Dicionário Tupi-Guarani /
Português
Palavras, frases, nomes, etc.
Leve um pouco do Brasil para o seu dia-adia!
Desenvolvido por:
Jhulana Yatra (Ybotira), estudante de
Tupi-Guarani (dialeto Mbiá).
Dicionário Tupi - Guarani /
Português
O Tupi era a língua usada pelos jesuítas em suas
catequeses desde o Maranhão até S. Vicente, em São Paulo.
Já o Guarani é um dialeto do tupi e foi falado desde S. Vicente
até o Paraguai. Tupi-Guarani é uma família de línguas; por
exemplo: eu posso falar tupi porque é uma língua, eu posso
falar guarani porque também é uma língua, mas não posso
falar tupi-guarani, pois essa palavra composta é na verdade
uma generalização. Refere-se a uma família de línguas e não
é uma língua falada. Para melhor compreensão: o português,
por exemplo, é da família românica; eu posso falar português,
mas não posso falar românico.
TUPI-GUARANI – não é uma língua, mas uma família de
mais de vinte línguas. Inclui o Tapirapé, o Wayampi, o
Kamayurá, o Guarani (com seus dialetos), o Parintintin, o
Xetá, o Tupi Antigo, etc. Existem línguas Tupi-Guarani, não o
Tupi-Guarani. Dessas, o Tupi Antigo é a que foi estudada
primeiro e a que mais influenciou a formação da cultura
brasileira.
A
-A ja: Sufixo de duração, durante, enquanto, ex.: anhembo’ea ja (enquanto eu estudava).
-A py: Sufixo que diz onde algo ou alguém está; ex.: aa ta xeru oæa py (vou onde meu pai
está).
-A’ã: Arremedar.
-A’ãa: Balança.
-A’e: Ele (s), ela (s).
-A’uva: Agarrar-se.
-A’y: Adepto.
-Aba: Sufixo substantivador, podendo também significar “lugar”.
-Ague: Sufixo de passado, ex.: ooague (onde ele foi?).
-Ai: Amargo.
-Akykue: Vestígio (de caça). Atrás.
-Apa: Arco.
-Apei: Abanar.
-Apete: Apertado.
-Api: Atirar.
-Api ita py: Apedrejar.
-Apirõ: Acuar.
-Apura: Apressar. Apurar.
-Arã: Sufixo de futuro, ex.: kamixa xeru onhemondearã (a camisa com a qual meu pai se
vestirá).
-Arõ: Vigiar. Aguardar.
-Arõ kuaa: Vigiar-se. Ficar alerta.
-Axa: Atravessar.
-Avy: Caçar.
-Avyky: Abusar.
-Aty: Sufixo de ação habitual ou repetida, ex.: pendeayvuaty (o que vocês sempre falam).
-Aya: Amputar.
A: Aqui, lugar. Cair.
Ã: Sombra, alma.
‘Aa: Catarata, cachoeira. Ex.: Tapixi’aa (as cachoeiras do rio Tapixi).
‘A regua: Grampo ou outro adorno para segurar os cabelos.
‘Ãgue: Eco. Fantasma dos mortos.
‘Aka: Chifre.
Aa: Aqui.
Aamo – Lua (Xavante).
Aaní – Não, nada.
Aaru – Espécie de bolo preparado com um tatu moqueado, triturado em pilão e misturado com
farinha de mandioca.
Abá (aba, auá, avá, avakwe): Homem, mulher, gente, pessoa, ser humano, índio.
Ababá: Tribo indígena tupi-guarani que habitava as cabeceiras do rio Corumbiara (MT).
Abaçaí: O que espreita. Gênio maléfico, gigantesco, que tornava possessos os índios.
Abacataia (abacatuaia – abacatuia): Espécie de peixe de água salgada.
Abacaxi: Interessante que, embora o abacaxi e o ananás possam ser tipos diferentes de uma
mesma fruta, prevaleceu (pelo menos no sul) o nome abacaxi, que não é comum na literatura
do Brasil colonial. Comum é "ananá". Mesmo assim, foi traduzido como de origem tupi com o
significado de "fruta recendente", ou que cheira, de yá, ou ywa, fruta, e katy, que recende, mas
esse nome pode ter vindo da América Central, embora a fruta (ananá) fosse comum no Brasil.
Abaé: Uma outra pessoa.
Abaeté (abaetê): Pessoa boa, pessoa honrada. A Lagoa de Abaeté, na Bahia, é um dos pontos
turísticos mais famosos do Brasil.
Abaetetuba: Lugar cheio de gente boa.
Abaité: Gente ruim, repulsiva, estranha.
Abatii:̃ Arroz.
Abanã: Cabelo forte, cabelo duro.
Abanheém (Abanheenga): Língua de gente, a língua que as pessoas falam.
Abapuru: Antropófago.
Abapy: Pé de homem.
Abaré (aba - ré - rê): Amigo do homem. Município do estado da Bahia.
Abaquar (abequar): Senhor (chefe) do vôo, homem que voa.
Abaruna (abuna): Amigo de roupa preta, padre de batina preta.
Abati: Milho, cabelos dourados, louro.
Abatinga: Cabelos brancos.
Abayomi: Encontro feliz.
Abeguar: Comandante do vôo.
Acablocar: Tornar caboclo; acaboclar-se, de caá-boc. Tomar o jeito do caboclo, do homem
simples do interior e, também, com o significado de pegar a cor trigueira, amorenar-se.
Abukú: Cabelos longos.
Aca: Chifre.
Acaçá: Bolinho de milho branco ralado ou moído, envolvido, ainda quente, em folhas de
bananeira.
Acag (akag): Cabeça.
Açaí: Pequeno côco amarronzado. Significa fruta que chora, ou seja, de onde sai líquido.
Acaiçarar (acaipirar): transformar em caiçara, um tipo característico de homem brasileiro
decorrente do indígena. Também fazer cerca, caiçara, de caá-içá.
Acaijic: Canjica.
Acajutiba (aka’yú’tyba): Município do estado da Bahia. Abundância de caju, cajueiros.
Acamim: Espécie de pássaro e de árvore.
Acapengar: Tornar capenga, manco. Do tupi capenga, com o significado de "osso torto".
Acará (akara): Garça, ave branca.
Acarapeba (acarapéua, acarapeva, carapeba): Tipo de peixe.
Acaraú (acaraí): Rio das garças. Diz-se que a grafia com a letra u, com o som de i fechado,
vem dos colonizadores franceses, que os portugueses representavam, às vezes, por y.
Acauã: Grande ave que ataca as serpentes.
Aceí: Oferecer vinho.
Acemira (Acir): O que faz doer, doloroso (Moacir).
Aci: Mãe, matriarca.
Acira: Objeto cortante.
Acopiara (a’kupê’ara): Cidade do Ceará. Puxado para o lado de fora da casa, alpendre.
Açu: Grande, considerável, comprido, longo.
Açuã (asu-ã): Sabugo, talo de espiga.
Açucena: Singela e branca flor.
Acuba: Quente.
Aé: Mas, antes, finalmente, senão, ante. Eles.
Aguapé (awa'pé): Redondo e chato, como a vitória-régia. Plantas que flutuam em águas
calmas. O significado se aproxima de "vegetal do caminho" (aquático). Firme no fato de que a
língua indígena não tem tradução exata com a nossa, nem poderia. Talvez de y, água, ua, ou
"já", vegetal, e "pé", caminho. "Vegetal do caminho das águas", o que é coerente. A palavra
portuguesa "água" é coincidência e mesclagem fonética.
Águi: Aqui.
Águio: Daqui para lá.
Aguyje: Obrigado.
Ahániri: Não.
Ahy’o: Garganta, voz.
Aiaiá (Ajajá, Ayayá): Colhereiro (espécie de garça).
Aíb: Ruim, mal.
Aichejáranga: Coitado, pobrezinho.
Aicó: Ser, estar.
Aike: Entrei.
Aimara: Árvore, araçá-do-brejo.
Aimará: Túnica de algodão e plumas, usada pelos guaranis.
Aimberê: Duro, inflexível. Flauta imprestável. Lagartixa.
Aimirim (aimiri): Formiguinha.
Aimoré (hai + mbo’ré, aimbiré; amboré): (1) O mordedor. (2) Tribo indígena pertencente
ao grupo dos jês. Índios de grande estatura, alguns com mais de dois metros. Mesclaram-se e
foram eliminados. Há alguns anos foram encontrados remanescentes na Amazônia. Comum no
Brasil como nome de pessoas. (3) Peixe cascudo.
Aipo: Aquele. Atenção. Prestar atenção.
Aipóramo (aipórõ): Então.
Aîupuara: Amarrar pelo pescoço.
Airequecê: Lua.
Airetama: Colméia, casa de abelhas.
Airão (ailã): Entidade mítica. (Macuxi).
Airumã: Estrela Dalva.
Airy: Variedade de palmeira.
Aisó: Formosa.
Aiura (ajur, ajura, ayura): O pescoço. O gargalo das vasilhas.
Aîuru (ajuru): Variedade de papagaio.
Aiury: O socorro, a ajuda.
Aiyra: Filha.
Aja: Durante.
Ajacá: Balaio.
Ajépa? - Verdade? Sério?
Ajeru (ajuru): Árvore de madeira dura, com frutos de polpa comestível.
Ajira (ajyra): Sobrinha.
Aju: Maduro.
Ajubá: Amarelo.
Ajuhá: Fruta com espinho.
Ajurapéa: Caminho do papagaio.
Ajuricaba (aiurucaua): Muito irritável. Grupo de marimbondos. (Nheengatu).
Akã: Cabeça.
Akã raxy: Dor de cabeça.
Akãhatã: Cabeça dura, cabeção.
Akaîu: Caju.
Akanhy: Vertiginoso. Sem poder atender bem.
Akãnundu: Febre.
Akara: Acará (peixe).
Akãraku: Apaixonado, louco.
Akãvai: Apaixonado, louco.
Akayú: Ano (12 meses).
Aker: Dormir.
Akitãi: Baixo, baixa estatura.
Akub: Quente.
Akuti: Cutia.
Aky: Verde (o que não está maduro).
Alambari: Peixe de escama escura.
Alemaniagua: Alemão.
Ama: Chuva.
Ama’ÿ: Seco.
Amana (Amanda): Chuva.
Amanaci (Amanacy): Mãe da chuva, pássaro que anuncia a chuva.
Amanaiara: A senhora da chuva ou o senhor da chuva.
Amanajé: Mensageiro.
Amanara: Dia de chuva.
Amanari: Água da chuva.
Amandy: Água da chuva.
Amapá: Árvore de madeira útil, cujo látex, amargo, atua no tratamento da asma, bronquite e
afecções pulmonares. Estado da região norte do Brasil.
Amapari:
Amãpytuna ã: Eis o tempo feio.
Amary: Árvore da família das rutáceas.
Amassunu (Amazonas): Ruído das águas.
Amá-tiri (amãtiti): Raio, corisco.
Amaturá:
Amboirundyk: Nove.
Ambomokõi: Sete.
Ambomokõi pó: Cinqüenta.
Ambomosapyr: Oito.
Amboyepé: Seis.
Ambue: Outro.
Amendoim: De mindubi, manduí ou mendobi que os europeus, por sua semelhança com uma
amêndoa, passaram a chamar "amendoim". É tipicamente brasileiro. Gabriel Soares de Souza
disse que dos "mendobis temos que dar conta particular, porque é cousa que se não se sabe
haver senão no Brasil". Disse também que "só as índias o costumam plantar". Era chamado de
manobi, mandubi, manduí, etc. Curiosamente, na língua haitiana, o nome é mani. Aliás, não só
biologicamente, mas culturalmente há indícios de vínculo de muitos grupos indígenas da
América entre si. De ibá, fruto, tiby, enterrado, porque se forma sob a terra, nas raízes da
planta.
Amerê: Fumaça.
Ami: Aranha que não tece teia.
Amyrÿi: Defunto.
Amo: Aquele; aqueles.
Amo my: Ás vezes.
Amogue: Alguém, algum.
Amogue py: Ás vezes.
Amonaty: Além, distante.
Amoquear: Moquecar. Fazer moqueca, um prato típico, de carne com temperos cozidos em
fogo lento.
An: Sombra, vulto, fumaça.
Anacã: Dança.
Anacê: Parente.
Anahi: Bela flor do céu.
Anaití: Grande.
Anajá: Palmeira alta.
Anajé (Inajé): Gavião de rapina.
Anama: Grosso, espesso.
Ananã (ananás): Fruta cheirosa. À espécie brasileira de abacaxi os índios chamavam ananá e
é com esse nome que é descrita na literatura. Fernão Cardim disse que "Esta erva é muito
comum... é muito cheirosa, gostosa e uma das boas do mundo... Há tanta abundância desta
fruta que se cevão os porcos com ela... Fazem vinho os índios muito forte e gostoso... Também
se fazem em conserva e cruas desenjoam muito no mar...". Simão Estácio de Sá disse que o
"afamado ananás tem aqui o seu lugar, porque nasce em umas ervas como a nossa babosa... É
o rei das frutas".
Anamí: Espécie de árvore.
Anãmiri: Anão, duende.
Anassanduá: Da mitologia indígena.
Anauá: Árvore de flor, pau de flor.
Anauê: Salve, olá.
Andai: Abóbora.
Andaraí: Água do morcego. Bairro do estado do Rio de Janeiro e município da Bahia.
Andira: O senhor dos agouros tristes.
Andirá: Morcego.
Aneci: Graciosa.
Anga (nga): Pobrezinho. Lastimosamente.
Ánga: Alma.
Angaba: Assombração.
Angassuay: Nome de um espírito.
Angata: Preocupado.
Angatuba: Casa dos espíritos.
Ange: Hoje.
Ange’i: Agora mesmo.
Ange pyhare (angepyhare): À noite.
Angeko (i): Preocupado.
Angerete: Há pouco.
Anhãga: Espírito mau.
Anhana: Empurrado, impelido.
Anhang-ûama: Futuro diabo.
Anhangá: Diabo. Para Couto de Magalhães, "Anhangá quer dizer sombra, espírito. A figura
com que as tradições o representam é de um veado branco, com os olhos de fogo. Todo aquele
que persegue um animal que amamenta corre o risco de ver o Anhangá e a sua vista traz febre
e às vezes loucura". Também é palavra posta simplesmente como um ser maligno e, daí,
nasceu outra, aplicada a um personagem da história. É o espírito do mal. Também chamam
Anhan gá, Angá, Anhá.
Anhangabaú: Rio ou água do mau espírito. As traduções são “água (rio) da árvore do veado”,
pela abundância de cuvitinga, árvores muito procuradas por esse animal para seu alimento.
Antes, era Anhangabay, com "i" no final, e, sabe-se lá por que, virou Anhangabaú. Disse Couto
de Magalhães que Anhanga-yba-y quer dizer "água da árvore de Anhangá, cujas flores são
muito procuradas pelos veados". Também existem as traduções de "rio do Diabo", "rio das
diabruras", "rio onde habitam os maus espíritos", "bebedouro das diabruras" e "rio ou água dos
malefícios", estas duas últimas de Teodoro Sampaio, porque existe aí a palavra anhangá, ser
maligno. Há também o entendimento que significa "rio de quase nenhuma correnteza", o que
parece ilógico, assim como "rio onde o homem preto, nu, toma banho". Temos que a mais
coerente é "água da árvore de Anhangá, árvore cujas flores são muito procuradas pelos
veados".
Anhangüera: Diabo velho, espírito velho. Diabo Velho, nome dado ao Bandeirante
Bartholomeu Bueno da Silva, que apreendeu e conquistou "tantos índios que, com eles, se
poderia fazer uma vila". Foi ele que usou o estratagema de lançar fogo a um vaso de
aguardente em presença dos índios, assustando-os com o poder de queimar os rios e águas, de
tal modo que, aterrados, prometeram mostrar lugares em que existiam minas de ouro. Decorre
de anhanga, ser maligno, e uera, "o velho, o que já foi". Traduzido como "diabo velho", que
também aparece como Angoera, ou Angüera. Você já imaginou ameaça pior do que a de
queimar as florestas e os rios? Os índios cederam e saíram a tentar mostrar ouro onde nem
existia, mas o bandeirante, mesmo assim, cumpriu a ameaça. Destruiu os rios, as florestas, e
continua a fazê-lo... Era mesmo coisa do diabo...
Anhê: Pois, assim é.
Anhee:̃ Conversar.
Anho: Apenas.
Anhembi: Antigo nome do Rio Tietê em São Paulo. Esse nome aparece grafado de muitas
maneiras diferente. Uma tradução é "rio do veado", mas existe outra: "Rio das aves anhimas",
sendo que "anhima" é de tradução desconhecida e, nesse caso, com um componente nãoindígena, o "s" de plural.
Ani (-tei/-ti): Não.
Ani chéne: Não acredito! Que não seja!
Anicê: Fogo.
Anira: Anel.
Anjé: Até, até que.
Anouk: Ursa prenha (nome indígena norte-americano).
Antã (atã): Forte, viril.
Aña: Diabo.
Aña retã: Inferno.
Añete: Verdade.
Año (nte): Solo, chão.
Anomatí: Além, distante.
Anori: Tracajá macho. (Nheengatu). Município do estado do Amazonas.
Anu: Ano.
Ao: Roupa, vestido.
Aoba: Roupa.
Aondê: Coruja.
Aotinga: Roupa branca.
Ape: Costas.
Ápe: Aqui.
Apê (apuê): Longe.
Apecu: Coroa de areia feita pelo mar.
Apecum (Ape'kü, Apicum, Apicu, Picum): Mangue, brejo de água salgada.
Apeju: Amarelo.
Apenunga: Onda.
Apetecar: Jogar peteca. Do tupi peteg, bater. A peteca é um jogo indígena assimilado pelos
brancos desde os primeiros tempos.
Apiaí (a’piá’y): Cidade de São Paulo. Rio dos meninos.
Apinchar: Lançar, arremessar. Embora citado por Couto de Magalhães, há dúvida quanto à
origem indígena desse verbo, se considerarmos a estrutura do tupi-guarani. Apolinário Porto
Alegre aceitou a origem indígena e buscou o étimo em apyi, laço corrediço, ou em eapy, atirar.
Apiúna: Pintado de preto.
Apo: Confecção.
Apó: Raiz.
Apoena: Aquele que enxerga longe.
Apoiacinê: Grupo de espíritos benfazejos entre os guaranis.
Aporá: Município do estado da Bahia. Monte bonito.
Apu’a: Redondo.
Apuã: Monte, montanha.
Apuama (apuana): Que não pára em casa, veloz, que tem correnteza.
Apuí: Município do Estado do Amazonas. Rio redondo.
Apy: Aí. Aqui.
Apyaba: Homem.
Apyka: Cadeira, poltrona.
Apyta: Base.
Apyte: Centro.
Apytépe: Em meio de.
Aquira: Gomo de vegetais.
Aquitã: Curto, pequeno.
Ara (ará - ára): Relativo à ave, que voa, dia, luz, tempo, clima, hora, nascer.
Ara paxai: Baitaca.
Ára pyau: Ano novo. Começo do ano.
Ára yma: Ano velho.
Arabi: Lindas lágrimas. Índia amazonense que segundo a lenda, chorou muito o seu amado
Caubi. Suas lágrimas se transformaram em vitória-régia, planta da região amazônica.
Araçá: É fruta deliciosa, comum em quase todo o Brasil, da qual há diferentes tipos.
D’Abbeville disse que "são a melhor coisa que se possa desejar". O nome significa "fruta do
tempo", e é apropriado, pois o araçá dá sempre no forte do verão, acompanhando o clima, se
atrasar, ou adiantar. Houve quem lhe deu a estranha tradução de "frutas com olhos"...
Araçari (araçary): Variedade de Tucano.
Aracaê (aracaé): Pássaro briguento.
Aracaju: Temporada de caju.
Aracambé: Espécie de peixe de água salgada.
Aracangüira: Espécie de peixe de água salgada.
Araçariguama: Lugar onde os pássaros se reúnem para comer.
Aracê: Aurora, o nascer do dia, o canto dos pássaros (pela manhã).
Aracéli: Altar do céu.
Aracema: Bando de pássaros.
Araciara: Ave que se alimenta do mel.
Araçoyaba: Cidade de São Paulo. Nome dado a chapéus e a morros parecidos com chapéus.
Aracunda: Papagaio parrudo, forte.
Aracuri: Nome de uma palmeira.
Aracy: A mãe do dia, a fonte do dia, a origem dos pássaros. Progenitora do mel, abelha.
Araguaci: Pássaro bonito.
Araguari: Cidade de Minas Gerais. Rio do vale das araras ou rio da morada dos papagaios.
Araguarino: Rio da Baixada dos Papagaios.
Ára haku: Alta temperatura, calor.
Arahaku: Verão.
Araka’e: Antigamente.
Araí: Riacho doce.
Araíba: Mau tempo ou tempestade.
Araípe: Dentro do riacho doce.
Arajuba: Mel dourado.
Araka’épa: Quando.
Araka’eve: Nunca.
Aram: Sol.
Aramboha: Almofada.
Aramboty: Aniversário.
Arani: Tempo furioso; mau tempo.
Arandu: Sabedoria, sábio. Cidade de papagaios.
Arapanema: Dia fatal.
Arapiraca: Município do estado de Alagoas. Árvore de casca solta.
Arapire: Alfinete.
Araponga: Cidade do Paraná. Tipo de pássaro grande. Pássaro da família dos cotingídeos. De
uirá, pássaro, e pong, sonante. Embora aceito como tal, esse "pong", entretanto, não parece
indígena, mas ocidental. Aliás, aparece em "ping-pong". Parece mesclagem das duas línguas,
indígena e branca.
Arapoty: Primavera.
Arapuã: Abelha redonda (tipo de abelha).
Arapuca: Armadilha para aves, feita como uma pequena gaiola de pauzinhos e armada de
modo a cair sobre os pássaros. Talvez decorra mesmo de ara (tempo, dia) e puca, que prende,
mas parece mais provável que tenha origem em uirá, pássaro, e puca.
Arapy: Mundo.
Araquém: Pássaro que dorme.
Arara: Ave grande. Nome comum às diversas aves da família dos psitacídeos. O nome
"papagaio" não é indígena; veio da Europa e era de uso antigo. Um nome indígena para
"papagaio" é ajuru, que se traduz como "de bico comprido, grande". A ave papagaio era
comum no Brasil, tanto que Capistrano sugeriu ao país o nome de Terra dos Papagaios. Um
nome indígena específico que ficou para o papagaio é o de roro (leia-se com "r" fraco, como em
arara), com o significado de "verde". Por isso a expressão "dá o pé louro", mas que o correto é
"dá o pé roro" (com "r" fraco), porque não tem mesmo nada a ver com "louro", nem com
"loiro" e sim com verde (roro). Quanto à arara, disse Cardim que "os índios as estimam muito e
de suas penas fazem suas galantarias, e empenaduras para suas espadas; faz-se muito
doméstico, e manso, e falam muito bem, se os ensinam". A arara e o papagaio tinham
diferentes tipos, cada um com seu nome característico. Arataca, Araraúna (arara preta), etc., e
outros dessa espécie chamados pelos nomes Anapurú, Ajurucurao, Tuin, Jandaia-açú, Canindé,
etc. "Ara" significa dia, luz, tempo, etc. Dizem que arara é onomatopaico porque o animal "fala"
com esse som. Mas, o que ela faz é repetir o nome pelo qual é chamada.
Araranguá: Cidade do litoral sul de Santa Catarina, de significado difícil, mas muito
provavelmente signifique o barulho (mguá?), cantoria das araras. Também pode significar
simplesmente o nome de um tipo de arara, a ave. Os indígenas chamam o pilão de "onguá".
Será por causa do som do pilar? Teodoro Sampaio definiu como "barulho das ararás".
Araraquara: O ninho (a toca, buraco) da arara. De arara, a ave, e quara, buraco. Teodoro
Sampaio diz ser barrancos perfurados pelas araras para extrair grãos de terra salitrosa, que
comiam. Os araraquarenses apreciam a interpretação poética, para o nome da cidade: A
morada do sol (ára: dia, sol + ra’koara). Vendo-se, porém, que piraquara é: toca de peixe,
jundiáquara: toca dos jundiás (peixes), Jabaquara: esconderijo de fujões, tacuara: haste oca,
furada, por que arara-quara, não seria o ecológico: morada, abrigo das araras? Fica à escolha.
Araraúna: Arara preta.
Ararê: Amigo dos papagaios.
Ararecha: Nascer.
Arari: Arara pequena. Sendo que o sufixo tem também o sentido de água, rio, assim arari pode
também significar rio das araras... Arari é o nome do principal lago Marajoara e de um dos mais
importantes rios do Marajó, assim como faz parte do nome da cidade de Cachoeira do Arari,
localizada na sua beira esquerda, e de Santa Cruz do Arari que está na boca do lago. Arari é
também o nome dado a um cipó da família das leguminosas papolanáceas, encontrado nas
margens dos rios, cujas flores são grandes, cor de arari-canindé, de arara-canindé (portanto de
duas cores).
