Psicologia Comportamental
Aula 5
Bernardo Gomes
Setembro 2011
Aula Passada
 Capítulo 1 e 2 de Sidman
 Exercício Folclórico
 Hoje:
 Punição e seus efeitos (cap. 4 e 5)
 Fuga (cap. 6)
O Homem que Pôs um Ovo
Um marido tinha uma mulher muito gabola de saber guardar segredo. Vivia dizendo que as outras
eram saco rasgado e ninguém podia confiar no juízo dela. Tanto se gabou e se gabou que o marido
pensou em fazer uma experiência para ver se a mulher era mesmo segura de língua.
Uma noite, voltando tarde para casa, o homem trouxe um grande ovo de pata, que é muito maior do
que os da galinha e deitou-se na cama. Lá para as tantas da madrugada, acordou a mulher, todo
assustado e pedindo que ela guardasse todo segredo, contou que acabara de pôr um ovo! A mulher
só faltou morrer de admiração mas o marido mostrou o ovo e ela acreditou, jurando que nem ao
padre confessor havia de dizer o que soubera.
Ora muito bem. Pela manhã, assim que o marido saiu para o trabalho a mulher correu para a vizinha
e, pedindo segredo de amiga, contou que o marido pusera um ovo na cama e estava todo aborrecido
com essa desgraça. A vizinha prometeu que ninguém saberia mas passou o dia contando o caso, ao
marido, aos vizinhos, aos conhecidos, sempre pedindo segredo. E como quem conta um conto
aumenta um ponto, toda vez que a história passava adiante o ovo ia mudando de número. Primeiro
era um, depois dois, depois três. Ao anoitecer já o homem pusera meio cento de ovos. Voltando para
casa, o marido encontrou-se com um amigo e este lhe disse que havia novidade naquela rua.
- Qual é a novidade?
- Não soube? Uma cousa esquisita! Imagine que um morador nesta rua pôs, penso eu, quase um
cento de ovos, seu mano! Diz que está muito doente e que cada ovo tem duas gemas. É o fim do
mundo.
O marido não quis saber quem estava de vigia. Entrou em casa, chamou a mulher, agarrou uma
bengala e passou-lhe a lenha com vontade, dando uma surra de preceito, que a deixou de cama,
toda doída e com panos de água e sal.
Depois o homem saiu contando como o caso começara e a mulher ficou desmoralizada. Por isso é
que os antigos diziam que:
Quem tiver o seu segredo
Não conte a mulher casada
Ela conta ao seu marido
O marido aos camaradas...
(Cascudo, L.C.)
Punição Funciona?
Rápida supressão
da resposta
Não depende
de privação
Fácil arranjo de
consequências
A Eficácia da Punição
 Ela funciona?
 Atinge seus propósitos?
 É uma forma efetiva para impedir ou livrar
de comportamento indesejado?
 É uma boa maneira de ensinar?
 Como demonstrar todas estas negativas?
O Estudo da Punição
 Linha de base estável de comportamento
regular e previsível reforçado previamente
(ex: pressionar uma barra para obter
alimento)
 Inserir um estímulo aversivo (ex: choque)
– PUNIÇÃO
 Observar o que acontece...
Mas, e depois?
Número de respostas/min
60
50
40
30
Pressionar a barra
Choque
20
10
0
1
2
3
4
5
6
Intervalo
Fome: Reforçador positivo > Punição
E se o choque for mais forte?
• A atividade realmente PARA!
• Mas...
Alternativamente
• O autor sugere que a punição poderia ser
utilizada em casos extremos como uma
condição (intervalo de supressão do
comportamento) para ensinar novos
comportamentos.
Punição como Reforçador
•Fase 1: Ao pressionar a barra o rato recebe um
choque leve antes de receber um alimento.
Inicialmente ele pára, mas, faminto, retorna.
•Fase 2: Aumentamos o choque gradualmente.
O animal vai pressionando a barra até o choque
derrubá-lo
•Fase 3: O rato pressiona a barra e recebe um
choque imediatamente antes de comer
•Fase 4: Retirado ambos estímulo – choque e
comida – o rato continuará pressionar a barra
•Fase 5: Reintroduzindo apenas o choque, o rato
volta a pressionar a barra (choque = reforçador
positivo).
