Caso Clínico
Convulsão Febril
Leonardo Diener
Marcos Filipe Leal Marra de Castro
Coordenação: Luciana Sugai
Escola Superior de Ciências da Saúde/HRAS/SES/DF
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 01/10/2012
• 1- Identificação: IPO, 1 ano, sexo feminino, parda,
natural de Brasília- DF, residente e procedente da Vila
Telebrasília-DF.
• 2- Queixa principal: “criança tremeu e ficou roxa” há 15
minutos.
• 3- HDA
Mãe refere que há 15 minutos a criança apresentou
contrações tônicas dos membros, cianose labial e de
extremidades e olhar fixo por 30 a 40 segundos. Em
seguida, ficou hipotônica e hiporresponsiva por
aproximadamente 10 a 15 minutos. Refere que havia
aferido a temperatura axilar da criança 20 minutos antes,
obtendo valor de 37,5ºC. Afirma também que a criança
apresentava coriza hialina e hiporexia há 3 dias,
negando febre, tosse, dispnéia, vômitos e alterações
fecais e urinárias. Trouxe a criança imediatamente ao
HRAS.
• 4- RS: NDN
• 5- APF: Mãe G1P1A0, gestação sem intercorrências, realizou
10 consultas de pré-natal, usou apenas sulfato ferroso. Parto
normal, sem intercorrências, IG: 41s, Apgar: 8/9, P: 3840g, E:
50 cm, PC: 35 cm. Período neonatal sem intercorrências. LME
até 4 meses de idade. Leite de vaca introduzido aos 9 meses.
DNPM sem alterações. Vacinação completa.
• 6- APP: Refere 2 episódios de sibilância, aos 6 e 8 meses.
Nega traumas, crises convulsivas, cirurgias ou internações
prévias.
• 7-AF: Nega doenças ou consangüinidade na família.
• 8- HVCSE: Reside em casa de alvenaria, com 9 cômodos e
rede de esgoto. Mãe com EMI, desempregada, e pai com
EMC, auxiliar de serviços gerais. Alimentação composta de
cereais, carnes, vegetais, verduras, frutas e leite de vaca.
Nega fumantes em casa.
•
9 - EF no PS:
Sinais vitais: FC: 112 bpm, FR: 46 irpm, Tax: 38,9ºC
BEG, corada, acianótica, anictérica, hidratada, irritada e reativa.
AC: RCR, 2T, BNF, sem sopro.
AR: eupneica, sem sinais de desconforto respiratório, MVF + e sem RA.
ABD: ok
Oroscopia e otoscopia: sem alterações. Rinocoriza hialina.
Glasgow 15, sem sinais de irritação meníngea, Lasegue e Kerning
negativos.
•
Cd: Solicitados hemograma, EAS e radiografia de tórax.
Hemograma Completo
• Hm: 4.300.000/mm3 , Hg: 10,5 g/dL, Ht: 31,2%,
VCM: 71,7 fl, HCM: 24,0 pg, CHCM: 33,5 g/dL, RDW:
15,6%, Plaquetas: 240.000/ mm3
Hipocromia: +, Microcitose: +,
Anisocitose: +
• Leucócitos: 9.580/mm3,
Neut: 58%, Bast: 6%, Linf: 32%, Mono: 3%, Eos: 1%
• Na+: 138, K+: 4,6, Cl-: 107, Ca+2: 10,9
• VHS: 15 mm 1ª hora
• Apresenta radiografias de tórax e EAS sem alterações.
Diagnóstico diferencial
•
Convulsão
+ febre
•
Infecção do SNC
•
Epilepsias
•
Distúrbios
metabólicos
•
Convulsão febril
Convulsão
febril
Definições
 Crise Epiléptica:
 Manifestação transitória de sinais e/ou sintomas devidos a atividade
excessiva ou síncrona de neurônios cerebrais;
 Crise Epiléptica Febril (CEF):
 Evento que ocorre na infância, principalmente entre os 3 meses e 5 anos,
associado à febre, sem evidências de infecção do sistema nervoso central
(SNC) ou causa definida, excluindo-se crianças com crises não-febris prévias;
 Convulsão:
 Contrações musculares anormais, excessivas, geralmente bilaterais,
que podem ser sustentadas ou ininterruptas.
 Epilepsia:
 Condição neurológica crônica caracterizada por crises epilépticas recorrentes.
