Escola de Frankfurt
Walter Benjamim
Max Horkheimer
Siegfried Kracauer
Theodor Adorno
Herbert Marcuse
A indústria cultural
Século XX
O conceito de
Indústria Cultural,
criado pelos
frankfurtianos, trata
da produção em série,
da homogeneização e ,
em consequência, da
deterioração dos
padrões culturais. A
exploração comercial
de bens considerados
culturais reforça a
dominação técnica
imposta pelo sistema,
gerando passividade.
Definição de
"Indústria
Cultural"
retirada do
livro
"Introdução à
Teoria da
Comunicação",
de Roberto
Elísio dos
Santos
(Coleção
Pistas Editora do
IMS, 1992).
Adorno e Horkheimer
A Indústria cultural. O
iluminismo como mistificação de
massa.
O termo “indústria
cultural” aparece pela
primeira vez no livro A
dialética do iluminismo,
publicado em 1947.
O que é o
estilo?
Segundo Adorno:
“Aquilo que os dadaístas
e expressionistas
afirmavam polemicamente,
a falsidade do estilo
como tal, hoje triunfa
no jargão do crooner, na
graça esmerada da
estrela de cinema, por
fim, na magistral tomada
fotográfica do barracão
miserável do trabalhador
rural.” p. 179.
Dadaístas e
expressionistas
Marcel Duchamp:
Os ready mades
“em toda obra de arte, o
estilo é uma promessa.”
“O movimento pelo qual a obra de arte
transcende a realidade é
inseparável do estilo, mas não
consiste na harmonia realizada, na
problemática unidade de forma e
conteúdo, interno e externo,
indivíduo e sociedade, mas sim nos
traços que aflora a discrepância na
falência necessária da apaixonada
tensão para com a identidade.”p.179
“A indústria cultural
absolutiza a imitação”. P.179
“a civilização cultural a tudo
confere um ar de semelhança.”
“Excluído da indústria é
fácil convencê-lo de sua
insuficiência”.
Dialética de Adorno
Senhor X Escravo
“a indústria adapta-se ao desejo
por ela evocados”.
“A produção do sempre igual”
“o novo X a novidade”
“o consumo afasta como risco
inútil aquilo que ainda não foi
experimentado.”
“Tipos formais cristalizados”
Sketchs, contos, filmes de tese,
mídia...
Amusement: a arte “leve”.
A eliminação da diferença entre
alta cultura (tradicional) e
baixa cultura (cultura
popular).
“O amusement é o prolongamento do
trabalho sobre o capitalismo tardio”.
“Prazer sem esforço nenhum”
“O espectador não deve trabalhar com a
cabeça, o produto prescreve qualquer
reação”.
• A Indústria Cultural não sublima,
mas reprime e sufoca expondo o
objeto de desejo.
• A produção em série do sexo
automaticamente realiza a sua
repressão.
• O astro, por quem se deverá apaixonar,
é, na sua ubiqüidade, a cópia de si
mesmo.
• Os rostos das garotas do Texas
naturalmente se assemelham aos
modelos de Hollywood.
“Devemos
esquecer a
dor e não
pensar”
“Na época da
estatística,
as massas
são tão
ingênuas
que chegam
a se
identificar
com o
“A indústria cultural
se interessa pelos
homens apenas
como pelos
próprios clientes e
empregados. (...)
Em qualquer dos
casos,
permanecem
objetos”.
“O crepúsculo
do Deuses” de
Billy Wilder.
“A apoteose do tipo médio
pertence ao culto do que
tem bom preço. As
estrelas mais bem pagas
parecem
imagens
publicitárias de ignorados
artigos-padrão. Não é por
nada que são escolhidas
com freqüência entre as
fileiras
dos
modelos
comerciais.
O
gosto
dominante tira seu ideal
da publicidade, da beleza
de uso. Assim, o dito
“O princípio da estética idealista, a
finalidade sem fim, é a inversão do
esquema a que obedece – socialmente
– a arte burguesa: inutilidade para fins
estabelecidos pelo mercado.
