Atletismo - Habilidades Motoras
Corrida
Técnica de Corrida
A corrida deverá ser considerada como um hábito motor de base, sendo deste modo
perspectivada como uma actividade que tem de ser aprendida e como tal necessariamente
exercitada.
No âmbito da actividade desportiva, quer ao nível da preparação geral quer mesmo no
campo da preparação específica de outras modalidades que não só o atletismo, a corrida
constitui um importante factor de sucesso da prestação do praticante.
Não é, portanto suficiente encará-la apenas como um simples meio de deslocação do
atleta que é adquirido de forma natural, devendo pelo contrário ser interpretado como uma
componente da técnica desportiva que é preciso ensinar e treinar nos momentos e idades mais
adequadas.
A corrida é considerada uma tarefa motora de carácter cíclico e de estrutura rítmica
variável ou invariável, em que fases de apoio são alternadas com fases de suspensão.
Na análise da corrida consideramos a sua estrutura dinâmica e cinemática dividida em
duas grandes fases:
Fase de apoio – durante a qual as forças interiores actuam sobre o solo, daí resultando uma
reacção projectiva igual e de sentido contrário (lei da acção reacção).
Fase de suspensão – durante a trajectória aérea, o C.G. do corpo do atleta descreve uma
parábola e eleva-se até uma certa altura.
O contacto do pé com o solo deve realizar-se da seguinte forma:
No eixo da corrida;
Variando a superfície de apoio de acordo com a intensidade da corrida – para uma
intensidade máxima o pé toma contacto pelo terço anterior do seu bordo externo enquanto que
para intensidades média e fraca o apoio tende a ser realizado sobre a região externa do
metatarso e do tarso;
A passagem do pé pelo apoio e a sua ulterior repulsão do solo condicionam a amplitude
da passada. À máxima extensão da perna impulsora deverá corresponder a máxima elevação do
joelho da outra perna que, entretanto, se dirigiu para a frente.
A acção dos braços:
É de grande importância na corrida pois assegura o equilíbrio, contribui para a
progressão e permite passadas amplas e descontraídas;
Na corrida, a acção do braço é sobretudo de equilíbrio, mas a sua acção, em termos de
amplitude e dinamismo é determinante na amplitude e na frequência da passada;
O movimento dos braços deve ter lugar na articulação do ombro;
Deve estar em sincronia com o ritmo de acção das pernas;
Ângulo entre o braço e o antebraço deve rondar os 80º - 85º no final do seu balanço à
frente, abrindo-se ligeiramente este ângulo no limite do balanço atrás – 95º;
No balanço atrás a mão não deve ultrapassar o nível dos quadris,
Nas corridas mais rápidas o cotovelo do braço que vai atrás atinge quase a altura dos
ombros;
As mãos permanecem abertas de forma a evitarem contracções parasitas a nível dos
braços.
Para além da qualidade dos apoios, e da acção dos braços a postura corporal do
corredor é fundamental na técnica de corrida:
A cabeça deve manter-se no prolongamento do tronco e o olhar deve estar dirigido para
a frente (a colocação da cabeça atrás quando aparece a fadiga está habitualmente associada a
uma menor amplitude da passada, com a consequente diminuição da corrida);
Os músculos da face e do pescoço devem permanecer descontraídos (a sua contracção
indicia uma contracção generalizada de todo o corpo);
Qualquer que seja a intensidade da corrida, o tronco deve permanecer sempre na
vertical e os ombros baixos.
Corrida de Velocidade
Fases da Corrida de Velocidade
Partida ou Saída
A partida é um factor decisivo e como tal deve ser treinada, uma boa saída pode
provocar o comando de uma prova, o que constitui, em
muitos casos, uma vantagem importante.
Pela curta duração da corrida (60, 80 ou 100
metros), esta fase é considerada de concentração.
A partida realiza-se nos “blocos de partida”,
dispositivos que possibilitam uma maior velocidade
inicial e consequentemente, uma partida eficiente.