Epidemiologia
•
Ocorre em 2- 5 % das crianças menores de 5 anos de idade
•
Normalmente entre 6 meses aos 5 anos (pico aos 18 meses)
•
Incomum ocorrência de primeiro episódio após os 6 anos
•
Associado normalmente de uma infecção viral
•
História familiar
Epidemiologia
•
Risco de recorrência de 30%
•
Maior se:
•
Idade da primeira crise < 12 meses
•
Baixa elevação da temperatura na primeira crise
•
História familiar de crises febris
•
Crise febril complexa
Epidemiologia
•
Risco de epilepsia futura - 1%
•
Se fatores de risco - 9%
•
Crise febril complexa
•
Historia familiar
•
Primeira crise antes de 12 meses
•
Atraso nos marcos de desenvolvimento neuropsicomotor
•
Anormalidades neurológicas pré-existentes
Fisiopatologia
Baixo limiar do cérebro
em desenvolvimento
Vulnerabilidade Genética
Excitação x Inibição
Proteção diminuída
CONVULSÃO
•
Suscetibilidade à
Infecções
Cromossomas 19p e 8q13-21
Classificação
História natural
•
Geralmente do tipo tonicoclônica generalizada
•
Hipotônica ou clônica
•
Curta duração (até 15 minutos)
•
Manifestações pós-ictais discretas
•
Costumam ser únicas
•
Benigna
Diagnóstico
•
Essencialmente clínico
•
Exame físico rigoroso
•
Localização da infecção
•
Sinais meníngeos (>18 meses)
•
Hemograma, EAS, eletrólitos, glicemia
•
Punção lombar:
•
<18 meses
•
Incapaz de excluir meningite/ encefalite
Diagnóstico
•
Exames de neuroimagem e eletroencefalograma:
•
Não devem ser realizados rotineiramente
•
Casos de crise complexa
•
Déficit neurológico pré-existente
Tratamento na crise
•
Estabilização cervical
•
VAS pérvias – aspiração e intubação, se necessário
•
Oxigenoterapia
•
Posicionamento do paciente – prevenção contra a
broncoaspiração
Tratamento na crise

EVDose: 0,1-0,3
mg/Kg/doseMáx:
10mg/doseInício da ação: 1-3
min. Duração: 5-15 minVel
infusão: < 2 mg/minEfetivo em
80% dos casosVia retalDose:
0,5 mg/Kg/doseAção em 2-3
min
***OBS: pode ser usado via bucal
(absorção errática)
***OBS: Encefalopatia bilirrubínica
no período neonatal
Tratamento na crise
 Diluir em água destilada ou SF 0,9%
 Dose máxima 1 g
 Início da ação: 10-30 min
 Duração: 12-24 horas
 Vel infusão: < 1 mg/Kg/min; <50
mg/min
 Dose de manutenção: 5-7 mg/Kg/dia
(iniciar 12 horas após dose de
ataque)
 Não fazer IM
 Não diluir em SG
Tratamento na crise
 Dose máx: 1 g
 Início da ação: 10-20 min
 Duração da ação: 1-3 dias
 V de Infusão: < 1-2 mg/Kg/min;
<100 mg/min
 Início da ação: 10-20 min
 Dose de manutenção: 3-5
mg/Kg/dia (iniciar 24 horas
após dose de ataque)
Tratamento na crise
Persistência da crise
Estado de mal epiléptico refratário
•UTI
•Intubação + ventilação mecânica
•Terapia farmacológica: midazolam, propofol
•Avaliação do neurologista
•EEG
Tratamento profilático
•
Orientação familiar:
•
Benignidade da doença e do seu prognóstico;
•
Diferença para epilepsia;
•
Como agir diante nova crise;
•
Medicamentoso - controverso;
•
É benigna;
•
Efeitos adversos importantes;
•
Considerar quando o risco de recorrência for alto:
•
30-50% têm crises recorrentes
Tratamento profilático
•
•
Fatores de risco de recorrência:
•
1. História familiar de crise febril;
•
2. Primeira crise febril antes de 18 meses;
•
3. Temperatura menor que 38ºC;
•
4. Curta duração da febre;
Fenobarbital, ácido valpróico
Referências bibliográficas
•
1 -Ducci, RDP; Cirino, RHD; Oliveira, RA; Timmerman, F;
Toni, R; Antoniuk, SA; “CONVULSÃO FEBRIL: UMA
REVISÃO CRÍTICA DO CONHECIMENTO ATUAL”; Jornal
Paranaense de Pediatria, Vol.10, nº4, 2009, pg. 88 a 94;
•
2 -Harrison, TR et al.; Harrison Medicina Interna, 17ªed. Rio
de Janeiro: McGraw-Hill, 2008, Vol II, pg. 2502;
•
3 -Siqueira, LM; Atualização no diagnóstico e tratamento das
crises epilépticas febris,Rev Assoc Med Bras 2010;56(4):
489-92;
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Caso Clínico: Convulsão febril