Mas como a instância da utilisabilidade
da arte se torna total, começa a se
delinear uma variação na íntima
economia das mercadorias culturais”. p.
Continuação:
“O útil que os homens se prometem na
sociedade de conflito, por meio da
obra de arte, é exatamente, em larga
escala, a existência do inútil: que,
entretanto, é liquidado no ato de ser
subjugado por inteiro ao princípio da
utilidade.
Adequando-se por
completo à
necessidade, a obra
de arte priva por
antecipação os
homens daquilo que
ela deveria
procurar:
liberá-los do princípio
da utilidade.
A eliminação da diferença entre alta cultura
(tradicional) e baixa cultura (cultura
popular).
Benjamin: A Modernidade e
os modernos
A obra de arte na época de sua
reprodutibilidade técnica (1936)
Indústria cultural e cultura de massa
“Cada dia fica mais irresistível a necessidade de possuir o objeto,
tão perto quanto possível, na imagem, ou antes, na sua cópia,
na sua reprodução. (...) Retirar o objeto do seu invólucro,
destruir sua aura, é a característica de uma forma de percepção
cuja capacidade de captar ’o semelhante no mundo’ é tão
aguda que, graças à reprodução, ela consegue captá-lo até no
fenômeno único”.
“a obra de arte dependia da
instauração de três elementos:
aura, valor cultural e
autenticidade”
Aura
Valor
cultural
beleza
Autenticidade unicidade
categorias
estéticas
deduzidas
Benjamim avança em relação aos discursos de Adorno e
Marcuse: “não mais tenta caracterizar a arte como infalível
oposição à indústria cultural, mas sim, ao contrário, a partir
de uma reflexão sobre a tecnologia que permitiu desmistificar
teorias consideradas universalmente válidas.”
Luiz Costa Lima, comentário do ensaio de Benjamim
“Hoje não se pode falar bem de “arte”, mas sim de discurso, dentro do qual o
discurso de arte aparece como uma variante diferencial, não como um
corpo encerrado em si mesmo, radicalmente diferenciado doutro qualquer
não possuidor das “notas” próprias das “categorias” estéticas”.
A reprodução
“A obra de arte sempre
foi foi suscetível de
reprodução. O que uns
homens haviam feito,
outros podiam refazer.
Em todas as épocas
discípulos copiaram
obra de arte a título de
exercício; mestres as
reproduziram para
assegurar-lhes difusão;
falsários as imitaram
para assim obter um
ganho material.”
O que é novo: as técnicas de
reprodução.
Gregos: a fundição e
o relevo por pressão
Gravura em madeira
Reprodução técnica da escrita
A xilogravura
A litografia
“Nada é mais revelador do que a maneira
pela qual duas de suas diferentes
manifestações – a reprodução da obra de
arte e a arte cinematográfica – atuaram
sobre as formas tradicionais de arte.”
Autenticidade
“O hic et nunc (o aqui e agora) do original constitui o que se chama sua
autenticidade”
“A própria noção de
autenticidade não
tem sentido para
uma reprodução
técnica”.
Mas, diante da
reprodução feita pela
mão do homem, e
considerada em
princípio falsa, o
original conserva sua
plena autoridade; isso
não ocorre no que
respeita à reprodução
técnica.
1. A reprodução
técnica é mais
independente do
original.
2. A técnica pode transportar a reprodução
para situações nas quais o próprio original
jamais poderia se encontrar. Sob a forma
de foto ou de disco, ela permite sobretudo
aproximar a obra do espectador ou do
ouvinte.
Porém
desvalorizam
seu hic et nunc.
O que faz com que
uma coisa seja
autêntica é tudo o
que ela contém
de originalmente
transmissível,
desde sua
duração material
até seu poder de
testemunho
histórico.
“Na época da reprodutibilidade técnica, o
que é atingido na obra de arte é a sua
aura”.
