Sociedade Brasileira de Filosofia Analítica
Congresso
2012
CADERNO DE RESUMOS
Presidente
Adriano Naves de Brito (Unisinos)
Vice-Presidente
Cláudio Costa (UFRN)
1º Secretário
André Leclerc (UFC)
Tesoureiro
Darlei Dall’Agnol (UFSC)
2º Secretária
Sofia Inês Albornoz Stein (Unisinos)
Conselho fiscal
Danilo Marcondes de Souza Filho (PUC-Rio)
Nelson Gonçalves Gomes (UnB)
Vera Lucia Caldas Vidal (Fiocruz)
Apoio:
Sociedade Brasileira de Filosofia Analítica
Congresso
2012
CADERNO DE RESUMOS
ORGANIZADORES
Adriano Naves de Brito (Unisinos) e André Leclerc (UFC)
COMITÊ CIENTÍFICO
Adriano Naves de Brito (Unisinos)
André Leclerc (UFC)
Cláudio Costa (UFRN)
Darlei Dall’Agnol (UFSC)
Marco Antônio Oliveira de Azevedo (Unisinos)
Nythamar de Oliveira (PUC-RS)
Sofia Inês Albornoz Stein (Unisinos)
CADERNO DE RESUMOS E PROGRAMAÇÃO
Matheus de Mesquita Silveira (Unisinos)
Debora Fontoura de Oliveira (Unisinos)
SECRETARIA GERAL DO EVENTO
Gesuína de Fátima Elias Leclerc (Coord.)
Maria Valdenise C. L. De Morais (UFC)
© SBFA, 2012
C749c Congresso da Sociedade Brasileira de Filosofia Analítica (2.:
2012: Fortaleza, CE)
Caderno de resumos / organizadores: Adriano Naves de
Brito e André Leclerc. – São Leopoldo: Sociedade Brasileira de
Filosofia Analítica, 2012.
104 p.
ISBN 978-85-65843-00-3
1. Análise (Filosofia) – Congressos. 2. Filosofia – Congressos.
3. Teoria do conhecimento. 4. Ontologia. I. Brito, Adriano Naves
de. II. Leclerc, André. III. Título.
CDU 111(063)
1(063)
Catalogação na publicação:
Bibliotecária Carla Maria Goulart de Moraes – CRB 10/1252
Projeto gráfico, editoração e capa:
José Luiz Dias da Silva
[email protected]
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Programa Geral do II Congresso da SBFA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Resumos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Conferências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Mesas Redondas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Comunicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
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Apresentação
Às margens nordestinas do Atlântico brasileiro, de frente para um mar que
não termina no horizonte, Iracema conta-nos a estória de um encontro improvável
e, no entanto definitivo, entre pessoas e seus mundos. Encontros assim continuam
a definir as gentes por toda parte, e formaram o Brasil. É à sombra generosa dessa
tradição de coligir pessoas e diferenças, que a Sociedade Brasileira de Filosofia Analítica deu as boas-vindas aos participantes de seu IIº Congresso.
Da pioneira reunião em Valinhos, há pouco mais de vinte anos, à serra gaúcha,
onde nasceu em 2008, depois ao Vale do Rio dos Sinos, em São Leopoldo, onde o
primeiro congresso foi realizado em 2010, e daí à Fortaleza, no litoral cearense, a
SBFA andou mais do que uma distância continental e o tempo de uma geração:
consolidou-se como um importante eixo de articulação e fomento da filosofia brasileira, em especial a que tem na tradição analítica a sua raiz.
Um evento é obra de muitos. Aqui, um cordial agradecimento a alguns dos
imprescindíveis. A SBFA se fez sob o signo da adesão espontânea e anualmente
reiterada de seus sócios. A eles, por sustentarem uma ideia com o que vale a pena e
que a torna valiosa: o entusiasmo, o nosso muito obrigado. Agradecemos também
a nossos conferencistas pela gentileza de suas contribuições e pela gratuita disponibilidade com que acolheram o nosso convite para virem à Fortaleza, assim como
a todos quantos submeteram seus trabalhos, graças aos quais pudemos apresentar
uma programação final com mais de uma centena de comunicações e onze mesas redondas. A seleção desse material coube a um comitê científico, cujo trabalho
reconhecemos com sincera gratidão. Neste caderno de resumos, contudo, o leitor
encontrará apenas os resumos das mesas e comunicações que foram efetivamente
apresentadas durante o evento. Conservamos, contudo, para compatibilidade com a
programação original, o número das mesas tal como foram definidas inicialmente.
Obrigado também aos que se inscreveram para acompanhar os trabalho e enriquecer nossas discussões. Se houve encontros nos dias do evento, é porque todos
estávamos ali! À Capes, CNPq e à UFC, agradecemos o apoio institucional. Aos
alunos que, de uma ponta a outra do país, ajudaram na organização deste congresso,
em especial à Debora Fontoura de Oliveira (Unisinos), Maria Valdenise C. L. De
Morais (UFC) e Matheus de Mesquita Silveira (Unisinos) os nossos sinceros agradecimentos. Finalmente, o empenho desse grupo não teria dado os frutos que deu,
não fosse a generosa coordenação de Gesuína de Fátima Elias Leclerc à frente da
secretaria do congresso. A ela, a nossa gratidão.
Os organizadores
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Programa Geral do
II Congresso da SBFA
BSAP II Conference Programme
04 a 06 de Junho de 2012
Hotel Mareiro
Fortaleza – CE, Brasil
Domingo, 03 de junho de 2012
Sunday 3rd June 2012
18h – 22h: funcionamento da secretaria do evento para registro dos participantes
Registration
21h: coquetel de recepção dos congressistas
Refreshments
Segunda-feira, 04 de junho de 2012
Monday 4th June 2012
8h: abertura da secretaria do evento.
Registration
9h – 10h30min: conferência de abertura – Prof. Susan Haack, Universidade de Miami, EUA.
Plenary Session
10h30min – 11h – cafezinho – coffee break
11h – 12h30min: comunicações em sessões paralelas e mesas redondas.
Parallel Sessions
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II CONGRESSO • 2012
12h – 14h: almoço
Lunch
14h – 17h: comunicações em sessões paralelas.
Parallel Sessions
17h – 18h – cafezinho – coffee break
18h – 19h30min: conferência – Prof. François Recanati, Instituto Jean Nicod, França.
Plenary Session
20h: ceia do congresso (por adesão)
Conference Dinner
Terça-feira, 05 de junho de 2012
Tuesday 5th June 2012
9h – 10h30min: comunicações em sessões paralelas e mesas redondas.
Parallel Sessions
10h30min – 11h – cafezinho – coffee break
11h –12h30min: conferência: Prof. Shaun Nichols, Universidade do Arizona, EUA
Plenary Session
12h30min – 14h: almoço
Lunch
14h – 17h: comunicações em sessões paralelas e mesas redondas.
Parallel Sessions
17h – 17h30min – cafezinho – coffee break
17h30min – 19h: assembleia geral da SBFA
Ordinary meeting of the BSAP
19h30min – 21h: conferência – Prof. Pascal Engel, Universidade de Genebra, Suíça.
Plenary Session
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PROGRAMA GERAL DO II CONGRESSO DA SBFA
Quarta-feira, 06 de junho de 2012
Wednesday 6th June 2012
9h – 10h30min: comunicações em sessões paralelas e mesas redondas.
Parallel Sessions
10h30min – 11h – cafezinho – coffee break
11h – 12h30min: conferência – Prof. Jesse Prinz, Universidade da Cidade de NY, EUA.
Plenary Session
12h30min – 14h: almoço
Lunch
14h – 17h: comunicações em sessões paralelas e mesas redondas.
Parallel Sessions
17h – 17h15min – cafezinho – coffee break
17h15min – 18h45min: conferência de encerramento – Prof. Osvaldo Chateaubriand,
PUC-Rio, Brasil
Plenary Session
19h: encerramento do congresso.
End of the congress
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Resumos
Abstracts
Conferências:
Conferences:
Epistemology: Who Needs It?
Susan Haack
University of Miami
[email protected]
This reflection on the real-world relevance of epistemological ideas begins with the
thought that all of us—when we wonder what to make of newspaper reports of supposed medical breakthroughs, of failures of military intelligence, etc., etc.—call, implicitly or explicitly, on epistemology; and shows how an understanding of, e.g., the
differences between genuine inquiry and advocacy research, the nature of wishful
and fearful thinking, and the material character of the relevance and its bearing on
what relevant evidence we may be missing, can illuminate the ways in which inquiry
can go wrong and evidence can mislead us.
Indexical Thought: The Communication Problem
François Recanati
Institut Jean-Nicod
[email protected]
What characterizes indexical thinking is the fact that the modes of presentation
through which one thinks of objects are context-bound and perspectival. Such
modes of presentation, I claim, are mental files presupposing that we stand in
certain relations to the reference: the role of the file is to store information one
can gain in virtue of standing in that relation to the object. This raises the communication problem, first raised by Frege: if indexical thoughts are context-bound and
relation-based, how is it possible to communicate them to those who are not in
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II CONGRESSO • 2012
the same context and do not stand in the right relations to the object? Following
Frege, I argue that the solution comes from an important distinction between
linguistic and psychological modes of presentation. Psychological modes of presentation are mental files. They are perspectival and context-bound. But linguistic
modes of presentation are fixed by the conventions of the language and they are
shared by the language users. They are public and serve to coordinate mental files
in communication by constraining them to contain the piece of information they
encode. In this way communication takes place even though the indexical thoughts entertained by the speaker are, in some sense, private and cannot be shared
by the audience.
Rational Learners and Non-Utilitarian Rules
Shaun Nichols
University of Arizona
[email protected]
Hundreds of studies on moral dilemmas show that people’s judgments do not conform to utilitarian principles. However, the exact nature of this nonconformity remains unclear. Some maintain that people rely on deontological “side constraints”
that are insensitive to cost-benefit analysis. However, the scenarios that are used to
support this intuition, e.g., the magistrate and the mob, contain an important confound. In these cases, we consider whether it is appropriate for one person to violate
a moral rule in order to prevent others from committing similar violations. In that
case, people tend to say that it would be wrong to violate the rule. In a series of experiments, we showed that people give very different responses when the question
is whether an agent should violate a moral rule so that she herself doesn’t have to
commit more such violations in the future. This suggests that a critical feature of
our moral rules is that they function in an intra-agent, rather than inter-agent manner. But this raises a further question – why do our rules have this non-utilitarian
character? One prominent view (e.g. Mikhail 2007) holds that the structure of moral rules plausibly depends on an innate moral grammar. We propose instead that
given the evidence that the young child has, a rational Bayesian learner would in
fact arrive at non-utilitarian rules.
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CADERNO DE RESUMOS
Belief and the Doxastic Family Tree
Pascal Engel
Université de Genève
[email protected]
This paper is an exercise in philosophical taxonomy. It’s hard enough to say what
belief is, and even harder to locate it within the family of doxastic attitudes. My
present attempt consists in trying to say what is distinctive of belief with respect
to other similar but distinct attitudes such as judgments, acceptances, suppositions,
certainties on the one hand and strangers animals like delusions, “aliefs” and epistemic feelings, and to try to give a sketch of the doxastic family tree.
Where and When Does Consciousness Arise in the Brain?
Jesse Prinz
City University of New York
[email protected]
A theory of consciousness must identify which states are conscious and the conditions under which consciousness arises. Recent findings in psychology and neuroscience are helping to answer these questions. Evidence suggests that consciousness
arises only at a particular state of information process and it occurs when and only
when we are paying attention. The resulting theory of consciousness can be use to
pin-point neural correlates at the cross anatomical level and at the level of cellular processes. The theory differs from others in the literature (such as the Global
Workspace theory and Higher-Order Thought theories), and enjoys more empirical support. Empirical challenges to the theory can also be met.
A Theory of Predication and Some Applications.
Oswaldo Chateaubriand Filho
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
[email protected]
Frege generalized the basic intuition of traditional logic that every sentence is of
subject-predicate form through two main moves: the analysis of sentences in terms
of function and arguments, and the analysis of quantification as higher-order predication. Combining these two ideas, every linguistic assertion, and every logical
formula, can be interpreted in different ways as a predication involving one or more
subjects. This has important applications to theories of truth and falsity, theories of
description, as well as to other logical and philosophical issues.
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II CONGRESSO • 2012
Mesas Redondas:
Roundtables:
MESA 2: ISSUES ON MODERATE RELATIVISM
In this Symposium, we will attend to some of the central problems recently raised
against Moderate Relativism (more technically, an extension of two-stage double-index semantics), all of them revolving around the problem of the relativization of
truth. For a long time, the relation between propositions and truth was considered
under a very simplistic model: propositions instantiated truth understood as a monadic property. However, this simple outlook has become more and more complex:
modal operators require taking into account more than just the actual world, and
the presence of indexicals demands that we pay attention to the relation between
the sentence’s literal meaning and the context of utterance. In order to accommodate these phenomena, semantics has been forced to take into consideration two indexes, whenever a sentence has to be assessed. Kaplan and Stalnaker have defended
a three-level double-index semantics by positing an intermediate level (Kaplan’s
content and Stalnaker’s proposition) as a function from context to expressed content.
In this line of thought, Recanati has presented what he calls a Moderate Relativism,
which also introduces, within a double-index semantics, a third level of content,
together with the complete content of the utterance (the Austinian proposition)
and the linguistic meaning: the lekton. Nowadays the moment has arrived for this
semantic model to face several problems, most of them related to the discovery
that truth has to be relativized to more elements than expected. Thus, one of these
problems concerns the treatment of faultless disagreements from Recanati’s perspective. In this regard, the first contribution to the symposium, “Explaining faultless
disagreement: can we? Should we?”, argues that even though Recanati is right in
his objections to other rival explanations of the phenomenon, his own take on the
topic is based on the confusion between a pragmatic and a semantic dimension
of the phenomenon. Under this distinction, his Moderate Relativism also fails in
explaining faultless disagreements. Another problem for Moderate Relativism is
whether it should allow unarticulated constituents within the explicit content or
not. Recanati himself opts for banning this possibility by equating articulated with
explicit. The second contribution to the symposium, “In defense of Unarticulated
constituents in the Lekton”, claims that his arguments against those allowing this
possibility are misled. Finally, the plausibility of a Moderate Relativism as an account of linguistic practice depends crucially on the refutation of a rival account
concerning the relativization of truth, namely Radical Relativism. According to this
account, truth is relative both to a context of use and a circumstance of assessSociedade Brasileira da Filosofia Analítica – SBFA
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CADERNO DE RESUMOS
ment, understood as different from the circumstance of evaluation entertained by
more classical double-index semantics. The third contribution to the symposium,
“Deflating Radical Truth-Relativism”, attempts a rehabilitation of Radical Relativism. It tries to understand radically relativistic assertion in a deflationary context
by understanding the commitments the speaker takes on in terms of a deflationarily
adequate notion of acceptance: to assert only what’s acceptable given the procedures
she (rationally) endorses, to defend her assertion when either it or the procedures
she used in making it are called into question, and to retract the assertion if it seems
unacceptable or the procedures employed are suspicious.
Explaining faultless disagreement: can we? Should we?
Justina Díaz Legaspe
Universidad Nacional de La Plata ∕ Universidad de Buenos Aires ∕ Grupo de Acción Filosófica
[email protected]
In the last years the topic of faultless disagreement has become the launching point
for a number of discussions: should we add a context of assessment to semantics?
Where should we locate parameters other than the traditionals, like evaluative standards? Recanati, in turn, joins the discussion over faultless disagreements in order
to maintain that any kind of disagreement (with an innocuous exception) is always
about the complete content (Austinian proposition) expressed by the utterance, and
not over a narrow content or lekton. In this way he differentiates his moderate relativism from what I will call “non-indexical contextualism” (Lasersohn, Kölbel). Even
though I agree with Recanati in his claim that the latter cannot account for faultless
disagreement, I think that his arguments are based on the confusion of two different
dimensions of the phenomenon: the practice of disagreeing and the relation of disagreement among assertions. Under this distinction, his moderate relativism is also
incapable of explaining the phenomenon. According to Recanati, faultless disagreements are presented as cases in which disagreement should be explained by locating
it within the narrow content or lekton: that the expressed contents are contradictory
would explain the existence of disagreement, and the fact that both sentences are
assessed as true over the evaluative standard of the speaker, located within the circumstances of evaluation would account for the “faultless” part. However, this kind of
explanation in two stages is identical to that given of cases that would be cataloged
as mere misunderstandings, as when speaker A says that it is raining (in Buenos
Aires) and speaker B answers that it is not raining at all (in Fortaleza). A two stage semantic scheme cannot account, then, for faultless disagreements. Recanati, in
turn, can explain them by ascribing the disagreement to the complete content. In
order to do this he needs to interpret faultless disagreements as cases in which there
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II CONGRESSO • 2012
is only one communal evaluative standard determining that only one of the speakers
is correct. Once we look at these ideas under the lights of the distinction between
disagreement and disagreeing we note that there is a gap between them: there is
not such a thing as (faultlessly) disagreeing (there is only faulty disagreements and
misunderstandings) even when there is the theoretical possibility of faultless disagreement. Recanati’s moderate relativism cannot account for faultless disagreement
more than non-indexical contextualism can. If any, he can provide an explanation
of what happens with in practice, but according to his outlook he should agree with
Stojanovic and deny the very existence of disagreement. A number of questions
should then be answered: what consequences has this for Recanati´s defense of the
close relation between disagreements and complete content? In what way can the
phenomenon of faultless disagreement be explained? And: should we?
In defense of Unarticulated constituents in the Lekton
Nicolás Lo Guercio
Universidad de Buenos Aires – Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas –
Grupo de Acción Filosófica
[email protected]
In Persectival thought, Recanati argues extensively against the Externality Principle defended by Perry. This principle is a criterion for the inclusion of contextual
elements either as unarticulated constituents of content or as parameters in the circumstances of evaluation. Mainly, in order to be part of the circumstances of evaluation, the element must be contributed by the external environment rather than cognitively discriminated. Recanati acknowledges two main arguments favoring this
principle and presents some objections to them. In this paper I will show that his
arguments in this direction are misled. Hence, the idea of unarticulated constituents
of the Lekton stil stands. The mental representation argument points that, whenever
the relevant parameter is not fixed by the context but by the speaker’s intentions
and beliefs, it must be articulated in the belief related to the utterance, and mainly,
in the belief constituting the content it expresses. Thus, it is part of the utterance’s
explicit content even when it is not linguistically represented: it is an unarticulated
constituent of content. Recanati rejects this piece of reasoning arguing that is not
necessary for the speaker that mentally represents the parameter to do it as part of
the belief that is the content of the utterance: the speaker could represent the parameter in other associated beliefs. So, a parameter can be part of the circumstances
of evaluation and nevertheless be cognitively discriminated. Even if this is so, I
claim that it is not enough for rejecting the idea of unarticulated constituents in the
lekton: there are, plausibly, many cases where the parameter is, in fact, represented
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CADERNO DE RESUMOS
in the belief expressed by the utterance. That fact, together with the acceptance of
“the assumption that the content of an utterance is the same as that of the belief it
expresses” (Recanati, 2007: pp. 226) is enough to maintain the idea of unarticulated
constituents. The second argument appeals to invariance: whenever a parameter
relevant to the truth-conditions of an utterance is invariant it goes into the circumstances of evaluation and the utterance expresses a propositional function whose
truth value obtains when applied to that circumstances. Now, for Perry, invariance
covers also the cases of parametric invariance, that is, cases where the value of the
parameter shift in accordance to a fixed relation to the context. Keeping that in
mind, Recanati argues that examples like Perry’s Murdock case can easily be explained as cases of parametric invariance, therefore, as cases where the parameter goes
into the circumstances of evaluation: sometimes we use “It is raining” to talk about
the place we are in and sometimes to talk about other places. The latter is the Murdock case, Recanati claims, and the relevant parameter is “the place one is talking
about”, fixed by cognitive factors. Now, one may ask, what settles the relevant mode
of discourse (to talk about the place I’m in versus to talk about other places)? The
answer seems unavoidable: the speaker’s intentions. But if the relevant mode of
discourse can shift freely according to the speaker’s intentions, then there is no
parametric invariance but free shiftability. Hence, the Externality principle stands.
Deflating Radical Truth-Relativism
Ramiro Caso
Universidad de Buenos Aires ∕ Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas ∕ Grupo
de Acción Filosófica
[email protected]
In his [1998], Horwich has argued that truth relativism is incompatible with a
deflationary understanding of truth, for such an understanding makes sense only if
the concept of truth is absolute. In the paper, we attempt to face this challenge by
exploring how a truth relativism built on deflationary grounds may proceed. First,
we agree with Horwich in that deflationism requires monadic, unqualified truth
predications. But we deny that this forces upon us an absolute conception of truth.
On the contrary, in virtue of the equivalence schema for truth, any semantic phenomenon affecting a sentence S not containing semantic notions will affect the corresponding truth predication, True(S). Monadic truth, rather than being absolute in
nature, inherits whatever relativity may affect the sentences of a language. Second,
we face the problem of explaining assertion in a relativistic context. Here we face
two challenges. The first is Evans’ [1979/1985] criticism of unstable correctness
conditions for assertions. The second is that, in a deflationary mood, truth cannot
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II CONGRESSO • 2012
be explanatorily fundamental with respect to assertion. We start with the latter. In
order to sketch how a deflationary account of assertion could go, we start from the
following norm: (A-NA) Assert S only if S is acceptable relative to α where α is
a set of acceptance procedures the agent finds acceptable and whose nature varies
with the area of discourse to which S belongs. We tackle the problem of understanding relativistic assertion on deflationary grounds head on by considering an
acceptance procedure for relativistic statements involving justified. We provide the
following norm: (NA) Assert Believing that p is justified only if Believing that p is
justified is acceptable relative to n where n is an epistemic norm that the agent finds
acceptable. So the problem is whether we can make sense of the idea of an acceptable epistemic norm without recurring to truth. As it turns out, we can. However,
we should not expect a uniform answer to what constitutes an epistemic norm as
acceptable. Rather, what we have are various different answers. The general form
of an answer is something like: Epistemic norm n is acceptable if ___ where the
sufficient condition ‘___’ will receive different specifications depending on the nature of n: if n pertains mathematical statements, n will be acceptable if it prohibits
acceptance without a deductive proof and mandates acceptance in the presence of
one; if n pertains statements about observation, it will be acceptable if it tends to
secure the generation of mostly useful beliefs, etc. Finally, we return to Evans’ criticism. In this case, to understand assertion is to make sense of the commitments
a speaker takes on when she asserts a sentence. In the case of relativistic assertions,
this cannot be understood as a commitment to the truth of the sentence, for its truth value may vary beyond the speaker’s control. We understand those commitments
in terms of acceptability: to assert only what’s acceptable given the procedures she
(rationally) endorses, to defend her assertion when either it or the procedures she
used in making it are called into question, and to retract the assertion if she deems
unacceptable or suspect the procedures she employed in making it.
MESA 3: REALISMO Y ANTIRREALISMO NOMOLÓGICOS
El debate actual en torno al problema de las leyes de la naturaleza muestra una
variada gama de posiciones que podemos presentar, en principio, bajo dos enfoques
antagónicos: el denominado “realismo nomológico” (RN), por un lado, y la actitud
rival, el “antirrealismo nomológico” (ARN), por el otro. RN sostiene la existencia de
leyes naturales que concibe en términos de una conexión necesaria entre universales –como en la teoría de Armstrong, Tooley y Dretske (DTA) – o que identifica
con las propiedades esenciales de una clase natural –como en la propuesta de Brian
Ellis-. ARN, por su parte, evita cualquier compromiso existencial con las leyes de
la naturaleza; la forma más extrema se halla representada en la versión regularisSociedade Brasileira da Filosofia Analítica – SBFA
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CADERNO DE RESUMOS
ta humeana o en la perspectiva más sofisticada del modelo Mill-Ramsey-Lewis
(MRL). Sin embargo, la oposición al realismo nomológico incluye otras posturas
intermedias que si bien rechazan todo compromiso metafísico con las leyes no están
dispuestas a abandonar el reino de la necesidad. Tal es el caso de George Molnar,
Nancy Cartwright y Stephen Mumford,, entre otros. En la concepción de Cartwright confluyen el ARN con la tesis de la existencia de las entidades teóricas, es decir
con el núcleo duro del realismo científico; pero la autora también toma un compromiso ontológico con relaciones causales objetivas en un mundo independiente de
la mente. Uno de sus argumentos más contundentes en este sentido es la apelación
a la inferencia a la mejor explicación. Este razonamiento apunta a demostrar que si
aceptamos la realidad de un fenómeno como efecto causal de otro hecho –sea éste
observable o inobservable–, entonces estamos compelidos a admitir la existencia de
la causa. Nuestras objeciones a Cartwright abarcan argumentos de tipo lógico, epistémico e inclusive de interpretación histórica; el más importante de ellos se centra
en el cuestionamiento de la apelación a la inferencia a la mejor explicación, ya que
la autora garantiza la legitimidad de este argumento para postular la existencia de
procesos causales y simultáneamente lo desestima con respecto a la postulación de
leyes. A su turno, Mumford defiende una particular concepción a la que denomina
“realismo sin leyes” (RSL), intermedia entre el ARN y el RN –dado que rechaza
la existencia de leyes en la naturaleza pero reconoces otras formas de necesidad
natural-. En este movimiento reconstruye el denominado “argumento nomológico” – la inferencia a la que apelan las distintas versiones del RN – y contrapone
un dilema para refutarlo. La tesis positiva del RSL asume una ontología en la que
algunas de las principales cosas que componen el mundo, sus propiedades, ya poseen
modalidad, tienen conexiones necesarias con otras propiedades, y cuando éstas se
instancian en los objetos naturales del mundo hay necesidad natural. Sin embargo,
intentamos mostrar que la propuesta de Mumford sólo intercambia los términos
del debate: lejos de refutar el argumento nomológico mantiene su estructura y los
dardos del dilema recaen ahora sobre su propia posición. Por otra parte, las tesis
del RSL presentan otras tensiones internas. Mumford sugiere medir su propuesta
ontológica, un mundo sin leyes, con la vara del criterio quineano. Pero, pace Mumford, su posición no parece beneficiada a la luz de las tesis de Quine porque decir
que cierta entidad es el valor de una variable no nos informa nada interesante acerca
del concepto de existencia, así como nada nos indica sobre cómo está compuesta efectivamente la naturaleza o la realidad. De acuerdo con el criterio ontológico
de Quine, decir que “algo existe o no existe” sólo tiene sentido “dentro de nuestro
marco conceptual”, y eso de ningún modo permite suponer que haya existencias independientes de los marcos conceptuales. Si se afirma que las leyes existen no sería
en la naturaleza a secas, así como si se negara su existencia tampoco se referiría a la
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II CONGRESSO • 2012
naturaleza aparte de todo marco conceptual. Pero esto va precisamente en contra de
las convicciones metafísicas de Mumford.Sin embargo, los aspectos críticos señalados en las respectivas posiciones de Cartwright y Mumford no deben llevar a pensar
que abogamos a favor del RN. Por el contrario, nos inclinamos por la defensa de
una concepción deflacionaria de las leyes, un punto de vista que rescata la función
epistémica y el valor pragmático que cumplen las leyes y las explicaciones en el conocimiento proporcionado por las teorías científicas.
Acerca del realismo sin leyes de Stephen Mumford
Nélida Gentile
Universidad de Buenos Aires ⁄ Universidad Luján
[email protected]
El trabajo cuestiona los argumentos de Stephen Mumford en contra del realismo
nomológico y en pos de un “realismo sin leyes” (realism lawlessness), como el autor
bautiza su posición. A diferencia de lo que ocurre con los modelos necesitaristas en
los que las nociones de conexión necesaria y ley están íntimamente ligadas, Mumford defiende una postura intermedia entre el realismo nomológico –al que identifica con posiciones como la teoría DTA (Armstrong, Tooley y Dretske) o el esencialismo de Brian Ellis – y la visión “deflacionaria” que abrazan los humeanos. El
realismo sin leyes que el autor defiende sostiene que no hay leyes en la naturaleza
pero sí necesidad natural. En contra del realismo modal de Mumford defendemos
un punto de vista deflacionario respecto de las leyes, más específicamente, un antirrealismo nomológico de corte van fraasseano que permite superar, a nuestro juicio,
las dificultades que enfrenta el realismo modal.
Mumford y el estatus ontológico de las leyes naturales
Rodolfo Gaeta
Universidad de Buenos Aires ⁄ Universidad Luján
[email protected]
Stephen Mumford desarrolla una serie de argumentos para tratar de mostrar que
no existen leyes en la naturaleza. Discute varias alternativas en cuanto a las diferentes maneras de concebir las leyes naturales en su relación con las leyes científicas y propone un concepto de existencia supuestamente derivado de la célebre
posición de Quine que se resume en el lema: “ser es ser el valor de una variable”.