Araribóia: Cobra grande, espécie de cobra do Rio das Araras. Famoso cacique dos Timinimós,
índios aliados dos portugueses contra os Tamoios e franceses, no Rio de Janeiro. Existe uma
estátua dele à entrada da cidade de Niterói, à margem da Bahia da Guanabara, no porto das
barcas. Teria o significado de "cobra grande" ou seria o nome de uma cobra cujo grunhir
significava mau tempo. Foi batizado com o nome de Martim Afonso de Souza.
Araripe: Água dos papagaios.
Araro’y: Inverno.
Araruna: Ave preta.
Aratama (Ararama, Araruama): Terra dos papagaios.
Arati: Ao amanhecer.
Aratinga: Distrito do Município serrano de São Francisco de Paula, no Estado do RS. De ara,
tempo, dia, e tinga, branco. Dia, ou tempo, etc., branco. Talvez queira dizer "cerração",
"neblina", muito comum ali.
Aratiri: Relâmpago.
Arátor: Aquele que ara a terra.
Arassatyba: Árvore de araçá, muito araçá.
Aravo: Hora.
Araueté: Povo de língua da família do tupi-guarani que vive na margem esquerda do igarapé
Ipixuna, afluente do Xingu, na área indígena Araweté/Igarapé-Pixuna, no sudeste do Pará.
Araxá: Lugar alto de onde primeiro se avista o sol. Cidade em MG. Tribo indígena procedente
dos cataguases.
Arco-verde: Madeira para arco.
Are: Tardar.
Aréma: Desde; faz tempo.
Arete: Festa.
Arhel: Antipático.
Áribo: Em cima.
Aricanduva: Terra das Palmeiras (Airica é palmeira e Duva é porção/terra).
Aricema: O broto da palma.
Arinhã: Galinha.
Arinos: Denominação de tribo de índios do Brasil Central e de um rio dessa região. Usado
como sobrenome.
Ariry: Depois.
Aritana: Nome de um famoso cacique da tribo Yawalapiti.
Aroçoiaba da Serra (SP): Anteparo do tempo da serra.
Aroi: Arroz.
Arujá: Cidade em SP. Grande quantidade de Gurus, peixe menor que o Lambari.
Aruana: Sentinela.
Árupi: Por aqui.
Ary: Ano.
Aryryi: Aleluia.
Asaje: Meio-dia, meia manhã.
Asajepyte: Meio-dia.
Assui: Logo, portanto, assim que.
Assurini: Tribo pertencente à família lingüística do tupi-guarani, localizada em Trocará, no rio
Tocantins, logo abaixo de Tucuruí/PA.
Asúpe: Esquerda.
Asy: Muito, profundo.
Atá: Andar, passear.
Ataperar: Deixar como uma tapera, a aldeia velha, a casa velha, abandonada.
Atássuera: O que anda; ambulante.
Ati: Gaivota pequena.
Atiadeus: Tribo Guaicuru do Mato Grosso.
Atiara: Um fio de luz.
Atiati: Gaivota grande.
Atiba: Plantação de frutas. Lugar saudável.
Atibaia: Local de muitas frutas. Cidade em SP.
Atiçu: Tipo de cesta.
Atinguijar: Pôr o tingüi na água (do rio, riacho, etc.). O tingüi é um veneno que, jogado na
água, entorpece os peixes, tal como o timbó, técnica que os índios utilizavam para pescar e
passaram aos brasileiros.
Atocaiar: Fazer a tocaia, tocaiar. Ficar na tocaia, ou de tocaia. Tocaia era o nome dado ao
lugar, ponto, árvore, pedra, ou tejupar (cabana provisória de folhas para esperar a caça) onde
os índios se ocultavam para espreitar os passantes, ou intrusos, inimigos, etc. Tem raiz em
"oca" e, depois, em "toca", a casa, o buraco.
Atucanado: Sem saber o que fazer por estar com a cabeça cheia de outras coisas. Decorre da
palavra tupi, tucano, de tu-quã, ou tu-cã, de bico forte. Porque essas aves armam um rebuliço
e deixam qualquer um atucanado.
Atucanar: Apoquentar, atormentar a paciência. Amolar. Irritar. Do tupi tu-cã, de bico forte.
Apolinário Porto Alegre cita Azara onde entende está bem explicado o motivo do significado:
"Os tucanos, contra todas as aparências, destroem um grande número de aves, porque com o
seu bico grande e grosso eles se fazem respeitar e temer por todas as espécies, as atacam, as
expelem de seus ninhos e, em sua presença, comem seus ovos, seus filhotes, que tiram dos
buracos com o auxílio do bico, ou que fazem cair com os ninhos. As testemunhas dignas de fé
afirmam que os tucanos não respeitam nem os ovos e filhotes das araras e caracarás; e que se
os filhotes se acham já muito desenvolvidos, para que eles possam tirá-los do ninho, os lançam
por terra, como se sua índole não os arrastasse só a devorar, mas ainda a destruir. O ninho tão
sólido do forneiro, que resiste ao tempo e a outras causas de destruição, não está ao abrigo de
seus ataques, pois aguardam que a argila de que se compõe tenha amolecido com a chuva
para despedaçá-lo a bicadas...".
Atukupe: Costas.
Aty: Reunir-se, reunião, agrupamento.
Auá: Homem, gente, pessoa, ser humano, índio.
Auçá (uaçá, guaiá): Caranguejo.
Aussuba: Amar.
Ava: Redondo.
Avá: Homem, gente, pessoa, ser humano, índio.
Áva: Cabeleira.
Avanhandava: Corrida do homem. Correnteza forte. Cidade em SP.
Avanheenga: Língua de gente, língua que as pessoas falam.
Avaré (abaré): Cidade em SP. Nome que os índios deram aos padres, missionários.
Avati: Milho. Da mitologia Guarani.
Avati pororo: Milho frito.
Avei: Também.
Avevo: Arquear-se.
Axuru: Atolar-se.
Awa: Redondo.
Awañene: Língua de gente, a língua que as pessoas falam.
Ay: Antipático.
Aymberê: Lagartixa.
Aytab: Nadar.
Ayty: Ninho.
Ayuru (ajuru): Árvore de madeira dura.
Ayvi: Borrifo.
Ayvu: Acusação. Amar.
B
Babaquara: Tolo, aquele que não sabe de nada.
Baitaquear: Agir como uma baitaca, espécie de arara.
Bambuí: Rio dos Bambus.
Bangu: Monte escuro.
Baníwa: Tribo norte-amazônica.
Bapo (maracá - mbaraká - maracaxá – xuatê): Chocalho usado em solenidades.
Baquara (biquara – mbaekwara): Sabedor de coisas, esperto.
Baraúna: Madeira preta.
Bariri (Barueri): Água inquietante, agitada, rio com cachoeiras.
Bartira: Flor. Planta odorífera e colorida.
Baturité: A grande serra. Cidade no Ceará.
Bauru: Forte declive. Rio das lagoas. Cesto de frutas (‘ybá – fruta, uru – vasilha). Cidade em
SP.
Beiju: É um dos derivados da mandioca, uma espécie de bolinho feito da massa crua da
mandioca e assado no forno, ou "sobre o fogo"; “... vem do tupi mbyú que quer dizer
enroscado". O nome é indígena, mas, disse Gabriel Soares de Souza, que estes "beijus são
muitos saborosos, sadios e de boa digestão, é o mantimento que se usa entre gente de primor,
o que foi inventado pelas mulheres portuguesas, o gentio não usava dele". A invenção "das
mulheres portuguesas" deve se restringir a algum tipo, mas o beiju aparece na literatura dos
primeiros escritos sempre como produto nativo, tanto que há diversos tipos de beiju, todos com
nomes indígenas: beiju-açú, "redondo, feito da mesma massa que o beiju-ticanga, e cozido no
forno"; o beiju-cica, "feito de massa de macaxeira, em grumos bem finos", o de tapioca, "feito
de tapioca umedecida, de maneira a cair da urupema em grumos pequeninos, e quando pronto,
enrolado sobre si mesmo depois de se lhe pôr manteiga na face exterior"; o beiju-ticanga,
"feito da massa da mandioca mole e seca (ticanga) ao sol", o caribé - "o beiju-açú posto de
molho e reduzido a uma massa, a que se acrescenta mais água, morna, ou fria, formando uma
espécie de mingau, mais ou menos ralo, conforme o gosto" - mingau que se toma de manhã
com água morna, e no andar do dia com água fria; o curadá, "beiju grande e bastante espesso,
feito de tapioca umedecida, de grumos maiores que o enrolado, e levando castanha crua em
pequenos fragmentos".
Belmiry: Corrida, carreira.
Bêni (uêni): Rio. (Aruaque).
Bertioga: Morada das tainhas. Cidade em SP.
Beruri:
Biara: Prisioneiro de guerra.
Biboca: Moradia humilde. Lugar ermo, um cantão no interior, afastado, de difícil acesso. O
sujeito que mora numas bibocas. Na verdade nasceu dos significados "grota", "fenda",
"buraco", que é o seu significado indígena, das palavras ibi (terra) e "oca", a casa indígena.
Bira: Empinado, ereto, erguido.
Birá: Ave, pássaro.
Birigui: Mosquito, mosca que sempre vem. Cidade em SP.
Biroró: É outro bolinho indígena, espécie de beiju, feito da mandioca curtida, e foi comum na
alimentação brasileira até pouco tempo. Relato da história de Torres, cidade turística do Rio
Grande do Sul, no início do Século XX, fala da venda de beiju e biroró, e pamonha, na rua, aos
veranistas.
Bo: Por, pelo, pela.
Bobuiar: Flutuar.
Bocaina: Entrada do mato. Depressão em uma serra.
Bocaiúva: Palmeira do côco macaúba. Cidade de MG.
Bocó: Espécie de bolsa, sacola de couro. Teria origem em mbocog, segurar. Também com o
sentido de palerma, tolo.
Boçoroca: Escavações provocadas no solo pela passagem da água. Do tupi ibi soroc, terra
fendida. Embora indígena, a grafia melhor parece ser bossoroca. Também há vossoroca.
Boiçucanga: Cobra de cabeça grande. Cidade em SP.
Boipeba: Pode ser traduzido como "cobra achatada", uma espécie de cobra com essa
característica.
Boitatá: Cobra de fogo. É "o gênio que protege os campos contra aqueles que os incendeiam".
“... uma entidade de fogo que persegue os homens. Espírito de gente ruim, que anda de rojo,
flamejando. Faz perder a vista aos que o olham. Faz-se notar à noite, especialmente nas
proximidades do cemitério. Nada mais é que o fogo fátuo", ou emanações, luminescências, ou
fosforescências, resultantes de combustão espontânea das gorduras dos animais putrefatos nos
campos, ou mesmo nos cemitérios. Por isso, também é apresentado como um fantasma que
surge nos campos. Há outra explicação não tanto "técnica" para esse fogo fátuo: os habitantes
do interior, antigamente, e também os índios, quando viajavam à noite, conduziam um tição
que, para ir iluminando o caminho, iam sacudindo-o para que continuasse aceso, o que lhe
dava a aparência de uma cobra-de-fogo noturna. Daí a palavra cobra-de-fogo, que se
pronuncia mboi-tatá, mas não tem nada a ver com boi, e sim com cobra, de mbóy, cobra e de
tatá, fogo. Há quem entenda que não decorre de "cobra", mas de mbaé, coisa. O Padre
Anchieta relatou-os como fantasmas "que vivem a maior parte do tempo junto do mar e dos
rios e são chamados Baetatá", que quer dizer coisa-fogo. É como "um facho cintilante", que
acomete rapidamente os índios e os mata. Mas, além dos rios e do mar, é também bastante
conhecido no interior, sobretudo nas campanhas do Rio Grande do Sul, atemorizando os
gaúchos, que acreditam que ele é atraído pelo ferro e que, por isso, uma forma de combatê-lo
é desatar o laço dos tentos e arrastá-lo pela presilha. O Boitatá é atraído pela argola arrastada
e deixa de embaraçar o cavaleiro. Diz-se que a forma "boitatá", cobra-fogo, é a mais correta, a
mais coerente. Mas, tendo em vista a afirmação do Padre Anchieta, parece-nos que existam as
duas formas.
Boituva: Muitas cobras. Cidade em SP.
Borá: Som emitido pelo soprar entre mãos unidas. Cidade em SP.
Boracéia: Tipo de dança. Lugar de muita gente.
Borborema: Lugar deserto. Cidade em SP. Também nome de uma serra da Paraíba, chapada
de formação cristalina.
Borebi: Couro de tatu.
Botucatu: Bons ares. Cidade em SP.
Boyrá: Objeto precioso.
Braúna: Madeira preta.
Brenho: Mata fechada.
Bretãs: Ligeiro como um peixe.
Bruaca: Espécie de cesta, em cipó, taquara ou couro, em forma dupla, para ser distribuída
sobre o lombo do animal para cargas em geral. Também com o sentido de mulher feia,
imprestável. Origem controvertida, mas que, para alguns, vem do tupi-guarani, puracá. Ou
poraca, cesto.
Buerarema: Cidade da Bahia. Madeira mal cheirosa usada em construções.
Bujari:
Buk (bok): Fenda.
Buri: Espécie de palmeira.
Buritama: Terra de muitos buritizeiros. Cidade em SP.
Buriti: Árvore da vida. Espécies de palmeira da qual os índios faziam feixes para apoiarem-se
neles quando faziam travessias a nado dos rios.
Butantã: Terra batida e muito dura; lugar de vento forte.
Butúie: Flecha, taquara. (Borôro).
C
Caá (kaá): Mato, planta, folha.
Caapiranga: Município do estado do Amazonas. Mato vermelho, avermelhado.
Caapuã (caipora; kaapora; caápua): Aquele ou aquilo que mora (vive) no mato.
Caássica: Planta oleosa.
Caba: Marimbondo, vespa.
Caboclo (kariboka): Era palavra aplicada ao índio; depois ao mestiço de índio e branco e,
hoje, ao homem do sertão, de hábitos rudes. Controvertida a etimologia. Há quem entenda
decorra de caá, mato, e ibiboc, fenda, gruta, que, na junção, ficou caáboc, o homem das
grotas, do sertão, do interior. Outro entendimento é que decorreu de curiboca, de caraíba o
branco mau, e oca, a mesma origem de carioca, até chegar ao termo atual. Parece mais lógica
a primeira hipótese.
Cabreúva: Árvore da coruja.
Cabuçu: Vespa grande.
Caburé (kaburé - cafuzo - caboclo – caipira): Indivíduo atarracado, parrudo. Com o sentido
comum de "morador no mato". De caá, mato, e de boré por poré, morador. Aplicado à mistura
de negro e índio, assim como "mameluco", é o resultado de branco e índio. Segundo Teodoro
Sampaio, é um tipo de corujinha e de um gavião.
Cacira (Laurare): Vespa de ferroada dolorosa.
Caçapava: Travessia do mato.
Caeté: Mata verdadeira, frondosa. De kaá, mato, e eté, verdadeiro, importante, bonito. Quem
conhece o caeté concorda com a bonita definição. Era o nome de uma importante tribo
litorânea, a dos índios acusados de matarem o primeiro Bispo do Brasil, D. Pêro Fernandes
Sardinha, que naufragou quando voltava para Portugal, em 1556.
Caiári (acai-ári): Rio do cedro. (Aruaque).
Caiçara: Era a cerca, a paliçada, com a qual os índios defendiam sua aldeia. De caá-ig-sá,
cerca de mato. Além de aplicada às cercas rústicas de modo geral, também significa o matuto,
o caipira, especialmente o habitante nativo do litoral de São Paulo, principalmente da região da
Cananéia.
Cainã (Kaynã): Morador do mato.
Cainara: Enfurecida.
Caingangue: Grupo indígena do Sul do Brasil já integrado na sociedade nacional, cuja língua
era outrora considerada como Jê, e que hoje representa uma família própria - coroado - camé xoclengues.
Caipora: Ou, mais correto, Kahapora, ou Caapora - Ser da floresta, que "nos representa como
um grande homem, coberto de pêlos negros por todo o corpo e cara, montado sempre em um
grande porco de dimensões exageradas, tristonho e taciturno e dando de quando em vez um
grito para impelir a vara". Gilberto Freire definiu o caipora como "um caboclinho nu, andando
de uma banda só, e que quando aparecia aos grandes era sinal certo de desgraça". Ébion de
Lima o definiu como "um caboclinho feio, peludo, que cavalga um porco ou queixada. Molesta
os viajantes com petições de fumo. Faz-lhes cócegas até matá-los de rir. É invulnerável.
Freqüentemente o apresentam como tendo os calcanhares para frente, confundindo-o com os
traços do Curupira", "O gênio das florestas... meio menino, meio bicho, com o corpo todo
peludo e os pés virados para trás, é guardião dos animais...". Couto de Magalhães disse que o
caipora, ou caapora, é tido como um homem colossal, de corpo peludo, montado em um porcodo-mato. Ninguém o podia ver sem ser extremamente infeliz o resto da vida, mas acrescentou
que a tradição lhe dá outra explicação, que o Cahapora era o gênio protetor da caça do mato e
só era visto quando, rodeando-se uma família inteira de animais selvagens, se pretendia
extinguir a mesma. Com isso se pretendeu deixar claro que o ser não é maligno, mas um ser
que pratica a boa ação. Era um ser bastante conhecido, mas a tecnologia vem superando essa
e outras crendices da mitologia indígena. A forma varia regionalmente e segundo as diferentes
descrições feitas na literatura. A raiz significante ora é tida como "habitante do mato", à
semelhança de caipira, ora como "fantasma". De "caá", mato, e "pora", traduzido como
"fantasma" ou como "habitante do mato". Como espírito benfazejo, ou "gênio bonito", poderia
ter decorrido de "caá" e "porã", ou de "poranga", "piranga" bonito.
Cairé: Lua cheia.
Cairu: Árvore de folhas escuras.
Caiuá (caiová): Morador do mato. Nome de uma tribo.
Caiubi: Folhas azuis.
Cajaty: Grande árvore.
Cajobi: Monte verde.
Caju: Existem diferentes tipos de caju, que os nativos chamavam de caju-etê, caju-pirã, cajuí,
caju-açu. O nome correto seria acajuá, com o significado de "fruta amarela com chifre", de aca,
chifre, e juá, fruta amarela. Um importante chefe indígena tinha o nome Cajuí, caju pequeno. O
caju era muito utilizado pelos indígenas para fazer a sua tradicional bebida, o cauim, também
feito de outras frutas, inclusive da mandioca.
Cajuru: Boca do mato, entrada do mato.
Camaiurá: Tribo indígena tupi que vive na região dos formadores do Xingú. Na língua dos
Pataxós (pertencente ao grupo lingüístico macro-jê), Camaiurá (Kamayurá) quer dizer coragem.
Camapuã: Colina em forma de seios.
Camarão: Crustáceo marítimo.
Camb: Seio, teta.
Camby: Leite materno.
Cambyçara: Pessoa que alimenta.
Cambuci: Vaso de água.
Cambuquira: Arbusto de planta.
Camé: Subgrupo da tribo Caingangue.
Camocim: Vaso com água.
Camuá: Palmeira de caule flexível, com pelos espinhosos.
Camu-camu: Fruta que possui grande quantidade de vitamina C e cuja produção vem
substituindo, no Acre, a
exploração dos seringais.
Camury: O peixe Robalo.
Canapi:
Canará: Planta parecida com a cana-de-açúcar.
Cândia: Ruim.
Canga: Aparato usado sobre o pescoço do boi, bem junto à cabeça, para unir dois bois ao
carro. Há quem atribua origem chinesa. No tupi-guarani Akang, cabeça.
Cangaíba: Cabeça ruim ou dor de cabeça.
Cangar: Pôr o animal, ou os animais, os bois, sob o jugo, sob a canga. Cangar os bois no
carro. É verbo corrente no interior. Há quem lhe negue origem indígena e encontre seu étimo
na China, em "cangue", um instrumento de suplício, mas a sua estrutura fonética é
característica do tupi-guarani. O significado também. De Akang, cabeça. Apolinário Porto Alegre
disse que não o encontrou em autores portugueses antes de 1500.
Canguçu: Cabeçudo.
Canhema: Fugir.
Canhembora: Fujão.
Canindé: Arara azul.
Canirim: Broto de flor.
Canitar: Cocar.
Canjica: Embora sua estrutura fonética seja estranha, sua origem é dada como do tupiguarani. Há, porém, quem entenda decorra simplesmente do português "canja". É o milho
quebrado e, também, uma espécie de mingau doce feito com o milho branco quebrado. Papa
cremosa de milho verde cozido no leite, às vezes com outros ingredientes, milho, coco, etc.
Pode ser mesclagem.
Canoa: Embarcação a remo, esculpida no tronco de uma árvore. Uma das primeiras palavras
indígenas registradas pelos descobridores espanhóis.
Canutama:
Capão: Cidade no litoral norte do Estado do RS. De caá, mato, e paum, isolado, com o sentido
de "ilha de mato", uma parcela de mato, de árvores, no meio do campo, abrigo do gado,
conforme a evidente interpretação que recebeu. Usadíssima no linguajar do interior, sobretudo
no sul, até porque não tem significado substituto com essa precisão no português. Se
considerarmos que a noção de "ilha" seria estranha à língua indígena, talvez a palavra decorra
de "caá", mato, e "apuã", redondo, ou seja, mato redondo, a noção que se tem de uma porção
de mato separada da floresta, como a palavra indígena quer realmente dizer.
Capenga: Pessoa coxa, manca ou que falta uma perna. Tida como decorrente do tupi, de
cang, osso, e peng, torto. Lembremos que é próprio do tupi-guarani aglutinar as palavras e,
com isso, suprimir sílabas na junção.
Capim (caapii): Mato fino, folha delgada. Essa é uma palavra que, à semelhança de cipó, não
se tem sinônimo adequado na língua portuguesa propriamente dita. Entrou cedo para a língua
brasileira, da expressão indígena caá, mato, e pi(m), fino, pequeno. Mato pequeno. Dela
nasceu diversas outras, como capinzal, capinar, etc.
Capinar: Tirar, cortar o mato pequeno, o capim. Do tupi caá-pi(m), mato pequeno. Entrou com
tal intensidade na língua brasileira que seus sinônimos, mondar, sachar, são desconhecidos. O
sinônimo carpir também é tido como de origem indígena.
Capivara: Seria adulteração de kaá-pi-u-ara, ou animal que come mato pequeno, capim.
Herbívoro. Os padres usaram o "v" no lugar do "u", em face do latim.
Capivari: É nome comum a muitos rios brasileiros, até por uma razão elementar, pois decorre
de capivara-i, que significa "Rio das capivaras". Também aparece como capibari e Capibaribe.
Capixaba: O natural do Estado do Espírito Santo, com o significado de 'habitantes do mato que
se reúnem em lugares defendidos “(...)”. Em outro significado, seria o "roçado antes de se
queimar". De có-pi-sáua, ou copiçaba, onde có é roça, mas também poderia vir do étimo inicial
caá, mato. Dizem que, no lugar onde hoje é a cidade de Vitória, os índios tinham uma roça, à
qual chamavam "capixáua", ou "capixaba” que se transferiu aos habitantes dali e, depois, aos
do Estado. Também é município do estado do Acre.
Capoeira: O mato que nasceu no lugar da floresta derrubada. De caá, mato, e uera, o que já
foi. O certo, portanto, seria capuera. Há também a palavra portuguesa "capoeira", a gaiola
onde se põem galinhas.
Capoeirar: Fazer capoeira (cortar o mato maior e deixar como capoeira). O mesmo (acima)
que acapoeirar.
Capororoca: Ou caa-pororoca, uma pequena árvore comum no sul, que tem a seguinte
tradução: "árvore que faz barulho", de caá, árvore, pororoca, "barulho, estrondo". Mas, por que
uma árvore teria essa tradução? A explicação é que, ao ser queimada, ela dá estalido. Os índios
e sua lógica.
Capotira: Flor do mato.
Caracu: O tutano, a medula da perna do boi, utilizado como alimento. Embora a origem seja
controvertida, ou de origem portuguesa, se tem também como de origem indígena porque os
índios davam esse nome a uma espécie de bebida feita com mandioca, à semelhança com o
cauim.
Caraguatatuba: Lugar de muitos caraguatás (planta de uso medicinal). Enseada com altos e
baixos. Cidade em SP.
Carajá: Guariba preto, tipo de taquara, tribo que habita a Ilha do Bananal.