“Uma estátua de Vênus pertencia entre os
gregos a um complexo tradicional bastante
diverso daquele que possuía entre os
sacerdotes da Idade Média: os primeiros dela
faziam objeto de culto, enquanto os
segundos consideravam-na um ídolo
maldito. Entre essas duas perspectivas
opostas mantinha-se contudo um elemento
comum: gregos e medievais consideravam
aquela Vênus no que ela tinha de único,
ambos sentiam sua aura”
”Ora, é um fato de importância decisiva a obra
de arte perder necessariamente sua aura a
partir do momento em que não mais possua
nenhum traço de sua função ritual. Noutras
palavras, o valor da unicidade próprio à obra
de arte ‘autêntica’ se baseia nesse ritual que
foi originariamente o suporte de seu antigo
valor de uso. (...) Nascido na época do
Renascimento, esse culto da beleza –
predominante durante três séculos – mantém
hoje a marca identificadora de sua origem.”
”Quando surgiu a primeira técnica de
reprodução verdadeiramente
revolucionária – a fotografia -,
contemporânea por sua vez dos inícios
do socialismo, os artistas pressentiram
a aproximação de uma crise, que
nonguém pode, cem anos mais tarde
negar. Reagiram professando ‘a arte
pela arte’, isto é uma ‘teologia da arte’”.
”Para estudar a obra de arte na época de
sua reprodutibilidade técnica, é preciso
levar em conta esse conjunto de
relações. Ele fez surgir um fato
verdadeiramente decisivo e que vemos
aparecer aqui, pela primeira vez, na
história do mundo: a emancipação da
obra de arte da existência parasitária
que lhe era imposta por sua função
ritual”.
Fotografia – negativo – autenticidade
“Multiplicando-lhe os exemplares, elas (as
técnicas de reprodução) substituem por
um fenômeno de massa um evento que
não se produziu senão uma vez.
Permitindo ao objeto
reproduzido
oferecer-se à visão e à
audição,
elas lhe conferem uma
atualidade”
Esses dois processos produzem um
considerável abalo da realidade transmitida:
• Ao abalo da tradição, o que é a contraface
da crise que atravessa atualmente a
humanidade e da sua atual
renovação.Eles se mostram em estréia
com os movimentos de massa que hoje se
produzem. Seu mais eficaz agente é o
filme.
Seu aspecto destrutivo:
A liquidação do elemento
tradicional na herança cultural.
Nos filmes históricos este
fenômeno é sensível.
Causas que
motivaram o declínio
da aura:
1. As massas exigem que as
coisas se lhes tornem,
espacial e humanamente mais
próximas, e tendem, por outro
lado, a acolher as
reproduções, a depreciar o
caráter daquilo que só é dado
uma vez. A cada dia que
passa, mais se impõe a
necessidade de apoderar-se
do objeto do modo mais
próximo possível em sua
imagem, porém ainda mais
em sua cópia, em sua
reprodução.
A imagem associa tão estreitamente as
duas características da obra de arte, sua
unicidade e sua duração, quanto a
fotografia associa duas características
opostas: a de uma realidade fugidia, mas
que se pode reproduzir indefinidamente.
Despojar o objeto de seu
véu, destruir sua aura,
eis um sintoma que
logo assinala a
presença de uma
percepção tão atenta
ao que “se repete
identicamente no
mundo”, que, graças à
reprodução, ela chega a
estandardizar o que
não existe mais que
uma vez.
Adequação da realidade às massas,
bem como a conexa adequação das
massas à realidade constituem um
processo de eficácia ilimitada, tanto
para o pensamento quanto para a
intuição.
Pode ocorre que figure numa verdadeira
obra de arte: Três contos sobre Lênin
de Dziga Vertov....
A seguir, cenas de O Homem com uma
câmera na mão
1929: Dziga Vertov
Simulacros e
Simulacros e simulação
simulação Simulacros
Simulacros
e
simulação
e simulação
Referências:
Jean Baudrillard. Simulacros e simulação.
Lisboa, Ed. Relógio D’Água.
