Educação Integral
Avaliação e Aprendizado
Maína Celidonio de Campos
Perguntas
• Como a educação integral pode melhorar o
desenvolvimento escolar?
• O que os resultados das avaliações nos
ensinam?
• Avalia-BH: a experiência de Belo Horizonte em
detalhes
Como a educação integral pode melhorar
o desenvolvimento escolar?
 O aumento do tempo de permanência do aluno na escola pode:
diminuir a exposição do aluno a criminalidade nas ruas ou
violência dentro do ambiente familiar
ocupação mais produtiva do tempo dos estudantes, em
particular para aqueles que não tem acesso a estímulos para
aprendizagem em casa
 Os resultados descritos acima dependem do ambiente familiar e
social do aluno
Como a educação integral pode melhorar
o desenvolvimento escolar?
 O aumento do tempo de permanência do aluno na escola pode:
permitir a escola diversificar práticas pedagógicas
dar atenção distinta para alunos com diferentes graus de
aprendizagem
realizar atividades de reforço escolar
ampliar a carga horária das atividades curriculares
desenvolver atividades extracurriculares
 Os resultados descritos acima dependem da escolha das escolas
de quais atividades serão feitas no contraturno.
Como a educação integral pode melhorar
o desenvolvimento escolar?
 Ou seja, os possíveis impactos dependem das características dos
alunos, do entorno, do ambiente familiar e do modelo de
educação integral adotado pela escola.
 Impactos esperados:
 Aumento das notas dos alunos
 Diminuição do abandono, repetência e evasão
 Diminuição da desigualdade de aprendizagem dentro da escola
 Desenvolvimento de habilidades não cognitivas como: sociabilidade,
responsabilidade, gosto pelos estudos, etc.
 Diminuição do número de alunos envolvidos em atividades ilícitas
...
O que os resultados das avaliações nos
ensinam?
Bellei (2009)
 Investiga os impacto de um programa adotado no Chile em
1997 que determinou aumento de 27% no tempo de aula dos
alunos do ensino médio das escolas públicas.
 A alocação do tempo extra ficava à critério da escola
(atividades acadêmicas e/ou atividades extracurriculares).
Resultados
 Alunos com maior tempo de aula tem melhor desempenho
em matemática e português
O que os resultados das avaliações nos
ensinam?
Resultados
 O impacto positivo em português independe das características
dos alunos e dos grupos de comparação, já o resultado de
matemática não é independente dessas características.
 Os impactos são maiores nas escolas da área rural. Também se
verifica resultados melhores nas escolas municipais em
comparação as privadas, em matemática.
 Todos os alunos se beneficiam, mas os melhores alunos tem
resultados melhores que os demais. Ou seja, o projeto aumenta a
desigualdade dentro da escola.
O que os resultados das avaliações nos
ensinam?
Lavy (2010)
 Estuda o impacto da carga horária sobre o desempenho dos
alunos em Matemática, Ciências e Leitura.
 O autor usa os dados do PISA e explora a diferença da carga
horária entre países e entre matérias.
Resultados
 O aumento da carga horário tem impacto positivo sobre o
desempenho dos alunos.
 O impacto é maior para as meninas, alunos de níveis
socioeconômicos mais baixos e imigrantes (tanto em países
desenvolvidos como em desenvolvimento).
O que os resultados das avaliações nos
ensinam?
Resultados
 Impactos maiores para países desenvolvidos em comparação com
países em desenvolvimento
 O impacto é maior para aumento de carga horária de 1 a 2 horas.
O impacto diminui em aumentos maiores.
O que os resultados das avaliações nos
ensinam?
Aquino e Kassouf (2011)
 Analisa os efeitos da ampliação da jornada escolar do programa
Escola de Tempo Integral, da rede pública do Estado de São Paulo.
Resultados
 Não há impacto nas notas de matemática.
 Há pequeno impacto nas notas de português
 Não há impacto na participação em atividades, como informática,
idiomas, atividades artísticas e esportivas
 Impactos de curto prazo
O que os resultados das avaliações nos
ensinam?
Tavares e Tomasovic (2011)
 O estudo examina o impacto do Programa Escola da Família sobre
indicadores de violência nas escolas públicas do Estado de São
Paulo.
 O programa desenvolve atividades escolhidas pela equipe escolar
e comunidade em quatro eixos: esporte, cultura/lazer, saúde e
trabalho.
Resultados
 Houve redução nos indicadores de violência nas escolas
participantes, sobretudo aqueles relacionados ao vandalismo e
aos problemas associados às relações entre alunos, funcionários e
professores.
O que os resultados das avaliações nos
ensinam?
