CIDADE GLOBAL E
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
O PAPEL DA CIDADE GOBAL NO
APROFUNDAMENTO DAS DESIGUALDADES
A DESORGANIZAÇÃO DO
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
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Como afirma Mônica de Carvalho, o planejamento
estratégico pretende democratizar o convívio social, o que
implica, sem dúvida, a intenção de superar a segregação
urbana;
Desde os primórdios de sua criação, o planejamento
estratégico realizado nas cidades de Baltimore/Nova York
(anos 70) e Londres/Barcelona (anos 80), não apresentou
melhorias no que tange à pobreza e aos demais déficits
sociais;
Tudo consistiu num processo utópico que colocava a cidade
como um “lugar perfeito”, uma estratégia do capital para
manipular uma realidade cada vez mais explícita, a de que
a boa infraestrutura estava acessível apenas para uma
restrita minoria (elites sociais);
A globalização é o “apogeu” do capitalismo;
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O acesso à cidade engendra um processo desigual de
estímulo ao consumismo, já que a “compra” da cidade não é
um direito de todos, fomentando o aprofundamento das
desigualdades;
“a cidade não é apenas uma mercadoria mas também, e
sobretudo, uma mercadoria de luxo, destinada a um grupo
de elite de potenciais compradores: capital internacional,
visitantes e usuários solváveis.” (VAINER, Carlos B.);
A partir deste momento começam a surgir os principais
problemas das cidades globais, que vão desde a segregação
sócio espacial das classes baixas pela concentração
fundiária, financeira e política das classes altas, até a
atuação do Estado como cúmplice do capital (Parcerias
Público-Privadas, por exemplo);
Trata-se, como nos ensinou Milton Santos, de analisar a
Globalização como REALIDADE, considerando que tal
dinâmica estrutura o funcionamento dos centros globais.
A GENTRIFICAÇÃO
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A Gentrificação consiste num processo de
enobrecimento/aburguesamento de uma determinada área,
o que pode vir a gerar uma expulsão das classes baixas em
prol da ocupação para fins do capital ou de classes mais
altas;
É normal conciliar o processo de gentrificação com as
porções centrais das cidades, o que não pode ser tomado
como regra, já que apesar de ocorrerem com mais
frequência nestas regiões, não se limitam à elas;
O fenômeno da gentrificação traz consigo consequências
positivas, como investimento em infraestrutura,
revitalização econômica, serviços (setor terciário),
segurança, etc, e negativas, como a grande valorização
imobiliária, o aumento do custo de vida e a expulsão de
parte dos moradores antigos para distantes vizinhanças.
A imagem
contrasta o
Brooklyn, um
bairro da cidade
de Nova York
(cidade-global)
que foi
profundamente
afetado pelo
processo de
gentrificação.
A imagem retrata a gentrificação em Xangai nos últimos 26
anos, já realçando nosso próximo tema: a verticalização.
A VERTICALIZAÇÃO
A
verticalização consiste no processo de adensamento urbano
que aglomera um grande número de edifícios em
determinadas áreas (principalmente centrais) das grandes
cidades. As áreas de instalação são, geralmente, dotadas de
serviços de infraestrutura pública e de equipamentos urbanos
disponíveis;
O fenômeno retrata um estágio avançado de exploração
capitalista do solo urbano;
Objetiva promover praticidade, qualidade de vida e
segurança para seus moradores. O problema é que este
formato de moradia exige padrões de vida mais elevados, não
sendo acessível para o contingente populacional mais pobre
(grande maioria);
O projeto de verticalização urbana tem falhado quando se
pensa num aumento do bem-estar da sociedade, concretizando
uma segregação socioespacial de cunho cada vez mais amplo;
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Outro problema dessa massificação de edifícios
consiste no desequilíbrio estabelecido com o meio
natural, já que se altera o processo natural de
circulação dos ventos e de iluminação solar, podendo
criar microclimas urbanos muito quentes (ilhas de
calor) ou muito frios;
O processo de verticalização em muitas cidades globais
também reflete uma diminuição considerável das áreas
verdes, que são dizimadas nas áreas de interesse do
capital financeiro.
Acúmulo de prédios na porção central de Nova York.
Processo de verticalização na grande metrópole de São Paulo.
Efeitos negativos da verticalização sobre o meio físico.
A FAVELIZAÇÃO
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O conceito de favelização se refere ao fenômeno de
ocupação/habitação de terrenos invadidos, geralmente
pertencentes ao Estado, por parte da minoria populacional
excluída perante as desigualdades socioeconômicas e a falta
de planejamento urbano;
As aglomerações são marcadas pela falta de infraestrutura,
pelos altos índices de violência (atuação dos traficantes) e
pela marginalização social de seus moradores,
intensificando a reprodução da segregação socioespacial;
A formação dessas habitações tem origem no processo de
êxodo rural, quando houve grande fluxo migratório do
campo em direção à cidade por pessoas que buscavam
melhores condições de vida, mas o resultado foi um grande
acúmulo de desempregados (marginalização social), que
tiveram que recorrer à ocupação de áreas irregulares para
conseguir acesso à moradia;
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Tal processo de crescimento desordenado das cidades
reflete a incapacidade do Estado de estruturar um
planejamento urbano adequado, o que contribui para a
precarização das condições de vida da população;
As favelas sofrem com o descaso do poder público, já
que são consideradas como meras áreas de violência,
impróprias para a instalação de investimentos ou para
a realização de um manejo populacional.
Paraisópolis,
a segunda
maior favela
de São
Paulo.
Contraste entre um prédio de luxo (à direita) e uma
favela (à esquerda).
O Brasil constitui por todo seu território uma
diversidade enorme de contradições socioespaciais e
econômicas.
