2. VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
2015
Variável aleatória
 é o espaço amostral de um experimento aleatório. Uma variável
aleatória, X, é uma função que atribui um número real a cada resultado
em .
Exemplo. Retira-se, ao acaso, um item produzido de um lote de seis unidades.
Variáveis:
X: Número de defeitos no item selecionado.
Y: Tempo de vida do item (em h).
2
O espaço amostral associado a este experimento aleatório é
  a1 , a2 ,, a6 .
Os possíveis valores da variável X são 0,1,2,..., e os possíveis valores
da variável Y são os números reais não negativos.
Classificação:
•Variáveis aleatórias discretas. O conjunto de possíveis valores é finito
ou infinito enumerável.
•Variáveis aleatórias contínuas. O conjunto de possíveis valores é
infinito não enumerável (um intervalo, por exemplo).
No exemplo acima, X é discreta e Y é contínua.
3
Variáveis aleatórias discretas (VAD)
X é uma VAD com possíveis valores no conjunto RX. Uma função f(x) é
uma função de probabilidade se
(i) 0  f ( xi )  1,
(ii) P( X  xi )  f ( xi ), xi  R X e
(iii)
 f ( x )  1.
xi R X
i
Exemplo. Um lote de um certo produto é formado por 35 itens, sendo
21 itens do tipo H e 14 do tipo M. Uma amostra de 3 itens será formada
sorteando-se, sem reposição, três itens do lote. Qual a probabilidade
de encontrarmos na amostra pelo menos dois itens do tipo M?
Definimos X como o número de itens do tipo M na amostra.
4
Espaço amostral
HHH
HHM
HMH
MHH
HMM
MHM
MMH
MMM
x
P(X=x)
0
0,203
Probabilidade
21 20 19


 0,203
35 34 33
21 20 14


 0,150
35 34 33
21 14 20


 0,150
35 34 33
14 21 20


 0,150
35 34 33
21 14 13


 0,097
35 34 33
14 21 20


 0,097
35 34 33
14 13 21


 0,097
35 34 33
14 13 12


 0,056
35 34 33
1
0,450
X
0
1
1
1
2
2
2
3
2
0,291
3
0,056
Assim, P(X  2)  P(X  2 )  P(X  3 )  0,291 0,056 0,347.
5
Exemplo. A demanda diária de um item é uma variável aleatória discreta
com a função de probabilidade
C 2d
P( D  d ) 
; d  1, 2, 3, 4.
d!
(a) Determinar a constante C.
(b) Calcular P(D  2).
Solução. (a) Para que P(D = d) seja uma função de probabilidade,
devemos ter (i) C > 0 e
(ii) P(D = 1) + P(D = 2) + P(D = 3) + P(D = 4) = 1. Ou seja,
 2 2 2 23 2 4 
1


P
(
D

d
)

1

C




1

C

.

 1 2! 3! 4! 
6
d RD


2d
Logo, P( D  d ) 
; d  1,2,3,4.
6d !
2 4 2
(b) P( D  2)  1  P( D  2)  1  P( D  1)  1    .
6 6 3
6
Função de distribuição acumulada de uma VAD
Função de distribuição acumulada (FDA)
X é uma VAD com valores em RX = {x1,x2,...} e função de probabilidade
f(x) = P(X =x). Para qualquer x, a FDA de X, denotada por F(x), é definida
como
F ( x )  P ( X  x )   f ( xi )   P ( X  xi ), em que xi  R X .
xi  x
xi  x
Exemplo. Uma variável aleatória X tem função de probabilidade
1 / 15,

f ( x)  P( X  x)  7 / 15,
 0,

se
x  1,
se
c.c.
x  2,3,
Determinar F(x).
7
Se x  1,
F ( x )  P ( X  x )  0.
Se x  1,
1
F (1)  P( X  1)   P( X  xi )  P( X  1)  f (1)  .
15
xi 1
Se 1  x  2, F ( x)  P( X  x)   P( X  xi )  P( X  1) 
xi  x
1
.
15
Se x  2, F (2)  P( X  2)   P( X  xi )  P( X  1)  P( X  2) 
xi  2
1 7 8
  .
15 15 15
Se 2  x  3, F ( x)  P( X  x)   P( X  xi )  P( X  1)  P( X  2) 
xi  x
8
.
15
Se x  3, F (3)  P( X  3)   P( X  xi )  P( X  1)  P( X  2)  P( X  3)
xi 3
1 7 7
   1.
15 15 15
Se x  3, F ( x)  P( X  x)   P( X  xi )  P( X  1)  P( X  2)  P( X  3)  1.