Asimismo, Mumford construye una noción de lo que podría significar que las
leyes existen en la naturaleza. La combinación de estos dos criterios, el de Quine
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CADERNO DE RESUMOS
por una parte y las pretensiones de Mumford sobre las condiciones que tendrían
que cumplirse para que efectivamente existieran leyes en la naturaleza no parece,
sin embargo, coherente.
Realismo científico y antirrealismo nomológico en Nancy Cartwright
Susana Lucero
Universidad de Buenos Aires ⁄ Universidad Luján
[email protected]
El trabajo desarrolla una crítica a la posición de Nancy Cartwright en contra del
realismo nomológico (RN). En la particular doctrina que Cartwright defiende confluyen un antirrealismo respecto de las leyes y un realismo científico en cuanto a la
existencia de las entidades teóricas al que se suma un compromiso ontológico con
relaciones causales objetivas en un mundo independiente de la mente. Las objeciones formuladas a la propuesta de Cartwright abarcan argumentos de tipo lógico,
epistémico e inclusive de interpretación histórica. El núcleo básico de la crítica se
centra en el cuestionamiento de la apelación a la inferencia a la mejor explicación, ya
que la autora garantiza la legitimidad de este argumento para postular la existencia
de procesos causales y simultáneamente lo desestima con respecto a la postulación
de leyes. En contra de Cartwright se defiende un punto de vista que rescata la función epistémica y el valor pragmático que cumplen las leyes y las explicaciones en el
conocimiento proporcionado por las teorías científicas.
MESA 4: MORALIDADE E EMOÇÃO – TEMAS DO TRABALHO DE JESSE PRINZ
Um dos princípios da filosofia moral é que não se pode derivar o ought do is. Desde
que Hume propôs a distinção entre “o que devemos fazer” (enunciados prescritivos)
e “como as coisas são” (enunciados descritivos), que a filosofia vem reconhecendo
que os fatos que dizem respeito a como as pessoas realmente pensam ou agem não
implicam fatos sobre como as pessoas deveriam agir ou pensar. A lei humeana circunscreve a moralidade ao terreno da normatividade e a afasta de qualquer projeto
naturalista que tente derivar as prescrições morais de fatos naturais ou descritivos.
Levada às ultimas consequências, essa máxima pode implicar tornar o fato moral
um fato sobrenatural, do mesmo tipo que as fadas ou espíritos. Contudo, vários
defensores da tese humeana do caráter prescritivo da moralidade se recusam a defender os fatos morais como fatos não-naturais ou sobrenaturais e admitem a viabilidade de projetos descritivos em moralidade. A questão importante é definir como
as verdades descritivas sobre a moralidade (natureza dos fatos morais, dos conceitos
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II CONGRESSO • 2012
e convicções morais) estão relacionadas ou se aplicam às verdades prescritivas sobre
a moralidade. A psicologia moral é um instrumento valioso para o entendimento
da fronteira entre os enunciados prescritivos e os enunciados descritivos. Assim,
um naturalista pode encontrar um lugar para o prescritivo, para a moralidade. O
projeto ‘emocionista’ de Jesse Prinz (2007) tenta construir uma teoria moral que
preserve o princípio humeano de que não pode se derivar o ‘deve’ do ‘é’ mas que
endosse também um relato naturalista da moralidade. Em The Emotional Construction of Morals, Prinz defende a ideia de que podemos usar premissas descritivas
para derivar fatos prescritivos. Para ele, os fatos prescritivos relacionados a conceitos
como ‘bem’ e ‘mal’, ‘certo’ e ‘errado’, devem necessariamente envolver sentimentos e
são “fundamentalmente subjetivos”. Portanto, a análise de nossos conceitos morais
está fortemente conectada a nossas respostas subjetivas. A psicologia moral acarreta
fatos sobre a ontologia moral. É, nesse sentido, que Prinz (2007) afirma que a moralidade depende de nossos sentimentos e que, nesse sentido, varia no tempo e no
espaço, ou seja, varia culturalmente. Em seu projeto emocionista, as emoções são a
base da moralidade, pois os sentimentos criam os sistemas morais. Na mesa proposta, discutiremos o projeto emocionista proposto pelo autor, assim como o papel das
emoções na moralidade e a teoria geral das emoções defendida pelo autor, temas que
aparecem tanto no livro de Prinz, quanto em seus artigos recentes. Contaremos com
a participação de Jesse Prinz como debatedor da mesa. Os trabalhos serão apresentados em inglês. Cada participante terá 20 minutos para apresentação, o debatedor
terá 20 minutos para os comentários e 10 minutos de perguntas para plateia.
Jesse Prinz (debatedor)
City University of New York
[email protected]
Cláudia Passos-Ferreira
Universidade Federal do Rio de Janeiro / CAPES-PNPD
[email protected]
Em seu artigo Against Empathy, Jesse Prinz argumenta contra a tese humeana de
que a empatia seja uma emoção importante para a moralidade, e mais que isso, afirma que a empatia é uma emoção danosa para a moralidade. Ele ataca dois pontos
do projeto de Hume: a tese de que a empatia envolve sentir uma emoção que outra
pessoa está sentindo, e a tese de que a empatia é uma precondição para a aprovação
ou desaprovação moral. Como mostra Prinz (2011), se o projeto sentimentalista de
Hume implica que a aprovação e desaprovação moral dependem de empatia, então,
consequentemente, em Hume, a empatia seria o fundamento da moralidade. Prinz
(2011) ataca essa tese e mostra que a empatia não é uma precondição constitutiva
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CADERNO DE RESUMOS
para os sentimentos de aprovação moral, e também não é uma precondição desenvolvimentista, epistêmica ou normativa para a moralidade. O objetivo do trabalho é
defender um uso da noção de empatia como sentimento moral que incorpore a proposta deflacionista de Prinz sobre os sentimentos empáticos, incluindo outros sentimentos importantes como precondição para moralidade, mas que, ao mesmo tempo,
guarde um papel especifico para empatia nas decisões morais. Prinz define empatia
como ‘a experiência do estado emocional de outra pessoa’, e enfatiza forma perceptiva da empatia, ou seja, a capacidade de perceber e vivenciar as emoções do outro.
Mas, em sua análise, deixa de fora um aspecto essencial da empatia para a moralidade que é a capacidade de imaginação que permite a interiorização das emoções percebidas no outro. Se podemos experimentar, por exemplo, o sentimento de vergonha
ou culpa que uma ação produz é porque somos capazes de imaginar como essa ação
é percebida pelos outros. A empatia é mais do que sentir ou conhecer a emoção do
outro, é também a capacidade de simulação mental que nos permite imaginar os
sentimentos dos outros e imaginar o modo como nossas ações são percebidas pelo
outro, e como somos aprovados e desaprovados. O que pretendo defender é que a
introjeção dos sentimentos imaginados e da perspectiva do outro é crucial para a
construção de uma pessoa que segue normas e se comporta moralmente.
Caroline Marim
Universidade Gama Filho
[email protected]
Alguns pesquisadores têm concebido o lugar das emoções em uma topografia da
mente, particularmente em sua relação a estados corporais, motivação, crenças e
desejos, sendo assim, as teorias das emoções são tradicionalmente dividas em duas
categorias. De acordo com algumas teorias, chamadas cognitivistas, as emoções são
ou envolvem pensamentos avaliativos ou julgamentos. De acordo com outros pesquisadores uma emoção pode ocorrer sem qualquer pensamento. Estas teorias são
chamadas não-cognitivistas. Jesse Prinz em Are Emotions Feelings? (2005), defende
uma versão atualizada da teoria não-cognitivista de William James e Carl Lange, na
qual as emoções são sentimentos; são percepções de mudanças corporais, e quando
estas percepções são conscientes, as emoções são sentimentos. Neste caso, emoções inconscientes também são possíveis, mesmo que nem todas as emoções sejam
sentimentos. Isto é, algumas emoções não são sentidas. Contudo, diferentes teorias
pressupõem diferentes ontologias das emoções, e esta tem sido a disputa sobre a
natureza das emoções. De acordo com Prinz, muitos filósofos defendem teorias
cognitivas das emoções e resistem a ideia de que as emoções são sentimentos. Eles
pensam que as emoções têm como parte os sentimentos. O objetivo do trabalho
é primeiramente, contrastar as objeções que as teorias dos sentimentos recebem e
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as quais Prinz tenta responder em contraste com teorias que defendem uma tese
contrária, mas também conciliatória entre emoções e sentimentos, como a de Aaron
Ben Ze’ev, na qual, a principal diferença entre elas é a intencionalidade. Segundo,
se podemos, como Prinz (2007) afirma em The Emotional Construction of Morals,
defender a ideia de que uma moralidade que tenha como base as emoções, deve ser
motivada independentemente do que as emoções são.
Rodrigo de Souza Tavares
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro ∕ Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro
[email protected]
Autores vinculados à renovação do sentimentalismo defendem que certos fatos
sobre nossa psicologia moral devem ser considerados na construção de teorias morais normativas. Dentre estes fatos destacam-se nossos sentimentos ou emoções
morais. Michael Slote (2010) e Michael Frazer (2010) investiram fortemente na
empatia como a chave de uma moral normativa de cunho sentimentalista. Ironicamente, um dos ataques mais contundentes a este projeto surgiu no seio do próprio
sentimentalismo. Em Against Empathy, Jesse Prinz (2011) articula um apelo por
um sentimentalismo anti-empático. Prinz considera a empatia como a experiência
de compartilhar a emoção do outro. Em sua opinião, essa forma de empatia não
seria uma precondição para a realização de juízos morais de aprovação e desaprovação, portanto, o investimento teórico excessivo na empatia poderia nos distrair
de outros sentimentos que subjazem nossos juízos morais. Estes sentimentos, por
sua vez, não apresentariam as mesmas limitações e aspectos obscuros que a empatia pode apresentar na prática.
O presente trabalho pretende abordar as seguintes questões: a) A empatia
defendida por Slote e Frazer parece pressupor a capacidade projetiva ou reflexiva
de se colocar no lugar do outro, ao invés da capacidade mimética de experimentar
a emoção do outro. Cumpre esclarecer se esta divergência semântica faz com que
o sentimentalismo normativo de Slote e Frazer sobreviva aos ataques de Prinz; b)
Prinz afirma que a empatia é prejudicial para a moralidade por ser intrinsecamente
tendenciosa, ao regular as respostas emocionais entre indivíduos. Talvez seja o caso
que a objeção valha apenas para o campo dos juízos de moralidade individual. No
campo da justiça política, a natureza relacional da empatia pode ser a melhor forma
de conjugar juízos emocionais subjetivos sobre a moralidade, com a necessidade de
construção de critérios intersubjetivos de moralidade política para uma comunidade.
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CADERNO DE RESUMOS
MESA 5: FILOSOFIA EXPERIMENTAL E PSICOLOGIA MORAL – TEMAS DO
TRABALHO DE SHAUN NICHOLS
A ideia básica da filosofia experimental é a de que a filosofia não pode abrir mão
de uma abordagem interdisciplinar e empírica, nem mesmo uma parte da filosofia
que é essencialmente normativa, como é o caso da filosofia moral. Para poder prescrever adequadamente, é fundamental conhecer a estrutura e a arquitetura cognitiva (racional e emotiva) dos agentes destinatários das prescrições: nós mesmos. Se
não levamos em consideração como efetivamente tomamos as nossas decisões e nos
comportamos, o risco é construir uma teoria de ética normativa baseada em uma
psicologia moral equivocada e alijada da prática. O filósofo moral, não deve ficar o
tempo todo na poltrona, realizando uma filosofia de gabinete, um mero exercício
conceitual que ignora o mundo ao seu redor. Shaun Nichols tem investigado questões fundamentais no campo da metaética por meio de uma abordagem interdisciplinar, explorando recursos da filosofia, da psicopatologia cognitiva, da psicologia
evolutiva, da antropologia cognitiva, entre outros. Em seu livro Sentimental Rules,
Nichols defende uma concepção sobre a natureza da moralidade que pode ser localizada na tradição humeana, na qual emoções desempenham um papel central.
Para ele, normas proibindo danos a terceiros estão associadas a respostas emotivas
básicas, o que faz com que essas normas apresentem um estatuto diferenciado. Nichols chama essas normas de “regras sentimentais” e afirma que elas são vantajosas
para a evolução cultural. Isso ajuda a explicar o sucesso para a evolução cultural e
o desenvolvimento histórico de certas normas morais. O modelo apresentado por
Nichols tem implicações para a ética filosófica, contribuindo para questões conceituais, descritivas e normativas sobre a moralidade. Na mesa que está sendo proposta
discutiremos alguns temas que aparecem tanto no livro de Nichols, quanto em seus
artigos. Contaremos com a participação do próprio Shaun Nichols. Os trabalhos
serão apresentados em inglês.
Shaun Nichols (debatedor)
University of Utah
[email protected]
The aim of this talk is to discuss Nichols and Mallon´s article “moral dilemmas and
moral rules” and what I call their three thesis, i.e:
THESE 1 – People are not absolutist deontologists
THESE 2: People appreciate a distinction between weak and all-in impermissibility
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THESE 3: There are two partly independent mechanisms underlying moral judgment, one based in rules and the other one based in consequences of the actions.
Based on these three theses I discuss further the possibility of establishing a model
able to explain people’s judgments in relation to moral dilemmas.
Lincoln Farias
Unifenas
[email protected]
Certas descobertas em genética e neurociências parecem ameaçar a ideia de vontade
livre. Por um lado, há genes que nos predispõem à obesidade, ao vício, à agressividade etc. Por outro, há pessoas que depois de alguma lesão cerebral ou da ingestão de
alguma substância se tornam hipersexuais, desrespeitosas, imprudentes etc. Para algumas pessoas, se todos os estados e processos mentais forem causados por estados
e processos físicos, que por sua vez também foram causados por outros processos
etc. a ideia de uma vontade livre perde a validade. Uma resposta simples a isso seria
dizer que nós somos apenas os conjuntos de nossos estados e processos mentais.
Mas não é isso que as pessoas comuns parecem pensar. (KNOBE & NICHOLS,
2011) propuseram que esse o incompatibilismo das pessoas comuns pressupõe que
o eu é algo diferente de seus estados e processos mentais, isto é, que ele é algum tipo
de entidade diferente desses conteúdos mentais, uma suposição desmentida pela
psicologia e pela neurociência cognitivas. O que esse trabalho pretende é estender
essa hipótese ao incompatibilismo entre determinismo e responsabilidade moral
no contexto de explicações genéticas e cerebrais. Em outras palavras, pretende-se
investigar o papel que a definição do que conta como parte do eu tem na atribuição
de responsabilidade moral e como novas descobertas científicas apontam problemas
nesse tipo de atribuição.
Noel Struchiner
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
[email protected]
Uma das questões mais importantes no trabalho de Nichols diz respeito à forma
pela qual regras interagem com emoções na produção dos padrões de julgamento
moral que verificamos na prática. O objetivo do presente trabalho é analisar um
problema particular que se encontra dentro dessa temática mais ampla. É comum
juízes desviarem de regras jurídicas claras para realizarem propósitos morais mais
profundos em casos particulares. Uma primeira pergunta é sobre o que leva certos
juízes a internalizarem certas regras enquanto outros não fazem o mesmo e por que
existem níveis diferentes de internalização de regras. Seguindo Nichols, defendo
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CADERNO DE RESUMOS
que isso ocorre em função das emoções que são associadas a certas regras. Quando
juizes que não internalizaram certas regras desviam das mesmas de modo sistemático, podemos perceber alguns efeitos colaterais. Os efeitos colaterais sistêmicos podem ser divididos em dois grupos: efeitos de adaptação e efeitos miméticos. Efeitos
de adaptação são aqueles acarretados por agentes não jurídicos que tentam adaptar
seus comportamentos à constatação da existência de desvios sistemáticos por parte
de um grupo de juízes. Efeitos sistêmicos miméticos ocorrem quando um grupo de
juízes, ao perceber que seus colegas estão desviando de regras claras, também resolve
fazer o mesmo, imitando o grupo desviante inicial. A segunda pergunta do trabalho
é se os juízes do grupo desviante inicial são moralmente responsáveis pelos efeitos
sistêmicos colaterais (mimético e de adaptação) produzidos por eles. Para tratar dessa temática farei uso não só do livro Sentimental Rules, mas também de artigos como
“Side Costraints and the Structure of Common Sense Ethics” (Lopez, Zamzow,
Gill, Nichols: 2009).
Cinara Nahra
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
[email protected]
No seu artigo “Moral dilemmas and moral rules” (dilemas morais e regras morais),
a fim de analisar dilemas que envolvem catástrofes, Nichols e Mallon propõem o
seguinte dilema: um trem esta transportando um vírus letal, artificialmente produzido, para um local seguro. O vírus é extremamente contagioso e quase sempre
leva à morte de suas vitimas em poucos dias. Se o vírus fosse lançado na atmosfera
bilhões de pessoas morreriam em consequência disto, havendo a possibilidade de
que o total de mortes chegasse à metade da população humana. Jonas vê que há uma
bomba plantada nos trilhos e o único modo de parar o trem é empurrar um desconhecido nos trilhos. Nichols então reporta que em sua pesquisa 68% das pessoas
que responderam ao dilema afirmaram que Jonas feriu uma regra moral, mas apenas
24% disseram que a ação foi errada, com todos os elementos sendo considerados (all
things considered). Nichols desenvolve então sua “Personal Hypothesis” para explicar
este resultado: mesmo se consideramos que uma ação viola uma regra, esta pode ser
considerada aceitável se tomamos em consideração todos os elementos (all things
considered). Julgamentos em que consideramos que uma ação viola uma regra são
chamados de julgamentos de “fraca permissibilidade” e julgamentos de que uma
ação é errada, todos os elementos considerados, são chamados de julgamentos de
“completa impermissibilidade”. No caso dos dilemas onde catástrofes estão envolvidas, em que a relação de custo beneficio é suficientemente alta, as pessoas tendem
a não julgar a ação como sendo de completa impermissibilidade. O objetivo deste
trabalho é analisar a “Personal Hypothesis” e todas as suas implicações.
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MESA 6: MENTAL CAUSATION, PROPERTY DUALISM AND EMBODIMENT
Some new approaches in contemporary philosophy of mind will be discussed, especially the conception of embodied mind according to Robert Hanna and Michelle
Maiese in Embodied Minds in Action (2009). As Hanna and Maiese describe in the
introduction of their book, their intention is to approach three fundamental problems of philosophy: the mind-body problem, the problem of mental causation and
the problem of intentional action. The authors start with the assumptions that the
mind is essentially embodied, that embodied minds are self-organized thermo-dynamic systems, and that any dualistic position in philosophy of mind is strictly false.
Stein will focus her analysis on these three issues, contrasting Hanna’s and Meiese’s
position with other perspectives in cognitive sciences that are close to embodied
cognition and dynamic system theories. Hanna’s and Meiese’s criticism to Davidson will be dealt with by Sparano, who will present how they argue against one of
Davidson’s fundamental theses: that “accounts of actions that give reasons are causal
accounts.” For Davidson, giving a reason is stating a cause. This means mentioning
mental states (desires, beliefs, intentions) that led the agent to act in a certain way
and, unlike causal theories, this theory does not appeal to psychological laws. For
Davidson the causal explanation of an action is always unique and rests on normative principles of rationality. Hanna and Meiese seek an appropriate solution for the
theory of action. They start with the explanation of a categorical difference between
intentional actions and events. And they seek neuro-phenomenological, conceptual
and metaphysical connections between intentional actions, reasons and causes, focusing on Davidson’s token-token identity theory. This theory has metaphysical and
temporal backgrounds. The authors want to show that there is a gap between a physical event “caused by a primary reason”–its cause– and a mental event rationalized
as a desire or belief. For them “reasons can’t be causes.” Every event occurs in nature
and nature is all that is physical, mechanical or narrated as physical. Fonseca’s contribution will be to examine two mutually incompatible views of the relationship
between body and mind: the theory of essential embodiment by Hanna and the
property dualism sustained by Chalmers. Hanna’s view is based on two theses: that
the correct description of the mind must take into account the whole organism, not
just the brain, i.e., that the mind is essentially embodied, and that minds are essentially embodied self-organized dynamic systems that interact intensively with the
environment. Together, the two theses imply that consciousness is only possible in
a body capable of acting purposefully in space-time. This would exclude the metaphysical possibility of the existence of zombies, sustained by Chalmers. Fonseca will
focus on the analysis of this possibility, inquiring whether Hanna’s theory actually
excludes the possibility of zombies.
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CADERNO DE RESUMOS
Maria Cristina de Távora Sparano
Universidade Federal do Piauí
[email protected]
Sérgio Fonseca
Universidade Federal do Piauí
[email protected]
Sofia Inês Albornoz Stein
Universidade do Vale do Rio dos Sinos ∕ CNPq
[email protected]
MESA 7: NORMATIVITY AND NATURALISM: PHENOMENAL CONSERVATISM:
AN INTERNALIST FOUNDATIONALIST ALTERNATIVE?
Making Sense of Habermas: Pragmatic Normativity and Weak Naturalism
Nythamar de Oliveira
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
[email protected]
Following the later Wittgenstein’s Philosophical Investigations, Jürgen Habermas has
elaborated on the so-called thesis of the normativity of meaning, according to which
there are rules for the correct use of expressions and words and these rules ought to
be followed by speakers, actors or members of a given community or social group. For
Habermas, pragmatic normativity entails an epistemic conception of meaning that
anchors understanding to practical normative responses of speaking, acting members
of a given community. Habermas broadly agrees with Robert Brandom in his pragmatic reconstruction of the normativity of the practice of linguistic communication,
especially as communicative action inevitably resorts to reason and language for both
speaking and acting in a meaningful way. According to this view, normative pragmatics is ultimately compatible with nonreductive versions of naturalism (and materialism), as long as the social, public dimension of consent or agreement can be shown
to be decisive for moral normativity in a conventional or nonnatural sense. Habermas
thinks, however, that Brandom overlooks the intersubjective interpretation of objective validity, and proposes to identify the normative thrust of epistemic and moral
beliefs with validity claims. Even so, Habermas does not think that beliefs as such
play any constitutive role in practical discourse, and seeks rather to ground normative justification on rightness, to be distinguished from truth and neutrally construed
so as to allow for a pluralism of social lifeworlds and a diversity of backgrounds of
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validity claims. In the ongoing processes of reaching understanding, members of a
speaking, acting community will pursue their goals cooperatively so that a pragmatics
must account both for semantic conceptions and presupposed meanings in their daily
dealings. There remains a problem for social epistemology in interpersonal relations,
as Habermas’s discourse ethics is presented as a moral theory aiming at universal legitimacy, as opposed to his concession that ethical theories could provide conditions
for normative justification within a given community or social lifeworld, so as to accomodate naturalist inputs for social evolution. Furthermore, Habermas’s theoretical
and practical approaches to normativity and objectivity are subtly combined within a
research program of Kantian pragmatism that remains somehow susceptible to dualist interpretations. It seems that one possible way out of this pickle is to recast the
very conception of learning new concepts, by bringing it closer to empiricist insights.
According to Jesse Prinz, “one can possess concepts without language” and this “does
not imply that language plays no role in our conceptual abilities.”(Prinz 2002, p. 21)
All in all, Habermas’s weak naturalism holds that nature and culture are continuous
with one another, hence an upshot of his conception of social evolution is that societies evolve to a higher level only when learning occurs with respect to their normative
structures. According to both Habermas and Brandom, “in questions of epistemic
validity the consensus of a given linguistic community does not have the last word. As
far as the truth of statements is concerned, every individual has to clarify the matter
for himself in the knowledge that everyone can make mistakes.”(Habermas 2003, p.
142) Weak naturalism allows thus for social evolutionary processes guided by normative claims, in both reflexive and social terms, with a view to realizing universalizable,
valid normative claims that are justified from the moral standpoint. I should like to
propose that Habermas’s pragmatism can embrace Jesse Prinz’s transformation naturalism (“a view about how we change our views”) and its cultural relativism without
adopting moral relativism as long as the universalist, moral premises of its formal
pragmatics are ultimately understood as part of an ethical learning process.
Contextualism, Subject-Sensitive Invariantism and the Knowledge Norm
for Action
Tiegüe Rodrigues
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul ⁄ CAPES-PNPD
[email protected]
Some philosophers have argued in favor of the increasingly popular claim that knowledge is the norm of practical reasoning, or reasoning about what to do (e.g. Hawthorne 2004, Stanley 2005, Fantl and McGrath 2009). This idea is central to the
support of a new version of invariantism – ‘subject-sensitive invariantism’ – on which
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CADERNO DE RESUMOS
epistemic properties and relations such as knowledge and justification obtain partly in
virtue of practical facts about what is at stake for the epistemic agent, that is, whether
the true belief that p is knowledge not only depends on traditionally conceived factors such as one’s evidence, and the reliability of the belief-producing process, but also
the stakes or how important it is that p be true (the view is also known as ‘sensitive
moderate invariantism’, Hawthorne 2004, and ‘interest-relative invariantism’, Stanley
2005). Consequently, advocates of this view need to reject the widely-held thesis that
only belief and truth-conducive factors are relevant in the description of epistemic
notions. Following other versions of invariantism, subject-sensitive invariantism (SSI)
denies the contextualist claim: According to contextualism the truth conditions of
knowledge-attributing sentences vary with the context of utterance so that a sentence
of the form “S knows that p” can be true when uttered by one attributer, but not when
uttered by another attributer, even keeping fixed the subject, time, and proposition.
This is so because some terms of the epistemic vocabulary as ‘know’, and its cognates,
are context-sensitive and express different properties in different contexts. Contrary to
contextualism, invariantists claim that ‘know’ expresses a univocal property. Although
similar, SSI is distinguished from traditional versions of invariantism by the range of
factors that it allows affect the truth of knowledge ascriptions. SSI has been defended
in part by appealing to the idea that knowledge is the norm of practical reasoning, or
reasoning about what to do. The main idea is that knowledge is the norm of practical
reasoning, as either a claim of necessity, and/or sufficiency. In this paper I will point out
some main difficulties for advocates of the idea that knowledge is the norm of practical
reasoning, whether that is understood as a necessity or sufficiency claim. Instead, I will
argue that the epistemic standards for practical reasoning vary contextually. The first
section schematizes the evidence for an understanding of ‘know’ and of other terms of
epistemic appraisal that embodies contextualism or subject-sensitive invariantism, and
distinguishes between those two approaches. In the second section we see one of the
claims that have been used to support and defend SSI, that is, the idea that knowledge
is the norm of practical reasoning. In the third section we’ll highlight some problems
for thinking that knowledge is the norm for action. In the last section I we’ll argue that
the epistemic standards for practical reasoning vary contextually.
How do epistemic norms work?
Luis Fernando Munaretti da Rosa
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
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In this presentation I start dealing with the following question: when S instantiates an epistemic norm in believing that P, must S’s belief that P actually satisfy
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the epistemic goal of having true beliefs and avoiding false ones? Given that the
answer to that question is negative, as shown by a number of examples of justified
beliefs which are false, we must find another interpretation of what it means to
optimize the epistemic goal. The instantiation of epistemic norms, a relation which is supposed to be a condition for epistemic rationality, is someway related to
the epistemic goal, but how? Another way of describing the instantiation of epistemic norms is saying that, when S instantiates an epistemic norm in believing
that P, S is satisfying the epistemic goal from her own point of view: S would believe in reflection, a counter-factual situation in which S access her own epistemic
norms, that believing P satisfies the epistemic goal. This analysis is very similar
to the one offered by Richard Foley (1993), which he calls the ‘egocentric’ account of rationality. I present two kinds of counter-examples to such analysis: (i)
counter-examples to the thesis that being egocentrically rational is necessary for
epistemic rationality, and (ii) counter-examples to the thesis that being egocentrically rational is sufficient for epistemic rationality. Fortunately, there is another
way epistemic norms could be related to the epistemic goal. It can be expressed by
the following conditional: if Sinstantiates an epistemic norm in believing that P
in conditions C, then P is probably true conditional on C and C causes S’s belief
that P. This analysis is very similar to the one offered by William Alston (1988),
in which conditions C are the ‘grounds’ for the belief that P – empirical mental
states and doxastic attitudes. I call such kind of analysis ‘probabilistic account
of rationality’. I argue that the probabilitistic account, as an analysis of justification and epistemic norms, gives us the best criterion to epistemic rationality
attribution. It does not require that rational beliefs are true, neither require that
rational beliefs are the ones sanctioned by a given subjective perspective in a state
of deep reflection – it requires that rational beliefs are the ones that are probably
true conditional on their cognitive causes. This account coherently explains the
positive epistemic status we mean to be in cases of epistemically justified beliefs.
