Coro
‘Quem canta
seus males
espanta’
Em Foco
Pág. 13
Borba
Inaugurado
novo lar
de idosos
Terceira idade
Santo Estêvão
Voluntários
colocam mãos
à obra
Pág. 15
Em Ação
VOZDAS
MISERICÓRDIAS
Pág. 12
União das Misericórdias
Portuguesas
diretor: Paulo Moreira | ano: XXVIII | outubro 2012 | publicação mensal
Integração
Degradação da proteção
no lagar de
social preocupa Santas Casas Valpaços
Vindimas
As Santas Casas estão preocupadas
com a “degradação dos mecanismos
de proteção social que a proposta de
Orçamento de Estado para 2013 apresenta”. O alerta surgiu no âmbito da
última reunião do Conselho Nacional
da União das Misericórdias Portugue-
Solidez das finanças
públicas deve assentar
num processo contínuo
de solidariedade
nacional
sas, em Vila Viçosa a 20 de outubro.
Os conselheiros alertaram ainda que a
necessidade de se afirmar a solidez das
finanças públicas deve “assentar num
processo contínuo de solidariedade
nacional para com os mais desfavorecidos”. Assim, as Santas Casas se dispo-
nibilizam “para participarem no esforço
de racionalização da despesa pública,
potencializando a manutenção de uma
rede social que reduza as assimetrias
da sociedade e permita a manutenção
do princípio da solidariedade entre as
gerações”. Última, 24
Em época de vindimas, a Santa Casa
de Valpaços envolve idosos e cidadãos
com deficiência no corte e na pisa das
uvas, promovendo a integração e a
valorização pessoal. Depois do vaivém
das caixas, as uvas acumulam-se no
lagar à espera de pés enérgicos. Do
lado de fora, controla-se a ansiedade
e o entusiasmo de recuperar velhos
hábitos. Em Ação, 8
Cortejo
Terceira idade ‘EnvelheSer’ integra idosos em Cascais
Solidariedade
saiu à rua
em Sangalhos
A solidariedade saiu à rua em Sangalhos. Centenas de pessoas responderam ao convite da Misericórdia local
e participaram no cortejo das oferendas que aconteceu no último dia de
Setembro. Aos quilos, aos pares, aos
molhos. A forma não era importante.
Fundamental era o espírito de dádiva
que se criou entre todos os lugares da
freguesia. Em Ação, 9
João Paulo II
Voluntariado
é alicerce
do Centro
“EnvelheSer”. A diferença entre um C e um S é que para a Santa
Casa de Cascais constitui a essência do trabalho junto da população
idosa e o projeto Dinâmica Sénior é uma das faces mais visíveis deste
trabalho. Para marcar o Dia Mundial do Idoso, celebrado no primeiro
dia de Outubro, fomos conhecer este e outros trabalhos desenvolvidos
pelas Misericórdias em todo o país. Destaque, 4 a 6
Então com 60 anos, Amélia Catarino
foi a primeira a inscrever-se para o
serviço de voluntariado do centro João
Paulo II - que ajudou a construir - tendo-se tornado num dos “pilares” nos
quais o seu fundador, o padre Virgílio
Lopes, se apoiava. Em setembro passado, faleceu a mais antiga voluntária
do centro de deficientes profundos da
UMP em Fátima. Em Ação, 10
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vm outubro 2012
panorama
A FOTOGRAFIA
espaço sénior
Tempo de
reencontro
É também altura de dar as boas vindas
aos novos colegas que se juntam a este projeto.
Queremos que se sintam em sua casa
e que desfrutem as escolhas que fizeram
do variado leque em oferta
T
iveram início no passado dia 8 de
Outubro as atividades escolares na
nossa Academia de Cooperação e
Cultura.
Mais do que início das atividades
escolares, trata-se na verdade do reencontro
entre amigos que não se viram durante algum
tempo.
É sempre com grande alegria que vivemos
este reencontro, que trocamos as nossas
experiências de férias, que renovamos o nosso
desejo de aprender coisas novas
É também altura de dar as boas vindas aos
novos colegas que se juntam a este projeto.
Queremos que se sintam em sua casa e que
desfrutem as escolhas que fizeram do variado
leque em oferta.
Este ano realizámos um sonho antigo,
efetuar as inscrições através de uma aplicação
informática, que muito facilitou todo o
procedimento, não só da inscrição em si, mas
também na produção das pautas e acesso à
informação necessária para a gestão deste
processo.
Expressamos o nosso grande desejo: que a
nossa Academia seja cada vez mais um espaço
de convívio, de partilha, de fortalecimento e
renascimento de amizade.
Bem-vindos.
A subir
Melhor
voluntária
Isabel Fernandes, de 24
anos, recebeu o prémio
europeu de “Melhor
Voluntário”, da Active
Citizens of Europe. A
portuguesa foi distinguida
pelo trabalho com
900 pessoas no sul de
Moçambique.
Barcelos Homenagem à benemérita
A Santa Casa da Misericórdia de Barcelos prestou uma homenagem à principal patrocinadora do Centro Social, em
Silveiros, pelo nono aniversário do seu falecimento. Maria Eva Nunes Corrêa nasceu naquela freguesia em 1918 e
foi exemplo de generosidade ao ajudar diversas instituições em todo o país, tendo doado uma pequena parte da sua
fortuna para a criação do Centro Social que, hoje, tem o seu nome e que acolhe idosos em lar e educa as crianças. A
homenagem à benemérita teve lugar a 15 de outubro e contou com a participação de dirigentes, convidados e utentes.
A Descer
Jovens
inativos
Jovens portugueses
entre os 15 e os 29 anos
que não estudam nem
trabalham já custam ao
Estado 2680 milhões por
ano. É um montante que
corresponde a 1,57% do
Produto Interno Bruto
(PIB).
A Frase
Bagão Félix
ocupação
Purificação Noronha
Academia de Cultura
e Cooperação da UMP
[email protected]
“A ideia que se
dá ao País é que
não vale a pena
investir no futuro,
no trabalho, na
dedicação, no
profissionalismo,
no êxito, no
sucesso. Não,
não vale a pena.
Porque, a partir de
uma determinada
altura, é um
napalm fiscal,
arrasa tudo.”
O Número
116
funerais
No último ano, a Irmandade da Misericórdia e de São Roque de Lisboa acompanhou
funerais de 116 pessoas sem-abrigo, entre mulheres e crianças, oriundos de múltiplos
países e com diferentes religiões.
O Caso
Santo Tirso
Idosos em
movimento
na Santa Casa
A Misericórdia de Santo Tirso celebrou o Dia Internacional do Idoso e
do Ano Europeu do Envelhecimento
Ativo e da Solidariedade entre Gerações com uma Semana Aberta que
envolveu pessoas de todas as idades.
Segundo comunicado da instituição, a iniciativa envolveu utentes
das respostas sociais de geriatria e
dependência, tendo privilegiado a
participação de pessoas com mais
de 65 anos. A Semana Aberta da
Misericórdia de Santo Tirso também
contou com a presença de utentes
de outras instituições da localidade.
O programa, que decorreu entre
1 a 5 de outubro, contou com muita
animação, desde vários momentos
musicais ao vivo de grupos etnográficos, momentos desportivos e
de relaxamento ao ar livre, sem
esquecer da tarde dançante na Pedra
do Couto, recordando as músicas
do passado que puseram todos os
participantes a mexer.
Houve ainda oportunidade para
diálogo sobre a “Alimentação Saudável” e “Cuidados de Enfermagem”
no Centro Eng. Eurico de Melo, trocando impressões e desmistificando
conceitos e práticas.
“Mas sem dúvida que a iniciativa
que teve mais impacto na comunidade foram os rastreios de saúde,
realizados junto ao hospital, logo na
abertura da semana, em comemoração do dia internacional do idoso. A
Misericórdia contou com a parceria
da Clitirso e do Jorge Oculista, realizando assim rastreio de enfermagem
(hipertensão arterial, diabetes), rastreio nutricional (índice massa corporal), rastreio de podologia e visual.
No total foram realizados cerca de
400 rastreios, que foram insuficientes
para as solicitações, demonstrando
a recetividade da população para os
cuidados de saúde.”
Rastreios marcaram iniciativa
outubro 2012 vm
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ON-LINE
Opinião
Património das
Misericórdias II
São as Misericórdias um manancial
de valores tais e tantos nos sectores
da beneficência, como nos da cultura
e da história, que a seu respeito alguns
testemunhos merecem ser recordados
e sublinhados
É
que o Gabinete do Património Cultural da UMP, conotado como
está com a Associação Portuguesa de Museologia – Prémios
APOM do Museu do Oriente, recebeu – e com mérito justamente
reconhecido - o prémio de uma Menção Honrosa, pela Inovação
e Criatividade e Inventário e Catalogação dos Bens Culturais das
Misericórdias, até agora já efetuados.
Foi testemunho público dos trabalhos já conseguidos a proclamação
do Dia do Património das Misericórdias, e organizado pela primeira
vez, bem como proclamado em 6 de Maio de 2011, no Salão Nobre
da Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães; pelo que o Dr.
Manuel Lemos, voz e presença oficial da UMP, sublinhou como “um
momento privilegiado de reflexão sobre o trabalho desenvolvido, e
simultaneamente de definição e promoção de novas estratégias para o
futuro”.
São as Misericórdias um manancial de valores tais e tantos nos
sectores da beneficência, como nos da cultura e da história, que a seu
respeito alguns testemunhos merecem ser recordados e sublinhados:
“Não se pode escrever a história de Portugal sem as Misericórdias”
como o subscreveu Alexandre Herculano (1810-1877).
Ao mesmo que sublinhava ainda: “No meio de uma nação decadente,
mas rica de tradições, o mister de recordar o passado é uma espécie de
magistratura moral, e uma espécie de sacerdócio…”
E James Murphy, arquiteto irlandês que visitou Portugal logo
após o terramoto de 1755, no seu livro, Viagens em Portugal, registou:
“…há aqui instituições chamadas Irmandades da Misericórdia, que
constantemente desempenham obras de caridade.
É quase impossível enumerar todos os atos de beneficência
praticados pela venerável Irmandade; atos baseados nos mais puros
princípios da religião e humanidade, e sem a menor ostentação e
hipocrisia.”
Essa instituição definiu-a também com a sua autoridade de homem
da fé e da pena, Frei Luis de Sousa, ao consigná-la como “um género de
religião inventado pelo povo português” (1555-1632)
O que viria em confirmação e reforço de um testemunho já muito
antes subscrito por S. Francisco Xavier, quando, a caminho do Oriente,
desembarcou em Goa, e já lá viu e testemunhou numa carta a Sto.
Inácio, seu Padre-mestre: “Haveis de saber que nesta terra e em todos os
lugares cristãos há uma companhia de homens muito honrados que têm
cargo de amparar toda a gente necessitada…e se chama Misericórdia”.
(15.III.1540)
Vila Viçosa
Valorizar memória
e tradição oral
A Santa Casa da Misericórdia de Vila
Viçosa está a desenvolver um projeto que
visa valorizar a memória e a tradição oral
dos idosos. “Memórias” é o nome desta
iniciativa que consiste na recolha de receitas antigas, versos, cantigas e adivinhas.
A divulgação deste conhecimento dos seniores é realizada no comércio local, com
cartões que as pessoas podem consultar,
ler e, se desejarem, levar para casa.