Caraíba: Esse é o nome que os nativos passaram a chamar ao invasor e foi traduzido como
"europeu", "homem santo" etc., mas há também, na literatura em geral, evidência de ter sido
aplicado com sentido pejorativo, de "homem mau", como é o caso de Abaíba, de Aba, homem,
e iba, ruim. Outro nome com o qual chamavam o invasor é Peró, que, à toda evidência, não é
nativo. Chamavam os portugueses de Peró e os franceses de Maí. Houve diversas explicações
para esse Peró, entre elas a que nasceu da palavra espanhola "pero" (porém). Simão Estácio de
Sá achou que "Peró parece ser por memória de algum Pedro notável". Anchieta usava como
sinônimo de Pedro. Há, também, Abaité. Aqui a tradução é curiosa: de Aba, homem, e ité,
verde, o que ainda não amadureceu e, portanto, azedo, amargo, ruim, mas há quem traduza
como "homem verdadeiro". Aos padres, chamavam Abaré, de "aba", homem, e ré, diferente.
Também chamavam Abarebebé, que foi traduzido como "padre voador", ou padre ligeiro.
Houve aí, provavelmente, adulteração gráfica da expressão auaré ué-ué, onde ué-ué é o termo
onomatopaico para significar o ato de voar, o bater de asas das aves, e se deve à batina usada
pelos religiosos.
Caramuru: É nome de um peixe. Também se traduziu como "náufrago", de caraí, o branco, e
muru, molhado. É conhecida a história de Diogo Alves Correa, vítima de um naufrágio, com
outros companheiros, ocorrido na entrada da barra da Bahia, em 1510, e que foi salvo pela
índia Paraguaçu, filha do cacique Itaparica, da nação Tupinambá. Os demais náufragos
morreram. Recebeu o nome indígena de Caramuru, que alguns livros de história traduzem
como "Filho do Trovão", mas é simplesmente o nome de uma enguia. Talvez por ter saído do
mar, com um tipo físico alto e magro, fino como uma enguia; foi chamado Caramuru. Outros
acham que tem relação com a espingarda que portava. Em razão dessa história, surgiu o
poema épico, Caramuru, escrito por Santa Rita Durão e publicado em Lisboa em 1781. Foi,
também, nome que se atribuía aos europeus. Diogo viveu muito tempo entre os brasileiros e,
naturalmente, em face de ter aprendido a língua, auxiliou os jesuítas na catequese e os
invasores em geral na conquista, como Tomé de Souza, a quem teria ajudado na fundação das
primeiras cidades portuguesas e no contato com os nativos. Um neto de Diogo Álvares Correa,
Belchior Dias, ficou também conhecido como "Moréia", o Caramuru, ou Belchior Dias Moréia.
Conta-se que, depois de certo tempo como náufrago, Diogo Álvares Correa aproveitou um
navio francês, que o recolheu em um bote, e embarcou para viajar à França, mas a índia
Paraguaçu jogou-se ao mar, nadando para alcançar o navio, pois preferia perder a vida que
perder o amante. Diogo "pede que a salvem, e seguem juntos para a França" (3-21). Isso por
volta de 1516/1518 (3-22). Lá, casa-se com Paraguaçu, que foi batizada, então, com o nome
de Catharina. Devem ter retornado ao Brasil, pois diz a história que eles tiveram quatro filhos e
deram origem ao tronco de uma família de sobrenome Torres.
Carapeba (acarapeba, acarapeva, acarapéua): Tipo de peixe.
Carauari:
Cari: O homem branco, a raça branca.
Caribé: Alimento preparado com polpa de abacate.
Carió (carijó): Nome de tribo. Os índios dessa tribo habitavam o litoral de Santa Catarina,
entrando um pouco no Rio Grande do Sul até o Rio Tramandaí, pelo menos. Também significa o
tipo de galinha pintada, a galinha carijó, justamente pela semelhança com a pintura corporal
dos índios carijós.
Carimã (curimã): Um tipo de farinha de mandioca.
Carioca (kari’oca, cariboca, curiboca): Casa do branco. Essa é uma palavra exemplo de
dúbia tradução. Uma é a de "mestiço", descendente de índio e branco. Outra é "casa do
branco" (do europeu), de caraíba, o homem mau, o europeu, e de oca, casa, talvez em alusão
a uma primeira casa construída pelo francês Villegaignon, no Rio de Janeiro. Mas há outra
tradução, mais lógica, a de que significaria o próprio indígena que ocupava a região, segundo o
nome que dariam a si mesmo, carió, e, nesse caso, seria em vez de "casa do europeu", a casa
do índio. Na verdade, uma das mais importantes aldeias do Rio de Janeiro tinha esse nome
kariok, segundo Lery (in Viagem à Terra do Brasil, no seu Colóquio). Lembremos que os
indígenas que habitavam do Rio de Janeiro para o sul, até os limites de Santa Catarina com o
Rio Grande do Sul, eram os Carijós, ou Cariós. Falavam a língua dos Tamoios. A palavra
carioca, ainda segundo Lery, era o nome de um "pequeno rio próximo, que assim se interpreta:
casa de kariós, composto desta palavra kariós e de ók, que significa casa". Essa nos parece ser
a melhor interpretação. Aliás, ele também cita karió-peár com o significado de "caminho para ir
aos Cariós". Uma explicação para o significado da palavra carió é que, com ela, os índios do Rio
de Janeiro estariam se referindo aos seus ancestrais, os que primeiro habitaram aquela região e
se espalharam para o sul, os Carijós. Ali teria sido, então, a "terra-mãe" deles, a casa dos
Cariós, carioca, seus ancestrais. A raiz aíba, em caraíba, significaria "mau", e caraí significaria
"homem" em tupi. Carioca é o etnônimo aplicado aos habitantes, ou natural do Rio de Janeiro,
mas tem outros usos, como em Fonte da Carioca, Largo da Carioca, Serra da Carioca, etc.
Casira: Inseto munido de ferrão.
Cataguá: Tribo de Minas Gerais. Nome de erva medicinal.
Catanduva: Grande quantidade de árvores rígidas, mato cerrado, espinhento.
Catapora: Pequenas feridas na pele. De tatá, fogo, e pora, parecido com, porque as feridas se
assemelham a pequenas queimaduras.
Cateretê: Música e dança característica de algumas regiões do Brasil. Disse Couto de
Magalhães que era uma dança religiosa dos indígenas. Tornou-se música caipira.
Catiguá: Baixos de leito fluvial, planta rasteira.
Catira: Dança típica indígena.
Catiti: Lua nova.
Caturama: Boa sorte.
Cauâ (Cauã): Gavião.
Caubi (caiubi): Folhas azuis.
Cauê: Homem bondoso que age com inteligência.
Cauim: É uma bebida indígena, feita de mandioca, ananá, de muitas outras frutas e,
principalmente do caju, de onde decorre o nome.
Cauré: Espécie de gavião. (Nheengatu).
Cayari: Riacho dos Cajás.
Cayres: Quadras.
Ceará: Estado brasileiro que, na origem, aparece grafado Siará. De tradução difícil. Teodoro
Sampaio traduziu por "fala ou canta o papagaio", mas reconheceu que é nome de procedência
obscura. José de Alencar, em seu livro Iracema, traduziu por "canto da Jandaia". Capistrano de
Abreu disse que "a palavra Ceará (Siará) é legitimamente 'cariri' (nesse caso, não tupi) e as
explicações até agora tentadas pelo tupi só satisfazem aos próprios inventores...".
Ceci: Minha mãe. Mãe do pranto.
Celerino: Aquele que é ligeiro.
Cembira: Pedaço.
Cendi: Luminosidade, luz.
Cendira: Fraterna, irmã.
Cháke: Cuidado.
Chapecó: Caminho trilhado frequentemente.
Chaiane: Nome de uma tribo indígena norte-americana. Mulher Bonita.
Chiuci (kiuxi): A mãe dos prantos, a mater dolorosa.
Cimeína: Sem polimento.
Cipó: Vegetal fino, como corda. Essa é outra palavra indígena que entrou cedo para a língua
portuguesa, pois, desde a descoberta da América, os navegantes serviam-se dele para fazer as
amarras e cordas dos navios. Gabriel Soares de Souza falou nele: "Deu a natureza no Brasil, por
entre os arvoredos, umas cordas muito rijas e muitas, que nascem aos pés das árvores e
atrepam por elas acima, a que chamam cipós...".
Cipoúna: Cipó preto.
Coaracy (Kuarashí): O sol. A mãe do dia. Mãe dos viventes. A Lua, Jacy, é a mãe dos
vegetais, de yá, vegetal, e cy, mãe. Segundo Couto de Magalhães, outro ser importante na
mitologia indígena é o que ele chamou de Deus do Amor, Perudá. Coaraci foi traduzido como
decorrente de quaraci, de quara, buraco, quando decorre de uara, ser vivente. Vide Guaraci.
Coari:
Cobé (cobi): A maneira como se vive.
Codajá:
Coema: Começo do dia.
Coivara: Processo indígena seguido pelos brancos de derrubar e queimar a floresta para
plantar. Usa-se a expressão "fazer coivara", técnica hoje proibida.
Coivarar: Fazer a coivara, derrubar o mato e queimá-lo, para fazer roça, prática muito usada
no Brasil, com origem na cultura indígena, mas atualmente repudiada e até punível pelos
órgãos ambientais.
Comandacaia: Favas queimadas. Lugar na Bahia.
Congonhar: Fazer a congonha (erva do chimarrão). Preparar a erva-mate.
Congonhas: Cidade do Estado de Minas Gerais. Decorreria do nome de uma tribo. É o nome da
erva utilizada para o chimarrão, a erva mate. Parece de origem não-tupi; talvez do grupo Jê, da
tribo dos Kaingangues.
Copaíba: Árvore da qual se extrai o famoso óleo copaíba para fins medicinais.
Cori: Hoje, logo mais.
Coricoeme: Amanhã de manhã.
Coró: Espécie de taturana.
Coruripe: Município do estado de Alagoas. Rio dos seixos (Cururu – ipe).
Cotiguara: Sócio.
Coty: Até, até que.
Coytê: Então, depois disto.
Criciúma: Cidade do Estado de Santa Catarina. Tal como em Acre, que decorre de aquiri,
criciúma, uma planta da família das gramíneas, deveria ser quiriciuma, já que, conforme disse
Anchieta, não há encontro de consoantes no tupi-guarani, que ele exemplificou em "cra, prá",
etc.
Cuera: Expressão muito usada no Rio Grande do Sul, mais ou menos conforme o significado
original dos índios: "velho, experiente, destemido, valente".
Cuessé: Ontem.
Cuia: De modo geral, a vasilha, feita de um vegetal. No sul do Brasil, tem outra finalidade e
anda de mão em mão, para o tradicional chimarrão, hábito indígena assimilado pelo gaúcho.
Cuíca (ku’ika): Espécie de rato grande com o rabo comprido. Instrumento musical.
Cumari: Tipo de pimenta.
Cunhã: Fêmea.
Cunhã - porã: Mulher bonita.
Cunhã – taí: Menina.
Cunhaú: Rio das mulheres. Cidade no Rio Grande do Norte.
Cupim: Ao pé da letra, pode ser traduzido como "buraco pequeno", ou "buraquinho". De
"quara", buraco, e "pi (m)", pequeno.
Curare: Usado pelos indígenas para envenenar as flechas e cujo princípio ativo entrou para a
medicina, como a curarina, etc.
Curitiba: A tradução mais aceita é pinheiral. Há quem entenda que curi é o nome dado ao
pinhão. O étimo "tiba" é traduzido como "lugar de...". Outro significado para curi é uma espécie
de argila vermelha utilizada para tingir. Aparecem em curiboca, curicaca, curimã, curimatã,
curica, etc.
Curumim (kurumí): Menino.
Curupira (kurupira): Ser que protege a floresta, representado por um pequeno índio com os
pés voltados para trás. Cabelos avermelhados e abundantes. É o gênio tutelar das matas.
Quando troveja, bate nos troncos das árvores, examinando se podem resistir ao temporal. Ilude
os caçadores que só matam pelo prazer de matar. Transforma-se então em caça e se deixa
abater. Mas quando o caçador se aproxima para tomar posse da presa, vê-se diante do cadáver
de um ente querido.
Cururu: O sapo, cururu como os índios chamam, entrou para as histórias infantis e para a
música brasileira: "Sapo cururu, na beira do rio...". Outra tradução difícil: de curu-rub, que tem
ou faz sarna, pela crença de que o simples passar do sapo pelo corpo, e até só pela roupa,
produz erupção cutânea. Nada impede que tenha nessa palavra a raiz juru, boca, tendo relação
com o coaxar do sapo.
Cutucar: Tocar alguém com algo em forma de ponta. Parece ter origem em mbotug, mutuca, a
que fura.
Cy: Mãe.
Cyeíma: Órfão.
Cymeíma: Áspero.
D
Dakota: Amigo. – indígena norte-americano.
Danono: Cerimônia de furação de orelhas (Xavante).
Damacuri: Tribo indígena da Amazônia.
Damanivá: Tribo indígena de RR, da região do Caracaraí, Serra Grande e Serra do Urubu.
Debukiry: Festa.
Dena: Pequeno vale.
Deni: Tribo indígena Aruaque (aruake), que vive pelos igarapés do vale do rio Cunhuã, entre as
desembocaduras dos rios Xiruã e Pauini, Amazônia. Somam cerca de 300 pessoas, e os
primeiros contatos com a sociedade nacional ocorreram na década de 60.
Desmanivar: Tirar a maniva (a parte da rama da mandioca que vai ser replantada).
Diacira: Conjunto de alvéolos em que a abelha deposita o mel.
Diacuí: Planta que floresce no campo.
Diaurum: Onça preta e poderosa.
Dipara: Começar a correr.
E
-Eko: Vida.
-Ekove: Continuação da vida.
-Eko ky’a: Contaminação da vida.
-Exa: Vista.
-Exa pymi: Baixar a vista.
Ebira: Lugar do barco onde se encontram os assentos.
Ebokué i xóu: Veja, ali vai ele!
Ebokué tabaiara our: Veja, ali vem o prefeito!
Eçabara: O campeador. O que procura.
Eçai: Aquele que gosta de festas.
Eçaí: Olho pequeno.
Eçajira: Abertura situada na parte média da membrana Íris.
Eçapira: O que se procura.
Eçara: Ir em busca.
Eçaraia: Aquela que foi esquecida. Esquecimento. Esquecer.
Eçaúna: Olhos pretos.
Ecatú: Bem.
Echaporã: Bela vista.
Ecira: Cozinha que assa na brasa.
Ednaré: Divindade dos Parecis.
Eíra: Açúcar.
Eirapuã: Estrela.
Eirati: Abelha pequena.
Eirete: Mel de abelhas.
Eiruba: Abelha rainha.
Eirunepé:
Emaci: Mal-estar.
Emarã: Qualidade de maldizente.
Embaúba: Árvore oca por dentro.
Embibocar: Pôr na biboca, ou na bioca, nome dado a um buraquinho onde, no jogo de
bolinhas de vidro, deve cair a bolinha. Decorre de biboca, buraco na terra, cova, fenda, gruta.
Do tupi ibi, terra e oca, casa. Por isso se diz: "nessas bibocas", do interior, lugar de difícil
acesso. Há também o verbo embiocar, e embilocar por "entrar no buraco" ou meter-se em
algum lugar.
Embirar: Prender com embira (com amarras de embira), tiras feiras com a casca da árvore
embireira. Ibirá, ou "imbirá" significa madeira, árvore.
Embu-guaçu: Cobra grande.
Emimotara: Vontade.
Emitima: Horta.
Empaçocar: Transformar em paçoca, ou resultar numa mistura indistinguível, como uma
paçoca. Embaralhar, misturar, tornar confuso, dar aspecto de paçoca.
Empanemar: Tornar panema, encapoirar, na caça ou na pesca. É termo amazonense. Do tupi
panema, ruim, o que fica mal.
Empeberar-se: Encher-se de pereba(s), do tupi, ferida.
Empipocar: Criar pústulas ou feridas. Arrebentar. Saltar (como fazem as pipocas)
En:
̃ Sentar.
Endaba:
̃
Assento.
Ena: Derrubar.
Enarê: Deus dos índios.
Encangar: Pôr os bois sob a canga, aparato de madeira que prende dois bois pela cabeça ou
pelo pescoço, ao carro. Embora a palavra acang, cabeça, seja tupi-guarani, há quem rejeite a
origem indígena desse verbo, assim como de cangar. Decorreria de palavra chinesa, "cangue",
para um instrumento de suplicio. Mas há pesquisadores que preferem origem indígena, como
Apolinário Porto Alegre afirmou não ter encontrado a palavra antes de 1500. Também se diz
cangar.
Encarijar: Pôr a erva mate sobre o jirau, ou carijó, onde é chamuscada.
Encuiar: Pôr ou guardar em cuias.
Endi: Luminosidade.
Endyra: Irmã da mulher.
Enola: Magnólia (nome indígena norte-americano).
Enoma: Espécie de besouro.
Entejucar: Embarrar, encher de lama. De tijuca (lamaçal).
Entocaiar: Ficar de tocaia, sob espreita atrás de uma pedra, árvore, etc. Para surpreender a
caça ou o inimigo.
Eora: Perder os sentidos.
Epyak: Ver.
Era: Nome.
Erê: Admiração, assombro.
Erecê (erecina): Sobre as águas.
Ereíma: Que não possui nome.
Erval: Mata com ervas.
Espocar: Arrebentar, abrindo.
Essá: Olho.
Essoby: De olhos verdes ou azuis.
Etá: Muitos.
Etama: Nação.
Etê: Bom, honrado, sincero, verdadeiro.
Eterei: Muito, demasiado.
Eyma: Sufixo de negação.
Exa ka’u: Zonzo.
G
Gabiroba: Com o significado de "fruta adstringente". De fato, quem conhece (comeu) a
gabiroba sabe o gostinho picante que ela tem. De guabi, ao comer, e rob, amargo.
Galibi: Tribo indígena da margem esquerda do alto rio Uaçá, Amapá.
Gambá: Espécie de mamífero marsupial, animal notívago, muito comum hoje no interior, que
invade os galinheiros em busca de galinhas. É sinônimo de bêbado. Parece termo de origem
africana e, portanto, é difícil afirmar seja nome indígena, mas é considerado como tal.
Gapuiar: Apanhar peixe, pescar nos baixios com flecha e arpão.
Garopaba: Cidade do Estado de Santa Catarina. De igaraupaba, de igara, canoa, e upaba,
lugar de pouso. Porto das canoas. Observe que demos como sinônimo da palavra indígena
igara também outra indígena, canoa, porque esta é a palavra corrente entre nós para significar
esse pequeno barco.
Gaúcho: Há quem afirme, com aparente razão, que não é de origem indígena; há uma versão
de que é de origem espanhola, outra com raízes no francês, mas há quem dê significado
indígena, tanto que existe uma interessante lenda a respeito: um campeiro foi aprisionado
pelos indígenas e, como levava o violão, pôs-se em baixo de uma árvore, na aldeia, a tocar e
cantar. Uma índia, filha do cacique, apaixonou-se por ele e pediu ao pai que o libertasse, pois
queria casar com o prisioneiro. O cacique, concordando meio a contragosto, teria dito: Então
queres te casar com esse cantador triste? A expressão "cantador triste", ou gente que canta
triste, é tradução da equivalente indígena: angaú-che, eu canto triste, de guahú, ou angaú,
canto triste, e tche, ou xe, eu. A palavra "gaúcho" significaria, portanto, no tupi-guarani,
"cantador triste", em alusão a esse prisioneiro que teria sido libertado e casado com a filha do
chefe indígena, misturando as raças, o que bem caracteriza a cultura gaúcha, do homem do
campo, que usa o chiripá (vestimenta indígena), as boleadeiras (instrumento indígena), toma o
chimarrão (hábito indígena, no Paraguai chamado tererê), chama ao filho de guri, ou piá
(termos indígenas), come à moda indígena (churrasco na brasa com espeto de pau, etc.),
comporta-se à maneira indígena (os "causos" em roda do fogo, de cócoras), pita o seu cigarro
de palha (hábito indígena), usa muitas palavras e expressões indígenas, a começar por "tche"
etc., etc. Na verdade, muitos desses hábitos são peculiares ao brasileiro do interior, ao caipira,
ao capixaba, ao caboclo, etc., como bem querem significar essas palavras. Na cultura gaúcha
existem muitas palavras de origem indígena, embora muitas delas de outra língua que não a
tupi-guarani, como as dos Charruas, etc.
Gê: Grupo etnográfico ao qual pertencem os tapuias – Jê.
Geribá (gerivá, jirivá): O nome indígena para o nosso coqueiro comum. As palmas, folhas,
são muito aproveitadas para alimentar o gado. De "yari-ibá", o fruto de cacho, segundo
Teodoro Sampaio.
Goiaba: Há dúvida quanto à origem indígena desse nome, embora D'Abbeville o tenha descrito
como “... uma espécie de arbusto que cresce junto às árvores e que os índios chamam goiaba".
"É muito bom ao paladar, principalmente cozido como doce". Na linguagem popular, também
chamam "guaiava" e, nesse caso, mais próxima do tupi-guarani.
Goiás: Estado brasileiro - Essa é uma das palavras que alguns autores rejeitam como de
origem indígena. Entretanto, decorreu do nome da tribo que habitava a região.
Goitacá: Nômade, errante, aquele que não se fixa em nenhum lugar.
Grajaú: “Eu sou o homem!”.
Graxaim: Animal muito comum, espécie de lobo, o guará. Portanto, o nome certo deveria ser
guaraxaim.
Gravatá: Folha de ponta dura, pontiaguda. Cidade em PE.
Gravataí: Rio dos caraguatás. Cidade no RS.
Grupiara: O garimpo, lavras. Cidade em MG.
Gua: Originário de.
Guacira: Tudo o que é cortante.
Guaçu: Grande.
Guaçuí: Rio dos veados. Cidade no ES.
Guaíba: Rio (que alguns entendem seja um lago) que banha a Capital do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, e deságua na Lagoa dos Patos. Significaria "Região de muita árvore de ingá, ou
ingá-iba. Como disse Couto de Magalhães, Yngahyba, lugar de árvore de ingá" (14-78). Para
esse significado, o mais coerente seria ingatiba, de ingá, e tiba, lugar de, mas talvez a
aglutinação tenha cortado o "t". Há outras traduções. Deu nome a uma cidade próxima de
Porto Alegre. De qualquer forma, região de ingá é a tradução mais coerente.
Guaiçara: Tipo de madeira.
Guaíra: Intransitável, não se pode atravessar. Cidade em SP. A grafia correta é Guayrá.
Guaicuru: Veloz corredor.
Guaimbê: Cipó de amarrar.
Guaipeca: Como ainda chamamos aos cachorros “ruins”, que é também o significado indígena.
Guajará: Município do estado do Amazonas. Espécie de árvore da Amazônia.
Guajará – mirim: Município do estado de Rondônia. Guajará é uma árvore de Amazônia, seria
essa espécie, só que pequena (mirim). Rio e baía do Belém do Pará.
Guanabara: Bairro do Rio de Janeiro. Enseada semelhante ao mar, baía grande.
Guanxuma: Espécie de erva daninha, por isso mesmo muito desconsiderada pelos nossos
agricultores. De guaxiuma, "rabo de qualquer animal ou ave".
Guapiaçu: Águas claras.
Guapiará: Cidade em SP. Corresponde a lugar avalado, baixo.
Guapira: Aonde o vale começa.
Guaporé: Cidades em RS, TO e MT. Região dos vales e rios.
Gua’u: Fictício, falso.
Guapy: Sentar-se.
Guapykapukú: Banco.
Guara: De fora, de algum lugar.
Guará: (1) Iguara, ave das águas, pássaro branco de mangues e estuários. (2) Espécie de lobo
– aguará; aguaraçú. Cidade em SP. (3) De guag, enfeites, e rab, plumas, porque era o destino
que davam às penas dessa ave.
Guarabira: Nome de um peixe.
Guaraçá: Luz do sol.
Guaraçaí: Mãe do dia, referente a sol. Cidade em SP.
Guaracema: Fuga das garças.
Guaraci (Quaraci): O criador. O astro Sol. "Mãe dos viventes". De uara, ser, vivente, e ci,
mãe. É o nome dado ao sol, que foi também traduzido como "buraco no céu" de quara, buraco.
Mas, se os índios vissem o sol como um buraco no céu, porque lhe acrescentariam o nome
"mãe"?
Guaraciaba (quaraciaba): Cabelos louros, cabelos de sol.
Guaraciama: Aurora.
Guaraciema: Nascer do sol.
Guaraciara: Pássaro que tem luz como o sol.
Guarani: (1) Raça indígena da América do Sul, habitante desde o Centro Oeste brasileiro até o
norte da Argentina, pertencente à grande nação tupi-guarani. (2) Grupo lingüístico que
pertence ao ramo tupi-guarani. (3) Guerreiro. (4) Aqüífero Guarani, uma das maiores bacias
hidrográficas de água doce no mundo, senão a maior, estendendo-se por parte do Brasil,
Paraguai, Argentina e Uruguai. (5)
Guaraniete: Guarani puro.
Guarantã: Madeira comprida, dura. Cidade em SP.
Guarapari: Cidade no ES. Onde as garças buscam comida.
Guarapiranga: Garça vermelha (flamingo).
Guarapuava: Cidade em SP. O latido ou uivar dos lobos-guará.