However, a number of questions remains to be answered. The more striking one
is the following: what kind of probability relates conditions C to the target beliefs? I present three different readings of probability, as presented by a number
of authors (e.g., Mellor, 2005) – subjective probability, epistemic probability and
objective probability. Finally, I argue that epistemic probability is the best choice
for the probabilistic account of rationality.
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CADERNO DE RESUMOS
Alasdair MacIntyre on Hume’s guillotine: Can moral realism avoid the
objective/subjective dualism?
Charles Borges
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
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Realist and anti-realist moral philosophers tend to disagree about the objectivity of
moral values and moral facts. When faced with questions such as «are there objective
moral facts?» moral realism is proud in giving us the picture of an objective moral
world which is the basis of our moral judgments. Yet, their claim is that moral facts are
as real as mountains, rivers, TB, the number 4, and the smartphone. Anti-realists’ reply
is known: they argue that «moral facts» are products of a given culture, i.e., that «facts»
of this kind are «collective constructions» that vary in space and time. According to
this view, moral judgments are intersubjective constructions without any objective support. Although part of anti-realists is limited to a regional relativism (and then is not
committed to the view that even natural facts are dependent on a transcendental subject), from a metaphysical point of view what is at stake is the issue of access to the truth. Realists and anti-realists disagree about the status of truth. To the former the problem is to explain what kind of «facts» are these «moral facts» and, in so doing, account
for moral and cultural diversity that seems to deny any «moral truth.» To the latter
the problem is to explain why we should accept as valid any «cultural construction»
independent of an objective criteria, and then, answer the emerging question: how can
we settle any moral disagreement if we have no objective criteria? The questions to be
answered are: Is it possible to combine moral objectivism with cultural constructivism?
Is there a way of recognizing the relativity of moral values without invalidating moral
realism? Can we go through Hume’s guillotine without having our heads cut off ? Our
goal is to develop the MacIntyrean proposal of overcoming objective/subjective dualism in ethics by using a realistic-naturalistic conception of society. Our path will be to
present a rooted-in-cultural-constructions conception of practical reason as a starting
point to achieve a «moral truth» emerging from (objective) social structures.
Espectador de si mesmo: notas sobre a Teoria dos Sentimentos Morais
Eduardo Vicentini de Medeiros
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
[email protected]
Consideremos os juízos abaixo: a) “Estou orgulhoso de sua ação caridade”; b)
“Sinto remorso por não ter auxiliado aquela velha senhora a atravessar a rua”; c)
“A raiva me acomete quando observo punguistas agindo livremente no centro da
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II CONGRESSO • 2012
cidade”; d) “Sua dedicação aos pacientes de câncer me compadece”. Em todos
estes juízos parece evidente que está sendo expresso uma avaliação de nossas ações
ou das ações de terceiros. Em todos estes casos, não importando se ações minhas
ou de terceiros, se me perguntarem como eu sei que tenho estes sentimentos, minha resposta, aparentemente, não poderia ser outra que dizer: quando pensei nestes casos, me ocorreram estes sentimentos e, não apenas isso, mas quando penso
novamente sobre estes casos, são estes os sentimentos que me ocorrem. Tudo se
resolve do meu ponto de vista, enquanto pensamentos e sentimentos que tenho,
independente da consideração de fatos que levem em conta algo além dos meus
estados subjetivos ou que levem em conta a opinião de outras pessoas sobre estes
meus estados. Esta parece ser uma resposta sensata. Nada parece sugerir que possa
haver uma explicação diferente. Adam Smith, no capítulo primeiro da terceira
parte de “Teoria dos Sentimentos Morais” parece sugerir uma explicação diversa:
“O princípio pelo qual naturalmente aprovamos ou desaprovamos nossa própria
conduta parece em tudo igual ao princípio pelo qual formamos juízos semelhantes
a respeito da conduta de outras pessoas. Aprovamos ou desaprovamos a conduta
de outro homem segundo sintamos que, ao fazermos nosso seu caso, podemos ou
não simpatizar inteiramente com os sentimentos e motivos que a nortearam. E,
da mesma maneira, aprovamos ou desaprovamos nossa própria conduta segundo
sintamos que, quando nos colocamos na situação de outro homem, como se a contemplássemos com seus olhos e de seu ponto de vista, podemos ou não entender os
sentimentos e motivos que a determinaram, simpatizando inteiramente com ela.
Jamais podemos inspecionar nossos próprios sentimentos e motivos, jamais podemos formar juízo algum sobre eles, a não ser abandonando, por assim dizer, nossa
posição natural e procurando vê-los como se estivessem a certa distância de nós”.
Minha sugestão para compreender esta explicação alternativa para os juízos que
expressam nossa aprovação ou desaprovação de nossas próprias ações é a seguinte:
entender a gramática de expressões que designam sentimentos morais pressupõe
o exercício de se colocar na posição de um espectador em relação a si mesmo. Este
tipo de experimento, não-natural, como o próprio Adam Smith reconhece, onde
“tudo se passa como se me dividisse em duas pessoas” tem como resultado a criação de um ponto de vista artificial de onde a moralidade passa a ser compreensível.
Como pano de fundo, tentarei mostrar que existe uma conexão não trivial entre
o modo como conhecemos nossos estados mentais e as eventuais explicações que
oferecemos para nossos juízos em contextos morais.
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CADERNO DE RESUMOS
MESA 8: THE CRISIS IN PHILOSOPHY: SOME INSTITUTIONAL CAUSES AND
(PERHAPS) SOLUTIONS
At present, I believe, philosophy is in bad shape: increasingly self-absorbed, splintered into hyper-specialized sub-fields, dominated by self-promoting cliques, and (in
the U.S. anyway), in thrall to Prof. Leiter’s “rankings.” In a recent paper on academic
ethics I listed some virtues needed to do our work responsibly and well: industry;
judgment; integrity; focus; realism; impartiality; independence; consideration; and
courage—all essential, I argued, in doing philosophy, in teaching, and in other activities like refereeing, hiring, etc. But, I argued, at least in the U.S. and much of the
English–speaking world, these virtues are being systematically eroded. For, when
universities are “managed” by a burgeoning class of professional administrators
who—having no real sense of what serious intellectual work requires—rely instead
on such proxy measures as departmental rankings, the “prestige” of journals, amount
of grant money brought in, etc., many academics soon internalize these distorted
values. At this roundtable, with the benefit of Brazilian perspectives, I hope we can
think more generally about what kinds of institutional factors contribute to the
decline—and about possible solutions.
Susan Haack
University of Miami
[email protected]
Adriano Naves de Brito
Universidade do Vale do Rio dos Sinos ⁄ Chiron ⁄ CNPq
[email protected]
MESA 10: WHAT IS MORAL OBLIGATION? CHALLENGING THE
NATURALISTIC PERSPECTIVE
The concept of obligation has been characterized in various ways throughout the
history of philosophy. God, the moral conscience, the state and other possible sources have been considered as foundations of our duties of various kinds. Some Brazilians who work with analytical philosophy have written on this topic from different
points of view. Recently the naturalistic approach has gained prominence in the
treatment of problems of practical philosophy, including the problem of obligation. This round table has two goals: on the one hand, to discuss the naturalistic
alternative for the explanation of obligation, particularly of moral obligation, and,
on the other hand, to contrast this approach with non-naturalistic objections and
solutions. The debate will focus on an a priori view of the foundation of obligation
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and a predominantly descriptive view of how moral regulation functions among
humans. The session will be organized in such a way that a discussion of the naturalistic view will be followed by an exposition of objections and by a debate first
among the round table participants and then with the audience.
Adriano Naves de Brito
Universidade do Vale do Rio dos Sinos ⁄ Chiron ⁄ CNPq
[email protected]
Nelson Gomes
Universidade de Brasília
[email protected]
Marco Antônio Oliveira de Azevedo
Universidade do Vale do Rio dos Sinos ⁄ Chiron
[email protected]
Noel Struchiner
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
[email protected]
MESA 11: PERCEPTIONS AND INTERNAL REPRESENTATIONS:
BETWEEN ANTI-REPRESENTATIONALISM AND COMPATIBILISM
We will address contemporary discussions about what human perception is and
about its relations with representations. One of the problems in assessing the issue
of perception is the variety of philosophical and psychological theories that attempt
to give an account of what it is. In any attempt to explain perception it is necessary
to connect many different kinds of facts. Some scholars, such as J. J. Gibson, deny
that perception is mediated by representational psychological operations, and others,
such as G. Hatfield, maintain that perception involves computing, a non-symbolic
and connectionist net, which results in a state of perception with non-conceptual
content. Varela, Thompson and Rosch (VTR – 1991) claim that cognition is embodied action, embedded in biological, psychological and cultural contexts. According
to this view, the world is “dependent on the perceiver,” but is not his creation. The
world depends on biological, psychological and cultural forms shared by conspecifics, which hopefully share the same conception of the world, that is, it depends on
evolutionary, historical and cultural constraints. Clark lists six characteristic elements
of a research in embodied cognition: a) Nontrivial Causal Spread; b) Principle of
Ecological Assembly; c) Open Channel Perception; d) Information Self-structuring;
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CADERNO DE RESUMOS
e) Sensorimotor Experience Perception; f ) Dynamic Computational Complementarity (cf. Shapiro, 2011, pp. 61-67). According to Andy Clark, whose proposal will
be presented by Stein, it isn’t necessary to eliminate the concepts of computation and
representation from research in embodied cognition. If we know the functions of
the brain, the place if them, we can also identify representations, chemical-physical
manifestations that participate in cognition and actions. For this we need to think
about human beings as part of the evolutionary drift. Clark emphasizes cases like
those involving reasoning in the absence or non-existence of states of affairs, as well
as abstract reasoning processes that seem not to dispense with the assumption of
some kind of representational system. Lemos will speak about two modes of anti-representationalism in cognitive sciences characterized by what has been called embodied cognition: James J. Gibson’s proposal of direct perception and Rodey Brooks’
proposal of mobile robots. Gibson emphasizes the interaction between animals and
environment. The latter proposal presents itself as an alternative to artificial intelligence (AI) of traditional features. Two concepts will be examined as part of Gibson’s
ecological psychology. The first concept is that of affordances and the second one
is the concept of direct perception. Gibson’s conception features the most radical
kind of anti-representationalism among the embodied cognition approaches. Brooks’
work is an attempt to build a robot without the need for prior programming of a
representational type. Oliveira will discuss another author, Tyler Burge (2003, 2007,
2010), who holds a perceptual anti-individualism. Burge accepts that the notion of
representation is equivalent to the notion of representational content, because it may
or may not be accurate, true or false. The perception or the representational content is
associated with a perceptual state, and depends on the interaction with the elements
of the environment as well as on perceptual constancy. Burge assumes by definition
that concepts are a component of propositional representational contents of thoughts.
However, he also argues that perception does not depend on conceptualization, since
perception is not a propositional thought.
Sofia Inês Albornoz Stein
Universidade do Vale do Rio dos Sinos / CNPq
[email protected]
Débora Fontoura De Oliveira
Universidade do Vale do Rio dos Sinos /CAPES-PROSUP
[email protected]
Thompson Lemos da Silva Neto
Universidade Estadual do Rio de Janeiro
[email protected]
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II CONGRESSO • 2012
Comunicações:
Communications:
Belief, truth, and how to link the two
Alexander Greenberg
University of Cambridge
[email protected]
This paper concerns a debate about the idea that belief aims at truth. In an attempt
to articulate this feature of belief, Velleman, at one point, attempted to analyse believing as accepting a proposition as true with the aim of thereby accepting a truth
(Velleman 2000, 251). In this way, it is the aim of belief to only be regulated by the
truth. Shah responded to Velleman’s analysis by highlighting the fact that many of
the processes which lead to what we regard as beliefs do not have the aim of being
truth-regulated. An example of such a process is wishful thinking (Shah 2003, 461–
2). Shah preferred an account, which Velleman later adopted, according to which
it is only beliefs arrived at through conscious deliberation that are solely regulated
by truth. This is because Shah claims that the concept of belief normatively links
belief with truth. Shah claims that if one understands the concept of belief, one
understands that one ought to believe that p only if p is true (2003, 466). On Shah’s
account, when one consciously asks oneself whether to belief that p, because the
concept of belief is used, one’s belief is thereby only regulated by the truth. Beliefs
not produced by consciously deliberating, because their formation does not involve the concept of belief, do not have the same guarantee of being truth-regulated
(2003, 467). Therefore, the products of wishful thinking can count among these
beliefs. I object to Shah’s account on the following grounds: according to Shah,
beliefs produced by conscious deliberation are what explains the way in which belief is truth-regulated, the way in which belief aims at the truth. I argue that this
leaves Shah without any grounds for viewing beliefs not produced by conscious
deliberation as beliefs. For Shah, beliefs not produced by conscious deliberation are
not solely regulated by the truth, but also by other considerations; those produced
by wishful thinking are regulated by pragmatic considerations. I argue that with
this merely disjunctive categorization of what regulates belief, Shah has lost any
for grounds for viewing beliefs not produced by conscious deliberation as beliefs,
for viewing them as distinct from other mental states, and, in particular, as distinct
from intentions. I then sketch an alternative understanding of the relation between
belief and truth. I agree with Shah that for wishful thinking to produce beliefs, the
relation between belief and truth is going to have to be normative. But for undelibeSociedade Brasileira da Filosofia Analítica – SBFA
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rated beliefs to be beliefs, I argue that the norm is going to have to apply any beliefs,
whether products of deliberation or not. The norm in question cannot be a norm of
deliberation but rather must be a norm of belief attribution, in a Davidsonian sense.
Belief ’s aiming at truth should be regarded as the ‘constitutive ideal’ of belief, in that
we cannot make sense of something as a belief unless as a member of a network of
mental states of which the ideal types are regulated by truth.
Do que trata a epistemologia?
Alexandre Meyer Luz
Universidade Federal de Santa Catarina
[email protected]
Nossa apresentação pretende tratar de um debate meta-epistemológico, a saber; afinal, qual o objeto primário da epistemologia? Há diferentes respostas disponíveis
na comunidade, e cada uma delas gera compromissos que orientam a elaboração de
modelos epistemológicos distintos. Defensores de modelos internalistas enfatizam
o compromisso com algum tipo invulnerabilidade à autocrítica e, por conta disto
privilegiam a noção de justificação epistêmica como o ponto central da investigação
epistemológica. Externalistas, do outro lado, optam por enfatizar a meta epistêmica, ou seja, a verdade, e por conta disto a noção de justificação ou é abandonada
ou é descrita em termos de conducividade-à-verdade. Alternativamente, modelos
centrados na noção de virtude intelectual acusam internalistas e externalistas de
errarem o ponto da avaliação, que deveria ser o caráter intelectual dos agentes epistêmicos. Nós pretendemos argumentar, em nosso trabalho, em favor da prioridade
de um modelo internalista e especular sobre modo como os desiderata considerados
por externalistas e teóricos da virtude podem se integrar a um projeto internalista.
Novas perspectivas para o programa normativo da cooperação
e da comunicação de Grice
Ana Leda De Araujo
Universidade Federal da Paraiba
[email protected]
Uma das características fundamentais da teoria pragmática é tentar explicar a questão da significação do locutor, seja ela literal ou não, na comunicação humana. Nosso objetivo é o de desenvolver uma análise pragmática da linguagem a partir das
ideias de Grice, segundo o qual, a significação e a comunicação de uma enunciação
dependem da intencionalidade do locutor. De fato, é o locutor quem determina a
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II CONGRESSO • 2012
significação num contexto de enunciação, visto que é sua intencionalidade o ponto
de partida sobre o qual o interlocutor se apóia para interpretar a significação da
enunciação do locutor. Em sua definição de significação não-natural (SNN), Grice
defende a ideia de que o caráter intencional da significação do locutor, uma vez
apreendido pelo interlocutor, é suficiente para a comunicação humana. Nossa crítica
é que, tal como foi elaborada, essa definição limita-se a estabelecer uma sequência
de três intenções (informativa, comunicativa e metainformativa) da parte do locutor, como se fossem as condições necessárias e suficientes para comunicar alguma
coisa a seu destinatário. Dessa forma, a definição de SNN se apresenta em termos
de intenções unicamente, o que nos leva a questionar se é suficiente para a comunicação que o locutor tenha (apenas) tais intenções, e assim, ela parece não dar conta
da diferença entre “querer significar” e “significar”. Por essa razão, acreditamos ser
necessário acrescentar à definição de SNN a exigência de se estabelecer as condições
de satisfabilidade no contexto de tais intenções, ou seja, que o destinatário reconheça efetivamente a intenção informativa do comunicador a fim de que se estabeleça,
a partir de então, o ato de comunicação. De fato, no contexto de tais intenções, o
comunicador age no mundo criando um estado de coisas sobre o qual ele (sozinho)
não tem o controle. Nossa ideia é a de apresentar uma proposta de solução que possa
dar conta desse problema, explicitando as condições necessárias e suficientes para
que o locutor possa comunicar alguma coisa a seu destinatário. Para isso, partiremos
na direção da teoria normativa da cooperação do próprio Grice (princípios gerais
de conversação cooperativa, os quais são partilhados pelo comunicador e destinatário, quando do ato de dialogar racionalmente), e para a qual oferecemos, em trabalhos anteriores, uma explicação de sua máxima de relevância (inspirada na Teoria
da Relevância de Dan Sperber e Deirdre Wilson), bem como uma generalização da
máxima de relevância (a qual completa a generalização das máximas de quantidade
e de qualidade, proposta pela Teoria dos Atos de Discurso de John Searle e Daniel
Vanderveken). Tais definições serão o ponto de partida para a análise da reformulação das definições griceanas de significação não-natural e de comunicação, que
pretendemos apresentar neste trabalho.
Autobiografía e histrionismo – Una imagen del autoconocimiento en la
obra tardía de Wittgenstein
Ana María Giraldo Giraldo
Pontificia Universidad Javeriana
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En Zettel, Wittgenstein introduce un “plan para el tratamiento de los conceptos
psicológicos” (Z §472). Las tres primeras afirmaciones del parágrafo apuntan a la
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CADERNO DE RESUMOS
diferencia que hay en el uso de los verbos de actitud proposicional en primera y en
tercera persona. Los verbos psicológicos caracterizados por el hecho de que la tercera persona del presente tiene que verificarse mediante observación en tanto que
la primera no. Frases en la tercera personad el presente: información. En primera
persona del presente: expresión. ((No del todo cierto)) La primera persona del presente afín a una expresión. Lo que parece quedar enunciado en este parágrafo es que
habría un uso expresivo y también un uso informativo de los verbos psicológicos. El
primero sería el propio de la primera persona, mientras que el segundo sería el de la
tercera. Al inicio del parágrafo X de la segunda parte de las Investigaciones filosóficas,
sin embargo, Wittgenstein parece sostener algo más: Asimismo: el enunciado “Creo
que va a llover” tiene un sentido análogo, es decir, un uso análogo, a “Va a llover”,
pero “Entonces creí que iba a llover” no tiene un uso análogo a “Entonces llovió”. En
este parágrafo se puede leer que, respecto del uso de verbos psicológicos, la primera
persona del pasado funciona análogamente a la tercera persona del presente. Esto
significaría que Wittgenstein tendría una posición dual en lo que se refiere al significado de los verbos psicológicos en primera persona. En unas ocasiones tendría un
uso expresivo; en otras, un uso informativo. Erich Amereller, en un trabajo clásico
sobre la intencionalidad en la obra de Wittgenstein (Amereller 2001), sostuvo que
para el artillero del Goplana el uso de los verbos psicológicos en primera persona es
una cosa de descripción. Así, acogiéndose a algunas ideas del Tractatus y a pasajes
selectos de las Investigaciones filosóficas, sostuvo que para el vienés un enunciado
de la forma “Creo que p” funciona de un modo análogo a “p”. Dicho brevemente,
Amereller sostuvo que para Wittgenstein los verbos psicológicos en primera persona tienen un uso informativo. Por el mismo tiempo, David Finkelstein sostuvo que
según Wittgenstein los conceptos psicológicos usados en primera persona funcionan de un modo expresivo (Finkelstein 2001). Apoyándose en evidencia textual de
Zettel y de las Observaciones sobre la filosofía de la psicología, Finkelstein construyó
una prueba de que para Wittgenstein el vocabulario psicológico es de naturaleza
expresiva, aunque dicha expresividad, cuando se reviste del disfraz linguístico, cobra
la apariencia de la descripción, o del uso informativo. En este trabajo pretendemos
desarrollar una crítica tanto a lectura de Amereller como a la de Finkelstein, señalando que para Wittgenstein habría al menos dos tipos de usos diferentes del vocabulario psicológico en primera persona: el expresivo y el informativo. Como consecuencia de ello, Wittgenstein estaría ofreciendo una imagen narrativa e histriónica
del auto conocimiento; por la primera, el habla sobre uno mismo es autobiográfica,
y por la segunda es propiamente expresiva: sabemos de nosotros mismos en lo que
contamos y en cómo nos comportamos. El texto tiene tres partes. En la primera
realizamos una presentación del trabajo de Amereller exponiendo, al mismo tiempo,
los argumentos de Wittgenstein a favor de una “interpretación informacionista” del
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uso de los conceptos psicológicos. En la segunda parte presentamos las críticas de
David Finkelstein a una lectura como la de Amereller. Allí también exponemos
los argumentos a favor de una “interpretación expresivista” del uso del vocabulario
psicológico en primera persona. Finalmente, en la tercera parte, elaboramos nuestra
crítica a las dos lecturas mencionadas, informacionista y expresivista, y elaboramos
una visión autobiográfica e histriónica del autoconocimiento, inspirada en el trabajo
tardío de Wittgenstein.
Meaning Eliminativism. Some Versions and Prospects
André Leclerc
Universidade Federal do Ceará
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In a paper read in 1940, “The Meaning of a Word”, Austin was one of the first in
contemporary philosophy, for all I know, to criticize systematically the idea that there
is a denotation corresponding to the definite description: “The meaning of a word.”
There he concludes: “there is no simple and handy appendage of a word called ‘the
meaning of (the word) “x”’. It is, he says, “a spurious phrase”. After reaching this
conclusion, he started criticizing the very notion of analyticity, eleven years before
Quine’s “Two Dogmas of Empiricism”. On different grounds, Quine rejects all intensional entities because they don’t satisfy any criterion of identity. Otherwise, “…
they would induce a certain relation of synonymy or equivalence between sentences
themselves… Now my objection is going to be that the appropriate equivalence relation makes no objective sense at the level of sentences.” As a philosophical project,
a theory of meaning should construct its basic notions or show how we get there,
rather than presupposing all along what is at stake. Like a correspondence theory of
truth (at least on some versions) that says that the proposition that snow is white is
true when the fact that snow is white is true, something of a “hollow mockery”, the
precious disquotational principles of philosophical semantics (“snow” means snow;
“Snow is white” is true if and only if snow is white, etc.) do not look much informative, useful or promising. Davidson is another one who walks away from any robust
notion of meaning. “Meaning, in the special sense in which we are interested when
we talk of what an utterance literally means, gets its life from those situations in
which someone intends (or assumes or expects) that his words will be understood
in a certain way, and they are. In such cases we can say without hesitation: how he
intended to be understood, and was understood, is what he and his words, literally
meant on that occasion. There are many other interpretations we give to the notion
of (literal, verbal) meaning, but the rest are parasitic on this. Thus for me the concept
of ‘the meaning’ of a word or sentence gives way to the concepts of how a speaker
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intends his words to be understood, and of how a hearer understands them. Where
understanding matches intent we can, if we please, speak of ‘the’ meaning; but it is
understanding that gives life to meaning, not the other way around.” Finally, in chapter 9 of Literal Meaning, François Recanati puts meaning eliminativism under scrutiny and finds the position more stable and tenable that it might look at first sight.
We use words with a “contextualized sense” in one context, and later we use them in
different contexts but similar enough to justify their use. I will argue that in order
to get a realistic description of language acquisition and semantic competence, we
should take seriously meaning eliminativism and accept, in a Carnapian pragmatic
spirit, methods that do not commit us to senses as abstract entities.
Quantificação Irrestrita e Metafísica
André Nascimento Pontes
Universidade Federal do Amazonas
[email protected]
Meu objetivo na presente comunicação é apresentar um panorama da crítica formal contra a legitimidade de quantificações irrestritas e suas implicações na prática filosófica; especialmente na metafísica. A literatura filosófica está perpassada
por inúmeras teses que levantam a pretensão de ter como escopo de investigação
um domínio absoluto do discurso. Em outras palavras, muitas das teses sustentadas
através de argumentos filosóficos, prima facie, pretendem afirmar algo acerca de absolutamente tudo o que há; sua aplicabilidade seria irrestrita, ou seja, tais teses seriam
aplicadas a uma generalidade absoluta. A própria proposta da metafísica de oferecer
uma compreensão da realidade como um todo, aparentemente, só pode ser formulada a partir de teses acerca de um domínio absoluto. Um dos exemplos mais simples
envolvendo tais teses e frequentemente citado pelos teóricos é o célebre princípio
lógico-metafísico da auto-identidade que afirma basicamente que “tudo é idêntico
a si mesmo”. Nos termos de uma teoria formalizada pela lógica de predicados, tal
afirmação pretensamente irrestrita é apresentada por intermédio do quantificador
universal (“) na sentença ∀x(x=x), onde esse mesmo quantificador teria como domínio correspondente o conjunto universo. Absolutamente tudo o que há e o que
podemos conceber devem obedecer ao princípio de auto-identidade. Para melhor
compreender a estrutura básica dos argumentos contra quantificações irrestritas é
necessário ter em mente o que é considerada a abordagem semântica padrão para a
lógica de predicados. De acordo com tal abordagem, cada quantificador é interpretado como ligado a um domínio constituído por objetos que podem figurar como
valores das variáveis da sentença quantificada. Esse mesmo domínio é compreendido, em geral, enquanto um conjunto. Desse modo, se a representação do domínio de
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uma teoria qualquer se dá através de um conjunto que contém todos os itens quantificados pelas sentenças formalizadas pela teoria, então, uma teoria que contivesse
quantificações irrestritas teria como domínio o conjunto universo. No entanto, há
uma série de resultados formulados no seio da metalógica e teoria axiomática dos
conjuntos que sustenta a inexpressabilidade de algo como o conjunto de tudo o que
há. Dentre os mais célebres resultados estão o Paradoxo de Russell e o Teorema de
Cantor. A relação entre quantificação irrestrita, domínios absolutos e a metafísica é
extremante central, pois, em última instância, podemos compreender a legitimidade
de quantificações sobre um domínio absoluto como a condição de possibilidade de
uma teoria da totalidade do real.
Embodying the mental: an integrated framework for psychiatry
Aroldo Ayub Dargél
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
[email protected]
The past two decades have seen an increase in the significance of new analyses of
the human body in psychology, psychiatry, neuroscience, and philosophy of mind.
A new theory of bodily action in cognitive science regards mind and brain as a
biological system embedded within the body, interacting with the environment.
In addition, this trend in cognitive science has reasoned against the computational
approach of orthodox cognitive science that sees the mind as a software running
on the brain’s hardware. The resulting concept of embodied mind was partly ensued by the revolutionary view of the mind as extended into the environment; and
also by the increasing attention given to the way we use parts of the external environment to scaffold our cognition (Clark and Chalmers, 1998). From this point
of view, social interaction might be considered as a kind of exercise of extended
cognitive capacities, constituted by non-neural structures and relations. Moreover,
using the embodied cognition perspective to understand the gene-neuron-mind-action system permits explaining how the regulation of gene expression by social
factors makes all bodily functions, including there all functions of the brain, susceptible to social influences. The social influences may be biologically incorporated
in the altered expressions of specific genes in specific nervous cells. Having this
scenario as a theoretical background, I look at the relationship between cognitive
science and the study of mental disorder, considering the implications that the
perspective of embodied cognition could have for specific issues in psychiatry. The
new cognitive science provides a way of thinking about mental states and processes
as strongly related to bodily activities, not just brain activities, providing possible
new explanations for the spread of symptoms found in many psychiatric disorders.
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Psychiatry, cognitive science and philosophy of mind need to integrate their research in order to grasp in an accurate and comprehensive way the interconnection
of psychological, social and pharmacological approaches related to mental disease,
so as to permit a better understanding of individual mental illnesses, not just as
something materialized in the brain or in its cells, i.e. detectable trough MRI or
DNA sequencing methods, but as something that is experienced, subjectively, by
the individual in its bodily social action.
