Lima Barreto e Monteiro Lobato
Literatura Brasileira do início do
século XX
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I Grande Guerra
Revolução Bolchevique
Brasil: República Velha / Revoltas
populares
Visão crítica da realidade brasileira
Prosa: permanência do Realismo e do
Naturalismo
Poesia: mescla de Parnasianismo e
Simbolismo
Experiências precursoras da linguagem
modernista na poesia e na prosa
PRINCIPAIS OBRAS:
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Os Sertões (1902), Euclides da Cunha
- Triste Fim de Policarpo Quaresma
(1915), Lima Barreto
- Urupês (1918), Monteiro Lobato
- Eu (1912), Augusto dos Anjos
AFONSO HENRIQUES DE LIMA BARRETO
1881 - 1922

Filho de uma escrava com um
português, cursou as primeiras
letras em Niterói e depois
transferiu-se para o Colégio
Pedro II. Em 1897 ingressou no
curso de engenharia da Escola
Politécnica. Em 1902
abandonou o curso para
assumir a chefia e o sustento
da família, devido ao
enlouquecimento do pai, e
empregou-se como amanuense
na Secretaria da Guerra.
LIMA BARRETO E O
PRÉ-MODERNISMO
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Depois de consolidada a república, assiste-se no
início deste século a um aceleramento sem
precedentes do ritmo de vida da sociedade
carioca e à implementação do projeto
modernizador da capital federal. [...] Era preciso
construir um palco ilusionista para representar os
tempos modernos com todos os seus aparatos [...]
O Rio, assim, civilizava-se sob patrocínio do
poder, das elites aburguesadas. [...] Acompanhar
o progresso significava colocar-se no mesmo
paradigma dos padrões e ritmos da economia
européia.
(Gomes, 1994: 104).

Apesar do emprego público e das várias
colaborações no jornais da época lhe
darem uma certa estabilidade
financeira, Lima Barreto começou a
entregar-se ao álcool e a ter profundas
crises de depressão. Tudo isso causado
pelo preconceito racial.
Lima Barreto é considerado um autor
Pré-modernista por causa da forma com
que encara os verdadeiros problemas
do Brasil.
 Dessa forma, critica o nacionalismo
ufanista surgido no final do séc. XIX e
início do XX.
 Apesar de Lima Barreto não ter sido
reconhecido, em seu tempo, como um
grande escritor, é inegável que pelo
menos o romance "Triste Fim de
Policarpo Quaresma" figure entre as
obras primas da nossa literatura.
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Principais Obras
Romances
- Recordações do escrivão Isaías Caminha
(1909);
- Triste fim de Policarpo Quaresma (1915);
- Numa e a ninfa (1915);
- Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919);
- Clara dos Anjos (1948).
 Sátira
- Os Bruzundangas (1923);
- Coisas do Reino do Jambom (1953).
 Contos
- Histórias e sonhos (1920);
- Outras histórias e Contos argelinos (1952)
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TRISTE FIM DE POLICARPO
QUARESMA
ESTUDO DA OBRA
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Surgiu como um
romance de folhetim
em edições
semanais, em 1911.
Quatro anos depois,
foi publicado em
livro.
Grande parte da narrativa pode ser
sintetizada como o elenco das
desilusões do protagonista com o seu
país.
 Policarpo Quaresma é um personagem
de má sina, como seu nome indica –
“poli”, muito, e “carpo”, choro,
sofrimento –,
 e também o sobrenome “Quaresma”,
período de penitências e resguardo que
começa no fim do Carnaval e se
estende por 40 dias.
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QUIXOTE BRASILEIRO
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Como personagem,
Policarpo tem muito
de Dom Quixote, pois
se cerca de uma visão
do sublime que a
realidade a sua volta
não comporta.
É ridicularizado por
todos, mas essa
zombaria mal
esconde a
mediocridade de
quem ri de suas
atitudes e ideias.
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Entre seus
companheiros de
romance, Policarpo
é o único que tem
um ideal maior, que
não se deixa levar
pelo mundo
comezinho e
limitado que era a
alta sociedade
carioca do século
XIX.
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Não se sabia bem onde nascera [...]
Errava quem quisesse encontrar nele
qualquer regionalismo; Quaresma era
antes de tudo brasileiro. [...] era tudo
isso junto, fundido, reunido, sob a
bandeira estrelada do Cruzeiro.
Aspectos estruturais:
Romance social – tendo como núcleo
principal a história de um patriota tão
puro e ardente quanto ingênuo, quase
“louco”.
 Narrador onisciente
 Digressões
 Lima Barreto desenvolve,
simultaneamente, o núcleo principal e
os núcleos secundários da história.