Guararapes: Cidade em SP. Os tambores, semelhança do monte na região de PE, onde
aconteceram as batalhas de Guararapes, contra os holandeses (1648-54).
Guararema: Madeira mal-cheirosa, pau d’alho.
Guaratinga (gûyratinga): Garça branca. Cidade na Bahia.
Guaratinguetá: Reunião de pássaros brancos. Cidade em SP.
Guaraúna: Garça escura. Madeira escura.
Guarã: Para.
Guariba: Cidade em SP. Várias espécies de macaco. Gente ruim.
Guariní: Guerreiro, lutador.
Guaripola: Aguardente, cana.
Guarujá: O viveiro, o hábitat dos guarus. Variedades de peixes fluviais. Uma espécie de sapo.
Há os pequenos guarus dos rios e lagoas, conhecidos por barrigudinhos. Apelido dado a uma
tribo de índios. Cidade em SP.
Guarulhos: Cidade do Estado de São Paulo. O comilão (um peixinho) chamado barrigudo.
Guaru foi apelido de uma tribo que ocupava os arredores de Piratininga, hoje a cidade de
Guarulhos, vocábulo aportuguesado.
Guasu: Grande.
Guata: Funcionar.
Guatá: Passear, caminhar, viajar.
Guataha: Viagem.
Guataporanga: Caminhada bonita. Cidade em SP.
Guayi: Semente boa.
Guaxupé: Toca de abelhas, colméia, buraco. Cidade em MG.
Gue: Apagar-se.
Guejy: Abaixar-se.
Gueteri: Todavia.
Gui: De, por.
Guio (guivo): Ao lado de, atrás de.
Guiratinga: Pássaro branco, a garça. Cidade no MT.
Guiricema: A saída do peixe para desova. Cidade em MG.
Guive: Desde que.
Guri: Usado no Rio Grande do Sul como sinônimo de menino, garoto. Tem muitos derivados,
gurizote, guria, etc. Diz-se que guri é o nome do bagre na língua indígena, como também
parece ser o nome mandi.
Gurinhatá: Pássaro de canto forte (o Gaturamo). Cidade em MG.
Gurinhém: Cantar dos pássaros.
Gurupi: Cidade no Tocantins. Rio do cascalho.
Guy (guýpe): Debaixo.
Guyra: Ave.
Guyrá (uirá): Pássaro.
Guyrai:̃ Passarinho.
Guýri: Abaixar.
H
Ha: E, que.
Ha (aha/reho/oho): Ir-se, ir.
Ha hakykuéri: Seguir.
Ha’ã: Jogar a, disparar, tirar, provar.
Ha’aresa: Nascer.
Ha’arõ: Esperar.
Ha’ejevy: Repetir, voltar a fazer.
Ha’etépe: Pontual.
Ha'evéma: Basta.
Ha'evete (ra'evete): Mesmo.
Haguére: Por, a causa de.
Hai: Escrever.
Hái: Ácido.
Háime: Quase.
Haimetéma: Quase.
Halona: Afortunada (nome indígena norte-americano).
Háke: Cuidado.
Haku: Calor.
Hakykuépe: Detrás.
Hapy: Queimar.
Hasýpe: Por fim; apenas.
Hasy: Difícil; doente.
Hatã: Duro.
Havõ: Sabão.
Hayhu: Querer, amar.
He: Agradável.
He’ise: Significa.
Heka: Ver, notar. Buscar.
Hekapyrã: Interessante.
Hekauaka: Mostrar, fazer ver.
Hêe: Sim.
Heja: Deixar.
Hendu: Escutar, ouvir, entender.
Henói: Convidar, chamar.
Henondépe: Diante.
Henyhê: Cheio.
Hepy: Caro.
Hepyme’ê: Pagar.
Hesakã: Claro.
Hese: Por ele.
Heta ára rire: Muito tempo.
Heta (eta): Muitos.
Hetû: Beijar.
Hi’ã: Parece.
Hi’arí: Em cima.
Hi’upy: Alimento, comida, algo comestível.
Hory: Divertido, alegre, feliz.
Hovasa: Bendizer.
Hovy: Verde azulado.
Hovyû: Verde escuro.
Hû: Negro.
Humaitá:
Hupi: Levantar.
Hupity: Alcançar.
Hurassí: Nuvem.
Hyepýpe: Dentro.
I
I: Ele, ela, eles, deles, água, pequeno, fino, delgado, magro.
I:̃ Carocinho, sementinha, pedregulho.
Iacanga: Cabeça d’água, nascente. Cidade em SP.
Îacaré: Jacaré.
Iaceê: Poder de telepatia.
Iaci: Lua.
Iaciara (iaci-uaruá): Espelho da lua.
Iacina: Espécie de borboleta com asas douradas.
Iacri (SP): Nome da filha do cacique da aldeia daquela região.
Iaé (Kamaiurá): Lua.
Iamana: Tipo de flauta, feita de bambu.
Iandara: Metade do dia.
Iandé: A constelação Órion.
Iandê: Você.
Iapuçá (japuçá - jupuçá - jauá – sauá – sawá - saá): Espécie de macaco.
Iara: Personagem da mitologia indígena, a senhora das águas, a mãe-d'água, uma espécie de
sereia, ou mulher-peixe, que atrai perfidamente as pessoas para o fundo dos rios. Tem cabelos
verdes e olhos amarelos. Aparece nos rios da Amazônia, junto com os botos. Nas noites
enluaradas, dança com músicas executadas no fundo das correntes. São de rara beleza. De y,
água, e uara, ser, senhora.
Îase’o: Chorar.
Iataí: Tipo de abelha.
Iba (iwa, iua, iva): (1) Ruim, feio, imprestável. (2) Variação de ubá, madeira, árvore.
Ibá: Fruta saborosa.
Ibacém: Fruto adocicado.
Ibaque: Espaço ilimitado e indefinido onde se movem os astros.
Ibarama: Pomar.
Ibarantâ: Pedaço de madeira.
Ibaretama: Céu.
Ibaré: O fruto que caiu da árvore.
Ibaté: O ponto mais alto. Cidade em SP.
Ibateguara: Município do estado de Alagoas. Lugar alto.
Iberaba: O brilho da água.
Iberê: Nome de uma árvore.
Ibi: Terra.
Ibiá: Cidade em MG. Ladeira, barranco.
Ibiacema: Montanha da terra.
Ibiacy: Terra boa.
Ibiajara (ybyã-jara): Senhor do planalto, cavaleiro do planalto.
Ibiama: A vertente.
Ibiapaba: Serra e chapada. Há uma história pujante a respeito dessa serra, aonde
remanescentes indígenas foram se refugiar dos brancos invasores e ali foram exterminados
numa cruel batalha. Disse D'Abbeville que nessa montanha havia mais de duzentas aldeias de
índios, que, para defender-se dos invasores do continente, nela "guerrearam cruelmente
durante seis semanas, morrendo alguns portugueses e muitos índios..."(5-67). Parece decorrer
de ïbi, terra, e upaba, lugar de pouso, ou "lugar de onde se avista". Mirante, belvedere.
Ibiara: Serra das araras.
Ibiaçu: Pedaço grande de terra.
Ibicuí: Município do Estado da Bahia. Nome de uma Praia no litoral norte do RS, no Município
de Terra de Areia. Traduzido com o significado de "praia". A raiz ibi é terra e cui significaria a
vasilha da farinha. Uí é farinha. A tradução mais coerente seria exatamente "terra de areia".
Ibirá: Árvore, madeira.
Ibiracema: Árvore nova.
Ibiraci: Madeira com abelhas.
Ibirajá: Planta que dá frutos.
Ibirajara: Dono da arma indígena. Nome de uma tribo indígena, com o significado de "senhor
da madeira" porque essa tribo usava um pau como arma de combate nas guerras. De ibirá,
madeira, e uara, ser vivente.
Ibirápitanga: É o nome indígena para o pau-brasil, de ibirá (madeira) e pitanga (vermelho).
Ibirarema: Madeira mal-cheirosa, pau d’alho. Cidade em SP.
Ibiri: Tremor da terra.
Ibitinga: Terra branca. Cidade em SP.
Ibitipoca: Montanha estourada (com grutas).
Ibitira: Grande elevação de terra.
Ibiúna: Terra escura.
Ibotira: Flor pequena.
Ibotirama: Lugar das flores. Município do estado da Bahia.
Ibura: Nascente de água.
Içara (jyçara): Espécie de palmeira do Sul.
Icém: Água adocicada.
Icó (ikó): Ser, estar.
Iderê: Madeira.
Ierê: Movimento em círculo causado pelo cruzamento de ondas.
Ig: Água – i.
Igaci: Lugar para passar no rio. Município do estado de Alagoas.
Iguaçu: Água grande, lago grande, rio grande.
Igapi: Chuva miúda.
Igapira: A nascente do rio.
Igapó: Alagado. Nome amazonense.
Igara: Embarcação pequena.
Igaraçu: Canoa grande. Cidade do PE e SP.
Igarapava: Porto, lugar onde ficam as canoas. Cidade em SP.
Igarapé: Também nome amazonense, com o sentido de "caminho das canoas", que é de fato a
tradução indígena de igara, canoa, e pé, caminho.
Iguaba: Fonte de água potável.
Iguape (‘y kûá-pe): Na enseada do rio.
Iguara: Procedência, habitante de.
Iguatama: Terra de lagoas, lugar de lagoas. Cidade em MG.
Iguatemi: Rio ondulante. Cidade em Mato Grosso do Sul.
Ijuí: Cidade no RS. Rã d’água.
Ikamiaba: Guerreira amazona.
Ikatu: Possível.
Ikê: Aqui.
Ikopukú: Demorar-se; durar, ter vida longa.
Ikupe: O, ele, a ele.
Ilaja porã: Simpático, de bom caráter.
Imbé: Município do Estado do Rio Grande do Sul. Nome de planta, dizem que da família das
aráceas. Há o cipó-imbé. Traduziu-se como "a flexão do verbo ir, estar, na 3a. pessoa", embora
esses verbos não existissem nas línguas indígenas. Há uma tradução de "beiço", lábio, outra de
"corte", abertura.
Imbira: É palavra indígena que entrou cedo para o português do Brasil, por uma razão fácil e
lógica. Imbira é a casca de determinada espécie de árvore (a embireira), que era muito
utilizada para cordoaria e, portanto, servia aos navios e barcos. Os navios aportavam para tirar
imbira e fazer corda. Há um ditado brasileiro: "imbira, vai no mato e nunca tira", querendo
dizer que se fala mas nunca se faz. É o nome da madeira.
Imbituba (imbetiba): Cidade em SC. Muito cipó, cipoal.
Imira: Vegetação.
Inã: Pessoa.
Inaiá (inajá): Palmeira de côco comestível.
Inaiê: Gavião solitário.
Inandê: Cocar; adorno de cabeça.
Inca: Filho do sol. (Nome indígena Inca).
Indaiatuba: Cidade em SP. Grande quantidade de Indaiá (espécie de palmeira).
Indiaporã: Índia bonita.
Iñepyrûme: Princípio, começo.
Inema: Água parada.
Ingá: Há diferentes tipos, um deles, o menor, conhecido popularmente como ingá-feijão e
outra maior como ingá-macaco. É uma espécie de vagem cuja semente é envolta por uma
polpa branca de sabor agradável. Uma tradução é "embebido, empapado".
Inhapim (Inhapi): Fio de água. Inhapim: cidade em MG. Inhapi: cidade em Alagoas.
Inimutaba: Lugar onde se tecem redes. Cidade em MG.
Ipahá (gue): Último.
Ipahapé: Finalmente.
Ipameri: Cidade em Goiás. Pequena ilha fluvial, entre rios.
Ipanema (y-panema): Água ruim para pesca. Água suja. Imprestável, impraticável. Cidade do
Estado de Minas Gerais e bairro (praia) na cidade do Rio de Janeiro. Também se traduz como
"lugar de pouco peixe".
Ipatinga: Lagoa branca. Cidade em MG.
Ipauçu: Lagoa grande. Cidade em SP.
Ipeúna: Cidade em SP. Madeira de casca preta.
Ipiranga: Rio vermelho. Esse nome, significativo na história do Brasil, foi dado a muitos riachos
e tem tradução de "rio, riacho, vermelho, pardo, barrento", de y, água, e piranga, vermelho.
Nas margens do Riacho Ipiranga foi declarada a Independência do Brasil em 7 de setembro de
1822. Essa palavra indígena está no Hino Nacional. Cidade no Paraná.
Ipixuna:
Ipê: Árvore cascuda.
Iperó: Madeira dura.
Ipoema: Ave do pântano.
Ipojuca: Pântano.
Iporã chéve: Gostar.
Iporãma (iporãmante): Suficiente, bastante.
Ipotaa: Vontade.
Ipýpe: Dentro.
Ipuã: Ilha. Cidade em SP.
Ipupiara: Deus raivoso das águas. É o nome, segundo Cardim, dos monstros ou "homens
marinhos", que se acham "nas barras dos rios doces". É o homem-peixe. Há histórias
fantasiosas de ipupiaras que foram de fato vistos e até a de um deles que foi pescado no mar.
Diz-se também igpupiara, em face da pronúncia gutural da palavra "água", y, ou ig.
Iputí: Perigoso.
Indaiá: Tipo de palmeira.
Ira: Mel.
Iracema (eíra-sema): Lábios de mel. Esse é o nome da personagem do escritor José de
Alencar no romance com esse título. Há quem diga que é anagrama de América, mas decorre
das palavras indígenas eira, mel, e sema, saída, para significar "saída, vinda do mel" e, por isso,
o escritor a chamou de "a virgem dos lábios de mel".
Iracy: Abelha rainha.
Iraê: Doce como mel.
Iraí (eíra-y): Rio do mel ou rio das abelhas.
Irajá (eíra-já): Cuia de mel, colméia.
Iramaia (eíra-maia): Mãe do mel.
Iranduba:
Irani (eíra-i): Abelha enfurecida.
Irapuã: Colméia. Abelha que faz casa de terra. Cidade em SP.
Irapuru: Pássaro.
Iraputã: Mel vermelho.
Iratama: Muitas abelhas.
Iratembé: Lábios de mel.
Irati (eíra-ty): Cera de abelha. Mel claro. Cidade no Paraná.
Iré: Depois de, em seguida, depois que.
Irecê: À superfície da água.
Iretama: Cidade no Paraná. Local dos marrecos.
Iriri: Molusco.
Irû: Colega, companheiro.
Irundy: Quatro (4).
Irundyc irundi: Fazer pares.
Irundyca: Quarto (4º).
Irundykmokõi pó: Nº. quarenta.
Irupé: Vitória-Régia.
Ita (itá): Pedra e pode vir a significar também outros materiais duros, como o metal.
Itaberá: Pedra brilhante.
Itaberaba: Diamante, cristal. Cidade na Bahia.
Itabira: Pedregulho, pedra empinada. Cidade em MG.
Itaboraí: O rio que abunda em cascalhos, em pedregulhos. Cidade no RJ.
Itabuna: Cidade na Bahia. Pedra chata e preta, ferro.
Itacira (itá-syra): Lâmina afiada. Pedra cortante.
Itacoatiara: Pedra com escrita. Município do estado do Amazonas.
Itacolomi: Menino de pedra (ita + kurumí). Formação rochosa em MG.
Itacuruba: Cidade em Pernambuco. Pedra áspera.
Itacuruçá: A cruz de pedra, podendo ser também a cruz de ferro porque o indígena designava
por itá o ferro para o qual não tinha palavra própria por desconhecer o metal.
Itagiba: Braço forte como pedra.
Itaguaçu: Cidade do Estado do Espírito Santo. Pedra grande, de itá, e guaçu, grande.
Itagi: Machado de pedra.
Itaguara: Cidade em MG. Comedouro de pedra.
Itaí: Pedra pequena.
Itaim (itai)̃ : Pedra pequena.
Itaimbé: Essa é uma palavra indígena que define muito bem os penhascos e grotas nos morros
e montanhas. Infelizmente, porém, sempre que precisamos escrever sobre cortes nos morros
usamos, alienadamente, o termo inglês "canyon", que significa "canhão" e não tem nada a ver
com os cortes nas montanhas. Na linguagem indígena, decorre de itá, pedra, e imbé, beiço.
Diz-se também que imbé é o nome de um vegetal. Tenho que o nome itaimbé tem melhor
significado. Uma cidade do sul de Santa Catarina, região de muitos itaimbés, onde, na verdade,
o lugar se chama itaimbezinho, se denominou, infelizmente, de "cidade dos canions", quando
com muito mais autenticidade poderia ter se definido como "a cidade dos itaimbés". A cultura
brasileira ganharia pontos e a gente teria menos dessas inglesadas.
Itaipava: Na história dos bandeirantes, essa palavra aparece muitas vezes e incorporou-se,
pois significa aquela parte do rio espraiada, onde tem muita pedra, baixio, onde a canoa não
pode navegar. Também com o significado de corredeira, cachoeira.
Itaipu: A maior usina hidrelétrica do país, se não da América, na fronteira do Brasil com o
Paraguai. Uma tradução é "água que ronca, ou que ferve".
Itaiti: Município do Estado do Rio Grande do Sul. Pedra branca. De itá, pedra e tinga, branco.
Itajaí: Rio pedregoso. Cidade em SC.
Itajobi: Pedra verde, esmeralda. Cidade em SP.
Itaju: Pedra amarela.
Itajubá: Pedra amarela, ouro. Cidade em MG.
Itajuí: Rio onde se encontra ouro.
Itakua: Cova.
Itamaracá: Chocalho de pedra (chocalho indígena).
Itamaraty (Itamarati): Cidade em MG. Rio dos cristais, das pedras soltas. (Itamarati =
município do estado do Amazonas).
Itambé: Pedra pontuda e com corte.
Itanema: Cobre.
Itaocara: Cidade no RJ. O terreiro em pedras da taba.
Itapecerica: Pedra lisa, escorregadia. Cidade em SP.
Itapema: Pedra.
Itapemirim: Cidade do Estado do Espírito Santo. Traduzido como "caminho da pedra
pequena", de itá, pedra, pé, caminho, e mirim, pequeno. Mas, outro significado mais plausível,
considerando a aglutinação habitual na língua tupi-guarani, pode ser "pequenas lajes", de itá,
pedra, peva, ou péua, achatada, portanto Itapeva, pedra achatada, e mirim. Lajedo.
Itaperuna: Pequena aldeia no meio da floresta.
Itapetininga: Pedra enxuta, seca. Cidade em SP.
Itapeva: Pedra chata, lajedo. Cidade em SP.
Itapevi: Município do estado de São Paulo. Rio das lajes ou do lajedo.
Itapira (Itabira): Município do estado de São Paulo. Pedra alta.
Itapiranga: Pedra vermelha. Município do estado do Amazonas.
Itapoã: Pedra redonda.
Itápolis: Cidade da pedra.
Itaporanga: Pedra bonita.
Itapuã: Ponta da pedra.
Itapuí: Bica de pedra.
Itaquaquecetuba: Muitas taquaras cortantes.
Itaquera: Pedra dormente ou dura. Bairro de SP.
Itararé: Pedra que o rio escavou.
Itatiaia: Cidade do RJ. A pedra de pontas, a montanha de pedras aguçadas.
Itatiba: Muitas pedras, abundância de pedras. Cidade em SP.
Itatinga: Pedra branca.
Itaú: Rio das pedras.
Itaúna: Pedra preta.
Ité: Ruim, repulsivo, feio, repelente, estranho.
Itororó: É parte de uma música infantil brasileira: “... Fui no Itororó beber água não achei, só
achei linda morena que no Itororó deixei..." Mas não é propriamente um topônimo. Significa o
barulho do riacho, da fonte, da água nascendo na pedra – itá-roró - e, por isso, é usado com o
significado de "pequena fonte de água".
Itu: Cachoeira, queda d’água.
Itubore: Personagem dos Bororos.
Ituiutaba: Cidade em MG. O salto da cachoeira, o lugar próprio para se nadar nela.
Itumbiara: Caminho da cachoeira.
Itupeva: Cachoeira rasa, pequena.
Itúva: Pai.
Ituverava: Cidade em SP. Cachoeira brilhante.
Ityk: Lançar.
Iu (yu, ju): Espinho.
Iua (iwa, iva, iba): Ruim, feio, imprestável.
Iúna: Rio escuro.
Ivaí: Rio das flechas.
Ivair: Rio das flechas. Riacho dos frutos.
Iviturui: Serro frio, frio na parte mais alta de uma serra.
J
-Japavo: Trocar de mulher.
-Japyro: Virar-se.
-Je’a vyky: Pentear os cabelos.
-Jea: Volta.
-Jeporu: Estar em uso, usar-se.
-Jepy: Vingar-se.
-Jere: Dar uma volta.
-Jerovia: Estar valente.
-Jeupi: Trepar (subir).
-Jevy: Voltar. De volta.
-Joko: Trancar.
-Jopou: Visitar.
-Ju: Vir.
-Juvy: Vir.
Ja: Caber.
Ja: Sufixo de fruta.
Jaboatão: Árvore de tronco reto.
Jaburu: De ya, ave, e abiru, farto, por alusão ao grande papo da ave.
Jacamim (Iacamim, Yacamim): Ave ou gênio, pai de muitas estrelas.
Jaçanã (Nhaçanã, Nhançanã): Ave que possui as patas sob a forma de nadadeiras, como os
patos. Espécie de perdiz, ou galinha d'água, com tradução "a que está de olho aberto". Jaçanã
é nome de um bairro de São Paulo, cantado na música de Adoniram Barbosa.
Jaçara: Espécie de palmeira.
Jacarandá: Disse D'Abbevile que os índios usavam o fruto dessa árvore para fazer uma
"espécie de sopa excelente, muito estomacal e nutritiva". Significa "o que tem o cerne duro", de
"y-acan-ratã".
Jacaré: Muitas traduções de palavras indígenas não deixam certeza do verdadeiro significado,
em face das muitas interpretações etimológicas encontradas. É o caso de jacaré, que muitos
dicionários sequer dão o significado etimológico. Existem as traduções de "aquele que é torto,
ou sinuoso", "aquele que olha, que espreita", e "o que olha torto, ou de banda", e decorreria de
hechacaré, ou de y-cha-caré. Entretanto, no nosso modesto entendimento não parece muito de
acordo com a lógica da cultura nativa. Talvez melhor, e possível, observando-se o "espírito" da
língua, dar uma tradução mais coerente. Como esse animal parece estar sempre dormindo,
silencioso, à espera da presa, é possível que o significado seja exatamente de "animal
dorminhoco", haja vista os termos yá, animal, e kiré, dormir, ou o animal que dorme. Portanto,
iákiré, que foi escrito jacaré, como tantas outras palavras com esse fonema gutural que
receberam o jota na escrita. Essa tradução é uma hipótese melhor. Convém esclarecer que
alguns autores entendem, com lógica razão, que o "j" é um som que não existia no tupiguarani, mas foi utilizado para tentar representar um "i" gutural.
Jacareí: Cidade do Estado de São Paulo. Rio dos Jacarés.
Jacarepaguá: Lago do jacaré. Cidade no Rio de Janeiro.
Jacaúna: Indivíduo de peito negro.
Jaci (jacy – laci - jacir): Mãe dos frutos. É o nome indígena para lua, de ya, ser, e ci, mãe. A
"mãe dos vegetais". Os índios sabiam da influência da lua no crescimento dos vegetais.
Jaciaba: Raios de luar.
Jaciara: Nascer da lua. Cidade no Mato Grosso.
Jacicoê: Madrugada.
Jaciema: Movimento da lua.
Jaciendi: O que a lua reflete.
Jacimar: Lua boa para a guerra.
Jacimira: Homem da lua.
Jacina (jacinir, jacinira, jacir): Inseto.
Jacira: Abelha noturna.
Jacirema: Produção do mel da abelha.
Jacobina: Que tem cascalho limpo. Espécie de árvore.
Jacu (yaku): Uma das espécies de aves vegetarianas silvestres, semelhantes às galinhas,
perus, faisões.
Jacuí: Jacu pequeno.
Jacuípe: Município do estado de Alagoas. Lagoas dos jacus.
Jagua pinda: Unha - de -gato.
Jaguar: O que devora (cão, lobo, guará, onça).
Jaguara (yawara): Onça.
Jaguarayra (jaguara rayra): Filhote de onça.
Jaguaracambé: Cão de cabeça branca.
Jaguaré: Cidade no Espírito Santo. A onça verdadeira, das quais há muitas espécies, a preta, a
parda, a pintada. É o animal mais importante da floresta, das quais as mulheres portuguesas
usavam a pele "para alcatifa".
Jaguaressá: Olho de onça.
Jaguariaíva: Cidade no Paraná. Rio das onças ruim de se navegar.
Jaguariúna: Cidade em SP. Rio negro das onças.
Jaguaruna: Onça preta.
Jaguatirica: Onça pequena.
Jahe’o: Chorar.
Jahu: Banhar-se.
Jahuha: Banho.