Chaves
Polidesportivo teve
obras de requalificação
O polidesportivo da Escola de Artes
e Ofícios Prof. Nuno Rodrigues, da Misericórdia de Chaves, foi renovado e agora
conta com relvado sintético e vedação.
As obras de melhoramento, que custaram
cerca de 25 mil euros, tiveram o apoio da
Repsol Gás e do município de Chaves. A
integra-se “na estratégia de requalificação
dos equipamentos sociais da Santa Casa”,
referiu o provedor João Paulo Abreu.
Enfermagem
Escola da UMP
em Angola
Funchal
Celebrar dia do
idoso com filme
A Escola Superior de Enfermagem
São Francisco das Misericórdias, da UMP,
foi escolhida enquanto entidade coordenadora do carácter técnico-científico do
“Projeto Forvida”. O projeto visa formar
todos os enfermeiros das unidades de saúde geridas pela Igreja Católica em Angola
e decorre da parceria entre a Fundação Fé
e Cooperação, a Caritas de Angola e o Ministério da Saúde de Angola. A iniciativa
tem duração de dois anos.
Os idosos da Santa Casa da Misericórdia do Funchal celebraram o Dia
Mundial do Idoso a realizar um pequeno
filme. Segundo o técnico responsável,
Marco Andrade, depois de uma sessão
de reflexão sobre o que a terceira idade
que passou sobretudo pelo debate sobre a
distinção entre duas palavras sinónimas:
velho e idoso. O filme foi realizado com
testemunhos sobre a importância de um
idoso se manter ativo no seu dia-a-dia.
SLIDESHOW
Concurso Angra do Heroísmo vencedora
Manuel Ferreira da Silva
Historiador e fundador do Voz das Misericórdias
A Misericórdia de Angra do Heroísmo venceu o concurso promovido pelo Gabinete da
Eurodeputada Maria do Céu Patrão Neves no âmbito do Ano Europeu do Envelhecimento
Ativo e Solidariedade entre Gerações. Para participar, as instituições precisavam de cumprir
apenas duas condições: as equipas tinham de ser constituídas por duas pessoas com uma
diferença de 50 anos de idade entre elas e ser residentes nos Açores. O objetivo era eleger
um logotipo regional para o Ano Europeu.
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DESTAQUE
Passeios animam
idosos em Cascais
‘EnvelheSer’
integra idosos
em Cascais
Bethania Pagin
Através do projeto Dinâmica Sénior, da Misericórdia
de Cascais, são organizadas diversas iniciativas que vão
desde um simples almoço a viagens de três ou quatro dias
“EnvelheSer”. A pequena diferença
entre um C e um S é que para a Misericórdia de Cascais constitui a essência
do trabalho junto da população idosa.
Por isso, “EnvelheSer” é que se lê em
todas as carrinhas de apoio à terceira
idade da Instituição. Naquela Santa
Casa, para além dos cuidados mais
urgentes e básicos, todos – dos colaboradores aos dirigentes, passando também pelos voluntários – se preocupam
em proporcionar aos seniores uma
vida repleta de afetos, de convívio e
de alegria. O projeto Dinâmica Sénior
é uma das faces mais visíveis deste
trabalho. Para marcar o Dia Mundial
do Idoso, celebrado em Outubro, fomos conhecer este e outros trabalhos
desenvolvidos pelas Misericórdias em
todo o país.
A ideia surgiu junto dos colaboradores do apoio domiciliário da Santa
Casa de Cascais e foi rapidamente
apoiada pelos dirigentes. Foi há cerca
de três anos e o balanço atual é bastante positivo. Para a provedora, Isabel
Miguéns, trata-se de devolver a pessoa
ao seu próprio espaço, de integrar de
volta os idosos na sociedade. A ideia
é simples, mas não teria sido possível,
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Envelhecimento ativo
A União das Misericórdias Portuguesas vai promover, no próximo
dia 30 de Novembro, um seminário no âmbito do Ano Europeu do Envelhecimento
Ativo e Solidariedade entre Gerações. A iniciativa vai ter lugar em Lisboa
O que é
envelhecer?
No mês em que se comemora o Dia
Mundial do Idoso, fomos à Misericórdia
de Cascais conversar sobre terceira
idade. Dois utentes e uma voluntária
contaram-nos o que consideram ser os
prós e os contras do envelhecimento.
Manuel Maia
88 anos
Utente da Residência
Sénior
O lado bom do envelhecimento
é ter paz e poder usufruir dos frutos
de uma vida de trabalho. Hoje há uma
grande preocupação por parte de
todos por causa da recessão, que põe
em dúvida e em risco a paz de espírito
que eu e minha mulher aspiramos. Este
lar é muito bom, mas com os cortes
anunciados, tenho dúvida que me
possa manter por aqui. Quando não
há incertezas e temos saúde, é possível
envelhecer com serenidade.
Conceição
Reino
94 anos
Utente da Residência
Sénior
realça a provedora, se não fosse o
entusiasmo da equipa técnica.
Através do projeto Dinâmica Sénior, são organizadas diversas iniciativas que vão desde um simples
almoço a viagens de três ou quatro
dias. Dezenas de cidades do país já
receberam idosos da Misericórdia de
Cascais. Em média, os grupos são
compostos por 20 pessoas. A média
etária ronda os 88 anos, conta-nos a
assistente social responsável por este
projeto e também pelo apoio domiciliário da Santa Casa.
De acordo com Ana Carreira, o
primeiro passeio foi o mais difícil de
organizar. Hoje em dia, continua, já
são os próprios utentes que perguntam para quando está marcada a
próxima viagem, o próximo almoço
ou o próximo convívio. Com o mês
de novembro à porta, já está a ser organizado o magusto de São Martinho.
Os passeios podem ser culturais, mas
já houve idas à praia e até algumas
“aventuras”, onde a idade não foi
obstáculo e os idosos não tiveram
medo, destacou a assistente social,
lembrando o dia em que seniores
“fizeram slide e gostaram”.
E como surgiu então a ideia? Segundo Ana Carreira, o projeto nasce
da constatação de que muitos idosos
do apoio domiciliário passavam demasiado tempo em casa sozinhos e
a maior parte não estava interessada
em frequentar os centros de dia ou de
convívio da instituição. Era preciso dar
vida àquelas pessoas, tirá-las de casa.
Além da alegria, devolvê-las ativamente à sociedade também acaba por ditar
o adiamento da institucionalização.
Passados três anos, o balanço é
mais que positivo. Além do entusiasmo dos utentes, também por parte das
famílias já há confiança no projeto e
a prestação dos serviços de apoio
domiciliário também melhorou. Todos
os passeios e iniciativas são motivo de
conversa quando os auxiliares vão a
casa dos utentes.
Para a provedora Isabel Miguéns,
o projeto Dinâmica Sénior revela a
capacidade que a equipa técnica tem
para “ouvir” os utentes e encontrar
soluções para os seus problemas.
“O trabalho de ação social não deve
ser estático”, destacou aquela responsável, lembrando também que
iniciativas lúdicas como essas “ajudam
a diluir as relações de hierarquia”,
privilegiando as relações interpessoais nas diversas respostas sociais da
instituição.
O envelhecimento não tem lado
mau. Gosto muito de estar aqui. Todos
gostam de mim e eu gosto de todos.
Sou muito feliz e tenho saúde, mas
entristeço-me quando vejo idosos
doentes. Também me preocupa o
futuro por causa da situação em que
está o país e o mundo. Faço apenas
aquilo que posso: rezar e pedir a Deus
que tenha compaixão por todos nós.
Graça Reis
68 anos
Voluntária há 20 anos
na Misericórdia
O lado positivo do envelhecimento
é sabermos cuidar de nós. Noto que elas
gostam muito de vir ao cabeleireiro.
Sempre gostei de pessoas idosas e
cuidar da autoestima é uma maneira
de evitar aquela sensação de que
somos desprezados quando somos
mais velhos. Cuidar da aparência é
uma maneira de promover o bem-estar. Comecei como voluntária na
Misericórdia há 20 anos e hoje em dia
já não me sinto capaz de parar.
Sustentabilidade
social ameaçada
A sustentabilidade das
instituições sociais esteve
em foco durante o seminário
promovido pela Santa Casa
da Misericórdia
de Porto de Mós
Maria Anabela Silva
Manter a sua sustentabilidade e o
trabalho social que prestam, aumentar
a intervenção na comunidade, criando novas redes de cooperação e de
parceria são os grandes desafios das
instituições sociais. Esta foi uma das
principais conclusões do seminário
“Envelhecimento ativo – que presente,
que futuro?”, promovido pela Santa
Casa da Misericórdia de Porto de
Mós, em pareceria com a Associação
Amigos da Grande Idade, que teve
lugar no início de Outubro.
“Há hoje um problema de sustentabilidade das instituições”, afirmou
Joaquim Guardado, provedor da Misericórdia de Pombal, que interveio em
representação do presidente da União
das Misericórdias Portuguesas. O dirigente frisou que o Estado determina o
valor de 930 euros como custo médio
de cada idoso institucionalizado em
lar, “mas só financia 350 euros”. “Onde
vamos buscar o restante [580 euros],
sabendo que a reforma da maioria
dos utentes ronda os 200 euros e
que as famílias têm dificuldades em
comparticipar?”, questionou.
Joaquim Guardado alterou também para o facto de aos lares chegarem idosos cada vez mais dependentes e com problemas de demência,
situação que exige às instituições um
maior número de funcionários. Face
a essa realidade, o provedor entende
que é necessário repensar a filosofia
dos lares, com as instituições a apostarem numa maior especialização,
vocacionando-se para determinadas
doenças.
Para fazer face às dificuldades atuais, Joaquim Guardado entende ainda
que as instituições devem pôr de lado
qualquer sentimento de rivalidade e
pensar numa “lógica de partilha”. “É
importante aprender com quem faz
bem e criar uma cultura em que, para
servir não basta ter vontade, tem de
se ser competente”, acrescentou José
Barreiros, sociólogo, que considerou
que um dos grandes desafios do sector social reside na “qualificação das
organizações, ao nível dos recursos
humanos e da eficiência”.
Por seu lado, João Ralha, especialista em Gestão Empresarial, frisou
que os reformados representam “um
capital importante, em termos de
disponibilidade, experiência e talento”, que tem de ser potenciado e
dinamizado. “Temos aqui uma espécie
de mina de ouro que não está a ser
explorada”, afirmou o gestor, para
quem essas pessoas devem ser “preparadas e formadas”, para que possam
prestar apoio a outros idosos, através,
por exemplo, de cuidados sociais e de
saúde ao domicílio. “Se a pessoa está
reformada e capaz, pode dar apoio a
um vizinho”, disse, sublinhando que
esse reforço das redes sociais traria
“grandes benefícios para a população
e reduzia os encargos do Estado.
O seminário organizado pela Misericórdia de Porto de Mós reuniu
centenas de pessoas.
UMP representada pelo
provedor de Pombal
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vm outubro 2012
DESTAQUE
Idosos nos carris da
memória em Murça
Para comemorar o Dia
Internacional do Idoso, 20
utentes dos lares da Santa
Casa de Murça viajaram de
comboio desde o Pinhão
até ao Peso da Régua
Passeios para
estimular convívio
Patrícia Posse
Na estação do Pinhão, havia rostos
ansiosos por ver chegar o comboio
com destino à cidade mais próxima.
“O passeio foi planeado para assinalar
o Dia do Idoso, para que saíssem da
instituição e tivessem um dia diferente.
