Escatologia e Criação
Por que a teologia conta, em seu fazer, com uma disciplina escatológica?
Por causa do existencial humano:
Abertura ao
futuro
Por causa do modo específico de os/as
cristãos/ãs o viverem:
A esperança
A teologia continua pensando o futuro, em diálogo com o pensamento
social sobre o mesmo. Não se pode esquecer também o abalo sofrido
pelas esperanças nos últimos tempos. Decepções que influenciarão
também no pensamento cristão.
O SER HUMANO E O TEMPO
• Gn 2,7: Então, formou o SENHOR
Deus ao homem do pó da terra e lhe
soprou nas narinas o fôlego de vida, e
o homem passou a ser alma vivente.
• O existencialismo (corrente
filosófica) coloca o ser humano
como um ser-no-tempo.
• Gn 1,26-28: Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre
as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos
os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à
imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou...
O ser humano tem um jeito próprio de
viver a temporalidade (presente,
passado, futuro): a transcendência.
“O ser humano é agora por algo (pelo
que foi) e para algo (para o que será).
Isto quer dizer que seu passado per- -vive
nele realmente, estrutura-o no seu atual
semblante, não foi aniquilado, não
desapareceu; o seu futuro per-vive nele,
mobiliza-o, estimula-o, orienta-no nesta
ou naquela direção“ (RUIZ DE LA
PEÑA, 2002, p. 4).
O ser humano fascina por sua
capacidade de transbordar a diacronia do
tempo físico, alargando e engrossando
horizontes.
“Dies septimus nos ipsi erimus, dizia
Santo Agostinho e repete, citando-o,
Bloch: seremos nós mesmos, não no
primeiro, mas no sétimo dia da
criação” (RUIZ DE LA PEÑA, 2002,
p. 5).
Atenção!!!
Não é qualquer concepção de futuro
que serve ao ser humano!
Somente serve um modo de
compreender o futuro como
continuidade e novidade!
O futuro terá sempre uma dose de
continuidade, para não correr o
risco de perder a consciência e a
identidade.
"Não há projeto válido de futuro sem
recordação ativa do passado; não há
utopia concreta sem história, nem
esperança sem memória" (RUIZ DE
LA PEÑA, 2002, p. 6).
Mas!!!
O ser humano é uma magnitude
de múltiplas passibilidades!
Deve-se sempre contar
com a novidade!
“Pois bem, não basta reivindicar o elemento novidade para o futuro
humano; é necessário mostrar que este elemento é possível porque há
um fator capaz de produzi-lo; porque no mundo está em jogo uma
capacidade de criação entendida como surgimento de algo inédito,
irreduzível – enquanto autenticamente novo – ao antigo mais ou
menos desenvolvido, ao já incluído no potencial tecnológico, nas leis
físico-químicas ou nos códigos biogenéticos. O elemento novidade,
em suma, entranha o postulado do salto qualitativo, da ruptura do
processo, e com isso coloca a questão da heterogeneidade de seus
fatores constituintes” (RUIZ DE LA PEÑA, 2002, p. 6).
“Assim, pois, a validade dos modelos de futuro elaborados pelas
diversas ideologias dependerá de sua aptidão para integrar
harmonicamente os elementos continuidade-novidade,
sem os quais – segundo se viu – não é possível o futuro humano
autêntico. Em última instância, o que jaz sob este binômio é a
dialética presente-futuro; um futuro sem novidade é mera
extrapolação do presente, e um presente sem continuidade é a
negação pura e simples do futuro. Somente na correta resolução
desta dialética é creditada a solvência das futurologias, sejam estas
leigas ou religiosas” (RUIZ DE LA PEÑA, 2002, p. 7).
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