEC) Coalition des Organisations en Synergie pour la Défense de l'Education Publique, Senegal (COSYDEP) Coalition des organisations Mauritaniennes pour l'Education (COMEDUC) Coalition Marocaine pour l’Education Pour tous (CMEPT) Coligação Nacional de Educação para Todos - Burkina Faso Collectif National de l’Education Alternative et Populaire, Senegal (CNEAP) – Coletivo Nacional de Educação Alternativa e Popular Committee for Peace and Development Advocacy (COPDA) – Libéria Confédération des syndicats autonomes, Senegal (CSA) Education Coalition of South Africa (ECSA) - Coligação de Educação da África do Sul Education For All Network - Gâmbia Equal Education Law Centre – (EELC) África do Sul EqualEducation, África do Sul Fédération Nationale des Associations de Parents d’Elèves au Maroc (FNAPEM) Fédération Nationale des Associations de Parents d’Eleves et d’Edudiants, Senegal (FENAPES) Foundation For Environmental Right, Advocacy & Development, Nigéria (FENRAD) Foundation for the Conservation of the Earth (FOCONE) Ghana National Education Campaign Coalition (GNECC) Global Campaign for Education (GCE) Global Rights, Nigéria IBIS Initiative for Social and Economic Rights (ISER) Jamaa Resource Initiatives, Quénia Kosovo Civil Society Consortium for Sustainable Development (KOSID) Lumière Synergie pour le Développement Mouvement Anfass Démocratique, Marrocos Oxfam Peace Point Action (PPA) Privatisation in Education Research Initiative (PERI) Public Interest Law Center, Chade (PILC) RESULTS 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. 56. Right to Education Forum, Índia Section27, África do Sul Syndicat Unique et Démocratique du Sénégal (SUDES) Right to Education Project (RTE) Asia South Pacific Association for Basic and Adult Education (ASPBAE) Forum for Education NGO’s in Uganda (FENU) Campanha Argentina pelo Direito à Educação (CADE) Buliisa Initiative for Rural Development organisation (BIRUDO) Cameroon Education for All Network (CEFAN) Zambia National Education Coalition Basic Education Network Ethiopia Botswana Coalition for Education for All Tanzania Education Network/Mtandao wa Elimu Tanzania (TEN/MET) Arab Campaign for Education for All (ACEA) Global Network for Good Governance(GNGG Camarões) Groupe Pivot Education de Base, Mali Centre du Commerce International pour le Développement, CECIDE, Guiné (CECIDE) Consulenti, orientatori, formatori in rete, Itália (Cofir)