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Milton Hatoum
Nasceu em 1952 – Manaus, Amazonas.
Formado pela USP em Arquitetura e Urbanismo
Trabalhou como jornalista cultural e professor de História da
Arquitetura.
Estudou três anos literatura em Paris.
Foi professor de literatura francesa na Universidade do
Amazonas.
Escritor residente em New Haven/EUA.
4 romances premiados ,
traduzidos em 10 línguas
publicados em 14 países.
1. Varandas da Eva
• Personagens: Ranulfo, tio Ran; os amigos Minotauro,
Gerinélson e Tarso; Tia Mira
• A história narra a lembrança de um episódio ocorrido na
infância do narrador, quando visitou, pela primeira vez, o
bordel Varandas da Eva, e lá passou uma noite, sua primeira,
com uma bela e enigmática mulher.
• Voltou ao local no dia seguinte, e em
outros, e outros, e nunca mais encontrou-a, até que muito tempo depois encontraria um grande amigo seu, também
dos tempos de meninice, e descobre que aquela mulher era
sua mãe.
2. Uma Estrangeira da Nossa Rua
• Personagens: Lyris; o engenheiro Doherty; Alba, mãe de Lyris;
o narrador.
• Aqui a história aparente conta o amor platônico de um
menino por uma vizinha ruiva, filha de estrangeiros que
jamais deixavam a casa, embora fossem afáveis com todos na
rua.
• A história oculta, porém, revela
mais... revela o fosso social que
se cria entre comunidades muito
próximas, revela a dificuldade de
relacionamento entre culturas
diferentes, revela o medo e até
a soberba daqueles que julgavam
trazer o progresso.
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3. Uma Carta de Bancroft
Personagens: um escritor amazonense.
Um escritor em Berkeley.
Aqui, o narrador descreve seu espanto
ao encontrar uma carta fictícia de
Euclides da Cunha numa biblioteca
americana.
No manuscrito, o escritor descreve um
sonho e uma cena premonitória.
Mais uma vez, Manaus aparece emaranhada. O narrador diz
que a cidade o persegue, mesmo quando não é solicitada,
"como se a realidade da outra América se intrometesse na
espiral do devaneio para dizer que só vim a Brancoft para ler
uma carta amazônica do autor de Os sertões”.
4. Um Oriental na Vastidão
• Personagens: A pesquisadora e Kasuki Kurokawa
• Um dos contos preferidos do escritor.
• Um professor japonês realiza, de forma inusitada, o maior
sonho de sua vida, conhecer o Rio Negro. Como de praxe, em
todos os contos se mistura a história do próprio Hatoum, suas
"memórias recriadas".
“No lugar
desconhecido
habita o
desejo”.
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5. Dois Poetas da Província
Personagens: Albano (aluno), Zéfiro
(ex-professor).
A velhice e os desejos vencidos.
O texto aborda o encontro de Albano e Zéfiro, dois poetas, um
ex-aluno do outro, ambos apaixonados por Paris.
Albano se prepara para embarcar para França.
Zéfiro, um poeta que nunca publicou um livro, vive em
Manaus o sonho europeu, e se orgulha em desprezar o
governo militar com a mesma altivez em que ignora "a
cachaça, o sol da tarde e a floresta".
Albano, o ex-aluno, é também uma espécie de alter ego do
professor, se não por sua postura diante da poesia,
certamente por sua postura diante da vida.
6. O Adeus do Comandante
•Personagens: o comandante Dalberto.
•Dalberto, cabloco musculoso, ex-cabo de polícia, mas coração
de noviça: deixava o povo viajar de graça.
•Pai de três filhos e marido de Anaíra.
•“De repente o diabo do barco começou a balançar... Uma
coisa assombrada. O cigarro tremeu nos lábios, disfarcei, e
senti o corpo formigando...”
7. Manaus, Bombain, Palo Alto
• Personagens: Rajiv Kumar Sharma, almirante indiano; um
escritor amazonense.
• o narrador recebe a visita de um marinheiro indiano que
deseja conhecer um escritor da cidade e, a partir do encontro,
surgem analogias entre as duas profissões.
• pois ambos estão quase sempre longe de seu lugar, cada um a
seu modo.
8. Dois Tempos
• Personagens: Ranulfo.
• O narrador faz uma visita ao tio Ran com quem morou
quando tinha 14 anos e lá encontra uma vizinha e ex-aluna do
conservatório, Aiana. A menina pergunta se ele não lembra de
Tarazibula Steinway.
9. A Casa Ilhada
• Personagens: o cientista Lavedan e sua mulher Harriet.
• O casal conheceu dezenas de povoados à margem do Médio
Amazonas.
• Há uma atmosfera de suspense envolvendo o cientista que
volta a Manaus na tentativa de reencontrar a esposa.