Jakare (yakaré): Jacaré.
Janarí: Árvore da Amazônia.
Jandaia: Espécie de arara.
Jandaíra: Inseto que produz mel.
Jandira (jandir): Abelha de mel.
Janduí (nhanduí): Nome de um cacique dos Cariris da Paraíba que, segundo Joan Nieuhof,
"na época em que o vi tinha 120 anos. Ele tinha cinqüenta mulheres e sessenta filhos".
Japaratinga: Município do estado de Alagoas. O nome Japaratuba vem do tupi “Japaratuba”, e
ainda “yapara-tyba”, que quer dizer “sítio dos arcos”, por ali os Índios produziram muitos arcos
e flechas.
Japira (yapira): Espécie de ave. Cabeceira do rio.
Japo: Fazer.
Japo tembi’u: Cozinhar.
Japu: Mentira, mentir.
Japysaka: Escutar bem.
Jaraguá: De ponta proeminente.
Jaramataia:
Jari: Riacho dos frutos.
Jarina: Tipo de palmeira amazonense.
Jarinu: Palmeira preta.
Jarýi: Avó.
Jasy (jaci): Lua, mês.
Jataí: Espécie de abelha.
Jati: Tipo de inseto que produz mel.
Jatir: Personagem do livro de Gonçalves Dias.
Javaé: Tribo que habita o interior da Ilha do Bananal. Significa “índios de outra tribo” na língua
Karajá, a qual os Javaés falam.
Javari (jawari): Competição cerimonial desportiva religiosa.
Jave: Durante, quando.
Javy (jejavy): Equivocar-se, perder-se.
Jaú: O escuro, o negro. Nome de um peixe de rio. Cidade em SP.
Je’oi: Acudir, socorrer.
Jeceara: Amancebar-se.
Jeheka: Dedicar-se.
Jehu: Suceder.
Jei: Separar-se.
Jejoko: Conter-se, agarrar-se.
Jejuhu: Encontrar-se.
Jeko: Se diz; há rumores.
Jekuaa: Conhecerem-se, serem conhecidos
(um do outro). Visto. Visivelmente.
Jemoúba: Acomodar-se.
Jenipapo: Árvore muito grande e alta, da qual, disse Cardim, os índios colhem um fruto e
mastigam para retirar o suco que é claro e bonito; no entanto, se esfregar no rosto, ou na mão,
ou qualquer outra parte do corpo com ele, em menos de quatro horas ou cinco horas ela se
torna tão preta como se fosse pretejada com tinta. E não sai se não ao fim de oito ou nove
dias, quando desaparece por si. De "yanipab", frutos das extremidades, da ponta.
Jepe: Inclusive, apesar de, mas.
Jepe’e: Consolar-se, confortar-se.
Jepi: Freqüentemente. Várias vezes.
Jepiara: Atitude de defesa.
Jepohéi: Lavar as mãos.
Jepoka: Torcido.
Jepokuaa: Acostumar-se.
Jeporu: Utilizar.
Jepy’apy: Preocupar-se, sofrer.
Jere: Contorno; volta.
Jerere: Ao redor de.
Jericoacoara: Local das tartarugas.
Jeroky: Dançar.
Jerokyha: Baile.
Jerovia: Confiar, ter fé.
Jeroviaha: Documento.
Jeru: Árvore de madeira dura com frutos de polpa comestível.
Jerure: Pedir.
Jeruxi: Pomba.
Jeruxi pytã: Pomba vermelha.
Jetapa: Tesoura.
Jetavy’o: Aprender.
Jety: Batata-doce.
Jety andai: Certa batata-doce amarela por dentro e vermelha por fora, com sabor de abóbora.
Jety ava: Certa batata-doce branca por dentro e vermelha por fora, não muito doce, se não
deixá-la ao sol por vários dias.
Jety aypi: Certa batata-doce cuja casca contém manchas escuras, e que é branca por dentro.
Jety ju: Certa batata-doce amarela por dentro e vermelha por fora.
Jevy (jey): Voltar a, outra vez, novamente, de novo.
Jey’u (rã): Bebida.
Jibóia: Pode ser a tradução literal de cobra d'água. Cobra é mbóia ou mboy, e "y", água em
uma pronúncia gutural difícil de ser grafada, que os europeus simbolizaram de diferentes
formas: i, y, ig, etc.
Jiçara (juçara): Palmeira fina e alta com um miolo branco, do qual se extrai o palmito.
Jiqui: Um instrumento de pesca, feito de taquara, afunilado, onde o peixe entra, mas não
consegue voltar. De "y-iké-i", aquele em que se entra.
Jirau: Armação em madeira, suporte, tablado. Até pouco tempo, era muito comum nas casas
do interior do Brasil. Um tablado no lado externo da janela da cozinha, onde as mulheres
lavavam os pratos para facilitar que a água escorresse para a rua.
Jirimum: Abóbora.
Joa (ju): Juntamente, juntos.
Joaussuba: Amaram-se.
Joaci (juaci, juacir, juacira): Sedento.
Jogapo: Construir.
Jogua: Comprar. Parecer-se.
Johéi: Lavar.
Jojai: Zombar.
Jojohu: Encontrar-se.
Joka: Romper.
Jokoha: Obstáculo.
Jokuaa: Conhecer-se.
Jopara: Mistura. Mistura de Guarani e Espanhol.
Jope: Acalmar, confortar.
Jope jope pe’ã: Vocês estão de pé lado a lado.
Jopi: Picar.
Jopói: Presente (lembrancinha).
Jovái: Enfrentar-se.
Joykexo: Três - Marias (constelação).
Ju: Vir.
Juá: Fruta amarela.
Juacema: Época dos Juás.
Juarana: Se parece com Jucá (matar).
Juatama: Lugar dos Juás.
Juavy: Diferenciar-se.
Juayhu: Amor mútuo.
Juazeiros: Cidade do nordeste do Brasil, que expressa uma mesclagem lingüística, de juá,
fruta. Aliás, há muitas outras palavras brasileiras resultado de mesclagem. Por exemplo,
raspioca, a raspa da tapioca, etc.
Juba: Amarelo.
Jubaia: Lugar agradável.
Jucá (juka): Matar.
Juçana: Armadilha para pegar aves.
Juçara (Jussara): Que tem espinhos.
Jucassaba: Matador, ação de matar.
Juhu: Encontrar.
Juína (zuí-uiná): Rio do gavião. (Pareci).
Juku’a piru (juku’a puku, juku’a rai): Tuberculose.
Juky: Sal. Simpático.
Jukyry: Salmoura.
Jukysy: Caldo.
Jumana (Ximana, Xumana, Xumane): Tribo do grupo Aruaque.
Jumbeba: Espécie de cacto.
Jumirim: Salto pequeno.
Jundiá: O peixe Bagre. Município do estado de Alagoas.
Jundiaí: Rio dos bagres.
Jupi: Subir. Planta com espinhos. Roçado.
Jupiara: Mitologia indígena.
Jupira: Qualquer planta que alimenta. Roçado.
Juquiá (jiquiá): De boca larga.
Juraci (Yuracy): Mãe das ostras. Aquele que fala o bem.
Jurandi (Jurandir): O que foi trazido pela luz do céu.
Jurandira: Que tem sabor de mel nos lábios.
Jurecê: Boca doce. Aquele que fala o bem.
Jurema (Iurema, jerema): Espinheiro suculento.
Juriti: De pescoço branco.
Juru (ajeru, jeru, ajuru, aîuru): Árvore de madeira dura, com frutos de polpa comestível.
Papagaio. Abertura, boca.
Jurubatiba: Lugar cheio de plantas espinhosas.
Jurubeba (jurumbeba): Planta espinhosa e fruta tida como medicinal. Planta da família das
solanáceas, muito usada como chá caseiro para facilitar a digestão.
Juruena (ajuru-ena): Rio do papagaio. (Aruaque).
Jurujái: Admirar-se.
Juruna: Boca negra.
Jurupari: Uma espécie de gênio da floresta, para alguns, um ser maligno. Os religiosos usaram
jurupari também como sinônimo de "diabo". Couto de Magalhães disse que a palavra jurupari é
corruptela de jurupoari, que, ao pé da letra, traduziríamos como "boca", "mão" e "sobre", com
o significado de "tirar da boca". Enquanto Batista Caetano traduziu por o "ser que vem à nossa
rede, isto é, ao lugar em que dormimos", de y-ur-up-a-ri, porque incluiu a idéia de pesadelo,
que o índio não sabia explicar e atribuía a causas sobrenaturais. Escreveu Couto de Magalhães,
que qualquer dessas traduções exprime, no fundo, um ser sobrenatural que visita os homens
em seus sonhos e causa aflições tanto maiores quanto, "trazendo-lhes imagens de perigos
horríveis, os impede de gritar, isto é, tira-lhes a faculdade da voz". Jurupari foi o nome de um
famoso Cacique indígena que não aceitou a submissão dos brancos e fugiu com sua gente para
a Serra de Ibiapaba, onde resistiu bravamente e morreu numa batalha com os portugueses.
Jururu: Usado na expressão "ele está jururu", triste, acabrunhado, e é isso mesmo que quer
dizer. É a repetição da palavra boca, juru, como quem está com os cantos da boca caídos, está
com dupla boca e, portanto, está triste, acabrunhado, como bem simboliza aquele bonequinho
cujo rosto tem o desenho da boca torcido para baixo, que representa o tristonho.
Juruvy: Meio aberto.
Jyryvipy: Abafar.
Jyva: Braço.
K
Kã: Seco.
Ka’a: Erva mate, planta, erva.
Ka’aguy: Monte, bosque.
Ka’aru: Tarde.
Ka’avo: Erva, verdura.
Ka’ay: Erva mate.
Ka’ê: Assado.
Kachiãi: Indisciplinado, informal.
Kaguara: Ser da floresta, espírito maligno. Ao pé da letra, apenas "um ser do mato", de kaá,
mato, e uara, animal. Ser vivente.
Kái: Queimar-se.
Kaíke (Caíque, Kaíque, Kaíky): Ave aquática.
Kakuaa: Adulto, crescer.
Kaloré: Campo das árvores pintadas. (Caingangue).
Kaluanã: Lutador de uma lenda da tribo Kamaiurá. Grande guerreiro.
Káma: Peito, busto.
Kamaitiorê: Mitologia indígena, da tribo Pareci, significa filho do Deus Enorê.
Kamayurá: Tribo indígena tupi que vive na região dos formadores do Xingu, entre a lagoa
Ipavu e o rio Culuene (MT).
Kamby: Leite, líquido do seio.
Kamísa: Camisa.
Kamurypukú: Robalo comprido.
Kanauã: Dançarino.
Kane’õ: Cansaço, cansado.
Kangy: Deprimido, débil.
Kañy: Esconder-se, perder-se.
Kaolin: Bela jovem.
Kapilla: Cidade.
Karai: Senhor.
Karai ñe’ê: Espanhol.
Karajá: Uma das tribos – Carajá.
Karape: Baixo.
Karayawa: O homem branco.
Karo: Xícara.
Karu: Comer, comilão.
Káso: História, conto.
Katu: Sim, pois.
Katú: Bem, bom, boa.
Katupirí: Melhor. Inteligente, hábil.
Kauitatá:
̃
Bebida.
Kavaju: Cavalo.
Kavara: Cabra.
Kavure’i: Pássaro da boa sorte, atrativo.
Kãwéra: Ser pertencente a raça dos “morcegos – gente”, segundo a crença de muitos povos
da região de Parintins.
Kay’u: Tomar mate.
Ke: Dormir, entrar.
Kê: Aqui.
Keha: Hotel.
Keiroga (kiroga): Planta pequena. (Nome indígena Inca).
Kéra: Dormir. Sonho.
Kerana: Dorminhoco.
Kerexu: Lua crescente. (Pronuncia-se “cretchu”).
Kesu: Queijo.
Kéyguara: Morador daqui.
Kiary: Rio da sujeira.
Kibaana: Tribo da região norte.
Kilombola: Essa é uma palavra que, apesar da sua aparência africana, porque se refere
mesmo aos negros que habitam um quilombo, tem origem indígena. Pelo menos, foi mesclada
com quilombo, africana, e a palavra indígena canhambora, o lugar dos fujões.
Kirera: Os pequenos grãos que sobram na peneira, o milho quebrado ou resíduo de farinha de
mandioca.
Kirirî: Calar-se.
Kisé (quicé, quisé, quecé): Faca velha e/ou enferrujada e/ou cheia de dentes e/ou sem cabo.
Ko: Andar, viver, estar.
Kó aikó: Aqui estou eu.
Ko’ápe: Aqui.
Ko’árupi: Por aqui.
Ko árape: Hoje.
Ko’ê: Amanhecer, manhã.
Ko'êmbuéramo: Depois de amanhã.
Ko’êro: Amanhã.
Koarapukui: Ao longo do dia.
Kóche: Carro, automóvel.
Kóga: Horta.
Kõia: O dobro.
Kóicha: Assim.
Koína he: Pegue, toma.
Kokajá: Plantação queimada.
Kokue: Chacra.
Kokuehe: Faz alguns dias.
Komandá: Fava.
Konory: Título de chefe entre as Ikamiabas.
Kororõ: Rugir.
Kotevê: Necessitar.
Koty: Habitação.
Kotyo: Fazia.
Kóvante jepe: Ao menos, pelo menos.
Kove: Viver, morar.
Kó oikó kó: Ei, ele está aqui!
Ko rei: Estar ocioso, entediado.
Ku: Aquele.
Kûá: Enseada.
Kuaa: Conhecer, saber.
Ku’ã: Dedo.
Kuab: Saber.
Kuairû: Anel.
Kuana (kuanna): Doce perfume.
Kuará: Sol.
Kuarahy: Sol.
Kuarahy’ã: Sombra.
Kuatá: Andar, porém resume-se que a palavra Quatá seja uma alteração fonética de
“Caraguatá”, planta cujos espinhos e fibras eram muito utilizados pelos indígenas.
Ku’asã: Cinturão; faixa.
Ku’e: Mover-se.
Kuarahyreike: Leste.
Kuarahyresê: Oeste.
Kuaray’ã: Sombra solar.
Kuatia: Papel.
Kuatia ñe’ê: Livro.
Kuave’ê: Oferecer.
Kuehe: Ontem.
Kuehe ambue: Anteontem.
Kuimba’e: Homem.
Kukuî: Ficar caindo, ficar-se desprendendo (o fruto, o cabelo, etc.).
Kumari: Comadre.
Kumby: Provar.
Kuñakarai: Senhora.
Kuñataî: Senhorita, moça.
Kundaha: Investigar.
Kundury: Antigo povo da região do rio Nhamundá.
Kunhãaoba: Roupa de mulher.
Kunu’û: Mimos, carícias.
Kupépe: Atrás de.
Kure: Cedo.
Kuri’a: Pinhão.
Kuriete: Tarde (muito).
Kuru: Lepra, sarna.
Kurú: Caroço, semente, migalha.
Kurumi (kunumi): Menino.
Kurumiguaçú (kunumiguasú): Jovem.
Kururu: Sapo.
Kurusu veve: Avião.
Kutukapukú: Espeto.
Kyá (ky’a): Sujeira. Sujo.
Ky’a’o: Limpar.
Kyhyje: Temer.
Kyju: Grilo.
Kypy’y: Irmã menor.
Kyra: Gordo.
Kyre’ÿ: Vontade, desejo.
Kyrÿi: Frágil.
Kysepukú: Faca comprida.
Kytî: Cortar.
Kyvy: Irmão da mulher.
L
Lacirandy: Luar.
Laja: Costume, classe, caráter.
Lambari: Interessante, porque a letra "l" não era utilizada no tupi-guarani. O nome do peixe,
na verdade, era arambari, que foi adulterado.
Lauana: Coração de ouro. (Não é tupi).
Laurare (Karajá): Marimbondo.
Lauré (Pauetê – Nambiquara): Arara vermelha.
Layane: Aquela que busca mansamente o destino certo. (Não é tupi).
Leri: Molusco acéfalo.
Liga: Conseguir.
M
-Mboje’a vyky: Pentear os cabelos de outra pessoa.
-Moã: Desvendar (aquilo que cobre; como um pano cobre o rosto).
-Moã: Fazer ficar de pé. Ixy omemby'i omo'ã ratã - a mãe fez seu nenê ficar firmemente de pé.
-Mokuaray’ã: Sombrear (algo, da luz).
M (mýi): Mover-se.
Ma: Já.
Ma’ê: Olhar, observar.
Macá: Fruta silvestre.
Macaba: Fruto da macaúba.
Macatuba: Abundância de Macás.
Macaubal: Ajuntamento de Macás.
Maceió: Aquele que possui asas.
Macunaíma: Ser da mitologia indígena, que trabalha durante a noite e criou a terra e as
plantas, e se tornou conhecido por ter sido utilizado na literatura por Mário de Andrade (que o
coletou de uma tribo amazônica, talvez dos Maués) como um "herói sem nenhum caráter", no
seu livro "Macunaíma".
Maenduar: Lembrar.
Maerãpa: Para que.
Magé: Feiticeiro.
Maguari: Uma ave. Decorreria de mbaguari, lerdo, pesado.
Mahy: Se, como, porque, quando.
Maiara: A sábia.
Mainumby: Beija-flor.
Mair: Pessoa de pele clara.
Maíra: Nome de entidade mitológica dos antigos índios da costa que serviu para designar os
franceses, que os índios supunham ser criaturas sobrenaturais. Significa assim, também,
francês.
Mairá: Uma das espécies de mandioca, típica da região Norte.
Mairi: Reduto dos franceses (cidade).
Mairú: Espécie de mandioca, mandiocaçú.
Mairarê: Amanhã.
Mairiporã: Cidade em SP. Cidade bonita.
Maiteipa: Saúdo; saudação.
Majuí: Andorinha.
Makakarekuia: Espécie de árvore de várzea. Ao pé da letra, quer dizer castanha de macaco.
Malisia: Pensar, supor.
Mamó: De fora, de algum lugar.
Mamóguipa (mamoyguápa): De onde.
Mamópa: Onde, aonde.
Mamõyguara: Estrangeiro, o que veio de fora.
Maña: Olhar.
Manacá: Flor nas cores azul e branco.
Manau: Tribo do ramo Aruaque (aruake) que habitava a região do rio Negro.
Manauara: Natural de, residente em, ou relativo a Manaus (capital do estado do Amazonas).
Mandaguari: Um tipo de abelha. Também nome de uma cidade no Paraná.
Mandi: Pois, só, apenas.
Mandi’o rapo: Raiz da mandioca.
Mandi’o: Mandioca.
Mandioca: Aipim, macaxeira. A culinária brasileira típica é profundamente indígena. Nem
poderia ser de outro modo. O que alimentou os primeiros imigrantes europeus e alimenta,
ainda hoje, grande parte dos brasileiros ficou conhecido como "o pão da terra", a mandioca. Foi
essa raiz nativa que surpreendeu o invasor português pelo seu grande valor alimentício e pela
sua fácil produção. Era a rainha da agricultura indígena. A descrição dessa planta foi feita, com
entusiasmo, por muitos dos primeiros escritores da fartura do Brasil. Gabriel Soares de Souza,
por exemplo, a descreveu como uma raiz da feição dos inhames e batatas, que é o principal
mantimento e de mais substância. E descreve o modo de preparo: "rapam-na muito bem até
ficarem alvíssimas, o que fazem com cascas de ostras e, depois de lavadas, ralam-nas em uma
pedra, ou ralo... e, depois de raladas, espremem esta massa em um engenho de palma, a que
chamam tapeti". O nome correto é tipiti. Esse modo de preparo indígena foi absorvido pelo
invasor e ainda continua sendo utilizado por essa grande e importante indústria que nutriu e
ainda nutre a nação brasileira: a produção de farinha e de outros derivados da mandioca. Já o
Padre Fernão Cardim disse que o mantimento ordinário (comum) desta terra que serve de pão
se chama mandioca, e são umas raízes como de cenouras, ainda que mais grossas e
compridas. Simão Estácio da Silveira aplicou o nome mandioca não à planta, mas uma farinha
de umas raízes muito férteis, muito sadias, e muito substanciais. Enfim, esse que foi, e ainda é
o pão da terra, enriqueceu a nomenclatura dos nossos alimentos nativos. Tão importante a
mandioca que, a respeito dela, ficou uma lenda indígena, que vamos resumir: Uma jovem índia
ficou grávida e o cacique quis saber quem era o pai, mas ela afirmou que nunca tivera relações
sexuais com nenhum homem. A criança nasceu e, embora tenha andado e falado
precocemente, morreu um ano depois. Foi enterrado, como é costume indígena, dentro da
própria oca (a casa indígena). De sobre a sua sepultura brotou uma planta, que recebeu o
nome mani-oca, a transformação de Mani, cujas raízes se tornaram o principal alimento da
tribo. Herbert Baldus, referindo-se aos Karajá, disse que segundo "uma lenda destes índios, foi
a estrela vésper que, tendo vindo a terra em figura de homem e se casado com uma moça da
tribo, lhes ensinou o cultivo do milho e da mandioca".
Mandu’a: Recordar-se, lembrar-se.
Manduca: É tido como hipocorístico brasileiro de Manuel. Segundo Teodoro Sampaio, decorre
de Mandu, que era o "modo incorreto de pronunciar Manuel entre os índios". Era também o
nome de uma espécie fantasma que, nas mascaradas das aldeias, se apresentava envolvido em
palha, como um feixe de folhas secas.
Mandyju: Algodão.
Manhaná: Aquele que vigia.
Manhuaçu: Cidade em MG. Chuva forte, de pingos grossos e grandes.
Manhumirim: Cidade em MG. Rio da chuva miúda.
Maní: Deusa da mandioca. Amendoim.
Maniçoba: Cozido, com carne, ou peixe, à semelhança de uma feijoada em que, em vez do
feijão, usa-se a folha da mandioca, muito usado no norte do Brasil. Para a maniçoba, a folha da
mandioca já é vendida triturada nas feiras, em sacos plásticos, principalmente no mercado "Ver
o Peso", em Belém. De mani, mandioca, e çoba, folha.
Manioca: Mandioca (a deusa Maní, enterrada na sua própria oca, gerou a raiz alimentícia).
Maniua (maniva): Folha da planta da mandioca. Usa-se na alimentação da região Norte,
especialmente no Pará.
Manterei: Continuamente, sempre.
Manti: Somente.
Mantiqueira: Gotas de chuva.
Marã: Ato ou efeito de resolver.
Maracajá: Cidade do Estado de Santa Catarina. Nome de um tipo de macaco, o bugio, talvez
por sua característica de berrador, do barulho que faz. Maracá é guizo, chocalho.
Maracanã: Espécie de papagaio. Pode decorrer simplesmente de paracau-anã, papagaios
juntos, ou de mbaracá-ná, parecido com maracá, dado ao barulho dessa ave.
Maragogi: Município do estado de Alagoas. Seu nome significa “rio das Maraubas” (Marahuby), ou rio amplo.
Maraguá: Povo indígena habitante do baixo-amazonas.
Maraíra: Aquele que aprecia mel.
Marajó: Barreira do mar; procedente do mar.
Máramo: Nunca.
Marana: Combate entre duas partes.
Marandu: Notícia, mensagem.
Maranduvá (mandruvá): Espécie de lagarta, taturana, que, quando bate num mandiocal, o
destrói completamente, comendo as folhas. É verde como as folhas da mandioca.
Maraneíma: Donzela virgem.
Marangatu: Santo (a), bendito (a), estimado (a).
Maranhão: Mar grande, mar que corre.
Marani: O que provoca rixas.
Maratekó: Trabalho.
Marave: Nada.
Marave ndoikói: Não importa.
Marcha: Funcionar.
Mari: Árvore com muitos espinhos.
Maricy (maricí): Índia Tupã.
Marié: Rio do fruto mari.
Mariú: Rio do fruto umari.
Maruim: Cidade do Estado de Sergipe. Pode ser Rio dos Mosquitos. De mberu-í, mberu, mosca,
mosquito, e i, rio. Em Santa Catarina, próxima às cidades de Laguna e Imbituba, região de
cultura açoriana, há uma cidade e uma lagoa com o nome de Imarui, que é apropriado, pois
pode ser traduzido como "águas (lagoa, rio, etc.) de muitos mosquitos".
Massau (sagüi): Espécie de macaco de rabo comprido.
Máva mba’épa: De quem.
Mauá: Aquele que é elevado. Parte elevada de um local. Cidade em SP.
Mauarí: Personagem da lenda indígena.
Mayma (va): Todos.
Maymáva: Todo.
M’boy mirim: Cobra pequena.
Mba’apo: Trabalhar.
Mba’e: Coisa, algo, propriedade. Rico, com posses.
Mba’e rovi: Verdura.
Mba’éguipa (mba’éhapa): Por que.
Mba’éichapa: Como.
Mba’embyasy: Triste, melancólico.
Mba’épa: Que.
Mba’ére (he): Por que.
Mba’eve: Nada.
Mba’evete chéve: Não importa.
Mbaê: Nada.