Depois, ainda há uma visita ao Museu
do Pão e do Vinho [Favaios]”, revelou
a animadora sociocultural da Santa
Casa de Murça, Sónia Rocha. Durante
o percurso, os 20 utentes dos lares de
Murça e do Fiolhoso cantaram, bateram palmas, espreitaram pela janela.
Aos 72 anos, Benedita Rodrigues
andou de comboio pela primeira vez.
“Foi bonito. Gostei da viagem e da
paisagem, que não conhecia.” Utente
do lar desde 2002, Benedita elogia este
tipo de atividades, pois “distraem”.
Sónia Rocha reconhece as mais-valias
para o bem-estar psíquico: “muito
tempo na instituição faz com que
fiquem tristes e isto é uma forma de os
animar, de saírem da rotina e de lhes
proporcionar novos conhecimentos”.
António Zineira, 82 anos, é um
homem habituado a estas andanças.
“Viajei muito de comboio para ir para
Lisboa, onde trabalhava.” Saía do Tua
às 9h e chegava à capital pelas 16h30,
tenho de ir para o lar. Dizia sempre
que não queria ir, mas, agora, fui a
primeira a pedir porque não quero
estar sozinha.”
Muitos idosos sentem-se desamparados e a maioria olha para esta fase
da vida com pessimismo, principalmente por “não querem ir por vontade
própria para o lar e sentirem que os
familiares não querem ficar com eles
em casa”. “Por isso, temos situações
de revolta e de desmotivação total”,
acrescenta Sónia Rocha. Há ainda “um
caminho a percorrer” na valorização
do papel do idoso. “Para as pessoas
que vivem em zonas isoladas, era
muito complicado se não tivessem
estas instituições para os acolher e dar
o mínimo de apoio e conforto”, refere.
Aos 85 anos, Cremilde admite que
viveu “muita solidão”, por causa de
dois dos três filhos estarem em Ango-
A frequência do centro
de dia tem sido um elixir:
“gosto muito de fazer
amizades e tenho convivência
com muita gente”
mas há mais de 20 anos que não usava
os caminhos-de-ferro. “Já conhecia
estas paisagens, mas é diferente. Antes
não se viam estes barcos.”
O octogenário José Pinheiro também não é estreante. “Fiz muitas vezes
do Pinhão para a Régua e para Lisboa,
onde trabalhei. Também fui para a
segada para Macedo de Cavaleiros. Só
não gostava do barulho do comboio.”
Nascida em Angola, Cremilde Santos veio para Portugal e o comboio foi
o seu primeiro meio de transporte. “Na
minha terra andei muito e aqui apanhei-o em Lisboa para Vila Real. Depois vim
de táxi para Murça e por ali fiquei.”
Apesar de já ter ido de comboio de
Mirandela à Póvoa de Varzim “muitas
vezes”, foi aos 85 anos que Maria
Augusta Castro conheceu o itinerário
Pinhão-Régua. “É muito bonito. Eu
gosto de ver as paisagens.”
Com 79 anos, Georgina Rosa não
estranha o movimento sobre os carris.
Aliás, até já tinha feito a mesma viagem, mas desta vez agradou-lhe mais
“porque vinha com gente conhecida”.
“Gosto muito de passear para não
estar sempre presa no lar”, sublinha.
Com quatro filhos, 10 netos e 10
bisnetos, Georgina teve “uma vida
de muito trabalho”. Hoje, frequenta
o centro de dia e perspetiva o seu
envelhecimento com tristeza, sobretudo pela inevitabilidade da institucionalização. “Tenho muitos filhos e
la. Contudo, a frequência do centro de
dia tem sido um elixir: “gosto muito
de fazer amizades e tenho convivência
com muita gente, continuo a fazer crochê e também ando na hidroginástica”.
Recorde-se que no âmbito do Dia
Mundial do Idoso, no primeiro dia de
outubro, as Misericórdias organizam
em todo o país inúmeras e variadas
atividades que visam celebrar a data
com os utentes seniores.
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vm outubro 2012
em ação
Pisar a uva ajuda
na integração de utentes
Integração no lagar de Valpaços
Em época de vindimas, a Santa Casa da Misericórdia de Valpaços envolve idosos e cidadãos
com deficiência no corte e na pisa das uvas, promovendo assim integração e a valorização pessoal
Patrícia Posse
Depois do vaivém das caixas, as uvas
acumulam-se no lagar à espera de pés
enérgicos. Do lado de fora, controla-se a ansiedade e o entusiasmo de
recuperar velhos hábitos. “Os idosos
participam ativamente na vindima e
transmitem os seus saberes às pessoas
mais novas. É um reviver de tradições
e a demonstração de que ainda são
capazes”, refere a diretora técnica
da Santa Casa de Valpaços, Marilina
Lopes. Para o provedor Altamiro Claro,
é um modo de “quebrar a rotina do
dia-a-dia do lar” e fazer com que os
utentes se sintam úteis.
A pisa está reservada aos idosos
que ainda têm capacidade física e a
quatro utentes com deficiência. Neste
último caso, a integração é “altamente
positiva”. “Sentimos a felicidade que
eles sentem pelo envolvimento com
o resto dos trabalhadores da quinta”,
revela o vice-provedor Luís Sousa.
Paulo Teixeira, 42 anos, confirma:
“a pisa faz-se bem e estou entretido
com os outros”. “Temos de calçar
umas galochas e andar a pisar. Não
tem muito que saber. Vamos conversando uns com os outros e, depois,
vê-se quando o vinho está pronto”,
relata. Na vindima, Paulo não se coibiu de provar as uvas e garante que
“estavam docinhas e havia muitas”.
Para a diretora técnica, é crucial
valorizar a participação destes utentes
de forma a motivá-los e a perceberem
que “não são uma fasquia separada
da sociedade ou do lar”. “É diferente
estarem entre pessoas com mais de 65
anos a verem-se, também, integrados
num grupo de pessoas ativas. Isso é
muito bom em termos de valorização
pessoal e profissional.”
Do lar de S. José vieram dois reforços de peso: Carlos Monsalvarga e
Augusto Cardoso, ambos com 80 anos.
“Não é preciso saber muito, é só pisar.
Agora, é mais fácil, porque existe uma
máquina que separa logo o cangalho
da uva, que fica logo limpa. Também
já não é preciso pisar tanto tempo
e nas cooperativas já nem pisam”,
observa Carlos. O jogo da cabra cega
fermenta-lhe na memória, pois era
muito popular entre os pisadores de
antigamente. “Tapávamos os olhos a
alguém e, depois, tinha que apanhar
outro e dizer quem era. Se acertasse,
passava a venda. Num lagar como este
em que andamos, tínhamos que andar
muito tempo uns atrás dos outros.”
Augusto foi à vindima pela terceira
vez, mas só este ano é que se estreou
na pisa das uvas. “Fez-me lembrar os
meus tempos, em que custava mais…
Mas também depende muito das pedras do lagar. Se as pedras forem mais
frias e em lagares muito fechados, o
O ritual da pisa da uva deixa
Augusto saudoso da paródia
que era outrora: ‘bebia-se
um copito e aquilo era
uma brincadeira’
vinho demora mais tempo a estar
pronto”, revela. O octogenário garante
que “se o lagar andar trabalhado, o
vinho levanta mais depressa”. “Pisar
é fácil, ainda mais agora que já vai
tudo escolhido. Tem é que se ir provando o vinho e quando começar a
perder a doçura, tem de ir para a pipa.
Depois, vem o dia de S. Martinho em
que, como diz o ditado antigo, vai à
adega e prova o vinho.” O ritual deixa
Augusto saudoso da “paródia” que era
outrora: “bebia-se um copito e aquilo
era uma brincadeira”.
Quando regressam ao lar, Marilina
Lopes percebe que os idosos vêm
“radiantes, bem-dispostos e vontade
de partilhar com quem ficou”.
Este ano, os 6,5 hectares de vinha
renderam cerca de 30 mil quilogramas
de uvas, uma produção superior à do
ano anterior. “Além da maior vigilância e das condições atmosféricas,
temos vinhas novas que a cada ano
vão proporcionando maior produção”,
justifica o vice-provedor, responsável
por toda a parte de produção agrícola
da Misericórdia de Valpaços.
outubro 2012 vm
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Estarreja celebra 77 anos
A Misericórdia de Estarreja completou o 77º aniversário com uma atuação do seu
grupo coral. A celebração terminou com um bolo de aniversário para idosos e
crianças da instituição.
Solidariedade saiu
à rua em Sangalhos
Centenas de pessoas
responderam ao convite da
Santa Casa da Misericórdia
de Sangalhos e participaram
no cortejo das oferendas
da instituição
Homenagem
a Calado da Maia
Novo
edifício
em Rio
Maior
Misericórdia de Rio Maior
inaugurou um novo edifício
para fisioterapia e serviços
administrativos da
instituição Antigo provedor
foi homenageado
A Santa Casa da Misericórdia de Rio
Maior inaugurou um novo edifício
em que estão instalados os serviços
da fisioterapia e os serviços administrativos da instituição. No mesmo
dia, foi descerrada uma lápide em
homenagem ao antigo provedor, Calado da Maia, cujo nome foi dado ao
antigo hospital da Misericórdia. Foi a
29 de setembro.
A cerimónia de bênção das novas
instalações contou com a participação
do bispo de Santarém, D. Manuel
Pelino Domingues, coadjuvado pelo
pároco e capelão da Misericórdia, o
padre António Diogo.
Segundo o provedor, João de
Castro, aquela empreitada custou
cerca de um milhão e 200 mil euros
à Misericórdia de Rio Maior, “que se
encontra paga na totalidade, não tendo
havido qualquer comparticipação quer
estatal, quer comunitária”. Presente
na cerimónia, o vice-presidente da
autarquia, Carlos Frazão Correia,
assegurou um subsídio de 300 mil
euros atribuído à Santa Casa, que irá
ser liquidado dentro das possibilidades
de tesouraria da câmara municipal.
Para encerrar a sessão solene, teve
lugar uma atuação do Coro da Santa
Casa da Misericórdia de Rio Maior, sob
a direção do maestro Luis Gamboa.
VOLTAAPORTUGAL
Alzheimer é tema
de debate em Aveiro
A Misericórdia de Aveiro promoveu um
seminário sob o tema “Lembrar Alzheimer”. O objetivo era refletir sobre os desafios colocados pela doença. Dedicado
a profissionais e estudantes da área da
enfermagem, medicina, serviço social,
sociologia, psicologia, fisioterapia, animação social, gerontologia e comunidade
em geral, o evento teve lugar a 18 de
outubro.
Vera Campos
A solidariedade saiu à rua em Sangalhos. Centenas de pessoas responderam ao convite da Santa Casa da
Misericórdia local e participaram no
cortejo das oferendas que aconteceu
no último dia de Setembro.
Aos quilos, aos pares, aos molhos.
A forma não era importante. Fundamental era o espírito de dádiva que
se criou entre todos os lugares da
freguesia. Batatas, cebolas, farinhas,
abóboras, patos, galinhas e afins. Estes
e outros géneros, e alguns donativos
em numerário, foram entregues no
final de um cortejo que a Misericórdia
de Sangalhos não organizava desde a
década de 80.
Manuel Gamboa é o provedor
daquela Santa Casa que se encontra a
comemorar 80 anos. Chamar a comunidade à Misericórdia foi o mote para
a reativação do cortejo das oferendas.