 Avaliações feitas em escolas dos Estados Unidos e Alemanha
mostram efeitos positivos da prática de esportes e participação
em atividades extracurriculares sobre desempenho.
 Os efeitos são diferentes para homens e mulheres, e dependem
do tipo de atividade.
O que podemos concluir?
 Há evidências de efeitos positivos, mas esses impactos diferem
de acordo com as características dos alunos, e dos tipos de
atividades desenvolvidas.
Programa Mais Educação
Os principais objetivos do Programa:
• apoiar com recursos Financeiros, a ampliação do tempo e do
espaço educativo e a extensão do ambiente escolar nas redes
públicas de educação básica, mediante a realização de atividades
no contraturno escolar;
• prevenir e combater o trabalho infantil, a exploração sexual e
outras formas de violência contra crianças;
• contribuir para a redução da evasão, da reprovação e da distorção
idade/série
Programa Mais Educação
As atividades do Programa são realizadas no contra-turno escolar e
incluem:
• kits para desenvolvimento dos macrocampos;
• recursos para transporte e alimentação de monitores;
• transporte de alunos para outros locais de atividades;
• manutenção de quadra esportiva;
• merenda escolar etc.
Programa Mais Educação
Pereira, 2011
 Foi investigado o impacto de um ano do Programa nas taxas de
aprovação e de abandono (resultado estimado para o Brasil) e em
suas notas de português e de matemática do ensino fundamental
(resultado estimado para Minas Gerais)
Resultados
 Efeito positivo na redução das taxas de abandono tanto para o
ciclo inicial quanto para o ciclo final do ensino fundamental
 Efeito nulo na taxa de aprovação e desempenho.
Programa Mais Educação
Xerxenevsky, 2012
 Analisa o impacto do programa em 274 escolas participantes no Rio
Grande do Sul em 2009.
Resultados
 Efeito positivo para as notas médias de português na 4ª série do ensino
fundamental. O impacto é maior para as escolas com maior tempo de
exposição ao programa.
 Efeito negativo para as notas médias de matemática (resolução de
problemas) na 4ª série do ensino fundamental
 Efeito nulo sobre o desempenho escolar dos alunos da 8ª série tanto
para português quanto para matemática
Avaliação do Programa Escola
Integrada de Belo Horizonte
Fundação Itaú Social
Ana Hermeto/CEDEPLAR
O Programa
• Programa da Prefeitura de Belo Horizonte que atende, no contraturno, a alunos do ensino fundamental em várias escolas da Rede
Municipal, transformando espaços próximos à escola em locais de
aprendizado.
• O objetivo é contribuir para a melhoria da qualidade da educação,
por meio da ampliação da jornada educativa dos estudantes do
ensino fundamental, com ações de formação nas diferentes áreas
do conhecimento.
• Participação de diferentes esferas governamentais, escolas,
instituições de ensino superior e ONGs.
O Programa
• Nove horas diárias de atendimento educativo.
• Atividades realizadas dentro e fora da escola (Ex.: Igrejas, ONGs,
Associações de Moradores, Clubes e Academias, Parques, Campos
de Futebol, entre outros)
0% 0%
 Acompanhamento
pedagógico
 Conhecimentos
específicos
OFICINAS
40%
60%





Lazer
Esportes
Cultura
Arte
Formação pessoal e social
O Programa
• 42 Escolas Integradas em 2007, selecionadas de acordo com o
critério de vulnerabilidade e disponibilidade de espaços públicos
no entorno.
• Adesão voluntária ao programa, tanto por parte das escolas
quanto por parte das famílias.
• Grupo de tratamento = alunos participantes de escolas
participantes
Grupo de comparação 1 = alunos não participantes de escolas
participantes
Grupo de comparação 2 = alunos de escolas não participantes
O Programa
ESCOLAS PARTICIPANTES
ESCOLAS NÃO PARTICIPANTES
Grupo de tratamento
alunos
participantes
alunos não
participantes
alunos não
participantes
Grupo de comparação 1
Grupo de comparação 2
O Programa
• Análise das características dos três grupos mostra que os alunos
do grupo de tratamento apresentam maior vulnerabilidade social,
seguido do grupo de comparação 1.
• Isso reflete a focalização do programa e a auto-seleção dos alunos
mais vulneráveis.
• Essas diferenças entre os grupos foram incorporadas na avaliação.
Avaliação 1ª Fase
• Pesquisa de campo realizada em 2007 com 2675 famílias (grupo
de tratamento, comparação 1 e comparação 2)
• Impactos de curto prazo
• Dimensões de impacto:
 indicadores educacionais e culturais
 alocação do tempo da criança e de seu responsável
 socialização e convivência
 indicadores gerais de bem-estar
 percepção das condições escolares e de vida
Avaliação 1ª Fase - RESULTADOS
Percepção dos Responsáveis
 Diferença do aumento (em pontos percentuais) entre 2006 e 2007
Tratamento vs.