Mbaraka: Guitarra, violão.
Mbarakaja: Gato.
Mbarete: Forte.
Mbayru: Recipiente.
Mbeb (mbeba): Chato, achatado.
Mberu: Mosca.
Mbichy: Tostado.
Mbiú: Comida.
Mbó: Mão.
Mbo’e: Ensinar.
Mbo’ehao: Escola.
Mbo’ehára: Professor (a).
Mboayvu: Voto.
Mboguataha: Aquele que faz caminhar; guia.
Mbohapy: Três.
Mbohe: Condimentar, temperar.
Mboheha: Condimentos, temperos.
Mbohory: Alegrar, encantar.
Mbohovái: Desobedecer, contestar.
Mbohupa: Hóspede. Hospedar.
Mboia (mboja/m’bói): Cobra.
Mboicininga: Cascavel.
Mboja’o: Compartilhar, dividir.
Mbojaru: Xingar.
Mbojere: Traduzir, transladar.
Mbojevy: Vomitar.
Mbojoja: Igualar.
Mboka: Arma de fogo.
Mbokapu: Atirar, disparar.
Mbopu: Tocar.
Mborayhu: Amor.
Mborayhuhápe: Carinhosamente.
Mboraihu: Pobre.
Mbota: Golpear.
Mbotavy: Enganar.
Mbou: Enviar.
Mbovýpa: Quantos.
Mbovy: Poucos.
Mbovyetéramo: Menos; ao menos.
Mbovyve: Grátis.
Mboy’ai: Fazer suar.
Mboy’u: Dar de beber.
Mboyve: Antes.
Mboymiri:̃ Cobrinha.
Mboyusú: Serpente bem grande.
Mburacuyá: Maracujá.
Mburika: Mula.
Mburukuja: Árvore de maracujá.
Mburuvicha: Grande chefe, presidente.
Mburuvicha róga: Casa presidencial.
Mbyaty: Reunir.
Mbyja: Estrela.
Mbyky: Curto.
Mbyry’ái: Tenho calor.
Mbytépe: Entre, entrar, dentro de.
Me: Por, ao. Estar.
Me’ê: Dar, permitir.
Memby: Filho (a).
Meegara:
̃
Garçonete.
Membira: Filho ou filha.
Memby’anga: Afilhado (a).
Membykuña: Filha.
Meme (te): Continuamente.
Mena (ména): Marido.
Menama: Futuro marido.
Menda: Casar-se.
Mendare: Casado.
Mi: Um pouco.
Michî: Pequeno.
Mikro: Micro, coletivo.
Mima: Esconder.
Mimbi: Brilhar.
Mimboé: Ensinado.
Mimby: Flauta.
Mingau: Papa, mingau, com o significado original indígena de "a comida que gruda".
Mira: Pessoa.
Miracema: O nascer de uma criança.
Miri (mirim; mirí): Pequeno.
Mirity: Variação de Buriti, a palmeira.
Mitã: Moço, jovem.
Mitã’i: Menino.
Mitã’i (okambúva): Bebê, lactante.
Mitãkuña: Menina.
Mo: Por, pelo, pela, fazer.
Mo’ã: Pensar.
Moabaré: Tornar padre.
Moacir: Aquele que faz sofrer.
Moacuba (moakub): Aquecer.
Moakãrasy: Dar dor de cabeça.
Moama: Arrumar a armadilha.
Moambue: Mudar.
Moara: Aquele que auxilia no parto.
Moasy: Arrepender-se.
Mocõia: Segundo.
Mocõi mocoin: Fazer um par.
Mocotó: Tipo de comida tipicamente brasileira. De mbocotog, de tradução difícil. Para Teodoro
Sampaio, de "mô-cotog", com a estranha tradução de "faz que jogue; a desarticulação".
Moema: Personagem principal de um poema de Basílio da Gama. Significa doce.
Moendy: Acender, iluminar.
Moeté: Honrar, legitimar, louvar.
Mohesakã: Explicar, esclarecer.
Moî: Pôr, colocar.
Moîebyr: Fazer voltar.
Moinge: Meter.
Moirû: Acompanhar.
Moji – guaçu: Cidade em São Paulo. Rio da cobra grande.
Moji – mirim: Cidade em São Paulo. Rio da cobra pequena.
Mokã: Secar.
Mokaba: Arma de fogo.
Mokambu: Amamentar.
Mokõi: Dois.
Mokõi pó: 10, par de mãos.
Mokunu’û: Acariciar, mimar.
Momaitei: Saudar.
Momaran: Fazer brigar.
Momba: Acabar.
Momba’apo: Fazer trabalhar.
Mombak: Fazer acordar.
Mombáy: Despertar, acordar.
Mombe’u: Narrar.
Momorã: Admirar.
Momorang: Embelezar-se.
Monâ (Monã): Responsável pela criação do Céu e da Terra. Deus do bem para os Maraguás.
Mondýi: Assustar.
Monda: Roubar.
Mondaha: Ladrão.
Monde: Vestir.
Mondó: Mandar, enviar, fazer ir.
Mondykyr: Fazer gotejar, destilar.
Moñenoña: Criar.
Mongaru: Alimentar.
Monger: Fazer dormir.
Mongetá: Discursar.
Monguera: Curar.
Monhang: Fazer.
Monhangara: O que faz.
Monhangaruera: O que fez.
Mooca (mo-oca): Faz casa.
Moõpa: Onde.
Mopaîé: Fazer ser pajé, tornar pajé.
Moponga: Pescaria em que se bate na água, com uma vara ou com a mão, para que os peixes
sejam desviados para uma armadilha.
Mopotî: Limpar.
Moquear: Assar, cozinhar longo tempo. Decorre de moquem, a grelha indígena de assar, um
modo de conservar a carne. Também fazer a moqueca, o guisado de carne cozido
demoradamente.
Moqueca: De mokaen, ou moquém, que, para alguns, deriva de pokeka, que significa
embrulho, para outros decorre do instrumento, do moquem (a grelha indígena de assar) e
ainda para outros significa mesmo o ato de assar na grelha. Os índios assavam o peixe
enrolados em folhas de bananeiras. Esse processo de assar enrolado em folha de bananeiras
continuou sendo utilizado. Faz-se, por exemplo, até pão com farinha de milho novo enrolado
em folha de bananeira e, à moda indígena, assado na brasa, entre as cinzas quentes. Do
processo da grelha, o moquem, nasceu o verbo moquear, com o significado de cozer bem, para
conservar. Além de grelha de assar, o moquem indígena tinha por finalidade conservar a
comida, cozida em fogo lento, que levava até três dias.
Morassema: Saída de gente.
Moraussuba: Amar alguém, amor.
Morerura (porerura): Automóvel.
Moro: Gente.
Morotî: Branco.
Morubixaba: Cacique.
Morumbi: Morro ou colina verde.
Morungaba: Cidade em São Paulo. Beleza.
Mosapyrmokõi pó: Nº. trinta.
Mosem: Fazer sair.
Mossapyra: Terceiro.
Mossapyr mossapyra: Fazer triângulo, vértice ou bico.
Mossema: Fazer sair, enxotar.
Moti’a: Peito.
Motirõ: Mutirão, reunião para fins de colheita ou construção. Comportamento indígena que
entrou, ainda bem, para a cultura brasileira, quando a comunidade se reúne para fazer um
trabalho em comum e sem pagamento.
Moúba: Acomodar.
Mõbuk: Quebrar, fender.
Mupunga (moponga, mupõga): Batição.
Muçum: Espécie de enguia comum nos rios e igarapés do Brasil. Tem a pele gosmenta e muita
lisa, difícil de segurar. Nasceu daí a expressão "liso como muçum". Decorreria de mo-cy, o
escorregadio, que desliza.
Muquirana: Espécie de piolho humano. Termo usado popularmente com o sentido de chato,
aborrecido, imprestável, sovina, etc.
Murici:
Muru: Molhado.
Murukuîá: Maracujá.
Mutuca: Talvez a "mosca", mberu, que fura. Há a tradução mbotug, furar, o que fura,
aguilhoa.
Mutum: Uma ave. Entende-se que o significado do nome está ligado à cor preta, de "pitum",
ou "pituna", escuro, noite, negro.
Myaña: Empurrar.
Myatã: Estirar.
Mymba: Animal doméstico.
Mytasabusú (Pytasabusú): Hotel.
N
-No’ã: Levantar algo juntamente a si próprio, levar e andar.
Ña: Senhora, dona.
Ñaimo’ã: Igual, parecido.
Naindí: Acessório feito de conchas.
Ñana: Erva não medicinal.
Ñandejára: Deus, nosso Senhor.
Ñandu: Aranha. Visitar. Sentir.
Ñangareko: Cuidar.
Ñani: Correr.
Nanine: Personagem principal de uma história Guaicuru.
Ñañu (v) ã: Abraçar.
Ñarõ: Selvagem, bravo.
Ñasaindy: Luz da lua.
Ñati’û: Mosquito.
Ñati’û jokoha: Mosquiteiro.
Ñe’ême’ê: Prometer.
Ñe’enga: Refrão, provérbio.
Ñeha’ã: Esforçar-se.
Ñehê: Derramar-se.
Ñekuave’ê: Oferecer-se.
Ñekytî: Cortar-se.
Ñembo’e: Rezar. Aprender.
Ñembo’euka: Aprender.
Ñembohory: Burlar-se.
Ñemboi: Despir-se. Desnudar-se.
Ñemboki: Apaixonar-se.
Ñembosako’i: Preparar-se.
Ñembyahýi: Fome, apetite.
Ñembyasy: Sentir, lamentar.
Ñembyaty: Reunir-se.
Ñemi: Esconder-se.
Ñemiháme: Escondido, às escondidas.
Ñemonde: Vestir-se.
Ñemongeta: Conversar.
Ñemu: Vender.
Ñemuha: Negócio, vendedor, negociador.
Ñemuha ñemi: Contrabandista.
Ñeñandu: Sentir-se.
Ñepyrû: Começar.
Ñongatu: Guardar.
Ñonte: Solo.
Ñorairõ: Guerra, guerrear, lutar.
Ñoty: Enterrar, cultivar.
Ñu: Campo.
Ñuã: Tapar, abrigar.
Ñyrõ: Perdoar.
Naabaruã: Não homem; não gente.
Naara: Jovem, de espírito vivaz e astuto.
Nadi: Mãe.
Nahániri: Não.
Nahinã: Chuva da tarde.
Naiana: Flor do mel.
Nambi: Orelha.
Nambiquara (nhambiquara): Fala inteligente, de gente esperta. Tribo do Mato Grosso
(pauetê-nanbiquara - baquara - biquara).
Naná (nanã): Fruto que cheira forte.
Nanine: Personagem principal de uma história Guaicuru.
Narã: Laranja.
Nda: Partícula negativa.
Ndahasýi: Sensível, fácil, barato.
Ndaikatuí: Impossível.
Ndaipóri: Não tem.
Nde (endé, ere, ne, nê): Tu, teu(s), tua(s), seu(s), sua(s), mas, antes, finalmente, senão,
ante.
Ndiandemaenduarixoetemomã: Pudéssemos não nos lembrar.
Ndive (ndie, ndi): Com.
Ne’îra: Todavia.
Ne’îra gueteri: Todavia não.
Néi: Permitir, consentir.
Néike! – Vamos!
Nem: Fedorento.
Neputira: Floresce no campo.
Nga’u: Espero que. Oxalá!
Nhae ̃ (nha’em): Prato.
Nhan: Correr.
Nhandeara (Nhanderu): Nosso senhor. Também cidade em São Paulo.
Nhandu: Ema.
Nhe (nhan): Fala; língua.
Nhe’eng: Falar.
Nheengatu: Língua boa, língua fácil de ser entendida (pelos tupis). É uma língua da Amazônia,
uma evolução da língua geral, falada por caboclos no vale do Rio Negro, na Amazônia. É uma
fase atual do desenvolvimento histórico do Tupi Antigo, mas não é o Tupi Antigo.
Nhemima: Esconder-se.
Nhemoyrõ: Raiva, ficar bravo.
Nhenhenhém (nheë nheë ñeñê): Falar muito, falação, tagarelice.
Nhoesembé: Antigo nome da cidade de Porto Seguro – Bahia.
Nhomima: Esconderam-se.
Nhomongetasaba: Parlamento, assembléia.
Nhóte: Nada.
Nhu-yguana: Camponês.
Nhum: Nada. Campo.
Niara: Personagem da mitologia Caingangue.
Nipoã: Campo redondo.
Nita: Grande urso.
Niterói: Cidade no lado nordeste da Bahia da Guanabara. Talvez sua edificação inicial tenha
começado sobre as terras doadas ao índio Araribóia, então batizado de Martim Afonso de
Souza. Recebeu o estranho significado de "água que se esconde". Uma das suas bonitas praias
é Icaraí, também nome indígena, com o significado de "Rio (ou águas) do Cará, ou do Acará".
Embora a aceitação da origem indígena da palavra Niterói, sua estrutura deixa dúvida, parece
mais de origem francesa, ou um desses casos de mesclagem.
Nitio: Nada.
No: Com.
Nohê: Tirar.
Nohê ta’anga: Tirar fotos.
Nong: Pôr, colocar.
Nossema: Sair com, retirar.
Nouri: Não veio; não vem.
Nte: Solo.
Nupã: Castigar, pegar.
Nupeba: Pedaço de terra.
Nuporanga: Cidade em São Paulo. Campo bonito, belo.
O
Oapixana (uapixana): Tribo do ramo aruaque do alto rio Branco, Roraima, nas fronteiras com
a Guiana.
Obá: Rosto.
Obajara: Aquele que luta contra.
Obaké: Em presença de, diante de.
Obeíma: Não possui folhagem.
Obiru: Folha que secou.
Obitã: Folha que endureceu.
Oby (obi, tob): Azul e verde.
Oca (oga): Casa, abrigo, cabana ou palhoça.
Ocara: Praça ou centro da taba, terreiro da aldeia.
Ocaruçu: Praça grande, aumentativo de ocara.
Oî: Há.
Oî porã: Está bem.
Oiapoque: Município do estado do Amapá. Casa dos Uayãpis (guerreiro/parente).
Oimehápe: Aonde quiser.
Oimeraêva: Qual queira, qualquer.
Oirã: Amanhã.
Oirandé: Amanhã.
Ojepé iepé: Ele sozinho.
Ojeroviakue: Pessoas valentes.
Ojibe: Aquele que está em decadência.
Oka (okápe): Fora.
Okára: Campo.
Okapukú: Terreiro comprido, rua.
Okemiri:
̃
̃ Janela, porta pequena.
Okena
̃
(okê): Porta.
Okeni:
̃ ̃ Portinha.
Oki:̃ Casebre, casinha.
Omiri:̃ Casa pequena.
Oñemboty: Fechado.
Opa rire: Depois de tudo, ao final, finalmente.
Opaite: Todos.
Opáma: Acabou.
Opira: Aquele que se responsabiliza por cuidar da casa de quem está ausente.
Oquira: Broto de folhagem.
Oré (asé, jandé, ore, oro, yané): Nós, nosso(s), nossa(s).
Oriba: Alegre, feliz.
Oricema: Rio de gruta mal cheirosa.
Oroausub: Eu te amo.
Osoro: Amassado.
Otinga: Água límpida.
P
Pa: Todo, totalmente. Acabar-se.
Pa’ã: Obstrução. Depender.
Pacaembu: Riacho das Pacas.
Paçoca: Alimento resultante da mistura de carne e farinha de mandioca, que, entre os índios,
era socada no pilão, de onde vem o étimo, aioçoc, socar no pilão, inclusive para esse verbo
socar. Gilberto Freire disse que do peixe, ou da carne pilada e misturada com a farinha faziam a
paçoka, ou paçoca, ainda tão usada no norte. A paçoca de peixe os índios chamavam piracui,
farinha de peixe, muito utilizada nas viagens. Na raiz do significado está "socar no pilão", de
onguá, ou aiá, pilão, e çoc, socar. Também se faz paçoca com farinha e outras misturas, com
açúcar e amendoim (deliciosa), açúcar e castanha (na Amazônia), com banana e açúcar
(comum no café da manhã) e até com farinha de milho (no centro-oeste), etc. É alimento típico
do povo brasileiro e gerou um tipo popular, o paçoqueiro, que, nas viagens, usa a paçoca como
alimento, em razão do seu fácil preparo e conservação. Segundo Teodoro Sampaio, decorre de
"po-çoca", com o sentido de "esmigalhar, esfarinhar". Como se vê, é nome e alimento
brasileiríssimo.
Paha: Final, último, fim.
Pã’i: Sacerdote.
Pa’irã: Seminarista, futuro sacerdote.
Paí-sandu: Padre santo.
Pajé (paîé): Magia, encanto. Curandeiro.
Pajelança: A ação medicinal do pajé, o feiticeiro indígena, o ritual do tratamento do pajé.
Pajerama: Futuro pajé.
Pajerameyma: O que não será pajé.
Pak: Acordar.
Paka: Paca.
Pakobá (pakova): Banana. O nome banana é africano, relativo à espécie introduzida da África,
mas a banana também existia na América, chamada pelos índios de "pacóua", ou como ficou
escrita, "pacoba", que é uma fruta natural desta terra. Apesar das origens diferentes, Gabriel
Soares disse que não há nas árvores de umas às outras nenhuma diferença. Há muitas espécies
da banana nativa e uma delas, talvez a mais saborosa, é por isso chamada no sul de Banana da
Terra, ou, para outros, de banana-maçã. Talvez essa fosse a banana que os índios chamavam
pacoba-mirim, que quer dizer pacoba pequena, que são do comprimento de um dedo, mas
mais grossas. Quase todas as espécies existentes no interior do Brasil receberam nomes
portugueses, mas os indígenas tinham nomes para cada uma delas. O antropólogo Herbert
Baldus citou alguns que conheceu entre os índios Tapirapé, em 1935: Uma banana de trinta
centímetros de comprimento e quinze a vinte de circunferência, a maior das cultivadas pelos
Tapirapé, que por isso a chamam Tatahó. Segundo ele, a essa espécie "os neo-brasileiros do
Araguaia a designam banana comprida". Em algumas regiões do país, essa banana grande é
conhecida por pacovão. O nome tatahó parece algo como banana do fogo, ou quente, e o afixo
hó tem a função de aumentativo. Baldus disse que os índios gostavam de comer a citada
banana quente, "da ação imediata do sol ou da areia aquecida pelos seus raios". Curioso é o
modo, segundo Herbert Baldus, com que os Tapirapé comiam a banana: "Não as descascam,
mas abrem um pouco a casca numa das pontas, tomam esta ponta entre os lábios e esvaziam
então devagar a casca, apertando-a com os dedos, de modo que a polpa mole e pardacenta
entra pouco a pouco na boca". Esse modo de comer a banana, apertando-a, continuou entre
muitos brasileiros até há pouco tempo, se ainda não é assim em algumas regiões. Alguns dos
outros nomes nativos para a banana citados por Baldus: chatá, tatanpiringó, inanchanyni,
ababakingamaé, tatanchova, tatakira. Ele disse que os habitantes desta aldeia cultivavam
também banana-ouro. A uma outra espécie de banana-brava chamavam paankuá. Mas, se a
banana é nativa no interior do Brasil, isso não terá nada a ver com o nome Ilha do Bananal,
dado a uma região do país. Esse nome seria corruptela do nome Karajá Abananá dum chefe
que morava, no Século XVIII, no braço menor do Araguaia. Por fim, vejamos a descrição dada
à banana brasileira por Fernão Cardim, em 1585: Pacoba - Esta é a figueira que dizem de Adão,
nem árvore, nem erva, por uma parte se faz muito grossa e cresce até vinte palmos em alto; o
talo é muito mole e poroso, as folhas que deita são formosíssimas e algumas de comprimento
de uma braça e mais, todas rachadas, como veludo de Bragança, tão finas que se escreve
nelas, e tão verdes, e frias, e frescas que, deitando um doente de febres sobre elas, fica a febre
temperada com sua frialdade; são muitas frescas para enramar as casas e igrejas. Esta erva
deita em cada pé muitos filhos, cada um deles dá um cacho cheio de uns como figos, que terá
às vezes duzentos e como está de vez se corta o pé em que está o cacho, e outros vão
crescendo, e assim vão multiplicando 'ad infinitum' a fruta se põe a madurar e fica muito
amarela e gostosa, e sadia, máxime para os enfermos de febre...". "É fruta ordinária (comum)
de que as hortas estão cheias, e são tantas que é uma fartura e dão-se o ano todo". Simão
Estácio da Silveira disse que há infinitos frutos naturais da terra como são os cajus, mangabas
com sabor de sorva, mas maiores e goiabas, araçás, cajás, guajarás, pacovas e bananas,
bacuris". Aqui, este autor cita diferentemente pacova e banana. Neste caso, pacova é a banana
nativa.
Pamuna: Pamonha, um delicioso "bolinho" de milho verde, cozido na própria palha do milho,
muito comum no interior do Brasil.
Pan: Pergunta.
Panakú: Borboleta comprida.
Panamá: Borboleta.
Panambi: Mariposa.
Pane: Má sorte.
Panem: Imprestável.
Papa: Contar.
Pape: Papel.
Paquerar: Onde dormem as pacas.
Paquetá: Rio cheio de pacas. As índias caxinauás grávidas não comem paca para poderem
dormir, porque a palavra "paca" decorre de "pag", com o sentido de acordar, despertar, e
significa a esperta, a vívida.
Paquinha: É o nome popular dado a uma espécie de grilo-topeira, que anda sob a terra.
Certamente como diminutivo do nome indígena paca.
Pará: (1) Rio grande, mar. (2) Prefixo utilizado no nome de diversas plantas.
Parabiwa: Madeira inconstante, variada.
Paracambi: União das águas.
Paracanã: Tribo encontrada durante a construção hidrelétrica de Tucuruí e que teve seu
território invadido pela represa da usina, tornando-se, desde então, nômades e em fase de
extinção.
Paracatu: Cidade em Minas Gerais. Rio bom.
Paraguai: Rio do papagaio.
Paráguasú: Oceano. Mar imenso. Nome de uma índia, que viveu com o português náufrago
(1510) Diogo Álvares Correa, o Caramuru. Quando Diogo foi resgatado (1516/1518) por um
navio francês, ela jogou-se ao mar para acompanhá-lo e foi levada para a França, onde foi
batizada com o nome de Catharina. Era filha de um chefe indígena da Ilha de Itaparica, na
Bahia.
Paraíba (paraiwa): Rio ruim, que não se presta à navegação. Encachoeirado.
Paraibuna: Rio escuro e que não serve pra navegar.
Paraitinga: Rio de águas claras.
Paraitunga: Designação dada aos paracanãs pelos assurinis.
Parakau: Papagaio.
Paraná (paranã): Grande rio, semelhante ao mar.
Paranaguá: Cidade no Paraná. Enseada do grande rio.
Paranapanema: Cidade em São Paulo. Rio ruim, sem peixe, de pouca utilidade.
Paranapiacaba: Lugar de onde se vê o mar.
Paranatinga: Cidade no Mato Grosso. Rio grande de águas claras.
Paranavaí: Cidade no Paraná. Rio Paraná.
Parapuanã: Rio veloz que se alteia.
Paraopeba: Rio das águas rasas.
Parati (Paraty): Parece que o significado original seria "Rio do Parati", e parati viria de pirati,
um peixe semelhante à tainha, ou a tainha propriamente dita. Ao "pé da letra", pirati, "peixe
branco", de pirá (peixe) e tinga (branco). Nesse caso, lugar de muitas tainhas, ou rio das
tainhas, "rio do parati". Significaria "rio do peixe branco" porque a tainha reflete na água.
Muitos pescadores catarinenses, de cultura açoriana, ainda se servem desse conhecimento e
ficam na praia com a tarrafa na mão à espreita do reflexo da tainha cruzando a onda do mar no
sentido longitudinal e, então, correm para tarrafeá-las. Porém, não exclui o significado "mar
branco", de "paratinga". Curimã é também um dos nomes indígenas da tainha. Teodoro
Sampaio definiu como "a jazida do mar, o lagamar, o golfo", de "pará-ty"
Paresara: Posto de correio.
Pari: Cerca feita de cana. Canal para apanhar peixe.
Paripueira: Município do estado de Alagoas. Praia de águas mansas.
Paris: Cana-de-açúcar.
Pauá (pawa, pava): Muito, tudo, no sentido de grande extensão.
Pauetê-nhambiquara: Tribo da região do Mato Grosso.
Pavuna: Lagoa de águas turvas.
Páy: Despertar.
Pe: Vós, vosso(s), vossa(s), por, ao, a, os, as.
Pé: Caminho.
Peabiru: É o vestígio de uma estrada indígena que unia o sul do Brasil, a partir do Paraná, aos
Andes peruanos.
Peasaba: Porto, embarcadouro.
Peb: Achatado.
Peba (peva, peua, pewa): Branco, branca.
Pederneiras: Pedra de fogo.
Pee~: Vós.