“Pensamos deste modo atrair algumas
receitas, mas, acima de tudo, e principalmente, envolver a comunidade”,
explica. As expectativas foram superadas, e os responsáveis mostravam-se
“agradavelmente satisfeitos”.
Cerca de trinta carros em fila
transportavam as ofertas da população
que compareceu em massa. Miúdos e
graúdos, uns assistiam pela primeira
vez, outros recordavam tempos passados. No final, um animado leilão
concentrou a comunidade junto ao
palco.
Lúcia Araújo era uma das que
recordava outros tempos porque participou no cortejo das oferendas com
apenas oito anos de idade. Hoje, com
53, sente-se feliz por contribuir. “Está
ser um espetáculo. Não é pela festa,
mas pela solidariedade, pela misericórdia. Do lugar que organizei, posso
dizer que superou as expectativas. As
dificuldades são muitas, mas juntos
conseguimos, essencialmente em géneros, contribuir com uma boa oferta”.
Numa altura de crise generalizada,
a instituição vê-se obrigada a uma
gestão “muito rigorosa” dos seus
recursos financeiros, pelo que a ajuda
alcançada com o cortejo das oferendas
Corridas solidárias
em Santarém
A Monumental Celestino Graça, em
Santarém, recebeu no passado dia 13
de Outubro, duas corridas de toiros em
solidariedade com a Santa Casa da Misericórdia de Santarém. O bilhete custava
três euros, sendo que um revertia em
favor da Misericórdia. Recorde-se que a
promoção de espetáculos tauromáquicos
pela Santa Casa, como fonte de receita,
remonta, pelo menos, ao ano de 1825.
100
Mil portugueses que emigram
Em 2011, mais de 100 mil portugueses procuraram oportunidades
de trabalho fora da Europa, e nem
sempre de forma legal, alertou recentemente o secretário de Estado
das Comunidades, José Cesário.
Cortejo reuniu
cerca de 30 carros
será de extrema importância. Parte
da verba poderá ser canalizada para
as obras de reabilitação do Centro de
Bem-Estar Infantil e Parque Infantil,
para a vedação do Complexo Social
da Terceira Idade e centro de acolhimento temporário, requalificação das
30
carros participaram no cortejo de
oferendas promovido para angariar bens para a Santa Casa da Misericórdia
de Sangalhos. A população compareceu
em massa na iniciativa.
instalações do centro de dia e lar, bem
como para a renovação da ‘cansada’
frota automóvel da instituição.
A missão da Misericórdia é cumprida entre as várias respostas sociais
dedicadas à infância e terceira idade.
Ao todo são cerca de 400 utentes e
mais de uma centena de funcionários.
Lar vai ser alvo de
recuperação em Fafe
Ainda no âmbito do 80º aniversário, em Novembro poderá acontecer
um jantar solidário de angariação de
fundos. A Mesa Administrativa da
Misericórdia de Sangalhos, afiançou
o provedor, avançará com a iniciativa se reunir número suficiente de
interessados.
Além disso, na Biblioteca Municipal de Anadia está patente uma exposição de pintura que reúne trabalhos
de crianças e idosos, todos utentes da
instituição. A receita alcançada com
a venda de alguns desses trabalhos
reverte para a Misericórdia. De 18 a
20 de Outubro, no âmbito da IV Feira
Social de Anadia, a Santa Casa de
Sangalhos estará presente com uma
exposição que retrata o historial da
instituição. Recorde-se que são muitas as Misericórdias que promovem
cortejos de oferendas.
Por proposta do presidente, a Câmara
Municipal deliberou atribuir um apoio financeiro de 140 mil euros à Misericórdia
de Fafe para as obras de reparação e
conservação no edifício do Ex-Grémio
da Lavoura, onde funciona o Lar de Santo
António nº 2, com a ocupação de 40
residentes. A obra, num edifício de arquitetura “brasileira”, foi adjudicada pelo valor
superior a um milhão de euros.
Anadia atenta às
doenças demenciais
A Misericórdia de Anadia tem em curso,
desde Julho, um projeto pioneiro na região. Designado por Atividades de Intervenção em Doentes Crónicos e Idosos,
este projeto visa promover programas
de intervenção terapêutica adequados
às necessidades das pessoas idosas com
declínio cognitivo ligeiro ou com síndrome
demencial, tais como doença de Alzheimer ou doença de Parkinson.
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vm outubro 2012
em ação
Voluntariado é alicerce
do Centro João Paulo II
Amélia Catarino foi
a primeira a inscrever-se para o serviço de
voluntariado do Centro
João Paulo II, da União das
Misericórdias Portuguesas
Voluntária impulsionou
centro da UMP
Filipe Mendes
A ligeireza no andar e a firmeza na
atitude solidária fizeram de Amélia
Catarino o modelo de orientação
ética de voluntários e profissionais
que exercem no Centro de Deficientes
Profundos João Paulo II, em Fátima.
Então com 60 anos, Amélia Catarino foi a primeira a inscrever-se para
o serviço de voluntariado desta casa
- que ajudou a construir - tendo-se
tornado num dos “pilares” nos quais
o seu fundador, o padre Virgílio Lopes,
se apoiava.
“A dona Amélia, como era natural de Fátima e conhecia bem a
comunidade, foi responsável pelo
recrutamento das primeiras pessoas
que vieram trabalhar para o Centro”,
recordou ao Voz das Misericórdias
Manuel Cálem, presidente do Conselho de Administração da instituição.
Discreta e com uma vitalidade
“fora do vulgar”, Amélia Catarino
ela que me trouxe para cá e ajudou-me
em tudo”, declarou. “Nunca negava
nada. Tenho uma ótima recordação
dela”, disse.
“Era sensível, carinhosa e amiga
de ajudar, capaz de despir a camisa
para dar aos outros. Dava tudo...”,
disse Maria do Céu, outra das funcionárias que atualmente presta serviço
na cozinha do centro.
“Deixa muitas saudades. Foi uma
pessoa que marcou muito o centro.
Criou aqui uma equipa muito unida”,
disse, por seu turno, Maria do Carmo,
Amélia era natural de Fátima
e foi responsável pelo
recrutamento das primeiras
pessoas que vieram
trabalhar para o centro
sempre preferiu trabalhar nos bastidores. Ajudava na cozinha, na organização do economato, na lavandaria,
costura ou “em qualquer outro serviço
que fosse preciso”, disse.
“Era uma pessoa com um carácter
extraordinário”, resumiu Engrácia
Marques, diretora do centro, destacando “o altruísmo e a dedicação”
que sempre emprestou a esta casa.
“Tinha uma grande vontade de ajudar
o próximo e partilhar a sua experiência
e os conhecimentos adquiridos ao
longo de uma vida no ensino público”,
recordou.
Na sua ótica, Amélia Catarino é
o exemplo acabado daquilo que deve
ser o voluntariado: um labor em prol
do outro, que “volta a colocar as pessoas no centro”, referiu, sublinhando
que, através dele, se criam laços entre
instituição e comunidade.
Gratuitidade, sentido do outro,
exigência e solidariedade são, portanto, as características fundamentais
do trabalho voluntário e que sempre
nortearam a ação desta mulher que
“teve uma vida plena”.
Falecida a 13 de Setembro último,
aos 82 anos, Amélia Catarino “faz
muita falta”, disse, emocionada, Maria
Isabel Vieira, responsável pela Secção
de Economato do Centro João Paulo II.
“Recordo-a com muita saudade. Ajudou muitas pessoas. Era muito amiga
de todos e conseguia fazer com que
todos se unissem”, referiu. O mesmo
sentimento foi transmitido ao nosso
jornal por várias outras colegas que
encaram este trabalho “como uma
missão” e uma forma de vida.
Maria Leonor Almeida está no
centro há mais de 20 anos. Veio também trabalhar para este local pela inevitável mão de Amélia Catarino. “Foi
com a emoção a embargar-lhe a voz.
“Quando tínhamos dificuldades,
era a ela quem recorríamos. Ela chegava a todo o lado”, referiu a amiga
Dolores Fontes, que trabalha neste
centro desde a sua constituição.
A primeira pedra desta casa foi
colocada em 1982 e a construção do
edifício demorou sete anos, sendo que
muito deste trabalho, curiosamente,
foi também feito por voluntários.
“Somos os campeões do voluntariado, que é um alicerce desta casa”,
afirmou Manuel Cálem, acrescentando
que o Centro João Paulo II dispõe, desde a sua fundação, de uma “rede de
voluntariado nacional e internacional
muito forte”, que colabora ao longo
de todo o ano.
“Desde o início que esta casa está
dotada de instalações próprias para
acolher 16 voluntários residentes para
um voluntariado de longa duração,
onde é possível estabelecer planos de
atividades e onde os utentes são os
grandes beneficiados”, referiu.
Há ainda inúmeros jovens que
prescindem de uma semana de férias
para prestarem aqui serviço nas mais
diversas áreas. Experiências únicas
que ajudam a formar personalidades
e a lidar com a diferença.
O Centro para Deficientes Profundos João Paulo II tem capacidade
para acolher 192 residentes. A equipa
técnica é composta por 212 colaboradores, 126 são ajudantes de lar. Os
residentes do Centro João Paulo II
têm idades entre os três e 65 anos. O
trabalho desenvolvido tem em atenção
a idade, mas também as necessidades
específicas de cada um.
VOZDAS
MISERICÓRDIAS
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Correio
do leitor
Anciania
é riqueza
que deve ser
aproveitada
Como contactar-nos:
Correio Rua de Entrecampos,
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Email: [email protected]
A Santa Casa da Misericórdia
de Benedita, que apoia
atualmente cerca de
120 idosos, promoveu
um seminário para debater
o envelhecimento
As cartas devem ser
identificadas com morada e
número de telefone. O Voz
das Misericórdias reservase o direito de selecionar as
partes que considera mais
importantes. Os originais
não solicitados não serão
devolvidos.
Filipe Mendes
Os maiores de 60 anos a nível mundial
vão ultrapassar os 1.000 milhões de
pessoas dentro de 10 anos devido ao
ritmo de envelhecimento dos países
emergentes, revela um relatório da
ONU divulgado recentemente.
Aquele segmento da população é
o que regista o maior ritmo de crescimento, o que coloca a necessidade
de mudanças sérias das políticas de
saúde, sociais e económicas, destaca
o documento “Envelhecer no século
XXI: uma celebração e um desafio”,
do Fundo da População das Nações
Unidas (FNUAP).
É essa também a opinião de Manuel Canaveira de Campos, o antigo
presidente do INSCOOP - Instituto
António Sérgio para o Sector Cooperativo – que, no passado 28 de
Setembro, refletiu sobre o tema “Vidas
Vividas - O Segredo das Gerações”, a
convite da Santa Casa da Misericórdia
de Benedita.
“O envelhecimento demográfico
não é um mal, é uma realidade”,
constatou Canaveira de Campos,
acrescentando: “a idade dá mais conhecimento. E isto é uma riqueza que
se deve aproveitar”, afirmou.
“O que me preocupa não é o
envelhecimento da população, mas
sim da sociedade”, continuou. “As
novas gerações estão em falta com as
mais velhas, mas o contrário também
é verdade”, disse, acrescentando: “ter
mais de 60 anos não é ter direito a
estar todo o dia em frente à televisão”.
“Temos de pensar de forma diferente e criar condições para aproveitar
esse capital de conhecimento acumulado pelos mais velhos”, defendeu.