Análise do conhecimento e a psicologia de conceitos
Arthur Viana Lopes
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
[email protected]
Um aspecto marcante da análise do conhecimento e do debate entre internalistas
e externalistas epistêmicos diz respeito ao uso da análise de casos – a descrição de
casos imaginários com a intenção de salientar o aspecto intuitivo de uma proposição
particular ou mostrar a consequência anti-intuitiva de uma teoria. Particularmente,
a discordância fundamental entre internalistas e externalistas é propriamente refletida no uso de casos imaginários. Internalistas apresentaram casos para mostrar que
critérios externalistas não são nem suficientes, nem necessários para justificação ou
posse de conhecimento, e vice-versa. De um ponto de vista naturalista, entretanto,
um problema sério para a análise do conhecimento é que sua adoção até recentemente foi feita praticamente sem questionamentos. Em particular, sua adoção foi
acompanhada de uma significativa suposição empírica, a de que a estrutura psicológica de nossos conceitos é consistente o bastante para satisfazer as pretensões
da análise do conhecimento. Filósofos supõem que a ferramenta intuitiva que os
permite construir casos que favorecem suas teorias e contraexemplos a teorias rivais
pode ser conclusiva. Recentemente, todavia, autores como William Ramsey, Hilary
Kornblith, Stephen Laurence e Eric Margolis sugeriram que um projeto que utiliza
a análise de casos na busca de definições explicativas sobre algum conceito ordinário pode estar fadado ao fracasso justamente devido ao modo como naturalmente
representamos nossos conceitos. O propósito deste trabalho é justamente analisar
o problema da estrutura conceitual quanto ao caso específico de nosso conceito de
conhecimento. Nós vamos, primeiro, analisar a plausibilidade de hipóteses particulares sobre a estrutura de nosso conceito de conhecimento a partir das principais
teorias de conceitos da literatura psicológica, e com isso tentar gerar um diagnóstico
psicológico sobre a natureza do debate entre internalistas e externalistas. Segundo,
nós mostramos como o externalista pode construir um argumento sobre a estrutura
conceitual que favorece sua posição em oposição ao internalismo, e analisamos a
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plausibilidade deste argumento. Grosso modo, o externalista pode defender que as
intuições que favorecem sua posição se devem a um conteúdo conceitual mais central que o que origina as intuições que favorecem o internalismo.
Privacidade e Epistemologia: Agentes Artificiais como Veículos de
Informação Relevante
Bernardo Gonçalves Alonso
Universidade Federal de Mato Grosso
[email protected]
O núcleo de uma violação de privacidade é que o violador vem a conhecer proposições sobre você que você prefere manter em segredo. A fim de fazer progressos no
debate sobre a privacidade, vale a pena também investigar o que a epistemologia
tem para oferecer a esse respeito. Com o avanço tecnológico e práticas como o data-mining, que habilita robôs e demais agentes artificiais na extração de padrões escondidos em quantidades gigantescas de dados que são transformados em informações,
três perguntas são colocadas: Esses agentes podem ter acesso a nossa informação pessoal e até que ponto? Importa que não seja um humano que está lendo o meu email?
Devemos nos preocupar quando informações que não confiaríamos a humanos, pois
dizem respeito a aspectos da vida privada, são coletadas, armazenadas e analisadas
por um mero “programa”? Argumentamos que sim e devemos nos preocupar, pois
são as capacidades técnicas dos agentes que devem ser levadas em conta. Um dos
pontos principais que estamos preocupados em mostrar é que é a habilidade do agente artificial em passar a informação para o seu proprietário é que é crucial. Sob este
aspecto agentes artificiais além de serem considerados como meros repositórios de
informações, também devem ser considerados como veículos de informações relevantes, uma abordagem tentadora se considerarmos que a maior parte das informações
mantidas pelas grandes corporações encontra-se na forma de arquivos eletrônicos.
Por “informação relevante” consideramos aquela cujo conteúdo pode contribuir para
a formulação de escolhas e propósitos, o desenvolvimento de processos de decisão
e, eventualmente, que busca o sucesso de determinados objetivos. Grandes corporações geralmente defendem-se dizendo que não há problema real de violação de
privacidade baseadas no fato, p.ex., de que humanos não estão lendo os emails dos
usuários. Mas o fato de a única entidade a acessar nossas informações pessoais ser um
agente artificial é irrelevante para indicar que ocorreu uma violação de privacidade.
Transmitir uma informação que seja relevante nesses casos não depende da noção de
passar a informação pela rede, p.ex., de uma suposta hierarquia gerencial e, portanto,
torná-la conhecida por agentes naturais para que seja manipulada. Ao invés disso
depende das funções concedidas aos agentes, funções eminentemente de agentes arSociedade Brasileira da Filosofia Analítica – SBFA
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tificiais programados. Dito de outro modo, se informações estiverem disponíveis nos
bancos de dados de uma corporação após o trabalho de captura e elaboração de dados, mesmo que nenhum funcionário venha a tomar conhecimento daquele pedaço
de informação, a corporação e seus agentes são detentores (e violadores) de informações relevantes para os mais variados propósitos, detentores de conteúdos semânticos
comprimidos e encapsulados em pacotes de bancos de dados de um sistema.
Una defensa metodológica del realismo estructural óntico
Bruno José Borge
Universidad de Buenos Aires
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En el marco de los debates contemporáneos sobre el realismo científico, el realismo
estructural (RE), introducido explícitamente por John Worrall (1989), ha mostrado
ser una de las propuestas filosóficamente más pujantes. Éste sugiere que el conocimiento del que nos ha provisto historicamente la ciencia es puramente acerca de
la estructura del mundo, y no acerca de su contenido (naturaleza). James Ladyman
(1998, y) en colaboración con Steven French (2003a, 2003b) ha sostenido una versión óntica de esta posición que puede resumirse del siguiente modo: nuestro conocimiento es sólo acerca de la estructura del mundo, pues es lo único que existe. Este
realismo estructural óntico (REO), sustenta su pretensión de reconceptualizar los
objetos físicos estructuralmente en una subdeterminación metafísica que existiría al
nivel de las partículas elementales postuladas por la mecánica cuántica. El REO ha
motivado diversas críticas que cuestionan sus bases conceptuales, el desarrollo de su
argumentación, e incluso su mera coherencia. Anjan Chakravartty (2003) afirma
que, aun aceptando el punto de partida del REO, el reemplazo de una ontología
de objetos por una que postule a las estructuras como primordiales es injustificado,
dado que no satisface tres principios metodológicos básicos: a) necesidad: existen
razones que exigen adoptar como marco una nueva ontología rechazando la anterior; b) rol explicativo: el marco de la nueva ontología debe tener las mismas y más
funciones explicativas que su antecesor; y c) primitivos: el nuevo marco debe ser
menos oscuro, i.e. incorporar menos nociones primitivas. Sumariamente, las razones
que Chakravartty esgrime para sostener que el REO no satisface estos principios
son las siguientes: Respecto de a), afirma que la si las partículas cuánticas están subdeterminadas metafísicamente, los objetos macroscópicos también deberían estarlo,
si el argumento pretende ser consistente. Por tanto, sin no tenemos razones para
desestimar nuestros objetos cotidianos (sillas, mesas, etc.) tampoco las tendríamos
para abandonar una ontología de objetos inobservables. En cuanto a b), arguye que
sin las propiedades causales características de los objetos físicos, una ontología de
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estructuras no podría dar cuenta del cambiopor lo que la estructura depende causalmente de los objetos. Respecto de c), sostiene que las estructuras son definidas
en términos de relaciones, y que por tanto las ambigüedades propias de los objetos
son también aplicables a las estructuras. No sería claro, por ejemplo, qué es lo que
constituye la individualidad de una estructura. Frente a ellas, un esbozo de mis respuestas: Acerca de a) cabe aclarar que el REO no nos exige que dejemos de hablar
de objetos macroscópicos, y ni siquiera de partículas; sino simplemente que nos
preguntemos cómo deben ser entendidas metafísicamente. De cualquier modo, el
mismo Charavartty reconoce que si el REO satisface o no este principio es asunto
de controversia. Con respecto a b), si bien es cierto que las estructuras matemáticas
son causalmente inertes, las postuladas por el REO son estructuras físicas. El REO
se compromete desde un primer momento con relaciones modales objetivas. Las
dudas originadas a partir de c) son el producto de tratar a las estructuras como si
fuesen objetos. Dos estructuras isomórficas, a diferencia de de dos objetos indistinguibles, no tienen por qué lidiar con cuestionamientos acerca de su individualidad.
O realismo científico Schrödingueriano
Caroline Elisa Murr
Universidade Federal de Santa Catarina
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Erwin Schrödinger (1887-1961), nascido em Viena, Áustria, foi um dos mais importantes cientistas de seu tempo. No entanto, sua obra filosófica, também de grande importância, é muito menos conhecida do que seu trabalho como cientista. Em
diversos textos publicados ao longo de sua vida, além de discutir temas como o
papel da ciência na sociedade, o livre arbítrio e problemas relativos à física quântica,
Schrödinger explorou também algumas questões epistemológicas clássicas. Entre
elas, o conhecimento do que chamamos realidade, questão para a qual ele elabora
a tese da “construção das coisas da vida cotidiana”, bem como da “construção dos
objetos da ciência”. Expondo as reflexões de Schrödinger com respeito a ambos os
assuntos, e enfatizando o segundo anteriormente citado, nosso objetivo é chegar a
um esboço de sua posição filosófica com respeito à realidade dos objetos da ciência, especialmente a física. Resumidamente, defendemos que sua abordagem pode
ser considerada como um tipo de realismo científico, embora não em sua forma
“pura”. No realismo científico puro, ou tradicional, as teorias científicas são comparadas à realidade e consideradas verdadeiras caso correspondam a tal realidade.
É importante ressaltar que se tratam, nesse caso, dos objetos ao nosso redor, ou,
em termos Schrödinguerianos, dos objetos do cotidiano. Por outro lado, podemos
interpretar que, para Schrödinger, a ciência constrói seus objetos e, consequenteSociedade Brasileira da Filosofia Analítica – SBFA
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mente, sua própria realidade. O único modo de se obter correspondência seria, então, comparar as teorias científicas a essa realidade dos objetos da ciência, uma vez
que, para Schrödinger, as teorias científicas não podem ser julgadas verdadeiras ou
falsas de acordo com o critério do realismo científico tradicional. Apesar desse desligamento entre os objetos do cotidiano e da ciência, acreditamos que Schrödinger
não poderia ser considerado como um instrumentalista, pois, para ele, os construtos
científicos não são apenas ferramentas usadas para a obtenção de certos resultados.
Tais construtos também são reais, mesmo não correspondendo aos objetos da vida
cotidiana e nem ao menos fazendo parte deles. Um elétron, para Schrödinger, não
figura na estrutura da matéria de uma mesa, uma cadeira, ou nossos corpos, por
exemplo, quando estes são considerados como objetos cotidianos. O fato de não
vermos Schrödinger como um instrumentalista, todavia, não faz com que o enquadremos na forma mais conhecida de realismo científico. Entretanto, ele mantém a
principal característica das correntes realistas com respeito à ciência, isto é, a ideia
de se comparar as teorias científicas com objetos reais. O que acaba diferenciando a
abordagem Schrodingüeriana de maneira crucial é a mutabilidade da realidade, uma
vez que as teorias científicas, que determinam parte dela, estão sujeitas a mudanças,
enquanto construtos humanos. Em virtude de suas particulares nuances, denominamos essa posição filosófica de “realismo científico Schrödingueriano”.
Abandonar a referência?
César Meurer
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
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Em um ensaio de 1977, Davidson sublinhou que não necessitamos do conceito de
referência e nem da referência ela mesma. A comunicação volta-se para essa impactante declaração, com o intuito de examiná-la criticamente. Na primeira parte,
apresento o que o autor entende por ‘referência’. Para compreendê-lo nesse aspecto,
é crucial distinguir ‘concepção descritivista’ de ‘concepção causal’. Feita essa aclaração básica, volto a atenção para a linha argumentativa que, no entendimento do
autor, dá sustentação para a proposta de abandonar a referência. Pretendo mostrar
que Davidson está criticando a concepção descritivista. Por fim, na terceira parte do
trabalho, interrogo se o próprio autor levou a termo a sua proposta. A meu ver, ele
foi bem sucedido em mostrar as dificuldades do modelo que critica. Todavia, seus
escritos posteriores mantêm um conceito de referência e a própria referência. Ao
contrário do que a declaração de 1977 leva a crer, Davidson não perdeu o mundo.
Seus argumentos mais elaborados apontam justamente uma relação causal, sem intermediários epistêmicos, entre as crenças e os objetos das crenças.
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Dennett e as imagens mentais
Cícero Antônio Cavalcante Barroso
Universidade Federal do Ceará
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Literalmente, uma imagem é uma representação que tem propriedades espaciais.
Um quadro de Dalí é uma imagem porque tem tais propriedades – Lênin tem uma
nádega anamórfica, a janela é retangular etc. Não há dúvida de que quadros, mapas,
fotografias e coisas assim são imagens, mas há uma acalorada discussão filosófica sobre se algumas de nossas representações mentais podem ser apropriadamente
descritas como imagens. Admitir que podem equivale a aceitar a tese de que algumas dessas representações têm propriedades espaciais e que, consequentemente,
ocupam um tipo de espaço fenomenal. Um filósofo que se opõe fortemente a essa
tese é Daniel Dennett. Para ele, a crença no caráter espacial das imagens mentais é
uma fantasia que se origina do erro de atribuir autoridade aos relatos que as pessoas
fazem ordinariamente sobre suas representações visuais. Em Duas Abordagens às
Imagens Mentais, Dennett denuncia esse erro examinando uma situação imaginária.
Antropólogos descobrem uma tribo que venera um deus desconhecido: Feenoman.
Obviamente mesmo antropólogos descrentes podem estudar Feenoman. Tal estudo
pode pautar-se por duas abordagens: pode-se investigar as causas dos efeitos comumente imputados a Feenoman ou pode-se analisar os relatos sobre Feenoman,
considerando-se que Feenoman é apenas o objeto intencional desses relatos. O que
não é científico é acreditar que os relatos são verdadeiros. Para Dennett, o mesmo vale para o estudo das imagens mentais. É preciso adotar uma postura cética
em relação à existência literal de tais imagens. Para um cientista, crer que imagens
mentais são mesmo imagens seria como crer que Feenoman é mesmo um deus. O
objetivo de minha apresentação será o de argumentar contra Dennett e mostrar que
imagens mentais são realmente imagens. Começarei mostrando que a estória dos
antropólogos é uma falsa analogia. Antes de entrarem em contato com os feenomanistas, os antropólogos não têm nenhuma informação sobre Feenoman. É natural que eles sejam céticos em relação a sua existência. Já quando alguém com um
sistema visual minimamente funcional inicia um estudo sobre as imagens mentais,
a coisa é diferente. Para tal pessoa, as imagens mentais não são coisas conhecidas
apenas por ouvir dizer, elas são na verdade coisas bem familiares que se apresentam
com tamanhos, formas, limites e outras características espaciais. Prosseguirei então
indicando razões positivas que respaldam a existência literal das imagens mentais.
Minha ideia é mostrar que a noção de ‘ver’ implica ao mesmo tempo representação
mental e espacialidade. Está claro que tudo que vemos é elaboração do nosso cérebro. Portanto, ver x é ter uma representação de x elaborada pelo cérebro. Agora, um
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fato difícil de negar é que quem vê x, sempre o vê ocupando um lugar no espaço.
Deve-se notar, porém, que não temos acesso ao x em si, mas apenas a nossa representação de x. Assim, nossa experiência da espacialidade de x deve ser a experiência
de uma propriedade da nossa representação visual de x. O fato de representações
visuais terem propriedades desse tipo nos autoriza a chamá-las de imagens. Essas
serão as linhas gerais do meu argumento.
Metateoria Estruturalista e Middle range theory and the study of
organizations – Discussões acerca da prática científica em (parte)
da Sociologia
Cláudio Abreu
Universidad Nacional de Tres de Febrero
[email protected]
Tanto em seus aspectos teóricos como em seus aspectos práticos, o trabalho científico
está estreitamente vinculado a uma determinada concepção de teoria. De acordo com
a concepção clássica, pode-se dizer, de modo geral e sem entrar em pormenores, que
uma teoria é um conjunto de enunciados que é organizado dedutiva ou axiomaticamente. Esta concepção, que surge principalmente a partir de uma reflexão acerca
da Física, se instala como uma metateoria não só para uma disciplina científica (a
Física), mas sim como uma metateoria sobre teorias científicas em geral, independentemente da disciplina considerada, seja ela pertencente às ciências naturais ou às
ciências sociais. Os limites desta concepção foram historicamente apontados em parte pela concepção historicista e em parte pelas concepções contemporâneas. Dentro
deste contexto, destacamos as concepções semânticas, uma família de concepções que
compartilham a ideia básica de que a natureza, a função e a estrutura das teorías são
melhor entendidas quando sua caracterização, análise ou reconstrução metateórica
foca os modelos que a teoria em questão determina: diferentemente da concepção
clássica, contemporaneamente se entende que apresentar uma teoria requer, dentre
outras coisas, apresentar uma classe de modelos. Na prática científica sociológica, no
que se refere ao estudo das organizações, parece ser o caso de haver ainda uma predominância, embora com uma presença historicista, da concepção clássica. Mesmo
após Robert K. Merton salientar, com a noção de teoria de alcance médio, alguns
desajustes em relação a utilização da concepção clássica das teorias no contexto sociológico, talvez pelo fato de que o próprio sociólogo não foi além desta presença historicista, aqueles que adotam a noção de teoria de alcance médio como instrumento
de trabalhos que seguem ainda limitados metateoricamente. No presente trabalho,
depois de apresentar as principais discussões epistemológicas presentes em Middle
range theory and the study of organizations – obra resultante de uma conferência realiSociedade Brasileira da Filosofia Analítica – SBFA
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zada na University of British Columbia (Vancouver) em 1978 –, destaca-se os principais problemas aos quais apontam tais discussões mostrando-se que tais problemas
são, em grande medida, pertinentes e/o relevantes apenas sob a concepção clássica
das teorias. Dando sequência, apresenta-se, fazendo uso do instrumental metateórico
de uma dentre as conscepções semânticas – a Metateoria Estruturalista –, caminhos
para tanto solucionar alguns destes problemas como diluir outros, deste modo levando a cabo algumas discussões acerca da prática científica em (parte) da Sociologia.
Leitura de mentes em atenção conjunta
Daniel De Luca Silveira de Noronha
Universidade Federal de Minas Gerais
[email protected]
Situações de atenção conjunta consistem em uma base eficaz para que os agentes
coordenem com sucesso suas ações. Especificamente para coordenações estáveis que
perduram no tempo, o papel da atenção conjunta parece, contudo, insuficiente. Isso
porque esses casos exigem não apenas que os sujeitos convirjam perceptualmente,
mas também que sejam mutuamente conscientes dessa situação de convergência perceptual. Essa consciência mútua, por sua vez, não parece poder ser compreendida em
bases perceptuais, dado que, ao menos prima facie, demanda a noção de conhecimento
comum (Stephen Schiffer) e, com ela, a posse de metarepresentações. Como é sabido,
o problema é que a noção de conhecimento comum, em particular, sua alta demanda
cognitiva, não é adequada para caracterizar situações ordinárias de atenção conjunta.
A abordagem relacional de John Campbell procura fazer justiça a essa ideia. Segundo
Campbell, a atenção conjunta é um fenômeno primitivo: na condição de co-percipientes, é suficiente que os agentes estejam voltados para o mundo ele mesmo, de tal
maneira que não precisam representar seus estados mentais recíprocos. Situado na
periferia do campo perceptual do agente, o outro não é objeto da sua atenção perceptual. O ponto é que situações de atenção conjunta desoneram a sobrecarga cognitiva
associada à leitura de mente – tal sobrecarga somente ocorre para agentes que estão
isolados. Sendo a atenção conjunta desde o início marcada pela abertura recíproca
de estados mentais, cada um dos agentes não precisa replicar o raciocínio prático do
outro para saber como agir. Em suma, para Campbell, o problema das outras mentes
sequer se coloca em situações de atenção conjunta. Em que pese a força dessa argumentação, o alvo de Campbell parece ser o nível superior de leitura de mente. Não é
certo, contudo, que um nível básico de leitura de mente, que ocorre no transcurso do
episódio de atenção conjunta e da coordenação de ações que dele se segue, possa ser
igualmente eliminado. Nesse sentido, pretendo apresentar elementos a favor de uma
posição intermediária: por um lado, o engajamento estável em situações de atenção
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conjunta exige um rastreamento (keep track) recíproco de estados mentais – uma
tarefa que parece demandar algum custo cognitivo. O propósito aqui é mostrar que
cenas de atenção conjunta são situações cognitivas, que podem ser usadas pelos agentes para detectar os estados mentais dos outros. Com base nisso, os agentes influenciam mutuamente o olhar, cooperam, realizam ajustes recíprocos de comportamento
e transitam num contínuo de cenas que uma coordenação estável inclui. Por outro
lado, como mostram os trabalhos de Michael Tomasello e colaboradores, essa capacidade de rastrear os estados mentais dos outros não depende de uma teoria da mente
ou de um domínio de conceitos psicológicos em segunda ordem (metarepresentações). Finalmente, esse nível básico de leitura de mente pode se mostrar fecundo para
a compreensão do fenômeno da consciência mútua, que constitui episódios plenos de
atenção conjunta e que permite a estabilidade da coordenação de ações.
O valor semântico de um nome próprio é redutível ao seu referente?
Daniela Moura Soares
Universidade Federal de Ouro Preto
[email protected]
O que é isso em virtude do qual nomes próprios como “Sócrates” ou “Aristóteles” têm
significado? Em virtude do quê tais nomes significam o que distintamente significam?
Qual a contribuição que o significado destes nomes dá para o significado das frases
nas quais ocorrem? Estas são perguntas que uma teoria filosófica do significado dos
nomes próprios tem de responder. Uma resposta bastante intuitiva e, à partida, plausível consiste em dizer que aquilo que explica o conteúdo semântico dos nomes próprios são seus papéis denotativos. Assim, o nome “Sócrates” tem significado porque
denota a pessoa Sócrates, isto é, o que faz o nome “Sócrates” ser dotado de significado
é a pessoa Sócrates e nada mais. A esta teoria referencial do significado dos nomes
próprios chamamos teoria da referência direta. Kripke, contudo, apresenta-nos um
contraexemplo a esta teoria recorrendo à seguinte hipótese; imaginemos que um francês nativo, chamado Pierre, ao ver algumas fotografias bonitas da cidade de Londres,
faz a seguinte afirmação: 1) Londres est jolie. Entretanto, Pierre emigra para a Inglaterra, onde ocupa um bairro em Londres. Tal bairro, ao contrário dos lugares vistos
nas fotografias, não é bonito. Ele aprende inglês do modo como as crianças londrinas
aprendem, ou seja, sem recorrer a qualquer manual de tradução. Pierre então afirma:
2) London is not pretty. Dadas as afirmações 1 e 2 de Pierre, segue-se que a frase
seguinte é verdadeira: 3) Pierre acretida que Londres é uma cidade bonita e London
não é uma cidade bonita. Contudo, ao substituirmos, em 3, o nome “Londres” pelo
nome “London”, obtemos a seguinte frase falsa: 4) Pierre acredita que London é uma
cidade bonita e London não é uma cidade bonita. Pelo que em contextos de crenças
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pode não haver permutabilidade salva veritate, isto é, não podemos garantir que ao
substituirmos dois nomes co-referenciais, o valor de verdade da frase na qual ocorrem
permanecerá inalterado. Face à situação apontada por Kripke, a tese segundo a qual o
papel semântico de um nome próprio reduz-se ao seu papel denotativo é implausível.
Um defensor da teoria da referência direta terá, pois, de insistir que as frases 3 e 4 têm
o mesmo valor de verdade. Marcus (1981) faz precisamente isso, recorrendo à ideia
de que há uma intuição acerca de crenças segundo a qual não acreditamos realmente
em qualquer impossibilidade lógica. Tal como se X sabe que P, então P é o caso e X
acredita que P, também se X acredita que P, então P é logicamente possível. Logo, as
frases 3 e 4 são ambas falsas. Nesta comunicação, tentaremos mostrar que a proposta
de Marcus não funciona posto basear-se num princípio bastante implausível segundo
o qual não acreditamos realmente em impossibilidades lógicas. Ademais, tal proposta
não se aplica a todos os contextos de crenças.
Uma Nova Hierarquia de Sistemas Modais em Dedução Natural
David Gomes Costa
Instituto Federal de Alagoas
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Diversas formalizações em dedução natural para sistemas de lógica modal já foram
propostas. No entanto, continua sendo complicado formalizar os sistemas de lógica
modal sob um mesmo estilo de prova (à la Fitch, Gentzen etc) em dedução natural.
Essa complicação decorre do fato de que pode-se estar falando de muitas coisas
quando se usa a alcunha “lógica modal”: Lógicas modais proposicionais no fragmento clássico, não-clássico, de primeira ordem, normais, não normais, epistêmicas,
temporais etc. Escolhemos aqui uma classe bem específica dessas lógicas, mas que
nem por isso são de fácil tratamento. São as lógicas modais normais proposicionais
clássicas. Os mais conhecido sistemas de lógica desse tipo são os sistemas K, D, T,
4, S4, B e S5, além desses, o sistema GL (Gödel-Löb) também é um importante
tipo de lógica modal normal que pode aparecer no fragmento clássico proposicional. Trataremos então de logicas modais normais como sendo a hierarquia que vai
do sistema K ao sistema GL. Por interesses diversos vários autores já apresentaram
formalizações desses sistemas individualmente, mas não um conjunto de regras para
toda a hierarquia K-GL. Nesse quesito, o formalismo que mais chega perto são os
chamados labelled systems (ou sistemas etiquetados) bem trabalhados entre outros
por Dov Gabbay, A. K. Simpson e Luca Viganò. Podemos apresentar, grosso modo,
esses sistemas por duas características mais marcantes: utilizam fórmulas relacionais, e usar etiquetas, que são termos da linguagem (constantes, variáveis e funções).
A ideia geral é etiquetar, ou marcar uma fórmula modal, ou proposicional, com um
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termo da linguagem. Dessa forma podemos entender a etiqueta como o contexto
onde a sentença modal é verdadeira. As fórmulas relacionais fazem o papel de ligar
um termo a outro, introduzindo a ideia de acesso de um contexto a um outro. Esses
sistemas, entretanto, trazem um pequeno problema para a pretensão de apresentar
toda a nossa hierarquia em dedução natural num só estilo. É que nesses sistemas
as formalizações das regras relacionais dependem de fórmulas de primeira ordem,
ou são baseadas nelas. Por exemplo, a regra tran, que representa a transitividade, é
baseada na formalização em primeira ordem dessa propriedade de relações, ou seja,
na fórmula “x”y”z((Rxy ∧ Ryz) → Rxz) e caracteriza sistemas onde essa propriedade ocorre, nesse caso 4. Com esse tipo de formalização temos dificuldades na
representação formal da relação transitiva finita (uma relação de segunda ordem)
que é a relação da classe de enquadramentos onde o axioma L é válido, isso é, na
caracterização do sistema GL. Nesse trabalho temos o objetivo de apresentar os
resultados de trabalho de dissertação onde expomos uma hierarquia de sistemas que
vão de K a GL para lógicas modais normais proposicionais clássicas. Fazendo uso
de regras de introdução do box (operador modal de necessidade) já existentes para
alguns sistemas, como Medeiros, 2006 (S4) e Bellin, 1995 (GL), implementamos
novas regras de introdução do box para os demais sistemas. Uma vez que em lógica
modal clássica os operadores de necessidade e possibilidade são inter-definíveis a
apresentação das regras em si são a apresentação desses sistemas.
Além da Dicotomia Fato/Valor: Justificação e Legitimação
Denis Coitinho Silveira
Universidade Federal de Pelotas ⁄ CNPq
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Os valores morais podem ser inferidos dos fatos? Se respondermos afirmativamente
a esta questão, podemos resolver o problema do input metafísico em filosofia moral.
Esta forma de resposta parece ser uma tendência atual com a defesa da naturalização
da moral. Por outro lado, em que medida os valores morais não perderiam todo o seu
valor ‘absoluto’ em razão desta derivação contingente? Este é o problema colocado pela
tradição ao defender uma dicotomia entre as esferas de fato e valor, que assume uma
posição dualista ao estipular uma esfera valorativa independente da esfera dos fatos.