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Os diáologos são, geralmente, de
extraordinária espontaneidade e
adequação aos personagens:
 a fala de Genelício é sempre pedante,
afetada e superior;
 a do major quaresma traz as sua
leituras patrioticas e seu jeito tímido a
formaliza;
 a de Vicente Coleoni é entremeada de
expressões e palavras italianas.
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Tempo: a ação do romance situa-se
numa época precisa: a da implatação da
República no Brasil – governo de
Floriano Peixoto.
 Acontecimentos políticos – perspectiva
da classe média suburbana.
 Romance de costumes
 Narrativa cronológica
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Espaço: Rio de Janeiro – subúrbio
- Ambiente burocrático das repartições
públicas;
- Hospício
- O sítio do Sossego
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Personagens típicas – caricaturais – são
implacavelmente expostos ao ridículo.
- Policarpo Quaresma
- Ricardo Coração dos Outros
- Adelaide (irmã de Policarpo)
- Olga
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Temática
Tema da Loucura
 A burocracia
 Política no interior do Brasil
 Os casamentos interesseiros da
burguesia
 O Mito do “doutor”
 Miséria e improdutividade do interior
 A Literatura do tempo
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Críticas ao governo
 A República – Floriano Peixoto
 A imprensa frívola
 As supertições
 Tema principal: o choque de um patriota
sonhador com a realidade.
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Divisão três partes:
1a. Parte: predomínio da fantasia
2a. Parte: equilíbrio entre a realidade e
fantasia
3a. Parte: vence a realidade
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ENREDO: TRISTE FIM DE POLICARPO
QUARESMA
O funcionário público Policarpo Quaresma,
nacionalista e patriota extremado, é
conhecido por todos como major
Quaresma, no Arsenal de Guerra, onde
exerce a função de subsecretário.
 Sem muitos amigos, vive isolado com sua
irmã Dona Adelaide, mantendo os mesmos
hábitos há trinta anos.
 Seu fanatismo patriótico se reflete nos
autores nacionais de sua vasta biblioteca e
no modo de ver o Brasil.
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Para ele, tudo do país é superior, chegando até
mesmo a "amputar alguns quilômetros ao Nilo"
apenas para destacar a grandiosidade do
Amazonas.
Por isso, em casa ou na repartição, é sempre
incompreendido.
Esse patriotismo leva-o a valorizar o violão,
instrumento marginalizado na época, visto como
sinônimo de malandragem.
Atribuindo-lhe valores nacionais, decide aprender
a tocá-lo com o professor Ricardo Coração dos
Outros.
Ainda nessa esteira nacionalista, propõe,
em documento enviado ao Congresso
Nacional, a substituição do português pelo
tupi-guarani, a verdadeira língua do Brasil.
 Por isso, torna-se objeto de ridicularizarão,
escárnio e ironia.
 Um ofício em tupi, enviado ao Ministro da
Guerra, por engano, levá-o à suspensão e
como suas manias sugerem um claro
desvio comportamental, é aposentado por
invalidez, depois de passar alguns meses
no hospício.
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Paulo José interpretou Policarpo Quaresma na
versão cinematográfica de 1988
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Após recuperar-se da insanidade,
Quaresma deixa a casa de saúde e
compra o Sossego, um sítio no interior
do Rio de Janeiro; está decidido a
trabalhar na terra.
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Depois de algum tempo, o projeto agrícola de
Quaresma cai por terra, derrotado por três
inimigos terríveis.
Primeiro, o clientelismo hipócrita dos políticos.
Como Policarpo não quis compactuar com uma
fraude da política local, passa a ser multado
indevidamente.
O segundo, foi a deficiente estrutura agrária
brasileira que lhe impede de vender uma boa
safra, sem tomar prejuízo.
O terceiro, foi a voracidade dos imbatíveis
exércitos de saúvas, que, ferozmente, devoravam
sua lavoura e reservas de milho e feijão.
 Desanimado,
estende sua dor à
pobre população rural, lamentando o
abandono de terras improdutivas e a
falta de solidariedade do governo,
protetor dos grandes latifundiários do
café. Para ele, era necessária uma
nova administração.
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A Revolta da Armada - insurreição dos
marinheiros da esquadra contra o continuísmo
florianista - faz com que Quaresma abandone a
batalha campestre e, como bom patriota, siga
para o Rio de Janeiro. Alistando-se na frente de
combate em defesa do Marechal Floriano, tornase comandante de um destacamento, onde
estuda artilharia, balística, mecânica.
Durante a visita de Floriano Peixoto ao quartel,
que já o conhecia do arsenal, Policarpo fica
sabendo que o marechal havia lido seu "projeto
agrícola" para a nação. Diante do entusiasmo e
observações oníricas do comandante, o
Presidente simplesmente responde: "Você
Quaresma é um visionário".