Tela total. Mito-ironias da
era
do virtual e da imagem. Porto
Alegre, Ed.Sulina.
Guy Debord. A sociedade do espetáculo.
Rio de Janeiro,
Contracampo.
Platão
Platão
O conceito clássico de arte. A tékhnê.
A mímese. A aparência e a essência.
A dialética.
Platão
Simulacros = ídolos
Mimese = imitação
Duplicidade
“O simulacro nunca é o que oculta a
verdade
- é a verdade que oculta que não existe.
O simulacro é verdadeiro”
O Eclesiastes
“A simulação já não é a simulação de
um território, de um ser referencial,
de uma substância. É a geração pelos
modelos de um real sem origem nem
realidade: hiper-real.”
p. 8
“... A era da simulação, inicia-se pois, com
uma liquidação de todos os referenciais –
pior: com a ressurreição artificial nos
sistemas de signos, material mais dúctil do
que o sentido, na medida em que se oferece
a todos os sistemas de equivalência, a todas
as oposições binárias, a toda álgebra
combinatória.”
“O real nunca mais
terá oportunidade
de se produzir ...”
Sociedade do
espetáculo
Mídia
Sintoma e Princípio de
realidade
“Dissimular é fingir não ter o que se
tem. Simular é fingir ter o que não
se tem. O primeiro refere-se a
uma presença e o segundo a uma
ausência.”
Para além da medicina e do exército, terrenos de
eleição da simulação, a questão prende-se com a
religião e com o simulacro da divindade:
“Eu proibi a existência nos templos de
qualquer simulacro porque a
divindade que anima a natureza não
pode ser representada”...segundo a
religião...
... Se eles tivessem podido acreditar que
apenas as imagens ocultavam ou
disfarçavam a idéia de Deus, segundo
Platão, não haveria motivos para as
destruir...
3 Flags. Jasper Johns
“Com o desenvolvimento das tecnologias, a desmaterialização e a desintegração do corpo social se
traduzem no surgimento de simulacros que
substituem o mundo real por outro artificial, o qual,
graças aos jogos de linguagem, passa a si referir
cada vez mais a si mesmo, dentro da ordenação do
próprio discurso que se auto-justifica e se autoalimenta.”
O hiper-real e imaginário
“A Disneylândia existe para esconder que é o
país ‘real’, toda a América ‘real’ que é a
Disneylândia. A Disneylândia é colocada
como imaginário a fim de fazer crer que o
resto é real, quando toda Los Angeles e a
América que a rodeia já não são reais, mas
do domínio do hiper-real e da simulação. Já
não se trata de uma representação falsa da
realidade (a ideologia), trata-se de esconder
que o real já não é o real e portanto de
salvaguardar o princípio de realidade.”
Moebius
Watergate
Discursos ambíguos:
verdades simultâneas
“trata-se de provar o real pelo imaginário,
provar a verdade pelo escândalo, provar a
lei pela transgressão, provar o trabalho pela
greve, provar o sistema pela crise e o
capital pela revolução…
- Provar o teatro pelo antiteatro
- Provar a arte pela antiarte
- Provar a pedagogia pela antipedagogia
- Provar a psiquiatria pela antipsiquiatria.”
Fim do panóptico
Reality show – família Loud (1971)
“O olho da TV já não é a fonte de um olhar
absoluto e o ideal do controle já não é a
transparência. Este supõe ainda um olhar
objetivo (o da Renascença) e a onipotência
de um olhar despótico. Mais sutil, mas
sempre em exterioridade, jogando na
oposição do ver e do ser visto, podendo
mesmo o ponto focal do panóptico ser
cego. (…) Assistimos ao fim do espaço
perspectivo e panóptico (…) e portanto à
própria abolição do espetacular.”
JOSÉ SIMÃO – 12.09.2001
Buemba! Ai, que saudades do "Mad Max"!