Comparação 1
Tratamento vs.
Comparação 2
Leitura de jornais e revistas
7
9
Leitura de livros
8
9
Uso de computador
26
35
Frequência a atividades culturais
8
13
Prática de esportes
12
12
Avaliação 1ª Fase - RESULTADOS
Mudança positiva de comportamento
 diferença entre grupos (em pontos percentuais)entre 2006 e 2007
 o efeito está concentrado nas escolas com maior índice de
vulnerabilidade social
Tratamento vs.
Comparação 1
Tratamento vs.
Comparação 2
Lavar a mão
8
10
Escovar os dentes
7
12
Tomar banho
5
10
Diversificação da alimentação
8
12
Avaliação 1ª Fase - RESULTADOS
Mudança positiva de comportamento
 diferença entre grupos (em pontos percentuais)entre 2006 e 2007
 o efeito está concentrado nas escolas com maior índice de
complexidade
Tratamento vs.
Comparação 1
Tratamento vs.
Comparação 2
Motivação com o conteúdo das
disciplinas
8
9
Número de horas estudadas
13
19
-
-
13
17
Comunicação
Motivação para ir a Escola
Avaliação 1ª Fase - RESULTADOS
Mudança positiva de comportamento
 diferença entre grupos (em pontos percentuais)entre 2006 e 2007
 o efeito está concentrado nas escolas com maior índice de
complexidade
Tratamento vs.
Comparação 1
Tratamento vs.
Comparação 2
Responsabilidade com as Lições
de Casa
-
10
Mudança no hábito de fazer a
lição (criança respondeu)
5
6
Motivação com as Atividades
Extra-Classe
14
17
Avaliação 1ª Fase - RESULTADOS
Mudança positiva na interação social
 diferença entre grupos (em pontos percentuais)entre 2006 e 2007
 em escolas com pior estrutura, os diferenciais entre os grupos são
maiores
Tratamento vs.
Comparação 1
Tratamento vs.
Comparação 2
Família
-
6
Amigos
-
-
Colegas
-
5
Comunidade
-
-
Professores
-
8
Avaliação 1ª Fase - RESULTADOS
Mudança positiva na interação social
 diferença entre grupos (em pontos percentuais)entre 2006 e 2007
 o efeito está concentrado nas escolas com maior índice de
vulnerabilidade social
Tratamento vs.
Comparação 1
Tratamento vs.
Comparação 2
Informações e Cultura Geral
9
7
Estado Geral de saúde
-
6
Agressividade
6
-
Avaliação 1ª Fase - RESULTADOS
1) Impactos positivos: desenvolvimento no curto prazo de um
ambiente de melhores condições de capacitação das crianças
2) Maiores diferenciais do grupo de participantes do Programa em
relação ao grupo de escolas não participantes:
 disseminação dos resultados positivos do programa para os
não participantes dentro das escolas participantes;
 contudo, resultados de diferenciais na alocação do tempo no
final de semana sugerem que os alunos não participantes não
levam para o ambiente fora da escola este efeito.
Avaliação 1ª Fase - RESULTADOS
3) Os impactos foram maiores nas escolas com maior vulnerabilidade
social, ou seja, indicação de impacto equitativo do Programa.
4) Alocação do tempo das crianças: diferenças não sugerem uma realocação do tempo das crianças participantes do Programa, mas uma
ocupação de tempo ocioso e redução importante do tempo dedicado
a assistir TV
5) Tempo das mães: pequeno efeito de substituição do tempo, de
afazeres domésticos para a atividade econômica remunerada.
