Morbidade Neonatal e
Patologia Placentária
Fernando Bisinoto Maluf, Interno-ESCS
Marco Antônio Rios Lima, Interno-ESCS
Orientador: Dr. Paulo R. Margotto
HRAS, 17/02/2006
Quadro de Conceitos
 Retinopatia da Prematuridade: Desenvolvimento
anômalo dos vasos da retina, que ocorre em RN
pré-termos e de muito baixo peso, com a
formação de shunts vasculares, descolamento
da retina e neovascularização.
 Hemorragia Intraventricular: Extravasamento de
sangue nos ventrículos cerebrais ou em suas
adjacências, decorrente da fragilidade capilar da
matriz germinativa.
Quadro de Conceitos
 Displasia Broncopulmonar: Dependentes de O2
com 36 semanas de Idade Gestacional pósconcepcional.
 Persistência do Canal Arterial: Ausência do
fechamento no período habitual de 12 horas
pós-nascimento (fechamento funcional) e no
final do primeiro mês (oclusão anatômica).
 Sepse: Síndrome da Resposta Inflamatória
Sistêmica, associada à evidências de infecção.
Morbidade Neonatal e
Patologia Placentária
Neonatal Morbidity and Placental Pathology
Mehta R, Nanjundaswamy S, Shen-Schwarz S and Petrova A
Indian J Pediatrics 2006; 73: 25-28
Fernando Bisinoto Maluf, Interno-ESCS
Marco Antônio Rios Lima, Interno-ESCS
Orientador: Dr. Paulo R. Margotto
HRAS, 17/02/2006
Introdução
 Patologia Placentária X Morbidade do RNPT:
- Apesar de implicada na morbidade neonatal pré
termo, o papel da infeccão placentária na
ocorrência de afecções neurológicas, pulmonares
ou infecções no RNPT permanece controverso.
- Na Literatura: Somente vasculopatia trombótica,
edema vilositário e infarto placentário estão
comprovadamente relacionados a complicações
neurológicas no RNPT.
Introdução
 Há estudos tanto a favor como contra a
associação entre infecção placentária e lesão
cerebral no RNPT.
 Resultados são influenciados pelo grau de
prematuridade e pelo tipo de patologia
placentária.
 Ainda não há estudos relacionando Persistência
do Canal Arterial (PDA) e Retinopatia da
Prematuridade (ROP) com infecção placentária
e eventos patológicos que resultem em baixo
fluxo placentário.
Objetivo
Investigar a associação entre idade
gestacional, patologia placentária e as
consequências em Recém Nascidos
Pré-Termo (RNPT).
Metodologia
Foram estudados registros médicos e
resultados de patologia placentária de 164
RNPT com IG < 34 semanas, sem
malformações congênitas, divididos em 2
categorias:
22-27 semanas
28-33 semanas
n = 71
n = 93
Metodologia
 As patologias pesquisadas nos RN foram:
Patologia
Método para Diagnóstico
Hemorragia Intraventricular (IVH)
US de Crânio
Displasia Broncopulmonar (BPD)
Necessidade de O2 em >36 semanas
Retinopatia da Prematuridade (ROP)
Exame ocular com 4-6 semanas de vida
Persistência do Canal Arterial (PDA)
Clínica, Rx e ecocardiografia
Sepse
Bacteremia ou cultura positiva
Metodologia
 Todas as placentas foram analisadas pelo
mesmo patologista, sem conhecimento da
morbidade do RNPT.
 Todos RNPT incluídos apresentavam estudo da
placenta.
 A análise de dados foi realizada pelo programa
“STATISTICA”, utilizando-se o Qui-quadrado e a
regressão
logística
e
considerando-se
significativos os resultados com P<0.05.
Resultados
 Dividiram-se os achados placentários de acordo
com a Idade Gestacional (Tabela 1).
 Os achados mais significativos (P<0.01) foram
as incidências de vasculite coriônica e
corioaminionite nas placentas de RN entre 2227 semanas (47,9% e 67,6% respectivamente).
 Já na categoria IG=28-33semanas houve
predominância de lesões placentárias que
resultam em distúrbio do fluxo feto-placentário
(infartos, trombos em placa coriônica e fibrina
basal perivilosa) – P<0.05/P<0.01.
Resultados
 Placentas de RNPT com IVH apresentaram mais
frequentemente lesões do tipo corioamnionite,
edema vilositário e vasculite, quando comparados
com RNPT sem IVH (Tabela 2).
 Apesar da alta prevalência de corioamnionite em
placentas de RNs com IVH, a associação das
duas afecções não foi significativa, após controle
da Idade Gestacional.
Resultados
 Somente edema vilositário e vasculite coriônica
foram
identificados
como
preditores
independentes para desenvolvimento de IVH
(OR=2.57, 95% CI 1.01-6.58 e OR=1.95, 95%
CI 1.01-4.21).
 Não houve associação de PDA com achados de
lesões placentárias.
Discussão
 O presente estudo demonstrou uma variação de
achados placentários de acordo com a IG, o que
está de acordo com diversas outras publicações:
22-27 semanas
(Infecciosas)
Corioamnionite
Vasculite coriônica
Infarto
28-33 semanas
( ↓ fluxo placent.)
Trombos em placa coriônica
Fibrina basal perivilosa
Discussão
O estudo demonstrou também que a
corioamnionite, apesar de relacionada à
prematuridade, não influi na ocorrência de
morbidade neonatal, após controle da
idade gestacional. Estes achados estão
de acordo com outras publicações.
Discussão
Foi observado o importante aumento de
IVH no RNPT quando há Edema
Vilositário
ou
Vasculite
Coriônica
(preditores independentes), sendo que a
vasculite coriônica pode ser descrita como
parte
da
Síndrome
da
resposta
inflamatória fetal e edema vilositário pode
representar o achado placentário da
infecção fetal.
Discussão
A relação de Edema Vilositário e Vasculite
Coriônica com o desenvolvimento de
afecções neurológicas no RN, observada
no estudo, já havia sido previamente
descrita em outros trabalhos.
Certamente citocinas pró-inflamatórias
que vão para circulação fetal em resposta
à infecção in utero, têm a capacidade de
atravessar a barreira hemato-encefálica e
causar dano cerebral ao RN.
Conclusão
Edema vilositário e vasculite coriônica
são fatores de risco significativos para
o desenvolvimento de Hemorragia
Intraventricular em RN com Idade
Gestacional < 34 semanas.
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