A favela, principalmente no Brasil, vem se tornando
mercadoria para o capital, com ações turísticas que levam os
estrangeiros para uma espécie de safari nas comunidades.
Vendemos nossa pobreza e nossa miséria para o mundo!
OS CONDOMÍNIOS FECHADOS
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Os condomínios fechados constituem um formato de
segregação socioespacial aderido pelas classes mais
altas, que se isolam em algumas regiões da cidade
buscando segurança e tranqüilidade de vida;
Esse formato de segregação socioespacial conflita com
as comunidades habitacionais/favelas nas grandes
cidades, contrastando um modelo opcional de
isolamento (auto-segregação) com outro engendrado
pelo sistema capitalista (segregação como direito à
moradia).
O acesso aos condomínios fechados se restringe às
elites sociais.
POLUIÇÃO VISUAL
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Consiste no acúmulo de elementos ligados à comunicação
visual (propagandas publicitárias, cartazes, outdoors, etc)
nos grandes centros urbanos, o que incomoda seus
habitantes e degrada o próprio centro;
O indivíduo torna-se, neste descontrole informacional, um
mero consumidor, perdendo parte de sua cidadania.
POLUIÇÃO AUDITIVA
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O excesso de barulho característico dos grandes centros
pode causar severos danos à saúde de seus moradores.
POLUIÇÃO AMBIENTAL
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A poluição ambiental nas cidades tem diversas variáveis,
que vão desde o despejo do esgoto nos rios e córregos até a
poluição do ar por parte dos carros e indústrias;
Relatamos os principais: poluição do ar, chuvas ácidas, ilha
de calor, enchentes, acúmulo de lixo, desmatamento,
contaminação dos rios e/ou afluentes, entre outros.
DESTRUIÇÃO DO PATRIMÔNIO
PÚBLICO
VIOLÊNCIA
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A segurança, um direito dos cidadãos, passa a ser
vendida nos grandes centros urbanos.
O PAPEL DO ESTADO
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Como afirmam os autores do texto a Cidade do Pensamento
Único, “O conceito de cidade, e com ele os conceitos de poder
público e de governo da cidade são investidos de novos
significados, numa operação que tem como um dos esteios a
transformação da cidade em sujeito/ator econômico ... e,
mais especificamente, num sujeito ator cuja natureza
mercantil e empresarial instaura o poder de uma nova
lógica, com a qual se pretende legitimar a apropriação
direta dos instrumentos de poder público por grupos
empresariais privados”;
O Estado deveria intermediar a ação do capital privado com
os anseios sociais (conciliação entre público e privado), mas
acaba se corrompendo (Estado capitalista) perante a
tentativa de tornar a cidade atrativa para grandes
empreendimentos financeiros (pólos tecnológicos,
multinacionais);
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Carlos B. Vainer afirma que “A parceria público privada
assegurará que os sinais e interesses do mercado estarão
adequadamente presentes, representados, no processo de
planejamento e de decisão”, e completa dizendo que “o
planejamento estratégico urbano e seu patriotismo de
cidade desembocam claramente num projeto de eliminação
da esfera política local, transformada em espaço do exercício
de um projeto empresarial encarnado por uma liderança
personalizada e carismática”;
“Há também o que Henri Lefebvre chama de ‘segregação
programada’, que se realiza pela intervenção do estado
através de políticas urbanas orientadas pelas exigências da
reprodução” (Ana Fani Alessandri Carlos);
O Estado toma para si, por meio dos interesses do capital, a
responsabilidade de afrontar as outras cidades com base
num projeto competitivo e no patriotismo cívico. Ao tomar
tal atitude, acaba deixando de lado a solução dos problemas
sociais, o que engendra o aumento das desigualdades não só
entre as cidades como também entre os países;
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Mônica de Carvalho observa que o poder público e o
poder privado se unem para garantir uma
revalorização imobiliária (reprodução e ampliação do
capital), o que legitima uma prática perversa que
exclui os setores populares das decisões sobre o
“construir cidade”;
“esses dados rapidamente indicados evidenciam que o
binômio investimento público-valorização imobiliária
continua sendo um mecanismo eficiente de exclusão” /
“A segregação urbana, portanto, pelo menos por
enquanto, não parece ter sido superada pelo
planejamento estratégico” (Mônica de carvalho);
Começa aqui a atuação do marketing urbano, que
coloca a cidade competitiva como sinônimo de
desenvolvimento e prosperidade, o que não se confirma
perante a baixa funcionalidade dos serviços públicos e
o aumento das desigualdades e da segregação
socioespacial.
A CIDADE COMO CAMPO DAS LUTAS
SOCIAIS
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Um dos aspectos positivos de a cidade ser global é o fato de
ela aparecer para o mundo perante a atuação da mídia
(grande visibilidade), o que destaca a atuação dos
movimentos sociais governamentais e não governamentais e
os protestos populacionais;
Destaca-se, nessa etapa, a grande importância da internet
(redes sociais) como amplo espaço de distribuição da
informação.
Protestos de julho de 2013 que se espalharam por todo
o Brasil e repercutiram por todo o mundo.
CULTURA URBANA
REFERÊNCIA BILIOGRÁFICA
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“CIDADE GLOBAL, anotações críticas sobre um
conceito” – Mônica de Carvalho (bibliografia
indicada pra turma);
“A CIDADE DO PENSAMENTO ÚNICO” – Otília
Arantes, Carlos Vainer e Ermínia Maricato
(bibliografia indicada pela professora);
“A QUESTÃO DA HABITAÇÃO NA
METRÓPOLE DE SÃO PAULO” – Ana Fani
Alessandri Carlos;
Anotações sobre as aulas do curso de geografia
urbana e sobre as duas primeiras apresentações dos
seminários temáticos;
IMAGENS – todas retiradas do site
www.google.com.br.
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