Buemba! Buemba! Buemba mesmo! Macaco
Simão Urgente! Breaking News! America under
Attack! Tô gago! Eu não tava acreditando. Eu
achava que era um revival da "Guerra dos
Mundos", de Orson Welles! De onde vamos e
para onde viemos? Agora não sei se escrevo a
coluna ou fico grudado na televisão. No
Showquestro do Milhão, o Brasil inteiro ficou
grudado na televisão, e agora o mundo todo tá
grudado na televisão! O mundo parou! E a
violência no Brasil tá tão grande que eu ia
começar a coluna com esta frase: "O único
Doug Hall
Doug Hall
Daniel Acosta
F for Fake – Verdades e
Mentiras
Orson Welles (1973)
Os Antiestetas
• Deslocamento da produção para a
reprodução (Hal Foster)
• Texto, filme e fotografia.
• Identificavam a modernidade com a
“representação”. – “desconstrução das
representações”: para revelar as
contradições ocultas das construções
ideológicas.
• Joseph Kosuth, Lawrence Wainer, Jenny
Holzer, Gerhard Richter, Sigmar Polke,
Robert Longo, Victor Burgin, Sherrie Levine,
Richard Prince…
Pierre Menard - Borges
Richard Prince: “Acho
que a platéia
sempre foi autora
da obra de um
artista. O que é
diferente hoje é
que o artista pode
se tornar autor da
obra de outra
pessoa”
Sherrie Levine :
After Van Gogh (1993)
Levine:
About Walker Evans (1981)
Esvaziamento das utopias modernistas:
cópia sem modelo
Sherrie Levine
Medium Check
2
1985
Pintura da simulação: neo-geo
Peter Halley
Ashley Bickerton
Distância irônica da sua própria tradição de pintura abstrata.
Estratégia: aproximação com a apropriação.
Na era da simulação, “não há mais
nenhum Deus para reconhecer a sua
própria simulação, nem um juízo final
para separar o verdadeiro do falso, o
real de sua ressurreição artificial, na
medida em que tudo já está morto e
ressurrecto antecipadamento”
Baudrillard
Peter Halley
• Censurava a “geometrização” da vida
moderna
• Mapas visuais das redes de circulação e
movimento mecânico da sociedade pósindustrial.
• Tentava descrever um novo tipo de
abstração: “de espaço simulado do
videogame, do microchip e dos prédios de
escritório.”
• Antecipa a desmaterialização da
comunicação dez anos antes da internet.
Ashley Bickerton
Abstract painting for
people 4 – 1987
“Cumplicidade malograda”
Op-art:: Ross Bleckner, Phillip Taafffe, Peter Schuyff – a redução da abstração
ao desenho, decoração e ao kitsch – “composição cínica”
Ross Bleckner, The arrengiment of
the things, 1982
Phillip Taaffe
Big Iris
1985
Peter Schuyff: Ballroy
Ross Bleckner:
“a op-art é a quintessência do século
XX: orientada tecnologicamente,
perturbadora, ‘sobre a percepção’,
ingênua, superficial, no fim das
contas, um fracasso”.
Ambigüidade em relação ao problema da abstração X representação. Neo-geo
tomou para si ambos os modos, mas não os tratou como oposição, tratou
os como “já reconciliados”.
Se a abstração tende apenas a denegar a representação, a simulação tende a
subvertê-la, pois a simulação pode produzir um efeito representacional sem
uma conexão referencial com o mundo.
Hal Foster, The return of the real , Cambridge, MIT Press, 2001
Escultura-mercadoria
“A pintura da simulação tratou a abstração como ready-made e a escultura-mercadoria
tratou o ready-made como abstração, assim como a pintura da simulação tendia reduzir
a arte ao design e ao kitsch, a escultura-mercadoria tendia a reduzir o design e o kitsch
em arte.
Neste sentido, as duas atividades foram complementares e ambos os grupos de artistas se
encantaram com estas reduções e inversões como deslocamentos estratégicos em um
aparente fim de jogo da arte. (…) Não havia nenhuma utopia aqui, pelo contrário, a
impossibilidae de transcendência na arte e de transgressão social pareciam parte da
demonstração.”
