Uma história em
movimento: biografia de
Paulo Freire
(1921-1997)
Camila, Camile, Barbara, Everton e
Simara Netto
Família
Nasceu no Bairro da Casa Amarela, hoje Parmeneri, ou como Paulo Régis
Neves Freire
gostava de dizer “Estrada do Encanamento, 724”, na cidade do Recife, no dia 19 de
setembro de 1921.
Seu pai foi Tenente da Polícia Militar de Pernambuco e sua mãe, como ela
própria se designava: era de “prendas domésticas”.
Sua mãe era católica e seu pai espírita kardecista e sempre tolerou (aceitou) que o
catolicismo fosse ensinado e incentivado à Paulo Freire por parte de sua mãe. Ele dizia:
“Eu aprendi o amor e a tolerância com meus pais” e foram, entre tantas, duas de suas
maiores qualidades.
Sua formação para Educação
A pobreza toma conta da família, Paulo Freire perde o pai aos treze anos. Nessa época,
alfabetizado pela mãe,fez o“primário” numa escola particular. Que se chamava “Escola Eunice Vasconcelos”,
e o primeiro ano secundário no colégio “14 de Julho” que funcionava no bairro São José em Recife. Na
realidade tinha dezesseis anos de idade, quando havia terminado, o que se chamava na época, primeiro ano
fundamental, portanto, estava bem atrasado nos estudos em função das dificuldades financeiras que se
encontrava a família.
Sua mãe viúva vivia da pequena pensão de seu pai e bordados que fazia para enxovais, de
moças ricas de Jaboatão e Recife. Viajava quase todos os dias, de Jaboatão à Recife procurando escolas, ia
à colégios e escolas, a resposta era sempre a mesma “não temos a possibilidade
de oferecer o ensino gratuito”, por este tempo não existia a “bolsa de estudos”.
O “tempo” era de dificuldades.
.
Sua formação para educação
Algo muito especial aconteceu neste dia que iluminou Paulo Freire e ele diz:
“Minha mãe, eu lhe peço mais uma vez, a última vez, vá a Recife procurar”. Ela veio no fim da
tarde, como era de costume, ele foi esperá-la na estação ferroviária de Jaboatão e ela lhe
diz: “Encontrei uma escola para você estudar; olha, o doutor Aluízo disse que tinha uma
única condição: que você fosse estudioso.
Foi este homem (Dr. Aluízio) com seu coração enorme, sua generosidade imensa,
fazia do colégio “Osvaldo Cruz” em Recife.
Aos quase dezessete anos, Paulo Freire vai estudar neste colégio para fazer o
segundo ano de ginásio. E inicia após 3 anos em seu primeiro emprego, ajudando o
inspetor de alunos. Com a sua inteligência e o gosto que tinha pelos estudos, cinco anos
mais tarde, forma-se professor desse mesmo colégio.
Trabalho
1943- Licenciou-se em Direito, chegando a exercer advocacia.
De 1941 a 1947 foi professor de português.
Ficou conhecido mais, por este trabalho desenvolvido no SESI de Pernambuco, de Educação de
Jovens e Adultos, no mundo todo.
Conheceu Anísio Teixeira, grande educador, que lutava pela escola para todos, escola pública e de
qualidade, desde 1924, foi escolhido como Membro do Conselho Estadual de Educação pelo
Governador de então, Miguel Arraes.
1958 -Sua tese foi um prolongamento, um aperfeiçoamento de um relatório feito por ele para o II
Congresso Nacional de Educação de Jovens e Adultos.
1959 doutorou-se em Filosofia e História da Educação e em 1961 foi professor, na Universidade de
Recife.
Participou numa campanha de alfabetização de adultos no Estado do Rio Grande do Norte.
O presidente João Goulart nomeou-o, em 1963, Presidente da Comissão de Cultura Popular.
1964- no golpe militar foi preso durante cerca de dois meses e exilado por quinze anos. Durante esse
período, viveu no Chile, indo em 1969 para Harvard e em seguida para Genebra durante dez anos.
Convocado por Juscelino Kubitscheck. Juscelino dizia: “Vamos fazer cinqüenta anos de realização e
cinco de meu governo.” Estava preocupado emdesenvolver teria que ter uma educação instrumentalizada para o
trabalho. Então Paulo Freire, levando esse pequeno relatório, diz o seguinte : “A Educação de Jovens e
Adultos deve fundamentar-se na consciência da realidade cotidiana. Não no conhecer
letras, palavras. ou frases..., o processo de alfabetização não pode se dar sobre, nem para
o educando, ele tem que se dar com o educando.”
Isso horrorizou, quase à todos os presentes, e Paulo Freire disse : “Não, o aluno deve
conhecer-se enquanto sujeito e conhecer os problemas que o aflige no dia-adia. Portanto,
o aluno deve programar em parte o que num período ele quer aprender. Não é uma
educação bancária.” Com isso, Paulo Freire mostrou o respeito ao conhecimento popular, ao senso comum.
Ele tinha ouvido o povo. Aparece aí Paulo Freire como o pedagogo dos Oprimidos. “O ato de estudar é um
ato que exige disciplina, rigor, é duro, é cansativo, mas tem que causar alegria pelo fato
de se conhecer.” Portanto, tal diálogo deve ser amoroso, por que ninguém se conhece sozinho, “ninguém
conhece sozinho, você conhece em diálogo com o outro em relação com o mundo.”
Vida Amorosa
Paulo Freire já havia se casado, sua primeira esposa foi Elza Maria Costa ,
professora primária, e ela lhe diz : “Paulo, o gosto que você tem mesmo é ser
Educador, nada há de lhe faltar. Continua a tua vida de Educador”.
Com quem teve 5 filhos: MARIA MADALENA, MARIA CRISTINA, MARIA DE
FÁTIMA, JOAQUIM E LUTGARDES. Viúvo, casou-se novamente em 1988 com
Ana Maria Araújo Freire.
Paulo Freire dizia : “Olha, eu estou muito feliz, eu já vi
tanta coisa na vida e esse episódio das rapaduras que
eu contava, era um episódio duro, cruel, passado à
nível
pessoal, mas que traduzia a realidade brasileira.”
Pensamentos
Paulo Freire mostra que
ensinar não é transmitir
conhecimentos, mas criar
as possibilidades para a
produção do
saber.Ensinar exige
muitos fatores, estes são
citados de forma clara e
conclusiva.
Paulo Freire, sempre dizia: “A força
da Educação não transforma, não
muda a nível social, nem a nível
econômico
e nem a nível político. Ela não tem
essa força, mas em seu conjunto,
ela pode dar, só
através dela é que pode haver as
mudanças radicais.”
Para Paulo Freire a
Educação é libertadora
desde que o seu sujeito
seja o povo oprimido,
sendo a finalidade da
educação a libertação do
povo. A Educação é uma
acção política.
“Através da decodificação da palavra, o
alfabetizando vai-se descobrindo como homem,
sujeito de todo o processo histórico”
“A alfabetização não pode ser feita de cima
para baixo, nem de fora para dentro. Mas sim,
de dentro para fora (daquilo que ele conhece –
sua realidade)”
Paulo Freire
Método Paulo Freire