Uma outra alternativa é procurar apontar para a inseparabilidade das esferas normativa
e factual, defendendo holisticamente (e pragmatisticamente, também) um tipo de justificação que não faz uso do conhecimento inferencial, mas assume que a coerência entre
aquilo que é e aquilo que deve ser é a melhor maneira de defender um critério objetivo
de moralidade que não depende de um fundamento último. Quero mostrar que a teoria
moral de John Rawls assume a defesa de um modelo coerentista de justificação, que
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procura superar a dicotomia entre a esfera factual e normativa a partir de uma estratégia
holística e pragmatista de justificação dos juízos e princípios morais. Rawls faz uso de
um sistema coerentista de justificação em filosofia moral que possui as características
de holismo, construtivismo contratualista e pragmatismo, integrando o problema da
justificação da regra moral com o problema da estabilidade social e legitimidade política, o que parece interconectar a norma moral com os fatos sociais, políticos e jurídicos.
Assim, a teoria da justiça como equidade pode ser apresentada como sendo composta
de: (i) uma epistemologia coerentista holística (ECH), com o uso do procedimento do
equilíbrio reflexivo (reflective equilibrium) que possibilita uma justificação completa a
partir do nosso ponto de vista; (ii) uma teoria do contrato social (TCS) que introduz
uma ontologia moral social, com o uso do procedimento da posição original (original
position) que opera com uma justificação freestanding a partir do ponto de vista das
partes; (iii) uma estratégia pragmatista (EP) na TCS que a modifica para uma teoria do
contrato social pragmatista (TCSP), com o uso do procedimento do consenso sobreposto (overlapping consensus) para a garantia da estabilidade-legitimidade, alcançando
uma justificação pública a partir do ponto de vista dos cidadãos. Este sistema integra
o problema da justificação com a questão da legitimação, tomando como complementares elementos internalistas e externalistas, em razão de seus procedimentos justificacionais estarem em harmonia, interconectando elementos descritivistas e prescritivistas. Assim, procurarei apresentar este sistema coerentista e a estratégia pragmatista de
justificação que defende a complementaridade entre justificação e legitimação a partir
da análise do procedimento do equilíbrio reflexivo completo (full reflective equilibrium)
que possibilita superar esta tradicional dicotomia.
The number of planets is not a class either
Desidério Orlando Figueiredo Murcho
Universidade Federal de Ouro Preto
[email protected]
John Biro (2010) argues that the logical form of statements like (1) “The number of
planets is nine” does not involve identity at all. The “is” of this statement is that of
predication, just like (2) “The planet closest to the Sun is hot”. Only in (1) the object
of predication is the class of planets (of our solar system): that class has nine members; that class certainly is not the number nine. Although there is some plausibility
to this view I argue that the standard way of reading (1) is nonetheless correct: there
is a number, and only one number, that numbers the planets, and that is number
nine. The last “is” is that of identity. As far as I can understand him, Biro has two
arguments for his view. First, that under the standard way of reading (1), the main
object of discourse turns out to be numbers. Under that reading, we are understood
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as saying something like “let’s talk about numbers; there is one that numbers the
planets”. However, this is implausible: the main object of discourse is planets, not
numbers. Therefore, the standard reading of (1) is wrong. Second, that under that
reading, statements that seemingly purport to talk about something else entirely, like
the number of students enrolled in Phil 101, turn out to really talk about the same
as (1) again: numbers. However, this is implausible. Therefore, the standard reading
of (1) is wrong. I have two main objections. First, under Biro’s reading the object of
discourse of (1) would not be planets, as would be desirable, but rather classes of planets. It is the class of planets – and not the planets themselves – that has the property
of having nine members. But I take it that in using statements like (1) astronomers
are no more interested in set theory than they are in mathematics. Secondly, that
we should not as a matter of course over-interpret statements that are semantically
surprising, because in doing so we fail to see the pragmatic role those statements
have. I acknowledge that it would be just simpler to say (3) “there are nine planets”.
This is a clear statement: the object of discourse is neither numbers nor classes, but
rather things in general, and we are stating that of those there are nine that have the
property of being planets (of our solar system). Reading (1) as (3), however, would be
a case of over-interpretation. What we need to do is to explain why we use statements
like (1) whose semantics is certainly at odds with what we really mean. I propose that
statements like (1) have the pragmatic role of announcing precision.
Uma nova reconstrução da tese da indefinibilidade da verdade em Frege
Dirk Greimann
Universidade Federal Fluminense
[email protected]
A tese da indefinibilidade da verdade em Frege diz que “seria fútil empregar uma definição a fim de tornar mais claro o que deve ser entendido por “verdadeiro””, ou seja,
toda tentativa de explicitar a verdade é circular porque pressupõe que já entendemos
o que é verdade. O argumento de Frege é: “Se, por exemplo, queremos dizer “uma
apresentação é verdadeira se ela concorda com a realidade” nada teria sido conseguido,
uma vez que para aplicar essa definição num dado caso precisamos decidir se uma
apresentação concorda com a realidade, em outras palavras: se é verdadeiro que a
apresentação concorda com a realidade. Desse modo, precisaríamos pressupor a coisa
definida. O mesmo aplicar-se-ia a qualquer explicação da forma “A é verdadeiro se
e somente se A tem tais e tais propriedades ou está em tal e tal relação com tal e tal
coisa”. Em cada caso, sempre voltaria à questão de se é verdadeiro que A tem tais e tais
propriedades, ou está em tal e tal relação com tal e tal coisa. A verdade é obviamente
algo tão primitivo e simples que não é possível reduzi-la a qualquer coisa ainda mais
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simples.” Na literatura, existem basicamente duas abordagens de reconstruir este argumento. Segundo a abordagem padrão, representada por Dummett, Baker, Hacker
and Soames, a tese baseia-se numa confusão óbvia. O suposto erro na argumentação
é que para determinar se A tem tais e tais propriedades, não precisamos determinar se
o pensamento que A tem tais e tais propriedades é verdadeiro. A segunda abordagem
é representada por Sluga. Ele tenta mostrar que a tese da indefinibilidade da verdade
em Frege deriva-se da sua tese que predicados categoriais como “x é um objeto” e “x é
um conceito” são defeituosos. Para definir a verdade de uma sentença elementar como
“A neve é branca”, precisaríamos explicar as suas condições de verdade. Segundo Frege, essas condições são que o objeto denotado pelo nome próprio “a neve” cai sob o
conceito denotado por “x é branco”. Porém, não é possível formular estas condições
corretamente porque nomes próprios como “o conceito denotado pelo predicado “x
é branco”” não se refere a um conceito, segundo Frege, mas a um objeto. Portanto, a
verdade da sentença não pode ser definida, ou seja, corretamente formulada. A abordagem padrão é pouco plausível porque implica que o argumento de Frege é uma
falácia óbvia. A abordagem de Sluga também é pouco plausível porque não se combina com a argumentação concreta do Frege: Frege não afirma, nos trechos citados,
que qualquer tentativa de definir verdade fracassa por causa da necessidade de usar
predicados defeituosos, mas por causa da sua circularidade. A tese central da palestra
é que, para reconstruir o argumento de Frege corretamente, é essencial levar em conta
que ele entende por verdade o que expressamos na linguagem natural pela “forma da
sentença assertórica”. Dado que essa forma é o principal operador de verdade, toda
tentativa de definir verdade fracassa de fato por circularidade.
A concepção de irredutibilidade ontológica dos estados mentais como
resultado da revisão dos fundamentos da tradição materialista
Edmar Gomes Rodrigues
Universidade Federal de Uberlândia
[email protected]
Nesta comunicação, pretendemos apresentar alguns dos principais elementos de
convergência entre as perspectivas assumidas por John Searle, Thomas Nagel e
Frank Jackson no que diz respeito à defesa da subjetividade da consciência como
categoria ontológica não redutível a processos neurocerebrais. Trata-se de um posicionamento contrário ao projeto fisicalista segundo o qual (i) toda realidade é
objetiva e, por isso mesmo, (ii) cada evento no universo é concebível e inteligível
por investigadores humanos. Queremos mostrar em que sentido as perspectivas de
Searle, Nagel e Jackson vão de encontro à ideia materialista consoante a qual as
únicas coisas que existem são essencialmente físicas, no sentido em que físico é traSociedade Brasileira da Filosofia Analítica – SBFA
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CADERNO DE RESUMOS
dicionalmente concebido, isto é, como oposto ao mental. Para tanto, compete-nos,
primeiramente, delinear a estrutura argumentativa a partir da qual Searle questiona
os fundamentos sobre os quais se assenta a tradição materialista. Nessa etapa da
comunicação, propomos demonstrar, com base nesses autores, algumas das principais fragilidades inerentes ao grupo de concepções e pressuposições metodológicas que fundamentam a concepção materialista. A realização desse momento nos
conduz à segunda etapa, quando então depreenderemos nossa defesa da noção de
irredutibilidade ontológica dos estados mentais a partir da demonstração pontual das fragilidades constituintes da tradição materialista. Interessa-nos, para tanto,
analisar as seguintes concepções e pressuposições metodológicas: (i) a consciência e
suas características especiais são de importância reduzida; (ii) a realidade como um
todo é completamente objetiva; (iii) porque a realidade é objetiva, devemos adotar
apenas o ponto de vista de terceira pessoa para o estudo da mente; (iv) só podemos
nos referir a fenômenos mentais pela observação do comportamento e (v) a essência
do mental é o comportamento inteligente e as relações causais de comportamento
inteligente. Para essa análise, demonstraremos as convergências de princípios entre
à orientação que Searle denominou de naturalismo biológico, a noção de aspectos
epifenomenais qualitativos de Jackson e a noção de ontologia de primeira pessoa de
Nagel. Interessa-nos, portanto, delinear como a crítica às concepções e pressuposições da tradição materialista dá origem aos seguintes postulados: (i) a consciência
é realmente importante; (ii) nem toda realidade é objetiva; parte dela é subjetiva;
(iii) é um erro supor que a ontologia do mental é objetiva, razão pela qual podemos
defender uma ontologia de primeira pessoa; (iv) é um erro supor que tudo que sabemos da existência de fenômenos mentais em outras pessoas seja obtido apenas
pela observação do comportamento e (v) comportamento ou relações causais para
comportamento não são fundamentais para a existência de fenômenos mentais. É
nesse sentido que nossa proposta geral consiste em defender a irredutibilidade dos
processos mentais a partir da revisão dos fundamentos da tradição materialista.
Um breve estudo comparado dos fenômenos de sub-articulação
e sub-determinação semântica
Eduarda Calado Barbosa
Universidade Federal da Paraíba / Universidade Federal de Pernanbuco /
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
[email protected]
Há muitas discussões, em filosofia da linguagem, envolvendo a noção de sensibilidade contextual – a característica possuída por certas expressões de terem seus valores semânticos determinados por fatores de contextos. Algumas posições, como ou
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contextualismo (ou pragmática vero-condicional (Recanati 2004, 2010)), reconhecem esse fenômeno em potencialmente todas as expressões de conteúdo da linguagem comum; outras – como estratégias que recorrem a constituintes inarticulados
– restringem-no a casos particulares, sintaticamente orientados ou semelhantes à
indexicalidade. Neste trabalho, começarei por reconhecer, nessa discussão, dois tipos
de sensibilidade contextual: a sub-determinação e a sub-articulação. Tratarei casos
de ajustes contextuais livres, pragmaticamente orientados, como casos de sub-determinação semântica. Eles podem ser reconhecidos em exemplos de variação como:
João abriu a boca.
O garoto abriu o presente.
O construtor abriu a parede.
Em Carston & Powell (2006). Neles, muito embora o termo ‘abriu’ seja lexicalmente
invariante, suas contribuições vero-condicionais variam livremente, na dependência
de fatores do contexto. Já, nos exemplos:
Está chovendo.
João é alto.
Temos casos de sub-articulação. Aqui, há constituintes vero-condicionais relevantes
que, porém, não correspondem a nenhum morfema explícito e articulado. Defenderei que há uma diferença entre os dois tipos de sensibilidade contextual mencionados, e, assim, que há pelo menos duas formas de conceber a influência de contextos
sobre a significação. Na sub-articulação, o tipo de informação provida pelo contexto
é orientada a nível sintático-lexical. Expressões, como d. e e., por exemplo, possuiriam, em sua estrutura argumental, lugares vazios para informações específicas
– localização, para e., e uma classe de comparação, para f.. A sub-determinação, por
sua vez, não é um tipo constrangido de sensibilidade, e, por isso, não demanda suplementação contextual específica. Segundo irei argumentar, por trás da sub-articulação, está uma justificativa informacional: o tipo de informação envolvida, em d. e
e., pode ser inarticulada, porque nossa relação com aspectos salientes de nossos contextos
ambiental e de fala nos permite recuperar elementos vero-condicionais relevantes,
de forma imediata. E por trás da sub-determinação, há um elemento de construção
conceitual, que nos permite diferentes formas e níveis de abstração sobre usos, para a
geração de significados ocasionais intuitivos. Assim, teorias que procuram explicar
a sensibilidade contextual como sub-determinação, como parece ser o caso da teoria
da relevância e da pragmática vero-condicional, falham em explicar casos, como d. e
e., satisfatoriamente. Isso porque os mecanismos de determinação, que nos permitem
ajustar significados de forma livre – como em a., b., c. –, não explicam a natureza
constrangida e específica da articulação contextual, vista em d. e e.. Parece muito
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mais plausível, então, supor que uma teoria adequada da sensibilidade contextual
deve explorar, pelo menos, dois tipos de mecanismos de ajuste contextual diferentes:
um, de articulação e outro, de determinação.
On the Cognitive Importance of Names
Eros Corazza
Carleton University
[email protected]
In this paper I discuss and challenge Mill’s well-celebrated claim that all there is to
names is their bearers, viz. that names denote but don’t connote. I’ll defend the view
that there is more to names and that, curiously enough, Mill himself hinted at that.
Although I’ll have close to nothing to say about the way names relate to their bearers,
I’ll end up arguing that names denote and connote. The position I endorse, though,
will not undermine the core ideas of Millianism, i.e. the view that names are tools of
direct reference. The referential relation between a name and its bearer, I’ll assume,
is not mediated by a Fregean sense or mode of presentation ending up into the proposition expressed. As such, names directly anchor our thought to the external world
and allow us to entertain singular, de re, thoughts. I’ll argue that on top of being tools
of direct reference (being tags), names play an important cognitive role in helping to
organize our mental and social life. The philosophical tradition has tended to focus
on the how question, i.e. on how names relate to their bearers. I’ll try to show that
a related important aspect concerns the why question, i.e. why do we have proper
names to begin with? I’ll thus try to bring forward a picture that takes into account
the cognitive motivations and importance of having names. In so doing, I’ll suggest
that names are also conveyors of empathic connections. I’ll finally suggest that names,
although they are tools of direct reference, also transmit some connotative (pragmatic
and/or cognitive) information, enabling them to be the wonderful referential and
cognitive tools each linguistic community and tradition uses and exploits.
Justificação de crenças de grupo
Felipe de Matos Müller
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
[email protected]
Tradicionalmente, a Epistemologia limita-se a abordagem de agentes epistêmicos
individuais. Entretanto, a Epistemologia Social em sua concepção expansionista tem
ampliado essa visão, considerando agentes epistêmicos tanto individuais quanto coletivos. Essa mudança de foco na epistemologia é muitíssimo recente e merece uma
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atenção especial. Em nossos dias, a atribuição de conhecimento a entidades coletivas é muito frequente, não apenas no discurso científico, mas também nos veículos
de comunicação. Uma linha de investigação que se desenvolveu recentemente é a
epistemologia de grupos, cujo objetivo é avaliar a possibilidade de grupos terem conhecimento proposicional. Grupos de pesquisa são exemplos paradigmáticos do que
poderíamos chamar de “grupos epistêmicos”. Tradicionalmente, quando se fala em
conhecimento proposicional assume-se inicialmente a definição tripartite de conhecimento. Existe duas visões acerca de grupos terem conhecimento: a visão do somatório e a do não-somatório. De acordo com a visão do somatório, o conhecimento
que um grupo tem é a mera soma do conhecimento de seus membros. De acordo
com a visão do não-somatório, o conhecimento que um grupo tem não pode ser
reduzido à mera soma do conhecimento de seus membros. Se conhecimento (proposicional) implica justificação epistêmica, então se um indivíduo S sabe que p (uma
proposição qualquer), S está justificado em crer que p. Analogamente, se um grupo G
sabe que p, então G está justificado em crer que p. Todavia, a justificação de crenças
de grupo não parece ser idêntica a justificação das crenças dos indivíduos, se considerarmos algumas características básicas acerca do conceito de justificação epistêmica
indicadas por William Alston (1985). Estabelecer a contraposição entre justificação
de crenças de grupo e de crenças individuais é um dos objetivos deste ensaio. Será
apresentada também uma distinção introduzida por Frederick Schmitt (1994) entre
duas concepções de justificação de crenças de grupo e os traços fundamentais da controvérsia sobre elas. Por fim, será avaliado se é necessário e/ou suficiente que os membros do grupo estejam justificados individualmente em crer que p para que o grupo
G esteja justificado em crer que p. Essa discussão terá como principais interlocutores
Margaret Gilbert (1994), Frederick F. Schmitt (1994), Alvin Goldman (2004), Raul
Hakli (2007), Kristina Rolim (2010) e Kay Mathiesen (2011).
Resistência Racional a Argumentos Cogentes
Fernando Fabrício Rodrigues Furtado
Universidade Federal de Ouro Preto ⁄ Universidade Federal de Minas Gerais
ffr_ [email protected]
Talvez já tenha lhe ocorrido de estar perante um argumento que fosse incapaz de refutá-lo ou de aceitar a sua conclusão. Perante o argumento de um especialista, um corretor de ações, por exemplo, é comum sermos incapazes de refutar seu argumento. Não
conhecemos a área – às vezes mal compreendemos o que está em causa – e, por isso,
somos incapazes de refutar o argumento. Nesta circunstância aceitamos ou rejeitamos
conclusões de argumentos segundo normas muito similares às que regulam o testemunho e não ficamos desconfortáveis – racionalmente – caso não aceitemos a concluSociedade Brasileira da Filosofia Analítica – SBFA
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são. Um caso mais complicado é quando o argumentador e seu interlocutor estão em
situação de paridade epistêmica. Quando há paridade epistêmica e estamos perante
um argumento que reconhecemos ser cogente e não somos capazes nem de refutar o
argumento nem de aceitar a conclusão, ficamos em uma situação aparentemente irracional e sentimo-nos desconfortáveis com isto. Será que, mesmo em casos de paridade
epistêmica, pode haver circunstâncias sob as quais seja racional rejeitar a conclusão de
um argumento que o agente em causa reconhece a cogência e seja incapaz de refutá-lo? Esta circunstância particular será trabalhada nesta comunicação. Uma célebre passagem de David Hume acerca dos argumentos de Berkeley ilustra bem essa situação:
“they admit of no answer and produce no conviction. Their only effect is to cause that
momentary amazement and irresolution and confusion, which is the result of skepticism.” Para Hume os argumentos de Berkeley são típicos casos de argumentos que não
se pode refutar ou aceitar. Ao longo desta comunicação vou procurar formular critérios
que digam sob quais circunstâncias é racionalmente legítimo nem refutar nem aceitar
a conclusão de um argumento cogente e, ao mesmo tempo, discutir as características
de argumentos perante aos quais parece legítimo agir desta maneira. A motivação
desta comunicação é, pelo menos em parte, responder ao artigo do professor Jonathan
E. Adler intitulado “Resisting the Force of Argument” e publicado pelo conceituado
Journal of Philosophy em 2009. Neste artigo Adler põe em causa o conceito de cogência
argumentando que ele não é suficiente para regular a argumentação. Mesmo que um
argumento seja cogente e que o agente em causa reconheça sua cogência, ainda assim,
sob certas circunstâncias, é racional que este agente rejeite a conclusão mesmo sendo
incapaz de refutar o argumento. Aqui eu aceito a tese central de Adler – a cogência
tal como comumente definida é insuficiente para regular a argumentação – e discordo
de vários aspectos de pormenor. Vou argumentar que o conjunto de crenças anteriores
do interlocutor é relevante para aceitação ou rejeição racional da conclusão de um
argumento. E um argumento que colida com as crenças anteriores do agente relevante
terá que apresentar algumas características que, caso não sejam satisfeitas, liberam o
interlocutor da obrigação de refutar ou aceitar o argumento.
Certeza e Conhecimento: uma sugestão de revisão para o
debate contemporâneo
Giovanni Rolla
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
[email protected]
O objetivo é mostrar que a distinção descrita por Wittgenstein em On Certainty
entre duas atitudes cognitivas distintas que se referem a dois tipos de proposições,
respectivamente, certeza (quanto às “proposições dobradiças”) e conhecimento
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(quanto às demais proposições empíricas verdadeiras e justificadas), oferece um
modo de assentar a disputa contemporânea em epistemologia entre internalistas e
externalistas. A disputa em questão gira em torno da tese segundo a qual a posse
de conhecimento tem como condição necessária o acesso reflexivo ao que caracteriza um estado mental como de conhecimento – é o caso, pelo menos à primeira
vista, da definição clássica de conhecimento como “crença verdadeira justificada”.
Essa tese, endossada pelos internalistas e negada pelos externalistas, pode ser simplificada nos termos da tese KK: para qualquer proposição, P, saber que P implica
saber que se sabe que P. Por um lado, os externalistas alegam ser possível saber que
P sem saber que se sabe, isto é, sem poder oferecer quaisquer razões ou evidências
em favor de P, como é, segundo eles, o conhecimento das negações das hipóteses
céticas – eu sei que não sou um cérebro em uma cuba em Alpha Centauri, apesar
de não ter nenhuma razão ou evidência que exclua essa possibilidade. Por outro
lado, os internalistas afirmam que, para o caso de proposições em que normalmente
acreditamos, conhecê-las sem quaisquer razões ou evidências em seu favor enseja a
possibilidade de irresponsabilidade epistêmica, que é, pelo menos intuitivamente,
incompatível com a posse de conhecimento. A sugestão de trazer as considerações
de Wittgenstein em On Certainty ao debate contemporâneo contempla a compatibilização das intuições dos internalistas e externalistas a respeito da tese KK.
Diferentemente das análises do conceito de conhecimento – que visam determinar
as condições necessárias e suficientes para a posse de conhecimento – Wittgenstein pretende descrever as condições de uso de verbos epistêmicos ao atentar para
como eles funcionam nas nossas “trocas linguísticas normais” (OC §260). Esse
projeto lhe permite distinguir uma classe de proposições apenas aparentemente
empíricas, mas contingentes, que desempenham um papel normativo nas nossas
práticas de atribuição e avaliação de conhecimento, as “proposições dobradiças”.
Em favor das proposições dobradiças não podemos oferecer quaisquer razões ou
evidências, e acerca das quais podemos ter apenas certeza – um comprometimento
que se mostra nas nossas práticas cognitivas – mas não conhecimento. Em resumo, defenderei que a noção de conhecimento defendida pelos externalistas pode
ser tratada como o que Wittgenstein chama de certeza, ao passo que a noção de
conhecimento dos internalistas, entendida como a posse de razões ou evidências
suficientes para uma crença verdadeira, está de acordo com as nossas práticas linguísticas de atribuição e avaliação de conhecimento.
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Que problemas os paradoxos semânticos efetivamente revelam?
Guilherme Araújo Cardoso
Universidade Federal de Minas Gerais
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Parte dos problemas e das disputas filosóficas concernentes à linguagem natural
dizem respeito ao uso das expressões, as hipóteses empíricas fornecidas para seu
funcionamento, o processamento e os mecanismos cognitivos envolvidos, etc. Outra
parte dos problemas e das disputas (embora, não de maneira exclusiva nem independente) diz respeito às representações fornecidas para a linguagem, a capacidade
expressiva delas, sua consistência, adequação e fineza. O enriquecimento das semânticas modelo-teoréticas tem refletido preocupações, sobretudo, do segundo tipo
(ou, ao menos, pode-se dizer que preocupações do segundo tipo encontram espaço
em semânticas modelo-teoréticas). Os paradoxos semânticos deflagraram um tipo
especial de impasse na construção de semânticas modelo-teoréticas: a inconsistência. Grosso modo, a visão superficial que se tem a respeito destes paradoxos é que
eles resultam de se reproduzir nas linguagens formais recursos de autorreferência ou
circularidade (para utilizar um termo ainda mais impreciso temporariamente). Esta
visão pode ser de algum modo justificada pela possibilidade de se construir teorias
livres de paradoxos apelando para restrições à autorreferência (Russell 1908, Tarski
1933). Tal justificativa, entretanto, além de falaciosa, pode estar fundamentada em
uma proposição falsa: que restrições impostas à autorreferência são suficientes para
bloquear os paradoxos. Além disso, conforme defende Barwise (1986), situações
autorreferenciais ou circulares são partes genuínas do mundo, de modo que uma
teoria que impusesse aí alguma restrição perderia capacidade expressiva. A contragosto, os defensores da circularidade e das vias alternativas para os paradoxos,
todavia, têm batido de frente com o problema da vingança: para cada tentativa de
eliminar o paradoxo uma nova versão é formulada que a escapa. Tal problema aparece de maneira geral para sugestões ao modo dos truth value gaps (Kripke 1975, van
Frasseen 1968, Martin, 1967, etc.). Além disso, a teoria de situações mal-fundadas
de Barwise parece confundir autorreferência com má-fundação, e as teorias que
forneçam com clareza os conceitos de autorreferência e circularidade, bem como
seus respectivos fenômenos, são praticamente inexistentes, quando não passam de
meros comentários especulativos e não-sistemáticos. Diante disto, parece importante rever os elementos relevantes na derivação dos paradoxos, bem como o que se
tem denominado, de maneira imprecisa, como autorreferência ou circularidade. De
todo modo, o quadro no qual se tem baseado as alternativas de abordagens para os
paradoxos semânticos deve ser revisto, principalmente no que diz respeito ao papel
que a circularidade aí exerce.
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De safari con Quine y Kripkenstien
Héctor Javier Valencia Salamanca
Pontificia Universidad Javeriana de Colombia
[email protected]
El problema de cómo interpretar un lenguaje desconocido ha sido analizado por
diversos autores de la denominada filosofía analítica. Entre ellos, el experimento
mental de la traducción radical elaborado por Quine ha sido el más conocido, ya que
plantea una situación hipotética en la cual se pone a prueba los distintos mecanismos que un posible traductor tiene para comprender el significado de lo pronunciado, en dicho caso, por un aborigen. En el presente trabajo, vamos a analizar, en
un primer momento, la forma mediante la cual Quine desarrolla su procedimiento
que se caracteriza principalmente por las siguientes tesis, a saber: la indeterminación
de la traducción y la inescrutabilidad de la referencia. En un segundo momento, se
mostrará sucintamente la perspectiva que Saul Kripke elaboró en su libro On rules and prívate language acerca Ias Investigaciones filosóficas de Wittgenstein en un
marco convencionalista. En este orden de ideas, se intentará mostrar cómo las tesis
llevadas a cabo por Quine son insuficientes a la hora de determinar el significado de
una palabra en un leguaje aborigen debido a sus fuertes compromisos con premisas
conductistas; por el contrario, el marco conceptual que nos proporciona la tesis de
Kripke satisface, en gran medida, la comprensibilidad del conjunto de creencias de
dicha tribu y, sobre todo, de la referencia a la cual se remite el significado de una
palabra. Para explicitar la tesis aquí defendida, desarrollaré un experimento mental,
similar al de Quine, en el cual se muestra cómo las tesis defendidas por Quine son
insuficientes para determinar, en primer lugar, la referencia de la palabra `ulumba`
y, en segundo lugar, el papel que juega dicha palabra en el conjunto de prácticas
convencionales al interior de una comunidad. El experimento tiene como objetivo
evidenciar que la tesis convencionalista es más plausible al momento de determinar
el significado de una palabra desconocida para nosotros y, sobre todo, nos permite
establecer que el conocimiento del significado de la palabra en cuestión es posible
siempre y cuando estemos inmersos ya en una comunidad y, por tanto, que conozcamos sus prácticas cotidianas. El problema que se quiere abarcar en este texto es que
las premisas conductistas solo se supeditan a la percepción de una respuesta proporcionada por un estimulo en un ambiente determinado y no nos permiten obtener
patrones más amplios a la hora de determinar el significado de una palabra. La tesis
convencionalista, por el contrario, amplia el espectro de comprensibilidad pues nos
proporciona una serie de herramientas que facilitan la determinación, por ejemplo,
de la referencia. En dicho contexto, se evitaría la incompatibilidad entre los distintos manuales de traducción y, sobre todo, permitiría el conocimiento de enunciados
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CADERNO DE RESUMOS
intencionales, ya que la tesis conductista, como la de Quine, sería poco satisfactoria
en este sentido. En efecto, la tesis defendida por Kripke acerca de las Investigaciones
filosóficas es una muestra clara de cómo conocer el significado de un lenguaje desconocido significa introducirse en las prácticas convencionales de la comunidad y, de
esta manera, distinguir las distintas respuestas que genera una palabra.