Hal Foster
Richard Artschwager
Móveis simulados
com materiais
simulados: a
fórmica
Chair
1963
Elas emergiram como diferentes respostas
ao mesmo momento na dialética da alta
arte e cultura de mercadorias.
Clement Greenberg: “As vanguardas e o
Kitsch – diametralmente opostas
Theodor Adorno: Indústria cultural –
dialeticamente conectadas
Haim Steinbach
A mercadoria pela
própria
mercadoria
3 drinking
containers
1994
Steinbach: operação inversa a Duchamp
Ultra-vermelho 2
1986
Jeff Koons
Michael Jackson and bubbles
1988
Jeff Koons
Puppy
Rockfeller
Center
Jeff Koons
Coelho
1986
“eu sugiro que a pintura da simulação poderia sintomatizar nosso fetichismo
do significante nesta nova economia enquanto que a escultura-mercadoria
parece tematizar este fetichismo.”
Duchamp: ready-made/ valor estético (este valor depende de uma autonomia
do objeto que é sua abstração do mundo.
Duas leituras: a obra de arte como mercadoria (em termos de valor de troca
ou valor de exibição e obra de arte em valor de uso.
Ambiguidade que o ready-made coloca em jogo.
1960 / Jasper Johns / O valor estético não
é colocado em dúvida, nem o valor
mercadoria/exibição pois o status da
arte é garantido pelo bronze na sua
apresentação (troca da lata pelo
bronze).
Lata de cerveja Ballantine
As latas de cerveja implicam em uma relação entre consumo e
apreciação artística. Ambas envolvem produtos e/ou signos de
consumo: Johns e Ballantine – consumo e colecionismo.
Jeff Koons
New Shelton Wet
“Quase explicitamente aqui os conhecedores de arte são
posicionados como fetichistas de um signo-mercadoria. Arte e
mercadoria são a mesma coisa, elas são apresentadas como signo
de troca e são apreciadas - consumidas - como tal”
Hal Foster
Ready-mades: propunha que objetos de valor de uso fosse substituídos por
objetos de valor de exibição/estética/troca: ou seja o suporte de garrafas no
lugar de uma escultura.
Esculturas/mercadorias: apresentam os objetos de exposição/troca no lugar da
arte de forma a cancelar os seus usos. Pode-se usar os aspiradores, claro,
mas a diferença é a forma de expor: as vitrines, as estantes, o arranjo, o
efeito de exibição como um todo.
Jeff Koons
Luxúria e degradação
1986
Tanque de equilíbrio total de 3 bolas - 1985
• “Bolas de basquete, cheias de água e mercúrio ficavam artificialmente
suspensas em um aquário cheio de água salgada. Mais uma vez Koons
queria mostrar que o equilíbrio e o imobilismo eram estados reservados
para objetos inanimados. Com estas obras (aspiradores e bolas) Koons
propõe que as mercadorias são os nossos egos mais perfeitos e que o nosso
desejo delas é o desejo de estados insustentáveis do ser”.
• Eleanor Heartney, Pós-Modernismo, São Paulo, Cosac & Naify, 2002.
Precedente: Warhol
“Alguma companhia recentemente estava interessada em comprar
minha aura. Eles não querem meu produto, mas minha aura”
“Se Koons iluminou o fetiche da mercadoria como objeto perfeito, Steinbach a iluminou
como signo diferencial. Colocados em uma justaposição inteligente de forma e cor,
seus objetos são precisamente relacionados e diferentes. Relacionados com as
mercadorias e diferentes como signos. Mais uma vez, é essa “relação na diferença” que
nós lemos, consumimos, fetichizamos e Steinbach faz-nos cientes disso. Como efeito
ele nos dá pequenas peças de um grande puzzle: um sistema econômico baseado nos
princípios de equivalência que não mais erradica a diferença tanto quanto a recodifica.
a explora, a coloca em um jogo de um cálculo de troca de signos.”
Hal Foster.
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