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Após quatro meses de revolta, a Armada ainda resiste
bravamente. Diante da indiferença de Floriano para
com seu "projeto", Quaresma questiona-se se vale a
pena deixar o sossego de casa e se arriscar, ou até
morrer nas trincheiras por esse homem.
Mas continua lutando e acaba ferido. Enquanto isso,
sozinha, a irmã Adelaide pouco pode fazer pelo sítio do
Sossego, que já demonstra sinais de completo
abandono. Em uma carta à Adelaide, descreve-lhe as
batalhas e fala de seu ferimento.
Contudo, Quaresma se restabelece e, ao fim da
revolta, que dura sete meses, é designado carcereiro
da Ilha das Enxadas, prisão dos marinheiros
insurgentes.
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Uma madrugada é visitado por um emissário do
governo que, aleatoriamente, escolhe doze prisioneiros
que são levados pela escolta para fuzilamento.
Indignado, escreve a Floriano, denunciando esse tipo
de atrocidade cometida pelo governo.
Acaba sendo preso como traidor e conduzido à Ilha
das Cobras. Apesar de tanto empenho e fidelidade,
Quaresma é condenado à morte.
Preocupado com sua situação, Ricardo busca auxílio
nas repartições e com amigos do próprio Quaresma,
que nada fazem, pois temem por seus empregos.
Mesmo contrariando a vontade e ambição do marido,
sua afilhada, Olga, tenta ajudá-lo, buscando o apoio de
Floriano, mas nada consegue.
A morte será o triste fim de Policarpo Quaresma.
José Bento Renato Monteiro Lobato
( 1882 — 1948)
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O maior escritor infantil brasileiro
de todos os tempos, José Bento
Monteiro Lobato, nasceu em 18
de abril de1882, em Taubaté
(SP). Cresceu numa fazenda, se
formou em direito sem nenhum
entusiasmo, já que sempre quis
ser pintor! Desenhava bem!
Quando estudante, participou do
grupo "O Cenáculo" e entre
risadas e leituras insaciáveis,
escreveu crônicas e artigos
irreverentes.
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Em 1907 foi para Areias como promotor
público, casou com Maria Pureza com
quem teve três filhos. Entediado com a
vida numa cidade pequena, escreveu
prefácios, fez traduções, mudou para a
fazenda Buquira, tentou modernizar a
lavoura arcaica, criou o polêmico "Jeca
Tatu", fez uma imensa e acalentada
pesquisa sobre o SACI publicada no
Jornal O Estado de São Paulo.
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Em 1918 lançou, com sucesso, seu primeiro
livro de contos URUPÊS. Fundou a Editora
Monteiro Lobato & Cia, melhorando a
qualidade gráfica vigente, lançando autores
inéditos e chegando à falência. Em 1920 lançou A MENINA DO NARIZ
ARREBITADO, com desenhos e capa de
Voltolino, conseguindo sua adoção em
escolas e uma edição recorde de 50.000
exemplares. - Fundou a Cia Editora
Nacional no Rio de Janeiro.
Convidado pra ser adido comercial em
New York ficou lá por 4 anos
(de1927 a 1931) fascinado por Henry
Ford, pela metalurgia e petróleo.
 Perdeu todo seu dinheiro no crash da
bolsa. - Voltou para o Brasil, se jogou na
Campanha do Petróleo, fazendo
conferências, enviando cartas,
conscientizando o país inteiro da
importância do óleo.
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Percebeu, então, o quanto era
conhecido e popular.
 Foi preso! Alternou entusiasmo e
depressão com o Brasil.
 Participou da Editora Brasiliense, morou
em Buenos Aires, foi simpatizante
comunista, escreveu para crianças
ininterruptamente e com sucesso
estrondoso, traduziu muito e teve suas
obras traduzidas.
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Morreu em 4 de julho de 1948 dum
acidente vascular. - Suas obras completas
são constituídas por 17 volumes dirigidos
às crianças e 17 para adultos englobando
contos, ensaios, artigos e
correspondência.
Este notável escritor é bastante conhecido entre as
crianças, pois se dedicou a um estilo de escrita com
linguagem simples onde realidade e fantasia estão
lado a lado. Pode-se dizer que ele foi o precursor da
literatura infantil no Brasil.
 Suas personagens mais conhecidas são: Emília, uma
boneca de pano com sentimento e idéias
independentes; Pedrinho, personagem que o autor se
identifica quando criança; Visconde de Sabugosa, a
sabia espiga de milho que tem atitudes de adulto,
Cuca, vilã que aterroriza a todos do sítio, Saci
Pererê e outras personagens que fazem parte da
inesquecível obra: O Sítio do Pica-Pau Amarelo, que
até hoje encanta muitas crianças e adultos.
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