xi  x
8
Observação.
Se x  [1,2), então F ( x)  F (1);
se x  [2,3), então F ( x)  F (2).
Em geral, se x  [ xl xl 1 ), então F ( x)  F ( xl )
sendo que xl e xl 1 são elementosde R x .
Logo, a FDA é dada por
 0,
1 / 15,

F ( x)  
8 / 15,
 1,
se x  1,
se 1  x  2,
se 2  x  3,
se x  3.
9
Propriedades da função de distribuição acumulada
X é uma VAD
1. Para todo x, 0 F(x)  1.
2. F(x) é uma função monótona não decrescente.
3.
lim F ( x )  0
x  
e
lim F ( x )  1
x  
4. Se RX = {x1, x2,......}, em que x1<x2<..., então
f(xi) = P(X = xi) = F(xi) - F(xi-1).
5. Se a e b são tais que a<b, então
( i ) P ( X  a )  F ( a ),
( ii ) P ( X  a )  1  P ( X  a ),
( iii ) P ( a  X  b )  F ( b )  F ( a ),
( iv ) P ( a  X  b )  F ( b )  F ( a )  P ( X  a ) e
( v ) P ( a  X  b )  F ( b )  F ( a )  P ( X  b ).
10
Exemplo. A variável aleatória X tem função de distribuição acumulada
 0,
1 / 8,


F ( x )  1 / 2,
5 / 8,


1,
se
x  0,
se
0  x  1,
se
se
1  x  2,
2  x  3,
se
x  3.
Determinar
(a) P(1  X  3), (b) P( X  2) e (c) f ( x).
Usando a propriedade 5(iii) da FDA :
(a) P(1  X  3)  F (3)  F (1)  1  1 / 2  1 / 2.
(b) P ropriedade 5(i) da FDA : P (X  2)  1 - P (X  2)  1 - F(1)  1 - 1/2  1/2.
(c) Da FDA t em- se que RX  {0,1,2,3}. P ela propriedade 4 da FDA,
pode - se most rarque a função de probabilidade de X é
1 / 8, se x  0, 2,

f ( x)  P( X  x)  3 / 8, se x  1, 3,
 0, c.c.

11
0.0
0.0
0.2
0.2
0.4
0.4
F(x)
F(x)
0.6
0.6
0.8
0.8
1.0
1.0
0.0
0.0
0.2
0.2
0.4
0.4
F(x)
F(x)
0.6
0.6
0.8
0.8
1.0
1.0
Exemplos
3.0
3.0
3.5
x
3.5
4.0
4.0
x
4.5
4.5
3.0
5.0
3.0
3.5
x
3.5
4.0
4.0
4.5
4.5
5.0
5.0
x
12
Variáveis aleatórias contínuas (VAC)
Função densidade de probabilidade
Uma função f(x) é chamada função densidade de probabilidade de uma
VAC X se
1. f ( x)  0, para t odo x.

2.
 f ( x)dx  1.

b
3. Se A  {x; a  x  b}, ent ão P( A)  P(a  X  b)   f ( x)dx.
a
Exemplo. O tempo de produção de um componente (em minutos) é uma variável
aleatória X com função densidade
5  x

,
se 2  x  4,
f ( x)   4

caso contrário.
 0,
Verificar se f(x) é uma função densidade de probabilidade e calcular a probabilidade
que o tempo de produção de um artigo escolhido ao acaso seja menor do que 3
minutos.
13
Primeiro notamos que f(x)  0, para todo x.
Falta verificar a condição (2), ou seja a área
sob o gráfico de f(x) deve ser igual a 1.



2

f ( x)dx  0dx 

4

2

4
4
5 x
5 x
1
x
dx  0dx 
dx  (5 x 
)
 1.
4
4
4
2 x2
4
2


2
A probabilidade de que o tempo de produção de um artigo escolhido ao acaso
seja menor do que 3 minutos é a probabilidade do evento A = {x; x < 3}, ou seja,
3
2
3
2
3
1
1
x
5
P( A)  P( X  3)   f ( x)dx   0dx   (5  x)dx  (5 x  )  .
4
4
2 2 8


2
14
Observação. Se X é uma VAC, então
(i) P( X  x)  0, para todo x,
(ii) P(a  X  b)  P(a  X  b)  P(a  X  b)
 P(a  X  b), para todos a e b com a  b,
(iii) P( X  a)  P( X  a), para todo a.
Função de distribuição acumulada. X é uma VAC com função densidade
f(x). A função de distribuição acumulada (FDA) de X é
x
F ( x )  P( X  x ) 
 f (t )dt, para todo x.