Fases da Partida
1. Depois da colocação dos blocos de partida, o atleta deve estar de pé, atrás dos
mesmos, e esperar que o juiz diga: “Aos seus lugares! “
O atleta entra em contacto com o dispositivo e deve colocar-se em posição de cinco apoios:
Polegar e o indicador afastados e colocados no chão próximos da linha de partida;
Os braços à largura dos ombros, estendidos;
Joelho da perna da frente a indicar o sentido da corrida.
2. Seguidamente à ordem de “prontos”, deve colocar-se na posição de quatro apoios,
elevando o joelho da perna de trás.
O aluno:
À voz de “prontos”, deve bloquear a respiração, após a inspiração, até ao sinal do “tiro”,
altura da libertação da respiração;
Olhar deve ser dirigido para um ponto mais à frente no solo;
Contacto dos pés com o solo é importante;
Posição imóvel.
3. Ao sinal de partida (“tiro”), o atleta deve reagir rapidamente:
As mãos devem abandonar o solo;
A força exercida (impulsão) nos blocos de partida tem influência na velocidade inicial;
A primeira impulsão é realizada com a perna de trás, logo de seguida, com maior
duração, a perna da frente é responsável pela projecção do corpo, formando com o plano da
pista um ângulo de 45º, aproximadamente;
A trajectória da perna de trás deve ser rasante, rápida e curta;
Os braços devem ter uma acção correcta e coordenada com as pernas.
Desenvolvimento da corrida
A aceleração deve ser realizada da seguinte forma:
Corpo inclinado para diante;
Passadas iniciais curtas e rápidas;
Aproveitamento da oscilação dos braços para conseguir entrar, o
mais rápido possível, na velocidade adequada.
A velocidade da corrida é o resultado de dois factores: o comprimento e a frequência da
passada. Numa corrida de velocidade, principalmente nos 100 m, é fundamental a velocidade da
corrida e o tempo de reacção do atleta.
A mudança da aceleração inicial tem características importantes:
Contacto dos pés deve ser feito pela parte exterior do metatarso;
A perna de apoio deve manter ligeira flexão, e o calcanhar da perna livre deve situar-se
perto das nádegas;
A movimentação dos braços, flectidos, deve ter correspondência com a das pernas;
Olhar deve ser dirigido sempre para a frente;
Descontracção dos grupos musculares que não são necessários ao movimento da
corrida.
A linha de chegada (“meta”)
Esta situação deve ser efectuada no último momento
com:
Inclinação do tronco à frente ou avançando o ombro
oposto à perna da frente e oscilando os braços à retaguarda;
Não diminuir a velocidade antes de passar a meta.
Evitar
Na partida, um recuo do corpo, que origina atraso na saída do pé da trás e prejudica o
ritmo das passadas iniciais por deficiente contacto da parte anterior dos pés nos blocos;
À voz de “prontos”, a extensão completa da perna de trás;
Na primeira passada da corrida, dar um salto;
Na fase de aceleração, a elevação total do tronco para a posição normal da corrida;
Durante a corrida, o desequilíbrio, isto é, correr em “ziguezague”;
Durante a corrida, que o primeiro contacto do pé com o solo seja feito pelo calcanhar;
Durante a corrida, olhar para os lados;
Durante a corrida, “cerrar” os dentes, os braços tensos e rígidos, o rosto e o pescoço
contraídos;
A passagem pela meta com diminuição da velocidade, o que normalmente se dá no
jovem sem prática desportiva;
Na chegada à meta, a inclinação do tronco e da cabeça e a oscilação dos braços à
retaguarda um pouco afastada da linha de chegada para não haver desequilíbrio e uma
consequente diminuição de velocidade nas últimas passadas.
Corrida de Estafetas
É uma manifestação desportiva excitante, atractiva e provoca interesse na assistência por
constituir uma competição de equipa em que o êxito depende das transmissões.
Também é de importância para o praticante, uma vez que ao fazer parte de uma equipa,
assume a responsabilidade como grupo, isto é, tem de aliar o esforço individual ao colectivo –
espirito de grupo.
Para além dos resultados, existem outros aspectos muito importantes que se devem ter
em conta numa corrida de estafeta.