C. I. Lewis e o Verificacionismo de Carnap
Ivan Ferreira da Cunha
Universidade Federal de Santa Catarina
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Em Der logische Aufbau der Welt, Rudolf Carnap apresenta um sistema construcional para os objetos que ocorrem na ciência. Em outras palavras, em tal livro,
discute-se de que maneira os objetos, ou conceitos, dos diferentes ramos da ciência
podem ser relacionados uns aos outros em um sistema fundacionalista formal de
modo a justificá-los. Assim, Carnap apresenta no Aufbau um domínio de conceitos
fundamentais que deve servir como base para a redução dos outros tipos de conceitos: os objetos autopsicológicos, isto é, as ocorrências psicológicas de um sujeito.
Carnap apresenta também um método para a construção e redução dos objetos
em seu sistema: o verificacionismo. Tal método envolve uma forma de tradução:
qualquer enunciado a respeito de um conceito científico pode ser traduzido, direta ou indiretamente, em enunciados que tratam de objetos autopsicológicos. Um
enunciado é verificável se houver a possibilidade de os objetos de que trata serem
reduzidos em última instância a objetos autopsicológicos; em outras palavras, um
enunciado é verificável se soubermos um método para que ele seja traduzido em
enunciados sobre objetos autopsicológicos. Clarence Irving Lewis, nos textos Mind
and the World-Order e “Experience and Meaning”, apresenta um conceito diferente
de verificação e de construção do mundo exterior, além de também uma crítica ao
conceito adotado por Carnap. Verificar, para Lewis, é um procedimento que envolve necessariamente dois momentos separados no tempo: uma cognição só pode
ser considerada verdadeira – e, assim, ser considerada conhecimento – se satisfizer
certas antecipações na experiência; assim, temos o momento em que a cognição
ocorre e o momento em que aquilo que foi antecipado por tal cognição se apresenta
na experiência, completando a verificação. Tal proposta se relaciona com a teoria do
conhecimento de Lewis, que apresenta uma estrutura de conceitos a priori pragmáticos, ou seja, conceitos prévios à experiência, mas que dependem de um contexto de
comunicação, tomando o conhecimento humano em um contexto de interação social. Esta comunicação apresentará a proposta de Carnap no Aufbau, assim como a
teoria do conhecimento de C. I. Lewis em Mind and the World-Order, estabelecendo
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uma comparação entre os conceitos de ‘verificação’ apresentados pelos dois autores.
Apresentaremos também as críticas que Lewis apresenta a Carnap em “Experience
and Meaning”. Por fim, utilizaremos as críticas de Lewis para compreender e avaliar as alterações que Carnap fez em sua obra posterior, especificamente no artigo
“Testability and Meaning”, quando Carnap deixa de lado o conceito de ‘verificação’
e passa a trabalhar em um conceito de ‘confirmação’. Dessa forma, considerando que
Carnap teve contato com a obra de Lewis em meados dos anos 1930, poderemos
repensar o rumo tomado pela filosofia de Carnap no final daquela década.
Wittgenstein and Epictetus: human dignity, the subject of the will
and prohairesis
Janyne Sattler
Universidade Federal de Santa Catarina
[email protected]
In her text Epictetus on Freedom: Parallels between Epictetus and Wittgenstein (2007),
Myrto Dragona-Monachou has gone extensively into the stoic concept of prohairesis to suggest (only) at the end that something like a “parallel” could be outlined
between Epictetus’ and Wittgenstein’s ethics. If the latter can certainly be said to
be a stoical ethics in a certain specific sense, hers remains, really, merely a suggestion.
By neglecting a more deep study of Wittgenstein’s ethics itself, the comparison
she draws is nothing but a hunch and the link between Epictetus’ prohairesis and
Wittgenstein’s subject of the will is yet to be shown. Now, this is the task I propose to
develop in some detail in what follows. I would like to argue that a full account of
this interpretation can succeed only if we engage in a careful comparative analysis
of both terms involved in reading Epictetus’ Discourses and Wittgenstein’s Tractatus
Logico-Philosophicus and the two Notebooks. The first step is of course to count on a
satisfactory, even if brief, portrayal of prohairesis as found in Stoicism in general and
Epictetus in particular. I then hope to make clear that out of a plurality of meanings
prohairesis can be read specially as human or personal dignity and that this may in
turn be associated with the stoical (technical) term of “proper function” – a function
proper of human beings; the core of this first part is therefore still in harmony with
Dragona-Monachou’s exegetical report. But the next step is to proceed to a wider
analysis of some key remarks of Wittgenstein’s first books: in both the Notebooks
1914-1916 and the Secret Notebooks we can find plain evidence (clearer than in the
Tractatus, at least) of the essential stoical meaning of his ethics, and it is mainly there where the depiction of the subject of the will matches a certain duty of personal
dignity, a duty that concerns the deliverance of the soul as a function of one’s own
humanity. As Wittgenstein himself says in these illuminating entries of the Secret
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Notebooks, the only way of living a true life of the soul is in being free from all “animal” sufferings (29.7.16) – or in being free in one’s own spirit: this would be a reasonable life and a life worthy of being lived. An unhappy and inhuman life is thus
improper and undignified (8.12.14) – and this can certainly be a match for a reading of prohairesis. Now, in the third and last part of this talk I will try to shed some
light on the contribution made by this reading to Wittgenstein’s ethics: it may bring
a review of the concept of subject of the will as solely influenced by Schopenhauer’s
works, and it will maybe show a rendering of Wittgenstein’s own moral task as essentially stoic, that is, wholly turned to the accomplishment of a happy life which
can only be so in perfect human dignity, in complete release from “animality” and in
inner peace with oneself as one’s “proper function”.
Atitudes proposicionais em Wittgenstein
João Carlos Salles
Unversidade Federal da Bahia ⁄ Fundação de Aamparo à Pesquisa do Estado da Bahia ⁄ CNPq
[email protected]
Nada tem de trivial a afirmação platônica de que não poderíamos conhecer o bem
sem realizá-lo, embora pareça um truísmo que não podemos conhecer o verdadeiro sem também crer nele. Seria, pois, da natureza do reconhecimento do verdadeiro exigir-nos a adesão, à semelhança de como seria um tanto óbvia a inferência de
que, estando com frio, não nos seria possível não crer que estejamos. Entretanto,
uma coisa é a identidade entre a presença de uma imagem e sua aceitação, caso em
que as ideias como que deslizam para o reconhecimento de sua própria presença e,
dessa forma, não nos sendo possível crer sem pensar, tampouco nos seria possível
pensar sem crer. Outra coisa, porém, é o reconhecimento de uma verdade. Afinal, a
possibilidade de pensar uma articulação de ideias ou objetos não implica a aceitação de sua efetiva ocorrência, sendo, ao contrário, uma exigência lógica fundamental a separação entre condições de sentido e condições de verdade, pela qual deve
sempre ser possível pensar sem crer. Entretanto, apesar dessa possibilidade sempre
aberta pela lógica, parece contrariar fundamente as condições de enunciação, e
mesmo as de um possível acordo entre falantes, aceitar como lícita a conjunção,
nessa ordem, entre a afirmação por alguém de uma proposição como verdadeira e
sua concomitante recusa em nela acreditar, situação conhecida como “o paradoxo
de Moore”. Com efeito, a força dessa inferência natural, cuja negação não implica
contradição e logo não é irracional, também parece depreender-se das próprias
condições de uma enunciação razoável. Sendo essencial a crença, sua significação
não parece unívoca. Em muitas situações linguísticas, por exemplo, a atitude proposicional própria da crença envolve a diminuição da força de um enunciado. Crer
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não é saber, pois antes expressaria opinião, uma afirmação meio reticente, de modo
que, estando incompleta, inacabada, seria antes uma expressão, por si verdadeira,
sem que o conteúdo pensado precisasse lançar suas antenas à realidade ou estivesse
em linha de conta com outras proposições. Mas, se a crença pode suspender excepcionalmente os direitos plenos de uma proposição, a proposição tampouco estaria
em linha de conta com a realidade sem alguma afirmação judicativa, assim como
peças apenas lançadas ao chão nada representariam, mesmo que, num átimo, vistas
por outro ângulo, representem uma cidade, um rosto, um acidente. Traços assim
conflitantes tornam ainda mais enigmática a noção de crença, muitas vezes situada
em um ponto obscuro da psicologia, como que de fora da estrutura propriamente
conceitual, à qual viria dar unidade ou diferenciar da mera imaginação. Com isso,
aparentemente, a crença não se agarraria bem pela própria linguagem, não sendo
da ordem das ideias, dos conceitos ou das proposições, que todavia diferencia ou
condiciona. Em nossa comunicação, contrariamente a isso, procuraremos associar
a reflexão de Wittgenstein sobre o paradoxo de Moore e outras descrições de crenças a seu projeto de tratamento lógico do anímico, pelo qual o desenho lógico das
crenças e mesmo da subjetividade pode e deve situar-se no campo estrito de uma
filosofia da linguagem.
Intenções primárias não unívocas
João Lourenço de Araujo Fabiano
Universidade de São Paulo
[email protected]
A intenção de um conceito é classicamente entendida como sendo o conjunto de
coisas no mundo ao qual o conceito se refere. Assim a intenção da palavra guarda-chuva corresponde a tudo o que pode ser considerado um guarda-chuva. Uma das
teorias mais eminentes acerca das intenções foi desenvolvida por Kripke (1980)
e pretende dar conta de certos problemas que surgem com o uso do conceito de
intenções em raciocínios contrafactuais em outros mundos possíveis. Esta teoria
foi reformulada mais recentemente e denominada semântica bidimensional, tal reformulação pode ser resumida, segundo Chalmers (1996), como a concepção de
que o significado de uma intenção pode ser dividido em duas dimensões, a que se
refere à coisa neste mundo e a que se refere à coisa em outros mundos possíveis. A
primeira dimensão da intenção guarda-chuva seria então todos os guarda-chuvas
deste mundo, enquanto que a segunda intenção seriam todos os objetos idênticos
aos guarda-chuvas dos nossos mundos, mas em todos os outros mundos possíveis. A
intenção primária parte de um conceito (i.e.: o conceito de guarda-chuvas) e leva a
um objeto, o referente (i.e.: o objeto guarda-chuva). Ela é uma função (f1) do mundo
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possível onde o indivíduo se encontra (W*) para o referente (R). A intenção secundária parte de um objeto no mundo atual, que é o referente da intenção primaria
(i.e.: um guarda chuva), e leva a outros objetos idênticos a esse em todos os outros
mundos possíveis (W i). Ela vai corresponder ao mesmo referente da intenção primaria só que em outros mundos possíveis, portanto será equivalente a uma família
de funções, uma para cada mundo possível. Nesta apresentação serão mostrados
alguns problemas com a semântica bidimensional padrão e alguns casos onde tais
problemas surgem. Exemplos serão dados mostrando que existem casos nos quais
a intenção primária não pode ser univocamente determinada e que a semântica bidimensional padrão não consegue lidar com tais casos. Esses casos consistem, resumidamente, em situações em que o indivíduo possui informação incompleta sobre o
mundo, e consequentemente há mundos diferentes que são subjetivamente indistinguíveis e, portanto vistos como um só. Segue-se que não há certeza em qual mundo
o individuo está e, portanto não há certeza em qual mundo ele irá fixar a referência
da primeira intenção. Em seguida será apresentado um modelo onde esses problemas não surgem para os mesmos casos mencionados. Esse modelo modificado
pode ter intenções primárias que não são univocamente determinadas. Ainda que,
da perspectiva de um Deus, seria possível saber em que mundo estamos, não podemos ter acesso a essa informação. Neste modelo a primeira intenção também é uma
família de funções, e existem tantos referentes da primeira intenção quanto existem
mundos nos quais a informação que o sujeito epistêmico possui sobre o referente é
idêntica. Em outras palavras existem tantos referentes fixados quanto existem mundos subjetivamente indiscerníveis. Concluindo, serão discutidas algumas vantagens
e desvantagens do modelo modificado.
Os números e o mundo
João Vergílio Gallerani Cuter
Universidade de São Paulo / CNPq
[email protected]
Elucidar a transição do Tractatus para a filosofia madura de Wittgenstein é mais do
que um exercício de história da filosofia. Há um interesse teórico nessa passagem,
pois ela marca o abandono de um modelo de análise cujos pressupostos últimos
continuam tendo larga corrência até hoje. Estudar esse abandono é estudar as razões que o próprio Wittgenstein encontrou para abandonar completamente esses
pressupostos. O Tractatus é abandonado porque Wittgenstein chega à conclusão
que sua análise dos números é insustentável, e que o abandono dessa análise implicaria na reintrodução dos números na base da linguagem, ou seja, na estrutura das
proposições elementares. Isso tornava insustentável a tese da independência lógica
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das proposições elementares, com o que vinha abaixo o próprio coração do Tractatus – a possibilidade de antecipar uma forma geral da proposição, antes mesmo
de termos em mãos a forma lógica das proposições elementares. Longe de abandonar completamente o Tractatus, Wittgenstein se esforça, durante o período de
transição, para salvar o que pudesse ser salvo do antigo edifício, introduzindo as
modificações que lhe pareciam inevitáveis. Não é surpreendente que o primeiro alvo
dessas modificações seja exatamente a antiga análise das atribuições numéricas e
das equações. Curiosamente, é exatamente aqui, na análise da aritmética, que a nova
filosofia de Wittgenstein vai tomando forma. Tentarei fazer um apanhado geral
dessa nova filosofia da matemática tomando como guia uma questão central: qual
a relação existente entre a estrutura da aritmética e a estrutura do mundo? Veremos
que Wittgenstein ainda mantinha, até pelo menos 1933, a ideia de que a aritmética
apresenta uma estrutura lógica isomorfa às estruturas fatuais sobre as quais ela se
aplica, e que é graças a esse isomorfismo que sua aplicabilidade está garantida de
antemão. Se esta concepção ainda conserva, de forma modificada, a ideia de que a
capacidade representativa da linguagem repousa, em última instância, numa coincidência formal com aquilo que a linguagem pretende representar, ela já traz, por
outro lado, elementos que serão definitivamente incorporados à filosofia madura de
Wittgenstein, como a ideia de que as proposições da aritmética são regras gramaticais que regem o uso que fazemos dos números para descrever o mundo.
O fundamento causal biológico e o problema das outras mentes
Joedson Marcos Silva
Universidade Federal de Santa Catarina
[email protected]
Sendo os fenômenos mentais de tal modo subjetivos que só são acessíveis para os
seus portadores, como podemos saber que outras pessoas possuem mentes conscientes? Programas de computador podem produzir vida mental semelhante a
nossa? E em relação à atribuição de estados mentais a animais, será que podemos
demonstrar que animais superiores possuem estados mentais conscientes? Essas
questões aparecem continuamente nas discussões de filosofia da mente, mais especificamente no debate acerca da existência de mentes alheias, cujo tema central
é a discussão acerca do problema de como eu poderia saber que qualquer pessoa
ou qualquer coisa no mundo possui estados mentais. Um dos argumentos postos
em defesa da existência de outras mentes recorre ao fato de outras pessoas serem
semelhantes a mim em vários aspectos. Pelo fato de pertencermos à mesma espécie, possuirmos corpos similares e termos comportamentos parecidos, conclui-se,
por analogia, que tais semelhanças físicas e comportamentais bastam para infeSociedade Brasileira da Filosofia Analítica – SBFA
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rirmos que as outras pessoas são, como no meu caso, dotadas de consciência. Tal
argumento, contudo, é acusado de não demonstrar conclusivamente a existência
de mentes alheias. O fato de haver um só exemplo em que eu posso perceber a
existência da consciência associada a determinado tipo de corpo e de comportamento não seria, argumenta-se, suficiente para endossar a tese das mentes alheias.
Os indícios no máximo mostrariam que possivelmente as outras pessoas possuem
mentes, não sendo a afirmação acerca da existência de outras mentes definitiva.
Nosso objetivo é contribuir para tal debate opondo-nos aos que fazem uso desse
tipo de argumento para negar a existência de mentes alheias. Defenderemos a
posição segundo a qual o comportamento pode ser concebido como expressão de
uma vida mental subjacente e que se pode ainda atribuir tal relação recorrendo-se a causas de natureza neurofisiológica. Assim, procuraremos mostrar que, além
do comportamento, o alicerce causal dos estados conscientes pode ser encontrado
na fisiologia. Segundo nosso entendimento, podemos afirmar que outras pessoas
possuem mentes não apenas porque elas se comportam de um modo parecido com
o meu, que sou dotado de estados mentais conscientes, mas também pelo fato de o
fundamento causal do comportamento dessas pessoas estar atrelado as suas constituições fisiológicas, sendo a fisiologia das mesmas o suficientemente semelhante
a minha própria fisiologia. Desse modo, defenderemos que é possível se construir
uma teoria acerca do mental em que o papel causal da constituição neurobiológica dos seres aparece como central. Tal teoria tornaria acessível à investigação
científica a maneira como os fenômenos de natureza subjetiva se ligariam a uma
configuração fisiológica subjacente.
A natureza e função das propriedades como tropos
Josailton Fernandes de Mendonça
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
[email protected]
De acordo com Quine propriedades são criaturas sombrias. Reconhecendo a
plausibilidade desse diagnóstico quineano a metafísica analítica, num esforço de
superação desta visão, almeja elucidar a natureza e a função das propriedades.
Vários esforços vêm sendo desenvolvidos desde 1953 quando D.C William seu
artigo On the Elements of Being, usou a terminologia de Tropos para indicar a natureza particular sui generis das propriedades. A assim chamada teoria dos Tropos
é uma explicitação do conceito de propriedade em termos particulares abstratos
ou instancia única, particular de um indivíduo. Tal explicitação quer fugir daquela
concepção ontológica de propriedade que faz apelo a entidades obscuras como
os universais. O problema de explicitar nestes termos o que é uma propriedade é
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equivalente ao problema de explicitar o que é um individuo e, mais especificamente, o que é um particular abstrato, um tropo. Se esse indivíduo se constitui num
feixe ou pacote de tropo, o que lhe dá coerência interna para qualifica-se como
individuo? Para C.B Martin, por exemplo, definir indivíduo como mero pacote
de tropo não garantiria essa unidade. Neste sentido se diz que duas relações são
necessárias para conectar os tropos: similaridade e simultaneidade. O primeiro
permite que dois tropos da mesma cor, por exemplo, seja a mesma cor, enquanto
o segundo permite que a ligação de certo número de tropos forme uma mesma
coisa, também chamada de relação de co-presença. Nesta comunicação discutiremos a proposta de D.C William em seu artigo “On the Elements of Being” tomando
como princípio condutor o problema das duas relações necessárias para conectar
os tropos: a relação de similaridade e a relação de simultaneidade. Finalmente a
presente comunicação trata de um tema do nosso Projeto de Pesquisa, desenvolvido no Departamento de Filosofia da Universidade do Estado do Rio Grande do
Norte – UERN, com título: Particulares e Propriedades: Limites e Perspectivas da
Teoria dos Tropos.
Phenomenal Conservatism: An internalist foundationalist alternative?
Katia Etcheverry
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
[email protected]
Many epistemologists consider that perhaps the most central project of traditional
epistemology is to answer the skeptical challenge of explaining how our empirical
beliefs about the external world can be justified (or rational). The explanation for
any epistemologist’s interest in responding to that kind of skepticism is, first of
all, the obvious fact that we commonly hold beliefs about the external world, the
cognitive importance that those beliefs have in our practical lives and the profound
intuition that some, or even a great part of them, are rational or epistemically justified. Furthermore, these epistemologists acknowledge the difficulty in responding
to the skeptical arguments because it is far from obvious what gives these beliefs
their positive epistemic status. Foundationalist theories of justification have been
famous anti-skeptical views in the history of epistemology. The foundationalist
structure entails that if any belief is justified, some beliefs must be basic. In this
paper we will focus on the hard epistemological work internalist versions of foundationalism have, considering the internalist conditions for justification (mainly
the cognitive access to justification contributors requirement), when they try to
explain how empirical beliefs can be basic and justified. Recently Michael Huemer has proposed a theory, the Phenomenal Conservatism, which he claims is the
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most successful among the internalist foundationalist theories of justification. In
‘’Compassionate Phenomenal Conservatism’’ (2007), ‘’Phenomenal Conservatism
and the Internalist Intuition’’ (2006), and “Skepticism and the Veil of Perception”
(2001) he endorses the following principle of phenomenal conservatism: “(PC) If
it seems to S that p, then, in the absence of defeaters, S thereby has at least some
degree of justification for believing that p”. (Huemer, 2007, p. 30) According to
Huemer appearances or seemings are the fundamental source of justification for
belief, in absence of defeaters, and “those who deny Phenomenal Conservatism are
in a self-defeating position, in that their view cannot be both true and justified”.
We are going to consider in this paper the very recent critics some epistemologists
have offered to Huemer’s claims, focusing on the self-refuting argument for PC
and the alleged success of this theory in defending an internalist account of noninferential justification.
São as propriedades essenciais triviais e não-triviais explicitamente
definíveis?
Kherian Gracher
Universidade Federal de Ouro Preto
[email protected]
Nas discussões contemporâneas as propriedades essenciais são classificadas como
triviais ou não-triviais. Exemplos tradicionais de propriedades essenciais triviais
são: ser igual a si mesmo; ser membro do conjunto cujo único membro é si próprio. Já as
propriedades essenciais não-triviais são apresentadas com os seguintes exemplos:
ser humano; ter a mesma origem que efetivamente se tem. Para a discussão sobre propriedades essenciais foram assumidas duas definições: (1) uma definição implícita,
que não apresenta condições necessárias e suficientes para definir essas propriedades, mas apresenta apenas exemplos (tal como fizemos acima); (2) uma definição
explícita, mas que usa de termos epistêmicos, i.e., como condição necessária o fato
de ser possível ou não descobrir a priori que um particular instancia uma propriedade. Chamaremos essa última definição de “definição epistêmica”, que é formulada do seguinte modo: P é uma propriedade essencial trivial de um particular n se,
e somente se, – n instancia P essencialmente; – podemos descobrir a priori que o
particular n instancia P essencialmente. P é uma propriedade essencial não-trivial
de um particular n se, e somente se, – n instancia P essencialmente; – não podemos descobrir a priori que o particular n instancia P essencialmente. Apresentarei
nesta comunicação objeções às definições implícitas e epistêmicas de propriedades
essenciais triviais e não-triviais. Contra a definição implícita será apresentado os
problemas decorrentes de se usar tal tipo de definição na atual discussão. Contra
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a definição epistêmica será apresentado dois argumentos, sendo o primeiro que
aponta o motivo pelo qual iremos preferir uma definição em termos não-epistêmicos para o atual debate, e o segundo que tentará mostrar por que tal definição
pode não ser capaz de captar nossas intuições básicas acerca da diferença entre
tais propriedades. Após a explicação do debate atual e a tentativa de refutação das
definições implícitas e definições epistêmicas, apresentarei o ponto principal desta comunicação: fornecer uma definição explícita bem-sucedida de propriedades
essenciais triviais e não-triviais sem utilizar de condições epistêmicas. Com essas
definições procuro mostrar que uma propriedade essencial é trivial pelo fato de ser
instanciada por todos os particulares logicamente possíveis, em virtude de serem ou
propriedades lógicas, ou propriedades implicadas por essas (entendendo a modalidade lógica em um sentido amplo, que abrange verdades da sintaxe, da semântica
e da matemática). Propriedades lógicas são, por exemplo, as propriedades ser igual
a si mesmo ou pertencer ao conjunto-unidade de si mesmo. Propriedades implicadas
das propriedades lógicas são, por exemplo, que Sócrates instancia a propriedade
de ser igual a Sócrates ou pertencer ao conjunto-unidade-Sócrates. Já as propriedades
essenciais não-triviais são aquelas que é logicamente possível existir um particular
que não instancie tais propriedades. Por exemplo, se um particular instancia a propriedade ser humano essencialmente, é logicamente possível um particular que não
a instancia. Por tal motivo essa é uma propriedade essencial não-trivial. Ao final
da comunicação apresentarei três objeções às definições explícitas propostas nesta
comunicação e tentarei respondê-las.
Thomas Kuhn e a impregnação teórica das observações:
alguns questionamentos sobre a objetividade científica
Laura Machado do Nascimento
Universidade Federal de Santa Maria
[email protected]
Este trabalho, parte de uma pesquisa em andamento, pretende analisar alguns aspectos da impregnação teórica [theory-ladenness] das observações. Esta tese afirma
que observações são ao menos em parte moldadas ou afetadas pelas teorias ou conceitos adotados pelo observador, ou seja, que as observações não são neutras. Thomas Kuhn desenvolve essa tese em A Estrutura das Revoluções Científicas (1962), em
conjunto com uma abordagem diferente da tradição filosófica à filosofia da ciência.
Kuhn introduz conceitos novos para a compreensão desta, como os conceitos de
“paradigma”, “ciência normal”, “ciência revolucionária” e “incomensurabilidade”. O
conceito de “paradigma”, fundamental para sua proposta, pode ser resumida e simplificadamente caracterizado como um conjunto de princípios metafísicos, metoSociedade Brasileira da Filosofia Analítica – SBFA
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dológicos e práticos que guiam a atividade científica. E, segundo Kuhn, algo como
um paradigma é necessário também para a percepção. Assim, pode-se dizer que
Kuhn defende uma forma forte de impregnação teórica, uma espécie de “impregnação paradigmática”. Pretende-se fazer uma análise de como a proposta kuhniana
inviabiliza concepções de ciência que afirmem a neutralidade das observações. O
principal ponto a ser tratado aqui é o questionamento da distinção entre linguagem
observacional neutra e linguagem teórica, a partir de considerações sobre a impregnação teórica das observações.
The concept of autonomy from the perspective of the somatic marker
hypothesis: neural mechanisms of willpower
Leonardo Ferreira Almada
Universidade Federal de Uberlândia
[email protected]
In this paper I intend to show that a thorough analysis of the concept of autonomy requires an investigation of its main properties in the light of the psychophysiological mechanisms involved in decision-making processes. After all, a person is autonomous if he has some control over their own behavior and actions, as
well as a choice is autonomous if is intentional, performed with understanding
and without internal or external coercion. Accordingly, I want to briefly review
the neuroscientific model (somatic marker hypothesis) according to which a decision-making process depends on implicit, nonconscious and involuntary activities
the brain in order to evaluate some possible conflicts between neuroscientific conceptions of free will and philosophical theories of autonomy. In order to achieve
this purpose, the paper is divided into two parts. In the first part, I intend to
briefly outline the main components of autonomy, such as the notions of responsibility, self-determination and self-government. In the second part, I want to demonstrate how the somatic marker hypothesis could undermine the foundations
of the theories that posit an unrestricted ability to act with self-government and
self-determination in decision-making processes. The somatic marker hypothesis
has demonstrated that traditional conceptions of self-government, self-determination and free-will conflict with recent and incisive experimental findings on
the neural mechanisms of decision-making. After selecting this hypothesis as an
explanatory model of decision-making, I will analyze the idea that there are implicit, involuntary and nonconscious processes that support most of our actions.
In order to undertake this task, the paper will be devoted to the analysis of the
scientific and philosophical notions of autonomy, willpower, somatic states, free
will, and decision making.
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Enfoques reduccionistas de la evolución cultural:
una alternativa funcionalista
Lorenzo Baravalle
Universidade de São Paulo
[email protected]
El objetivo de esta comunicación es el de criticar las estrategias reduccionistas adoptadas por la mayoría de las teorías adaptacionistas en relación a los rasgos culturales,
y proponer una estrategia alternativa. Se verá como las nociones tradicionalmente
empleadas para definir la reducción entre mente y cerebro dan cuenta también de
las tesis de sociobiólogos y meméticos, y evidencian su debilidad. Mi tesis es que
la sociobiología no puede ser considerada consistente si no en el marco teórico del
conductismo lógico así como la memética no es nada más que una versión peculiar
de fisicalismo reduccionista, en la que todas las propiedades mentales son en realidad aglomerados de replicadores atómicos. Mi propuesta (inspirada por los trabajos de Sober & Wilson; Richerson & Boyd) no se sitúa fuera de las coordenadas
teóricas del adaptacionismo, sino que rechaza solamente el tipo de reducción (que
podríamos llamar “causal”) implícito en las alternativas. Manteniendo la analogía
con las categorías de reducción propias del problema mente-cuerpo, está inspirada
en la múltiple realizabilidad aunque, en realidad, se trate más exactamente de una
reducción epistémica (que aquí llamaré “funcional”) entre evolución cultural y evolución biológica a la luz de una diferente interpretación del concepto de adaptación.