Desenvolveu um método inovador de alfabetização de adultos
baseado na aprendizagem de palavras que são conhecidas pelo
aluno, sendo
divididas em sílabas que podem ser
recombinadas, originando a escrita de outras palavras;

Aprendizagem Libertadora, Integradora, Crítica e Ideológica.

o próprio Paulo Freire entendia tratar-se muito mais de uma
Teoria do Conhecimento do que de uma metodologia de
ensino, muito mais um método de aprender que um método de
ensinar .
Método:
Paulo Freire
Algumas Obras
1959: Educação e atualidade brasileira. Recife: Universidade Federal do Recife, 139p. (tese de concurso público para a cadeira de História e
Filosofia da Educação de Belas Artes de Pernambuco).
1965 EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DA LIBERDADE..
1967: Educação como prática da liberdade. Introdução de Francisco C. Weffort. Rio de Janeiro: Paz e Terra, (19 ed., 1989, 150 p).
1970: Pedagogia do oprimido. New York: Herder & Herder, 1970 (manuscrito em português de 1968). Publicado com Prefácio de Ernani Maria
Fiori. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 218 p., (23 ed., 1994, 184 p.).
1982: Educação popular. Lins (SP): Todos Irmãos. 38 p.
1989: Que fazer: teoria e prática em educação popular. Vozes.
1992: Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra (3 ed. 1994), 245 p.
1993: Política e educação: ensaios. São Paulo: Cortez, 119 p.
1996: Medo e ousadia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987; 5ª Edição.
1996: Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
2000: Pedagogia da indignação – cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 134 p.
Relato de Ana Freire
Mais ou menos há um ano, Paulo Freire sentiu angina e foi levado
para o hospital, saindo de lá depois de um dia e meio, levando
consigo um diagnóstico pouco animador, pois seu caso era sério,
e teria que se submeter a um tratamento depois da angioplastia.
Paulo Freire tinha parado de fumar há dezessete anos e dizia que
a “única coisa” que ele odiava era o cigarro; tinha todo o sistema
circulatório comprometido, há mais de dez anos os rins
funcionavam com dificuldades, pois havia tido uma isquemia no
cérebro, felizmente não houve seqüelas. Passa mais três dias em
casa e depois vai para o hospital Albert Eisten de onde não saiu
com vida.
.
“Não devemos chamar o povo à escola
para receber instruções, postulados, receitas,
ameaças, repreensões e punições, mas para
participar coletivamente da construção de um
saber, que vai além do saber de pura
experiência feito, que leve em conta as suas
necessidades e o torne instrumento de luta,
possibilitando-lhe ser sujeito de sua própria
história.”
(Freire, 2001)
Referencias
Texto elaborado a partir da palestra “Vida e obra de Paulo Freire”, proferida por
sua esposa, Ana Maria Araújo Freire, no I Encontro Nacional de Educação de
Jovens e Adultos – ENEJA, em 25 de abril de 1998, no Recife/PE.
www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/educacaoemrevista/...546
Acesse downloads:
http://e-educador.com/index.php/notas-mainmenu-98/4927-freire
http://www.4shared.com/dir/5069808/bca56684/Livros_de_Paulo_Freire.html
http://revolucaonaoviolenta.blogspot.com/2008/04/livros-de-paulo-freire-parabaixar.html
http://www.sunnet.com.br/home/Noticias/Livros-de-Paulo-Freire-para-baixar.html
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