FERNANDO PESSOA
&
Heterônimos
OBRA ORTÔNIMA
 Cancioneiro e Quadras ao Gosto Popular poesia lírica, de reflexão existencial e sobre a
arte poética
 Mensagem - (único livro publicado em vida)
poemas Místicos e Nacionalistas
 1ª parte: Brasão - feitos anteriores às navegações
 2ª parte: Mar Português - as grandes conquista
marítimas
 3ª parte: O Encoberto - futuro de Portugal.
Autopsicografia
“O poeta é um fingidor,
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só as que ele não tem.”
Isto
Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!
(...)
Mar Português
“Ó Mar Salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu”.
Heterônimos
Alberto Caeiro
Ricardo Reis
Álvaro de Campos
Alberto Caeiro
 nasceu em 1889 em Lisboa, mas passou toda sua
vida no campo. Não tinha profissão e educação
mínima.
 Poeta da Natureza, linguagem simples,
espontânea, sem rimas, quase uma prosa.
Valoriza o viver de modo simples e objetivo.
 Ficções do Interlúdio (O Guardador de
Rebanhos; O pastor Amoroso )
 “É preciso desaprender as idéias para aprender
as coisas.”
O Guardador de Rebanhos
“Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus
pensamentos
E os meus pensamentos são
todos sensações
Penso com os olhos e com os
ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.”
Metafísica
“Há metafísica bastante em não pensar em
nada.
O mistério das coisas? Sei lá o que é o mistério!
O único mistério é haver quem pense no
mistério.
(...)
É essa a única missão no Mundo
Essa – existir claramente,
E saber fazê-lo sem pensar nisso.”
Ricardo Reis
 nasceu em 1887 na cidade do Porto. Foi
educado num colégio jesuíta, representa a
face humanista de Fernando Pessoa.
Estudou grego, latim e formou-se em
medicina. Em 1919 vem ao Brasil.
 Escreveu Odes (composição poética lírica que
entre os gregos antigos se destinava a ser
cantada) com linguagem trabalhada e purista
(postulados gramaticais rígidos).
 Sua temática é de inspiração clássica
(Concebe a vida estoicamente).
Odes
Para ser grande, sê inteiro:
nada
Teu exagera ou exclui”.
Sê todo em cada coisa. Põe
quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua
toda
Brilha, porque alta vive
Não só quem nos odeia ou nos inveja
Nos limita e oprime; quem nos ama
Não menos nos limita.
Que os deuses me concedam que, despido
De afetos, tenha a fria liberdade
Dos píncaros sem nada.
Quem quer pouco, tem tudo; quem quer
nada
É livre; quem não tem, e não deseja,
Homem, é igual aos deuses.
Álvaro de Campos
 nasceu em 1890, em Tavira. Estudou engenharia
(mecânica e naval) na Escócia. Sua obra é
dividida em 3 fase:
 1ª Influência Simbolista, tédio diante do mundo
– “Opiário”
 2ª Influência do Modernismo, poemas futuristas
– “Ode Triunfal” e “Ode Marítima”
 3ª Poesia amarga e angustiada, imagens de uma
vida vazia, desencontro do sujeito com o mundo
– “Tabacaria” e “Lisbon Revisited”.
Lisbon Revisitad
“Não : não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
(...)
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!”
Tabacaria
“Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do
mundo.
(...)
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo,
ainda que tenha razão.”
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