Obs. Se X é um tempo de vida, utilizamos a função de confiabilidade
(reliability function): R(x) = P (X > x) = 1 – F(x).
Exemplo. Uma variável aleatória X tem função densidade
5  x

,
se 2  x  4,
f ( x)   4

caso contrário.
 0,
Determinar F(x).
15
Se x  2, f ( x)  0; logo, F(x)  0.
Se 2  x  4,

5t
5  t
F(x)   f(t)dt   0dt  
dt  
4
8
-

2
x
2
2 x
x
2
9  (5  x) 2

.
8
Se x  4,
2
4
x
-




2



4


0
1
0
 f(t)dt   f (t )dt   f (t )dt   f(t)dt  1.
1.0
F(x) 
x
se 2  x  4,
se
x  4.
0.6
F(x)
0.4
x  2,
0.2
se
0.0
0,

 9  (5  x) 2
F ( x)  
8

1,

0.8
Logo, a FDA de X é
0
1
2
3
4
5
6
x
16
Observação.
A FDA de X permite o cálculo de probabilidades de eventos da forma
E = {x; a  x b}, com a  b. Isto é,
P(E) = F(b) – F(a).
Exemplo. Considere a FDA abaixo. Obtenha P(X 3) e P(3 X < 5).
0,

2

 9  (5  x )
F ( x)  
8

1,


se
x  2,
, se
2  x  4,
se
x  4.
Solução.
9  (5  3) 2
5
P ( X  3)  F (3) 

e
8
8
5
3
P (3  X  5)  F (5)  F (3)  1 

.
8
8
17
Propriedades
1.
0  F(x)  1, para todo x.
2.
F(x) é uma função monótona não decrescente.
3.
F(x) é uma função contínua para todo x.
x
4. lim F ( x)  lim
x 
x 
x
 f (t )dt  0 e lim F ( x)  lim  f (t )dt  1.
x 

x 

5. Do teorema fundamental do cálculo obtemos
f(x) 
d
F (x).
dx
Exemplo. Suponha que o tempo de vida de um processador é uma variável aleatória
X com
x


1  ke 2 ,
F ( x)  

0,

se x  0,
se x  0.
Determinar (a) o valor de k, (b) P(X  2), P(2  X  4) e P(X  -1) e (c) f(x).
18
Solução. (a) Propriedade 3 de F(x): F(0) = 0.
1  ke0
x


1  e 2 ,
 0  k  1. Logo, F(x)  

0,

se x  0,
c.c.
(b) P( X  2)  1  P( X  2)  1  (1  e 1 )  e 1  0,368.
P(2  X  4)  F (4)  F (2)  (1  e 2 )  (1  e 1 )  e 1  e 2  0,233.
F(x)
(c) P ropriedade 5 de F(x):
1
d

f ( x) 
F ( x)   2 e , se x  0,
dx

c.c.
 0,
x

2
x
6
8
0.6
F(x) e R(x)
4
0.4
2
0.2
0
R(x)
0.0
0.0
0.1
0.8
0.2
f(x)
1.0
0.3
0.4
0.5
P( X  1)  F (1)  0.
0
2
4
6
8
x
19
Valor esperado e variância
Valor esperado de uma variável aleatória. X é uma variável aleatória com
função de probabilidade ou função densidade de probabilidade f(x). O valor
esperado (ou esperança matemática ou média da variável aleatória), denotado
por E(X) = X é definido como
1. X é uma variávelaleat óriadiscret a:
E( X ) 
 xf ( x)
e
xR X
2. X é uma variávelaleat óriacont ínua:

E( X ) 
 xf ( x)dx,

supondo que o somatório e a integral existem.
20
Valor esperado de uma função de variável aleatória
Y = h(X), sendo h uma função de X.
O valor esperado de h(X) é dado por
1 . X é um a variávelaleat óriadiscret a :
E( X ) 
 h( x ) f ( x )
e
xR X
2. X é um a variávelaleat óriacont ín ua:

E( X ) 
 h( x) f ( x)d x.

21
Variância de uma variável aleatória. X é uma variável aleatória com função
de probabilidade ou função densidade de probabilidade f(x) e com média
E(X) = X.
A variância de X, denotada por Var ( X )   é definida como o valor
esperado de (X - X)2.
2
X
1. X é uma variávelaleat óriadiscret a:
Var ( X ) 
2
(
x


)
f ( x)

e
xR X
2. X é uma variávelaleat óriacont ínua:

Var ( X ) 
2
(
x


)
f ( x) dx.