Al contrario de lo que ocurre en el análisis sociobiológico, el concepto de adaptación
cultural no viene aquí considerado como una ampliación de la adaptación biológica
sino que, inversamente, ambos son considerados como la expresión de dinámicas
darwinistas en un nivel fenotípico poblacional complejo. Se trata, en cierta manera,
de una reducción epistémica, ya que no considera los mecanismos subyacentes que,
en la realidad, constituyen causalmente tales procesos, sino sólo las características
históricas que los aúnen desde un punto de vista funcional. Para realizar esta inversión de la explicación adaptacionista, y así incluir los fenómenos evolutivos culturales, debemos redimensionar la idea de que “adaptación” sea necesariamente sinónimo de “incremento de la fitness biológica”. En relación a los caracteres biológicos
más básicos esta definición es probablemente verdadera, pero, como sugieren Sober
y Wilson, las condiciones óptimas para una población pueden ser representadas, por
ejemplo, por cierto mantenimiento de la biodiversidad. En el modelo de Richerson
y Boyd esto es aún más evidente, ya que la adaptación biológica es, en ámbito cultural, constantemente filtrada por conductas generalizadas que tienen poco que ver
con el incremento de la fitness, y sí con la cohesión de las poblaciones bajo el marco
de modelos más o menos compartidos.
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CADERNO DE RESUMOS
Between semantics and ontology: the problem of the formal in Edmund
Husserl’s “Logische Untersuchungen”
Luís Felipe Netto Lauer
Universidade Federal de Santa Catarina
[email protected]
Analyzing the relations between semantics and ontology, we aim to demonstrate the
complementarity and the inseparability of these two series of notions, whether in
terms of its introduction or definition. Methodologically, we shall be able to explain
the relations between the inferential and referential planes, in a way that they may be
not exclusively determined by the precedence of regimentation of the first over the
second, or even the assumption of certain basic commitments originated from this
one and able to overdetermine that one. We will start from the solution proposed
by the Edmund Husserl’s “Logische Untersuchungen”, where the logical-ontologic
project is developed towards an “ambivalent logic”, simultaneously concerned 1)
about the strict inferential plane, what means about the conditions under which the
truth is preserved all along a chain of reasoning – like assure that, by true premisses
and valid inferences, we may obtain a true conclusion – but also 2) focused on the
problem of the referential plane structuration, as long as it advocates that our judgments and utterances are always about something, about anything – even when they
are empty of content, because, in this case, they refer “schematically” of formally to a
variation or domain of objects.
Julgamentos morais e decisões judiciais
Marcelo Santini Brando
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
[email protected]
É comum a interação entre filosofia analítica e direito por meio do emprego da
analise conceitual. A linha de pensamento de Hertbert L. A. Hart é representativa
desse tipo de interação ao partir das contribuições da filosofia da linguagem de
Ludwig Wittgenstein e de Friedrich Waismann. Como a linguagem é socialmente
construída e compartilhada, torna-se concebível um direito reconhecido e internalizado pelas pessoas, bem como espontaneamente observado. De outro lado, a
noção de textura aberta da linguagem trabalhada no direito permitiu conceber
a existência de casos fáceis e de casos difíceis. Em relação aos casos difíceis, seu
elevado grau de indeterminação acaba demandando dos juízes a consulta a alguma
moralidade. Partindo dessa ideia, muitos trabalhos de filosofia do direito se preocuparam em formular proposições normativas sobre como enfrentar os casos difíSociedade Brasileira da Filosofia Analítica – SBFA
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ceis. Aqui se inserem, por exemplo, as teorias da argumentação jurídica e as teorias
normativas da decisão judicial. Em geral, essas teorias dão muito peso ao raciocínio moral argumentativo, não discutem o chamado contexto da descoberta, e/ou
partem de ideias contrafáticas acerca da tarefa de julgar. O problema desse tipo de
postura que ignora o contexto da descoberta é o risco de construir um modelo de
reduzida eficácia causal. Afinal, como revelam pesquisas em psicologia, os juízes
também estão sujeitos a uma variedade de situações sociais aparentemente irrelevantes que podem ter impacto significativo na forma como tomam as decisões.
Neste ponto, as recentes contribuições da psicologia moral oferecem um caleidoscópio de possibilidades para se reavaliar a questão do contexto da descoberta no
processo de tomada de decisões judiciais nos casos difíceis. Aqui, o modelo social
intuicionista de julgamento moral elaborado por Jonathan Haidt no ensaio intitulado “The emotional dog and its rational tail: a social intuitionist approach to moral
judgment” será tomado como ponto de partida para tentar enfrentar o problema,
embora autores como Shaun Nichols e Jesse Prinz também tenham analisado o
assunto. Sugerindo uma descrição de julgamentos morais em que a razão tem
importância moderada, Haidt afirma que eles são causados por rápidas intuições
morais, e seguidas, quando necessário, de detida argumentação moral racional.
Essa argumentação racional surge quando as pessoas buscam teorias plausíveis do
porquê de terem feito o que fizeram, recorrendo primeiro a um conjunto de explicações comportamentais culturalmente ofertadas. Haidt esclarece que o raciocínio
moral argumentativo é marcado por uma série de problemas – relatedness motives,
coherence motives e os mechanisms of bias – e que a razão funciona como um advogado defendendo uma causa. Essa perspectiva sugerida por Haidt se opõe ao modelo racionalista de julgamento moral e é amparada por estudos em antropologia,
primatologia, biologia evolucionária e psicologia cultural e social. A importância
desse tipo de abordagem e correlação com o direito é bastante saliente: ao entendermos como se dão os julgamentos morais, poderemos entender melhor como o
direito opera além da textura aberta da linguagem, isto é, onde a vaguidade deixa
de ser potencial e se torna real, gerando um caso difícil.
Two concepts of rights and two conceptions of sovereignty.
Marco Antonio Oliveira de Azevedo
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
[email protected]
Oliver Wendell Holmes said that jurisprudence should begin with facts, for ‘the life
of the law has not been logic: it has been experience’. And what about semantics?
As an analytical enterprise, semantics begins with facts; but arguably its life is logic.
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CADERNO DE RESUMOS
Actually, it was semantics that gave critical instruments for Hohfeld to criticize the
right’s language usage by his contemporaries. Following Wesley Newcomb Hohfeld
analysis, some textbook definitions of ‘right’ are meaningless. The problem is that
Hohfeldian terminology cannot be applied easily, or without problems, to some yet
canonical usage of the term ‘right’. The human rights language, for example, is prima
facie unfit to any of the well-known eight Hohfeldian jural relations. In a parallel
manner, rights are viewed differently by two rival conceptions of political sovereignty.
The consequence is a persistent conflict between three very different conceptions
of rights in western republican law systems. Quentin Skinner has been celebrated
for his historical analysis of two different conceptions of liberty. He calls them the
“neo-roman” (or the “republican”) conception and the “traditional liberal” conception of liberty (TL). Since what is at stake is liberty as a political concept, I see this
contrast as one between two rival conceptions of rights. Since the traditional liberal
account is also an account of the sovereign power, it can also be viewed as an account
of law – actually, its core is the so-called Command Conception of Law. The neo-roman account (NR) is an account of civil rights and liberties; but the account has
strong implications concerning what we also mean by “law”. Both accounts can be
associated with the modern language of rights; the first, nevertheless, since it is also
associated with the command model, a model still prevalent today notwithstanding
the predominant philosophical opinion on its obsoleteness, is associated with views
Hohfeld considered equivocal. The main view associated with the TL account is the
view that rights are privileges, that is, facultas agendi (TL accounts see law as norma
agendi). Nonetheless, NR views can be semantically associated with two different
conceptions of rights, conceptions I call the entitlement and the claim conceptions.
My last claim will be that only the second can plausibly be associated with the principles that guided the new-romanists cited by Skinner. Hence, republican view of rights must be described within Hohfeldian semantics; otherwise, its vindications can
be prey to the criticism of the TL theorists (including the famous criticisms made by
Bentham against the republicans’ “anarchical fallacies”).
Frege on Singular Thoughts
Marco Ruffino
Universidade Federal do Rio de Janeiro
[email protected]
In this paper I investigate how, according to Frege, a thought can be singular (in
the sense of being about a particular object, not in the sense of being something
like a Russellian proposition, which Frege famously rejects). This is closely related
to the question of the nature of singular senses, i.e., senses of what we might call
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Fregean proper names (which include not only ordinary proper names, but also
definite descriptions and indexicals). I shall try to show that Frege does not have a
unique explanation of singular senses. On the contrary, we can find elements of two
conflicting views in his writings: the first considers singular senses as resulting from
a peculiar kind of speech act. The second sees singular senses as resulting from the
combination of the sense of quantifiers with conceptual senses. None of these views
is entirely compatible with the rest of Frege’s semantics. I conclude that Frege has
no coherent alternative to Russellian singular thoughts.
Externalismo entre Wittgenstein e Putnam – Seria Wittgenstein
um externalista?
Marcus José Alves de Souza
Universidade Federal de Alagoas
[email protected]
A pretensão deste comunicação é apresentar alguns pontos sobre os conceitos de
interno e externo no pensamento de Wittgenstein e, em seguida, relacionar com
pontos teóricos do famoso artigo de Putnam “Meaning of Meaning”, tido como
um clássico na recente tradição externalista da filosofia da mente. A proposta é começar com uma exposição da problemática do interno e externo em Wittgenstein,
passando para uma apresentação sumária de pontos-chave do artigo de Putnam,
enfatizando o mote “o significado não está em nossa cabeça” e a problemática da
intensão e da extensão, termina-se com um balanço crítico, a partir da pergunta: É
possível enquadrar a proposta de Wittgenstein como externalista? A pergunta quer
ser uma oportunidade de reflexão filosófica comparativa. A articulação entre a crítica de Wittgenstein à linguagem agostiniana, à linguagem privada, associada a sua
compreensão epistemológica anticética, além da tese da autonomia da gramática,
estabelecem um patamar bastante original de discussão do interno e do externo,
enfim, dos conteúdos mentais por Wittgenstein. Por ser original, a articulação estabelece uma moldura de explicação também original do processo de significação
dos conteúdos mentais. Nesse caso, ao querer fazer comparações com pensamentos
diferentes, essa originalidade acarreta consigo artificialismo. Levar à sério este artificialismo coloca uma dificuldade conceitual de enquadramento e de resposta positiva
à pergunta inicial, mesmo que se possa pensar num tipo de externalismo semântico
em Wittgenstein. A tese principal da comunicação é indicar a singularidade da filosofia da mente de Wittgenstein e, com isso, dada as articulações teóricas do filósofo,
mostrar como as comparações e enquadramentos com algumas categorizações atuais da filosofia da mente analítica são, no limite, equívocas.
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CADERNO DE RESUMOS
O Nominalismo de Semelhanças como resposta ao Problema dos Universais
Mariana Battistini Dalmolin
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
[email protected]
O Problema dos Universais é um dos problemas mais profícuos da História da
Filosofia e esteve presente em todos os seus períodos. Na filosofia contemporânea,
em particular na filosofia de tradição analítica, teve um desenvolvimento notável
no século XX, especialmente pela introdução da noção de tropos, ou propriedades
particulares, que abriu novos caminhos para o problema. O filósofo australiano
David Mallet Armstrong (1926 –) é uma figura de grande destaque nos desenvolvimentos mais recentes nesta área, e é reconhecido não só por ter sua própria
teoria a respeito dos universais, uma forma de realismo científico, mas principalmente por ter escrito uma obra de referência que analisa com clareza e sistematicamente as diversas posições possíveis, e, dessa forma, promove uma excelente
introdução a essa questão. Em sua obra Universals – An Opinionated Introduction,
Armstrong apresenta diversas posições possíveis para respondê-la. Armstrong
parte da distinção entre token e tipo e dos dois sentidos de same (identidade estrita
e identidade vaga) para formular o problema em termos de classes: “O que distingue as classes de tokens que demarcam um tipo das classes que não demarcam?”.
A seguir, o autor apresenta diversas respostas possíveis, como o Nominalismo de
Classes, o Nominalismo de Semelhanças e o Realismo, para depois comentar sobre a introdução da noção de tropo e quais as releituras das teorias anteriores
que podem ser feitas a partir de sua aplicação. Uma dessas posições, a saber, o
Nominalismo de Semelhanças, é especialmente interessante e sofisticada e é reconhecida por Armstrong como a melhor alternativa à posição realista. A proposta
dessa teoria é analisar a naturalidade das classes em termos de uma relação de
semelhança existente entre os membros das classes naturais. O fato de uma classe
ser natural é explicado porque seus elementos possuem uma certa semelhança
entre si, enquanto que aos membros de uma classe não-natural falta esta relação.
Para esta teoria a própria relação de semelhança tem que ser considerada como
um fato objetivo no mundo e, além disso, não-analisável. É importante notar que
um artifício intuitivo não está disponível: explicar semelhança como uma identidade parcial existente entre os membros da classe, pois assim estaríamos tratando
de tipos e propriedades com existência real não redutível a classes, repetíveis, de
forma que posso dizer que dois membros de uma classe são semelhantes porque
compartilham algumas propriedades – ou seja, estaríamos no reino do Realismo.
O objetivo desta comunicação é (i) expor brevemente como Armstrong constrói
o Problema dos Universais em termos da filosofia contemporânea para depois (ii)
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apresentar a posição chamada de Nominalismo de Semelhanças, (iii) algumas objeções dirigidas a ela, bem como (iv) comentar brevemente as alteraçõs que sofre a
teoria uma vez que tropos são considerados.
Essencialismo sem mundos possíveis
Martin Adam Motloch
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
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O objetivo desse trabalho é apresentar uma abordagem da noção de propriedade
essencial que não envolve a semântica dos mundos possíveis. Nesse sentido, pretendo conciliar a concepção de propriedade de Chateaubriand com a concepção
de essência de Fine. A pergunta pela essência de um objeto c pode ser expressa
das seguintes maneiras: “O que é c?”, “Em que consiste ser c?”. A questão relacionada à essência de uma propriedade F pode ser expressa de uma maneira análoga: “O que é ser F?”, “Em que consiste ser F?” Chateaubriand desenvolveu uma
concepção abstrata e ampla de propriedades como condições de identidade. Para
Chateaubriand, propriedades são condições de identidade para outras entidades,
o que equivale a dizer que, elas têm condições de aplicabilidade ontológicas. As
propriedades proporcionam um fundamentum in re para a aplicabilidade de termos gerais. Elas são do ponto de vista semântico, denotações de termos gerais da
linguagem. Essa concepção também admite propriedades complexas, incluindo as
propriedades negativas e disjuntivas. Nesse contexto, as propriedades podem ser
tanto qualitativas quanto não puramente qualitativas. As propriedades não qualitativas são condições de identidade que fazem referência a indivíduos particulares
ou extensões delas ou partes das extensões delas. As tentativas de extensionalizar e
reduzir a identidade de propriedades às entidades conjuntistas (objetos possíveis,
mundos possíveis) pressupõem a identidade desses objetos que são duvidáveis e
não dão conta da natureza delas. As propriedades propriamente ditas são entidades irredutíveis e fundamentais. Como as propriedades essenciais são um conjunto
próprio de propriedades, o carácter irredutível e intensional estende-se a elas. Por
esta razão, penso que a tentativa de resolver o problema das propriedades essenciais na lógica modal é condenada ao fracasso. Kit Fine apresentou pela primeira
vez a sua nova concepção em Essence and Modality e continuou a desenvolvê-la
subsequentemente em The Logic of Essence, Senses of Essence e Semantics for the
Logic of Essence. Em geral, propriedades essenciais de uma entidade são aquelas
que se aplicam à entidade em virtude apenas da natureza dessa entidade. Segundo
Fine, todas as propriedades essenciais de uma entidade são necessárias dela, mas
não vice-versa. A essência segundo Fine pode ser dada numa definição real. Fine
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fala, sobretudo, de propriedades essenciais em virtude de objetos. Obviamente as
propriedades têm também essências, propriedades essenciais que se aplicam a elas
em virtude delas. Em geral, podemos considerar propriedades essenciais como
condições de identidade que as entidades satisfazem em virtude delas serem as
entidades que elas são: “x é essencialmente F” é verdadeiro, caso a propriedade
F se aplique a x em virtude da natureza de x. Nesse caso, ser x, em parte, é constituído por ser F, o que significa que F é parte das condições de identidade de x.
Considero essas condições de identidade constitutivas como essências e as partes
delas como propriedades essenciais.
O papel da empatia na expressão de sentimentos morais em
homens e lobos
Matheus de Mesquita Silveira
Universidade do Vale do Rio dos Sinos ⁄ Chiron ⁄ CAPES
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O ponto central deste trabalho é apresentar, sob um viés naturalista, uma visão da
moralidade vista como um regulador social expresso por exigências entre membros
de pequenos grupos. Procurarei defender essa posição apresentando a relação existente entre a empatia, a aptidão social de determinados mamíferos e a existência
de exigências morais dentro do grupo em que vivem. Este trabalho está embasado
tanto numa pesquisa conceitual sobre empatia conforme feita por David Hume
(Tratado da Natureza Humana e Investigações sobre os princípios da moral) e Charles Darwin (A expressão das emoções no homem e nos animais e The Descent of Man),
como em pesquisas empíricas no campo da etologia e da psicologia experimental,
em especial nas realizadas por L. Dave Mech sobre o comportamento social de
lobos (Alpha Status, Dominance, and Division of Labor in Wolf Packs and Wolves:
behavior, ecology and conservation). O argumento central que irei apresentar tenta
mostrar que, com base na qualidade psicológica natural da empatia, distinções entre comportamentos que são ou não benéficos para a vida social passam a adquirir
valor intersubjetivo conforme a capacidade dos membros do grupo de se colocarem
uns no lugar dos outros. Esta capacidade e o modo como influencia o comportamento social será analisada não somente sob o prisma das relações humanas,
mas também dentro da dinâmica social de uma alcateia. Nesse sentido, pretendo
apresentar dados e argumentos em favor de que o surgimento do fenômeno moral
se deu em mamíferos de vida social complexa, reforçando a linha naturalista que
busca explicar a moralidade em bases naturais.
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A Tese da dependência do Pensamento em relação à Linguagem de
Donald Davidson: Uma Análise Lógica
Matheus Wanderley Gondim
Universidade Federal da Paraíba
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Na discussão acerca da relação entre linguagem e pensamento, o trabalho de Donald
Davidson desempenha um papel crucial. É famosa a sua argumentação, encontrada
principalmente no seu artigo “Thought and Talk” de 1975, a favor da dependência
do pensamento em relação à linguagem. Para Davidson, a menos que ela seja um
‘interpretador de uma linguagem’, ela não pode ter pensamentos. Qual, no entanto,
seria a noção de possibilidade envolvida aqui? Que tipo de dependência a noção de
interpretador de uma linguagem implica? Quais os passos inferenciais envolvidos na
argumentação de Davidson? E no que diz respeito às críticas às quais tal argumento
tem sido sujeito, partem elas de um entendimento adequado da argumentação de
Davidson? É nosso objetivo nessa palestra responder a essas perguntas. De um ponto de vista mais geral, desejamos realizar o que poderíamos chamar de uma análise
lógica da argumentação dada por Davidson a favor da mencionada tese conforme
ela aparece em “Thought and Talk”. A partir de tal análise, desejamos avaliar até
que ponto as várias críticas feitas à tese de Davidson partem de uma compreensão
adequada de sua argumentação.
Critérios epistêmicos e influências não epistêmicas na atribuição
de confiança em autoridade intelectual
Patricia Ketzer
Universidade de Passo Fundo ⁄ Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul ⁄ CAPES
[email protected]
A partir do desenvolvimento da Epistemologia Social passou-se a considerar a importância de conceber o conhecimento como empreendimento coletivo, no qual os
seres humanos trabalham juntos em prol de um objetivo comum, o de obter crenças
verdadeiras. A Epistemologia Social surgiu como um ramo da Epistemologia Tradicional, que considera as dimensões sociais do conhecimento, perdendo assim a característica individualista, mas conservando os principais problemas e conceitos da
tradição. Quando se leva em conta as práticas sociais na atribuição do conhecimento, considera-se a interação entre os sujeitos no mundo. O sujeito epistêmico deixa
de ser concebido de uma perspectiva individualista, e passa a ser visto em convívio
com outros seres humanos, estabelecendo relações. Diante disto, o testemunho se
destaca como fonte de conhecimento. Mas em que circunstâncias estamos dispostos
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CADERNO DE RESUMOS
a assumi-lo como fonte de conhecimento é uma questão controversa. Pode o testemunho ser fonte fundamental de conhecimento? O testemunho é capaz de gerar
conhecimento? Para além dessas questões, estão ainda àquelas relativas à atribuição
de confiança ao testemunho. Quais os critérios para atribuir confiança a alguém?
Por que confiamos no testemunho de alguns e não no de outros? Quais as condições
para atribuir confiança epistêmica a alguém? Na Filosofia, confiança em autoridade
epistêmica tem sido abordada a partir de uma série de perspectivas. Confiança é um
conceito indispensável quando pensamos o ser humano como ser social, interagindo
com outros sujeitos, pois auxilia-nos a pensar a ordem política e a cooperação social.
Mas está longe de possuir uma definição incontroversa. Assim, podemos destacar
um ponto ainda mais controverso: será possível estabelecer uma definição estritamente epistêmica de confiança, ou esta definição é simplesmente “transportada” da
ética e da filosofia política para epistemologia? Confiar em um sujeito é confiar em
tudo que o sujeito trás consigo, todos os valores que ele carrega, ou pode-se atribuir
confiança epistêmica desconsiderando estes valores? Estas questões serão abordadas
no decorrer do trabalho. Objetiva-se avaliar a possibilidade de uma noção de confiança estritamente epistêmica, entretanto, sem a pretensão de apresentar soluções
definitivas ao problema.
Repensando as sanções
Pedro Henrique Veiga Chrismann
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
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No campo da filosofia analítica do direito, a crítica de Herbert L. A. Hart à obra
de John Austin é tida como um marco teórico, um ponto de partida fundamental para a discussão sobre o conceito de direito. Em verdade, Hart constrói sua
teoria refutando os escritos de Austin. Entre outras investidas, a principal talvez
seja contra a visão formulada por Austin de ordem baseada em uma relação de
subordinação entre o povo e o soberano por meio de ameaças. Para Hart, Austin
falha em explicar a normatividade jurídica, bem como em reconhecer o ponto de
vista interno dos oficiais de direito ao reduzir a existência das obrigações legais à
presença factual de sanções (ou coerções). Construindo seu raciocínio, Hart entendia que a visão de normas dotadas de sanção como o critério diferenciador
do direito de outras esferas normativas levava em conta apenas a perspectiva de
homens ‘maus’ e não percebia a existência de homens mais complexos, que não
agem em conformidade com o direito apenas pelo receio da aplicação de sanções,
mas por internalizarem o conteúdo das normas do sistema. A sanção, para Hart, é
um elemento periférico do direito e não um elemento que o caracterize. Frederick
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Schauer, no entanto, alerta que talvez algumas noções apresentadas por Hart em
contraposição às de Austin tenham sido aceitas de forma pouco reflexiva pelos jusfilósofos positivistas. Assim, uma teoria, com pretensões meramente conceituais,
falha ao excluir de seu campo de análise uma característica (a presença de sanções)
que, apesar de não ser necessária para a caracterização do direito, é ponto comum a
todos os sistemas jurídicos existentes. O resgate do estudo da sanção como um dos
pontos centrais de pesquisa, parece ser, portanto, de fundamental importância para
que se tenha uma compreensão do sistema jurídico. Partindo dessa ideia de resgate
do estudo da sanção, o que se pretende demonstrar é como os campos da filosofia
experimental e da psicologia social podem dar acréscimos substanciais à discussão
conceitual. Entender, por exemplo, a relação das pessoas com as regras, como propõe Shaun Nichols, pode ajudar a entender por quê resolve-se incluir uma sanção
em um texto normativo. Além disso, com a mesma finalidade de esclarecimento,
vale visitar discussões travadas sobre a fundação cognitiva das razões morais, trabalhada por Jesse Prinz, Jonathan Haidt, entre outros, associadas às questões sobre
os motivos pelos quais alguém está disposto a punir outrem, tratadas por Fiery
Cushman e Kevin Carlsmith.
A regra “Beta Determinismo” como solução para algumas objeções ao
argumento modal da consequência
Pedro Merlussi
Universidade Federal de Ouro Preto
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Um dos argumentos mais importantes a favor do incompatibilismo – a tese de que
o determinismo e o livre-arbítrio são incompatíveis – é o argumento modal da consequência. Trata-se de um argumento modal porque ele faz uso do operador modal
da não-escolha, o operador “N”, que é caracterizado como se segue: “NP” abrevia “P
e ninguém tem, nem nunca teve, qualquer escolha sobre se P”. Peter van Inwagen,
que apresentou o argumento modal da consequência em seu An Essay on Free Will,
defendeu que o operador N tem duas regras válidas de inferência (van Inwagen,
1983, p.94), a saber, a regra (α) uP £ NP, e a regra (β) N(P → Q), NP £NQ. A regra (α) diz que, no caso de P ser uma proposição necessariamente verdadeira, então
podemos concluir que ninguém tem, nem nunca teve, qualquer escolha sobre se P.
A regra (β) afirma o seguinte: no caso de não termos escolha sobre P acarretar Q, e
não termos escolha sobre P, então podemos concluir que não temos escolha sobre
Q. Em primeiro lugar, meu objetivo nesta comunicação consiste em apresentar duas
objeções ao argumento modal consequência que procuram mostrar a invalidade da
regra (β). A primeira objeção foi apresentada por McKay e Johnson (1996). Já a
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CADERNO DE RESUMOS
segunda, mais recente, foi formulada por Michael Fara (2008). Em seguida, procuro
mostrar que as objeções não são bem-sucedidas. Argumentarei que uma reformulação da regra (β) do argumento de van Inwagen, baseada em Crisp e Warfield (2000)
e denominada de regra “Beta Determinismo”, permite responder às duas objeções
supracitadas. Finalmente, na última parte desta comunicação, procuro antecipar algumas objeções ao que procuro defender.
In Defense of Prima Facie Duties
Philipp Schwind
University of Miami
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Ethical intuitionists like W.D. Ross adopt the common sense view that there is
an irreducible plurality of types of ethically relevant considerations. They furthermore hold that there is no explicit method determining how to move from
facts about which considerations are present to a conclusion about what it would
be right to do. In order to systematize our moral reasoning, ethical intuitionists
provide an account of the types of considerations that are ethically relevant. To
do that, they introduce a list of prima facie duties which always count in favor or
against doing an action, even if their strength – that is, their ability to defeat other
prima facie duties with an opposite normative valence – depends on circumstances. W.D. Ross counts duties of fidelity, reparation, gratitude, justice, beneficence,
self-improvement and non-maleficence among them. In my talk, I provide a novel
response to particularist attacks on the Rossian conception of prima facie duties.
This attack consists in challenging the intuitionist idea that the valence of prima
facie duties is invariable. Particularists like Jonathan Dancy argue that given the
context-sensitivity of reasons, both the strength and the valence of a prima facie
duty depend on circumstances. In defense of a Rossian intuitionism, I first consider Robert Audi’s reply against particularism. I argue that his notion of invariant
valence is coherent, but too weak for intuitionism. Then, I turn to a second line
of defense: Sean McKeever and Michael Ridges’ claim that context-sensitivity is
compatible with invariant principles. In response to McKeever and Ridge, I try to
show that their argument is flawed. Finally, I outline a solution for the intuitionist
that offers a robust notion invariance of prima facie duties by arguing that they
contain thick ethical concepts.
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Realismo no contexto de uma epistemologia naturalizada
Ricardo Seara Rabenschlag
Universidade Federal de Alagoas
[email protected]
Em seu artigo seminal “Epistemologia naturalizada”, Quine concebe o naturalismo epistemológico como sendo essencialmente antagônico ao realismo. Em
nossa apresentação, procuramos mostrar que a ideia central do naturalismo epistemológico, a saber, a tese de que não há solução a priori para o problema da
origem e dos limites do conhecimento científico, é plenamente compatível com o
realismo. Não resta dúvida de que o naturalismo epistemológico exclui uma atitude fundacionalista em relação ao conhecimento científico e, por conseguinte, o
epistemólogo naturalista não tem nenhuma esperança de que no futuro possamos
ancorar as leis básicas das ciências naturais em um conhecimento mais seguro que
o conhecimento que obtemos por meio da comparação entre as sentenças que
podemos deduzir a partir destas leis e as sentenças que podemos obter por meio
da observação dos fenômenos naturais. O que parece ter motivado Quine em sua
recusa do realismo é ideia de que todo realista é essencialmente um fundacionalista. No intuito de avaliar criticamente a tese de que todo realismo implica um
fundacionalismo, faremos uma breve exposição da concepção aristotélica de ciência, a fim de mostrar que Aristóteles é um realista, na medida em que para ele a
observação fornece conhecimento direto do mundo natural, sem, contudo, ser um
fundacionalista, uma vez para ele justificativas a priori são inaceitáveis. Por fim,
com base em nossa análise da teoria da ciência de Aristóteles, concluiremos nossa
comunicação examinando algumas epistemologias naturalistas contemporâneas
que adotam uma perspectiva realista.