• “O corpo, sem sinal de violência, fora encontrado na tarde do
dia anterior (16 de julho de 1996). A fotografia da casa
conduziu-me à notícia da morte”.
10. Bárbara no Inverno
• Personagens: Lázaro e Bárbara.
• O casal Bárbara e Lázaro busca adaptar-se, não só à condição de
exilados em um país estranho, mas também aos sentimentos de
recusa, de revolta e de crítica à sua condição e à dos amigos
também expatriados, o que gera desconforto em Bárbara
• “[...] essas reuniões são uma farsa, pura nostalgia de parasitas.”
• A partir de então, o riso melancólico, a solidão atroz, o ciúmes
corrosivo e a espera pelo avesso vão compondo a teia da
narrativa, mesclados a referências indiretas a uma música de
Chico Buarque.
• “Essa música não conta nossa história, dizia ela, e Lázaro,
pensativo: Claro, o inferno dessa canção pertence aos outros”.
11. A Ninfa do Teatro Amazonas
• Personagem: o vigia do Teatro Amazonas, seu Álvaro Celestino
de Mato.
• “Ela parecia um vulto perdido nesse mundo invadido de água... e
sabe Deus se é filha da cidade ou do mato... A chuva atingiu-a em
plena praça São Sebastião, foi enxotada do hospital, a porta da
igreja estava fechada... Sentiu fortes contrações no ventre...
rastejou até alcançar a porta do Teatro Amazonas... Penetrou
entre as fileiras de cadeiras e deu a luz.”
• O conto apresenta um cenário que apresenta a loucura e a
demência do vigia do teatro.
12. A Natureza Ri da Cultura
• Personagens: a narradora, Armand Verne e Felix Delatour, Emillie.
• Delatour, um bretão que vive em Manaus, disserta com
tonalidade filosófica sobre o olhar do estrangeiro, já que, segundo
ele:
• “A viagem,além de tornar o ser humano mais silencioso, depura o
olhar [...] Nesse convívio com o estranho, o narrador privilegia o
olhar: o desejo de possuir e ser possuído, a entrega e a rejeição, o
temor de se perder no outro.”
13. Encontros na Península
• Personagens: Victoria, Soares e o estudante.
• O conto passa-se em Barcelona e mostra o encontro do narrador
com uma catalã que deseja aprender a língua
portuguesa: “Não quero falar, disse ela com firmeza. Quero ler
Machado de Assis”.
• As aulas e as leituras vão prosseguindo enquanto as usuais
conjecturas sobre Machado começam a aparecer.
• Victoria revela que decidiu aprender a língua portuguesa por
causa de seu amante português, fascinado por Eça de Queirós.
• Victoria, que entre o espanhol e o português, procura desvendar
quem era o homem pelo qual havia se apaixonado, procurando-o
nas emaranhadas páginas de Machado ou ainda no conflito entre
ele e Eça, como se assim, pudesse entender seu próprio dilema.
14. Dançarinos na Última Noite
• Personagens: Porfíria, Miralvo e o patrão.
• A cidade que antes tinha um certo aspecto
idílico, dá lugar à rudeza daqueles que trabalham
fazendo “qualquer trabalho que um robô não dá
conta”, uma vez que seu eixo econômico gira em
torno das indústrias estrangeiras e dos exóticos
hotéis de luxo.
• Há uma dura escolha entre desfrutar os prazeres
de uma noite manauara ou perpetuar uma condição de submissão que, assim como na maioria
das cidades brasileiras, vêem chegar o progresso
e também suas agruras.
Espaço
• Em trânsito no espaço e no tempo. Rio de Janeiro, Paris, Palo
Alto, Berkeley, Barcelona, Bombaim e a capital amazonense.
• São cenários móveis, transitórios como as vidas que neles
circulam em torno de uma busca ou para resgatar lembranças.
• A maioria dos contos de A Cidade Ilhada tem como espaço
Manaus e o Amazonas, região esta que desponta uma espécie
de centro do mundo.
• É onde se deslocam os destinos dos personagens de todos os
lugares.
Análise Final
• O autor explora temas e conflitos mais amplos e deixa falar as
contradições intrínsecas de homens que buscam suas
identidades, suas raízes e seus nortes, numa cidade que está
na periferia da periferia do capital.
• A união de elementos regionais, e também de temas
universais dá o tom das narrativas de A cidade ilhada que
vê,na passagem do tempo, desejos e fracassos se resolvendo
ou se dissipando e que, na maioria das vezes, transformaramse em desencanto.
• Manaus se coloca, nesses casos, como uma cidade ilhada
geográfica e metaforicamente, cujos personagens também o são. Estão sempre à
deriva, num trânsito constante entre
suas origens e seus destinos.
A cidade é tanto origem quanto destino.
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