Pehengue: Pedaço, fragmento, parte.
Pene’ã: Sombra de vocês.
Perau: Precipício, penhasco. Do tupi, a parte mais funda do rio ou do mar.
Pereba: Pequena ferida.
Perecer: Com suficiente razão, de origem européia, do espanhol, mas dizem que nasceu da
expressão pereré, que os índios aplicam quando uma ave abatida está se debatendo, tentando
voar antes de morrer, que os brancos assimilaram como "estar a morrer".
Perereca: Espécie de rã. De pere e reg, ir aos saltos.
Pererecar: Andar de um lado para outro, desnorteado, atrapalhado, como a perereca, a rã.
Peri: Planta lisa, delgada e flexível. Esteira de junco.
Perituba (Pirituba): de lugar de banhado, brejo, com muito junco ou juncal.
Pererî: Delgado, magro.
Pernambuco: Mar com fendas, recifes. A tradução mais corrente é "mar furado", ou seja, o
furo, a entrada do lagamar, a abertura, em alusão aos recifes que estão na orla marítima da
cidade de Recife. Decorreria de "paranã-mbuca". Mas não se exclui a tradução de mar preso,
fazendo-se uma analogia com arapuca, armadilha. Outra tradução para puca seria "estrondo",
barulho, referindo-se ao mar que estronda quando bate nos recifes. De pug, o que soa, que faz
som. Há outra e curiosa explicação e, nesse caso, a palavra "Pernambuco" seria uma
mesclagem, e tem relação com a Ilha Fernando de Noronha. Como essa ilha é um referencial
toponímico antigo, pois foi doada a Fernando de Noronha (ou, antes, Loronha), teria a região
de Pernambuco sido chamada pelos religiosos franceses, da Ordem dos Capuchinhos, pelo
nome de "Fernan burg", ou "terra de Fernando", de "burgo", cidade. Misturaram-se, assim,
Paraná-puca e "Fernan burgo". Diz-se também que decorre de Pará-ná, semelhante a mar, e
puçá, e pug, rebentar, arrombar, furar (5-65). Observemos que pug tem dois significados.
Peró: Portugueses.
Pete: Palmada; dar palmadas em.
Peteca: Um "brinquedo que consiste em uma pequena base arredondada e macia, sobre a qual
se encaixa um punhado de penas, e que é lançado para o ar por meio de golpes desfechados
com a mão" (Houaiss). De peteka, bater com as mãos.
Peteî: Um.
Peteîha: Primeiro (1º).
Peteînte: Único.
Petÿ (petyma): Tabaco. Fumo.
Petymbu: Fumar.
Petÿndy: Tabacal.
Peve (meve): Até.
Piá: Filho, menino, garoto, guri. Também usado pelos indígenas para significar órgão interior,
coração, entranhas.
Piaçaba (piaçava): Palmeira, fibra muito utilizada na fabricação de vassouras. É também o
nome da fibra e, utilizada para atadura, seria essa a tradução.
Piaçabuçu: Município do estado de Alagoas. Muita piaçava (piaçava = palmeira + ûasu =
sufixo aumentativo).
Piacatu: Passagem boa.
Piancó: Pássaro que canta.
Piatã: Pedra dura.
Pila’i: Cansado.
Piári: Em busca de.
Piauí: Rio de piaus (tipo de peixe).
Picumã: A fuligem grossa que exala da fumaça dos fogos a lenha.
Piná: Palmeira alta e fina, de onde se extrai o palmito, típica da mata atlântica.
Pinda: Anzol.
Pindaíba: Anzol ruim, quando não se consegue pescar nada.
Pindara: Aquele que pesca.
Pindo (pindoba): Palmeira. Município do estado de Alagoas.
Pindobusú: Palmeirão.
Pindorama: País das palmeiras.
Pinicar: Beliscar. A etimologia aponta esse verbo como português. Mas também se pode
aceitar que ele decorra da palavra tupi-guarani, pinica, exatamente com o sentido que tem,
belisca. Pinica aparece na língua amazônica, principalmente no Pará.
Pióla: Corda.
Pipoca: Espécie de milho, hoje o grão de milho que, estalado do fogo, forma um floco branco,
que se come com sal ou açúcar. No étimo está o barulho resultante do estalo do milho ao fogo,
de onde decorrem outras palavras, como pipocar, empipocar, espocar, etc. Compare-se com
pororoca, que é o barulho das águas oceânicas quando adentram no Rio Amazonas. De "pypoca", "a epiderme partida ou estalada".
Pipocar: Arrebentar, estalar como pipoca.
Pira: Pele.
Pirá: Peixe.
Pirãi (piraí): Piranha.
Piracaia: Cidade em São Paulo. Peixe frito, queimado.
Piracanjuba: Cidade em Goiás. Peixe de cabeça amarela (o Dourado).
Piracema: É época de reprodução dos peixes nos rios brasileiros, quando a pesca fica proibida.
Nessa época, os peixes da piracema nadam em cardumes e costumam saltar fora da água,
principalmente nas cachoeiras que precisam ultrapassar, em busca dos locais de costume para
a desova. Das palavras indígenas pirá, peixe, e sema, sair. A saída dos peixes.
Piracicaba: Cidade em São Paulo. Pescaria.
Piracuí: Esse era um alimento muito importante na cultura indígena. Era a sua farinha de
guerra. Ainda hoje é fabricada pelos brasileiros. Na verdade, é uma paçoca de peixe, como o
nome diz: "farinha de peixe", de pirá, peixe, e ui, farinha. O "c" tem relação com a cuia,
vasilha, da farinha, cui.
Pirajá: Lugar onde se coloca os peixes para serem tratados.
Pirajuba (piraju): Peixe amarelo.
Pirajuí: Rio do peixe dourado.
Pirakajá: Peixe assado.
Pirakutu: Pescar.
Pirambeira: Muitos peraus, penhascos precipícios, lugar nos morros e penhascos de difícil
acesso, cheio de itaimbés, perigoso.
Piranga: Amarelo.
Piranha: Peixe com dente que corta, de pirá, peixe, e aiñ, ou anhã, dente. Os índios usaram a
palavra para significar "tesoura", com bastante propriedade.
Pirão: Uma papa feita de farinha de mandioca, ou também do caldo do feijão, ou de outro
líquido alimentício com a farinha de mandioca. Foi e continua sendo uma forma de comida,
básica para muitos brasileiros, sobretudo para a classe mais pobre. O pirão é um alimento
barato, farinha de mandioca e água, ou feijão, ou a farinha de mandioca na água onde foram
cozidos carne e temperos e outros ingredientes, ou peixe, na forma mais tradicional. Sua
origem, embora controvertida, parece tupi-guarani, tranqüila em sua estrutura fonética. Talvez
tenha o étimo pirá, peixe.
Pirapire: Dinheiro.
Pirapora: Cidade em Minas Gerais. Lugar do rio onde os peixes aparecem à tona, a saída dos
peixes à tona, lugar onde os peixes saltam. Acontecimento freqüente nesta cachoeira do Rio S.
Francisco. A cachoeira de Pirapora.
Piraquara: Cidade no Paraná. Esconderijo dos peixes.
Pirassununga: Cidade em São Paulo. O barulho dos peixes.
Piratininga: Seca de peixe. O primeiro nome da cidade de São Paulo.
Piratyba: Grande quantidade de peixes.
Pire: Pele, casca.
Pire’o: Descascar.
Pirevai: Mal humorado.
Piri: Vegetação do brejo.
Piriricar: Ondular a superfície da água causando piririca, que é a ondulação ocasionada pelo
peixe quando se movimenta a flor d'água. O Houaiss dá esse significado e outros, como franzir
a testa por motivo de raiva.
Piruá: O pirão não bem mexido, que resultou numa mistura não homogênea e ficou empolado,
um piruá. Bolha. Também usado para designar grãos do milho de pipoca que não estouraram.
Pissyca: Apanhar.
Pita: Fumar.
Pitada: Decorrente do tupi-guarani pitima, petigma ou petum, o fumo. Porque era usado em
pequenas quantidades, picado, para o ato de cheirar o rapé (fumar, pitar). Hoje, aplica-se a
pequenas quantidades de qualquer tempero, como o sal, por exemplo. Uma pitada de sal.
Pitaguar (potiguar): Pitiguar, potiguara, que vive entre os rios Parnaíba e Jaguaribe (RN).
Pitãga: Criança.
Pitãgi:̃ Criancinha.
Pitanga: Frutinha muito apreciada, de cor vermelha, que é o significado indígena. Os indígenas
também diziam piranga, ou poranga e referem-se à cor bonita, avermelhada, da fruta. É o
nome dado à cor vermelha, a cor da pitanga.
Pitangui: Nome de uma tribo e que ficou como topônimo e sobrenome de família. Das
traduções possíveis, a mais coerente é "rio das pitangas".
Pitar: De pitanguá, o cachimbo, ou pitima, fumo. Fumar. Ainda é comum a expressão popular
brasileira "vamos pitar um cigarrinho?". O fumo, tabaco, foi um costume nativo americano que
o europeu logo assumiu e fez dele um enorme mercado, até hoje. Aliás, o nome cigarro decorre
de uma palavra dos índios da América Central, cigár.
Piteira: O bocal usado para fumar o cigarro ou charuto.
Piti (poti): Camarão.
Pixaim: De apixai, cabelo crespo.
Po: Saltar. Mão.
Po pyte: Palma (das mãos).
Po’a: Sorte.
Pocema: Brado de guerra.
Pochy: Nojo. Enojar-se.
Poguira: Proteger.
Po guýpe: Em poder de.
Pohã: Remédio.
Pohãno: Curar.
Pohãnohára: Médico.
Pohe: Hábil.
Pohýi: Pesado, grave.
Po’i: Estreito, fino.
Poi: Soltar.
Poia: Alimentar.
Poitára: O que alimenta.
Pok: Estourar.
Poko: Tocar.
Pombéro: Espírito da noite.
Pongaí: Salto pequeno.
Po’o: Arrancar.
Pope: Na mão.
Popessuara: O que está na mão.
Popocar: Abrir, arrebentando.
Por: Pular.
Porãeté (porãgete): Belíssima (o).
Porã: Bela.
Porãiterei: Excelente.
Porãmínte: Muitíssimo bem.
Porandu: Perguntar.
Poranga (porãga, porang): Beleza.
Porangaba: Bela vista.
Porangueyma: Feio, o que não é belo.
Pore’ÿ: Ausente.
Poreno: Fazer amor.
Poriahu: Pobre.
Poro: Gente.
Poroapo: Valorizar, apreciar.
Porombo’e: Ensinar.
Poromboesara: Professor.
Poropissyca: Apanhar gente.
Pororoca: Barulho da água. É um fenômeno do Rio Amazonas, quando o rio e o mar se
encontram e formam uma onda, com estrondo, a qual viaja rio adentro fazendo grandes
estragos nas margens.
Pororok: Explodir.
Poru: Usar.
Pota: Querer, desejar.
Potara: Querer.
Potassara: O que quer.
Potave: Preferir, querer mais.
Potengi (potengy): Rio de camarões. Rio em RN.
Poti (potim): Animal artrópode crustáceo, como o camarão.
Potî: Limpo.
Potiguar: Pitiguar, potiguara, pitaguar, indígena da região NE do Brasil.
Potira: Planta, flor.
Poty: Flor.
Poxixí: Muito feio.
Poxy: Mal, feio.
Pu: Som, música, barulho, ruído.
Pu’ã: Levantar-se.
Puã: Redondo.
Puca: Armadilha.
Puçá (pysá): Armadilha para peixes, tarrafa.
Puçanga: Remédio caseiro receitado pelos pajés.
Puera (pûer): Passado, velho, superado, que já foi.
Puku: Longo, comprido, alto.
Pukuarami: Longitudinalmente.
Pukubé: Ao comprido.
Pukukuévo: Ao longo de.
Pukupukú: Muito comprido; longo tempo, demora.
Pukusara: Espaço, lugar longo.
Pupê (pupé): Em, com, dentro de, no meio de, entre.
Purahéi: Canção, cantar.
Pururuca: Tipo de comida brasileira, como o porco à pururuca, carne amolecida pelo
cozimento, tenra e com a pele torrada e crocante, como torresmo.
Pururucar: Tornar crocante, como o torresmo.
Py: Pé.
Py’a: Coração, entranha.
Py’a mirî: Temeroso, medroso.
Py’a rasy: Fome.
Py’a tyty: Palpitar o coração.
Py’aguapy: Tranqüilizar-se.
Py’aguasu: Valente.
Py’akue: Fígado, tripas.
Py’amirî: Covarde.
Py’apy: Pena, aflição.
Py’arasy: Dor de estômago.
Py’aro: Ódio.
Py’ÿi: Frequentemente.
Pya’e: Rapidamente, depressa.
Pyahu: Novo.
Pyhare: Noite.
Pyhareve: Manhã.
Pyhy: Transar.
Py nandi: Descalço.
Pýpe: Dentro de.
Pypora: Pegada.
Pyri: Perto de, junto de, com, para, em, a.
Pyrû: Pisar.
Pysã: Dedo do pé.
Pysaré kó nakeri: Eis que não dormi toda a noite!
Pysyk: Pegar, apanhar.
Pyta: Parar-se, deter-se.
Pytá: Ficar.
Pytã: Vermelho.
Pytagua: Forasteiro.
Pytangy: Cor de rosa.
Pyte: Chupar.
Pyti’a: Peito.
Pytû: Escuro.
Pytuna: Noite.
Pytu’u: Descansar.
Pytumby: Anoitecer.
Pytyvõ: Ajudar.
Pytyvõhára: Ajudante.
R
Rã: Futuro.
Raha: Levar.
Raira (Membira): Filho.
Ram (rama): Futuro, promissor, que vai ser.
Rambosa: Desjejum.
Rambuera: Passado do pretérito.
Ramo: Acabar de, recém, quando, se.
Rangue: Em lugar de.
Raoni: Chefe e grande guerreiro.
Rapykuéri: Detrás de.
Raruama: Obstáculo.
Rasa: Extremamente.
Rasê: Chorar.
Ré (rê): Amigo (geralmente usado como sufixo: abaré, araré, Avaré).
Recô (rekó): Ter, possuir.
Rehe: Por.
Rei: Em vão.
Rekakaýi: Defecar.
Rekávo: Em busca de.
Remby: Sobrar.
Reme: Se, como, porque, quando.
Rendápe: Ao lado de, junto a.
Renondépe: Diante de.
Resarái: Esquecer-se de.
Ressé: Por causa de, com, por, pelo.
Retama: Nação.
Retê: Demais.
Riré: Depois de, em seguida, depois que.
Ro: Com. Amargo.
Roama: Permanecer em pé.
Rocema: Andar acompanhada.
Roiré: Depois de, em seguida, depois que.
Roguerohory: Felicitações.
Rohory: Apreciar. Felicitar.
Rokéra: Dormir com.
Roquira: Gomo de vegetais.
Rovái: Em frente a.
Ropehýi: Ter sonhos, sonhar.
Ropurahéi: Cantar.
Ro’y: Frio.
Ro’ysã: Fresco.
Ru: Folha.
Ru’anga: Padrinho.
Ruba: Planta, mato.
Rudá: Deus do amor, para o qual as índias cantavam uma oração ao anoitecer.
Rupi: Como, segundo, conforme.
Ry: Líquido.
Rye: Diarréia.
Ryguasu: Galinha.
Ryguasu rupi’a: Ovo de galinha.
Ryryî: Tremer.
S
S: De coisa, bicho.
Saê: Se, como, porque, quando.
Sabará: Cidade no Rio Grande do Sul. Pedra reluzente.
Saci-pererê: Representam-no como um pequeno tapuio, manco de um pé, com um barrete
vermelho e com uma ferida em cada joelho. Aparece também com o nome de Matin Taperê e
Saci-Sererê, ou simplesmente Saci. Disse Ébion de Lima que, de modo geral, o Saci é tido como
um moleque pretinho, de uma perna só, nocivo aos homens. Traz uma carapuça coniforme na
cabeça. Nessa carapuça, sempre de cor vermelha, reside a força de sua magia. Dentes verdes,
orelhudo. Pita cachimbo e tem vista má. Enxerga melhor à noite. Aparece nos redemoinhos.
Assobia e atira pedra invisivelmente nos viajantes. Trança a crina dos cavalos, castiga as
crianças malcriadas e dentro de casa pinta o sete. Nascem nos gomos das taquaras onde se
criam por sete anos. Vivem 77 no mundo, depois voltam a ser cogumelos venenosos ou orelhas
de pau. Para afugentá-los, o homem deve traçar uma cruz no chão e dizer: Saci-Pererê. Como
facilmente se percebe, há nesse personagem, pelo seu barrete vermelho e outras
características (se criam por sete anos... vivem 77 no mundo..., etc) uma evidente mistura
cultural de índio, negro e branco, e de componentes ocidentais, mas os traços principais e a sua
origem mitológica são indígenas. Segundo Couto de Magalhães, "os guaranis dizem Céréré".
Sa’i: Pouco.
Sa’yju: Amarelo.
Sagüi (sawi): Espécie de macaco.
Saíra: Minúsculo, delgado.
Sama: Cordão.
Samambaia: Planta ornamental. Não parece tupi-guarani, mas Apolinário Porto Alegre disse
que procede de Amã, círculo e ambaé, coisa, ou que a forma primitiva fosse caá-amambai, no
tupi da costa.
Sambaqui: São os restos da cozinha indígena, os casqueiros, onde os arqueólogos fazem suas
pesquisas sobre os nossos ancestrais americanos.
Sambyhy: Manejar, conduzir.
Sami: Olhar inquieto.
Samoína: Colar.
Sapatu: Sapato.
Sapé: Espécie de vegetal usado para cobrir habitações.
Sapecar: Chamuscar, crestar.
Sapiranga (eçá’piranga): Cidade no Rio Grande do Sul. Olhos vermelhos, a popular dor nos
olhos.
Sapucaia: Cidade no RS. Traduz como "o que canta", que seria nome dado pelos indígenas ao
galo. Entretanto, o galo não era conhecido. Veio da Europa. Veja-se que "sapucai-y" é traduzido
como "rio das sapucaias", então não há galos em rios, mas sapos. Tradução mais coerente
seria apenas "grito", "cantar" ou "coaxar".
Sapukái: Gritar.
Sapy’a py’a: De vez em quando.
Sapy’a py’aite: Raras vezes.
Sapy’a (itépe): Subitamente, de repente.
Sapy’a (mi): Um instante, um momento.
Saracura: Uma tradução é de çara, espiga, e de cur, comer, o que come milho na espiga. Para
Teodoro Sampaio, uma tradução bastante coerente e que decorre de "tara-cura", engole-milho.
Essa ave parece-se com uma galinhola e vive nos banhados, margens de rios, lagoas e sangas.
Comunica-se por um cantar característico, principalmente ao entardecer. Não caçam-na para
alimento, pelo menos no sul, ainda bem, mas é considerada nociva. De fato, os nossos
agricultores sabem como a saracura aparece para retirar da terra o milho recém plantado.
Sarambi: Desordem, desordenado.
Sarapu: Espécie de enguia.
Sarapuí: Rio das enguias.
Sarará: Cabelo vermelho, ruivo.
Sarutaiá: Macaco de cauda peluda.
Sãso: Livre.
Sauá: Uma das espécies de macaco.
Saúva (satuba): Formiga.
Se: Querer.
Sem: Sair.
Sema: Lábios, boca.
Sembiú: Comida de animal.
Sepetiba: Cerrado de sapê.
Sergipe: Rio do siri. De sirigipe, cuja tradução é "no Rio dos siris", segundo Teodoro Sampaio.
De siri, o caranguejo, e gy, rio. Por sua vez, siri decorreria de ci-ri, deslizar, afastar-se, andar
para trás. Gibá é garra, sirigibá, garra de siri.
Sevói: Cebola.
Sicupira (sucupira): Nome de uma árvore.
Siri: Siri.
So: Romper-se.
Só: Ir.
Sobá: Cara, rosto de animal.
Soo: Animal.
Sooguassú (sooassú, suassú): Veado.
So’o: Carne.
Sok: Bater, socar no pilão. Aparece em paçoca.
Sorocaba: Terra rasgada.
Sorok: Rasgar-se; rasgar.
Sossé: Mais do que, por cima, sobre, em cima de.
Suí: De (origem, causa, proveniência), do, da, longe de, do que (comparativo).
Sumarã: Inimigo.
Sumaré: Espécie de orquídea.
Sunciarai: Estrela da manhã (nome indígena norte-americano).
Sununga: Barulhento.
Supé: A, ao, para, também, em busca de, contra. * Referindo-se à pessoas! *
Supi: Como, segundo, conforme.
Surubin: O peixe Pintado.
Surui: Tribo do parque do Aripuanã, região do Rio Madeira, Rondônia.
Surukú (surucu): De pescoço.
Surukuá (surucuá): De pescoço que se esconde (espécie de ave).
Surukuku (surucucu): De pescoço sinuoso (espécie de cobra).
Sururu: Marisco, mexilhão. Também significa confusão, briga, porque é o nome de um
caranguejo dos mangues, que se amontoam quando disputam por um lugar. É também o nome
da vulva. Talvez de sôo, carne, e ruru, inchado.
Su’u: Morder.
Sy: Mãe.
Sy’anga: Madrinha.
Sÿ’i: Liso, escorregadio.
Syk: Chegar.
Sykyîé: Temer, medo, temor.
Syry: Fluir.
Syryk: Escorregar.
T
T: De gente.
T-aîxó: Sogra.
T-eté: Corpo.
Ta’ýra (ra’y/ita’ýra): Filho.
Ta’anga: Imagem, foto.
Ta’ÿi: Sêmen, esperma.
Taba: Aldeia. Vila.
Tabacema: Alongamento das penas das aves.
Tabajara: O senhor da nossa aldeia.
Tabapuã: Cidade de São Paulo. Cidade (aldeia, no caso) alta ou que fica no alto.
Tabarabuçu: Pedra grande brilhante. A serra das esmeraldas em Minas Gerais.
Tabatinga: Casa branca. Cidade do Estado de São Paulo e do Amazonas, à margem do Rio
Solimões. Literalmente, "aldeia branca", mas há quem diga que é como os índios chamavam o
barro, ou tobatinga.
Tabatinguerá: Jazida explorada, extinta.
Tabira: Caule torto das árvores.
Tabybaté: Vila alta.
Taci: Inseto.
Taciatã: Sofrer.
Tacicema: A carreira das formigas.
Taciguara: O que come formigas.
Tacima: Pedra lisa, alta.
Tacira: Arma cortante.
Taguato resai: Aguardente.
Tahýi: Formiga.
Tahachi: Polícia, agente.
Tái: Picante.
Tãi: Dente.
Taía: Animal de dentes afiados.
Taiaçu (taîasu): Cidade de São Paulo. Porco do mato.
Taiana: Flor do campo.
Taiguara: O liberto.
Tainá: Estrela, raios da manhã.
Tainaçã: Estrela da tarde.
Taioba (taiuba, taiuva): Folha verde.
Taita: Pai.
Taita guasu: Avô.
Tajýra (rajy/itajýra): Filha.
Takã: Remo.
Tako: Vulva.
Taku: Calor.
Takuára: Cana.
Takuare’e: Cana doce.
Takuarivaí: Taquara fina da beira do rio.
Takykuégotyo: Atrás.
Takykuépe: Atrasado.
Tama: País.
Tamandaré: O fundador do povo.
Tamanduá: O caçador de formigas, de cujo abraço até as onças (jaguaretê) tinham medo. De
taci, formiga, e monduá, caça.
Tamanduateí: Muitos tamanduás.
Tamari: Espécie de macaco.
Tanabi: Rio de borboletas.
Tanhandu (Itanhandu): Cidade em MG. Pedra da ema.
Tapera: Casa velha. É a taba (aldeia) antiga, de taba, aldeia, e uera, o que já foi.
Taperá: Andorinha.
Tapi’a: Pênis, testículos.
Tapia: Frequentemente, sempre.
Tapicha: Próximo (o seu próximo), gente.
Tapii: Tribo ou grupo de gente magra.
Tapiira (tapi’ira): Anta.
Tapioca: Espécie de farinha de mandioca, azeda, fermentada. É o resíduo, a goma depositada
pelo sumo da mandioca. E muitos outros, como urucum (do qual se prepara o colorau), jiquitaia
(pimenta), macaxeira (aipim), jerimum (abóbora), açaí, pato no tucupi (uma goma feita do
caldo da mandioca que, com pimenta, é usado como tempero), maniçoba, etc.
Tapiraça: Que tem olhos de anta.
Tapiraí: Terra, lugar ou rio das antas.
Tapiti (tapixi): Lebre, coelho.
Tapo: Raiz.
Tapuia (tapuio): Designação antiga dada pelos tupis aos gentios inimigos, índio bravio.
Tapykue: Parte posterior.
Tapykuéri: Detrás de.
Tapypi: Vulva.
Taquara: Cidade no RS. A taquara é dura e vazia, com buraco. De ta, forte, e quara, buraco.