1º estafeta deve ser o que tiver melhor velocidade de reacção (melhor saída);
2º estafeta deve ser o menos rápido;
3º estafeta deve ser o que assegura o 2º melhor tempo;
4º e último estafeta deve ser o mais veloz;
Entre os atletas deve existir espírito de equipa, força de vontade e combatividade.
As estafetas 4 x 100 m e 4 x 400 m são corridas em que cada equipa é constituída por 4
elementos que:
Têm por objectivo transportar o testemunho durante a
totalidade do percurso, o mais rapidamente possível;
Têm de transmitir entre si o testemunho, em percursos
iguais, dentro da zona de transmissão de 20 m;
Não devem sair da pista sorteada.
Fases da Corrida de Estafetas
Partida ou Saída
A partida para a corrida de estafetas 4 x 100 m é realizada no local de partida da prova
de 400 m, em “decalage”, com blocos de partida sobre o lado direito do corredor, perto da linha
exterior.
Existem várias formas de segurar o testemunho na partida, mas a mais usual é agarrá-lo
próximo do centro.
Transmissão do testemunho
O testemunho tem de ser entregue dentro de um espaço de 20 m de comprimento –
zona de transmissão.
Na estafeta 4 x 100, a zona de transmissão começa 10 m antes da linha dos 100 m e
termina 10 m à frente dela.
O receptor deve aguardar o transmissor na zona de balanço (10 m), olhando para trás e
por cima do ombro.
O receptor deve começar a correr quando o transmissor passa junto a uma marca
previamente colocada no corredor. Corre olhando para a frente e estica o braço para trás com a
mão aberta quando o transmissor lhe der o sinal sonoro: “sai”, “vai”, “toma”, etc.
O testemunho pode ser entregue de cima para baixo (técnica descendente) ou de
baixo para cima (técnica ascendente). Contudo, é aconselhado o tipo de entrega do
testemunho pelo método ascendente, no qual o receptor coloca a palma da mão para baixo,
braço estendido e o polegar afastado do indicador, e o transmissor executa um movimento de
baixo para cima para a entrega do testemunho.
Transmissão ascendente
Transmissão descendente
Os quatro atletas têm de combinar o modo e a mão com que fazem as transmissões,
pois isso influencia a colocação de cada um no corredor para receber o testemunho.
Se o transmissor correr com o testemunho na mão esquerda, o receptor coloca-se na
zona interior do corredor de corrida, e recebe com a mão direita.
Se o transmissor correr com o testemunho na mão direita, o receptor coloca-se na zona
exterior do seu corredor de corrida, e recebe com a mão esquerda.
Daqui decorrem os métodos de transmissão:
Método de transmissão exterior: O atleta que transmite, traz o testemunho na mão esquerda e
passa o testemunho para a mão direita do receptor. Após a recepção, o atleta que recebeu faz a
mudança do testemunho para a outra mão.
Método de transmissão interior: O atleta que transmite, traz o testemunho na mão direita,
aproxima-se do atleta que recebe pelo lado de dentro e passa-lhe o testemunho para a mão
esquerda. Após a recepção o atleta que recebeu faz a mudança para a outra mão
Método de transmissão misto ou de “Frankfurt”: É uma combinação dos outros dois
métodos, em que as 1ª e 3ª transmissões são executadas pelo lado de dentro, e a 2ª pelo lado
de fora. Os atletas que transportam o testemunho, seguram-no nas curvas com a mão direita e
nas rectas com a mão esquerda, não sendo necessário haver mudança do testemunho para a
outra mão, do atleta que recebe o testemunho.
O Receptor:
Deve começar a corrida na zona de balanço;
Deve ter sinais de referência sobre o seu corredor;
Após a corrida lançada e no momento da passagem do testemunho, não deve olhar para
trás, pois daí pode resultar uma perda de tempo.
O Receptor deve evitar:
Início da corrida lançada cedo ou tarde demais;
Durante a corrida lançada, correr de braços estendidos para trás;
Abrandamento de velocidade no momento da transmissão.
O transmissor deve evitar:
A extensão do braço demasiado cedo.