Recorde-se que a Santa Casa de
Benedita apoia atualmente mais de
120 utentes através das respostas
sociais de lar, centro de dia e apoio
domiciliário, contou ao Voz das Misericórdias o provedor da Instituição,
Silva Rebelo.
VOZDAS
MISERICÓRDIAS
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em ação
Mãos que ajudam
em Santo Estêvão
Um grupo de 50 voluntários
colocou mãos à obra para
eliminar barreiras no centro
de deficientes profundos
da União das Misericórdias
em Viseu
José Alberto Lopes
Com o intuito de dar continuidade ao
trabalho, realizado em junho de 2011,
de recuperação e requalificação de um
jardim abandonado, meia centena de
voluntários do programa “As Mãos
que Ajudam”, coordenados por Anabela Jordão, estiveram no Centro para
Deficientes Profundos de Santo Estêvão, em Viseu. Desta feita, para além
da limpeza dos espaços envolventes
ao centro e da pintura de três salas de
convívio dos utentes, o grande objetivo era a construção de uma rampa de
acesso ao renovado jardim, de forma
a permitir a passagem em cadeira de
rodas aos utentes, vencendo a inclinação existente no local.
“Era muito complicada aquela
inclinação para o acesso ao jardim
em cadeira de rodas, uma dificuldade
que agora se consegue contornar com
a execução desta rampa”, revelou
Manuela Martins, diretora do Centro.
Para que tal desiderato fosse possível, a
instituição contactou diversas empresas
da região de Viseu, solicitando apoio,
nomeadamente através de material.
Duas empresas responderam afirmativamente ao pedido, cedendo cimento e
tintas. Por sua vez, a Junta de Freguesia
de Abraveses apoiou a ação com três
funcionários, uma carrinha de apoio,
ferramentas, areia e cimento.
“Conjugaram-se vontades para
conseguirmos proporcionar uma
melhor mobilidade e acesso ao jardim
aos nossos utentes. A eliminação de
barreiras é fundamental e consegui-lo com a ação generosa e solidária
de pessoas que são sensíveis a estes
problemas é algo muito relevante que
não podemos deixar de enaltecer”,
confidenciou a nova administradora
do Centro para Deficientes Profundos
Além da limpeza dos espaços
envolventes e da pintura
de salas, o objetivo era
a construção de uma rampa
de acesso ao jardim
de Santo Estêvão, Infância Pamplona.
O tempo também ajudou na execução dos trabalhos. Depois de uma
semana de aguaceiros e mau tempo,
o dia marcado para esta iniciativa,
29 de setembro, surgiu solarengo e
quente, tendo sido possível verificar no
terreno o empenho e a dedicação dos
voluntários, sem um esgar de esforço
ou desconforto nos rostos, mas antes
uma forte convicção e espírito de solidariedade. “É fácil mobilizar pessoas
para empreendimentos deste género,
porque toda a gente se disponibiliza
para ajudar”, salientou a coordenadora
do grupo, Anabela Jordão.
“Queríamos requalificar o espaço,
torná-lo mais aprazível para realizar
atividades ao ar livre, criar inclusivamente condições para ter animais,
por exemplo, para interagirem com
os nossos utentes. Para tal, estamos
a pensar recuperar os edifícios circundantes ao jardim, alguns deles
bem degradados, de forma a darmos
continuidade a este trabalho, para que
os nossos utentes, com muito maior
regularidade, possam usufruir dele”,
garantiu Infância Pamplona.
A administradora do centro, cargo
que acumula há dois meses com o de
provedora da Santa Casa da Misericórdia de Santar, asseverou igualmente
que a instituição, atualmente com 62
utentes, está a pensar abrir mais vagas.
“O centro tem recursos humanos,
equipamentos e os espaços físicos
necessários para dar uma resposta de
qualidade aos utentes”.
Por sua vez, Manuela Martins
manifestou o seu desejo de continuar
a abrir as portas do centro à comunidade, nomeadamente às instituições
locais de apoio à pessoa com deficiência. “Seria fantástico que este espaço
que aqui estamos a requalificar hoje
pudesse ser utilizado em conjunto
com outras instituições, criando parcerias que beneficiariam toda a gente”,
concluiu a diretora técnica.
Receitas nas misericórdias
Delícia de espinafres
do Cartaxo
INGREDIENTES (8 Pessoas)
MODO DE PREPARAção:
500g Filetes de pescada
4 Ovos
1 Pacote de batata frita palha (grande)
1 Molho de espinafres
3 Cebolas
3 Dentes de alho
2,5 dl azeite
250 ml molho Bechamel
Sal q.b.
Pimenta q.b.
Pão ralado
Pré aqueça o forno a 180ºC. Lave os espinafres e coza-os em água e sal, quando
terminar deixe-os a escorrer num passador. Seguidamente lamine as cebolas e
os alhos e leve a refogar no azeite. Junte
os filetes cortados em pedaços e tempere com sal até cozerem, adicione os
espinafres já escorridos. Bata os ovos e
misture-os com o molho Bechamel e
a batata palha, retifique os temperos e
junte ao preparado anterior. Coloque num
recipiente próprio para forno. Salpique
com pão ralado. Leve ao forno a gratinar.
Para servir enfeite com folhas de espinafres e azeitonas pretas.
Preço:
DIFICUDADE:
€€€€€
“Toda a gente se
disponibiliza para ajudar”
,,,,,
outubro 2012 vm 13
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EM FOCO
Cantar pela saúde do corpo e
da alma na Academia da União
Participar num grupo coral obriga a mente a trabalhar, contribuindo para a saúde física, mental
e não só. ‘Quem canta seus males espanta’ é ideia unânime no coro da universidade sénior da União
Bethania Pagin
“Quem canta seus males espanta”. A
música alegra a alma, todos sabemos.
Mas não é menos verdade que participar num grupo coral obriga a mente a
trabalhar, contribuindo também para
a saúde física e mental. No coro da
Academia de Cultura e Cooperação,
a universidade sénior da União das
Misericórdias Portuguesas (UMP), é
assim. Pelo menos duas vezes por
semana, cerca de 40 pessoas se juntam
para afinar a voz e o espírito.
O coro é umas das 90 disciplinas
da Academia. É muito procurada,
garante a maestrina ao Voz das Misericórdias. Segundo a irmã Maria
Augusta, a procura só não é maior
porque há responsabilidades associadas às aulas. Quando há atuações – a
próxima está marcada para o dia 23 de
novembro – o grupo tem de se reunir
mais vezes para os ensaios. E foi num
desses ensaios que encontramos os
elementos do grupo coral.
A mais jovem tem 62 anos, a mais
velha já completou 90, mas os 30 anos
de diferença de idade não comprometem a partilha da mesma opinião.
“Quem canta seus males espanta”,
ouve-se então na sala onde decorrem
os ensaios. O grupo costuma reunir-se
na casa das Irmãs Missionárias de Maria, fundadoras da Escola Superior de
Enfermagem da UMP, ou no auditório
da sede da União em Lisboa.
Cantar faz bem à alma, rejuvenesce o espírito, mas no momento
da atuação, apesar de todo o amor à
camisola, os nervos não deixam de
se fazer sentir. Contudo, é unânime
que um certo nervosismo faz parte da
atuação em público. “É como se fossemos atores a entrar em palco”, lembra
uma das alunas daquela disciplina da
Academia de Cultura e Cooperação.
Mas se é verdade que a alma ganha saúde, vale a pena não esquecer
que participar num grupo coral pode
ser um divertido modo para evitar a
doença a doença de Alzheimer. Pelo
menos é assim que pensa Leonel,
um dos elementos deste grupo coral
Ensaios decorrem pelo menos
duas vezes por semana
Números
25
O coro da Academia de Cultura e
Cooperação da UMP já existe há
quase 25 anos. A sua criação confunde-se com a criação da própria universidade
sénior.
40
cerca de 40 pessoas integram
atualmente o grupo coral. Embora seja uma disciplina da Academia, as
atuações obrigam a uma responsabilidade
acrescida.
90
o elementos com mais idade do
grupo coral da União das Misericórdias Portuguesas é Amélia Todobom,
que já completou 90 primaveras.
e que já soma 80 anos de idade. Não
se trata apenas de cantar, contou ao
Voz das Misericórdias, mas também e
decorar músicas e partituras. Assim, o
cérebro está sempre a ser exercitado,
o que, segundo os médicos, ajuda a
evitar doenças de foro mental como
Alzheimer.
O coro já tem quase 25 anos. Pode-se dizer que nasceu praticamente ao
mesmo tempo que a Academia, fundada ainda pelo então presidente do
Secretariado Nacional da União, padre
Virgílio Lopes, em 1987. As primeiras
professoras foram Natércia Simões,
Ana Serrão e Delfina Figueiredo. “A
Fina”, lembra uma das senhoras que
desde aquela altura integra o grupo
coral da UMP. Seguiu-se então Judite
Figueiredo, cuja energia e dinamismo
é lembrada por todos, tendo sido também a grande impulsionadora deste
projeto musical. Foi ela quem passou
o testemunho para a atual professora
e maestrina, irmã Maria Augusta. Foi
em 1996.
O repertório é variado. Música
sacra, popular ou clássica. Não há pre-
O elemento mais jovem do
grupo tem 62 anos, a mais
velha já completou 90, mas os
30 anos de diferença de idade
não comprometem a partilha
ferências entre os elementos do grupo.
Todas podem ser bonitas e tocar a alma,
independente do estilo, dizem-nos.
As atuações costumam ser frequentes e são sempre gratuitas. No
dia 23 de novembro, a música vai ser
Marinhais e o objetivo é ajudar a arrecadar fundos para uma organização
sem fins lucrativos da região. Além
disso, o coro costuma marcar presença
em outros eventos, como as festas
de fim de ano da própria Academia,
encontros de grupos corais e eventos
comemorativos variados.
“Sopranos! Tenores! Vamos lá
afinar essas vozes.” Está na hora de
começar o ensaio. Afinal, é para isso
que lá estão todos: para espantar
males através da música.
Este trabalho insere-se num novo
projeto editorial do jornal Voz das
Misericórdias. A partir desta edição,
vamos publicar todos os meses um
artigo sobre a realidade dos grupos
corais nas Santas Casas.
AF_anunc_molicareactive.pdf
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
1
12/10/10
4:38 PM
outubro 2012 vm 15
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terceira idade
Borba
inaugura
lar de
idosos
ministro enviou uma mensagem onde
enaltecia o facto de a obra ter sido
construída sem qualquer participação
do Estado, tendo sido edificada só
com fundos próprios da Santa Casa.
No comunicado, lido na cerimónia,
Pedro Soares destacava ainda que “as
famílias no Alentejo contam agora
com mais um importante apoio. As
instituições sociais, além da resposta
social que conferem, da empregabilidade que asseguram, são hoje uma
importante rede de suporte familiar”
Mostrando-se como um equipamento de importância social para a
comunidade em que está inserida e
não só, visto que o lar aceita inscrições
de utentes de todo o país, este novo
espaço de acolhimento vai possibilitar
aos seus residentes usufruírem de
Atuação da Tuna da
Universidade Sénior
de Borba animou a todos
os convidados com cantares
típicos do Alentejo
Novo lar da Santa Casa da Misericórdia
de Borba conta com mais 20 vagas.