Desvio padrão. É a raiz quadrada da variância:
DP( X )   X  Var( X ).
22
Exemplo. Suponha que a demanda diária de uma peça é uma variável
aleatória discreta com função de probabilidade
 2x
 ,
f ( x)  P( X  x)   6 x!
 0,
x  1, 2, 3, 4,
c.c.
Determinar (a) a demanda esperada e (b) o desvio padrão da demanda.
0.25
0.20
0.15
P(X = x)
0.30
Solução. Gráfico de f(x).
1
2
3
4
x
23
Solução. (a) Pela definição de valor esperado, temos
2
22
23
24
19
E ( X )   xf ( x)  1  2 
 3
 4

 2,1.
6
6  2!
6  3!
6  4! 9
xRX
(b) Var ( X ) 
 (x  )
2
f ( x) 
xR X
19 2 2
19 2
22
19 2
23
19 2
24
80
 (1  )   ( 2  ) 
 (3  ) 
 (4  ) 

,
9
6
9
6  2!
9
6  3!
9
6  4! 81
0.25
0.20
0.15
Gráfico de f(x) com  – , 
e  + .
0.30
80
 0,99.
81
P(X = x)
DP( X )   X 
1
2
3
4
x
24
x
Assimetria à direita:
Assimetria à esquerda:
Moda < Mediana < Média
Moda > Mediana > Média
Moda
x
Média
Mediana
f(x)
Mediana
Média
Moda
f(x)
Moda, mediana e média (VAC)
Simetria: Mediana = Média (se existir).
25
Variáveis aleatórias independentes
X e Y são duas variáveis aleatórias. Dizemos que X e Y são
independentes se, e somente se,
P(( X  x)  (Y  y))  P( X  x)  P(Y  y))
 FX ( x)  FY ( y), para todosx e y,
sendo que FX e FY são as FDA’s de X e Y.
Em particular, se X e Y são duas variáveis aleatórias discretas, X e Y
são independentes se, e somente se,
P(( X  x)  (Y  y))  P( X  x)  P(Y  y), para todosx e y.
26
Propriedades do valor esperado e da variância
X e Y são duas variáveis aleatórias e a e b dois números reais.
1.E (a )  a.
2.E (aX )  aE( X ).
3.E (aX  b)  aE( X )  b.
4.E aX  bY   aE( X )  bE(Y ).
5.Var ( X )  E ( X ) 
2
6. Var (a)  0.

2
X
.
7.Var (aX )  a 2Var ( X ).
8. Se X e Y são variáveisaleat óriasindependent es, ent ão
Var (aX  bY)  a 2Var ( X )  b 2Var (Y ).
9.Se X 1 , , X n são n variáveisindependent es, ent ão
Var (X1  X 2   X n )  Var ( X 1 )  Var ( X 2 )    Var ( X n ).
27
Exemplo. O total de vendas diárias de um empresa que comercializa
equipamentos eletrônicos (em dezenas de milhares de R$) é uma variável
aleatória com função densidade
x 2
 3 , se 2  x  4,

6  x
f X ( x)  
, se 4  x  6,
 6
c.c.
 0,


(a) Para um certo dia, determine a probabilidade de que as vendas da
empresa sejam maiores do que R$ 22.000,00, mas não ultrapassem
R$ 45.000,00.
(b) A média e o desvio padrão das vendas diárias.
(c) Se o lucro diário é dado pela função Y = 0,2X - 0,5, calcule a média e
o desvio padrão do lucro diário.
28
0.6
Solução. Denotamos as vendas diárias (em dezenas de milhares de R$)
por X.
0.4
0.3
0.0
0.1
0.2
Densidade
0.5
Gráfico de f(x):
0
2
4
4
Vendas (10 R$)
6
8
(a) Definimos A = {2,2 < X  4,5} e calculamos
x2
P( A)  P( 2,2  X  4,5)   f ( x ) dx  
dx 
3
2, 2
2, 2
4,5

4
4
2

4
6 x
dx
6
4,5

1 x
1
x 





2
x

6
x




3
2
6
2

 2, 2

4
2
4,5
 0,806.
29
(b) Iniciamos calculando

34
 x2
6 x
E ( X )   xf ( x)dx   x
 3,78
dx   x
dx 
3 
6 
9

2 
4 
4

6
134
 x2
2 6  x 
e E ( X )   x f ( x)dx   x 
dx

x
dx

 14,89.




9
 3 
 6 

2
4
2
Logo,
4
2
6
2
 X2  Var ( X )  E ( X 2 )   X2
134  34 



9
 9 
2
 50 / 81
e X 
Var ( X ) 
50 / 81  0,786.
(c) Definimos Y = 0,2X – 0,5. Das propriedades do valor esperado e da variância
obtemos E(Y) = E(0,2X – 0,5) = 0,2 E(X) – 0,5 = 0,2  34/9 –0,5  0,256,
Var (Y )  Var (0,2 X  0,5)  0,2 2Var ( X )  0,2 2  (50 / 81)
  Y  Var (Y )  0,157.
30
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