Madeira dura e oca.
Taquaracê: Bambu adocicado.
Taquarana:
Taquaritinga: Cidade de São Paulo. Rio claro das taquarinhas.
Taraíra: Chamada frequentemente de traíra, mas que o correto deve ser taraíra, de significado
desconhecido, mas tará significa peixe miúdo, peixinho, e íra, filhote, talvez porque a taraíra
(ou traíra) é um peixe voraz, que se alimenta de peixinhos. Outros dizem que simplesmente
decorre de taíra (filho). Uma estranha tradução para taraíra é "arranca pelo", de ta-reyi. Outra
estranha tradução foi dada por Teodoro Sampaio, "o que se contorce". Melhor e mais lógico é
traduzir por "peixe voraz, que se alimenta de filhotes".
Tarauacá: Município do estado do Acre. Rio de muitos troncos.
Tarave: Barata (o inseto).
Tarova: Cântico religioso.
Tarumã: Fruta escura de fazer vinho.
Tasy: Doença, doente, dor.
Tata: Fogo.
Tata endy rykue: Querosene.
Tata raviju: Faísca do fogo.
Tata rupa: Fogão.
Tata‘y: Fósforo, lenha.
Tata yapu: Barulho das chamas.
Tatabebé: Cometa, fogo voador.
Tataindy (tata endy): Vela, luz, chama de fogo, lampião, lanterna, luz elétrica.
Tatakua: Forno.
Tatapÿi: Brasa.
Tatarendy: Chamas.
Tatî: Espinha.
Tatu: Tatu.
Tatu ky: Pernilongo pequeno (ao pé da letra “piolho de tatu”).
Tatu poju: Tatu paulista, Tatu peba. (ao pé da letra “tatu - de - mão - amarela”).
Tatuapé (tatú rapé): Caminho por onde costuma passar o tatu.
Tatuíra: Pode ser traduzido, com bastante propriedade, como "tatuzinho", ou filhotinho de
tatu, de tatu e íra, filhote.
Taturana: Lagarta. Melhor é admitir que seja adulteração de tatá-rana, parecido com fogo, que
queima como o fogo, pois determinadas taturanas (lagartas) queimam e até intoxicam quem
encosta a pele nelas.
Tãtã: Duro, firme.
Táu: Fantasma.
Tauana: Pedra rara.
Taubaté: Cidade de São Paulo. Aldeia grande, importante.
Táva: Povo, cidade.
Tavy: Ignorante, tonto, louco. Pecado sexual. Engano.
Taxo: Verme, larva.
Te (-te): Mas, antes, finalmente, senão, ante.
Teçá: Olhos atentos.
Teçaberaba: Olhos com brilho.
Teçarema: Admiração à vista.
Techapyrã: Exemplo.
Tecoara: Alegria.
Tecobiara: Substituído.
Teindy: Irmão.
Teju: Lagarto.
Teju guaxu: Lagarto preto.
Teju-jagua: Lagarto feroz, ‘’dragão’’.
Teju-retovape: Lagarto branco.
Teju-ro’i: Lagarto pintado.
Tejupá: Aglomerado de ranchos.
Tekaka: Excremento.
Teko: Costume, natureza, modo.
Tekókatú: Virtude.
Tekotevê: Importante, necessário.
Tekovê: Vida, pessoa.
Tembé: Lábios.
Tembiapo: Trabalho.
Tembiasakue: História.
Tembireko: Esposa.
Tembiú (tembi’u): Comida de gente.
Temiarirõ: Netos.
Temimbo’e: Aluno.
Tenda: Lugar.
Tendy: Saliva. Luz.
Tendyva: Barba.
Tenonde: Diante de.
Tenondépe: Adiante.
Tenonderã: Primeiro, antes de tudo, especialmente.
Tepoti: Excremento.
Tepy: Preço, valor.
Téra: Nome.
Térã: O.
Téra joa (py): Apelido.
Terere: Mate frio.
Tesa: Olho.
Tesãi: Saúde.
Tesáy: Lágrima.
Tetã: Pátria, país.
Teté: Corpo.
Tetekue: Cadáver.
Tetyma: Perna.
Tevi: Ânus.
Thauany: Flor, deusa da lua.
Thayana (Taiany, Rayana): Os primeiros raios de sol.
Tî: Nariz. Ter vergonha.
Tiba (tiwa, tiua, tuba, tyba): Abundância, cheio, grande quantidade.
Tibiriçá: Nome de um famoso cacique dos Guananazes, que ajudou os portugueses a defender
São Paulo dos ataques dos índios Tamoios. Morreu em 25 de dezembro de 1562.
Tietê: Água boa, rio verdadeiro, volumoso. Esse importante rio paulista teve muitas traduções,
como "Rio grande", caudaloso, de águas salobras e rio verdadeiro. Parte da dúvida estava na
acentuação da letra final: tietê, ou tieté. Prevaleceu a primeira e, nesse caso, como entendeu
Afonso de E. Taunay, "Parece fora de dúvida que realmente significa Rio grande, caudaloso".
De fato, esta é a definição mais coerente. De acordo com Couto de Magalhães, "padre Anchieta
diz que o Rio Tietê, palavra a que ele dá o significado de madre, ou mãe do rio, era chamado
pelos aborígines paulistas Anhamby, e significa terra de Anhangá, ou Terra dos Veados". Veja
Anhembi. E muitos outros, como Itaqui, etc.
Tie’ÿ: Escandaloso.
Ticuna: Tribo da região norte.
Tigüera: A roça de milho depois de colhido. Roça velha. Dizem que decorre de abatiuera, de
abati, milho, e uera, que já foi. Outro significado: "assolado, consumido, destruído". De ti-uera.
Tijuca (tiyug, tyîuka): Bairro do Rio de Janeiro. Líquido podre, lama, charco, pântano,
atoleiro.
Tijucupauá (tiyukopawá): Lamaçal.
Timbo: Fumo, cigarro.
Timbó: Cidade do Estado de Santa Catarina. Nome de um vegetal utilizado pelos índios para
entorpecer os peixes e facilitar a pesca, também chamado tingüi. Essa técnica foi utilizada pelos
brancos até pouco tempo.
Tim (timburi): Nariz, bico, focinho, saliência.
Timburé (ximburé, timburé): Espécie de peixe de rio, com manchas pretas.
Tinga (tin, ting): Branco.
Tipiti: Instrumento indígena feito com folhas de jirivá, entre outras, uma espécie de cesto
cilíndrico, utilizado para espremer a mandioca e fazer escorrer o sumo venenoso. Continuou
sendo usado até pouco tempo na fabricação de farinha de mandioca.
Tipóia: As mulheres indígenas de algumas tribos usavam uma espécie de vestido de algodão
chamado tipói, que é também o nome dado à tira onde seguram os filhos. Uma tradução de
tipói é "pendente das coxas, roupa pendente, rede de cobrir".
Tiririca (tiririka): Arrastando-se, alastrando-se. Planta dos banhados, de folhas finas. A
tradução, pelo tupi, seria "arrastar-se", o que não é coerente, porque ela não é propriamente
uma planta rasteira. Os fonemas "iriri" aparecem muito nas palavras relacionadas aos alagados,
como em "piri", outra planta como a tiririca, e "piriá", o animal dos banhados. Uma tradução
possível, considerando esses étimos, seria "vegetal fino dos banhados". Ao cruzar um banhado
de tiriricas se constata que as folhas da tiririca, muito finas, cortam a pele quase
imperceptivelmente e deixam qualquer um irritado. Talvez daí decorra a expressão "ficou tiririca
da vida".
Tobá: Rosto de gente.
Tobaké: Em presença de, diante de.
Tobatinga: Barro branco.
Tocantins: Nome de tribo indígena que habitou as margens do rio. É palavra tupi que significa
bico de tucano.
Togue: Folha.
Topa: Encontrar.
Toriba: Felicidade.
Tororama: Jorro, borbotão.
Tory: Felicidade.
Tosã (tosãga): Paciência.
Tova: Cara.
Tovasy: Tristeza.
Traipu: Município do estado de Alagoas. Quer dizer “muito peixe”.
Tremembé: Local encharcado, alagadiço.
Tu: Admiração.
Tuaya: Rabo.
Tuba: Pai, tronco. Muito.
Tubarão: Cidade do Estado de Santa Catarina. Não é propriamente um nome indígena. Ao
tubarão os índios chamavam iperu, mas dizem que a cidade catarinense – Tubarão – recebeu
esse nome em face de um chefe indígena poderoso que habitava a região e, nesse caso,
decorreria de tupã-rana, terra de tupã.
Tucano: Uma ave. De "tu" por "ti", bico, e "acang", ósseo.
Tucum: Espécie de palmeira com muito espinho, comum nos banhados, da qual se extrai, das
folhas, fibras muito utilizadas até há pouco tempo para fazer redes (tarrafas) de pescar. De "tucu", espinho alongado.
Tucuruvi: Gafanhoto verde.
Tugua: Fundo.
Tuguy: Sangue.
Tuguysê: Menstruação.
Tuicha: Grande.
Tuja (tuja’i, tujakue): Velho.
Tuju: Barro.
Tukana: Tucano.
Tuku: Lagosta.
Tukura: Gafanhoto.
Tunga: Bicho de pé, que fere e faz coçar. Recebeu o nome científico de tunga-penetrans. Há
quem dê a esse nome origem não indígena, mas ele aparece desde os primeiros anos da
invasão citado como nome indígena aplicado ao bicho de pé.
Tungar: Dar pancadas, bater, surrar; enganar, iludir, lograr; mostrar-se teimoso, enfático,
teimar; apossar-se de coisa alheia, furtar. O étimo decorreria do nome do bicho de pé na língua
indígena: tunga. Artur Neiva disse que tungar é corrente entre os pescadores de certas zonas
do recôncavo da Bahia.
Tupa: Cama, leito.
Tupao: Igreja.
Tupã: Deus. Trovão. É possível que muitos desses seres mitológicos tenham nascido por
influência dos missionários, ou até criados pelos europeus, como parece ser o caso de Tupã,
nome com que, dizem, os indígenas tratavam Deus. É que, segundo Couto de Magalhães, em
uma hipótese bem aceitável, os indígenas americanos não tinham noção de um Deus único
como nós a temos. Existiam, para eles, diversos seres da floresta, mas nenhum Deus
propriamente dito. Cardim foi claro ao esclarecer que o índio não tem conhecimento algum do
seu criador, nem de coisa do céu, mas tinha medo de um ser a que chamava Curupira,
Taguaigba, Macaxeira, Anhangá. Portanto, a palavra tupã nasceu da necessidade de que eles
tivessem, ou que deveriam necessariamente ter um Deus, e foi tradução errada. Embora o
significado que vamos dar a seguir não esteja muito de acordo com a etimologia tupi-guarani,
contam que, ao perguntar a um índio como ele chamava Deus, ele, por não ter entendido a
pergunta, também perguntou: "O que dizes? – Tu pã?". Aliás, curiosamente é exatamente esta
a tradução dada pelo Padre Montoya, em que "tu" significa "admiração" e "pan", pergunta.
Caso semelhante aconteceu com o nome do animal australiano, pois quando um inglês
perguntou a um nativo da Austrália qual era o nome do animal, o nativo, em resposta, também
perguntou: "O que dizes – Can gu ru?". Os indígenas, é claro, tinham muitos outros nomes para
seres da floresta, das águas, etc, como "Rudá", o Deus do Amor, "um guerreiro que reside nas
nuvens" e tem por missão criar o amor nos corações dos homens para despertar-lhes a
saudade e faze-los voltar para suas tribos depois de suas peregrinações e suas longas
caminhadas pelas florestas.
Tupãóca (tupãnaroca): Casa de deus, igreja. (Palavra inventada pelos espanhóis).
Tupambaé: Coisa de Deus.
Tupasÿ (Tupanci): Virgem Maria. Área de preservação ambiental no Município de Arroio do
Sal, RS. Além dos nomes propriamente indígenas, os brancos passaram a criá-los, juntando
outros nomes indígenas. Esse parece um caso e se traduz como a "mãe de Deus".
Tupi: (1) Povo indígena que habita (va) o Norte e o Centro do Brasil, até o rio Amazonas e até
o litoral. (2) Um dos principais troncos lingüísticos da América do Sul, pertencente à família
tupi-guarani.
Tupi’a: Ovo.
Tupi-Guarani: Uma das quatro grandes famílias lingüísticas da América do Sul tropical e
equatorial.
Tupyja: Vestido.
Turi: Fogueira.
Turiaçu: Fogueira grande.
Turiúba: Árvore de Turi.
Tutyra: Tio.
Túva: Pai.
Tuvicha: Chefe.
Tuvy: Tio.
Ty: Tirar, acumular. Rio, água, líquido.
Tyahýi: Urinar.
Tyapu: Ruído.
Tyba: Grande quantidade.
Tye: Ventre.
Tyeguy: Baixo ventre.
Tyke: Irmã maior.
Tyke’y: Irmão maior.
Tykyra: Pingo, gota.
Tykue (re): Sumo; suco.
Ty ryru: Abdome.
Tym:
̃
Enterrar.
Tymba: Enterrar. Animal doméstico.
Tymbaba: Lugar de enterrar.
Tymbara: O que enterra.
Typycha: Escova.
Tyryk: Escapulir.
Tyvy (tyvýra): Irmão menor.
Tyvyta: Sobrancelhas.
U
Ú (ha'u/re'u/ho'u): Comer, beber, alimentar-se.
U’i: Farinha.
Uã: O talo, a haste.
Uaçá: Caranguejo.
Uaiana: Tribo que deu origem ao nome Guaina.
Ualri: Personagem de lenda indígena, que virou inseto.
Uaná (urissanê): Vagalume, pirilampo.
Ûasu: Sufixo aumentativo.
Uatá: Passeio.
Uauiarará: Boto nas lendas da região norte do Brasil.
Uba: Pai.
Ubá: Canoa, árvore usada para fazer canoas (geralmente feita de uma só peça de madeira).
Ubajara: Dono das armas.
Ubana: Encobrir.
Ubandara: Aquela que forra.
Ubarana: Peixe-pau.
Ubatã (Ubiratã): Madeira dura, forte.
Ubatuba: Cidade do Estado de São Paulo. Porto, ancoradouro das canoas. Os índios chamavam
a canoa também de ubá, além de igara, etc. O certo deveria ser ubatiba, pois dizem que a
tradução de tuba é pai, e tiba, lugar de..., mas, talvez por erros históricos na grafia, o tuba
tomou o lugar de tiba em muitas outras palavras, gerando confusão nas traduções.
Uberaba: Água cristalina.
Ubiracema: Broto de árvore.
Ubiraci: Madeira boa.
Ubirajara: Senhor da floresta, senhor da lança.
Ubirani: Local onde o mel corre.
Ugûy: Sangue.
Uirandi: Legumes sebosos.
Uiratinga: Pássaro branco.
Ukuara: Ofegar.
Umá: Onde.
Umã: Já.
Umarama: Lugar arejado.
Una: Preto (a).
Unaí: Pretinho (a).
Upaba: Lago.
Upeí: Logo, depois.
Upeícha: Assim.
Upeícharamo: Então.
Upépe: Ali.
Upéramo: Naquele tempo, naquela época.
Upi: Como, segundo, conforme.
Upiara: Aquele que luta contra o mal.
Upira: O alimento.
Upité: Logo, portanto, assim que.
Upy: Comestível.
Uru: Cesto, vasilha.
Urucum (uruku): Arbusto que dá um fruto repleto de grãos vermelhos de que se servem os
índios para fazer tinta. Teve grande importância econômica, pois, além de servir aos índios
como tinta, serviu muito tempo – e ainda serve – de corante alimentício, para ensopados,
guisados, o nosso conhecido colorau. Segundo Teodoro Sampaio, significa o vermelhão, a
planta que o produz.
Uruguasumena: Galo.
Uruguasunhã: Galinha.
Ururaí: Rio dos lagartos.
Urutau: Ave fantasma.
Uuba: Flecha.
V
Va: Mudar-se.
Va’ety: Várias vezes.
Vai: Mal, feio, zangado.
Vaícha chéve: Parece.
Vaka: Vaca.
Vaka ava: Touro (vaca “macho”).
Vakapi: Futebol. Pele, couro.
Vale: Valer.
Vapidiana: Tribo do ramo aruaque do alto rio Branco, Roraima.
Vare: Valer.
Vare’a: Fome, ter fome.
Ve: Mas.
Vende: Vender.
Vera: Relampejar, brilhar.
Veve: Voar.
Vevúi: Ligeiro.
Viatã: Flecha rija.
Vivá: Forte como a natureza.
Vo: Ao, para, em. Quando.
Vokói: Logo.
Vosa: Bolsa.
Votorantin: Espuma, cascata branca.
Votuporanga: Cidade de São Paulo. Brisas suaves.
Vy: Médio.
Vy’a: Alegrar-se, divertir-se.
Vy’a’ÿ: Mal-estar.
Výro: Tonto.
W–X–Z
Wapasha: Folha vermelha. (Nome indígena norte-americano).
Wapixana (Uapixana): Tribo do ramo aruaque do alto rio Branco, Roraima.
Wariwa: Guariba, macaco de coloração escura, barbado.
Wasaí: Açaí.
Xamã: Aquele que faz magias.
Xambré: Próximo à cachoeira. (Caingangue).
Xaperu: Tribo da região norte.
Xapuri: Município do estado de Alagoas. Rio antes.
Xará (x-rer-á): Tirado do meu nome.
Xavante (xavantina): Tribo indígena pertencente à família lingüística jê e que, junto com os
xerentes, constitui o maior grupo dos acuéns. Ocupa extensa área, limitada pelos rios Culuene
e das Mortes, Mato Grosso.
Xauim: Espécie de macaco.
Xe (xê, ixé): Eu, meu(s), minha(s).
Xe m’bae: Meu, minha.
Xe pó - xe pó ambó: A mão com cinco dedos; número cinco.
Xe pó xe py - xepó xepy: Pés e mãos, vinte dedos.
Xepó xepy mocõi: Vinte e dois.
Xe rendumi: Perdão; escute-me.
Xe réra: Chamar-se. Chamo-me.
Xe róga opyta: Viver. Eu vivo (sentido de morar).
Xera’arõ: Espere-me.
Xey’uvei: Estou com sede ou quero beber água.
Ximaana: Tribo habitante da região do Rio Javari.
Xoclengue: Tribo caingangue do Paraná (rio Ivaí).
Xokora: Chocolate.
Xuatê: Maracá.
Xyryry: Frito.
Zaltana: Montanha alta.
Y
-Ye guaxu: Estar grávida.
-Yke: Prima.
-Yke’y: Primo. Irmão.
-Ykue: Seiva. Molho.
-Yru: Recipiente. Receptáculo. Pacote.
-Yviro: Rasgar.
-Yvy: Primo. Irmão.
‘Y: Rio, água. Resistente.
Ÿ: Sim.
‘Ybá: Fruta (o).
Y’ai: Suor.
Y’u (hay'u/rey'u/hoy): Beber.
Y’vei: Estar com sede.
Ya: Salto. Queda.
Ya xã: Proa do barco.
Yá: Forma contraída de “nós”.
Yacamim (Jaçamim): Personagem da lenda indígena, pai de muitas estrelas.
Yaguaresá: Olho de onça.
Yahto: Azul.
Yai: Redemoinho na água. Onda.
Yakã: Rio.
Yakã rugua: Salto do rio.
Yakecan: O som do céu.
Yakira: Verde.
Yamí: Noite. (Tucano).
Yancy (yank): O homem branco.
Yapira (Japira): Mel.
Yapo: Barro.
Yapu: Trovão.
Yapy: Vertente.
Yara (Iara): Deusa das águas, mãe d’água. Lenda da mulher que mora no fundo dos rios.
Yardley: Prados verdes.
Yasaí: Açaí (fruta que chora).
Yau: Musgo.
Yawara: Jaguar.
Ybaca (ybaka): Céu.
Ybacoby: Céu azul.
Ybakyguara: Celeste, o que vem do céu.
Ybapiranga: Céu vermelho.
Ybaté: Em cima, no alto.
Ybotira: Flor pequena.
Yby: A terra, o chão.
Ybýpe: Junto.
Ybyra (ybyrá): Árvore; madeira; arco.
Ybyrarama: Futura árvore, pezinho de árvore.
Ybyrapuera: Antiga árvore, que já foi árvore.
Ybirapukú: Madeira longa, mastro, poste.
Ybyrarambuera: Que seria árvore.
Ybytãtã: Chão firme.
Ybytyra: Morro.
Ybytyrytyba: Serra.
Ybytyrytybusú: Grandes serras.
Ybytyrusú: Montanha.
Ybytu: Vento.
Ybytucatú: Vento bom.
Ye raxy: Prisão de ventre.
Ye va'eve e'þ: Faminto.
Ye’ã rembe: Praia.
Yembiyéia: Praia.
Ygára: Canoa, barco.
Ygarusu: Navio (canoa grande).
Ygua: Poço. Olho d’água. Fonte.
Yjui: Espuma.
Ye: Barriga.
Ye ruguy: Sangue nas fezes.
Yekua: Tripa.
Yke: Lado.
Ykeira: Irmão mais velho.
Ykére: Ao lado de.
Ykua: Poço.
Ykue: Suco.
Yma: Faz tempo. Velho. Passado remoto.
Ymague: Velho.
Ymiri:̃ Riacho, riozinho, rio pequeno.
Ynambu: Perdiz.
Yobytepé: Metade.
Ypa: Lago. Estar seco ou ressecado.
Ypeka (ype): Pato.
Ypey: Pato.
Ypuku: Rio longo.
Ypi: Seco.
Ypy: Primeiro, começo, origem.
Ypykuéra: Antepassados.
Ÿrehe: Sim.
Yro’i ai: Tremer de frio.
Yro’y: Inverno. Gelo. Geada. Estar com frio. Frio.
Yro’y apî: Neve.
Yrupã: Peneira.
Yryvovõ: Ponte. Pinguela.
Ysy: Fila, fileira.
Ysyry: Rio.
Ytab (aytab): Nadar, saber nadar.
Yty: Lixo.
Yty peia: Vassoura.
Yúhéi: Ter sede.
Yuká (juká): Matar.
Yukapyra: Morto, matado.
Yupa: Lago.
Yuru ga: Caracol, búzio.
Yryru: Balde d’água.
‘Yvi: Sem parar.
Yva: Fruta.
Yvága: Céu.
Yvate: Norte, alto, acima, do alto, altura.
Yvate katy: Rio acima.
Yvoty: Flor.
Yvu: Manancial. Olho d’água. Nascente de água. Fonte.
Yvu’ã: Parte interior.
Yvy: Mundo, terra, solo, região, a parte ao lado.
Yvy irõ: Adubo.
Yvy jykue: Telha. Tijolo.
Yvy katy: Rio abaixo.
Yvy ku’i: Pó, poeira.
Yvy kyxeã: Arado.
Yvy py: Abaixo.
Yvy rataxî: Poeira.
Yvy ryryi: Terremoto.
Yvy ugua: Vale.
Yvy’ã: Serra. Monte. Aclive. Barranco.
Yvy’ã pe: Escarpa de terra.
Yvyã: Oco. Com pouca autoridade.
Yvyku’i: Arena.
Yvýpe: Abaixo.
Yvypóra: Homem, gente.
Yvypy: Base.
Yvyra: Madeira, árvore, pau.
Yvyra’i: Vara.
Yvyra are: Árvore caída há muito tempo.
Yvyra aygue: Tora de madeira.
Yvyra ku’i: Serragem.
Yvyra kyxêa: Serrote.
Yvyra mombua: Pua. Ponta aguda, haste da espora.
Yvyra pãgue: Tora de madeira.
Yvyra pyau: Árvore verde, nova.
Yvyra pe: Tábua.
Yvyra raimbe: Espada de pau, cacete.
Yvyra rapytakue: Toco (de madeira, lenha).
Yvyra rembypy: Pé de árvore.
Yvyra ro: Peroba. Copa de árvore.
Yvyra ro’o yvytekue: Lasca do cerne.
Yvyra rupa: Cemitério.
Yvyra ryvi: Embira (cipó) de árvore.
Yvyra yky: Broto de árvore.
Yvyra ypikue: Madeira seca.
Yvyraty: Planta. Arvoredo.
Yvýry: Perto de, ao lado de.
Yvýrupe: A pé, por terra.
Yvyte renhoã: Galho.
Yvytu: Vento, ar.
Yvytu apu’a: Tufão.
Yvytu apoa: Ventilador.
Yvytu jere: Tornado. Redemoinho.
Yvyty: Monte. Montanha.
Yy mboayvia: Regador.
Yy rataxî: Nevoeiro.
Yy re’ê: Água doce.
Yy rupa: Lago.
Yya: Canoa, barco.
Yxo (kambe): Larva.
Yxy: Fila, fileira.
Yxyã: Liso.
Yxypo: Cipó.
Yypo: Lontra, ariranha.
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DICIONARIO-TUPI-GUARANI