No mesmo dia, foi homenageado
o antigo provedor, Manuel Ramalho
Adriana Mello
O dia 19 de outubro foi de festa para
a cidade de Borba. Afinal, a Santa
Casa da Misericórdia inaugurou o
seu terceiro lar para idosos na localidade e prestou uma homenagem
a Manuel Ramalho, o seu anterior
provedor. Integrado no complexo da
Aldeia Social da Quinta da Prata, o
novo equipamento possui capacidade
para acolher vinte utentes e, mesmo
antes de iniciar o seu funcionamento,
já contava com onze candidaturas.
A cerimónia começou com o
descerrar de uma placa comemorativa
logo seguida de um breve momento
de enaltecimento ao antigo provedor
Manuel Ramalho (1924-2008), que
esteve ao serviço da Misericórdia de
Borba durante 33 anos. Em seguida
a esse momento de reconhecimento
e homenagem, realizou-se a atuação
da Tuna da Universidade Sénior de
Borba que animou a todos os convidados, funcionários, utentes e irmãos
da Misericórdia com cantares típicos
do Alentejo.
Todos os oradores presentes – o
vice-provedor da Santa Casa de Borba,
Rui Bacalhau; a diretora do Centro
Distrital da Segurança Social de Évora, Sónia Ferro; bem como Manuel
de Lemos, presidente da União das
Misericórdias Portuguesas – assinalaram a importância deste género de
Tuna da universidade
sénior
equipamento que vem beneficiar a
terceira idade.
O presidente da União das Misericórdias realçou que “um dos grandes
problemas da sociedade portuguesa é
o envelhecimento e o Alentejo é uma
das regiões mais envelhecidas do nosso país. Assim, todos os equipamentos
para idosos são importantes.” Manuel
de Lemos distinguiu ainda a impor-
tância da Santa Casa para o município
de Borba, calculando que cerca de 10
por cento da população do município
(entre utentes e funcionários) passam
diariamente por esta instituição.
Recorde-se que estava prevista a
presença do ministro da Solidariedade
e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, que devido a uma doença súbita
não pode comparecer. No entanto, o
alojamento, alimentação adequada
às necessidades, cuidados de higiene, tratamento de roupa, serviços de
saúde, animação e lazer. Ou seja, os
utentes podem contar com apoio em
todas as atividades da vida diária.
Ao que tudo indica, e apesar da
crise que assola a nossa sociedade,
a Santa Casa de Borba ambiciona
continuar a investir no bem-estar dos
seus utentes e pretende construir, em
breve, um pavilhão multifunções que
“será um espaço onde além do social,
pretendemos devolver a cidadania às
pessoas”, afirmou o vice-provedor
Rui Bacalhau, que também é o representante da União das Misericórdias
Portuguesas na comissão do Ano
Europeu do Envelhecimento Ativo e
da Solidariedade entre Gerações. Este
dia especial terminou com um jantar
convívio para todos os presentes.
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saúde
Fundamental o papel que as
Santas Casas desempenham
Congresso de Cuidados Continuados, organizado pela unidade de longa duração e manutenção
da Misericórdia de Miranda do Douro, contou com 20 palestrantes e dezenas de participantes
Professor Pinto da Costa
marcou presença
Daniel Faiões
O dia-a-dia das unidades de cuidados
continuados, os seus desafios e metas para o futuro foram as matérias
que despertaram mais interesse nas
jornadas que juntaram, a 28 e 29 de
Setembro, vários técnicos de saúde, funcionários das Misericórdias e
docentes na área da Medicina e da
Enfermagem.
Francisco Centeno, diretor clínico
da Unidade de Longa Duração e Manutenção de Santa Maria Maior, foi um
dos anfitriões e explicou o propósito
deste congresso. “Quisemos dar a
conhecer a realidade das unidades
de longa duração e manutenção,
perceber e explicar como trabalhamos
e quais são os desafios futuros. Queremos saber se há motivos para nos
preocuparmos se estas unidades vão
continuar a ser sustentáveis ou não.”
Francisco Machado, provedor
da Santa Casa de Vimioso, esteve
presente nesta ação em representação
de Manuel de Lemos, presidente da
União das Misericórdias Portuguesas,
e usou da palavra para se referir à
sustentabilidade destas instituições.
“Exige-se uma melhoria, quer dos
utentes quer dos colaboradores, para
que se proporcionem meios para
que o trabalho nas nossas unidades
seja cada vez mais profícuo e orientado para os utentes.” O provedor
explicou, também, a importância de
criar novas pontes com a sociedade
civil, sensibilizando-a e chamando-a a participar ativamente. “Como
desafios para o futuro, acredito ser
da maior importância apelar a novos
voluntários, nomeadamente jovens e
reformados ainda no uso das suas plenas faculdades físicas e intelectuais.”
Uma das participações mais aguar-
“
Médico legista considera que falta ainda algum
esclarecimento, por parte
da população, no que toca à
distinção de termos médicos
como “doente continuado”
e “doente terminal”
dadas e aplaudidas do Congresso foi
a do professor Pinto da Costa, que
aproveitou para enaltecer o peso das
Misericórdias na vida das pessoas.
“Parece-me fundamental o papel que
desempenham no panorama nacional,
porque têm vindo a substituir o Estado
no seu dever de resolver os problemas.
Depende sempre da maior ou menor
capacidade económica e financeira
de cada uma delas mas, obviamente,
há Misericórdias autossustentáveis e
outras que passam muitas dificuldades
para gerir as competências que se lhe
atribuíram, nomeadamente nesta problemática dos cuidados continuados
e dos doentes terminais.”
O conhecido médico legista apresentou-se ao congresso com uma comunicação intitulada “Morte Digna”,
considerando que falta ainda algum
esclarecimento, por parte da população, no que toca à distinção de termos
médicos como “doente continuado”
e “doente terminal”. Para Pinto da
Costa, a dignidade humana não tem
preço e não pode estar dependente
de imposições economicistas. “A
pessoa humana tem a sua dignidade
intrínseca só por ser pessoa. A morte
é um complexo processo que envolve
sossego e é necessário humanizar a
morte, compreendendo o ser-humano
que todos somos”, concluiu.
Neste congresso, foram ainda
debatidos assuntos relacionados com
as unidades de convalescença, unidades de média e longa duração, bem
como a sustentabilidade das unidades
de cuidados continuados. Também
houve espaço para esclarecimentos
sobre processos subagudos nos Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC),
agudizações, a gestão da medicação, o
internamento ativo e os aspetos éticos
da sedação terminal.
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educação
1
2
3
2
1
4
O outono e as castanhas
marcaram início do ano
letivo em Sintra
Festa no Colégio de Nossa
Senhora Esperança
da Misericórdia do Porto
Misericórdia de Valongo tem
68 crianças no pré-escolar
3
5
6
Ano letivo
arranca
nas Santas
Casas
4
5
Alimentação saudável
foi uma das iniciativas
na Santa Casa de Murça
Crianças da Misericórdia de Peso
da Régua foram às vindimas
6
Em Castelo Branco,
as uvas também animaram
os mais pequenos
Em todo o país, as
Misericórdias organizaram
iniciativas variadas para
receber as crianças depois
das férias de verão
Bethania Pagin
O ano letivo arrancou nas Misericórdias e por todo o país as crianças
foram recebidas com variadas iniciativas que marcaram o fim das férias
escolares. Em ateliês de atividades
livres e pré-escolar, educadores e
auxiliares deram às boas-vindas aos
pequeninos. Pais e encarregados de
educação também participaram.
Fim de verão coincide com as vindimas e com as castanhas, por isso,
esse foi um dos temas escolhidos para o
regresso das crianças. Mas houve muito
mais. Em Murça, por exemplo, as frutas
deram lugar a pratos coloridos e divertidos que abriram o apetite dos mais
pequenos para alimentos saudáveis.
Almeirim, Almodôvar, Barcelos,
Castelo Branco, Chamusca, Chaves,
Espinho, Funchal, Gaia, Ílhavo, Maia,
Moimenta da Beira, Murça, Penamacor, Peso da Régua, Porto, Póvoa de
Lanhoso, Resende, Rio Maior, Sabrosa,
Sines, Sintra, Valongo e Vila Verde foram as Santas Casas que responderam
ao nosso desafio.
O jornal Voz das Misericórdias
deseja a todos um bom ano escolar.
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estante
Livro relata a história de 12
mulheres que mudaram o mundo
Virginia Woolf
Maria de Belém Roseira
estreou-se na escrita e
escolher falar sobre as 12
mulheres que durante o
século XX abriram caminho
para a modernidade
Bethania Pagin
Carolina Beatriz Ângelo foi a primeira
mulher a votar em Portugal. Marie
Curie mereceu duas vezes o Prémio Nobel. Benazir Bhutto chegou
a primeira-ministra do Paquistão e
Maria de Lourdes Pintasilgo ascendeu
também a um lugar de primeira-ministra nunca antes imaginado ser
possível alcançar por uma mulher em
Portugal. A bailarina e coreógrafa Isadora Duncan e a pintora Frida Kahlo
viveram a sua arte em total liberdade.
Eleanor Roosevelt imprimiu o seu
nome na História universal. Simone
Veil, sobrevivente do Holocausto,
marcou a política francesa. Hannah
Arendt, a provocadora filósofa política,
inquietou mentes humanas. As escritoras vanguardistas Virginia Woolf e
Simone de Beauvoir deixaram o seu
marco na literatura. Dolores Ibárruri
Gómez, ‘La Pasionaria’, sacrificou a
sua vida em prol da luta por aquilo
em que acreditava. Essas são as 12
escolhidas pela presidente da mesa da
Assembleia geral da União das Misericórdias Portuguesas, Maria de Belém
Roseira, que recentemente lançou o
seu primeiro livro. “Mulheres livres”
é uma edição Esfera dos Livros.
Todas essas mulheres, escreve Maria
de Belém Roseira na introdução do livro,
foram protagonistas de transformações
relativamente a práticas instituídas,
de avanços legislativos, de rutura em
relação ao lugar e estatuto da mulher
na sociedade, que transpôs o seu lugar
tradicional e dona de casa, mulher e
mãe, esquecida e desvalorizada para
assumir um papel ativo na sociedade.
“Foram mulheres tão extraordinárias que não foi possível encobri-las socialmente, abafá-las. Elas extravasaram
os limites. Foram, nos seus tempos e
nas suas sociedades, uma janela que se
abriu para os ventos da modernidade.
Ao analisá-las, para além de outras características que partilham, creio que há
uma comum a todas elas: não tiveram
qualquer receio de afirmar a sua personalidade. De defender as suas ideias
e os seus ideais, independentemente
das críticas, dos boatos, do apontar de
dedo, da maledicência ou dos ataques
pessoais. Foram todas dotadas desta
sede de liberdade e de coragem abso-
mulheres livres
Maria de Belém Roseira
Esfera dos Livros, 2012
Hannah Arendt
lutamente inquebrantável de resistir,
resistir mesmo perante o sofrimento
físico, como é o caso emblemático da
pintora Frida Kahlo. Que fez da sua dor
a sua liberdade. A sua arte.”
Por isso, “revisitar as suas histórias é reconstruir a luta das mulheres ao longo do século XX. Pela sua
igualdade, pela sua diferença, pela
sua liberdade. Uma luta longe de estar
terminada”.