A Linha de Chegada (“meta”)
Após receber o testemunho, o último atleta corre para a linha de meta de forma idêntica
à corrida de velocidade.
Corrida de Barreiras
A corrida de barreiras é uma corrida de velocidade.
Este tipo de corrida permite ao educador variar de forma infinita a estrutura das corridas,
adaptando-as a cada atleta, favorecendo o desenvolvimento das suas faculdades de adaptação.
O atleta tem que correr, transpor as barreiras e voltar a correr, o
que se torna complicado no máximo de velocidade. Para perder o
mínimo de velocidade, ele tem que correr bem e transpor correctamente
as barreiras. O barreirista tem que, por isso, ser um atleta rápido,
coordenado, flexível e com sentido rítmico.
Fases da Corrida de Barreiras
Partida e Aproximação à Primeira Barreira
Até à primeira barreira o atleta tem de adquirir uma velocidade razoavelmente elevada. A
velocidade óptima até à passagem da primeira barreira é muito importante para a obtenção de
um bom resultado, pois entre barreiras não há grande possibilidade de a aumentar.
Para alcançar elevada velocidade na aproximação à primeira barreira, o atleta não só
tem de ser um bom corredor de velocidade, como deve ser capaz de manter grande regularidade
de passada. O comprimento da passada aumenta progressivamente até ao último passo, o qual
será mais curto que o anterior.
Impulsão
Pé da perna de impulsão deve apoiar-se no eixo da corrida, ao mesmo tempo, a outra
perna efectua o ataque à barreira – perna de ataque para a frente e para cima, flectida;
Tronco inclina-se para ficar no prolongamento da perna de impulsão, a cintura e os
ombros devem estar no sentido da corrida;
A perna de impulsão só deixa o contacto com o solo depois da sua extensão.
Passagem da Barreira (transposição)
Flexão do tronco sobre a perna de ataque, com a ajuda do braço do lado oposto desta;
A perna de ataque deve passar a barreira
semiflectida, para a frente e para baixo;
A perna de impulsão, na passagem da
barreira, deve flectir lateralmente (abdução) e o braço
do mesmo lado deve ser levado um pouco à frente
do tronco, flectido;
Na fase final, a perna de ataque alonga-se para a frente e para baixo, naturalmente,
facilitando a acção do corpo para o movimento da perna de passagem.
A recepção deve ser activa e realizada sobre a planta do pé e com a cintura (centro de
gravidade) à frente do pé de apoio;
A continuação da corrida deve ser facilitada com um impulso enérgico e, ao mesmo
tempo, com movimentação rápida dos braços.
Corrida entre Barreiras
A qualidade do primeiro passo (após a transposição da barreira) é fundamental para o
ritmo e fluidez da corrida.
O ritmo intermédio é de importância capital. O número de apoios deve permitir a
passagem das barreiras sem modificar o ritmo e com uma regularidade precisa.
Os apoios devem ser activos e breves, com pouca circulação dos pés, e alinhados no
eixo da corrida.
O número de apoios mais utilizado é de 4 apoios (3 passadas). Contudo, o ritmo entre os
obstáculos (número de passadas efectuadas no máximo de velocidade) não é sinónimo de 3/4/5
ou mais passadas. O aluno deve antes de tudo manter uma elevada velocidade entre as
barreiras e efectuar um ritmo em função das suas características morfológicas. O professor deve
contudo atender ao facto de que, em competição, o número de passadas entre as barreiras
numa corrida de 100 ou 110 m é de 3 passadas e, portanto, deve também criar situações que
permitam isso mesmo. Introduzir variações nas distâncias entre barreiras em função das
características de cada um tentando que o aluno efectue 3 passadas ou diminuir a altura das
barreiras são soluções didácticas que podem ajudar o aluno a crescer gostando desta disciplina
do atletismo.
Corrida terminal até à
meta
Na fase final da corrida (após a transposição da última barreira) o atleta acelera em
direcção à meta com passadas vigorosas.
