Mandeville e Constant:
vício, virtude e liberdades
Notas de aula
Introdução à Ciência Política – RI
Agosto 2014
Mandeville e a Fábula das Abelhas
 Estilo das fábulas morais com subversão
de conteúdo: vícios premiados e virtudes
punidas
 Enredo: colmeia prospera com fraude,
luxúria e orgulho e decai com
honestidade.
 “Tese”: vício, felicidade e prosperidade
Mandeville…
 Contra quem?
 Seus conterrâneos e seus “desejos insinceros”
 Contra o quê?
 Ideal “descarado” da virtude como sinal de
boa vida – que supõe a necessária submissão
dos vícios.
O “problema contemporâneo”
segundo Constant…
 Qual é?
 “Opinião antiquada” [isto é: nostalgia dos modernos
em relação aos antigos]
 Por quê?
 Inconsistência do ideal antigo com a vida moderna.
 A cada tempo histórico corresponde uma experiência
de sociedade e política: antigos e modernos desejam
liberdades distintas.
Da condição dos antigos…
 Exercício coletivo e direto de sobernania, deliberação
sobre guerra e paz em praça pública, exame público das
contas e ações do magistrado.
 “Soberanos nas questões públicas e escravos no privado”
 Escravocratas
 Renúncias privadas versus consciência da importância
social
 Liberdade política, positiva
Da condição dos modernos…
 Estados vastos
 Governo representativo
 Entendem liberdade como “exercício pacífico da
independência privada”, como direito de cada
indivíduo “dizer sua opinião, escolher seu trabalho,
dispor de sua propriedade, ir e vir, reunir-se com
outros indivíduos”
 Liberdade dos indivíduos, negativa
De guerra e paz
 Sociedades antigas eram guerreiras
 Sociedades modernas tendem mais à paz do que à
guerra porque se dedicam ao doux-commerce
 Comércio “é a tentativa de obter por acordo aquilo que
não se deseja mais conquistar pela violência. Um
homem que fosse sempre mais forte nunca teria a ideia
do comércio. A guerra é o impulso, o comércio é o
cálculo”
Rousseau e Abade de Mably
 Rousseau
 “Não tinha se dado conta das modificações
transmitidas por dois mil anos às tendências do
gênero humano”
 Abade de Mably:
 “Quer que os cidadãos sejam dominados para que
a nação seja soberana, que o indivíduo seja escravo
para que o povo seja livre.”
Exortação aos modernos I
 “Devemos desconfiar da admiração por
reminiscências antigas. Se vivemos nos tempos
modernos, quero a liberdade que convêm aos tempos
modernos; se vivemos sob monarquias, suplico
humildemente a essas monarquias de não tomar
emprestados às repúblicas antigas meios de oprimirnos. Pedir aos povos de hoje para sacrificar a
totalidade de sua liberdade individual à política é o
meio mais seguro de afastá-los da primeira, com a
consequência de que a segunda não tardará a lhe ser
arrebatada”
 “Os governos devem ter mais respeito pelos hábitos,
pelos afetos e pela independência dos indivíduos”
Exortação aos modernos II
 Que não se descuidem da liberdade política para não
ameaçar a liberdade individual
 “O sistema representativo é uma procuração dada a um
certo número de homens pela massa do povo que
deseja ter seus interesses defendidos e não tem tempo
para defendê-los sozinho. Para desfrutar da liberdade
que lhes é útil devem ser vigilantes e, quando os
representantes se fizerem demasiado distanciados,
devem afastá-los. Eles não podem trair suas promessas
ou abusar dos poderes que lhe foram confiados.”
Perigos: antigo e moderno
 Perigo da liberdade dos antigos:
 Atentos unicamente a garantir a participação no poder
social, os homens não se preocupavam com os direitos
e garantias individuais.
 Perigo da liberdade dos modernos:
 Absorvidos pelo gozo da independência privada,
renunciam demasiado facilmente ao direito de
participar do poder político.
Bibliografia
 Fábula das Abelhas, Mandeville
 Da Liberdade dos Modernos comparada
à Liberdade dos Antigos, Constant
Desafio
 “É preciso aprender a combinar as liberdades”.
 “Quando a democracia não se combina com o Estado
direito e com a organização política baseada na
divisão de poderes e na legalidade, ela se degrada e se
converte em um de seus opostos: a tirania, a ditadura
e o despotismo.”
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