Recorde-se que a presença feminina nas Misericórdias portuguesas também costuma merecer a atenção de
Maria de Belém Roseira. Num artigo
escrito para o VM em Março de 2011,
a presidente da mesa da Assembleia
geral recordou que “o facto de o movimento [das Misericórdias] ter sido
fundado por uma mulher não impediu
que as instituições dele decorrentes
tivessem passado a ser presididas
e geridas por homens. Era assim
naquele tempo e foi assim durante
muito tempo! Os homens detinham
as funções de comando no espaço
público e as mulheres, realizavam as
tarefas que, quanto mais servis, mais
feminizadas eram”.
“Mas as alterações sociais dos
papéis das mulheres e os ventos de
mudança também chegaram às Misericórdias. Prova disso é o número
de provedoras que atualmente existe
– algumas dezenas – e o número de
membros do sexo feminino que hoje
integra as mesas administrativas.
Para além disso, creio não andar
longe da verdade se afirmar que o
maior número de dirigentes e quadros técnicos das Misericórdias é,
na sua maioria, pessoal feminino. “
E, continuava: “Quem se bate pela
igual dignidade de direitos e deveres
entre homens e mulheres, como é
o meu caso, não pode reivindicar
um papel privilegiado para estas
no âmbito das Misericórdias. Bem
hajam os ventos de mudança que
permitiram que todas e todos, de
mãos dadas, em igualdade de mérito
e de reconhecimento profissional
e social, possamos somar a nossa
vontade, a nossa competência e o
nosso empenhamento no aprofundar
do ideal de bem servir, na construção
que dele fez a Rainha D. Leonor há
mais de 500 anos.”
outubro 2012 vm 21
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Lista de livros
A Misericórdia
de Proença-a-Nova
Francisco Golão
Tecnodidática, 2008
“Uma das vilas da Beira que mais cedo
beneficiou da criação de tão benemérita
criação de obra de caridade foi Proença-a-Nova, pois já em 1513 foi publicada a
provisão régia de D. Manuel I, instituindo
e legalizando a sua Misericórdia. O alvará
de 22 de Outubro de 1559, infelizmente
mutilado, continha a data exata da fundação da Confraria da Misericórdia de
Proença-a-Nova, bem como a referência
ao Priorado do Crato que a instituiu.” O
excerto é da edição “A Santa Casa da
Misericórdia de Proença-a-Nova: relação
dos povos com a Confraria”.
A Santa Casa
de Vila Nova de Gaia
Fernando António da Silva Correia
Misericórdia de Gaia, 2012
“A Misericórdia - A Santa Casa de Vila
Nova de Gaia”, de Fernando António da
Silva Correia, é uma edição que reúne
toda a história da instituição. Baseado em
livros de atas, pesquisas de documentos,
estudos dos tombos e relatos de acontecimentos, o livro marca o 83.º aniversário
da instituição. Trata-se, escreve Fernando
António da Silva Correia na introdução,
“de uma obra despretensiosa, feita com
o coração, escrita em comunhão com a
história que o autor foi lendo e vivendo”.
O prefácio é do presidente honorário da
UMP, Vítor Melícias.
Misericórdia de Canha
através dos tempos
Francisco Correia
Misericórdia de Canha, 2008
Com a edição da obra “A Santa Casa da
Misericórdia de Canha através dos tempos”, de Francisco Correia, pretende-se,
segundo a provedora Honorina Silvestre,
“contribuir para a coesão da Irmandade
em torno dos valores da solidariedade e
da fraternidade que nos uniram ao longo
dos séculos”. Para Luís Graça, doutor em
cultura portuguesa da Universidade Católica que assina a nota de apresentação,
trata-se de uma obra “completíssima e
esclarecedora” que “revela a estrutura fundiária que garantia a atividade da
instituição”.
Misericórdia de Fafe: 150 anos
ao serviço da comunidade
Daniel Bastos
Misericórdia de Fafe, 2012
“A presença da Misericórdia no concelho
está ligada ao decurso contemporâneo
de Fafe. Estabelecida na segunda metade
do século XIX, as raízes da Santa Casa de
Fafe remontam a um período de significativas transformações no paradigma de
desenvolvimento socioeconómico e demográfico local, indelevelmente cunhadas
pela ação dos emigrantes brasileiros de
torna-viagem.” Segundo Daniel Bastos,
autor desta edição, o retorno brasileiro
impulsionou a atividade industrial, mas
também assumiu em Fafe uma feição
benemérita.
A História do Desporto
na vila de Redondo
José Calado
Misericórdia de Redondo, 2012
“A História do Desporto na vila de Redondo”, de José Calado, tem um único
objetivo fundamental: homenagear e galardoar todos os desportistas redondenses
(anónimos e conceituados) que de alguma
forma contribuíram para o reconhecimento desta localidade aquém e além-fronteiras. Ao longo de 160 páginas com
fotografias, são relatados acontecimentos
e factos históricos ocorridos ao longo do
último século. A edição integra o projeto
“Cadernos de O Redondense”, da Misericórdia de Redondo, que visa, entre outros,
divulgar a cultura local.
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vm outubro 2012
voz ativa
Editorial
VM
Opinião
Voz das
Misericórdias
Órgão noticioso
das Misericórdias
em Portugal
e no mundo
Paulo Moreira
[email protected]
Manutenção
da solidariedade
Em outubro, assinala-se o Dia Mundial do
Idoso, no ano em que a Comissão Europeia
celebra o envelhecimento ativo e da
solidariedade entre gerações. Internamente,
falamos cada vez mais sobre as duras
medidas do orçamento de Estado
U
m dos fatores de estabilidade e
criador de confiança, condições
fundamentais para um ambiente
de paz social, é o cumprimento
do contrato social que há muito
existe e tem permitido colmatar problemas
mais agudos e gritantes da sociedade
portuguesa.
Há na proposta de orçamento para 2013
sinais preocupantes da degradação dos
mecanismos de proteção social, que não
nos podem deixar indiferentes e merecem
uma ponderada reflexão. Se é evidente que
se torna urgente racionalizar a despesa
pública cortando nas gorduras do Estado
(o que é muito mais fácil de dizer do que
de efetivar), isto não pode por em causa a
existência de uma rede social fundamental
para a redução de assimetrias.
A discussão sobre as funções do Estado
é uma questão de primordial importância
de que há muito se fala, mas sobre a qual
muito pouco se tem refletido seriamente,
longe das paixões partidárias e das
estratégias de momento que habitualmente
são más conselheiras, sobretudo quando se
trata de um assunto com a relevância e a
centralidade que este inegavelmente tem.
Se é certo que sobre esta matéria existe
existem diversas opiniões, convém lembrar
que o Estado existe porque há um conjunto
de cidadãos e um território que lhe dão
corpo, e que ao longo do tempo foram sendo
definidas obrigações e deveres que podem
ser repensados, mas sem nunca perder de
vista a defesa dos mais desfavorecidos e a
manutenção da solidariedade entre gerações.
A não ser assim, corremos o risco de
ter um Estado cada vez mais distante dos
cidadãos e das suas instituições, o que
fatalmente fará crescer a conflitualidade
social e o descrédito nos atores políticos, o
que só poderá contribuir ainda mais para a
degradação de um ambiente de paz social
tão necessário à real recuperação do nosso
país.
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Joaquim Morão
Provedor da Mis. de Idanha-a-Nova
Pensar
a mudança
O progressivo avanço da investigação
médica e farmacêutica, a crescente
abundância alimentar e a implementação do Estado Social determinaram,
em todo o Mundo Ocidental e na
Europa em particular o aumento
generalizado da esperança de vida.
Demos anos à vida.
De tal forma que, hoje em dia,
confrontamo-nos com um dilema
emergente: Como podemos dar vida
aos anos conquistados, como podemos envelhecer mantendo-nos ativos
e socialmente válidos?
Por toda a Europa, a esperança
de vida aumentou, a natalidade diminui acentuadamente, a estrutura
familiar mudou radicalmente, com
a diminuição do número de filhos,
com a mudança do papel das mulheres na sociedade e no mundo do
trabalho - elas que desempenharam
desde sempre o papel de cuidadoras
familiares - com a migração das zonas
rurais para as áreas urbana.
O resultado desta mudança, mais
do que assustador, é insustentável.
E por isso, creio, chegou a altura
de refletirmos conjunta e seriamente
sobre a adoção de novos modelos de
acompanhamento à terceira idade,
com o objetivo central de mantermos
o indivíduo autónomo, socialmente
ativo e integrado numa sociedade que
reconheça e valorize a experiência
e sabedoria acumuladas durante
uma vida.
Nos últimos anos, sobretudo nas
duas últimas décadas, investimos
em lares de terceira idade, em apoio
domiciliário, em sistemas que, apesar
de todos os esforços, não conseguem
evitar que as pessoas sejam arrancadas do lugar ao qual pertenceram
toda a vida, nem evitar a solidão e,
em casos extremos, a negligência.
Ou seja, até ao momento, deu-se primazia à institucionalização
do individuo.
O que proponho é uma reflexão
sobre a necessidade de inverter os
termos desta equação e passar a levar
a instituição à casa do indivíduo, do
idoso, que pretendemos se mantenha
autónomo o mais tempo possível.
E aqui reside a mudança de paradigma.
Creio que seria útil o ensaio e
avaliação da prestação de serviços
integrados de apoio ao idoso no seu
domicílio, estratégia que conduzirá
à diminuição do número de internamentos em lares.
Hoje em dia, os serviços de segurança social, bem como as IPSS, entre
as quais as Misericórdias, conhecem
detalhadamente os custos diários de
internamento de cada idoso.
Porém, a este custo, à que juntar
um outro, de contabilidade mais
difícil e menos exata: o custo social
do desenraizamento dos idosos, o
afastamento dos idosos das suas
relações de família, de vizinhança, a
sua progressiva dependência física e
medicamentosa.
Como diminuir os custos dos
serviços de apoio aos idosos e, simultaneamente, aumentar a sua qualidade, promovendo a autonomia e
envelhecimento ativo, com o objetivo
de evitar ou retardar o internamento
em lares de terceira idade é o grande
desafio que temos pela frente.
E é aqui que a cooperação entre
entidades, sobretudo ao nível local
e regional, poderá ser uma enorme
mais-valia, tendo em conta a necessidade de melhorar as respostas e
partilhar os custos.
Envelhecer ativamente passa
por investir mais na informação e
acompanhamento da população
idosa, numa lógica de promoção da
saúde, porque a doença, a falta de
autonomia e o internamento são soluções mais caras e menos humanas.
A título de exemplo, afigura-se essencial que as IPSS, tanto ao nível do
Envelhecer ativamente
passa por investir
mais na informação
e acompanhamento
da população idosa,
numa lógica de
promoção da saúde,
porque a doença, a
falta de autonomia e
o internamento são
soluções mais caras e
menos humanas
apoio domiciliário, como nos lares,
reforcem os serviços de especialistas
que deem suporte técnico à tomada
de decisões mais qualificadas.
Especialistas de diversas respostas sociais, a funcionar numa lógica
de partilha de oferta de serviços e de
divisão de custos, numa estratégia
que exige o aprofundamento da
cooperação e comunicação entre
instituições e entidades.
Valências que, insisto, devem
sempre privilegiar a promoção da
autonomia do idoso e, só em último
caso, o internamento.
Por exemplo, é necessários que as
IPSS passem a contar com o trabalho
de nutricionistas, capazes de elaborar
ementas adequadas às necessidades
específicas do idoso, apostem na
melhoria dos serviços de higiene
pessoal ou limpeza habitacional, na
qual o idoso deve ter um papel ativo, como indivíduo capaz de tomar
decisões, capacidade e prorrogativa
que quer manter e nós - no papel de
cuidadores - queremos incentivar.