Avaliação 2ª Fase
• Avaliação em 2010 sobre o desempenho de português e
matemática
• Dois níveis de análise:
 Escolas: com dados completos, status do tratamento
(tratamento x controle) em 2007 e 2010
 Alunos: com dados completos, somente com o status de
tratamento (tratamento x comparação 1 x comparação 2) em
2010
 Alunos: para a amostra, status do tratamento em 2007 e 2010
• Possível traçar diferenciais de desempenho ao longo do tempo,
controlando sobretudo pelas variáveis de tempo de adesão da
escola ao Programa (duração) e proporção de participantes no
Programa em cada escola (cobertura)
Avaliação 2ª Fase
Distribuição das escolas, segundo a participação da escola no
Programa EI em 2007 e 2010
Controle 2010
Tratamento 2010
Total
Controle 2007
25,9%
48,8%
74,7%
Tratamento 2007
0,0%
25,3%
25,3%
Total 2007
25,9%
74,1%
100,0%
Avaliação 2ª Fase
Distribuição dos alunos nas escolas, segundo a faixa de tempo de
participação da escola no Programa EI em 2010 e a faixa de cobertura do
Programa nas escolas em 2007 e 2010
Faixas de Tempo
2010
Faixas de Cobertura
2007
2010
0
21,4%
0
75,8%
15,8%
Menos de 1 ano
17,7%
Até 25%
14,0%
36,2%
2 a 3 anos
35,6%
Entre 25 e 50%
10,2%
42,2%
4 anos e mais
25,3%
Mais de 50%
0
5,8%
Total
100%
Total
100%
100%
Avaliação 2ª Fase - RESULTADOS
Diferença percentual das notas dos alunos acompanhados pelo
Avalia-BH entre 2008 e 2010
Participação da Escola:
Língua Portuguesa
Matemática
Tratamento 2007 e 2010
29%
39%
Controle 2007 – Tratamento 2010
24%
29%
Controle 2007 e 2010
23%
30%
Língua Portuguesa
Matemática
Menos de 1 ano
21%
26%
Entre 2 e 3 anos
25%
30%
4 anos e mais
28%
39%
Tempo no EI:
Avaliação 2ª Fase - RESULTADOS
5º
6º
7º
8º
9º
Tratamento 2007 e 2010
45%
45%
35%
27%
26%
Controle 2007 – Tratamento 2010
43%
40%
22%
19%
20%
Controle 2007 e 2010
41%
38%
21%
16%
22%
5º
6º
7º
8º
9º
Tratamento 2007 e 2010
31%
29%
30%
25%
22%
Controle 2007 – Tratamento 2010
30%
28%
23%
19%
16%
Controle 2007 e 2010
28%
26%
22%
18%
16%
Matemática
Língua Port.
Avaliação 2ª Fase - RESULTADOS
Matemática:
– impacto positivo significativo da participação, mesmo
controlando por características pessoais  impacto da
participação do aluno e da participação da escola
– quanto mais longa a duração do programa na escola, maior o
impacto positivo significativo
– Quando se controla pela nota inicial do aluno (em 2008),
vemos que quanto menor a nota inicial, maior a variação da
nota
Avaliação 2ª Fase - RESULTADOS
Língua Portuguesa:
– impacto positivo significativo somente das escolas
participantes desde 2007 em relação às escolas que não
participam em nenhum momento
– quanto mais longa a duração do programa na escola, maior o
impacto positivo significativo
– não há efeitos do status de participação do aluno ou da
participação da escola em 2010
– quando se controla pela nota inicial do aluno (em 2008),o
efeito da participação continua não significativo
Avaliação 2ª Fase - RESULTADOS
• Mesmo controlando pelo nível de ensino, a variação das notas
absolutas poderia conter um elemento comum de que estes
valores tendem a ser mais elevados de acordo com o nível de
ensino
• Assim, foram estimados modelos para verificar o efeito da
participação do aluno e da escola no Programa sobre a mobilidade
entre níveis:
1) Abaixo do Básico
2) Básico
3) Satisfatório
4) Avançado
Avaliação 2ª Fase - RESULTADOS
Língua Portuguesa
 a chance de um aluno subir de nível é maior para os grupos de
tratamento e comparação 1 do que para o grupo de
comparação 2
 Esse resultado sugere um efeito de transbordamento dentro
das escolas participantes do Programa
Matemática
 Um aluno do grupo de tratamento tem probabilidade menor
de cair de nível
 tanto para Matemática, quanto para Língua Portuguesa, as
chances de não mudar de nível ou de subir de nível
aumentam com o tempo, em relação à chance de descer de
nível, de forma significativa
CONCLUSÕES
1. Impacto positivo nas notas de matemática: desempenho superior
das escolas e alunos participantes do programa
2. Impacto positivo nos níveis de proficiência de português:
desempenho superior das escolas e alunos participantes do
Programa em termos das mudanças positivas de níveis de
proficiência em Língua Portuguesa;
3. Efeito duração: para ambas as disciplinas, o tempo de participação
no Programa é tem um impacto positivo significativo sobre as
notas;
4. o efeito de cobertura é inconclusivo, ou seja, a proporção de
participantes na escola não tem impacto diferencial sobre as
notas;
CONCLUSÕES
5. Efeito transbordamento: os alunos não participantes em escolas
participantes parecem se beneficiar dos efeitos positivos do
Programa; contudo, este efeito só perdura enquanto os alunos
permanecem nestas escolas;
5. Efeito equitativo: mesmo controlando por características
individuais e escolares nas regressões, quanto menor a nota
inicial, maior a variação positiva das notas.
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