Saltos
Salto em Comprimento
O salto em comprimento faz parte integrante do conjunto de 4 saltos oficiais dos programas
de provas de atletismo (além do salto com vara, triplo salto e salto em altura ).
As componentes mais importantes do salto em comprimento são a velocidade, obtida
através da corrida de balanço, e o ângulo de projecção (o ângulo ideal de ataque situa-se entre
os 18º e os 20º) do atleta. Tal como os restantes saltos, é constituído por 4 fases :
Fase de corrida de balanço
Aceleração progressiva (velocidade máxima possível nas 3 últimas passadas);
Apoios activos sobre o terço anterior dos pés;
Joelhos elevados, passadas amplas em “soupless”;
Colocação alta da bacia;
Extensão das articulações tíbio-társica, do joelho e coxo-femural (anca).
Erros Típicos:
Redução da velocidade nas passadas finais;
Corrida demasiado longa e desgastante (velocidade máxima alcançada precocemente);
Apoio sobre a planta dos pés;
Joelhos baixos; passada em frequência;
“Corrida sentada”;
Membro inferior flectido.
Fase de chamada
Penúltima passada curta e passada final mais longa o que provoca o assentamento
sobre o calcanhar e o baixar do centro de gravidade;
Centro de gravidade baixo e tronco ligeiramente inclinado atrás;
Apoio em “griffé” (da frente para trás);
Elevação da coxa da perna livre até à horizontal após a chamada;
Projecção da bacia em frente;
Olhar dirigido em frente.
Erros típicos:
Assentamento sobre o calcanhar;
Inclinação do tronco à frente;
Apoio a partir do calcanhar;
Insuficiência do movimento de balanço da perna livre;
Projecção da bacia exclusivamente para cima;
Olhar dirigido para a tábua de chamada.
Fase aérea, suspensão ou voo
Técnica de tesoura:
O atleta continua a correr durante o voo (dois passos e meio);
Depois da chamada o saltador baixa activamente o membro inferior de balanço
estendido, levando-o atrás, e puxando também atrás o membro inferior de impulsão fortemente
flectido (1º passo);
O ritmo das passadas é auxiliado com movimentos de circundução sincronizados, dos
membros superiores;
Nesta fase do voo nota-se claramente uma ligeira inclinação para trás;
Quando o saltador completa o 2º passo com o membro de balanço, trazendo-o à
posição horizontal, o tronco vem adiante para contrabalançar;
O membro de impulsão mantém-se nesta posição até que o de balanço suba ao mesmo
nível;
Posteriormente o tronco “endireita-se”, os membros inferiores descem e as ancas são
deslocadas para diante;
Imediatamente antes do contacto com o solo, os membros superiores são levados atrás
do corpo.
Técnica de extensão:
A seguir à chamada o atleta deixa pender o membro inferior de balanço até quase à
vertical;
A esta posição vem juntar-se o membro inferior de impulsão, flectido;
Os membros inferiores ficam próximos um do outro, em ângulo recto com as coxas;
Os membros inferiores continuam o movimento de subida iniciado na chamada, e
conservam-se acima da cabeça durante a primeira parte do voo;
Antes do contacto com o solo, move os membros superiores para cima e para diante, e
abaixa o tronco em movimento de balanço;
Imediatamente antes de contactar o solo, projecta os membros inferiores bem para
diante;
Técnica de passada:
Na primeira fase do vôo o atleta deve manter os diferentes segmentos corporais numa
posição idêntica à da fase final da chamada;
O tronco mantém-se na vertical ou com uma ligeira inclinação atrás;
Após a chamada, o membro inferior impulsor assume uma atitude de descontracção,
mantendo-se atrasado relativamente ao corpo;
Imediatamente antes do contacto com o solo, o membro inferior impulsor balança para a
frente ao encontro do membro inferior de balanço, preparando a recepção no solo;
Posteriormente o corpo assume a posição de “canivete”, com o tronco flectido sobre os
membros inferiores, num movimento de compensação;
Membros superiores descem, para conjuntamente com o tronco compensarem a subida
dos membros inferiores.