Da mesma forma, devemos procurar diversificar a oferta com outras
especialidades relevantes - tanto na
vertente domiciliária como nos lares
- como fisioterapia, atividade física,
terapia ocupacional, consultas médicas e de enfermagem domiciliárias,
acompanhamento à farmácia, ao
supermercado, prestação de serviços
de reparação e manutenção em casa
do idoso, serviço domiciliário de
cabeleireiro, manicura e outros que
se revelem necessário à manutenção
da autonomia do idoso.
Tudo isto planeado e direcionado
com o objetivo central de promover
o envelhecimento ativo. Ou seja,
aumentar a automonia do cidadão
e atrasar - ou mesmo evitar - a sua
entrada no sistema de internamento,
nos lares.
Atualmente, não raras vezes,
começamos a banalizar e a olhar o
internamento como a melhor solução, a solução lógica.
Não podemos cair nesta armadilha.
O País precisa de uma revolução de mentalidades, que leve cada
um de nós a questionar o papel da
família, mas que também eduque o
individuo no sentido de se valorizar
e de valorizar a sua experiência e
conhecimento.
Até lá, cabe-nos a nós procurar
melhorar permanentemente o sistema de apoio aos idosos, procurando
não apenas dar anos à vida, mas
sobretudo dar vida aos anos que a
cada um caiba viver.
outubro 2012 vm 23
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reflexão
Jorge Simões
Presidente da Entidade Reguladora da Saúde
Momentos
exigentes
É expectável que a
crise económica que o
país atravessa continue
a produzir efeitos
na generalidade dos
sectores de atividade
em 2013, incluindo
o da saúde, afetando
naturalmente as
relações económicas
que se estabelecem
entre os agentes
Vivemos momentos particularmente
exigentes. E no centro dos esforços
que se empreendem para os vencer
encontra-se, pela sua natural importância, o sector da saúde. O contexto não
é favorável, sendo evidentes os fatores
de pressão de diversa natureza. E o
sucesso na superação dos desafios que
se colocam depende, em primeiro lugar,
do reconhecimento da dimensão e da
complexidade desses mesmos desafios.
Em termos políticos, o desenvolvimento do sistema de saúde português
nos próximos anos será indubitavelmente pautado pelos compromissos
assumidos pelo Estado Português
com a Comissão Europeia, o Banco
Central Europeu e o Fundo Monetário
Internacional, no âmbito do apoio financeiro externo a Portugal, o que tem
determinado que a generalidade das
políticas de saúde mais recentes concretizem medidas de racionalização
na utilização de recursos, de ganhos
de eficiência e de redução da despesa.
Noutro plano, é expectável que a
crise económica que o país atravessa
continue a produzir efeitos na generalidade dos sectores de atividade em
2013, incluindo o da saúde, afetando
naturalmente as relações económicas
que se estabelecem entre os agentes.
Esta eventual afetação das relações
económicas torna premente a necessidade de garantir a legalidade e a
transparência dessas relações, com
particular incidência na defesa dos
direitos e interesses dos utentes.
Associada a esta crise económica
e financeira reconhece-se uma importante componente social, sendo vários
os fatores de pressão sobre as famílias
e os indivíduos, desde a redução real
dos rendimentos auferidos à incerteza
nos mercados de trabalho, fatores
estes que poderão alterar o perfil das
necessidades e do consumo de cuidados
de saúde. Também o processo de enve-
lhecimento da população é um fator de
índole social com particular incidência
no sector da saúde, dele decorrendo não
só o crescimento da procura de cuidados de saúde, mas também alterações
no perfil dessa procura, ao nível do tipo
e duração dos cuidados.
Outro importante fator de pressão
sobre o sector da saúde é a inovação
tecnológica, que tem ocorrido a um
ritmo considerável, observando-se
a introdução constante de tecnologias, que frequentemente são mais
onerosas, mas que nem sempre se
traduzem em ganhos clínicos, e que
muitas vezes representam desafios de
enquadramento legal e de segurança
da prestação de cuidados de saúde.
Finalmente, as reformas em curso
no sector da saúde têm determinado o
surgimento de nova legislação, focando
diversas componentes da atividade da
prestação de cuidados de saúde, da
organização em geral do sistema de
saúde, e de definição dos direitos dos
utentes. No plano interno, as mais
importantes modificações legislativas
têm acompanhado as referidas medidas de racionalização na utilização de
recursos. Do contexto de integração
europeia, advêm também desafios,
como a necessidade de transpor para
o ordenamento jurídico português a
diretiva que visa facilitar o acesso a
cuidados de saúde transfronteiriços,
ou a nova diretiva do reconhecimento
automático das competências dos
profissionais de saúde, que irá facilitar
a circulação de profissionais de saúde
no espaço europeu.
VOZDAS
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da ERS será fundamental para garantir
o acesso aos cuidados de saúde, a
observância dos níveis de qualidade
e segurança nos serviços prestados,
a defesa dos direitos e legítimos interesses dos utentes e a concorrência
nos mercados da saúde. Estes são,
pois, atributos imprescindíveis para
que o sistema de saúde português
atinja plenamente os seus objetivos,
de promoção de ganhos em saúde, de
resposta às expectativas dos utentes,
e de proteção financeira dos cidadãos
em situação de doença.
Livro
Mulheres
que mudaram
o mundo
Estante
Págs. 20 e 21
O presidente do Secretariado Nacional
da União das Misericórdias Portuguesas
foi, mais uma vez, convidado a participar
na Conferência Internacional do Conselho
Pontifício para os Serviços de Saúde. A
iniciativa decorre entre os dias 15 e 17 de
novembro, no Vaticano. Manuel de Lemos
vai falar sobre “A missão das Misericórdias
junto dos que sofrem”.
Homenagem em
Oliveira de Azeméis
A União das Misericórdias Portuguesas
(UMP) associou-se à homenagem ao
antigo provedor da Santa Casa de Oliveira
de Azeméis, Gaspar Domingues, que teve
lugar no âmbito do 121.º aniversário da
Misericórdia. A UMP atribuiu ao antigo
dirigente a medalha com o grau de Mérito
e Dedicação, assim como o respetivo
diploma. Foi a 27 de outubro.
Mora inaugura
núcleo museológico
A Santa Casa da Misericórdia de Mora
inaugurou o seu núcleo museológico. A
cerimónia teve lugar a 26 de outubro
e representou o concretizar de um sonho antigo da instituição. No mesmo dia,
decorreu a apresentação pública da edição “O Património das Misericórdias: um
passado com futuro”, sobre o inventário
realizado pela UMP nas Santas Casas do
Alentejo.
Educação
Debate
Miranda do
Douro promove
seminário
Pág. 18
Saúde
Pág. 16
10 12
www.ump.pt
ÚLTIMAHORA
Presidente da
UMP no Vaticano
Ano letivo
Santas Casas
recebem
crianças
Posição pública
das Misericórdias sobre o atual
momento social de Portugal
O Conselho Nacional da
União das Misericórdias
esteve reunido em Vila
Viçosa, a 20 de outubro,
e aprovou uma petição
pública. Leia na íntegra
O Conselho Nacional da União das
Misericórdias Portuguesas, reunido em
Vila Viçosa no dia 20 de Outubro de
2012, com o Secretariado Nacional da
União das Misericórdias Portuguesas,
ouviu, atentamente, uma exposição do
Presidente do Secretariado Nacional
sobre a situação social vivida hoje,
em Portugal e, em especial, sobre o
papel das Misericórdias Portuguesas
no auxílio às pessoas.
Muito particularmente, o Conselho Nacional analisou o impacto do
Orçamento de Estado para 2013 sobre
a sustentabilidade das Misericórdias
para que estas possam continuar a
desempenhar a sua Missão.
Em consequência, e depois de profundo debate, o Conselho Nacional e o
Secretariado Nacional aprovaram e decidiram tornar pública a seguinte moção:
“As Misericórdias Portuguesas
podem deixar de manifestar, junto dos
órgãos de soberania, a sua profunda
preocupação pela evidente degradação
dos mecanismos de proteção social
que a proposta de Orçamento de
Estado para 2013 apresenta.
Compreendendo a necessidade
de se afirmar o princípio da solidez
das finanças públicas, garantidas por
um rigoroso equilíbrio orçamental,
não podem deixar de alertar que tal
situação deve assentar num processo
contínuo de solidariedade nacional
para com os mais desfavorecidos.
As Misericórdias Portuguesas, enquanto afirmação multisecular da sociedade civil, e numa longa tradição
de complementaridade com o Estado,
reafirmam a sua disponibilidade para, no
quadro do princípio da subsidiariedade,
se disponibilizarem para participarem
no esforço de racionalização da despesa
pública, potencializando a manutenção de uma rede social que reduza as
assimetrias da sociedade portuguesa e
Necessidade de se afirmar
a solidez das finanças
públicas deve assentar
num processo contínuo
de solidariedade nacional
permita a manutenção do princípio da
solidariedade entre as gerações.
No entendimento das Misericórdias Portuguesas é fundamental
manter a confiança na execução do
nosso Contrato Social.
Apelam, pois, ao Estado para que não
se distancie dos cidadãos e das instituições de solidariedade social e se empenhe
num processo gradual de identificação de
quais as funções que esse mesmo Estado
pretende e deseja cumprir no quadro
constitucional em vigor.
As Misericórdias Portuguesas,
conscientes do grave momento que
Portugal atravessa, manifestam a sua
profunda convicção nos princípios de
uma solidariedade ativa e na afirmação de uma cidadania de intervenção
na defesa dos mais desfavorecidos da
nossa sociedade.
Só desse modo, será possível um
esforço conjunto na criação de emprego para se poder ultrapassar esta
situação crítica, invertendo o contínuo
aumento da despesa social em sede
de subsídio de desemprego e reinserção social, de forma a fazer face ao
inevitável aumento de encargos com
os mais velhos, os mais doentes e os
grupos de risco.”
Vila Viçosa, 20 de Outubro de 2012
Descubra a Misericórdia na sua terra
Abrantes Águeda Aguiar da Beira Alandroal Albergaria-a-Velha Albufeira Alcácer do Sal Alcáçovas Alcafozes Alcanede Alcantarilha Alcobaça Alcochete Alcoutim Aldeia Galega da Merceana Alegrete Alenquer Alfaiates Alfândega da Fé Alfeizerão Algoso Alhandra
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Monsanto Monsaraz Montalegre Montalvão Montargil Montemor-o-Novo Montemor-o-Velho Montijo Mora Mortágua Moscavide Moura Mourão Murça Murtosa Nazaré Nisa Nordeste Obra da Figueira
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Pedrogão Pequeno Penacova Penafiel Penalva do Castelo Penamacor Penela da Beira Penela Peniche Pernes Peso da Régua Pinhel Pombal Ponta Delgada Ponte da Barca Ponte de Lima Ponte de Sor
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S. Vicente da Beira Sabrosa Sabugal Salvaterra de Magos Salvaterra do Extremo SangalhosSanta Clara-a-Velha Santa Comba Dão Santa Cruz/Madeira Santa Cruz da Graciosa Santa Cruz das Flores Santa Maria da Feira Santar Santarém Santiago do Cacém Santo
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Degradação da proteção social preocupa Santas Casas