•Fase 6: Colocar outro dispositivo (uma argola)
que também dispara choque
•Fase 7: O rato pressionará o dispositivo (novo
comportamento) apenas para receber o choque
MODELO EXPERIMENTAL
DO MASOQUISMO?
Efeitos Colaterais da Punição
 Punidores naturais (Dor, enjôo): Não precisam de
treino – interrompem o comportamento naturalmente.
 Punidores Condicionados: “(...) sua habilidade de
parar de fazer algo é condicional a outras
circunstâncias. ”
 Nota: lembrar de Reforçadores condicionados –
Estímulos ambientais indicam quais comportamentos
serão punidos ou reforçados.
 Assim, a presença desse estímulo aumenta ou diminui
a probabilidade de determinado comportamento.
Dessa forma o próprio ambiente adquire a
propriedade reforçadora ou punidora (condicionado).
 Ex: Em crianças muito punidas por seus pais a própria
presença de uma pessoa mais velha pode produzir
reações de medo.
A importância da Punição
Condicionada
• Punição condicionada fornece a qualquer sinal de
punição a capacidade de punir em si.
• Assim, a punição se MULTIPLICA em muitos
estímulos o que pode INIBIR diversos
comportamentos.
• Quanto mais somos punidos mais elementos do
ambiente tornam-se reforçadores negativos
(adiando respostas indesejadas) e punidores
(reduzindo certos comportamentos).
• Solução comum: Contra-controle, Contracoerção
ou...
Fuga
• Esquemas de Reforçamento Negativo como
responsáveis por muito do que fazemos (ex: se
comportar “bem” para não levar bronca)
• Escassez frequente de reforçadores positivos
depois da infância – Avanço da história de
coerção
• O problema: Reforçamento negativo gera fuga!
Quando diante de um esquema assim fazemos de
tudo para se afastar dele. Dessa forma
reforçadores negativos podem se tornar um
punidor – Aquilo que fazemos para escapar
diminui a probabilidade de outros
comportamentos. Ex: Chefe opressivo.
• A punição além de reduzir conduta indesejável
aumenta a probabilidade de fuga.
Aprender por Fuga
 Situação 1: Toda vez que o rato
pressiona a barra o choque é
desligado (reforçamento negativo).
Como conseqüência ele
permanecerá ao lado da barra
pressionando o tempo todo
 Situação 2: Toda vez que ele
aperta a barra ganha alimentos
(reforçamento positivo).
Consequentemente ele se torna
mais propenso a exibir outros
comportamentos exploratórios.
As duas situações
ensinam a
apertar a barra.
Mas será que são
igualmente
eficazes?
O que é ser efetivo
aqui?
O que é mais provável...
Lugares em que experimentamos controle por
reforçamento negativo tornam-se eles mesmos
Reforçadores negativos.
Reforçamento Negativo e Punição
• Ambos estão estreitamente ligados: O que é
reforçado negativamente em um momento pode
se tornar punido no futuro. Ex: É provável que
façamos qualquer coisa para evitar a cara feia do
chefe – Reforço negativo; da mesma forma que
paremos de fazer qualquer coisa que faça a cara
feia surgir novamente – Punição.
• Ex: Se o rato reforçado negativamente a apertar a
barra fosse investigar o ambiente ele teria este
comportamento punido por um intervalo maior de
choque. Ou seja todo e qualquer comportamento
diferente daquele reforçado negativamente seria
punido.
Graficamente
700
Número de respostas/min
600
500
400
Pressionar a barra
300
Batimento Cardíaco
200
100
0
R-
R+
Intervalo
Retomando...
 Punição funciona?
 Atinge seus propósitos?
 É uma forma efetiva para impedir ou livrar
de comportamento indesejado?
 É uma boa maneira de ensinar?
 Como demonstrar todas estas negativas?
Próxima Aula
 Tema: Reforçamento negativo e Esquiva
 Bibliografia Básica: SIDMAN, M.
Coerção e suas implicações. Campinas:
Editora Livro Pleno, 2003, Cap. 7 e 9.
 Bibliografia Complementar: SIDMAN, M.
Coerção e suas implicações. Campinas:
Editora Livro Pleno, 2003, Cap. 8 e 10.
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