Erros Típicos:
Braços descoordenados ou em abdução;
Perna de chamada mantém-se em baixo;
Fase de queda ou recepção
Recepção a 2 pés paralelos;
Joelhos flectidos e junto ao peito;
Ligeira inclinação lateral;
Puxar os braços e tronco para a frente.
Erros Típicos:
Recepção com 2 pés afastados;
Joelhos em extensão;
Ausência de uma ligeira inclinação lateral;
Tronco inclinado à retaguarda.
Salto em Altura
O salto em altura é um tipo de salto que consiste na realização de uma corrida rápida, uma
chamada activa, procurando “transformar” a velocidade adquirida na maior distância vertical
possível, transpondo, de costas, um obstáculo (fasquia), colocando a determinada altura do solo,
apoiado em dois postes, e que vai sendo sucessivamente elevado.
Em relação às fases que considerámos antes, para o salto em altura temos:
Corrida de balanço;
Chamada;
Fase aérea; transposição da fasquia;
Queda.
Corrida de balanço
Deve ser progressivamente acelerada, com um ritmo crescente até à chamada,
procurando-se adquirir velocidade horizontal e uma correcta colocação do corpo para as fases
seguintes;
Efectuar passadas completas, relaxadas, com os joelhos altos, para permitir apoios
activos efectuados no terço anterior dos pés;
Em termos de orientação antero-posterior, ter o tronco colocado na vertical, nas três
últimas passadas apresentando uma pequena inclinação para trás;
Em termos de orientação lateral, nas últimas quatro passadas deve-se procurar uma
inclinação de todo o corpo para o interior da curva, contrariando a força centrífuga provocada.
Durante a fase da corrida em curva, enquanto se procura esta inclinação para o interior, deve-se
continuar a aumentar o ritmo de corrida com passadas energéticas e activas;
O seu comprimento varia em função da idade e nível do concorrente; sendo
normalmente realizadas oito e doze passadas, com a particularidade muito importante de as
últimas quatro ou cinco serem efectuadas em curva.
Chamada
Ter a noção de que o local de chamada se situa geralmente à frente do primeiro poste e
a uma distância de 60 a 90cm perpendicularmente à fasquia;
Manter a inclinação para o interior da curva e os ombros
atrasados em relação às ancas;
Procurar que a última passada seja ligeiramente mais
curta do que as anteriores;
Colocar o pé de chamada apoiado com toda a sua
planta, de forma rápida e activa, no alinhamento da corrida em
curva, obliquamente à fasquia “cerca de 30º” e não paralelamente à linha da fasquia;
Ter sempre presente que o MI de chamada realiza um movimento de extensão activa
das suas três articulações: pé, joelho e anca, formando no início e no final da chamada, um
alinhamento total com o resto do corpo,
Subir rápida e activamente a coxa e o MI livre, terminando paralela à fasquia ou com o
joelho apontado ligeiramente para o interior da curva;
Ter sempre presente que os MS actuam de forma rápida, alternados ou simultâneos
elevando-se até à altura da cabeça, sendo aí bloqueados.
Transposição da fasquia
Procurar o momento de manutenção da posição final da chamada, antes de iniciar as
acções de suspensão;
Manter a coxa do MI livre na horizontal durante a
subida;
Manter o olhar dirigido para a fasquia e para o segundo
poste durante a subida;
Envolver a fasquia, em primeiro lugar, com o MS
condutor, do lado do MI livre;
Elevar as ancas durante a transposição da fasquia, como fazendo a ponte no ar;
Quando as ancas passarem a fasquia, levar a cabeça ao peito e extender os MI;
Queda
Cair sobre a zona dorsal superior e com a protecção dos
MS;
Manter
traumatismos.
os
joelhos
separados
afim
de
evitar
Lançamentos
Lançamento de Peso
Técnica de Translação ou O’brien
A pega do peso:
O atleta pega o engenho com a mão de modo que repouse sobre a base dos dedos;
Os 3 dedos do meio ficam ligeiramente afastados;
O polegar e o mínimo servem de apoios laterais, assegurando a estabilidade do engenho;
O peso não deve ser agarrado com força nem deve poder rolar na palma da mão;
Esta mão é colocada na concavidade do pescoço, junto à clavícula, sem repousar no ombro,
por baixo da mandíbula;
Cotovelo é ligeiramente levantado e puxado para diante;
A cabeça é conservada na sua posição normal;
O MS que segura o engenho encontra-se numa posição que não será modificada no
seguimento dos movimentos do lançamento.