Meta-Teodiceia e o Problema do Mal na Filosofia Analítica da Religião
Ricardo Sousa Silvestre
Universidade Federal de Campina Grande
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Dentro do debate acerca de Deus e o mal (Silvestre, 2009), o projeto de construção de teodiceias tem tradicionalmente desempenhado papel preponderante. Uma
dificuldade, entretanto, presente na discussão acerca do projeto de teodiceias é a
falta de ênfase na filosofia analítica contemporânea da religião no que podemos
chamar de meta-teodiceia, entendido aqui como um conjunto de condições que
uma teoria deve satisfazer para ser considerada uma teodiceia adequada (Trakakis,
2007, p. 227). Obviamente que nas várias análises de teodiceias específicas presenSociedade Brasileira da Filosofia Analítica – SBFA
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tes na literatura, filósofos têm discorrido sobre vários critérios que uma teodiceia
supostamente deve satisfazer. No entanto, trabalhos sistemáticos no sentido de
elaborar uma meta-teodiceia pretensamente completa que inclua uma taxonomia
das condições de adequação de uma teodiceia onde fiquem claras as várias relações lógicas e hierárquicas (em termos de adequabilidade mínima, plausibilidade,
etc.) são praticamente inexistentes em filosofia analítica da religião. Nosso objetivo nesse artigo é contribuir para tal projeto propondo uma tal meta-teodiceia.
Mais especificamente, partindo de alguns critérios encontrados na literatura, tentaremos apresentar as várias condições de adequação que podem ser pensadas
como relevantes na definição de uma teodiceia adequada de forma a obter uma taxonomia no sentido acima mencionado. Agrupamos nossas condições em quatro
categorias básicas: condições explanatórias ou internas, condições explanatórias
adicionais, condições morais e condições externas. Como exemplo de condição
interna temos a condição de que a teodiceia seja internamente consistente (Hick,
1981, p. 39); como exemplo de condição explanatória extra temos a condição de
que a teodiceia seja capaz de explicar não só o mal de uma forma geral, mas também os vários tipos de mal e sofrimento que encontramos no nosso mundo (como,
por exemplo, os assim chamados horrores) (Rowe, 1988, p. 131); como exemplo
de condição moral temos a condição de que se Deus permite o mal, então deve
haver algum bem que se torna o caso devido a tal permissão que seja tão grande
de forma a superar o mal em questão (Swinburne, 1996, p. 30); e finalmente, como
exemplo de uma condição externa, temos a condição de que a teodiceia seja consistente com o que sabemos a respeito do mundo, em relação tanto ao seu caráter
conforme revelado pela investigação científica como a fatos específicos acerca do
mal (Hick, 1981, p. 38).
Sobre a relação entre racionalidade e relativismo: objeções à visão
de Putnam
Robinson Guitarrari
Fundação de Comércio Álvares Penteado
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Os pronunciamentos de Hilary Putnam sobre a racionalidade científica envolvem críticas de incoerência a todas as formas de relativismo cognitivo. Uma delas
afirma que se trata de uma perspectiva autorrefutante. Outra defende a tese de
que ela carece de objetividade. Embora assuma que todos os tipos de relativismo padeçam dessas dificuldades, os seus argumentos têm em vista o relativismo
defendido por Thomas Kuhn, em sua análise do desenvolvimento da ciência. As
acusações de Putnam carregam a tese de que a possibilidade de escolha racional
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entre teorias científicas rivais implica um modelo de antirrelativista de desenvolvimento científico. Contudo, defendo que os seus dois argumentos não atingem
o relativismo genuinamente kuhniano acerca da racionalidade científica. Em primeiro lugar, sustento que a sua reconstrução do relativismo kuhniano, além de
inapropriada, a forma semântica atacada por Putnam não captura o impacto que
a incomensurabilidade entendida em termos epistemológicos tem numa concepção de racionalidade científica. Proponho outra forma de relativismo, baseada na
interpretação epistemológica da incomensurabilidade. Com base nessa reformulação, defendo a tese de que essas duas acusações de Putnam são indevidas. Em
síntese, a racionalidade científica, em termos kuhnianos, encapsula a tese de que
uma escolha científica é racional se e somente se existem boas razões para a comunidade
científica permanecer ou mudar de paradigma. As restrições de um modelo kuhniano de racionalidade implicam que as justificações de escolha científica gozam de
virtudes epistêmicas e pragmáticas (em sentido estrito), reconhecidas pela comunidade científica. Contudo, tais razões não são compulsivas porque os conjuntos
de problemas, estratégias de solução e valores não são igualmente compartilhados
por defensores de paradigmas rivais, daí a incomensurabilidade epistemológica.
Tais razões justificam uma preferência, mas não são capazes de impô-la a todo
participante da comunidade científica. De outro lado, é possível haver boas razões
para fazer outra escolha. Em particular, os problemas resolvidos apenas pelo paradigma a que se deu preferência, o modo de se compreender certos valores para
tal escolha e o conflito entre os pesos que foram atribuídos para os valores compartilhados pelas comunidades rivais são razões para compreender que legitimamente dois cientistas de comunidades rivais podem adotar diferentes paradigmas
com base em boas razões, quer dizer, notadamente científicas. Isso significa que
as boas razões são condições necessárias e suficientes para julgar se certa escolha
é racional. Contudo, o fato de uma mudança ser racional não é suficiente para
que a mudança se dê. As boas razões são estratégias eficazes de persuasão, mas
não implicam a conversão do cientista. Como corolário, se seguirá que a posição
kuhniana não se refuta e que ela permite avaliação epistêmica acerca de conjuntos
de compromissos científicos rivais, sejam compromissos com teorias, com as ontologias que essas teorias implicam, com os métodos adotados ou com os valores
epistêmicos desejados. Assim, essas acusações de incoerência não sustentam a tese
de que a possibilidade de avaliação epistêmica de teorias científicas rivais implica
uma visão antirrelativista do desenvolvimento científico.
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CADERNO DE RESUMOS
Verdades Actualizadas Necessárias e Verdades Necessárias
Indexicalizadas a Mundos
Rodrigo Reis Lastra Cid
Universidade Federal do Rio de Janeiro
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Pretendemos neste artigo mostrar que há um problema sério para o usuário do vocabulário dos mundos possíveis que o aplique no tratamento das modalidades aléticas. O problema é justamente o fato de o uso do vocabulário dos mundos possíveis,
independentemente da ontologia adotada, ao aceitar que a necessidade é a verdade
em todos os mundos possíveis, nos obrigar a falar que certas coisas que prima facie
gostaríamos de tomar como contingentes são necessárias. Um problema maior ainda é que, se o usuário do vocabulário dos mundos possíveis não quiser aceitar tal necessidade indesejada, ele cairá em contradição. Temos a intuição – e desenvolvemos
um argumento por ela – de que se “P”, no mundo actual, é uma verdade contingente,
não pode ser o caso de que “actualmente P” seja uma verdade necessária. Em linhas
gerais, o argumento tenta mostrar que é o mesmo fato que faz verdadeiro tanto “P”,
quanto “actualmente P”, e que é também o mesmo fato contingente P no mundo
actual que torna tanto “P”, quanto “actualmente P” contingentes; e que se supomos
que “actualmente P” (ou, conforme estendemos o argumento para qualquer indexicalização a mundos, “P em w*”) é necessária, teríamos que supor que o fato que a
verdadeira é também necessário, o que seria contraditório com o fato que faz “P” no
mundo actual verdadeira, dado que tal fato não seria necessário (seria contingente)
por hipótese – é claro, somente se aceitarmos que o que faz verdade tanto “P” no
mundo actual, quanto “actualmente P” é o mesmo fato. Nosso texto se compõe de
uma pequena introdução, que explica a relação entre as modalidades e o vocabulário
dos mundos possíveis; do argumento principal, onde mostramos que a aplicação do
vocabulário dos mundos possíveis, sem mais restrições, e tomando a necessidade
como a verdade em todos os mundos possíveis, gera uma contradição ou uma necessidade indesejada; e de uma pequena conclusão, onde esclarecemos algumas partes
do argumento principal, provendo algumas objeções e soluções possíveis, e onde
sugerimos uma noção de necessidade que salva o vocabulário dos mundos possíveis
do argumento aqui apresentado.
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II CONGRESSO • 2012
Como entender um absurdo
Rogério Fabianne Saucedo Corrêa
Universidade Federal de Santa Maria
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Nos últimos anos uma importante e inovadora interpretação do Tractatus Logico-Philosophicus foi desenvolvida por Cora Diamond e James Conant. A interpretação
é denominada de resoluta ou austera, pois afirma que o leitor do Tractatus deve levar
a sério o aforismo 6.54. Isso significa dizer que o leitor deve considerar boa parte
dos aforismos que compõem a obra, excetuando-se os que formam a moldura, como
meros absurdos. Neste trabalho, meu objetivo é analisar dois argumentos da leitura
austera: o argumento da moldura e o argumento da ilusão. No que diz respeito ao
argumento da moldura, sustento que o critério para incluir este ou aquele aforismo
na moldura não barra a possibilidade de considerarmos outros contextos para os
quais outros aforismos façam sentido. Desse modo, se posso fornecer um contexto qualquer no qual algum aforismo faz sentido, então ele pode fazer sentido no
contexto da própria obra. Por sua vez, no que diz respeito ao argumento da ilusão,
sustento que, se ele não é inconsistente, é, pelo menos, vago, pois não é claro o que
significa atribuir um estado mental ilusório a um grupo. Portanto, o argumento da
ilusão não serve para os propósitos para os quais é formulado. Pior do que isso, se
por hipótese assumo o argumento, então é possível mostrar que os próprios proponentes incorrem em ilusão.
The Semantics of Plurals: A Neglected Alternative
Salvatore Florio
Kansas State University ⁄ University of London
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It is well-known that second-order logic has two kinds of set-based semantics. In
standard semantics, the second-order quantifiers range over the full powerset of
the first-order domain, whereas in Henkin semantics the second-order quantifiers
may range over a subset of this powerset. This gives rise to an interesting debate
about semantic determinacy. Does our linguistic practice single out the interpretation given by the standard semantics as the correct one? In recent years, however, there has been a wave of interest in an alternative approach to the semantics
of higher-order logic (e.g. Boolos 1985, Rayo and Yablo 1999, Rayo 2001, and
Williamson 2003). Instead of letting the values of the higherorder variables be sets
constructed from objects in the ordinary first-order domain, we help ourselves to
higher-order resources in the metatheory and use these resources to represent the
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CADERNO DE RESUMOS
values of the higher-order variables. An example is the plurality-based semantics
for plural logic due to Boolos, where the value of a plural variable is not a set (or
any kind of set-like object) whose members are drawn from the ordinary, first-order domain. Rather, a plural variable has many values from this ordinary domain and thus ranges plurally over it. More generally, on the traditional set-based
semantics, a higher-order variable ranges in an ordinary way over a special domain
reserved for variables of its type, whereas on the new kind of higher-order semantics, a higher-order variable ranges in a special, higher-order way over the ordinary
domain. A striking feature of the literature on this novel kind of semantics for
higherorder logic is the near-absence of debate about the semantic determinacy of
higherorder quantification thus interpreted. Indeed, on the higher-order approach,
the only interpretation of the higher-order quantifiers that has been articulated
is the standard one. No analogue of Henkin semantics has been developed. The
following diagram sums up the current situation:
kind of semantics
standard
Henkin
set-based
higher-order (e.g. plurality-based)
A. Tarski
G. Boolos
L. Henkin
–
Whether or not philosophically justified, the absence of a plurality-based Henkin
semantics has influenced the ensuing debate. For it is widely believed that plural
logic, on the plurality-based semantics, is immune to the threat of non-standard
(Henkin) interpretations that confronts higher-order logics on their more traditional, set-based semantics. Moreover, nearly all writers who have embraced plural
logic on the plurality-based semantics ascribe to this system metalogical properties
which presuppose that the semantics is standard rather than Henkin. Our aim is
to populate the open quadrant in the above diagram and to address the mentioned
shortcomings of the existing literature. We focus on the case of plural logic, although much of what we say would apply, mutatis mutandis, to secondand higher-order
logics which quantify into predicate position. First, we construct a plurality-based
Henkin semantics for plural logic, showing exactly how the open quadrant is to be
populated. Then we provide a philosophical assessment of this semantics. We discuss whether the expressive resources on which the semantics relies are legitimate,
and we address some objections to the viability of the semantics. We end with some
considerations suggesting that set-based and plurality-based semantics are on a par
with respect to worries about indeterminacy.
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II CONGRESSO • 2012
Critérios de decisão entre hipóteses científicas rivais: Kuhn,
Lakatos e Laudan
Tamires Dal Magro
Universidade Federal de Santa Maria
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Na história da filosofia e da nossa cultura em geral, a atividade científica foi quase
sempre apresentada como um modelo de racionalidade e objetividade. Ciência e
racionalidade são às vezes ingenuamente concebidas como sendo imunes às arbitrariedades e contingências subjetivas que ocupam e são relevantes às mentes dos cientistas em outros domínios. Os resultados das pesquisas científicas seriam objetivos
no sentido de que sua autoria é irrelevante: eles seriam, por assim dizer, anônimos.
Da mesma maneira, seriam a-históricos, no sentido de que uma vez obtidos, não
haveria mais como voltar atrás, e no sentido de que o momento particular em que
são obtidos é irrelevante. Essas são algumas das características do que podemos chamar de uma concepção ingênua da ciência e da racionalidade. A história da filosofia
da ciência nos últimos cinquenta anos tem sido a história da rejeição dessas concepções. Um dos produtos desses desenvolvimentos recentes foi o surgimento das
chamadas ‘teorias historicistas da racionalidade’ na filosofia da ciência. Na filosofia
da ciência, a apresentação sistemática mais influente de uma teoria desse tipo deve-se a Thomas Kuhn, em A estrutura das revoluções científicas. Essa obra foi um divisor
de águas na história dessa disciplina justamente por apresentar o conhecimento
científico como sendo gerado por um processo dinâmico e historicamente situado.
Há interpretações variadas acerca tanto do que Kuhn disse quanto das implicações do seu trabalho, talvez porque ainda permaneça em dúvida a coerência interna
de sua posição, especialmente quando a questão é encontrar critérios de escolha
entre teorias científicas alternativas que preservem a racionalidade e objetividade
na ciência. Em particular, esse foi o ponto central de duas importantes teorias historicistas alternativas à de Kuhn, devidas a Lakatos e Laudan. Para esses autores,
Kuhn descreveu de maneira excessivamente arbitrária os critérios de escolha entre
teorias científicas nos períodos de revolução, fazendo parecer que nesses períodos
a racionalidade científica falha ou que as escolhas não são objetivas. Os elementos
arbitrários e subjetivos na escolha entre hipóteses e teorias rivais em períodos de
revolução mencionados por Lakatos e Laudan referem-se às considerações de Kuhn
sobre elementos extra-lógicos, isto é, aspectos psicológicos, sociológicos, ideológicos
e políticos internos à comunidade científica, sem os quais não seria possível descrever adequadamente o que efetivamente ocorre na ciência. As críticas de Lakatos
e Laudan merecem atenção porque afetam conceitos fundamentais da concepção
kuhniana, tais como os de revolução e incomensurabilidade, onde esses elementos
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CADERNO DE RESUMOS
extra-lógicos mostrar-se-iam importantes no processo científico. Contudo, apesar
das abordagens de Lakatos e Laudan almejarem uma preservação de critérios precisos pelos quais a comunidade científica poderia decidir entre teorias alternativas,
suas concepções também acabaram mostrando-se imprecisas nesse quesito. Críticas
parecidas às que Lakatos e Laudan dirigem a Kuhn podem ser e de fato foram feitas
a suas abordagens. Essa análise comparativa entre Kuhn, Lakatos e Laudan permitirá avaliar ao menos em parte o legado e o estado atual das discussões abertas por
Kuhn sobre a racionalidade e objetividade científica.
Nominalismo de Classe: uma boa solução para o problema dos
universais?
Valdetonio Pereira de Alencar
Universidade Federal do Ceará
[email protected]
O objetivo deste trabalho é analisar o Nominalismo de Classe como uma solução
para o problema dos universais. Em um primeiro momento, irei apresentar o problema dos universais, já que o Nominalismo de Classe é uma solução para esse problema. Eu entendo que o problema dos universais é um problema ontológico. Se você
quer saber qual a posição de um determinado filósofo sobre o problema dos universais, você deve observar a ontologia dele. Existem duas tipologias que me parecem
interessantes para se entender o problema dos universais. A primeira é a distinção
entre particulares e universais. A segunda é a distinção entre entidades concretas e
abstratas. Em um segundo momento, irei fazer uma tipologia de Nominalismos de
Classe. Neste ponto, eu apontarei as características gerais do Nominalismo de Classe. De um ponto de vista epistemológico, o Nominalismo de Classe é uma solução
objetiva para o problema dos universais, pois classes possuem uma existência independente da mente humana. O fato de um particular a possuir uma propriedade F
deve ser analisado como a sendo um elemento da classe que possui como elementos
os particulares que são F. A utilização de classes para explanar propriedades parece
justificar-se por vários motivos. A teoria de classes parece se encontrar em melhor
estado do que a teoria das propriedades. Classes possuem condições de identidade
determinadas, propriedades não. Posteriormente, tratarei das posições de Quinton
e Lewis. Além de apresentar as suas posições, mostrarei como eles tentam se livrar
de algumas críticas clássicas. Quanto a Quinton discutirei o seu conceito de classe
natural. David Lewis apresenta-nos uma teoria de propriedades composta por três
elementos: a teoria de classes; uma teoria realista acerca dos mundos possíveis e a distinção entre propriedades naturais e escassas. Abordarei a forma como David Lewis
utiliza o seu Realismo Modal para responder ao problema da co-extensionalidade.
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II CONGRESSO • 2012
Apresentarei ainda a noção de estrutura sintática como solução para o problema da
co-extensionalidade necessária. Pretendo mostrar que Lewis não consegue responder
satisfatoriamente às seguintes críticas de Armstrong: “Classes não possuem poder
causal” e “A noção de propriedade parece ser anterior à noção de classe”. Além disso,
discuto o problema posto por Wolterstorff: As condições de identidade de uma propriedade são diferentes das condições de identidade de uma classe. Em um terceiro
momento, farei uma conclusão que tem um teor crítico. Não penso que o Nominalismo de Classe seja uma boa solução para o problema dos universais.
Wittgenstein: ‘proposiciones gramaticales’ y su papel en la estrategia
analítica de Sobre la Certeza.
Víctor Hugo Chica Pérez
Universidad de Antioquia
[email protected]
Aunque Wittgenstein en Sobre la Certeza distingue entre proposiciones empíricas,
lógicas, gramaticales y las llamadas por los intérpretes proposiciones eje o bisagra,
con el fin de enfrentar dificultades conceptuales y esclarecer los mal entendidos
filosóficos que surgen alrededor de la red conceptual a la que pertenecen categorías
como saber, creer, prueba, error, duda, certeza, etc., llama la atención que en algunos de los estudios mas destacados en torno a Sobre la certeza no se conceda mayor
relevancia a dicha estrategia wittgensteiniana o se introduzcan inadvertidamente
algunas confusiones. En efecto Avrum Stroll en su texto Moore and Wittgenstein on
Certainty, donde se ocupa fundamentalmente de hacer un seguimiento a las estrategias de Moore y Wittgenstein contra el escepticismo, identificando semejanzas y
diferencias, no concede ningún papel en su análisis a la distinción wittgensteiniana entre diversos tipos de proposiciones; además se echa de menos no solo que la
idea misma de proposición gramatical no reciba ningún tratamiento en particular, sino que ni siquiera se mencione en el todo su análisis. Por su parte, Danièle
Moyal-Sharrock en Understanding Wittgenstein’s on Certainty, aunque otorga acertadamente un papel central a la distinción wittgensteiniana entre distintos tipos
de proposiciones, como eje sobre el cual se articula el análisis en torno a la noción
de ‘certeza’, asimila erróneamente las llamadas proposiciones ‘eje’ o ‘bisagra’ con las
proposiciones gramaticales. Considero que es pertinente introducir mayor claridad
sobre la estrategia Wittgensteiniana, para lo cual procuraré, primero, argumentar en
qué medida una correcta interpretación de la estrategia wittgensteiniana en Sobre
la Certeza exige atender a las claras distinciones que el autor traza entre las distintas clases de proposiciones que él mismo identifica; sólo estableciendo límites
claros entre ellas se pueden detectar las confusiones, sinsentidos y dificultades que
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CADERNO DE RESUMOS
subyacen a los usos erróneos y problemáticos de nociones como ‘saber, verdad, duda,
creencia, certeza, error, etc.’, que tienen lugar justamente cuando se confunden los
diversos juegos proposicionales en los que dichas nociones pueden tener lugar, y que
dan lugar, por ejemplo, tanto a posiciones escépticas como dogmáticas por igual.
No advertir cuando un concepto se usa en uno u otro tipo de proposición conlleva
dificultades teóricas insuperables. Segundo, procuraré advertir sobre las dificultades
teóricas que conlleva confundir las proposiciones gramaticales con las proposiciones
‘eje-bisagra’. Si bien ambos tipos de proposiciones comparten rasgos comunes y
pueden confundirse, Wittgenstein no las identifica, pues en su análisis ambas cumplen papeles totalmente diferentes: Las proposiciones gramaticales describen una
situación conceptual mientras las proposiciones ‘eje’ caracterizan una imagen del
mundo, una forma de vida.
Deveres indiretos, diretos e justiça para com os animais: Tom Regan
sobre o contratualismo de John Rawls.
Waleska Mendes Cardoso
Universidade Federal de Santa Maria
[email protected]
É aceitável na maioria das teorias morais modernas e contemporâneas que não devemos tratar os animais ao nosso bel prazer e infligir neles sofrimento desnecessário. Todavia, muitos divergem acerca de que tipo de deveres os agentes morais
têm perante os animais. O presente trabalho intenta enfrentar uma importante
questão levantada por Tom Regan sobre o contratualismo de John Rawls: haveria
espaço em sua ‘Teoria da Justiça’ para resguardar os interesses básicos dos animais
não-humanos de forma robusta e eficiente? Para tentar responder tal questão, inicialmente demonstrar-se-á a tensão entre as teorias morais dos referidos filósofos.
Em seguida, serão trazidos os argumentos de Regan para rejeitar o contratualismo
rawlsiano. O método argumentativo empregado por Regan para concluir pela inclusão de animais no âmbito da consideração moral consiste no exame das mais
célebres abordagens morais modernas e contemporâneas referentes ao tratamento a
ser outorgado aos animais não-humanos. A aplicabilidade prática de tais propostas
é avaliada a partir das principais implicações oriundas da adoção e aceitação de suas
premissas basilares. Alvos de suas críticas estão as posições teóricas que advogam
deveres indiretos dos agentes morais para com pacientes morais (e para com os animais). Das teorias morais que Regan considera mais difícil de impugnar encontra-se
o contratualismo de John Rawls. Segundo Regan, o contratualismo poderia ser uma
perspectiva de difícil refutação, se fosse uma abordagem teórica adequada do estatuto moral de seres humanos. Nesse sentido, ao passar pelo teste de aplicação racional
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proposto por Regan, a teoria de Rawls mostra-se insatisfatória para resguardar os
direitos (ou interesses básicos) da maioria dos seres humanos, já que (i) seria uma
teoria para a qual não são exigidos deveres diretos perante todos aqueles sem senso
de justiça e, (ii) sendo uma teoria moral com baixo nível de exigência moral para
com humanos, não haveria qualquer espaço para abarcar animais não-humanos no
âmbito da consideração moral. Nesse sentido, evidente, segundo os comentários de
Regan, a ineficiência destas teorias não somente para proteger os não-humanos,
mas também para assegurar significativamente o bem-estar humano. Com efeito, de
acordo com Regan, imperioso pensar-se uma moral pautada por uma universalidade
de princípios e deveres, a qual possa pesar, de maneira imparcial e justa, os interesses
de todos, humanos ou não. Regan propõe uma teoria moral deontológica fundada
em direitos morais básicos para seres portadores de valor inerente. A tais seres, que
possuem interesses moralmente relevantes, são reconhecidos direitos morais para
resguardá-los. Para garantir o respeito aos direitos morais (e consequentemente aos
interesses moralmente relevantes) são estabelecidos deveres diretos que obrigam a
todos os agentes morais. A perspectiva dos direitos, então, demonstra ser a teoria
moral mais satisfatória para salvaguardar os interesses básicos de todos os humanos,
indistintamente, e também de não humanos.
Uma extensão dos ordinais transfinitos de Cantor: o universo dos
números transreais
Walter Gomide
Universidade Federal de Mato Grosso
[email protected]
Os números ordinais transfinitos de Cantor são de extremo interesse tanto para a
matemática pura quanto para a filosofia. Com eles, o conceito de conjunto bem ordenado é analisado de forma aritmética, de tal forma que uma comparação entre os
tamanhos de conjuntos infinitos bem ordenados torna-se possível. Mas os ordinais
transfinitos, apesar de sua importância inconteste em teoria dos conjuntos, têm seu
escopo de aplicação limitado decisivamente se levarmos em conta um aspecto que
lhes é inerente: os ordinais transfinitos de Cantor não definem um espaço métrico.
Desta maneira, qualquer análise estrutural de um problema que envolva distâncias
entre elementos ou correlatos, exclui de imediato o instrumental conceitual cantoriano dos ordinais transfinitos. Assim, se o intuito é estender os ordinais de Cantor
a fim de que eles possam ser usados para a análise de problemas em que o conceito
de distância está presente, faz-se necessário, portanto, uma extensão do conceito de
número ordinal de tal forma que, além de suas propriedades conjuntísticas, os ordinais de Cantor possam servir como “medida” da distância entre objetos quaisquer.
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CADERNO DE RESUMOS
Consegue-se isto através do conceito de número transreal, introduzido pelo cientista da computação James Anderson. Os transreais constituem uma extensão dos
números reais. Neles, além dos números reais em sua totalidade, são introduzidos
mais três constantes: a nulidade (F 5 0/0), o maior infinito negativo (21/0 5 2
¥), e o maior infinito positivo (1/0 5 ¥). Mas não só isto: os ordinais transfinitos
de Cantor, assim como os números infinitesimais (números surreais) também são
introduzidos de tal forma que, dados dois números transreais quaisquer, sempre é
possível definir uma distância entre eles, em um espaço transmétrico. Uma vez que
a distância entre transreais passa a ser definida para qualquer par de números transreais, os ordinais transfinitos podem ser avaliados como mais ou menos próximos de
outros números. Com isto, o conceito de distância passa a ser incorporada na teoria
dos números ordinais de Cantor e interessantes questões começam a aparecer. Por
exemplo, em teoria da prova, a questão relativa ao fato se uma proposição é ou não
provável em um sistema formal de sintaxe finitária é posta agora em termos métricos: uma proposição dista de um conjunto de axiomas uma distância maior, menor
ou igual a w, o primeiro ordinal transfinito? Dependendo da reposta, a proposição
será provável, não provável (e sua negação provável), ou mesmo indecidível. Enfim,
inúmeros contextos em que a noção de distância aparece em estreita sintonia com
a noção de infinito são passíveis de serem analisados com a imersão dos ordinais
transfinitos de Cantor no universo dos números transreais.
Qual representação? (Linhas gerais da ideia de representação artística
na obra Language and Art e sua importância na teoria dos sistemas
simbólicos de Nelson Goodman.)
Walter Romero Menon Jr.
Universidade do Paraná
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A partir dos três problemas limites da representação artística proponho apresentar e
discutir alguns pontos da teoria dos sistemas simbólicos de Nelson Goodman, especialmente a função epistemológica que este autor atribui às obras de arte. Estes problemas são: qual a natureza da percepção de uma representação, ou seja de algo que
não sendo a realidade lhe faz referencia? Pressuposição de uma realidade da qual o
que se percebe é uma representação. Qual o papel da intenção do artista na compreensão do que uma obra de arte representa? A representação seria fundamentalmente
intencional e portanto difere de uma simples reprodução direta do referente. Qual
a possibilidade de se representar algo que não seja um referente real, ou melhor que
não encontre referente na realidade? Aqui se apresenta o problema da representação
ficcional e o da criação artística.
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