Fase de Preparação:
O atleta está de pé, virado para trás em relação ao sentido do lançamento. Esta posição
facilita a aceleração continua do engenho ao longo de uma linha recta
O atleta está de pé no limite posterior do círculo de lançamento, com as costas voltadas para
o sentido do lançamento;
O pé direito está no diâmetro do círculo, o esquerdo fica um pouco atrás dele, na direcção do
lançamento;
O peso está como atrás descrevemos.
Deslizamento:
Com este movimento, o atleta move-se no interior do circulo de lançamento, da parte traseira
para a da frente, dando ao peso o primeiro impulso no sentido em que vai ser lançado;
O corpo do atleta, com o peso, tem na posição de repouso um alto grau de inércia, de modo
que o movimento tem de ser precedido de uma acção preliminar:
o O atleta está de pé, deixa cair o tronco com uma boa flexão do MI equilateral ao
MS de arremesso e move o MI contrário na direcção daquele;
o Na mesma posição inicial, o atleta flecte o tronco para diante, compensando
esta flexão com um balanço do MI contra-lateral à mão de arremesso para trás e para cima.
Quando o tronco e o MI estiverem quase paralelos ao chão, a perna de apoio flecte e a outra é
trazida para junto dela;
Quando o atleta começa o deslizamento através do círculo de lançamento, o seu MI livre
balança para trás, e ao mesmo tempo o pé direito puxa também para trás no sentido do
lançamento;
Vai assim ao centro do círculo, onde assenta no solo o pé equilateral à mão de lançamento,
com o tronco ainda voltado no sentido oposto ao do lançamento e com a perna contralateral ao
MS de lançamento ligeiramente voltada para o lado para onde se vai desenrolar a rotação;
O pé da perna livre não deve subir acima do nível da anca em fase nenhuma da acção do
deslizamento. Deste modo, o corpo do atleta move-se num nível baixo e de forma que é mais de
arrastamento do que de elevação;
Enquanto o MI livre inicia a descida, o MI contrário arrasta-se, em pleno assentamento, pelo
chão, sob o corpo do atleta, ao longo do diâmetro principal do círculo.
Arremesso (posição de lançamento e lançamento propriamente dito):
Esta posição é alcançada imediatamente a seguir ao deslizamento, com os dois pés já no
chão;
O peso do corpo fica sobre a perna equilateral ao MS de arremesso flectida, no centro do
círculo de lançamento;
A perna livre da fase anterior já contactou o solo, com o bordo anterior junto à antepara, e o
seu ponto de contacto está apenas alguns centímetros para a esquerda da linha de lançamento.
Os dois pés do atleta ficam assim quase alinhados por ela;
Na acção de largar o engenho no sentido do lançamento, o atleta transmite-lhe força por
meio da rápida extensão dos MI, da elevação e rotação do tronco e da condução do braço. É
nesta fase que se verifica a maior aceleração do engenho:
o A condução final do braço inicia-se com uma extensão da perna equilateral ao
braço de arremesso a partir do tornozelo e com um movimento correspondente de elevação do
tronco;
o Em continuação disto, o lado do tronco equilateral ao braço de lançamento, que
continua em extensão, roda agora para a frente e para cima na direcção do lançamento;
o Ao começar a extensão do MI e ao erguer-se o tronco, o peso encontra-se ainda
encostado ao pescoço do atleta, mas, logo que este tiver o peito virado para diante, dará inicia à
acção do membro superior de arremesso;
o Ter o cuidado de conservar sempre o cotovelo atrás do engenho, o que, nesta
fase, só é possível com o afastamento deste da posição que ocupava junto do pescoço;
o A grande força produzida pela extensão dos MI é muito importante para o
resultado do lançamento.
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